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ARTIGO DE REVISÃO

DOI: h p://dx.doi.org/10.18310/2446-4813.2018v4n1p143-159

A vidade sica e estresse psicológico em adolescentes: revisão sistemá ca


Physical ac vity and psychological stress in adolescents: systema c review

Márcio Botelho Peixoto Resumo


Programa de Pós Graduação em Epidemiologia
– Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, O obje vo do estudo foi revisar
Brasil. sistema camente a literatura sobre a
E-mail: marcio_b_peixoto@hotmail.com
associação entre a prá ca de a vidade sica e
estresse em adolescentes. Foram analisadas as
Inácio Crochemore Mohnsam da Silva
Programa de Pós Graduação em Epidemiologia bases de dados da PubMed/MEDLINE, Web of
– Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, Science, SPORTDiscus, LILACS, PsycInfo, e
Brasil. ADOLEC. Foi realizada a avaliação da qualidade
E-mail: inacio_cms@yahoo.com.br
metodológica dos ar gos e todo o processo de
revisão foi realizado por pares. Foram
Virgílio Viana Ramires
Ins tuto Federal Sul-Rio-Grandense, Camaquã, iden ficados 19.460 tulos, onde 176 resumos
Brasil. foram analisados e 104 ar gos apreciados na
E-mail: virgilioramires@hotmail.com íntegra. Ao final do processo, 11 ar gos foram
incluídos, cuja avaliação da qualidade
Helen Denise Gonçalves metodológica apresentaram em média 9,0 (DP
Programa de Pós Graduação em Epidemiologia 1,5) pontos de 14 itens avaliados.
– Universidade Federal de Pelotas, Pelotas,
Independente da direcionalidade, os estudos
Brasil.
E-mail: hdgs.epi@gmail.com indicaram uma associação inexistente ou de
pequena magnitude entre a prá ca de
a vidade sica e o estresse (ou estresse
psicológico) entre adolescentes inves gados
com delineamentos observacionais dis ntos.
Estudos experimentais parecem demonstrar
um efeito posi vo da a vidade sica sobre o

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estresse. Maiores evidências sobre o tema 19,460 tles were iden fied, where 176 abstracts

ainda são necessárias, considerando diferentes were analyzed and 104 ar cles assessed in full. At

aspectos do contexto familiar e do ambiente, the end of the process, 11 ar cles were included,

temporalidade das associações e maior whose assessment of the methodological quality


presented on average 9.0 (DP 1.5) 14 items points.
diversidade de prá cas de a vidade sica nos
Regardless of direc onality, the studies indicated a
estudos experimentais.
nonexistent or small magnitude associa on

Palavras-chave: A vidade motora; Estresse between the prac ce of physical ac vity and stress
psicológico; Adolescente. (or psychological stress) among adolescents
inves gated with observa onal dis nct designs.
Abstract
Experimental studies seem to demonstrate a
posi ve effect of physical ac vity on stress. Major
The objec ve of this study was to systema cally
evidence on the subject are s ll required,
review the literature on the associa on between
considering different aspects of family and
the prac ce of physical ac vity and stress in
environmental context, meliness of associa ons
adolescents. The databases were analyzed of
and greater diversity of prac ce of physical ac vity
PubMed/MEDLINE, Web of Science, SPORTDiscus,
in experimental studies.
LILACS, PsycInfo, and ADOLEC. The assessment of
the methodological quality of the ar cles and the Keywords: Motor ac vity; Psychological stress;
en re process of review was performed by peers. Adolescents.

Introdução

A adolescência é um período da vida, marcada estresse em dis ntos níveis. O estresse


por um complexo processo de crescimento e (também chamado de estresse psicológico) é
desenvolvimento biopsicossocial, com uma resposta do organismo às demandas com
experimentações e adoção de comportamentos reações sicas, psicológicas, mentais e
que poderão permanecer até a idade adulta.1 hormonais frente a um evento interpretado
Neste período da vida ocorrem mudanças como problemá co ou desafiante.3,4
2
psicológicas, fisiológicas e morfológicas,
necessitando fazer escolhas e estabelecer A prá ca de a vidade sica tem sido indicada
prioridades, que, de algum modo, pode gerar como possível modo de minimizar o estresse e

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suas reações nega vas ao organismo.5 No PubMed/ M E D L I N E , L I L A C S , A D O L E C ,


entanto, pesquisadores 6 - 8 avaliam que o PsycInfo, SPORTDiscus e Web of Science. A
estresse psicológico como um dos fatores definição dos descritores adotados neste
determinantes do comportamento fisicamente processo foi baseada no sistema Medical
9
a vo, cuja determinação é bastante complexa . Subject Headings (MeSH). Além deles, para que
Entre os adolescentes, as percepções e reações houvesse uma maior captação de ar gos, foram
frente a eventos importantes podem interferir empregados outros descritores não indexados e
9
na adesão a comportamentos saudáveis. presentes em tulos e palavras-chave de
Evidências sobre a associação nega va entre o ar gos. Desse modo, foram u lizados os
estresse psicológico e a prá ca de a vidade seguintes termos referentes à prá ca de
sica entre adultos foram demonstradas por a vidade sica, estresse e a faixa etária em
muitos estudos. 10 Pesquisas anteriores já estudo: “exercise”, “physical effort”, physical
iden ficaram que o estresse e a a vidade sica fitness”, “sports”, “physical ac vity”, “motor
como um importante fator que pode influenciar ac vity”, “psychological stress”, “stress”,
o desenvolvimento dos adolescentes.11 Porém, “adolescent”, “adolescence”, “young”, “youth”,
os resultados de inves gações com “teenager”, “teenage”, “children” e “childhood”.
10
adolescentes não são consistentes e as Além disso, fez-se uso de operadores lógicos
consequências, a duração do estresse e seus A N D/O R e filtros adicionais não foram
efeitos são ainda pouco inves gadas, empregados. Não houve limitação de data de
especialmente, a longo prazo. publicação durante a busca dos ar gos.

Este ar go obje va revisar sistema camente a


Os critérios de inclusão dos ar gos para a
literatura sobre a associação entre o
revisão foram a apresentação da associação
estresse/estresse psicológico e a prá ca de
entre o estresse psicológico e a a vidade sica
a vidade sica entre adolescentes.
– ou seja, a vidade sica, exercício sico e
esportes – contemplando a faixa etária entre
Métodos
13
10 e 19 anos, independente do domínio
Este ar go foi balizado em seu processo de avaliado para ambos. Cabe ressaltar que
revisão sistemá ca e de escrita de acordo com estudos que incluíram jovens adultos, mas cuja
as diretrizes do PRISMA. 1 2 A busca dos média de idade era menor de 19 anos, foram
manuscritos foi realizada nas bases de dados adicionados à revisão. A direção da associação,

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se exposição ou desfecho, não interferiu na etapas foram conduzidas de modo


inclusão dos manuscritos, bem como o po de independente por dois revisores (MP e VR),
instrumento usado. com intuito de evitar qualquer po de viés de
seleção dos manuscritos. Em cada etapa os
Foram excluídos os estudos com amostras de:
revisores confrontaram os ar gos e diante de
(a) portadores de alguma doença crônica
uma divergência efetuaram nova leitura para
(hipertensão, diabetes, câncer etc.); (b)
decisão final. Permanecendo uma divergência,
portadores de necessidades especiais; (c)
um terceiro avaliador (IS) foi consultado. Para
par cipantes de compe ções profissionais/alto
iden ficar publicações não localizadas nas
rendimento. Também foram excluídos os
buscas iniciais, os ar gos incluídos veram suas
trabalhos publicados na forma de resumo, livro,
listas de referências verificadas.
capítulo de livro e revisões sistemá cas.
Durante a análise dos ar gos foram extraídos os
O processo de busca dos ar gos foi encerrado
dados referentes ao: ano de publicação e nome
ao final de abril de 2017. Após a seleção nas
do periódico, delineamento do estudo,
bases de dados, houve a exclusão dos trabalhos
amostra, tamanho da amostra, instrumento de
duplamente captados. Todos os ar gos foram
medida de a vidade sica e de estresse
inseridos em uma biblioteca no so ware
psicológico, além dos principais resultados.
específico para armazenar as referências
bibliográficas (EndNote®). Para a seleção final Por fim, uma versão adaptada do checklist de
14
dos ar gos, seguiram-se mais três etapas. No Downs & Black foi u lizado para avaliação da
primeiro momento foi realizada a leitura dos qualidade metodológica dos ar gos
tulos dos ar gos e exclusão dos que não selecionados. Foram empregados quatorze
obedeciam aos critérios estabelecidos. No itens da escala original (Itens 01; 02; 03; 04; 06;
segundo, foram lidos os resumos dos ar gos e 07; 09; 10; 11; 18; 19; 20; 25; 27; ver Tabela 1).
selecionados os que atenderam aos critérios de Por ser um estudo de revisão, o mesmo não foi
inclusão e cujos resumos não foram suficientes subme do ao comitê de é ca.
para a tomada de decisão sobre inclusão ou
Resultados
exclusão. Por fim, no terceiro momento, os
ar gos selecionados foram analisados na Na busca inicial foram encontrados 19.460
íntegra, permanecendo apenas os que tulos em todas as bases de dados: 9.435 no
atenderam aos critérios de inclusão. Todas as PubMed/MEDLINE, 6.228 na Web of Science,

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2.474 na SPORTDiscus, 487 na LILACS, 479 na interesse. Embora todos os estudos tenham
PsycInfo e 357 na ADOLEC. Após esta seleção, realizado testes esta s cos adequados, apenas
2.530 trabalhos duplicados foram excluídos seis realizaram análises que ajustavam à
através da ferramenta específica do so ware associação de interesse para, ao menos, sexo e
EndNote®, permanecendo 16.930 tulos para nível econômico. O resumo desta avaliação está
as etapas posteriores da revisão (Figura 1). apresentado na Tabela 1.

Após a leitura dos tulos, 176 resumos foram Entre os 11 ar gos, nove foram transversais, um
selecionados. Destes, 104 ar gos foram longitudinal e dois estudos de intervenção. O
elegíveis para a leitura na íntegra. Entre estes, primeiro estudo realizado com adolescentes
11 trabalhos atenderam a todos os critérios de sobre o tema foi conduzido em 1990, com
15
inclusão. Os principais mo vos para exclusão delineamento longitudinal, quando foram
foram: não haver testes de associação entre o analisados os dados de 743 estudantes
estresse psicológico e a vidade sica (n=37; pertencentes a uma coorte. Os países com
41%) e/ou não contemplar a faixa etária de maior número de estudos publicados foram os
interesse (n=42; 47%). Após a verificação das Estados Unidos15, 18, 19 e o Brasil.16, 20 No con nente
17, 21-23
listas de referências dos 9 ar gos, dois novos europeu foram realizados três estudos,
24 25
ar gos foram acrescentados, somando 11 enquanto que na Oceania e na Ásia um
ar gos inclusos nesta revisão. estudo em cada.

Na avaliação dos 14 itens sobre a qualidade As faixas etárias estudadas divergiram entre os
metodológica14 os ar gos apresentaram em estudos. Yin e colaboradores (2005),19 por
m é d i a n ove p o nto s ( D P 1 , 5 ) e fo ra m exemplo, consideraram adolescentes e jovens
considerados, em geral, adequados para adultos (13-24 anos; média 16 anos, DP 3,3
15
permanecerem nesta revisão. Sumariamente, anos) em sua amostra; Reynolds (1990)
em todos os estudos o obje vo estava entrevistou somente adolescentes, entre 14 e
claramente descrito. Quanto às medidas de 16 anos; Reiner et al. (2015)17 analisaram
exposição e desfecho, em nove estudos (81,8%) meninos e meninas com idade média de 14
25
elas foram consideradas acuradas (bons anos e Park (2014) estudou uma amostra
indicadores de validade e confiabilidade). representa va dos escolares do ensino médio
Apenas três estudos (27,3%) foram realizados (12 a 18 anos) e os trabalhos de Norris, Carroll e
com amostras representa vas da população de Cochrane (1992) 22 e Pires et al. (2004) 16

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avaliaram estudantes adolescentes com faixas Perceived Scale Stress (Escala de Estresse
etárias similares (13 a 19 anos), também do Percebido),26 com 14 questões. Os demais
ensino médio. Além destes, um estudo avaliou estudos u lizaram diferentes ques onários,27-28
somente adolescentes meninas do ensino que possuíam entre 15 e 58 itens/situações
24
médio de 16 a 18 anos, dois entrevistaram inves gadas, como: estresse oriundo da
adolescentes (13-18 anos) pertencentes a seis vizinhança, da família, dos pares interação
comunidades rurais 21 e outro contemplou professor/adulto; vida em casa;
estudantes do 3º ano do ensino médio (17-18 re s p o n s a b i l i d a d e d e a d u l to ; re l a çõ e s
anos), que pretendiam fazer prova para amorosas, frequência escolar; conflito na
20
ingresso na universidade. escola/lazer; desempenho escolar, pressão
financeira, sobrecarga escolar, tensão social e
Instrumentos para avaliação do estresse
falta de tempo.

Todos os estudos selecionados nesta revisão


Em três destes estudos,29-31 além das perguntas
u lizaram ques onários para a inves gação do
relacionadas à autopercepção de estresse
estresse psicológico. O principal obje vo dos
foram realizadas algumas perguntas sobre
instrumentos foi avaliar a autopercepção de
sintomas sicos e fisiológicos do estresse como:
estresse ou estresse psicológico. Foram
dificuldades em relaxar, ter tensão 'nervosa',
abordadas diferentes perspec vas e u lizados
irritabilidade e agitação, dor no estômago,
dis ntos períodos recordatórios. Quatro
aumento de sudorese, taquicardia, cansaço
estudos aferiram como os adolescentes
constante, insônia, úlcera, apa a, entre outros.
habitualmente se sen am,11,15,18,25 enquanto que
outros inves garam o estresse nos úl mos: Instrumentos u lizados para avaliar a vidade
sete dias,
24
trinta dias,
22
três meses
17
e 12 sica

meses.19, 21 Apenas o estudo de Sevcikova et al.


Todos os estudos observacionais u lizaram
(2001)23 não informou o período recordatório
20 ques onários com autorrelato para mensurar a
u lizado. O estudo de Araújo et al. (2012),
a vidade sica. Entretanto, diferenças
além do ques onário, também considerou o
importantes entre os instrumentos
estresse com uma medida obje va direta –
empregados foram evidenciadas, em especial o
cor sol salivar.
período recordatório, a dis nção ou não da
Norris, Carroll e Cochrane (1992),22 u lizou a intensidade (leve, moderada e vigorosa) das

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a vidades sicas realizadas e o tempo de intensidade e o tempo gasto em cada uma


duração destas. delas. Sevcikova et al. (2001)23 compilaram as
a vidades espor vas entre escolares através do
O menor período recordatório avaliado foi dos
resultado da frequência, da intensidade e do
16,32
úl mos três dias. O período mais u lizado foi
tempo de a vidades, mas não mencionaram as
o de uma semana, variando entre uma semana
perguntas usadas.
17 15, 19, 22, 33
habitual e úl ma semana. Apenas
21
Moljord et al. (2011) consideram as úl mas Intervenções
18
quatro semanas. Feld e Shusterman (2015)
não informaram o tempo de recordatório Os dois estudos que realizaram intervenções
u lizado para aferir a a vidade sica. com a vidade sica para avaliar o efeito o
estresse psicológico, u lizaram sessões de
Assim como os domínios e intensidades
a vidades sicas moderadas e vigorosas. A
avaliados em dado período de tempo 20
intervenção realizada por Araújo et al. (2012)
expuseram importantes diferenças entre os
avaliou sessões de exercícios sicos aeróbios de
estudos, o número de perguntas u lizadas em
intensidade moderada e exercícios resis dos,
cada estudo foi igualmente dis nto. Quatro
re a l i za d o s e m c i rc u i to s co m d u ra çã o
17, 22, 24, 25
estudos u lizaram-se de duas a oito
aproximada de 60 minutos, duas vezes por
perguntas para mensurar o tempo de prá ca
semana durante dez semanas. Norris, Carroll e
semanal de a vidade sica moderada e 22
Cochrane (1992) realizaram uma intervenção
vigorosa. Moljord et al. (2011)21 u lizaram uma
com a vidade sica aeróbia com duas
pergunta para avaliar exclusivamente as
intensidades (alta: 70 – 75% da frequência
a vidades sicas vigorosas realizadas, por pelo
cardíaca máxima; moderada: 60 – 65% da
menos 20 minutos/dia, nas úl mas quatro 34
frequência cardíaca máxima), com duas
15
semanas. Reynolds et al. (1990) avaliaram,
sessões por semana de 25 a 30 minutos durante
com uma escala Likert, o autorrelato da
10 semanas.
frequência das a vidades sicas com duração
de pelo menos 20 minutos consecu vos em Resultados dos estudos observacionais
18,19
uma semana. Em outros dois estudos a
a vidade sica foi medida com uma questão O Quadro 1 resume todos os sete estudos
sobre a frequência de dias/semana em que transversais, cujo o desfecho foi o estresse
foram pra cadas, sem considerarem a psicológico e a exposição a a vidade sica.

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15-17
Nestes, os par cipantes eram adolescentes Entre os três estudos observacionais, que
escolares (10 até 18 anos), com amostras u lizaram a a vidade sica como desfecho
variando de 147 até mais de 73 mil estudantes. (Quadro 2), nenhum estudo foi realizado com
Uma grande amplitude de categorização de amostra representa va do público alvo, mas
faixa etária foi observada. todos foram desenvolvidos com escolares, a
exemplo dos apresentados do Quadro 1.
Os principais resultados ressaltaram a
ausência ou a pequena magnitude da Nos estudos transversais realizados por Pires et
16 17
associação entre a prá ca de a vidade sica e al. e Reiner et al. não foram apresentadas nas
24, 25
o estresse psicológico. Dois estudos não análises as medidas de efeito. Contudo, no
encontraram associação, sendo que um deles estudo de Pires et al. 16 evidenciou maior
mostrou que os adolescentes fisicamente número de horas em a vidades sicas entre
a vos nham menor probabilidade de serem adolescentes que não relataram sintomas de
classificados com estresse psicológico acima estresse. Além disso, o grupo classificado pelo
da média. Entretanto, a medida de efeito autor como com estresse adequado à saúde
encontrada foi pequena, com uma razão de teve maior par cipação em a vidades de
odds de 0,89 – IC95%= 0,86 – 0,93.25 Outros esforço muito intenso quando comparado ao
18, 19, 21, 22, 25
quatro estudos, destacaram grupo com estresse prejudicial (p<0,05). O
coeficiente de correlação muito fraco ou fraco, estudo de Reiner et al. 1 7 apontou uma
variando entre −0,08 a −0,23. diminuição no tempo gasto com a vidades
sicas moderadas e vigorosas quando o
Já o estudo realizado com estudantes,
estresse era oriundo da sobrecarga escolar. No
residentes na Eslováquia,23 demonstrou que 15
único estudo longitudinal desta revisão, os
meninos que a ngiram a recomendação de
autores não encontraram correlação entre a
300 minutos de a vidade sica semanais
prá ca da a vidade sica e o estresse em
relataram menor carga de estresse quando
nenhum momento inves gado.
comparados aos meninos que não a ngiram a
recomendação. Entre as meninas, esta Resultados dos estudos experimentais
diferença não foi observada. Importante
20, 22
destacar que, neste estudo, nenhuma medida Dois estudos experimentais examinaram o
de efeito foi apresentada, apenas diferenças efeito da a vidade sica sobre o estresse
entre os grupos. (Quadro 3). Ao avaliarem o efeito da a vidade

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sica moderada (aeróbia e exercícios de Alguns aspectos metodológicos e analí cos


fortalecimento muscular) 2 2 e a vidades podem jus ficar a falta de evidências. Verificou-
aeróbias de alta intensidade20 sobre o estresse, se uma grande variabilidade de instrumentos
encontraram reduções no estresse percebido empregados para avaliar tanto a a vidade sica
entre os par cipantes do grupo intervenção, quanto o estresse. Diferentes domínios de
quando comparados os períodos pré e pós- avaliação da a vidade sica e do estresse foram
intervenção. No estudo de Araújo et al. (2012)20 encontrados nos estudos. Apesar do po de
encontrou que os adolescentes que não estresse avaliado ser o mesmo (estresse
pra caram a vidade sica durante o período psicológico percebido ou estresse), as
estudado veram um aumento da sua categorias analisadas e as dis ntas pontuações
percepção de estresse. dificultaram uma comparação mais precisa
entre alguns estudos. Desta forma, nossas
Discussão
análises foram norteadas para averiguar se
houve associação ou não entre esses fatores.
A presente revisão sistemá ca da literatura
evidenciou que a associação entre estresse (ou
Poucos estudos 1 7 , 2 1 , 2 5 desta revisão foram
estresse psicológico) e a vidade sica são ainda
realizados com amostras representa vas da
inconsistentes. Independente da
população alvo, igualmente para faixa etária de
direcionalidade e dos domínios de a vidade
interesse, onde existe a necessidade de estudos
sica e estresse avaliados, os estudos indicaram
com faixas etárias homogêneas. Este aspecto
uma associação inexistente ou de pequena
p o d e fa ze r co m q u e o s a d o l e s c e nte s
magnitude entre a prá ca de a vidade sica e o
inves gados tenham caracterís cas diferentes
estresse entre adolescentes inves gados com
daqueles que não foram comtemplados, como
delineamentos observacionais dis ntos. Os
por exemplo, menor exposição ao estresse.
estudos transversais, intrinsecamente
Além disso, pequeno tamanho das amostras
limitados para estabelecer uma relação causal,
pode ter limitado o poder das análises e
não foram suficientes para evidenciar a relação
impedido estra ficações necessárias.
entre o estresse e a a vidade sica. Apenas três
deles confirmaram a associação de interesse. Entre os 11 incluídos, seis realizaram análises
Os dois estudos experimentais analisados ajustadas e/ou estra ficadas para sexo e nível
indicaram um efeito posi vo da prá ca sobre o socioeconômico. Sabe-se que, em geral, as
estresse percebido.20,22 meninas relatam maiores níveis de estresse e

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que a prá ca de a vidade sica é maior entre os clima desfavorável, a estrutura ofertada, entre
meninos, quando ambos são comparados ao outros fatores contextuais, afetando a
sexo contrário.10,35 Todavia, assim como o sexo, percepção de estresse e a con nuidade ou
fatores socioeconômicos também podem intensidade desta prá ca. Como os estudos não
interagir na associação entre a vidade sica e co nte m p l a ra m o u t ra s e s p e c i fi c i d a d e s
estresse, potencializando ou inibindo essa importantes da a vidade sica e possíveis
associação entre adolescentes de diferentes fontes do estresse,10 também limitaram suas
classes socioeconômicas. análises ao não explorar os fatores sinergistas
da a vidade sica (clima/estação do ano do
Acredita-se ainda que não apenas as
período das avaliações ou de provas/exames).
caracterís cas individuais possam promover ou
inibir a prá ca de a vidade sica e a percepção
Entende-se que para a avaliação da a vidade
do estresse, mas que os aspectos do ambiente
sica, os usos de ques onários padronizados
sico, econômico e social têm um peso a ser
que meçam diferentes intensidades das
considerado na avaliação das mudanças de
a vidades assim como suas durações
trajetória ou padrão da a vidade sica na
auxiliariam na compreensão da relação da
população adolescente.36
a vidade sica com o estresse. Instrumentos

Como a plausibilidade existente na associação empregados para avaliar o estresse podem

entre a vidade sica e estresse é comprovada analisar diferentes fontes dele a fim de


fisiologicamente – o exercício aeróbio es mula i d e n fi ca r e e s c l a re c e r s u a s re l a çõ e s
a liberação de endorfinas37 e proporciona uma específicas com um comportamento a vo.
38
sensação de bem-estar sico e mental – era Tanto na mensuração do estresse quanto da
esperado encontrar resultados semelhantes e prá ca de a vidade sica, o uso de medidas
posi vos para a associação entre a vidade obje vas (como cor sol salivar e
sica e estresse também entre adolescentes. acelerometria) acrescentaria qualidade na
Neste sen do, algumas caracterís cas avaliação do componente biológico destes
intrínsecas ao tema em pesquisa e aos estudos comportamentos, evitando os reconhecidos
desta revisão também podem ter se refle do vieses de informação. Todavia, u lizar somente
nos achados. Por exemplo, a vidades sicas medidas obje vas não fornecerá a dis nção das
realizadas no deslocamento ou no tempo livre fontes de estresse e tampouco sobre os
estão expostas à insegurança na cidade, ao domínios da prá ca de a vidade sica,

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a s p e c to s i m p o r ta nte s p a ra ava l i a r a s consequências não intencionais que podem


associações. Logo, a combinação de métodos influenciar a prá ca de a vidade sica e o
obje vos e subje vos é metodologicamente estresse. Maiores evidências, considerando
mais adequada, devendo ser incen vada e uma uniformidade de instrumentos e
estudos futuros. avaliações, sobre o tema ainda são necessárias
para a população adolescente, especialmente
Conclusão para contemplar diferentes aspectos do
contexto familiar e no qual os jovens estão
A par r do discu do, existe a necessidade de inseridos (como a escola), a temporalidade das
incluir diversas interações de múl plos níveis, associações e a diversidade de prá cas de
adaptações, ações concorrentes e a vidade sica usando estudos experimentais.

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Anexo

Figura 1: Fluxograma da seleção de ar gos da revisão sistemá ca.


Figure 1: Flowchart of the selec on of ar cles from the systema c review.

Ar gos iden ficados Ar gos iden ficados


nos bancos de dados nas referências
19.460 2

Ar gos duplicados e eliminados


2.568

Títulos rastreados para leitura Títulos excluídos


16.930 16.716

Resumos para leitura Resumos excluídos


176 72

Ar gos completos para leitura


104

Ar gos incluídos
11

Saúde em Redes. 2018; 4(1):143-159 155


A vidade sica e estresse psicológico em adolescentes Ar go de Revisão

Tabela 1: Versão adaptada de Downs & Black (1998)14 para a avaliação da qualidade metodológica
dos estudos incluídos (N=11).

Item Critérios* N (%)

Descrição
01 Hipótese/obje vo do estudo estão claramente descritos? 11 (100)

Os desfechos a serem medidos estão claramente descritos na introdução ou na seção


02 10 (90,9)
de métodos?

03 As caracterís cas dos indivíduos incluídos no estudo estão claramente descritas? 9 (84,6)

04 As exposições de interesse estão claramente descritas? 11 (100)

06 Os principais achados do estudo são claramente descritos? 10 (90,9)

O estudo proporciona es ma vas da variabilidade aleatória dos dados dos principais


07 8 (72,7)
achados?

09 As caracterís cas dos par cipantes perdidos foram descritas? 3 (27,3)

Os intervalos de confiança de 95% e/ou valores de p foram relatados para os principais


10 7 (63,6)
desfechos, exceto quando o valor p foi menor que 0,001?

Validade externa

Os sujeitos chamados para par cipar do estudo foram representa vos de toda a
11 3 (27,3)
população de onde foram recrutados?

Validade interna: viés

18 Os testes esta s cos u lizados para avaliar os principais desfechos foram apropriados? 11 (100)

19 As exposições foram confiáveis, ou seja, sem erro de classificação? 9 (81,8)

20 As medidas dos principais desfechos foram acuradas (válidas e confiáveis)? 9 (81,8)

Houve um ajuste adequado dos fatores de confusão nas análises a par r das quais os
25 6 (54,5)
principais achados foram rados?

O estudo tem poder suficiente para detectar um efeito clinicamente importante


27 quando o valor de p (“probability value”) para uma diferença que é devida ao acaso é 6 (54,5)
inferior a 5%?

156 Saúde em Redes. 2018; 4(1):143-159


Ar go de Revisão A vidade sica e estresse psicológico em adolescentes

Quadro 1: Sumário dos estudos observacionais (transversais) da relação entre estresse psicológico
e a vidade sica.

Autor N; Amostra; Medida de Estresse Medida de AF Principais resultados


Ano Idade (definição operacional) (definição operacional)

Feld e 333; Escola Autoperceção de estresse Dias por semana em que Fraca correlação inversa
Shusterman, pública e através de uma pergunta: pra ca a vidades sicas entre o nível de estresse e
201518 privada do 9º (média de pontos) (média e DP) frequência das a vidades
ao 12º ano sicas r= −0,13

Moljord et 1.508; Versão norueguesa do Prá ca de a vidade sica Fraca correlação inversa
al., 201121 Estudantes de Ques onário de Estresse entre a vidade sica
ensino médio; para Adolescentes39 vigorosa e estresse
13-18 anos (baixo, moderado e alto (Meninas: r= −0,13;
estresse) Meninos: r= −0,08)

Norris, 147; Escala de estresse Tempo habitual gasto Fraca correlação inversa
Carroll, e Estudantes do percebido26 com 14 itens por semana em (r= -0,23; p<0,01) entre
Cochrane, ensino médio; (média de pontos e DP) a vidades sicas e a a vidade sica e estresse
199222 13-17 anos; intensidade40

Park, 201425 73.238; Estresse habitual, A vidade sica Adolescentes


Amostra avaliado com uma moderada e vigorosa, considerados fisicamente
representa v pergunta e resposta avaliado por meio de a vos apresentaram uma
a ;12-18 anos (estresse percebido duas perguntas proteção de 11% (RO=
abaixo e acima da média) elaboradas pelo autor 0,89 IC95%= 0,86 – 0,93;
p= <0.001)

Sevcikova et 213; Estresse na escola e em Frequência, intensidade Os meninos a vos


al., 200123 Estudantes; casa (Frequentemente ou e tempo de exercícios relataram uma menor
10-14 anos raramente estressado) das crianças na escola carga de estresse (p= 0,02)
durante a semana

Shepherd et 148; Escala de Depressão, Ques onário de Não foi encontrada


al., 201224 Estudantes Ansiedade e Estresse29 A vidade Física da Nova diferenças
meninas (16- (média e DP) Zelândia33 (rela vamente esta s camente
18 anos) ina vos; a vos e muito significa vas
a vos

Yin et al., 303; Estresse pessoal nos Número de dias de Correlação muito fraca
200519 Adolescentes; úl mos 12 meses27 a vidade sicas na entre a a vidade sica e o
13-24 anos (média e desvio padrão semana (média e DP) estresse pessoal (r= 0,08)
da escala likert)

Saúde em Redes. 2018; 4(1):143-159 157


A vidade sica e estresse psicológico em adolescentes Ar go de Revisão

Quadro 2: Sumário dos estudos observacionais da relação entre a vidade sica e estresse
psicológico.

Autor Delineamento Medida de Estresse Medida de AF Principais resultados


Ano N; Amostra; Idade (definição operacional) (definição operacional)

Pires et al., Transversal Inventário de sintomas Recordatório de três dias O grupo estresse adequado a
200416 754; Estudantes de estresse31 nas de a vidade sica32 saúde, apresentou maior
do de escolas úl mas 24 horas, (tempo e níveis de número de horas em a vidades
estaduais, úl ma semana e no esforço em a vidades sicas e maior par cipação em
par culares e úl mo mês. (estresse sicas em quatro a vidades de esforço muito
federais; 15 a 19 adequado ou categorias: Leve, intenso que o grupo com
anos prejudicial à saúde) moderado; intenso e estresse prejudicial (p<0,05)
muito intenso) No grupo na fase de alerta,
apresentou um maior percentual
de tempo despendido em
a vidades sicas (níveis
moderado, intenso e muito
intenso), comparado com a fase
de exaustão

Reynolds Longitudinal Foi avaliado no Autorrelato da Não houve correlação entre


et al., 374; Escolares Baseline e 16 meses frequência a par r de frequência das a vidades sicas
199015 do 10º ano; 14 - após a quan dade das uma lista de 19 itens e estresse percebido em
Longitudin 16 anos tensões geradas por com a vidades sicas15 meninos (baseline r= −0,02; e
al uma série de 15 ( (1-3 vezes/ mês; 1-2 aos 16 meses r= 0,03;) e
escala likert - média e vezes/sem; 3-5 meninas (baseline r= −0,09; e
DP) vezes/sem e todos os aos 16 meses r= −0,03)
dias)

Reiner et Transversal Escala de Estresse A vidade sica Não foi relacionado ao estresse
al., 201517 211; Alunos de Crônico durante a moderada e vigorosa global percebido. No entanto,
28
Transversal 11 escolas Infância (escala Likert durante uma semana adolescentes gastaram menos
secundárias; de cinco pontos) normal e durante a tempo em a vidades de
Idade média de úl ma semana moderada a vigorosa se eles
14,1 (DP 1,4) (intensidades das estavam estressados devido à
a vidades foi calculado o sobrecarga de escola (-0,102
gasto energé co (MET)) p<0,05)

158 Saúde em Redes. 2018; 4(1):143-159


Ar go de Revisão A vidade sica e estresse psicológico em adolescentes

Quadro 3: Sumário dos estudos experimentais sobre a vidade sica e o estresse psicológico.

Autor N; Amostra; Medida de Estresse Medida de AF Principais resultados


Ano Idade (definição operacional) (definição operacional)

Araújo et 71; (39 Grupo Escala de Estresse para Programa de exercício sico Redução dos escores médios
al., 201220 Experimental; Adolescentes30 com 44 moderado das fases e sintomas do estresse
32 Grupo itens (alerta, Intervenção: Sessões de 60 entre os adolescentes do grupo
Controle); resistência, quase minutos, duas vezes por experimental, tanto em
Estudantes exaustão e exaustão) e semana, durante 10 semanas meninas, quanto meninos (Fase
avaliados sintomas do estresse Controle: não par ciparam - p=0,001; Sintoma - p=0,001)
como (sintomas psicológicos, do fator experimental Redução do Cor sol no grupo
estressados e cogni vos, fisiológicos e experimental (Pré-intervenção
ina vos do 3º interpessoais). Análise 0,34 ±0,15 e no Pós-
ano do ensino do Cor sol salivar intervenção 0,16 ± 0,09 – p=
médio; 17-18 (média e DP) 0,001
anos No Grupo controle houve um
aumento dos escores médios
das fases e sintomas do estresse
entre meninos e meninas (Fase -
p= 0,024; Sintoma - p= 0,001).
Também houve aumento do
cor sol (p= 0,001)

Norris, 72; Escala de estresse A vidade sica aeróbia (2 Após a intervenção foi
Carroll e Estudantes do 26
percebido com 14 sessões/semana; 30 minutos, encontrada uma redução
Cochrane, ensino médio; itens (média de pontos durante 10 semanas) esta s camente significa va no
199222 13-17 anos geral da escala e desvio Diferentes intensidades: estresse percebido no grupo
padrão) (Alta: 70–75% da frequência que realizou a vidade sica de
cardíaca máxima; Moderada: alta intensidade (p= 0,01). Não
60–65% da frequência foram observadas diferenças
34
cardíaca máxima ) esta s camente significa vas
41
Grupo flexibilidade ; Grupo nos grupos de intervenção de
controle: não realizou a vidade sica moderada,
a vidade flexibilidade e no grupo controle

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