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ESTRESSE

Por definição “ É resposta do corpo a qualquer demanda, quando forçado a adaptar-se


a mudança” Hans Seyle

“Estresse” como uma série de eventos constituídos por algum estímulo (físico ou
psicológico) que deflagra uma reação no cérebro (percepção do estresse), levando à
ativação do sistema de Luta ou Fuga (resposta fisiológica ao estresse). Firdaus Dhabhar
e Bruce McEwen.

A experiência do estresse é comum a todos nós, e é necessária para a manutenção e


equilíbrio do corpo;

Portanto, o estresse é algo comum e necessário à vida. O organismo saudável é aquele


que tem condições de reagir a essas mudanças (picos de estresse) e principalmente,
retornar ao estado de relaxamento, mesmo que tenha que fazer isso por diversas vezes
ao longo do dia.

Há 3 tipos de Estresse;

 Eustress – Estresse bom, quando temos uma motivação para melhoria(Ex: fazer
a mudança para a casa nova).

 Neustresse – Estímulo sensorial. Que é classificado como sem importância ou


sem ameaça (Ex: susto oriundo de filme de terror).

 Distresse – A interpretação negativa de um evento (real ou imaginário) que


promove sentimentos como raiva ou medo elicitando a resposta de luta ou fuga.

O Problema ocorre quando passamos mais horas estressados que relaxados, ou não
conseguimos relaxar depois do estresse, gerando um desgaste exagerado do corpo e
atrapalhando o equilíbrio da mente e do corpo.

Afeta duas vezes mais mulheres do que homens, em qualquer idade;

Estudos clínicos sugerem que de 80% de todas as idas ao médico, se devem ao


estresse;

De acordo com OMS, o estresse afeta hoje 90% da população mundial.

É importante dizer que o estilo de vida e a forma como lidamos com os problemas são
importantes para se manter mais ou menos tempo sob as condições de estresse, ou
seja, depende muito de como encaramos as adversidades. Dados que mostram que o
estresse é mundial, não importando, idade, gênero, classe social, religião, orientação
sexual ou qualquer outra forma de distinção social, política ou racial.

Em uma mesma situação estressante algumas pessoas colapsam, ou até ficam doentes
enquanto outras se fortalecem. fatores estressantes são individuais e o julgamento dos
colegas sobre nossa atitude nem sempre ajuda, e pode nos fazer sentirmos mal. O
nosso estresse é grande e importante para nós mesmo.

O contrário também é verdadeiro. Podemos passar por situações com muita facilidade
sendo que nosso colega estaria com muita dificuldade e estressado

As 2 principais vias por meio dos quais o estresse é retransmitido do cérebro para o
corpo são:
Sistema Nervoso Simpático (SNS) com liberação de Adrenalina e Noradrenalina
(Catecolaminas).

Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (HPA), com a liberação de Cortisol (Glicocorticoide).

Esses dois sistemas (NeuroEndócrino e Neural) do estresse, coordenam a resposta de


muitos outros sistemas fisiológicos a algum estressor, incluído os sistemas neurológicos
e cardiovascular, bem como a produção e a utilização de energia e comportamento,
permitindo que o indivíduo atenda com êxito às demandas do desafio colocadas pelo
agente estressor e depois conduza o corpo de volta à homeostase.

Atualmente está consolidado que os sistemas Nervoso e Imunológico se comunicam de


forma bidirecional.

Estresse psicológico é transmitido ao corpo pelo eixo HPA e SNS, resultando em


resposta adaptativa ao estresse, o que envolve mudanças de comportamento e
alterações nas funções dos sistemas metabólicos cardiovasculares e imunológicos.

A resposta ao estresse é um mecanismo relevante que nos permite responder


imediatamente a estímulos internos e externos. Isso é essencial para a sobrevida,
contudo, essa resposta pode ser nociva quando prolongada (estresse crônico).

Por outro lado, a manutenção da homeostase durante algum desafio imune, envolve
ativação do sistema imunológico, resolução do desafio (desaparecimento do patógeno)
e proteção do hospedeiro, contra processos inflamatórios potencialmente nocivos. Em
relação ao último ponto as interleucinas/citocinas ativam as mesmas vias de estresse
para coordenar uma resposta imune apropriada.

Existem receptores de citocinas em todo eixo HPA, por essa razão cada nível pode
servir como um ponto de integração para as sinalizações imunológicas e
neuroendócrinas. Na sequencia os glicocorticoides dão feedback negativo sobre as
células imunológicas, de modo a suprimir a maior síntese e liberação de moléculas pró
inflamatórias inatas.
Os glicocorticoides também moldam a imunidade por influenciar a diapedese, alterando
as respostas imunes adaptativas. Por esse motivo, os glicocorticoides são conceituados
como imunomoduladores capazes de estimular e suprimir a função imune, dependendo
da concentração, do tipo de resposta imune, do compartimento do sistema imunológico
e do tipo celular envolvido.

A ativação ou inibição do sistema imunológico, também pode depender das


características do estressor, como a duração do estresse (agudo ou crônico). Os
glicocorticoides também desempenham um papel importante na regulação do SNS.
Além de promover um efeito permissivo sobre enzimas sintéticas relevantes e
receptores de catecolaminas, os glicocorticoides endógenos refreiam as respostas do
SNS após o estresse.

O SNS do SNA (sistema nervoso autônomo) regula a imunidade em nível regional por
meio da inervação de órgãos do sistema imunológicos como baço, timo e sistema
linfonodal e pode induzir a liberação de agentes pro e anti-inflamatórios dependendo do
tipo de receptor. O SNS atua na redistribuição de células imunológicas mas também
pode ser imunossupressor afetando as funções dessas células em condições de
liberação maciça de Norepinefrina dentro desses órgãos, como ocorre durante o
estresse.

Por outro lado, o Sistema Nervoso Parassimpatico (SNP) desempenha um papel crucial
na imunomodulação. Pela sua anatomia espalhada pelo corpo e pela natureza das suas
fibras (mais de 80% das fibras vagais são de natureza sensorial), o nervo Vago, pode
fornecer um sistema de alerta precoce eficaz para a detecção de patógenos.

Carga Alostática é o nome dado às alterações psicofisiológicas que ocorrem quando


diferentes sistemas biológicos são ativados para manter um estado de equilíbrio
(alostase) em resposta às demandas impostas por indutores internos e externos de
estresse crônico.

A alostase depende de uma série de aspectos psicológicos (otimismo, apoio social,


experiências prévias de vida, mecanismos de enfrentamento e sono) e fisiológicos
(reatividade neuroendócrina, genética, ambiente, nutrição e sono).

RESPOSTA DE LUTA E FUGA

A resposta de “luta ou fuga” consiste na rápida mobilização de energia dos locais de


armazenamento para músculos críticos e o cérebro, de maneira concomitante com o
aumento da frequência cardíaca, pressão arterial e frequência respiratória para facilitar
o rápido transporte de oxigênio e nutrientes aos tecidos relevantes.

A ativação do eixo HPA também auxilia o corpo no desvio de recursos metabólicos dos
processos de crescimento, reprodução, digestão e certos aspectos da imunidade
liberando recursos para o desafio mais imediato em questão.

Para o nosso corpo a resposta a uma ameaça, ou uma situação difícil em que temos
que nos posicionar é a mesma se o agente ameaçador for um predador (ameaça física),
ou um estresse psicológico. Em termos fisiológicos o nosso corpo não esta adaptado a
diferenciar os tipos de agentes causadores de estresse.

A resposta do corpo ao estresse é prepará-lo fisicamente para uma resposta, pois até
há algumas centenas de anos, as ameaças eram exclusivamente físicas. Como o estilo
de vida mudou rapidamente, e as adaptações evolutivas, demoram alguns milhares de
anos para ocorrerem, nos não estamos adaptados ao estilo de vida atual, pelo menos
em relação a resposta ao estresse (leve em consideração a quantidade de informação
gerada atualmente por exemplo...)

Aqui o importante é dizer que como nossa resposta é irracional e quando ficamos
nervosos, com medo, ou com raiva, nossa capacidade de raciocínio fica prejudicada.

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