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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ

PRÓ-REITORIA EM PESQUISA E PÓS GRADUAÇÃO


DIVISÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR

ANTÔNIA DE CÁSSIA ROLINS


MARY CELIA MONTEIRO NASCIMENTO
ROSANA FERNANDES DA SILVA

ANÁLISE DAS PROPOSTAS PARA O NOVO FUNDEB


(PEC Nº 15, PEC Nº5, PEC Nº 33)
Permanências e mudanças.

Macapá-AP
2019
ANTÔNIA DE CÁSSIA ROLINS
MARY CELIA MONTEIRO NASCIMENTO
ROSANA FERNANDES DA SILVA

ANÁLISE DAS PROPOSTAS PARA O NOVO FUNDEB


(PEC Nº 15, PEC Nº5, PEC Nº 33)
Permanências e mudanças.

Trabalho apresentado a disciplina Políticas Públicas e


Financiamento da Educação, para obtenção de nota parcial do Curso
de Especialização em Gestão Escolar, da Universidade do Estado do
Amapá, sob a orientação do mediador André Lins.

Data:____/_____/_____

Avaliado por:

________________________________
André Lins

Nota: ________

Macapá-AP
2019
ANÁLISE DAS PROPOSTAS PARA O NOVO FUNDEB (PEC Nº 15, PEC
Nº5, PEC Nº 33): Permanências e mudanças.

O FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de


Valorização dos Profissionais da Educação) é a principal fonte de financiamento do setor
educacional no Brasil e de redução da desigualdade entre estados e municípios, pois promove
uma redistribuição dos recursos destinados à educação entre mais ricos e mais pobres, porém,
a forma com que vem sendo feita essa redistribuição e outros pontos vêm sendo debatidas,
agora com mais intensidade, porque o prazo de sua vigência acaba em 2020, então todos os
municípios, parlamentares e algumas entidades da sociedade civil estão atentas a isso, e
buscam ajudar esse processo de criação do novo FUNDEB, trazendo muitas informações e
questões importantes para o debate sobre esse tema, como também algumas propostas.
Atualmente existem três processos legislativo tramitando no congresso, as PEC Nº
15, PEC Nº65, PEC Nº 33, é defendido que essas propostas trazem em seu bojo alguns pontos
de melhoria para o FUNDEB, como por exemplo: torná-lo permanente; mais redistributivo,
mudando a fórmula de distribuição de recursos, tornando ela mais equitativa, onde se
considera a soma total dos recursos dos municípios ao invés de apenas o número de
matrículas; e o aumento da participação da união na complementação dos recursos, a fim de
fomentar maior equidade, elevando o investimento mínimo por aluno na educação básica.
Esses tópicos são apenas alguns pontos centrais que as três propostas apresentam
para aprimorar o desenho do FUNDEB, mas será que essas propostas trouxeram essas
realmente? Então vamos discutir esses e outros pontos fazendo uma comparação com o
FUNDEB atual, destacando o que permaneceu e o que muda.
No FUNDEB vigente as fontes de recursos para o Fundo são provenientes de
recursos vinculados à educação transferidos por cada Estado, Municípios e Distrito Federal,
através dos Fundos, tendo natureza contábil. Essa continuidade dos Fundos de âmbito
estadual e distrital se mantém nas três propostas, as quais também colocam que os Fundos
continuem sendo sustentados pelos impostos estaduais e pela receita de estados e munícipios
decorrente das transferências constitucionais, ou seja, não houve muita mudança em relação
às fontes de recursos para o Fundo. Não há a vinculação de nenhum “novo” imposto nem aos
Fundos nem ao mínimo constitucional estabelecido pelo Artigo 212 da CF/1988: 18%
(União); 25% estados, municípios e DF, o que gera incertezas quanto ao aumento do valor
arrecadado.
No FUNDEB o montante dessa arrecadação é automaticamente transferido a cada
um dos fundos estaduais e redistribuído dentro do Estado e dos Municípios com base em três
fatores: número de matrículas escolares do ano anterior, valor aluno ano e fatores de
ponderação.
Na PEC 15/2015, não se cita como fator de ponderação o Custo Aluno Qualidade
Inicial (CAQi) e Custo Aluno Qualidade (CAQ), nem como será feito a distribuição dos
recursos do FUNDEB. Na PEC 33/2019 cita apenas o Custo aluno qualidade (CAQ) para
utilização como base de cálculo do valor anual mínimo por aluno. Já na PEC 65/2019 cita o
Custo Aluno Qualidade inicial (CAQi), e também o aponta para a utilização como base de
cálculo do valor anual mínimo por aluno.
Nessas propostas há ausência de consenso e definição do que são padrões
mínimos de qualidade na educação escolar pública, na PEC 65/2019 até se descreve o quais
os insumos que constituem o padrão mínimo de qualidade e compõem o CAQi, que são: piso
salarial profissional nacional para os profissionais da educação básica pública; política de
carreira para os profissionais da educação, formação continuada para os profissionais da
educação, número adequado de alunos por turma nas escolas públicas, considerando as
especificidades de cada etapa e modalidade da educação básica e unidades escolares
equipadas com biblioteca, laboratório de informática, laboratórios de ciências, Internet banda
larga, quadra poliesportiva coberta, acesso plena à agua potável e luz, bem como programas
suplementares de materia1-didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde aos
educandos.
Porém há ausência de mecanismos de operacionalização do CAQi e/ou CAQ, não
descreve como o CAQi/CAQ vai se tornar a base de cálculo do valor-aluno ano e como vai se
feito para o CAQ existir dentro do FUNDEB. Outra situação é que todas as propostas ainda
estão voltadas para o valor-aluno-ano, o que torna inviável garantir a implementação do CAQ
no novo FUNDEB.
No atual FUNDEB o papel do Governo Federal é de garantir que os estados que
não possuam recursos suficientes para investir na educação básica recebam um recurso
complementar. Para isso, a União complementa os fundos estaduais com um aporte de 10%
do valor total dos fundos.
As novas propostas apresentam uma maior complementação da União. Na
proposta que está em andamento na câmara, a PEC 15/2015 essa complementação seria de
15% e teria uma progressão até chegar a 30%, em dez anos; a PEC 33/2019, aponta uma
complementação de 30% em três anos; já a PEC 65/19 fala em ampliar dos atuais 10% para
40% a complementação da União em 11 anos. O que é defendido pelo atual Governo, através
do MEC e autorizado pelo Ministério da economia é até 15% de complementação.
O montante arrecadado nos Fundos é redistribuído com base nos mesmos critérios
de redistribuição do atual FUNDEB, como os citados anteriormente. Os critérios valem para
os estados e municípios que não alcançarem o valor aluno ano estipulado nacionalmente, que
é o custo mínimo anual por aluno da educação básica.
Na PEC 15/2015 também é feita a redistribuição para os estados e municípios que
não alcançarem o valor aluno ano estipulado nacionalmente, cita como critério essa
redistribuição aos entes cujas redes escolares alcançarem evolução significativa em processos
e resultados educacionais (avaliações em larga escala); na PEC 33/2019 é feita a
redistribuição para os estados e municípios que não alcançarem o valor aluno ano estipulado
nacionalmente, tendo como critério o número de matrículas escolares do ano anterior, e a
utilização do custo-aluno-qualidade como base de cálculo do valor anual mínimo por aluno; já
na PEC 65/2019 também é feita a redistribuição para os estados e municípios que não
alcançarem o valor aluno ano estipulado nacionalmente, tendo como critério o número de
matrículas escolares do ano anterior, só que cita a utilização do Custo Aluno-Qualidade
Inicial como base de cálculo do valor anual mínimo por aluno.
Percebemos que não há tantas mudanças na fórmula de distribuição de recursos
nas propostas do novo FUNDEB, continua praticamente os mesmos critérios já citados no
FUNDEB atual.
Em relação a repasse de recursos para a educação privada no atual FUNDEB não
se faz menção a essa possibilidade, mas na PEC 15/2015 vem sendo discutido que uma parte
dos recursos do FUNDEB possam ser convertidos para o financiamento do ensino público em
instituições privadas com ou sem fins lucrativos: organizações da sociedade civil (o que
incluir as empresas e escolas privado-mercantis); e bolsas de estudos em instituições de
ensino privadas, como o exemplo no Chile com os chamados “vouchers”, assim segundo os
defensores dessa proposta os recursos serão disputados, garantindo não apenas o acesso dos
mais pobres a escolas privadas, como também o melhor desempenho de escolas públicas, que
precisam ser mais eficientes para não perder alunos e recursos.
E falando sobre eficiência na educação pública, chegamos ao principal apontado
como responsável por essa eficiência, o professor; as três propostas citam em seu texto sobre
a formação e remuneração docente, nas propostas em andamento é defendida que a
remuneração seja condigna aos trabalhadores da educação (Art. 212), e que estes profissionais
sejam valorizados (Inc. I, Art. 212). Sobre remuneração no atual FUNDEB somente pode ser
usado para pagamento de salário o valor mínimo de 60%. Na PEC 15/2015 o mínimo de 60%
para pagamento dos profissionais do magistério da educação básica em efetivo exercício (Inc.
XI, Art. 212). E na PEC 33/2019 o mínimo também é de 60%. Já na PEC 65/2019 o mínimo
pula para 75%.
Algo muito positivo foi à utilização do termo “profissionais da educação”, o que
ampliar o número de profissionais a ser abarcado pelo fundo, não apenas o magistério.
Porém ao se estipular esses valores continuamos no mesmo impasse, se a
expansão da complementação da união de for apenas 15% não será suficiente para promover
esse aumento para o pagamento de salário dos profissionais da educação e muito menos para a
valorização desse professor, pois essa valorização não é feita apenas por aumento no salário,
mas também é preciso mais formação, incentivo e mais condições de trabalho, ou seja, não
adianta aumentar o número de profissionais da educação, mas não dá formação e condição
para se mantiver no trabalho.
Assim o recurso do FUNDEB nessa porcentagem apresentada pelo MEC é
insuficiente, continuará sendo em sua maioria utilizada para pagamento de pessoal.
Então percebemos que embora o FUNDEB tenha sido criado para fomentar e
contribuir com a melhoria da qualidade da educação nos sistemas educacionais de esfera
estaduais e municipais, ele por si só não é suficiente para garantir essa qualidade, deixando
em alguns pontos muito a desejar, como em quesito de distribuição e aplicabilidade da verba
destinada para a educação, havendo muita disparidade entre regiões, e até mesmo munícipios
dentro do mesmo estado. Hoje, a complementação que a União faz dentro do FUNDEB vai
para os estados que são, na média, mais pobres. Dessa forma, alguns municípios ricos dentro
desses estados também recebem esse recurso a mais. Por outro lado, municípios pobres que
ficam em estados ricos, não são beneficiados. Quase a metade da verba complementar da
União é usada de maneira ineficiente para combate à desigualdade, sendo direcionada a
municípios que não estão entre os mais pobres. Por isso, é preciso mudar a forma de
distribuição para que ela seja por rede de ensino e não por estado, chegando aos municípios
que mais precisam.
Além do FUNDEB, as redes de ensino possuem outras verbas destinadas para o
ensino. Mas essas receitas não são levadas em conta na hora de distribuir o dinheiro do fundo.
Assim, dentro de um mesmo estado, os municípios mais ricos e os mais pobres recebem o
mesmo valor por aluno, ou seja, cidades vizinhas podem investir quantidades muito diferentes
em seus estudantes. Precisamos, então, de um ajuste na forma de distribuição dos recursos,
para que os municípios mais pobres recebam mais dinheiro pelo FUNDEB e se diminua mais
ainda a desigualdade, mas para que isso a aconteça a União precisa contribuir mais e apoiar
quem mais precisa.
A pouca e má distribuição desses recursos geram grandes diferenças estruturais,
didática pedagógica e até mesmo no padrão de ensino de uma região para outra. Mesmo com
todas essas medidas adotadas nessas novas propostas para que haja uma melhor distribuição
dessa arrecadação, faz-se necessário entender a realidade local de cada região, sem deixar de
considerar o fato de que cada escola está inserida em um contexto diferente, em regiões com
certas particularidades, que possuem demandas diferenciadas, por tanto quantidade de
investimentos diferentes.
Atualmente o foco do FUNDEB acaba sendo o acesso do aluno a escola, porém
devem-se buscar projetos que atendam e aperfeiçoem o orçamento pensando também nessa
escola como um todo, para que esse aluno se mantenha na escola. Faz-se necessário uma
redistribuição da arrecadação também voltada para a parte estrutural dessas escolas e de toda
a cadeia educacional que vai além de somente os alunos, investimento na merenda, no
transporte, e mais incentivo e valorização dos professores, gestores e toda a equipe escolar,
para que possam atuar em um ambiente de respeito a sua profissão, onde possam exercer
tranquilamente a sua função.

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