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O TEATRO DO OPRIMIDO DE AUGUSTO BOAL.

O Teatro do Oprimido é um método estético sistematizado por Augusto Boal, o qual reúne exercícios, jogos e técnicas com
objetivo de democratizar o teatro, permitindo assim, ampliar a possibilidade de expressão de oprimidas e oprimidos.

Boal (2011) utiliza uma árvore como símbolo para apresentar o método do teatro do oprimido, uma árvore que é símbolo
de transformação (objetivo dessa estética teatral) e que também é símbolo de multiplicação (estratégia pela qual se dará a
transformação). Nas raízes dessa árvore estariam a ética e a solidariedade, enquanto no tronco os exercícios e jogos que
fundamentam as demais técnicas do teatro do oprimido.

Os jogos são responsáveis pela desmecanização do corpo e mente, o que estimula aos participantes uma maior forma de
expressão e criatividade. Além dos jogos no tronco dessa árvore encontra-se o “Teatro Imagem” e o “Teatro fórum”, que ramificam
no “teatro jornal”, “ações diretas”, “teatro legislativo”, “teatro invisível” e “ arco-íris do desejo”.
dispensa o uso de palavras e através do
Teatro Imagem corpo, fisionomia, objetos, cores se traduz
os problemas e sentimentos em imagens.

transforma o texto jornalístico em cenas,


Teatro Jornal fazendo com que possa se ver em cena o
que o texto jornalístico pretende esconder
nas entrelinhas

T E A T R O D O O P R IM ID O representa-se cenas do cotidiano, de


maneira que o público não saiba que são
Teatro Invisível ações ensaiadas, dessa maneira o público
interfere de forma espontânea buscando
soluções.

teatralização das opressões internalizadas


Arco íris do desejo
mostrando sua relação com a vida social

elementos teatrais e outras artes para


Ações diretas manifestações e marchas em prol dos
oprimidos.

É feita uma cena com base real, com um


conflito entre opressor e oprimido. Após o
Teatro-fórum confronto, o oprimido fracassa e cabe ao spect-
ator estimulado pelo curinga, substituir o
oprimido e buscar solulção para o conflito.

Como no teatro fórum, porém com os ritos


de uma Câmara Legislativa, objetivando a
Teatro Legistlativo criação de projeto de leis de acordo com
as necessidades dos oprimidos spect-
atores.
O “Teatro Imagem” dispensa o uso de palavras e através do corpo, fisionomia, objetos, cores se traduz os problemas e
sentimentos em imagens.
O “Teatro Jornal” é formado a partir de técnicas que transformam o texto jornalístico em cenas, fazendo com que possa se
ver em cena o que o texto jornalístico pretende esconder nas entrelinhas, foi uma técnica muito utilizada durante a ditadura militar
e ainda é útil hoje devido ao grande poder de manipulação midiático.
A partir da necessidade de mostrar as opressões internalizadas, surgem as técnicas introspectivas do “Arco íris do desejo”
as quais permitem a teatralização dessas opressões mostrando sua relação com a vida social.
No “Teatro invisível” representa-se cenas do cotidiano, de maneira que o público não esteja consciente de que são ações
ensaiadas, que é um cenário teatral, dessa maneira o público transeunte interfere de forma espontânea buscando soluções para
cenas propostas.
Nas “ações diretas” utiliza-se de elementos teatrais e outras artes para manifestações e marchas em favor dos oprimidos.
O Teatro-fórum, talvez seja a forma mais conhecida da estética do oprimido, e segundo Boal (2011), a forma mais
democrática. Nessa acepção teatral, não se considera o distanciamento entre público e atores. Todos são atores e espectadores,
são “spect-atores”, haja vista que todos agem e observam. É feita um cena que tem base em fatos reais, na qual existe um conflito
entre opressor e oprimido, após o confronto, o oprimido fracassa e cabe ao “spect-ator”, estimulado pelo curinga 1, substituir o
oprimido e buscar uma resolução para o conflito.
Com base no teatro-fórum, foi criado também o “Teatro legislativo”, em que adiciona os ritos de uma Câmara objetivando a
criação de projetos de leis de acordo com a necessidade dos oprimidos e oprimidas que também são os spect-atores. Criados a
partir das discussões democráticas, esses projetos de leis que serão apresentados aos representantes políticos.

1
Curinga – “Especialista e pesquisador de teatro do oprimido; facilitador do método; um artista com função pedagógica que atua como mestre de
cerimônia nas sessões de teatro- fórum, coordenando o diálogo entre palco e plateia, estimulando a participação e orientando a análise das interações
feitas pelos spect-atores.” (SANTOS, Bárbara)
Espelho simples: um será o sujeito e o outro a imagem
refletida no espelho. Cada sujeito começa uma série de
movimentos em câmera lenta a serem reproduzidos pela
imagem.

Sujeito e imagem trocam de papéis: inversão dos


papeis de sujeito e imagem, deve ser feito sem
Sequências do quebra de continuidade e com precisão
espelho

Ambos são sujeito e imagem: a partir daí os dois


participantes poderão originar movimentos que
desejam e reproduzir os originados pelo companheiro.
Alguns Exercícios e Jogos

Ganha o último a chegar! A partir do momento


em que se iniciar a corrida não se pode mais
CORRIDA EM ficar parado, os participantes sempre tem que objetiva o equilibrio
CÂMERA LENTA estar em movimentação, sendo esta a mais lenta e trabalho muscular
possível, os dois pés também não podem estar
ao mesmo tempo no chão.

Neste jogo, uma pessoa ficará sem par e ela será a líder. A líder então irá falar as duplas partes do
corpo para que as duplas se toquem com elas (por exemplo, mão com cotovelo, nariz com ombro,
Ninguém com
etc), as instruções são cumulativas até que a líder perceba estar impossível obedecer as próximas
Ninguém
instruções, e então, seguirá com o comando : “ ninguém com ninguém”, as duplas, então irão se
misturar. Alguém irá novamente ficar sem dupla, e então, será a líder da partida

1ª Dinamização: todos participantes mostram o tema novamente, mas


juntos. Dando a imagem total um contexto diferente do primeiro.
o condutor do jogo escolhe
um tema e pede para que
Teatro Imagem:
todos mostrem visualmente 2ª Dinamização: Os participantes se relacionam entre si em cena.
Ilustrar um tema com
esse tema com seus corpos,
o corpo.
individualmente, sem olhar
os dos outros 3ª dinamização: as imagens de
oprimidos devem transforma-se em
imagens de seus agressores
Alguns jogos e exercícios com a metodologia do oprimido:

- Sequências do espelho.
 Espelho simples: duas filas de participantes, uma de frente para outra, uma será o sujeito e a outra a imagem
refletida no espelho. Cada sujeito começa uma série de movimentos em câmera lenta a serem reproduzidos pela
imagem.
 Sujeito e imagem trocam de papéis: inversão dos papeis de sujeito e imagem, deve ser feito sem quebra de
continuidade e com precisão.
 Ambos são sujeito e imagem: a partir daí os dois participantes poderão originar movimentos que desejam e
reproduzir os originados pelo companheiro. Liberdade e solidariedade são indispensáveis para que se faça o
exercício sem opressão.

- Corrida em câmera lenta


Neste jogo, ganha o último a chegar! A partir do momento em que se iniciar a corrida não se pode mais ficar parado, os
participantes sempre tem que estar em movimentação, sendo esta a mais lenta possível, os dois pés também não podem estar ao
mesmo tempo no chão. Este jogo objetiva equilíbrio e estimulação muscular.

-Ninguém com Ninguém


Neste jogo, uma pessoa ficará sem par e ela será a líder. A líder então irá falar as duplas partes do corpo para que as duplas se
toquem com elas (por exemplo, mão com cotovelo, nariz com ombro, etc), as instruções são cumulativas até que a líder perceba
estar impossível obedecer as próximas instruções, e então, seguirá com o comando : “ ninguém com ninguém”, as duplas, então
irão se misturar. Alguém irá novamente ficar sem dupla, e então, será a líder da partida.

- Ilustrar um tema com o próprio corpo


Nessa técnica do teatro imagem, o condutor do jogo escolhe um tema e pede para que todos mostrem visualmente esse tema com
seus corpos, individualmente, sem olhar os dos outros. 1ª Dinamização: agora, todos participantes mostram o tema novamente,
mas juntos. Dando a imagem total um contexto diferente do primeiro. 2ª Dinamização: Os participantes se relacionam entre si em
cena. 3ª dinamização: as imagens de oprimidos devem transforma-se em imagens de seus agressores.

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