Você está na página 1de 4

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA Nº 13ª VARA

CRIMINAL DA BARRA FUNDA

Autos do processo nº

JERUSA, já qualificado nos autos de nº em epígrafe, que lhe move a Justiça


Pública, por seu advogado signatário, inconformado com a r. decisão, que o
pronunciou, vem, respeitosamente, dentro do prazo legal, perante Vossa
Excelência, interpor RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com fulcro no art.
581, inciso IV, do CPP.

O recorrente pede, primordialmente, que Vossa Excelência se retrate de sua


decisão, nos termos das razões anexadas, com fundamento no art. 589 do
CPP.
Subsidiariamente, caso Vossa Excelência não se retrate, requer o recebimento,
o processamento e o encaminhamento do recurso, com as razões inclusas, ao
Tribunal de Justiça do Estado.

Nesses Termos,

Pede Deferimento.

Local, 06 de agosto de 2013.

Advogado
OAB/UF nº
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO

RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

RECORRENTE: Jerusa

RECORRIDA: Ministério Público

Autos do processo nº xxx

Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,

Douto Procurador de Justiça,

Em que pese o indiscutível saber jurídico do MM. juiz "a quo", deve prosperar a
pronuncia do recorrente pelas seguintes razões de fato e fundamentos a seguir
expostas:

I DOS FATOS

A Recorrente foi denunciada, pela suposta prática do delito de homicídio doloso


simples, na modalidade dolo eventual (Art. 121 c/c Art. 18, I parte final, ambos
do CP).
Segundo consta denuncia a acusada trafegava em uma via de mão dupla.
Atrasada para um importante compromisso profissional, decide ultrapassar o
carro à sua frente, o qual estava abaixo da velocidade permitida, porém a ré
estava respeitando os limites de velocidade permitida. Para realizar a referida
manobra, entretanto, a acusada, não liga a respectiva seta luminosa
sinalizadora do veículo e, no momento da ultrapassagem, vem a atingir Diogo,
motociclista que, em alta velocidade, conduzia sua moto no sentido oposto da
via.
Porém a ré ora requerente, chamou socorro com finalidade de ajudar a vítima,
porém, Diogo falece em razão dos ferimentos sofridos pela colisão.
O MINISTÉRIO PÚBLICO argumentou a imprevisão de Jerusa acerca do
resultado que poderia causar ao não ligar a seta do veículo para realizar a
ultrapassagem, além de não atentar para o trânsito em sentido contrário.

A denúncia foi recebida pelo juiz competente e todos os atos processuais


exigidos em lei foram regularmente praticados, finda a instrução probatória, o
juiz competente, em decisão devidamente fundamentada, decidiu pronunciar
Jerusa pelo crime apontado na inicial acusatória.

II DO DIREITO

Nobres julgadores, a Recorrente, foi pronunciada pela prática do delito de


homicídio doloso simples, na modalidade dolo eventual (Art. 121 c/c Art. 18, I
parte final, ambos do CP).
Ocorre que, conforme consta nos autos em nenhum momento evidenciou-se
que a ré assumiu o risco de provocar a morte da vítima, pois, conduzia seu
veículo respeitando os limites de velocidade permitido à via. Obstante a
acusada estava preocupada pelo atraso para um importante compromisso
profissional, e por um descuido, mas ainda dentro dos limites de velocidade,
não liga a respectiva seta luminosa sinalizadora do veículo, o que poderia ter
evitado o acidente. Ressaltando ainda que a vítima conduzia a sua motocicleta
em alta velocidade o que também se soma ao fato.
Não há o que se falar em dolo eventual, pois, a ré não assume o risco de
provoca-lo, conforme Art. 18, I do CP - Diz-se o crime: I - doloso, quando o
agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. Sendo assim, tal
imputação não se adequa a conduta da recorrente. Desse modo, a recorrente
agiu com imprudência, descuido na ação, o que caracteriza culpa comissiva.
Sendo assim, é fundamental que o delito de homicídio doloso seja
desclassificado, conforme art., 419 do CPP, para homicídio culposo na direção
de veículo automotor, de acordo ao art. 302, caput do CTB, sem incidir causa
de aumento de pena prevista no inciso III do referido artigo, pois conforme
consta nos autos a requerente prestou socorro à vítima.
Também não há o que se falar em prisão em flagrante, conforme Art. 301. Ao
condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima,
não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e
integral socorro àquela. Como visto dever ser afastado o flagrante uma vez
que, a ré prestou socorro à vítima.
Para tanto, o Tribunal do Júri não é competente para julgar o feito.

Portanto, Excelências, é imperiosa a reforma da sentença condenatória


imposta a condenada, com fundamento no art. 581, IV do Código de Processo
Penal.
Como está demonstrado nos autos, a recorrente não cometeu crime doloso e
sim culposo conforme artigo 302 caput e inciso III do CTB.

III O PEDIDO

Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso, em


sentido estrito, para que o delito seja desclassificado, nos termos do Art. 419
do CPP, de maneira que a ré responda pelo delito de homicídio culposo na
direção de veículo automotor, conforme art. 302 do CTB, e os autos seja
remetido para o juízo competente.

Nestes termos, pede deferimento.


Local, 06 de agosto de 2013
Nome do Advogado
OAB/UF

Você também pode gostar