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Vírus e Infecções Virais

Profª Drª Lilian Rodrigues Alves


• 1886 → Adolf Mayer descobriu a doença do mosaico do tabaco (DMT)
entre plantas
• 1892 → Dimitri Iwanowski filtrou a seiva das plantas doentes em filtros
para retenção de bactérias e injetou a seiva filtrada em plantas sadias.
Observou que as sadias adquiriam a doença = o agente infeccioso era
filtrável
• “Fluido contagioso” → “virus” que quer dizer “veneno” em latim
• Invisíveis ao microscópio ótico, porém visíveis na microscopia eletrônica

Tupanvírus Megavirus chilensis


(parasita de amebas) (encontrado em águas chilenas)
Microscopia eletrônica de varredura Microscopia eletrônica de varredura
• Do latim: veneno;
• Invisíveis ao microscópio ótico, porém visíveis na microscopia eletrônica

• Vírus: 1nm de diâmetro;


• Bactérias: 1µm de diâmetro;
• Fungos: 100µm de diâmetro.
Parasitas intracelulares
obrigatórios

São agentes infecciosos acelulares que, fora das células hospedeiras,


são inertes, sem metabolismo próprio, mas dentro delas, seu ácido
nucléico torna-se ativo, podendo se reproduzir.

Você considera os vírus como seres vivos?


Os vírus não são classificados como parte de nenhum dos três domínios!
• Vida: conjunto complexo de processos resultantes da ação de
proteínas codificadas por ácidos nucleicos;
Sem vida

• Fora das células, os vírus são inertes; Ser vivo


• Dentro das células: o ácido nucleico viral torna-se
ativo, ocorrendo a multiplicação viral

Para os vírus: SER vivo é diferente


de ESTAR vivo!
• Principais diferenças: organização estrutural simples e mecanismos
de multiplicação
• Bioelementos caracterizados por
tamanho pequeno (dimensões da
ordem de até 250 nm);
• Contêm um único tipo de ácido
nucleico, DNA ou RNA*;
• Contêm , no máximo, dezenas de
proteínas;
• Não possuem enzimas capazes de
produzir energia.

Parasitas intracelulares obrigatórios


• Contêm um invólucro proteico,
recoberto ou não, que envolve o
ácido nucleico;
• Multiplicam-se no interior de
células vivas utilizando a
maquinaria de síntese celular ->
incapazes de se multiplicar por
divisão;
• Induzem a síntese de estruturas
especializadas na transferência do
ácido nucleico viral para outras
células.
• Nenhum vírus possui ribossomos e
nem capacidade de codificar as
proteínas constituintes do
ribossomo.
• Essas duas características que, de
fato, separam o mundo virótico
daquele dos organismos com
capacidade de reprodução.
Exceções:

• Cytomegalovírus e o MiMiVírus
(Mimiking Microbe Vírus, em inglês) –
cujos tamanhos superam os 250 nm
(por exemplo, o mimivírus possui
dimensões da ordem de 400 nm),
possuem DNA e RNA, além de mais de
uma centena de proteínas (RAOULT,
2008).
• International Committee on Taxonomy of Virus (Comitê Internacional em
Taxonomia de Vírus): uma “espécie” viral é um grupo de vírus que
compartilham a mesma informação genética e o mesmo nicho ecológico
(tipos de hospedeiros);

• Famílias dos vírus leva em consideração:


- Tipo de ácido nucleico viral
- A estratégia de replicação
- Morfologia
Todo e qualquer organimo é potencialmente parasitado por algum tipo de vírus
• Variedade de células hospedeiras
que o vírus pode infectar;
• A maioria é capaz de infectar tipos
específicos de células de uma única
espécie de hospedeiro;
• Exigência viral: ligação específica à
célula hospedeira + disponibilidade
de fatores celulares do hospedeiro
(para a multiplicação viral)
• Vírion: partícula viral completa e infecciosa
(ácido nucléico + capsídeo proteico). Serve
como veículo na transmissão de um
hospedeiro para o outro.

“Os vírions são aglomerados moleculares organizados,


dotados de um potencial de vida, mas que não atingem
um estado autônomo de vida.” (VILLARREAL, 2008)
Os vírus são classificados de acordo com as diferenças na
estrutura desses envoltórios

• Ácido nucleico:
- DNA/RNA
- Fita simples ou fita
dupla
• Quanto ao tipo de ácido nucléico
• Vírus de DNA:
São similares às células, empregam diretamente a maquinaria celular
para realizar seu processo de replicação, transcrição de seus genes e
reparo de DNA. Ex: Herpesviridae (catapora e herpes),
hepadnaviridae (Hepatite B), etc.
• Quanto ao tipo de ácido nucléico
• Vírus de RNA
Os retrovírus são vírus contendo RNA, que ao entrarem na célula são
processados para DNA pela transcriptase reversa e replicases. Ex:
Togaviridae (rubéola), Retroviridae (HIV), Flaviviridae (dengue), etc.
• Capsídeo: muitas cópias de um ou poucos tipos de proteínas
- Proteção contra o ataque de enzimas do hospedeiro e da quebra
mecânica ;
- Proteção do ácido nucléico;
- Transporte do ácido nucléico para outras células.
• Envelope:

- Lipídeos, proteínas e carboidratos;


- Pode ser adquirido no momento da extrusão;
- Vírus não envelopados: vírus nus;
- Protegem o ácido nucléico;
- Ligam-se a receptores nas células.

Espículas: estruturas que se projetam da


superfície do envelope e servem para ligar
o vírus à célula hospedeira. Não se
apresenta em todo vírus envelopado.
• Baseada na arquitetura do capsídeo:

Vírus helicoidal: genoma viral no interior de um capsídeo cilíndrico e oco


com estrutura helicoidal. Rhabdovírus (raiva) e Orthomyxovírus
(influenza)
• Baseada na arquitetura do capsídeo:

Vírus poliédricos: 20 triângulos equiláteros (Capsídeo composto por 20


faces). Ex: adenovírus (infecções oculares e respiratórias)

Vírus não-envelopado
• Baseada na arquitetura do capsídeo:

Vírus envelopados: normalmente, são redondos


• Baseada na arquitetura do capsídeo:
Vírus complexos: possuem estruturas complicadas, podendo haver
estruturas adicionais aderidas
É possível cultivar vírus em meios de
cultura convencionais?

• Devem estar obrigatoriamente associados a células vivas para


conseguirem se multiplicar;
• A maior parte do nosso conhecimento sobre a multiplicação
viral provém do estudo dos bacteriófagos
• Ácido nucleico de um vírion: pequena quantidade dos genes
necessários para a síntese de novos vírus;
- codificam os componentes estruturais;
- codificam enzimas utilizadas no ciclo de
multiplicação viral.

A partir de uma
Invadir a célula A célula hospedeira
única célula
hospedeira pode ou não
milhares de vírus
morrer
podem ser gerados
• Os vírus se reproduzem através de REPLICAÇÃO! → dentro da
célula hospedeira.
• A maneira como os vírus entram e saem das células
hospedeiras pode variar;
• Multiplicação dos bacteriófagos podem ocorrer de duas
maneiras:

- Ciclo lítico: há morte da célula hospedeira


- Ciclo lisogênico: a célula hospedeira permanece viva
1) Ciclo lítico

Adesão: sítio do vírus


+ receptor da célula

Penetração: ação da
lisozima

Biossíntese do ácido
nucleico e das
proteínas virais

Maturação: vírions
completos são
formados a partir do
DNA e dos capsídeos

Liberação: lise da
membrana
plasmática
Liberação

Vírus não-envelopado
Liberação

Vírus envelopado
2) Ciclo lisogênico

O processo é semelhante ao ciclo lítico,


porém o DNA do fago se insere ao DNA
bacteriano

O vírus é agora chamado de profago

Toda vez que a bactéria replicar seu


cromossomo o DNA do profago
também é replicado, permanecendo
latente nas células filhas.
Ciclo Lítico
O DNA viral passa a comandar o metabolismo da célula hospedeira e a
faz várias cópias virais. Com isso ocorre uma lise da célula, liberando
os novos vírus que podem infectar outras bactérias e assim
sucessivamente.

Ciclo Lisogênico
O DNA do vírus se incorpora no DNA da célula, mas não interfere no seu
metabolismo, que continua reproduzindo normalmente transmitindo o DNA
viral às células descendentes.
Associadas à pele Associadas ao Sistema Associadas aos Sistemas
Herpes labial Nervoso Cardiovascular e Linfático
Rubéola Poliomielite AIDS
Sarampo Meningite viral Dengue
Varicela Raiva Chikungunya
Febre amarela

Associadas ao Associadas ao Sistema Associadas ao Sistema


Sistema Digestório Respiratório Reprodutor
Hepatites Gripe HPV
Gastroenterites Hantavirose Herpes genital
Caxumba SARS
NOME COMUM DESIGNAÇÃO SIGLA SUBFAMÍLIA
Herpes Simplex Vírus 1 Herpesvírus humano 1 HSV-1 α

Herpes Simplex Vírus 2 Herpesvírus humano 2 HSV-2 α

Vírus da Varicela-Zoster Herpesvírus humano 3 VZV α

Vírus Epstein-Barr Herpesvírus humano 4 EBV γ

Citomegalovírus Herpesvírus humano 5 CMV β

Vírus Herpes Humano tipo 6 Herpesvírus humano 6 HHV-6 β

Vírus Herpes Humano tipo 7 Herpesvírus humano 7 HHV-7 β

Vírus Herpes Humano tipo 8 Herpesvírus humano 8 HHV-8 γ


• Algumas viroses (Pele):

1) Herpes labial: acomete cerca de 90% da


população mundial

- Agente etiológico: Herpes simplex tipo I (vírus


envelopado, DNA fita dupla);
- Principais sintomas: bolhas e feridas nos
lábios. Muitos indivíduos assintomáticos;
- Forma de transmissão: Vias aéreas (oral e
respiratória); contato pessoa-pessoa; contato
com objetos contaminados com o vírus;
- Tratamento: pomadas (aciclovir).
• Algumas viroses (Pele):

2) Varicela (Catapora: crianças/ Cobreiro: adulto):

- Agente etiológico: Varicela zoster (envelopado);


- Forma de transmissão: Vias aéreas (oral e
respiratória); contato pessoa-pessoa; contato com
objetos contaminados com o vírus;
- Principais sintomas: lesões na pele (ardor e
coceira);
- Tratamento: sintomático; geralmente o sistema
imunológico consegue eliminar o vírus.
- Profilaxia: Vacinação (tríplice/tetravalente viral).
• Algumas viroses (Pele):

2) Varicela (Catapora: crianças/ Cobreiro: adulto):


• Algumas viroses (Pele):

3) Rubéola:

- Agente etiológico: vírus da rubéola (gênero: Rubivírus; envelopado);


- Forma de transmissão: Vias aéreas (oral e respiratória); contato pessoa-
pessoa; contato com objetos contaminados com o vírus;
- Principais sintomas: manchas vermelhas na pele; coceira;
- Pode atravessar a barreira placentária (feto: cegueira, surdez, retardo
mental);
- Tratamento: sintomático; soro.
- Profilaxia: Vacinação (tríplice/tetravalente viral); pré-natal
• Algumas viroses (Pele):

4) Sarampo:

- Agente etiológico: vírus do sarampo (envelopado);


- Forma de transmissão: Vias aéreas (oral e
respiratória); contato pessoa-pessoa; contato com
objetos contaminados com o vírus;
- Principais sintomas: febre alta, tosse seca, manchas
vermelhas no corpo;
- Tratamento: sintomático; geralmente o sistema
imunológico consegue eliminar o vírus.
- Profilaxia: Vacinação (tríplice/tetra viral).
• Algumas viroses (Associadas ao sistema
nervoso):

5) Poliomielite (Erradicada no Brasil desde 1989):

- Agente etiológico: Poliovírus (vírus da paralisia


infantil);
- Forma de transmissão: Ingestão de água e
alimentos contaminados com o vírus e contato
pessoa-pessoa;
- Principais sintomas: a multiplicação do vírus no
sistema nervoso pode levar à destruição de
neurônios motores, levando a paralisia de
membros;
- Tratamento: não há.
- Profilaxia: Vacinação (Zé Gotinha).
• Algumas viroses (Associadas ao sistema nervoso):

6) Raiva:

- Agente etiológico: Vírus da raiva (Rabdovírus. Helicoidal);


- Forma de transmissão: Saliva de mamíferos contaminados; mordida (cães,
gatos e morcegos);
- Principais sintomas:
Animais: Encefalite, agressividade, aumento da salivação;
Homem: Insônia, dor de cabeça, convulsões, salivação excessiva,
febre, espasmo dos músculos da glote, dificuldade de deglutição (hidrofobia).
- Profilaxia: Vacinação (homem e animais).
• Algumas viroses (Associadas ao sistema cardiovascular e linfático):

7) AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida):

• Tamanho: entre 80 e 100 nm de


diâmetro;
• Envelope lipoproteico ligeiramente
esférico;
• Capsídeo cilíndrico;
• Genoma: duas fitas de RNA linear.
• Algumas viroses (Associadas ao sistema cardiovascular e linfático):

7) AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida):

- Agente etiológico: Vírus da Imunodeficiência humana (HIV), que ataca os


linfócitos CD4 -> altera o DNA dessa célula -> HIV faz cópias de si mesmo
-> Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para
continuar a infecção -> sistema imune deficiente

- Doenças oportunistas: tuberculose, pneumonia, candidíase, câncer.

- Forma de transmissão: Contato com os seguintes líquidos corporais


infectados: saliva, esperma, sangue, secreções vaginais, leite materno,
placenta*;
• Algumas viroses (Associadas ao sistema cardiovascular e linfático):

7) AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida):

- Principais sintomas: Febre, calafrios, dores musculares, aparecimento de


ínguas no pescoço, náusea, vômito (inespecíficos).
- Tratamento: medicamentos que inibam a reprodução viral e aumentem a
sobrevida dos paciente;
- Profilaxia: educação sexual, uso de preservativo, descarte de agulhas,
esterilização de material cirúrgico
• Associadas ao sistema cardiovascular e linfático:

Arboviroses:
• Doenças causadas pelos chamados arbovírus, que incluem o
vírus da dengue, Zika vírus, febre Chikungunya e febre
amarela.

ARBOVÍRUS
Artrhopod-born virus

• Existem 545 espécies de arbovírus, sendo que 150 delas


causam doenças em seres humanos.
• Algumas viroses (Associadas ao sistema
cardiovascular e linfático):

8) Dengue:
- Agente etiológico: Vírus da dengue (RNA)
- Quatro sorotipos: I, II, III, IV
- Forma de transmissão: Através da picada
da fêmea do mosquito Aedes aegypti e
Aedes abopictus;
- Dengue hemorrágica: todos sintomas +
alterações no sistema de coagulação
sanguínea sangramento na pele e em
órgãos internos, levando a hemorragias);
- Tratamento: sintomático (não usar AAS);
- Prevenção: eliminar o mosquito. Uso de
repelentes.
• Algumas viroses (Associadas ao sistema
cardiovascular e linfático):

9) Chikungunya:
- Agente etiológico: CHIKV vírus
- Forma de transmissão: Através da
picada da fêmea do mosquito Aedes
aegypti e Aedes abopictus;
- Sintomas: mesmos da dengue (exceto
hemorragia) + fortes inflamações nas
articulações;
- Tratamento: sintomático;
- Prevenção: eliminar o mosquito. Uso de
repelentes.
• Algumas viroses (Associadas ao sistema
cardiovascular e linfático):

10) Zika: Brasil: 2014


- Agente etiológico: ZIKA vírus
- Forma de transmissão: Através da picada
da fêmea do mosquito Aedes aegypti*;
- Sintomas: 80% assintomático. Quando
presentes: mesmos da dengue (exceto
hemorragia), exantema, edema bilateral;
- Quadro neurológico; grávidas +
teratogenia; transmissão sexual;
- Tratamento: sintomático;
- Prevenção: eliminar o mosquito. Uso de
repelentes.
• Algumas viroses (Associadas ao sistema
cardiovascular e linfático):

11) Febre amarela:


- Agente etiológico: Flavivirus (arbovírus
envelopado, RNA fita simples)
- Forma de transmissão: Através da picada
da fêmea do mosquito Aedes aegypti e
Aedes abopictus (ciclo urbano);
- Sintomas: febre, dor de cabeça,
calafrios, náuseas. Infecções dos
linfonodos, hepática e icterícia;
- Tratamento: sintomático;
- Prevenção: combate ao vetor, evitar
desmatamentos e vacinação.
• Algumas viroses (Associadas ao sistema
digestório):

11) Hepatite A:
- Agente Etiológico: vírus da hepatite A
(encapsulado);
- Forma de transmissão: Ingestão de água
ou alimentos contaminados;
- Principais sintomas: inflamação no
fígado, febre, pele e olhos amarelados,
náuseas e vômitos;
- Tratamento: medicamentos que ajudam
a controlar os sintomas;
- Profilaxia: Educação Sanitária e
saneamento básico.
• Algumas viroses (Associadas ao sistema
digestório):

12) Hepatites B e C:

- Agente Etiológico: vírus das hepatites B


e C (encapsulados);
- Forma de transmissão: contato com
sangue de pessoas contaminadas;
- Principais sintomas: inflamação no
fígado, dores, pele e olhos amarelados,
náuseas e vômitos;
- Tratamento: medicamentos antivirais;
- Profilaxia: vacina (Hepatite B) e uso de
preservativos.
• Algumas viroses (Associadas ao sistema reprodutor):

13) Herpes genital:

- Agente etiológico: Herpes simplex tipo II (vírus encapsulado);


- Forma de transmissão: contato sexual;
- Principais sintomas: feridas ao lado na base do pênis e na região externa
na vagina, que liberam líquido contendo o vírus. Dor, ardor, coceira;
- Tratamento: pomadas.

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