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Washington Almeida (Auth.) - Direito Imobiliário (2008)
Washington Almeida (Auth.) - Direito Imobiliário (2008)
Direito de Empresa
Armando Luiz Rovai PRÓXIMOS LANÇAMENTOS:
$IREITO
)MOBILIfRIO
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_________________________________________________________________________
A444d
Almeida, Washington Carlos de, 1961-
Direito imobiliário / Washington Carlos de Almeida. Rio de Janeiro :
Elsevier, 2008.
(Direito ponto a ponto)
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-352-2502-0
Editora Campus/Elsevier
Apresentação
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DIREITO IMOBILIÁRIO
Washington Carlos de Almeida
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DIREITO PONTO A PONTO
Do Direito Imobiliário
for apreciável em dinheiro) e não-patrimoniais (quando relacionado à
vida, à honra etc.).
Quanto às suas qualidades, os Direitos Subjetivos podem ser:
• Privados: quando patrimoniais, se distinguem em creditícios (direi-
tos de um credor contra um devedor determinado) e reais (direitos
de um titular sobre certa coisa, como os direitos de propriedade); e
quando não-patrimoniais, estão atrelados à família e à personali-
dade (Fiuza, 2007, p. 17-18).
Capítulo 1
Os Direitos Subjetivos podem ser absolutos, quando são Direitos Reais, oponíveis
contra toda a coletividade. Se tenho uma casa, ou seja, se tenho direitos de dono
sobre uma casa, exerço-os perante toda a sociedade indistintamente. Em outras
palavras, sou eu o dono da casa, e mais ninguém. Além dos Direitos Reais,
encaixam-se nessa categoria os direitos da personalidade, como o direito à vida,
à honra etc., por serem, também eles, oponíveis, não contra um devedor determi-
nado, mas contra toda a coletividade. (Fiuza, 2007, p. 18.)
• Relativos: se exercidos somente contra uma pessoa determinada, como
os Direitos de Crédito e os Direitos de Família.
• Transmissíveis (quando puderem passar de um titular para o outro)
e intransmissíveis (quando não permite troca de titular).
• Principais (trata-se do Direito que existe por si mesmo e não em fun-
ção de um outro Direito) e acessórios (existe em função de um outro
Direito).
• Divisíveis e indivisíveis: podem ser exercidos ao mesmo tempo por
várias pessoas ou ser fracionados entre elas.
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DIREITO IMOBILIÁRIO
Washington Carlos de Almeida
Os Direitos Reais, como regra, são indivisíveis. Se muitas pessoas têm uma casa,
isso não quer dizer que cada uma é titular de direito individual de dono sobre a
dita casa. A propriedade é uma só; todos os condôminos são ao mesmo tempo
titulares da mesma relação dominial. (Fiuza, 2007, p. 18.)
• Renunciáveis e irrenunciáveis: o titular de um Direito Subjetivo pode
ou não renunciar a ele.
I – a propriedade;
II – a superfície;
III – as servidões;
IV – o usufruto;
V – o uso;
VI – a habitação;
VIII – o penhor;
IX – a hipoteca;
X – a anticrese.
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DIREITO PONTO A PONTO
Art. 1.226. Os Direitos Reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos
por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição.
Art. 1.227. Os Direitos Reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre
vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos
títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código.
Os Direitos Reais abarcam as coisas e os bens passíveis de valoração
jurídica.
A rigor, a expressão ‘bens jurídicos’ oferece alcance mais amplo, compreendendo
‘coisas’ as mais diversas, revestida esta última noção de caráter objetivo. Mas,
diante de nossa codificação, bens ou coisas são os objetos mediatos das relações
regidas pelos Direitos Reais. (Bittar, 1991, p. 3.)
Do Direito Imobiliário
Caio Mário da Silva Pereira explica que no Direito Real
existe um sujeito ativo, titular do Direito, e há uma relação jurídica, que não se
estabelece com a coisa, pois que esta é o objeto do Direito, mas tem a faculdade
de opô-la erga omnes, estabelecendo-se desta sorte uma relação jurídica em que é
sujeito ativo o titular do Direito Real, e sujeito passivo a generalidade anônima
dos indivíduos... (Pereira, 1999, v. 4, p. 2-3.)
Os Direitos Reais abrangem normas que disciplinam a posse, a proprie-
dade. Sob o aspecto subjetivo é o poder que a pessoa tem sobre a coisa. A
Capítulo 1
característica dos Direitos Reais é a oponibilidade erga omnes, isto é, são
absolutos. Carlos Alberto Bittar leciona:
As características básicas dos Direitos Reais são: oponibilidade erga omnes; ade-
rência imediata ao bem, sujeitando-o diretamente ao titular; atribuição ao titu-
lar dos direitos de seqüela, e, em alguns casos, o de preferência. Decorrem dessas
qualidades atributos outros, que complementam a respectiva textura, a saber: a
exclusividade e a conferência de ação real ao titular. (Bittar, 1991, p. 17.)
Dilvanir José da Costa em seu artigo “O conceito de Direito Real” ensi-
na que:
O poder absoluto ou erga omnes tem como efeito prático ou vantagem o direito
de seqüela ou de seguir, perseguir o objeto de seu direito onde quer que esteja e
reivindicá-lo do poder de quem injustamente o possua. Os romanos já procla-
mavam: ubicunque sit res, domino suo clamat – “a coisa clama por seu dono.
(Costa, 1999, p. 72.)
Os Direitos Reais são classificados como: direitos reais sobre a coisa
própria e direitos reais sobre coisa alheia.
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DIREITO IMOBILIÁRIO
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c) Posse: a posse está mais para o Direito Real do que para o direito obrigacional,
embora seja condição da utilização das coisas em ambos esses direitos. A posse
pura ou natural, independente de contrato e de Direito Real, é um fato juridica-
mente relevante e, portanto, um direito amparado pelos interditos e capaz de se
transformar em domínio, se atendidos os demais requisitos do usucapião. A
posse contratual, objeto de direito obrigacional, é protegida pelos interditos,
inclusive contra o dono, embora não seja objeto de usucapião. Mas sobretudo os
Direitos Reais de gozo dependem da posse, como instrumento indispensável ao
uso direto ou fruição da coisa. (Costa, 1999, p. 75.)
Quanto às suas características são: absolutismo, seqüela, preferência e
tipicidade. Suas espécies se dividem em: Direitos Reais de gozo (usufruto,
servidão, uso, habitação); Direito Reais aquisição (promessa de compra e
venda); Direito Real de garantia (penhora, hipoteca, anticrese).
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DIREITO PONTO A PONTO
Na classificação dos
direitos subjetivos em reais e pessoais, em que se dividem os direitos patrimoniais,
duas correntes doutrinárias procuraram traçar as suas características distintivas:
a realista e a personalista. A primeira procura demonstrar que o Direito Real é
aquele que incide sobre a coisa – jus in re – ou seja, “aquele que afeta a coisa
direta e imediatamente, sob todos ou sob certos aspectos, e a segue em poder de
quem quer que a detenha”, segundo a definição de Lafayette. O Direito Pessoal,
por sua vez, é aquele contra uma pessoa, em virtude de que, na relação jurídica
de natureza pessoal, o vínculo se estabelece entre dois sujeitos, o credor e o
devedor (França, 1977, v. 27, p. 503.)
Trata-se de uma
relação entre pessoas, abrangendo tanto o sujeito ativo como o passivo e uma
prestação de dar, de fazer ou de não fazer que ao primeiro deve o segundo. O
objeto do Direito Pessoal é sempre uma prestação do devedor, por isso, quando
Do Direito Imobiliário
violado, o seu titular (credor) tem ação apenas contra o indivíduo que figura na
relação jurídica como sujeito passivo. (Diniz, 1998, v. 2, p. 173.)
Os Direitos Pessoais compreendem uma relação entre pessoas, tendo
por elemento uma prestação. Esta relação jurídica está centrada não em
coisas corpóreas, mas sim no cumprimento das obrigações de pessoas de-
terminadas.
Capítulo 1
O Direito Imobiliário abrange a desapropriação, os registros públicos, a
locação, a habitação, a construção civil, os loteamentos urbanos e rurais,
o condomínio em edificações, a incorporação, a posse e a propriedade
entre outros. Trata-se de um ramo do Direito Civil, existente a partir do
Direito das Coisas.
A definição de Sanz Fernández tem, para nós, o inegável mérito de
compreender e tornar patentes as notas características do Direito Imobiliário,
notas que determinam o âmbito do mesmo e facilitam seu enquadramento
no marco geral das diversas disciplinas jurídicas. O mesmo autor se en-
carrega de matizar tais notas da seguinte maneira:
a) O Direito Imobiliário está integrado por um conjunto de normas de substância
ou natureza civil. Portanto, não cabe a consideração do mesmo como um ramo
jurídico autônomo, desvinculado do Direito Civil.
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DIREITO IMOBILIÁRIO
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DIREITO PONTO A PONTO
Do Direito Imobiliário
ceiro da Habitação);
• Lei n o 6.015/1973: dispõe sobre os registros públicos.
De acordo com Pontes de Miranda, o Direito Imobiliário é a “parte do
direito das coisas que trata das regras jurídicas sobre propriedade dos bens
imóveis” (apud, Lima, 1980, p. 10).
Indo além do que Pontes de Miranda disse, afirmaríamos que o Direito Imobiliá-
rio é a parte do direito das coisas que trata das regras jurídicas sobre a proprieda-
de e posse dos bens imóveis... Além do mais, a própria denominação da disciplina
está demonstrando que a tônica da distinção não se encontra na característica
Capítulo 1
subjacente de ser um fato ou um direito. A característica principal é justamente o
fato de se tratar de relação em torno de bens imóveis. (Lima, 1980, p. 10.)
Dentre os ramos abrangidos pelo Direito Privado, o Direito Civil é o
mais antigo e comporta o Direito de Família, o Direito das Coisas, o Direi-
to das Sucessões e o Direito das Obrigações. “Quando estas relações jurídi-
cas dizem respeito a bens imóveis, entramos na esfera do Direito Imobiliário...
Vê-se, pois, que o Direito Imobiliário envolve todos os ramos do Direito
Civil, que se relacionam com os bens imóveis, assim como o Direito Civil
abrange as partes do Direito Privado (Vallim, 1980, p. 12-13).
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DIREITO PONTO A PONTO
Do Direito Imobiliário
lixo; qualidade ambiental saudável e adequada; localização adequada e acessí-
vel em relação ao trabalho e facilidades básicas, tudo em um custo razoável. A
adequação deveria ser determinada de forma conjunta com as pessoas interessa-
das, tendo em vista um desenvolvimento gradual. A concepção de adequação
varia entre os diversos países, dependendo de fatores culturais, sociais, ambientais
e econômicos. (Direito à habitação.)
A partir da década de 1930 houve significativa mudança na política
habitacional, assinalada pelo deslocamento de grande parte da popula-
ção rural para os grandes centros urbanos. A moradia adequada passou a
Capítulo 1
exigir medidas por parte do governo.
Sob a ótica dos Direitos Fundamentais, a inclusão do Direito Moradia
entre os Direitos Sociais, “permitirá ao intérprete, nas questões da prote-
ção à moradia, tratar do tema revestido da ótica constitucional, valorado
pelo artigo 6 o”. (Araujo; Nunes Júnior, 2002, p. 172.)
Esse direito, atualmente assegurado como Direito Social, veio consoli-
dar a preocupação do Estado com a pessoa humana. Conforme Ingo Wolfgang
Sarlet:
Consagrando expressamente, no título dos princípios fundamentais, a dignida-
de da pessoa humana como um dos fundamentos do nosso Estado democrático
(e social) de Direito (art. 1 o, inciso III, da CF), o nosso Constituinte de 1988 – a
exemplo do que ocorreu, entre outros países, na Alemanha –, além de ter toma-
do uma decisão fundamental a respeito do sentido, da finalidade e da justifica-
ção do exercício do poder estatal e do próprio Estado, reconheceu categoricamente
que é o Estado que existe em função da pessoa humana, e não o contrário, já que
o ser humano constitui a finalidade precípua, e não meio da atividade estatal.
(Sarlet, 2001, p. 66.)
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Capítulo 2
Da posse e sua proteção
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DIREITO PONTO A PONTO
O novo Código Civil, no que se refere à teoria geral da posse, ampliou a posição
preconizada por Ihering, a chamada corrente objetiva, em que o elemento anímico
constitutivo do conceito de posse, o animus, é definido apenas como “vontade
de proceder como habitualmente procede o proprietário”. Tal ampliação, aliás,
faz-se sensível, v.g. nos decotes dos enunciados de aquisição e perda da posse,
previstos nos incisos dos arts. 493 e 520 do CC/1916, claro resquício da teoria
subjetiva da posse em diploma legal objetivista. (Lotti, 2005, p. 61.)
No atual Código Civil brasileiro a posse e a propriedade estão assim deli-
mitadas:
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou
não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito
de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
Capítulo 2
que teve origem no Direito Romano, Savigny afirma que para se caracte-
rizar a posse é preciso que o possuidor tenha corpus e animus, e que so-
mente o corpus não o faz possuidor e sim apenas detentor, não alcançando
com isso a real proteção possessória. Para este civilista, a posse é caracte-
rizada por um elemento material e outro psíquico, ou seja, o fundamento
desta teoria baseia-se na “intenção” de ter o bem juntamente com o
“querer” defender esse bem. É necessário haver o elemento material corpus
e o elemento subjetivo animus, sendo que um elemento não se valida sem
o outro, pois havendo corpus, haver o poder físico do possuidor sobre a
coisa, e havendo animus, a vontade de ter a coisa como sua.
A respeito da teoria elaborada por Savigny, Caio Mario da Silva Perei-
ra, afirma:
(...) a concepção de Savigny exige, pois, para que o estado de fato da pessoa em
relação à coisa se constitua em posse, que ao elemento físico (corpus) venha juntar-
se a vontade de proceder em relação à coisa como procede o proprietário (affectio
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DIREITO PONTO A PONTO
Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum
dos poderes inerentes propriedade.
A adoção da teoria objetiva pelo Código Civil não abandona em defi-
nitivo a teoria subjetiva, já que no capítulo 2, que trata da Da Aquisição
da Propriedade Imóvel – Seção I – Da Usucapião, percebe-se a exigência
da intenção de possuir a coisa como dono para que haja a aquisição.
Reza o art. 1.238:
Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um
imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo
requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o
registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Assim como o art. 1.238, o art. 1.239 também deixa transparente o ele-
mento animus domini em seu texto quando menciona a expressão “possua
Capítulo 2
O detentor somente detém a coisa em nome do possuidor. O art. 1.197 do
Código Civil diz a respeito da posse direta em relação a posse indireta que:
A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude
de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo
o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
Para Natal Nader:
O animus domini importa, enfim, em agir o possuidor como proprietário zeloso,
usufruindo de todas as utilidades que a coisa é capaz de proporcionar e impri-
mindo-lhe um sentido proveitoso para si e para o meio social. Exerce ele o poder
de fato sobre a coisa, excluindo dela o verdadeiro proprietário, e, mesmo, saben-
do quem ele seja, não pode praticar atos que importem em reconhecimento do
domínio alheio. (Nader, 1998, p. 16.)
O art. 1.198 do Código Civil dispõe a respeito do detentor que:
Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com
outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
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(...)
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DIREITO PONTO A PONTO
É ela instituto de natureza jurídica que vem associado ao direito das coisas: a
posse. Esta surge muito relacionada com os Direitos Reais mas importa saber se
ela mesma é um Direito Real. (Pereira, 1999, p. 38-39.)
A transformação da posse de fato para uma posse de direito pode ser,
em nosso ordenamento jurídico, reconhecida na Lei n o 4.504, de 30 de
novembro de 1964 (Estatuto da Terra), na Lei n o 8.629, de 25 de fevereiro
de 1993 (Reforma Agrária) e na Constituição Federal, no Capítulo VIII –
art. 231, que trata dos direitos originários sobre as terras que são ocupa-
das pelos índios, isto é, da posse indígena.
O possuidor, detentor da posse de fato, tem responsabilidade pela de-
gradação ou pela perda da coisa se agiu propositalmente para isso, assim
como tem o direito a ser ressarcido em caso de despesas utilizadas na
preservação ou melhoria da coisa.
Capítulo 2
2.3.1. Da posse justa e da posse injusta
O art. 1.200 do Código Civil apregoa: “É justa a posse que não for violen-
ta, clandestina ou precária.” De acordo com este artigo, entende-se que se
assim não for, a posse é considerada injusta.
Para a posse adquirir um caráter justo basta olhar para a sua forma de
aquisição. Quando adquirida dentro da lei, ela é considerada justa.
Orlando Gomes, em seu estudo sobre os Direitos Reais, preleciona que
não basta a qualidade de aquisição justa para ter a completa legitimida-
de, e que a qualidade de justa ou injusta decorre apenas do modo de
aquisição:
A posse justa tem que ser pública e contínua, porque o possuidor, agindo confor-
me ao Direito na sua aquisição, nem por isso está amparado por uma legitimida-
de absoluta. É possível que adquira a posse por um modo lícito, e venha a
perdê-la para outrem. Não se deve esquecer que a qualidade justa ou injusta da
posse decorre de sua aquisição. Se esta não é violenta, clandestina ou precária, a
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posse é justa. Mas a circunstância de não ter sido viciada na origem não constitui
razão para impedir que o verdadeiro possuidor, isto é, aquele que tem o direito
de exercer o poder de fato, possa fazer valer o seu direito. Por isso, a posse justa
tem que ser pública, para que o interessado na sua extinção, possa opor-se a que
continue a ser exercida por aquele que se apresenta como legítimo possuidor.
Deve ser, do mesmo modo, contínua, porquanto o seu exercício manso e pacífi-
co confirma, constantemente, a legitimidade de sua aquisição. (Gomes, 2001,
p. 40.)
Já a aquisição da posse por meio de um modo ilícito corresponde à
posse injusta. A aquisição por meio injusto pode ser adquirida de três
maneiras:
1– Posse violenta:
A posse violenta é adquirida pela força física. A posse é
A vinculação da coisa à pessoa, podendo ser conseguida pela força, contra a
vontade do possuidor, que cede, e é desapossado. Se a perde, por outro meio,
sendo igualmente esbulhado, não se pode dizer que o autor do esbulho tem
posse violenta. Quem se recusa a restituir coisa que possuía por força de contra-
to, nem por isso passa a ter posse violenta, mas sim posse injusta de outra quali-
dade. (Gomes, 2001, p. 40.)
2– Posse clandestina:
A clandestinidade impede que a posse seja legítima, “O possuidor a
obtém usando de artifícios para iludir o que tem a posse, ou agindo às
escondidas. Assim, aquele que, à noite, muda a cerca divisória de seu
terreno, apropriando-se de parte do prédio vizinho.” (Gomes, 2001, p. 41.)
3– Posse precária:
Essa modalidade de aquisição “resulta, comumente, da retenção indevida
de coisa que deve ser restituída” (Gomes, 2001, p. 41).
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DIREITO PONTO A PONTO
Como se vê, a boa-fé não constitui um imperativo ético abstrato, mas sim uma
Capítulo 2
norma que condiciona e legitima toda a experiência jurídica, desde a interpreta-
ção dos mandamentos legais e das cláusulas contratuais até as suas últimas con-
seqüências.
Daí a necessidade de ser ela analisada como conditio sine qua non da realização da
justiça ao longo da aplicação dos dispositivos emanados das fontes do direito,
legislativa, consuetudinária, jurisdicional e negocial.” (Reale.)
Vale dizer que, quando da análise de um caso concreto, o juiz deverá
centrar seu juízo crítico, utilizando-se não somente da determinação do
valor pessoal, mas também levando em consideração toda uma tradição
moral já solidificada.
Já o possuidor estará de má-fé quando tem ciência da ilegitimidade de
seu direito de posse, em razão de vício ou obstáculo impeditivo de sua
aquisição, nos termos do art. 491 do CC: “a posse de boa-fé só perde este
caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presu-
mir que o possuidor não ignora que possui indevidamente”.
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DIREITO IMOBILIÁRIO
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Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoria-
mente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras
por modo vicioso.
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DIREITO PONTO A PONTO
Art. 1.213. O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às servidões não aparen-
tes, salvo quando os respectivos títulos provierem do possuidor do prédio serviente, ou
daqueles de quem este o houve.
Em relação aos frutos. O possuidor de boa-fé tem direito a todos os frutos,
mas se tratando de possuidor de má-fé, os frutos deverão ser restituídos.
A regra contida nos arts. 1.214 e seguintes do Código Civil é que o possuidor de
boa-fé tem direito, enquanto durar a posse, aos frutos percebidos, vale dizer, aos
frutos que extrair da coisa. Mas os frutos pendentes deverão ser restituídos se
antes de serem colhidos cessar a boa-fé. (Fiúza, 2007, p. 881.)
Código Civil – arts. 1.214 a 1.216:
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser
restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que
são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos,
bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se
constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.
Em relação à perda ou deteriorização da coisa possuída. “O possuidor de
boa-fé não responde pela deteriorização da coisa, se esta ocorrer fortuita-
mente. Isso significa que só deverá indenizar o reivindicante se a coisa se
Capítulo 2
perder ou se deteriorar por culpa sua” (Fiúza, 2007, p. 881).
Código Civil – arts. 1.217 a 1.218:
Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a
que não der causa.
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda
que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse
do reivindicante.
Em relação às benfeitorias e direito de retenção. Direito à indenização pe-
las benfeitorias e melhoramentos.
A regra é bastante simples. O possuidor de boa-fé tem direito a ser indenizado
por todas as benfeitorias necessárias e úteis. O possuidor de má-fé, por sua vez, só
tem direito à indenização por benfeitorias necessárias.” (Fiúza, 2007, p. 882.)
Código Civil – arts. 1.219 a 1.222:
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessá-
rias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las,
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DIREITO IMOBILIÁRIO
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quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo
valor das benfeitorias necessárias e úteis.
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DIREITO PONTO A PONTO
por representante ou procurador daquele que quer ser possuidor, e por ter-
ceiro sem procuração, caso em que a aquisição da posse fica na dependên-
cia da ratificação da pessoa em cujo interesse foi perpetrado o negócio.
Capítulo 2
da coisa, bastando que haja a intenção do tradens – opera a tradição – e
do accipiens – recebe a coisa); constituto possessório (ocorre quando o
possuidor de um bem que o possui em nome próprio passa a possuí-lo em
nome alheio – transferência convencional da posse), acessão (a posse pode
ser continuada pela soma do tempo do atual possuidor com o de seus
antecessores) e adquirentes.
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DIREITO IMOBILIÁRIO
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Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou
não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho,
quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é
violentamente repelido.
As idéias de conservação e perda da posse são correlatas; deixando de
existir o corpus ou o animus, deixa de existir a posse, há a perda da posse,
sendo impossível a reprodução do estado originário.
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DIREITO PONTO A PONTO
Capítulo 2
Um exemplo é o proprietário que vende sua casa, mas por meio da cláusu-
la constituti permanece, ainda, na casa, passando a ser o possuidor direto
(locatário).
O professor Nélson Godoy Dower, assim define:
O constituto possessório é uma forma de tradição em que, concomitantemente,
uma pessoa fica com a posse indireta e a outra com a posse direta. Ocorre, por
exemplo, quando alguém, possuindo a coisa em nome próprio (possuidor ple-
no), vende seu imóvel, nele permanecendo como locatário (possuidor direto).
Perdeu um título de posse e passou a ter outro. (Dower, 2006, v. 4, p. 107-108.)
Pelo constituto possessório, de acordo com Washington de Barros
Monteiro,“(...) a posse desdobra-se em duas faces: o possuidor antigo,
que tinha posse plena e unificada, se converte em possuidor direto, en-
quanto o novo proprietário se investe na posse indireta, em virtude da
convenção” (Monteiro, 1998, p. 35).
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DIREITO IMOBILIÁRIO
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DIREITO PONTO A PONTO
Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoria-
mente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras
por modo vicioso.
Capítulo 2
• Ação de reintegração de posse: destinada ao possuidor que foi pri-
vado de sua posse. Trata-se de ação que pode ser utilizada pelo
possuidor em caso de sofrer esbulho.
Em casos de ação de manutenção e reintegração de posse, os arts. 926 e
927 do Código de Processo Civil, regulamentam:
Art. 926. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e
reintegrado no de esbulho.
I – a sua posse;
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DIREITO IMOBILIÁRIO
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DIREITO PONTO A PONTO
§ 2 o. Equipara-se a terceiro a parte que, posto figure no processo, defende bens que,
pelo título de sua aquisição ou pela qualidade em que os possuir, não podem ser
atingidos pela apreensão judicial.
I – para a defesa da posse, quando, nas ações de divisão ou de demarcação, for o imóvel
sujeito a atos materiais, preparatórios ou definitivos, da partilha ou da fixação de
rumos;
II – para o credor com garantia real obstar alienação judicial do objeto da hipoteca,
penhor ou anticrese.
Capítulo 2
dade) da coisa móvel e transfere para o comprador a posse direta (a título precário
ou temporário), até que este quite definitivamente o débito para com o vende-
dor. A cláusula deve ser expressa em contrato escrito e exige “registro” (em cartó-
rio) do instrumento no domicílio do comprador. (Ribeiro.)
Na venda com reserva de domínio, o comprador tem a posse da coisa
para usá-la, obrigando-se a pagar o preço em prestações. Caso o compra-
dor não pague a prestação pontualmente, as obrigações vincendas são
consideradas vencidas; o vendedor tem o direito de exigir judicialmente o
pagamento das prestações vencidas e a vencer.
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DIREITO IMOBILIÁRIO
Washington Carlos de Almeida
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DIREITO PONTO A PONTO
Capítulo 2
posse congruentemente definida em sua petição inicial” (Baptista, 1997,
p. 162).
Quanto à sua natureza, esse instituto deixava dúvida se se tratava de
ação possessória ou petitória. Ovídio A. Baptista da Silva esclarece que “a
ação de imissão de posse no Direito brasileiro contemporâneo é demanda
petitória e jamais possessória” (Baptista, 1997, p. 169). Continua o autor
afirmando:
E, sendo petitória, a primeira coisa que se há de rejeitar deve ser a possibilidade
de existir nela um mandado liminar de imissão de posse, por meio do qual o juiz
pudesse restituir ou imitir o autor na posse da coisa objeto da ação, como resul-
tado de adiantamento da eficácia da sentença final. (Baptista, 1997, p. 170.)
Os que defendem a natureza petitória alegam que a ação visa a conferir posse, e
não a proteger uma posse já existente; e que o art. 382 daquele diploma legal
dizia que a inicial deveria ser instruída com o título de domínio, o que eviden-
ciava sua natureza petitória. Logo, é uma demanda petitória, pois sua causa de
pedir está fundada no jus possidendi, ou seja, no direito à posse. (Costa.)
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DIREITO IMOBILIÁRIO
Washington Carlos de Almeida
A ação de imissão de posse pode ser ampliada não somente pela busca
da posse por quem jamais teve, mas também pode ser destinada à aquisi-
ção da posse. “Em casos como esse, a finalidade da ação será a investidura
do possuidor na posse direta, eis que a indireta já foi obtida pelo título”
(Costa). Essa ação pode ser cabível em casos de constituto possessório –
que é ao mesmo tempo modo de aquisição e de perda da posse – e por
sucessão hereditária (Costa.)
Para Ovídio Baptista, a imissão de posse é a ação que visa proteger “o
direito a adquirir uma posse que ainda não desfrutamos” (Silva, 2002,
v. 2, p. 232). Continua o autor:
Pelo que ficou dito, devemos, então, concluir que a ação de imissão de posse
continua a existir, no direito brasileiro, e, no sistema de nosso CPC, se há de
processar, ou pelo rito ordinário ou sumaríssimo, conforme com os princípios
reguladores dessas formas procedimentais. Em qualquer caso, contudo, a ação
será sumária, no sentido de ter limitada a espera de defesa que o demandado
poderá opor à demanda. (Silva, 2002, v. 2, p. 167.)
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Capítulo 3
Da propriedade
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DIREITO IMOBILIÁRIO
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DIREITO PONTO A PONTO
Da propriedade
5 – Teoria da dignidade humana: a propriedade existe em função do ho-
mem e de sua dignidade.
O Direito de Propriedade é visto pela maioria dos estudiosos como um
direito do homem, tal qual o direito à vida e à liberdade. O Direito de
Propriedade, assim como outros Direitos Privados, deve ser visto sob o
prisma de sua função social, descrita em consonância com a Constitui-
Capítulo 3
ção Federal, que dispõe em seu art. 5 o, XXII, XXIII:
Art. 5 o. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantin-
do-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
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DIREITO IMOBILIÁRIO
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Capítulo 4
Da aquisição, perda, proteção e limitações da propriedade
no Direito Imobiliário
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DIREITO IMOBILIÁRIO
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neste intervalo predominou a ocupação e posse da terra, que não era reconheci-
da pela lei. (O Segundo Império – 1831 a 1889.)
Durante os anos de 1822 até 1850, era garantida a posse pela simples ocu-
pação da terra. A promulgação da Lei no 601, de 18 de setembro de 1850 –
Dispõe sobre as Terras Devolutas do Império – proibiu a posse, admitindo
apenas as existentes até sua edição, e favoreceu o estabelecimento de colô-
nias para nacionais e estrangeiros.
Dispõe sobre as terras devolutas no Império, e acerca das que são possuídas por
titulo de sesmaria sem preenchimento das condições legais. Bem como por sim-
ples titulo de posse mansa e pacífica; e determina que, medidas e demarcadas as
primeiras, sejam elas cedidas a título oneroso, assim para empresas particulares,
como para o estabelecimento de colônias de nacionais e de estrangeiros autoriza-
dos pelo Governo a promover a colonização estrangeira na forma que se declara
D. Pedro II (...) (Lei no 601, de 18 de setembro de 1850.)
A promulgação desta Lei representou o resultado de lutas políticas em
prol de uma definição na política de terras, pois anteriormente à edição
desta Lei,
mexeram nas disposições das Sesmarias, que eram unânimes: o primeiro foi o
pagamento dos foros. O único problema neste caso é que a Coroa não possuía
capacidade técnica para elaborar a norma de cobrança nem um setor burocrático
capaz de se encarregar desta tarefa. (...) A Lei de Terras representava para o
Estado Imperial um dos vértices de consolidação do Estado Nacional e um espa-
ço de relacionamento entre proprietários e Estado. A transitoriedade da posse
para a propriedade é elemento-chave em nossa compreensão, pois o Estado
Imperial visava apropriar-se das terras devolutas, que vinham passando de for-
ma livre e desordenada ao patrimônio particular, juntamente com a aplicação
da mão-de-obra livre imigrante em contraposição à escravidão (...) Porém, o
futuro mostrou que o trabalho imigrante substituiu em uma boa parte o traba-
lho escravo (...) pois a posse aleatória das terras não havia mudado da forma
como se previa, persistindo até as primeiras décadas de nosso século, bastando
citar que foram criadas medidas adicionais à Lei de Terras para que se perpetuasse
o regime de posse dando a esta um viés de legalidade, visto que a resolução do
problema era mais difícil do que o esperado. Persistia a passagem das terras
devolutas para o domínio privado. (Pinto.)
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão consagra a proprie-
dade como:
“O direito de propriedade é aquele que pertence a todo cidadão de gozar e
dispor à vontade de seus bens, rendas, fruto de seu trabalho e de sua indústria”.
As Constituições brasileiras sempre aclamaram a propriedade como um direito
inviolável. O direito civil lança conceitos e noções a respeito do direito de pro-
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DIREITO PONTO A PONTO
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DIREITO IMOBILIÁRIO
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4.3.2. Transcrição
O registro faz parte da aquisição derivada e é o modo mais comum de
aquisição de imóveis. Cada imóvel registrado é objeto de matrícula indi-
vidual e descreve a situação jurídica do imóvel, assegurando o Direito de
Propriedade. A finalidade do registro é escriturar os atos translativos da
propriedade imóvel.
Para Orlando Gomes, o registro público proporciona mais segurança à
circulação da riqueza imobiliária, pois:
Sem transcrição, não se adquire inter vivos a propriedade de bem imóvel. É seu
principal modo de aquisição. Não basta o título translativo. Preciso é que seja registra-
do. Do contrário, não opera a transferência, a que, simplesmente, serve de causa.
Assim é nos sistemas jurídicos, como o nosso, que não reconhecem força translativa
aos contratos. Neles, o negócio jurídico, que tenha a função econômica de transferir o
domínio, produz, tão-somente, a obrigação de transferi-lo (...) Para que a transferên-
cia se verifique, isto é, para que o comprador se torne o dono da coisa comprada, é
preciso que o título seja registrado no Ofício de Imóveis. (Gomes, 2001, p. 140.)
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DIREITO PONTO A PONTO
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DIREITO IMOBILIÁRIO
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§ 1o. Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido
como dono do imóvel.
§ 2o. Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade
do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono
do imóvel.
Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial
do registro, e este o prenotar no protocolo.
Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado reclamar
que se retifique ou anule.
4.3.3. Acessão
A acessão faz parte da aquisição originária e diz respeito a tudo o que
adere ao solo e não pode ser retirado sem danificação;
A acessão é o aumento do volume ou do valor do objeto da propriedade, devido a
forças externas. Numa palavra, é a acessão contínua, pela qual uma coisa se une ou se
incorpora a outra por ação humana ou causa natural. O proprietário da coisa
principal adquire a propriedade da coisa acessória, que se lhe uniu ou incorporou.
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DIREITO PONTO A PONTO
Há, enfim, como nota Barassi, uma alteração quantitativa ou qualitativa da coisa.
A acessão discreta, isto é, o aumento da coisa de dentro para fora, não é acessão
propriamente dita. Suas consequências se acham subordinadas, por entendimento
pacífico, ao princípio de que acessorium cedit principali. (Gomes, 2001, p. 149.)
II – por aluvião;
Formação de ilhas
A formação de ilhas se dá em razão de movimentos sísmicos, de depósito
de areia, cascalho ou fragmentos de terra, trazidos pela própria corrente,
ou de rebaixamento de águas. O Código Civil, em seu art. 1.249, dispõe
sobre a formação de ilhas:
Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem
Capítulo 4
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DIREITO IMOBILIÁRIO
Washington Carlos de Almeida
§ 1o. Se a corrente servir de divisa entre diversos proprietários e elas estiverem no meio
da corrente, pertencem a todos esses proprietários, na proporção de suas testadas até
a linha que dividir o álveo em duas partes iguais.
§ 2o. As que estiverem situadas entre esta linha e uma das margens pertencem, apenas,
ao proprietário ou proprietários desta margem.
Aluvião
A Enciclopédia Saraiva do Direito, coordenada por Rubens Limongi França,
apresenta a definição de aluvião como a forma de:
Aquisição da propriedade imóvel, por acessão. Acréscimo sucessivo e insensível
de materiais (depósitos e aterros naturais) nas margens dos rios. A aluvião per-
tence ao proprietário do terreno marginal. Quando a formação se der em frente
a prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da
testada de cada um sobre a antiga margem. (França, 1977, v. 6, p. 273.)
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DIREITO PONTO A PONTO
§ 2 o. A esses acréscimos, com referência aos terrenos reservados, se aplica o que está
disposto no art. 11, § 2 o.
Avulsão
O Código Civil, no art. 1.251, reconhece a acessão por avulsão quando:
Capítulo 4
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DIREITO IMOBILIÁRIO
Washington Carlos de Almeida
Álveo abandonado
Trata o álveo abandonado de;
Leito do rio. Superfície em que as águas fluem sem transbordar. Abandonado:
superfície que as águas do rio deixaram pela mudança de seu curso. Pertence
aos proprietários ribeirinhos das duas margens. Particular: rio de propriedade
privada ou de águas comuns. Público: rio pertencente ao domínio de pessoa
jurídica de direito público. Pode ser de uso comum ou dominical, conforme
a propriedade das águas. (França, 1977, v. 6, p. 274.)
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DIREITO PONTO A PONTO
Semeadura
Para os romanos existiam três formas de acessão artificial: pela semeadu-
ra, pela plantação e pela edificação e estas três formas se transportaram
para o Direito Moderno (Gomes, 2001, p. 158).
O mestre Orlando Gomes leciona que presume-se que toda plantação ou
construção existente em um terreno tenha sido feita pelo proprietário.
Capítulo 4
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DIREITO IMOBILIÁRIO
Washington Carlos de Almeida
Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes,
plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-
lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé.
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito
do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito
a indenização.
Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em
proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a proprie-
dade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e
responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desva-
lorização da área remanescente.
Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o cons-
trutor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção
à vigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte
e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção.
Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima
parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e
danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida
e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele
construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro.
A semeadura se difere do plantio porque “este designa a colocação de
mudas e aquela esparramar sementes” (França, 1977, v. 67, p. 461). Orlando
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DIREITO PONTO A PONTO
Gomes explica que tem-se que levar em consideração que “o emprego das
sementes, plantas ou materiais pode ser feito de boa-fé ou de má-fé, isto
é, sabendo ou desconhecendo, quando as emprega, se pertecem a outrem
4.3.4. Da usucapião
Existe na doutrina uma divergência a respeito do termo usucapião, se
pertence ao gênero masculino ou feminino. O Código Civil de 1916 utili-
zou o termo no masculino. O termo no feminino é utilizado pelo Código
Civil de 2002, pelo Estatuto da Cidade, pela Lei n o 6.969/1981 e são vários
os estudiosos que se referem a usucapião no feminino. Uma das justifica-
tivas para utilizar o termo no feminino é baseada na fundamentação de
que o termo é proveniente da palavra capionis, feminina no latim. Na
verdade, tanto a utilização do gênero masculino como do feminino estão
corretas, uma vez que o teor do assunto sofre modificação.
A expressão usucapião deriva do latim usucapio, de usucapere, ou seja, tomar
(capere) ou adquirir algo pelo uso. Pode ser usada no gênero masculino, como o
faz o Código Civil de 1916, ou no gênero feminino (fiel a origem latina do
termo) como no Código Civil de 2002, sendo autorizadas as duas formas no
vernáculo.
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DIREITO IMOBILIÁRIO
Washington Carlos de Almeida
usucapião relacionada com outra pessoa que já era proprietária da mesma coisa,
e que perde a titularidade da relação jurídica dominical em proveito do adquirente,
conclui-se ser ele uma forma de aquisição derivada. (Pereira, 2002, v. 4, p. 96.)
Para Maria Helena Diniz
O usucapião é o modo de aquisição da propriedade e de outros Direitos Reais
(usufruto, uso, habitação, enfiteuse, servidões prediais) pela posse prolongada da
coisa com a observância dos requisitos legais. É uma aquisição do domínio pela
posse prolongada, como prefere dizer Clóvis Beviláqua. (Diniz, 2002, v. 4, p. 143.)
Na usucapião, o antigo proprietário perde a posse, passando a mesma
a ser direito do usucapiente. O objetivo da usucapião é manifestar o do-
mínio do possuidor sobre o bem por ter decorrido o lapso temporal exigi-
do para cada espécie de usucapião.
O usucapiente, na ação de usucapião, não visa a tornar-se proprietário da coisa
com a sentença; na realidade ele já terá adquirido a propriedade, desde que
completou o lapso temporal exigido por lei, pleiteando, na ação de usucapião,
sentença declaratória desse domínio, para fins de registro no Cartório de Regis-
tro de Imóveis competente. (Pinto, 1987, p. 67.)
O mestre Orlando Gomes chama a atenção para um discernimento que
se faz necessário, entre prescrição e usucapião, já que é corriqueiro na
doutrina a utilização da expressão prescrição aquisitiva como sinônimo
de usucapião.
A prescrição é um modo de extinguir pretensões, enquanto o usucapião é um
modo de adquirir Direitos Reais; a prescrição opera com base na inércia do
sujeito de direito, enquanto que o usucapião supõe a posse continuada; a pres-
crição extingue as pretensões reais e pessoais, enquanto o usucapião restringe-se
aos Direitos Reais; a prescrição tem um sentido negativo de extinção, enquanto
o usucapião é positivo, como força geradora. (Gomes, 2002, p. 161.)
Para ser possível a usucapião, é necessário atender às condições de tem-
po previsto em Lei.
O legislador permite que uma determinada situação de fato, que, sem ser moles-
tada, se alongou por um certo intervalo de tempo previsto em lei, se transforme
em uma situação jurídica, atribuindo-se assim juridicidade a situações fáticas
que amadurecem com o tempo. A posse é o fato objetivo, e o tempo, a força que
opera a transformação do fato em direito... O fundamento desse instituto é
garantir a estabilidade e segurança da propriedade, fixando um prazo, além do
qual não se podem mais levantar dúvidas ou contestações a respeito e sanar a
ausência de título do possuidor, bem como os vícios intrínsecos do título que
esse mesmo possuidor, porventura, tiver. (Diniz, 2002, v. 4, p. 144.)
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DIREITO PONTO A PONTO
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possui-
dor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou
serviços de caráter produtivo.
Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como
sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não
superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua famí-
lia, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta
metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para
Capítulo 4
sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprie-
tário de outro imóvel urbano ou rural.
(...)
Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente
durante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade.
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DIREITO IMOBILIÁRIO
Washington Carlos de Almeida
Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá usucapião,
independentemente de título ou boa-fé.
Art. 1.262. Aplica-se à usucapião das coisas móveis o disposto nos arts. 1.243 e 1.244.
De acordo com o dispositivo do Código Civil, para que a usucapião
exista deverá haver o abandono do bem pelo proprietário e o uso da
propriedade pelo possuidor, de forma que a valorize, atendendo à
sua função social. Dessa forma, Tupinambá Miguel Castro do Nasci-
mento afirma que
tem-se como fundamento racional da prescrição aquisitiva a função social que
a propriedade deve ter. Função social esta que se declara pela conduta omissiva
do proprietário, no exercício de um não-uso que, por ser improdutivo e anti-
social, é nocivo, e pela conduta comissiva do prescribente que, usando a coisa,
exercendo sua utilidade, lhe dá uma função de conteúdo social. (Nascimento,
1992, p. 15.)
Na usucapião, a efetividade da posse constitui uma exigência emprega-
da em todos os seus tipos, sendo que é conduzido à usucapião a posse
exercida com aninus domini:
O animis domini importa, enfim, em agir o possuidor como proprietário zeloso,
usufruindo de todas as utilidades que a coisa é capaz de proporcionar, e impri-
mindo-lhe um sentido proveitoso para si e para o meio social. Exerce ele o poder
de fato sobre a coisa, excluindo dela o verdadeiro proprietário, e, mesmo saben-
do quem ele seja, não pode praticar atos que importem em reconhecimento do
domínio alheio. (Nader, 1998, p. 16.)
Humberto Theodoro Júnior afirma que para
haver posse de boa-fé é preciso que o possuidor ignore o direito de terceiro sobre
a coisa, de sorte que sua conduta e sua consciência sejam as de verdadeiro e
legítimo proprietário. Já o “animus domini” acha-se ligado à vontade de agir
como proprietário, pouco importando a forma legítima ou não com que a
conduta teve origem. (Theodoro Júnior, 2002, v. 3, p. 163.)
No Brasil, a Constituição de 1934 foi a primeira a reconhecer a usucapião
em seu texto. Seu art. 125 proclamava:
Art 125 – Todo brasileiro que, não sendo proprietário rural ou urbano, ocupar, por dez
anos contínuos, sem oposição nem reconhecimento de domínio alheio, um trecho de
terra de até dez hectares, tornando-o produtivo por seu trabalho e tendo nele a sua
morada, adquirirá o domínio do solo, mediante sentença declaratória devidamente
transcrita. (Brasil. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, 16 de
julho de 1934)
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DIREITO PONTO A PONTO
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DIREITO IMOBILIÁRIO
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DIREITO PONTO A PONTO
probatório. Justo expressa a qualidade de que deve estar revestido esse ato, vale
dizer, a aptidão em tese de constituir ou transferir um direito.” (Fachin, 1988,
p. 72.)
No entendimento de Silvio de Salvo Venosa,
O titulus ou justa causa do Direito Romano deve ser entendido não como qual-
quer instrumento ou documento que denote propriedade, mas como “a razão
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DIREITO IMOBILIÁRIO
Washington Carlos de Almeida
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possui-
dor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou
serviços de caráter produtivo.
O Código Civil dispõe sobre usucapião extraordinário basicamente nos
mesmos termos do antigo Código Civil, com a diferença de ter reduzido
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DIREITO PONTO A PONTO
A Constituição Federal recepcionou o artigo desta Lei elegendo a usucapião pro labore
em seu art. 191: “Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano,
Capítulo 4
possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona
rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de
sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.”
Natal Nader aponta para o fato de que a usucapião pro labore veio, com
a Lei n o 6.969/1981, beneficiar o homem que vive no campo:
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DIREITO IMOBILIÁRIO
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DIREITO PONTO A PONTO
Art. 1.241. Poderá o possuidor requerer ao juiz seja declarada adquirida, mediante
usucapião, a propriedade imóvel.
Parágrafo único. A declaração obtida na forma deste artigo constituirá título hábil
para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
A usucapião pro morare também foi regulamentada pelo Estatuto da
Cidade, mostrando que este instituto sofreu profundas modificações ao
longo do tempo, avançando consideravelmente e reconhecendo o pro-
blema da falta de moradia, o déficit habitacional e a importância da
função social da propriedade. O fato de as legislações que tratam a usucapião
reduzirem seus prazos mostra a preocupação com os fatores sociais, o
reconhecimento de novos tempos e, especialmente, visam a assegurar a
dignidade da pessoa humana.
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DIREITO IMOBILIÁRIO
Washington Carlos de Almeida
O art. Art. 1.275 determina: “Além das causas consideradas neste Códi-
go, perde-se a propriedade:
I – por alienação;
II – pela renúncia;
V – por desapropriação.
Maria Helena Diniz define a perda da propriedade imobiliária como
Meio legal que afasta alguém de seu patrimônio Imobiliário. Os modos terminativos
da propriedade imóvel, previstos em lei, são: alienação, renúncia, abandono, pere-
cimento do imóvel, desapropriação por necessidade, utilidade pública ou interesse
social, direito de requisição da propriedade particular, usucapião, acessão, dissolu-
ção de casamento sob regime de comunhão universal de bens, sentença transitada
em julgado, que atribui a um dos litigantes a propriedade imóvel, numa ação de
reivindicação, implemento de condição resolutiva e confisco de propriedade que
contém cultura ilegal de plantas psicotrópicas.” (Diniz, 1998, v. 3, p. 567.)
O abandono, a renúncia e a alienação constituem modos voluntários da
perda da propriedade.
O abandono se dá quando o proprietário se desfaz da coisa por não
querer continuar sendo o dono; na renúncia o proprietário declara o pro-
pósito de se desfazer do bem e na alienação o proprietário transmite a
outrem seu direito sobre o bem.
4.4.2. Alienação
A alienação constitui uma maneira de perda da propriedade na qual, por
livre vontade, o titular transfere seu direito a outra pessoa. Esta transmissão
pode ser dar a título gratuito (doação) ou oneroso (dação em pagamen-
to, troca ou compra e venda) “A dinâmica da vida econômica moderna
caminhou para a criação de novos Direitos Reais. É o caso da chamada
propriedade fiduciária, trazendo-se para o sistema financeiro a proprie-
dade como garantia” (Loureiro, 2001, p. 89).
Maria Helena Diniz define alienação como: “Ato de alienar, ou seja,
transferir gratuita ou onerosamente a outrem um direito ou a propriedade
de uma coisa, que, então, passará a integrar o patrimônio alheio” (Diniz,
1998, v. 1, p. 164).
62
DIREITO PONTO A PONTO
4.4.3. Renúncia
A renúncia se dá quando o proprietário de um imóvel abre mão do direi-
to sobre a coisa em favor de terceiro. “Renúncia da Propriedade. Ato uni-
lateral pelo qual o proprietário declara, expressamente, o seu intuito de
desistir de seu direito sobre a coisa, em favor de terceira pessoa, que não
precisa manifestar sua contestação” (Diniz, 1998, v. 4, p. 137).
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DIREITO IMOBILIÁRIO
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4.4.4. Abandono
Para que haja abandono é necessário que o dono do imóvel se desfaça
voluntariamente do domínio da coisa. Abandonar a coisa não implica
renúncia de direitos. O abandono se presume quando o proprietário não
assume a propriedade, bem como as obrigações fiscais decorrentes dela.
O Código Civil assim declara:
Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais
o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser
arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou
à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições.
§ 1o. O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá
ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União,
onde quer que ele se localize.
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DIREITO PONTO A PONTO
4.4.5. Desapropriação
O Direito de Propriedade é um direito garantido pela Constituição Fede-
ral:
Art. 5 o. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantin-
do-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
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DIREITO IMOBILIÁRIO
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(...)
c) pela sentença;
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DIREITO PONTO A PONTO
Da ação de desapropriação
A desapropriação é uma atribuição do Estado para limitar o Direito de
Propriedade dos particulares. As condições estabelecidas para a desapro-
priação acontecem em virtude de utilidade pública ou interesse social.
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DIREITO IMOBILIÁRIO
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A ação de desapropriação é o
procedimento pelo qual o Poder público despoja, compulsoriamente, alguém de
uma propriedade móvel ou imóvel, sob a alegação de necessidade e utilidades
públicas ou interesse social, adquirindo-a mediante justa e prévia indenização,
que será paga em dinheiro ou, se o expropriado concordar, em títulos de dívida
pública com cláusula de exata correção monetária. É ressalvado à União o direi-
to de desapropriar imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social,
objetivar a realização da justiça social através da reforma agrária, pagando ao
proprietário uma indenização justa e prévia em títulos de dívida agrária com
cláusula de preservação do valor real, para evitar enriquecimento ilícito do Esta-
do (...) (Diniz, 1998, v. 1, p. 44.)
A desapropriação por utilidade pública ou por interesse social está pre-
vista na Constituição Federal e no Código Civil:
O art. 5 o, inciso XXIV, da Constituição Federal determina: “a lei esta-
belecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilida-
de pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização
em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição”.
O Código Civil, art. 1.228, § 3 o: “O proprietário pode ser privado da
coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública
ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo públi-
co iminente.”
Para Maria Helena Diniz a desapropriação por interesse social é
aquisição de propriedade privada pela entidade pública fundada nos seguintes
objetivos: aproveitamento de bem improdutivo ou explorado sem correspon-
dência com as necessidades de habitação, trabalho e consumo dos centros de
população a que deve servir ou possa suprir por seu destino econômico; instala-
ção ou intensificação das culturas nas áreas em cuja exploração não se obedeça
ao plano de zoneamento agrícola; estabelecimento e manutenção de colônias ou
cooperativas de povoamento e trabalho agrícola; construção de casas popula-
res; proteção do solo e dos cursos e mananciais de água e de reservas florestais
etc. (Diniz, 1998, v. 2, p. 80.)
Já a desapropriação por interesse público trata da
aquisição de propriedade pelo Estado fundada nas seguintes hipóteses: seguran-
ça nacional; defesa do estado; socorro público em caso de calamidade; salubri-
dade pública; aproveitamento industrial de minas e jazidas, das águas e da energia
hidráulica; assistência pública, obras de higiene e decoração, casas de saúde;
abertura, conservação e melhoramento de vias ou logradouros públicos; funcio-
namento dos meios de transporte coletivo; preservação e conservação dos mo-
numentos históricos e artísticos; construção de edifícios públicos, monumentos
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DIREITO PONTO A PONTO
Da desapropriação consensual
Há duas formas na qual a desapropriação pode ser efetuada: mediante
acordo firmado entre o órgão expropriante e o proprietário do bem imó-
vel ou através de processo judicial quando não é possível a desapropria-
ção amigável (Silva, 1980, p. 235).
A desapropriação amigável é também designada desapropriação consensual.
Capítulo 4
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DIREITO PONTO A PONTO
(...)
II – propriedade privada;
Cabe salientar que os mecanismos de proteção ao Direito de Pro-
priedade, na esfera civil e processual, são classificados em gerais e
específicos. Os gerais são constituídos de certos remédios e autodefesa
para a proteção dos direitos individuais, tal como o mandado de se-
gurança, e os meios específicos são as “ações correspondentes às pre-
tensões derivadas da propriedade em razão de ter sido turbada” (Gomes,
2001, p. 255).
Essas duas modalidades gerais e específicas são, segundo Orlando Go-
mes, “1 a) a que compete ao proprietário totalmente privado de seu bem;
2a) a que compete ao proprietário que conserva o bem, mas é turbado no
seu direito” (Gomes, 2001, p. 255).
A proteção da propriedade se dá através da ação reivindicatória, que
tem como finalidade recuperar a coisa de quem quer que injustamente a
Capítulo 4
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ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos
destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as
respectivas despesas.
§ 1o. Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios, tais como sebes vivas, cercas
de arame ou de madeira, valas ou banquetas, presumem-se, até prova em contrário,
pertencer a ambos os proprietários confinantes, sendo estes obrigados, de conformida-
de com os costumes da localidade, a concorrer, em partes iguais, para as despesas de
sua construção e conservação.
§ 2o. As sebes vivas, as árvores, ou plantas quaisquer, que servem de marco divisório, só
podem ser cortadas, ou arrancadas, de comum acordo entre proprietários.
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minantemente liberais – e aqueles outros que a negam quando têm por objeto os
bens geradores de riqueza – Estados de ideologia marxista-leninista. (Bastos,
1992, p. 191.)
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§ 2o. Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o acesso
a via pública, nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a passagem.
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Capítulo 5
Dos contratos imobiliários
5.1. INTRODUÇÃO
5.2. Da compra e venda
A origem do instituto de compra e venda está ligada à troca, pois, histo-
ricamente, numa fase primitiva, predominava a troca ou a permuta dos
objetos. A compra e venda constitui um contrato bilateral, pelo qual uma
das partes se obriga a transferir o domínio para outra, mediante paga-
mento em dinheiro. (Gonçalves, 2004, v. 3, p. 189-190.)
Para Orlando Gomes, o contrato é “o negócio jurídico bilateral, ou
plurilateral, que sujeita as partes à observância de conduta idônea à satis-
fação dos interesses que regularam”. (Gomes, 1997, p. 10.)
Contrato de compra e venda é aquele em que um dos contratantes se
obriga a transferir o domínio de certa coisa e o outro a pagar-lhe o preço
em dinheiro. Trata-se de um contrato bilateral no qual o vendedor assu-
me a obrigação de transferir a coisa ao comprador.
A compra e venda caracteriza-se, portanto, entre nós, como contrato consensual,
que se completa pelo mero consentimento, com efeitos exclusivamente
obrigacionais, tornando-se perfeita e acabada mediante o simples acordo de
vontades sobre a coisa e o preço, nos termos do art. 482 (res, pretius, consensus).
A entrega da coisa e o pagamento do preço pertencem à fase posterior de
execução do contrato, que se ultimara anteriormente (Lasarte, 2003:202). (Venosa,
2006, v. 3, p. 9.)
A compra e venda é regulada pelos arts. 481 a 504 do Código Civil:
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir
o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
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DIREITO PONTO A PONTO
Capítulo 5
Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo
antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das
partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinado o prazo à outra para
que o efetive.
5.3. DA PERMUTA
A permuta é um contrato por meio do qual se transmite uma coisa mediante
a aquisição de outra, sendo que a coisa permutada não necessita ser idêntica.
A troca ou permuta constituiu o primeiro contrato entre os povos pri-
mitivos. No Código Civil de 1916, o termo utilizado era troca e, atual-
mente, o Código Civil adota os dois termos: troca e permuta (Venosa,
2006, v. 3, p. 94).
Da Troca ou Permuta
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DIREITO IMOBILIÁRIO
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5.4. DA TRANSAÇÃO
A transação consiste em concessões mútuas, na qual duas ou mais pessoas
ajustam condições para a prevenção de litígio que possa ser incitado en-
tre elas. Os arts. 840 e ss. do Código Civil determinam:
Art. 840. É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio mediante conces-
sões mútuas.
Art. 842. A transação far-se-á por escritura pública, nas obrigações em que a lei o
exige, ou por instrumento particular, nas em que ela o admite; se recair sobre direitos
contestados em juízo, será feita por escritura pública, ou por termo nos autos, assinado
pelos transigentes e homologado pelo juiz.
Art. 844. A transação não aproveita, nem prejudica senão aos que nela intervierem,
ainda que diga respeito à coisa indivisível.
§ 3o. Se entre um dos devedores solidários e seu credor, extingue a dívida em relação aos
co-devedores.
5.5. ARRAS
As arras ou sinal constituem um pacto acessório, cuja finalidade é confir-
mar que o contrato principal está concluído e que os sujeitos da relação
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DIREITO PONTO A PONTO
Capítulo 5
As arras e a cláusula penal, apesar das afinidades, são diferentes em
vários aspectos: Vejamos:
• As arras somente ocorrem com a efetiva entrega do valor ou do bem
e possuem caráter real, enquanto a cláusula penal possui caráter
pessoal;
• Nas arras o sinal é dado no momento do contrato e, em caso de
arrependimento, o valor não pode ser reduzido, já a cláusula penal
só ocorre em razão do não incumprimento da obrigação, e possibi-
lita ao juiz a sua redução;
• As arras têm a finalidade de tornar o contrato obrigatório (arras
confirmatórias) ou dão o direito ao arrependimento a uma das par-
tes (arras penitenciais), além de só serem permitidas em contratos
bilaterais, já a cláusula penal objetiva fortalecer o cumprimento do
contrato e podem ocorrer em qualquer obrigação (Almeida).
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DIREITO IMOBILIÁRIO
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5.6. RETROVENDA
Nas relações que envolvem obrigações, é imperativo que haja o cumpri-
mento por parte dos envolvidos na transação. A natureza jurídica da
retrovenda é a de um pacto acessório.
A retrovenda está disciplinada nos arts. 505 a 508 do Código Civil, e
trata-se de compra e venda na qual se estipula que o vendedor poderá
resgatar a coisa vendida. Neste regaste, o preço poderá ser o mesmo ou
outro, desde que seja previamente convencionado.
Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo
máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as
despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram
com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.
Art. 506. Se o comprador se recusar a receber as quantias a que faz jus, o vendedor,
para exercer o direito de resgate, as depositará judicialmente.
Art. 508. Se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato sobre o mesmo imóvel,
e só uma o exercer, poderá o comprador intimar as outras para nele acordarem, preva-
lecendo o pacto em favor de quem haja efetuado o depósito, contanto que seja integral.
A retrovenda e a cláusula de arrependimento constituem institutos ju-
rídicos distintos. Na cláusula de arrependimento “o optante arrepende-se
para não concluir o contrato definitivo, objeto do contrato preliminar.
Enquanto isso, na retrovenda, há desde logo a transferência do domínio
ao comprador, restando uma condição suspensiva ao vendedor de vir, no
futuro, a reobter o domínio pelo resgate” (Moura, 1992. p. 28).
Maria Helena Diniz, em seu Dicionário Jurídico, assim define retrovenda:
(...) Cláusula adjeta à compra e venda pela qual o vendedor se reserva o direito
de reaver, em certo prazo, o imóvel alienado, restituindo ao comprador o preço,
mais as despesas por ele realizadas, inclusive as empregadas em melhoramentos
do imóvel. (Diniz, 1998, v. 4, p. 201.)
A retrovenda é o direito de recompra. Possui efeito ex tunc, tem dispo-
nibilidade erga omnes e deve ser registrada em cartório de acordo com a
Lei n o 6.015/1973, Lei de Registros Públicos.
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DIREITO PONTO A PONTO
Capítulo 5
para que use do seu direito de preferência para readquiri-la, com exclusão
dos outros interessados. (Fortes, Preempção ou direito de preferência...)
Existem dois tipos de preempção:
– legal: decorrente de disposição de lei;
– convencional ou contratual: expressa no acordo de vontade. (For-
tes, Preempção ou direito de preferência.)
A preempção pode versar sobre bens imóveis, pois a “preferência do
condômino na aquisição de parte indivisa (CC, art. 504) e a do inquili-
no, quanto ao imóvel locado posto à venda (Lei n o 8.245/1991, art. 27),
são exemplos de preferência ou prelação legal. Os arts. 513 a 520 do Códi-
go Civil, ora em estudo, tratam da preferência convencional resultante
de acordo de vontades. Pode ser convencionado que o comprador se obri-
ga a oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em paga-
mento, para que este use de seu direito de prelação na compra, tanto por
tanto. (CC, art. 513)” (Gonçalves, 2004, v. 3, p. 234).
93
DIREITO IMOBILIÁRIO
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Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se
não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização
por perdas e danos.
Ulysses da Silva, ao discorrer sobre o novo Código Civil e o registro de
imóveis afirma a respeito do art. 474:
Esse dispositivo não tem correspondente no velho Código, mas é fruto do entendi-
mento já prevalecente. Em tópico anterior já abordamos este ponto, citando, como
exemplos mais comuns nos quais existe a condição resolutiva, a retrovenda, o pacto
comissório, a cláusula de reversão na doação e a alienação fiduciária. A própria
natureza dessas modalidades de contrato já envolve a sua futura resolução. Desneces-
sário, portanto, que ela conste expressamente do instrumento. No caso particular da
alienação fiduciária, embora utilizada como garantia de um empréstimo, sabemos
implicar ela na transferência do domínio ao credor fiduciário, sob a condição de
voltar às mãos do devedor, uma vez saldado o débito. Quando, portanto, o devedor
fiduciante quita a sua dívida, basta um simples instrumento de quitação do fiduciário,
para que o domínio do imóvel retorne às suas mãos, recompondo a situação anterior
e cancelando-se o registro da alienação fiduciária. (Silva.)
Eduardo Pacheco Ribeiro de Souza e Marcelo Braune afirmam que a
exclusão deste instituto no novo Código Civil causou perplexidade nos
estudiosos de Direito Imobiliário:
Entre outras alterações de maior remonta, a nova lei excluiu das cláusulas especiais
a compre e venda o pacto comissório, inexistindo no novo texto legal dispositivos
correspondentes ao art. 1.163 e seu parágrafo único, do Código revogado.
94
DIREITO PONTO A PONTO
(...)
É pacto nulo de pleno direito. E, mesmo que estipulado, mostra-se inócuo, não
exercendo qualquer limitação ou nulidade ao contrato de penhor. É como não
tendo existência.
Capítulo 5
1967, v. 3, p. 1.109).
Nas transações imobiliárias, é possível a celebração do contrato de compra
e venda com cláusula resolutiva expressa (art. 474. do CC) ou pacto comissório.
O art. 167, incisos, I, n o 29, da Lei n o 6.015 determina:
No Registro de Imóveis, além da matrícula, serão feitos:
I – o registro:
(...)
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DIREITO IMOBILIÁRIO
Washington Carlos de Almeida
5.9. EVICÇÃO
Trata a evicção da perda da propriedade em decorrência de sentença judi-
cial. A evicção poderá ser total, parcial ou ocorrer nas arrematações judi-
ciais.
O art. 455 do Código Civil preceitua: “Se parcial, mas considerável, for
a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restitui-
ção da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for
considerável, caberá somente direito a indenização.”
Quando parcial ela poderá ocorrer de várias maneiras: “b1) quando
privado o adquirente de uma parte das coisas, ou de seus acessórios; b2)
quando tiver adquirido diversas coisas, formando um conjunto, e for
privado de alguma delas; b3) quando privado o imóvel de alguma servi-
dão ativa, ou reconhecido sujeito a servidão passiva” (Fortes, “Evicção”).
Na evicção figuram três pessoas:
– o alienante;
– o evicto;
– o evictor.
Maria Helena Diniz define o evicto como:
Adquirente que perde a coisa adquirida ou sofre a evicção, em favor de terceiro
(evictor)
Evictor na definição da autora trata-se do
Terceiro que move ação judicial, vindo a ganhar, total ou parcialmente, o bem
objetivado no ato negocial. É o que reivindica o bem sujeito à evicção, por ser o
verdadeiro titular de sua posse ou propriedade. (Diniz, 1998, v. 2, p. 442.)
A evição, de acordo com Hermano de Castro e Danilo de Castro, invo-
cando o melhor da doutrina;
Constitui-se numa obrigação de fazer, posto que se o adquirente for turbado no
exercício da posse da coisa transmitida, tem o direito de chamar o alienante para
intervir em seu socorro. Tal se dá pois, no escólio de Silvio Rodrigues, “se a coisa
entregue pelo vendedor foi reclamada judicialmente pelo seu verdadeiro dono e,
portanto, legalmente arrancada da posse do comprador, a prestação por este paga
(i.e., o preço) deve ser-lhe devolvida, pois deixou de ter causa”. É, nas palavras de
Orlando Gomes, a “irrealização do fim da venda”. (Castro, 2003, p. 143.)
O art. 447 do Código Civil afirma: “Nos contratos onerosos, o alienante
responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se
tenha realizado em hasta pública.”
Este instituto está disciplinado nos arts. 447 a 457 do Código Civil de
2002.
96
Capítulo 6
Das nulidades dos negócios imobiliários
97
DIREITO IMOBILIÁRIO
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Os atos ilícitos, em que pesem doutas opiniões em contrário, são atos jurídicos
por repercutirem na esfera jurídica, sendo regulados pelo Direito. Aliás, o adjeti-
vo “jurídico” pode ser empregado em dois sentidos. Num primeiro, enquanto
algo que repercute no mundo do Direito, que diz respeito ao Direito; este o
utilizado acima. Num segundo, enquanto algo que está conforme ao Direito. É
lógico que, neste segundo sentido, os atos ilícitos não seriam jurídicos, mas
antijurídicos”. (Fiúza, 2007, p. 204.)
Os atos ilícitos se constituem de:
– antijuridicidade, que pode ser formal ou material, e que constitui
uma violação, uma contrariedade à ordem jurídica;
– culpabilidade, pois deve ser fruto de uma ação ou omissão culpável;
– dano, que é a expressão material do prejuízo;
– nexo causal, que constitui a relação causa e efeito (Fiúza, 2007, p. 257).
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DIREITO PONTO A PONTO
6.2. DA FRAUDE
A fraude representa a utilização de má-fé com o objetivo de prejudicar
terceiro. Constitui uma “a) manobra artificiosa para prejudicar terceiro;
b) má-fé; c) engano ou burla” (Diniz, 1998, v. 2.596).
São vários os conceitos atribuídos à fraude. No novo Código Civil, a
fraude está disciplinada nos arts. 158 a 165, sob a designação de “Fraude
Capítulo 6
6.3. DA SIMULAÇÃO
A simulação está exposta no Código Civil como um dos defeitos que le-
vam à anulabilidade do ato jurídico.
Segundo o dicionário Houaiss da língua portuguesa simular significa: “1.
fazer parecer real (o que por si não é) (...) 4. dar-se ares de; fingir, aparentar,
dissimular (...) 5. proceder com simulação, ocultar intenção; fingir”.
Note-se que simular não tem o mesmo sentido de dissimular. Na simulação quer-se
enganar a respeito de algo que não existe, pretendendo-se verdadeiro algo irreal,
fantasioso. Já na dissimulação quer-se ocultar a verdade, procurando-se fazer
crer como irreal algo real, verdadeiro. Em outros termos, na simulação finge-se
que uma situação irreal existe, ao passo que na dissimulação finge-se que uma
situação real não existe. De comum têm apenas o propósito de enganar. (Gomes,
2006, p. 440.)
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DIREITO IMOBILIÁRIO
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DIREITO PONTO A PONTO
Silvio de Salvo Venosa afirma que o Código atual não apresenta distin-
ção entre simulação relativa e absoluta, havendo para ambos os casos a
nulidade do negócio simulado (Venosa, v. 1, p. 544). O autor continua
expondo comentário de José Carlos Barbosa Moreira:
Ao disciplinar a simulação, apartou-se o Projeto inteiramente do sistema observado
pelo Código Vigente. A simulação, seja a relativa, seja a absoluta, acarreta a nulida-
de do negócio simulado. Se relativa, subsistirá o negócio dissimulado, se válido for
na sua substância e na forma. Não mais se distingue a simulação inocente da frau-
dulenta; ambas conduzem ao mesmo resultado: nulidade do negócio jurídico simu-
lado, e subsistência do dissimulado, se for o caso. Essa aliás a conseqüência – segundo
a melhor doutrina – que resulta do art. 103 do Código em vigor (Código de 1916)
101
DIREITO IMOBILIÁRIO
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(...)
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Capítulo 7
Do condomínio em edificações e a incorporação
(...)
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DIREITO PONTO A PONTO
duas posições distintas “não há como deixar de reconhecer que elas conceituam
duas posições diferentes: respectivamente de ordem subjetiva e de ordem objeti-
va”. (Chaves, 1976, p. 93.)
O termo comunhão abarca uma categoria ampla que abrange todas as
espécies onde haja multiplicidade de sujeitos.
(...) a realidade de condomínio está disposta em planos verticais, limitando a
quota-parte de direitos à materialização dos espaços comuns sobre a ficta reali-
dade – as frações-ideais, visualizando-se mais os limites de cada condômino, de
cada proprietário, que permanecem vinculados à simultânea realidade, coexistente,
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DIREITO PONTO A PONTO
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DIREITO IMOBILIÁRIO
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Art. 1.415. Só podem ser objecto de propriedade horizontal as fracções autónomas que,
além de constituírem unidades independentes, sejam distintas e isoladas entre si, com
saída própria para uma parte comum do prédio ou para a via pública.
Art. 14.17. 1. A propriedade horizontal pode ser constituída por negócio jurídico,
usucapião ou decisão judicial, proferida em acção de divisão de coisa comum ou em
processo de inventário.
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DIREITO PONTO A PONTO
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DIREITO IMOBILIÁRIO
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III – a competência das assembléias, forma de sua convocação e quórum exigido para
as deliberações;
V – o regimento interno.
§ 1o. A convenção poderá ser feita por escritura pública ou por instrumento particular.
§ 2o. São equiparados aos proprietários, para os fins deste artigo, salvo disposição em
contrário, os promitentes compradores e os cessionários de direitos relativos às unida-
des autônomas.
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DIREITO PONTO A PONTO
7.4.1. Definição
A Convenção de Condomínio pode ser entendida como a norma que
regula as relações dos condôminos. Ela poderá ser instituída por escritura
pública ou instrumento particular. É por meio da Convenção de Condo-
mínio que se regula a convivência entre os condôminos, visando à admi-
nistração e à harmonia do interesse comum.
A “convenção condominial, qualificada como ato-regra, é ato jurídico
constitutivo, resultado condensado de vontades plurilaterais, de caráter
institucional, como força vinculante, interna e externamente, em rela-
111
DIREITO IMOBILIÁRIO
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112
DIREITO PONTO A PONTO
II – usar das partes comuns, conforme a sua destinação, e contanto que não exclua a
utilização dos demais compossuidores;
III – não alterar a forma e a cor da fachada, das partes e esquadrias externas;
Capítulo 7
IV – dar às suas partes a mesma destinação que tem a edificação, e não as utilizar de
maneira prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos possuidores, ou aos bons
costumes.
Tratando-se de direitos, o condômino poderá opor seus direitos contra
os demais quando se sentir violado. Em questão de furtos de automóveis,
o condomínio somente se responsabilizará se assumir o compromisso de
segurança dos veículos, embora a jurisprudência ainda não tenha deci-
sões uniformes a respeito dessa responsabilidade (Aghiarian, 1999, p. 199-
200).
No atual Código, em seu art. 1.337, o legislador estabeleceu um valor de
multa para o condômino que não cumprir seus deveres:
113
DIREITO IMOBILIÁRIO
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Art. 1.337. O condômino, ou possuidor, que não cumpre reiteradamente com os seus
deveres perante o condomínio poderá, por deliberação de três quartos dos condôminos
restantes, ser constrangido a pagar multa correspondente até ao quíntuplo do valor
atribuído à contribuição para as despesas condominiais, conforme a gravidade das
faltas e a reiteração, independentemente das perdas e danos que se apurem.
A nova legislação prevê que o condômino que não cumpre reiteradamente com
os seus deveres poderá ser multado em até dez vezes o valor pago mensalmente
para o condomínio o que poderia forçar a desocupação do imóvel. A imposi-
ção dessa multa, contudo, precisa ser aprovada por três quartos dos
condôminos. Também existe a possibilidade de aplicação de multas de até
cinco vezes o valor da contribuição mensal ao condomínio no caso de
descumprimento das obrigações condominiais. (grifo no original) (“Código
Civil: veja o que muda”.)
Tratando-se das relações de vizinhança, estas são disciplinadas nos arts. 1.277
a 1.281 do Código Civil. O legislador do novo Código Civil preocupou-se
em regular o comportamento anti-social do condômino e o expressou no
parágrafo único do art. 1.337, que faculta ao síndico a aplicação de mul-
ta em caso de comportamento inadequado que cause constrangimento
ou violação aos direitos de personalidade dos demais.
114
DIREITO PONTO A PONTO
V – diligenciar a conservação e a guarda das partes comuns e zelar pela prestação dos
serviços que interessem aos possuidores;
VII – cobrar dos condôminos as suas contribuições, bem como impor e cobrar as multas
devidas;
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7.5.1. Definição
A Assembléia-Geral constitui uma reunião de condôminos onde cada um
expressa sua vontade. As decisões advindas desta reunião estão acima dos
interesses individuais de cada condômino. Todos os atos imprescindíveis
para convocar uma assembléia estão determinados na convenção do con-
domínio.
As assembléias de condôminos são de três espécies: Assembléia-Geral
Ordinária, Assembléia-Geral Extraordinária e Assembléia-Geral Especial.
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e) 2/3 (dois terços) das frações ideais do edifício, para alteração da Convenção
(art. 1.351);
f) 2/3 (dois terços) dos condôminos, para execução de obras voluptárias (art. 1.341,
I);
g) a maioria dos condôminos para a execução de obras úteis (art. 1.341, II);
(...)
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Art. 654. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instru-
mento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante.
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§ 1 o. Podem os condôminos acordar que fique indivisa a coisa comum por prazo não
maior de cinco anos, suscetível de prorrogação ulterior.
Pela mesma vontade que se constitui o condomínio, pode haver a sua
extinção por vários motivos ou diferentes causas. Sejam quais forem as
causas ou motivos, a extinção do condomínio se dará por Assembléia
onde os condôminos decidirão conjuntamente a decisão a tomar. Capítulo 7
Vários são os fatores que resultam na extinção do condomínio. O Có-
digo Civil de 2002 disciplinou, em seus arts. 1.357 e 1.358, os casos de
destruição total do prédio e de desapropriação:
Art. 1.357. Se a edificação for total ou consideravelmente destruída, ou ameace ruína,
os condôminos deliberarão em assembléia sobre a reconstrução, ou venda, por votos
que representem metade mais uma das frações ideais.
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7.7. A INCORPORAÇÃO
7.7.1. Definição
A Lei no 4.591/1964 trata sobre o condomínio em edificações e as incorpo-
rações imobiliárias que são definidos como o negócio jurídico destinado a
promover e realizar a construção, para alienação total ou parcial, de edificações
ou conjunto de edificações compostas de unidades autônomas.
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Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da obra que não
propuser a ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta dias seguintes ao apareci-
mento do vício ou defeito.
A construção pode acarretar várias responsabilidades para o construtor
e para o proprietário. Estas responsabilidades são caracterizadas segundo
a culpabilidade do agente, a extensão do dano, da natureza da lesão e a
situação da vítima (Meirelles, 1979, p. 241).
O dolo e a culpa são fundamentos da responsabilidade, pois de acordo
com o Código Penal:
I – doloso, quando o agente quís o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
130
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feição da obra; pela solidez e segurança da obra; por danos a vizinhos e terceiros;
ético-profissional; trabalhista; por fornecimentos; por tributos; administrati-
va; penal por desabamento (Meirelles, 1979, p. 251-252).
A responsabilidade pela solidez da obra encontra suporte também no
Código de Proteção e Defesa do Consumidor – Lei no 8.078, de 11/09/1990,
que em seu art. 3o define fornecedor como toda a pessoa física que fornece
determinados serviços, incluindo entre as atividades a de construção:
Art. 3 o. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de pro-
dução, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, dis-
tribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
131
Capítulo 8
Do registro público e do parcelamento do solo
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Art. 16. Os oficiais e os encarregados das repartições em que se façam os registros são
obrigados:
(...)
Art. 19. A certidão será lavrada em inteiro teor, em resumo, ou em relatório, conforme
quesitos, e devidamente autenticada pelo oficial ou seus substitutos legais, não poden-
do ser retardada por mais de 5 (cinco) dias.
O princípio da moralidade na Administração Pública implica que esta
deverá praticar suas atividades baseadas em princípios éticos.
Para Celso Antônio Bandeira de Mello:
A Administração e seus agentes têm de atuar na conformidade de princípios
éticos. Violá-los implicará violação ao próprio Direito, configurando ilicitude
que assujeita a conduta viciada a invalidação, porquanto tal princípio assumiu
foros de pauta jurídica, na conformidade do art. 37 da Constituição. Compreen-
dem-se em seu âmbito, como é evidente, os chamados princípios da lealdade e
boa-fé. (Mello, 1997, p. 72-73.)
O princípio da eficiência na Administração Pública significa que todo o agen-
te público deverá realizar suas atribuições com: “(...) com presteza, perfeição e
rendimento funcional. É o mais moderno princípio da função administrati-
va, que já não se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exi-
gindo resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendimento
das necessidades da comunidade e de seus membros” (Meirelles, 1997, p. 90).
Existem dois posicionamentos a respeito da natureza jurídica dos No-
tários e Registradores:
A) A maioria da doutrina tem afirmado que o notário e o oficial de registro são
agentes públicos. Como sabemos, para a caracterização do agente público são
necessários dois requisitos: a investidura em função pública e a natureza pública
da função, o que parece estar preenchido pelos serviços notariais e de registro.
Além disso, segundo a classificação feita por Celso Antônio Bandeira de Mello,
os agentes públicos podem ser divididos em três grandes grupos, a saber: a)
agentes políticos; b) servidores estaduais, abrangendo servidores públicos e servi-
dores das pessoas governamentais de direito privado; c) particulares em atuação
colaboradora com o Poder Público.
(...)
B) De outro lado, temos a posição minoritária liderada por Décio Antônio Erpen
que defende que os serviços notariais e de registro tratam-se de atividades atípicas.
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Lei n o 6.766.
Art. 4o .............................................................
.......................................................................
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O inciso IV, do art. 4 o , determina que haja conexão entre as vias co-
muns internas de circulação: “as vias de loteamento deverão articular-se
com as vias adjacentes oficiais, existentes ou projetadas, e harmonizar-se
com a topografia local”.
Para Helita Custódio Barreira, “considera-se loteamento o processo de
divisão de terrenos rurais ou urbanos em lotes destinados à exploração
ou à edificação de qualquer natureza, mediante a observância das forma-
lidades legais e regulamentares, visando à saúde, ao bem-estar e á melhoria
da vida humana” (Barreira, 1977, v. 50, p. 458).
A lei distingue o que significa lote de gleba. O lote “significa a utiliza-
ção da característica da divisibilidade de uma coisa, para dela obter ou-
tras de tamanho ou área menor, visando, o loteador, lucro na venda dos
“lotes ou parcelas” (Sodeiro, 1977, v. 50, p. 457). O loteamento forma-se
por:
Subdivisão de gleba e, lotes para a edificação urbana. A lei faz nítida distinção
entre gleba e lote e essa distinção é de grande valia e importância para a interpre-
tação e aplicação de seus dispositivos. (Mukai; Alves; Lomar, 1987, p. 10.)
142
DIREITO PONTO A PONTO
lar as leis estaduais também não podem estar em conflito com leis federais, sendo
fundamental sua harmonização, respeitando a abrangência territorial das res-
pectivas competências”. (Barreiros.)
143
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(...)
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma
agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e
justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor
real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e
cuja utilização será definida em lei.
O foco central desses assuntos urbanísticos recai sobre a função social
da propriedade. O § 2 o do art. 182 preceitua: “A propriedade urbana cum-
pre sua função social quando atende às exigências fundamentais de orde-
nação da cidade expressas no plano diretor.”
A Constituição de 1988 deu bastante atenção à matéria urbanística, reservando-
lhe vários dispositivos sobre diretrizes do desenvolvimento urbano (arts. 21, XX,
e 182), sobre preservação ambiental (arts. 23, III, IV, VI e VII; 24. VII e VIII; e 225),
sobre planos urbanísticos (arts. 21, IX; 30, VIII; e 182) e sobre a função urbanís-
tica da propriedade urbana. (Silva, 2006. p. 57.)
O objetivo da política de urbanização expressa na Constituição tem o
espoco de orientar e disciplinar o desenvolvimento dos grandes centros,
a fim de fazer valer a função social da propriedade, de proporcionar bem-
estar à população e ao meio ambiente.
144
DIREITO PONTO A PONTO
Il – em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública, sem
que sejam previamente saneados;
III – em terrenos com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento), salvo se
atendidas exigências específicas das autoridades competentes;
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Parcelamento ilegal
A Lei n o 6.766/1979 foi inovatória ao determinar que as normas urbanís-
ticas para aprovação dos parcelamentos fossem objeto de registro em ór-
gão competente.
O parcelamento ilegal engloba o parcelamento clandestino e o parcelamento
irregular.
Nossa doutrina distingue o parcelamento clandestino do parcelamento irregu-
lar, considerando a circunstância de que aquele foi implantado de fato sem
aprovação urbanística, enquanto este não carece desse vício, mas sim de outro,
sendo, ambas espécies, gênero do parcelamento ilegal. (Amadei, 1997, p. 65.)
O parcelamento ilegal abrange duas categorias:
a) parcelamento aparente e substancialmente ilegal;
b) parcelamento aparentemente legal, mas substancialmente ilegal (Amadei,
1997, p. 65).
O parcelamento aparentemente legal é aquele aprovado e registra-
do, porém com vício (substancialmente ilegal). Pode ser considerado
146
DIREITO PONTO A PONTO
Parcelamento clandestino
O aumento populacional contribui para que os municípios cresçam
desordenadamente, gerando com isso inúmeros parcelamentos clandesti-
nos que abrigam um abundante contingente de pessoas, o que agrava a
crise habitacional.
O administrador público não pode silenciar diante da proliferação de loteamentos
clandestinos e irregulares, cabendo a ele a aplicação séria das leis de zoneamento
147
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Parcelamento irregular
Um dos principais problemas urbanos reside na ocupação irregular do
solo, pois esses “problemas não afetam apenas a população neles residen-
te, mas estendem-se para toda a população, seja pela ampliação desneces-
sária dos custos de urbanização, seja pelas externalidades negativas decorrentes
de fenômenos como a contaminação e o assoreamento dos recursos hídricos
e a disseminação de doenças contagiosas” (Pinto).
O mais grave é que muitos desses assentamentos localizam-se em áreas de risco
ou de preservação ambiental e não podem ser regularizados. São comuns, em
todo o país, os assentamentos em áreas de proteção de mananciais, encostas
sujeitas a desmoronamentos e várzeas alagáveis realizados clandestinamente,
mas totalmente eletrificados. (Pinto.)
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Art. 44. O proprietário ou possuidor de imóvel rural com área de floresta nativa,
natural, primitiva ou regenerada ou outra forma de vegetação nativa em extensão
inferior ao estabelecido nos incisos I, II, III e IV do art. 16, ressalvado o disposto nos
seus §§ 5 o e 6 o, deve adotar as seguintes alternativas, isoladas ou conjuntamente:
I – recompor a reserva legal de sua propriedade mediante o plantio, a cada três anos,
de no mínimo 1/10 da área total necessária à sua complementação, com espécies
nativas, de acordo com critérios estabelecidos pelo órgão ambiental estadual compe-
tente;
III – compensar a reserva legal por outra área equivalente em importância ecológica e
extensão, desde que pertença ao mesmo ecossistema e esteja localizada na mesma
microbacia, conforme critérios estabelecidos em regulamento.
As normas de Reserva Florestal Legal incidem sobre o domínio privado
e as das Áreas de Preservação Permanente são normas que recaem sobre o
domínio privado e público. Ambas as áreas existem com o objetivo de
impedir o uso aleatório e indiscriminado da terra, e promover a preserva-
ção ambiental no território nacional. O Código Florestal sofreu inúme-
ras modificações buscando a proteção das florestas.
Estas áreas conforme doutrina de Édis Milaré “consistem em uma faixa de preser-
vação de vegetação estabelecida em razão da topografia ou do relevo, geralmen-
te ao longo dos cursos d’água, nascentes, reservatórios e em topos e encostas de
morros, destinadas à manutenção da qualidade do solo, das águas e também
para funcionar como corredores de fauna”. (Deboni, 2003, p. 89.)
A competência da legislação em matéria de proteção florestal incide
sobre a União, os Estados e os Municípios.
150
DIREITO PONTO A PONTO
(...)
resse público contido no ato de parcelar o solo urbano. (Mukai; Alves; Lomar,
1987, p. IX.)
Após este Decreto, seguiram-se outros, que também não acrescentavam
nada de inovador, até a edição do Decreto-Lei n o 271, de 1967, que disci-
plinou o loteamento urbano, a responsabilidade do loteador e a conces-
são de uso e espaço aéreo. Seu art. 1 o preleciona:
Art 1 o. O loteamento urbano rege-se por este Decreto-lei.
151
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§ 3o. Considera-se zona urbana, para os fins deste Decreto-lei, a da edificação contínua
das povoações, as partes adjacentes e as áreas que, a critério dos Municípios, possivelmen-
te venham a ser ocupadas por edificações contínuas dentro dos seguintes 10 (dez) anos.
Note-se que este Decreto-lei distinguiu o loteamento do desmembramento,
afastando a probabilidade de que os loteamentos pudessem se dar nos
espaço destinado à área rural, pois o § 3 o definiu o conceito de zona
urbana. Este Decreto apenas foi revogado quando publicada a Lei n o 6.766,
de 1979, que em seu § 1 o conceitua o loteamento:
Considera-se loteamento a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, com
abertura de novas vias de circulação, de logradouros públicos ou prolongamento, modi-
ficação ou ampliação das vias existentes.
Segundo José Afonso da Silva, “loteamento é a divisão das quadras em
lotes com frente para logradouro público” (Silva, 2006, p. 26).
Só há loteamentos, portanto, quando uma gleba é subdividida em lotes para
edificação. Se houver subdivisão de uma gleba em parcelas de terras não destina-
das a edificação, com finalidades rurais, por exemplo, dela não resultarão lotes,
para os efeitos da Lei, mas sim novas glebas. (Mukai; Alves; Lomar. 1987, p. 10.)
Para a implantação de um loteamento, a Lei n o 6766/1979, nos arts. 4 o
e 5 o, dispõem de requisitos que deverão ser observados:
Dos Requisitos Urbanísticos para Loteamento
Art. 4o. Os loteamentos deverão atender, pelo menos, aos seguintes requisitos:
II – os lotes terão área mínima de 125 m 2 (cento e vinte e cinco metros quadrados) e
frente mínima de 5 (cinco) metros, salvo quando a legislação estadual ou municipal
determinar maiores exigências, ou quando o loteamento se destinar a urbanização
específica ou edificação de conjuntos habitacionais de interesse social, previamente
aprovados pelos órgãos públicos competentes;
III – ao longo das águas correntes e dormentes e das faixas de domínio público das
rodovias, ferrovias e dutos, será obrigatória a reserva de uma faixa non aedificandi
de 15 (quinze) metros de cada lado, salvo maiores exigências da legislação específica;
152
DIREITO PONTO A PONTO
§ 1o. A legislação municipal definirá, para cada zona em que se dívida o território do
Município, os usos permitidos e os índices urbanísticos de parcelamento e ocupação do
solo, que incluirão, obrigatoriamente, as áreas mínimas e máximas de lotes e os coefi-
cientes máximos de aproveitamento. (NR) (Redação dada pela Lei no. 9.785, 29/01/1999)
Art. 5o. O Poder Público competente poderá complementarmente exigir, em cada loteamento,
a reserva de faixa non aedificandi destinada a equipamentos urbanos.
8.10. DESMEMBRAMENTOS
O desmembramento constitui a divisão de terras, “desde que operado dentro
Capítulo 8
do sistema urbanístico” (Viana, 1985, p. 51). Os desmembramentos, em
certos aspectos, tornam-se “mais problemáticos que os loteamentos, por-
que, dependendo da finalidade a que se destina a divisão da gleba, o
vulto ou a densidade da ocupação futura poderá levar ao colapso do sis-
tema viário ou dos serviços e equipamentos urbanos pré-instalados, even-
tualmente não dimensionados no uso futuro” (Viana, 1985, p. 51).
A Lei n o 6.766, de 1979, reza em seu parágrafo 2 o:
§ 2o. considera-se desmembramento a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação,
com aproveitamento do sistema viário existente, desde que não implique na abertura
de novas vias e logradouros públicos, nem no prolongamento, modificação ou amplia-
ção dos já existentes.
(...)
153
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Com a Lei no 6.766, de 19/12/1979, que dispõe sobre o parcelamento do solo para
fins urbanos, foram editadas normas urbanísticas para o loteamento e o desmembramento
de glebas destinadas à urbanização, mas com a ressalva de que “os Estados, o Distri-
to Federal e os Municípios poderão estabelecer normas complementares relativas ao
parcelamento do solo municipal para adequar o previsto nesta Lei à peculiaridades
regionais e locais (art. 1o, parágrafo único). (Meirelles, 2006, p. 559.)
154
DIREITO PONTO A PONTO
(...) as conseqüências são diversas, pois se cria uma nova realidade jurídico-registrária
com a abertura de matrícula para cada unidade física – lote – desvinculada da Capítulo 8
anterior, que descrevia o todo. Desse modo, se houver, por exemplo, uma desapro-
priação, o imóvel a ser considerado será o lote, com o seu valor unitário, não se
podendo mais falar em toda a gleba. Para quem trabalha no mercado Imobiliário,
fácil é entender a diferença de valor entre um alqueire de terras o os metros qua-
drados de um lote. Se, por exemplo, alguém pretender penhorar o todo, não mais
poderá fazê-lo, devendo a constrição incidir sobre cada lote, com o registro na
respectiva matrícula. b) há separação das vias públicas e demais espaços livres, que
passam a integrar o domínio do município (art. 22 da Lei no 6.766/1979);
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DIREITO IMOBILIÁRIO
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tos nos arts. 17 a 23, ambos da Lei no 6.766/1979, força é convir que, desprezada
a polêmica, o registro do parcelamento altera a própria titularidade das áreas
destinadas à municipalidade e, geralmente, não permite qualquer reversão, incidindo,
ademais, todas as limitações pertinentes às áreas públicas.
O desmembramento rural, por sua vez, está disciplinado pelo art. 65 do Estatuto
da Terra, retificado pelo art. 8o da Lei no 5.868, de 12/12/1972, que assim dispõe:
Art. 8o. Para fins de transmissão, a qualquer título, na forma do art. 65, da Lei no 4.504,
de 30 de novembro de 1964, nenhum imóvel rural poderá ser desmembrado ou dividido
em área de tamanho inferior à do módulo calculado para o imóvel ou da fração mínima
de parcelamento fixada no § 1o deste artigo, prevalecendo a de menor área.
156
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familiar”, como sendo o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo
agricultor e sua família, lhes absorvesse toda a força de trabalho, garantindo-lhes
a subsistência e o progresso social e econômico, fixou o Módulo Rural para cada
município. (Santos, 1999, p. 161.)
Pelo § 2o, da Lei no 9.393, relativa ao Imposto sobre a Propriedade Territorial
Rural – ITR, “considera-se imóvel rural a área contínua, formada de uma
ou mais parcelas de terras, localizada na zona rural do município”.
Imóvel rural, grosso modo, é todo prédio rústico de área contínua, localizado na
zona rural do município, em que se aplique ou se possa se aplicar a exploração
1.2. Considera-se loteamento a divisão de gleba em lotes, com abertura de novas vias
de circulação, de logradouros públicos ou prolongamento, modificação ou ampliação
Capítulo 8
das vias existentes.
(...)
3.1. O parcelamento, para fins urbanos, de imóvel rural localizado fora de zona
urbana ou de expansão urbana, assim definidas por lei municipal, rege-se pelas
disposições do art. 96, do Decreto n o 59.428, de 27/l0/1966, e do art. 53, da Lei
no 6.766, de 19/12/1979.
3.2 Em tal hipótese de parcelamento, caberá, quanto ao Incra, unicamente sua prévia
audiência.
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propriedade passa a ser estabelecido em prol do bem ambiental (art. 225 da CF)
com todas as conseqüências jurídicas dele derivadas. (Fiorillo, 2002, p. 18-19.)
Com o Estatuto da Cidade, a propriedade urbana tem que cumprir a
sua função social, de assegurar o bem-estar coletivo.
O seu art. 2 o, preceitua que a política urbana tem como escopo o amplo
desenvolvimento da propriedade urbana, garantindo o direito a cidades
sustentáveis, e assegurando vida saudável para futuras gerações:
Art. 2 o. A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das fun-
ções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes
gerais:
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