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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Gestão de Recursos Florestais e Faunísticos

Licenciatura em Contabilidade e Auditoria


3º ano, Laboral

Trabalho em grupo de Contabilidade bancária


Tema: Instituições Financeiras
Discentes:
Dulce Maquichone
Elisinda Devesse
Euclidia Canjeuele
Glória Atanásio
Imília Agostinho
Issufo Ibrahimo
Jennifer Majone Docente:
Junice Hóracio Sérgio Mungoi

Lichinga, Dezembro de 2020


Índice

Introdução....................................................................................................................................3
As Instituições Financeiras..........................................................................................................4
Conceito:..................................................................................................................................4
Autoridades financeiras e monetárias.......................................................................................4
A estrutura do sector bancário Moçambicano..........................................................................4
Instituições Monetárias................................................................................................................6
Banco central............................................................................................................................6
Programação monetária............................................................................................................7
Balanco Consolidado Do Sector Bancário...............................................................................7
Bancos Comerciais...................................................................................................................9
Microbancos.............................................................................................................................9
Instituições Financeiras Não Monetárias...................................................................................10
Sociedades de Seguros...........................................................................................................10
Sociedades financeiras...........................................................................................................10
Casas de Câmbio....................................................................................................................12
Bolsa de Valores.....................................................................................................................12
Microfinanças.........................................................................................................................12
O Sector Financeiro Informal.................................................................................................12
Principal Legislação Bancária....................................................................................................14
A reforma do Sistema Financeiro..............................................................................................15
Aspectos Gerais......................................................................................................................15
A Reforma..................................................................................................................................17
O papel do Banco Central..........................................................................................................17
Conclusão...................................................................................................................................19
Referencias Bibliográficas.........................................................................................................20
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Introdução

Vários são os factores que favorecem a longevidade das empresas, dentre eles ganha destaque a
forte participação do empreendedor (fundador), cujo comprometimento, capacidade de assumir
riscos e de tomar decisões acertadas têm impacto directo no bom andamento do negócio.

Não menos importante, entretanto, influenciando diretamente o nível de actividade destes


empreendimentos, o crédito também vem se configurando ao longo dos anos como ferramenta
incentivada para lhes oferecer melhores condições de sobrevivência. E, como meio de
direcionamento dos recursos financeiros para estas empresas se utiliza as instituições financeiras.

De forma geral são instituições financeiras, as pessoas públicas ou privadas, que tenham como
actividade principal ou acessória a colecta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros
próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade
de terceiros.

O trabalho em curso tem como tema Instituições Financeiras, e no decorrer do mesmo serão
abordados aspectos relacionados aos conceitos, as suas subdivisões descrevendo cada uma delas,
a legislação bancaria, a reforma no sistema financeiro e o papel do Banco Central.

Não tao obstante, o trabalho segue a estrutura normal de um trabalho académico, onde contem
elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais.

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As Instituições Financeiras

Conceito:

Na óptica de Neto (1999) “Consideram-se instituições financeiras, as pessoas públicas ou


privadas, que tenham como actividade principal ou acessória a colecta, intermediação ou
aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a
custódia de valor de propriedade de terceiros” (p. 53).

Autoridades financeiras e monetárias

De acordo com Maleiane (2014):

Em Moçambique, o Ministério das finanças é autoridade financeira do país, coordena a


preparação de legislação para deliberação do Governo ou para submissão à Assembleia
da Republica, conforme se trate de Resoluções, Decretos ou Leis, respetivamente. É a
Instituição que orienta a implementação da política Fiscal do país, que integra a
elaboração e execução do orçamento do Estado. O Banco de Moçambique é o banco
central do país, de acordo com o estipulado na constituição, e rege-se pela sua lei
orgânica- lei nº 1/92, de 3 de janeiro, que no seu artigo 2 define a sua principal função
que é a preservação do valor do metical interna e externamente. Por causa dessas funções,
o banco central é autoridade monetária do país e nessa função tem a responsabilidade, de
entre outras, de lesar pela implantação de um sistema monetário, ou seja, conjunto de
moedas em circulação no país (pg.45).
A estrutura do sector bancário Moçambicano

Antes da independência, o sector financeiro nos finais da década sessenta apresentava o certo
grande desenvolvimento tendo em conta a política económica então vigentes. A estrutura do
sector financeiro a data da independência era constituída por 9 bancos comerciais:

 Banco comercial de Angola;


 Banco Standard Totta;
 Banco Pinto & Sottomayor;
 Banco de Credito Comercial e Industrial;
 Banco de Fomento;
 Instituto de Credito de Moçambique;
 Casa Bancaria de Moçambique; e
 Caixa Económica de Montepio Geral e o Próprio Banco de Moçambique.

5
Que a par da função de Banco Central exercia também a função de Banco Comercial.

Segundo Maleiane (2014):

Existiam também 4 companhias de Seguros: Náuticos, Tranquilidade de Moçambique,


Lusitana e Imperio, também assim um fundo de investimento aberto (FIUL-Fundos de
Investimentos Ultramarino), gerido pela empresa sociedade Moçambicana de gestão de
bens e que foi instrumental no financiamento e desenvolvimento do parque e imobiliários
especialmente nas cidades de Maputo e Beira (p. 47)

O Banco de Moçambique desempenhou o papel de depositário deste Fundo. Em 1978, o sector


financeiro, como corolário de consolidação da gestão microeconómica baseada no PEC (Plano
Estatal Central) foi reestruturado, passando de instituições de credito para apenas 3, tendo nesse
processo o banco de Moçambique absorvido quase todas instituições de credito a excepção de
banco standard Totta que manteve a sua actividade como único banco privado e dos bancos Pinto
& Sottomayor e banco de Fomento de moçambique que cessaram as suas actividade. Todas as
companhias seguradoras foram integradas a EMOSE.

O mesmo autor refere ainda que, em termos de produtos financeiros, para alem das operações
activas e passivas clássicas dos bancos comerciais, estavam em desenvolvimento as operações de
hedging (coberturas) da taxa de câmbio nas operações com o exterior (as chamadas compras e
venda da taxa de cambio a prazo). Com as reformas da política económica iniciada em 1984 e
com maior visibilidade a partir de 1987, foi necessário introduzir nova e moderna legislação
financeira que permitiu a entrada de novos operadores financeiros e o saneamento das contas dos
balancos dos bancos do estado e a sua privatização, bem como o esforço do papel do banco de
moçambique como banco central da república de Moçambique com base nesta reforma a
estrutura do sector financeiro em 2012 tinha os seguintes figurinos:

Tipos de instituições
Bancos 18
Microbancos 8
Cooperativa de crédito 7
Sociedade de locação financeira 0
Sociedade de investimento 1
Instituições de moeda eletrónica 1
Sociedades emitentes ou gestoras de cartões de crédito 1
Sociedade administradoras de compra em grupo 1
Sociedade de capital de risco 1
Organizações de poupança empréstimo 11

6
Operações de microcrédito 199

Instituições monetárias

Banco central

A lei nrº 01/92, de 3 de janeiro no seu artigo 2, define como objectivo principal do banco central
a preservação do valor da moeda nacional. Aqui o sentido de preservar deve ser entendido como
toda a política monetária do banco central tendente a garantir a aceitação da moeda nacional
como meio de pagamento para as transações internas.

Este objectivo obtém-se normalmente uma taxa de inflação baixa e estável. Em moçambique, o
banco central e ainda gestora da política monetária e cambial, banqueiro dos bancos, emissora da
moeda nacional, supervisor das instituições de crédito e conselheiro do governo em matéria da
sua especialidade para execução desta função de banco central deve deter independência
institucional que se pode resumir no seguinte:

Capacidade técnica - deve possuir técnicos capazes de prever e comunicar claramente. Com
público-alvo produzido e divulgada informação de qualidade científica de modo a granjear
simpatia e reconhecimento publico e levar os agentes económicos a usarem a informação nas
suas projeções económicas.

Capacidade legal - A lei orgânica deve ser clara quanto ao âmbito da actuação do Banco
Central, incluindo os aspectos relacionados com a nomeação dos Membros do Conselho de
Administração e respectivos mandatos. No caso moçambicano, o art. 132 da Constituição da
República define claramente que o Banco de Moçambique é o Banco Central da República de
Moçambique e rege-se por lei própria e pelos acordos internacionais a que o Estado aderir.
Também a referida Lei no 1/92, de 3 de Janeiro, define as funções do Banco de Moçambique,
bem como a forma de nomeação dos Membros do Conselho de Administração.

Autonomia operacional - que permite aos órgãos de direcção do Banco decidirem sobre que
instrumentos de gestão de política monetária aplicar e a forma da sua implementação, sem
carecer de autorização prévia do governo ou de membros do governo.

7
Só nestas condições se pode afirmar que existe um Banco Central à altura para gerir os mercados
monetário, cambial e de crédito com maior liberdade e transparência. Uma das actividades
principais do Banco Central é a gestão da política monetária. Para isso, necessita de projectar
como é que a massa monetária deverá evoluir para financiar o crescimento do PIB a um nível de
inflação adequado. É a chamada programação monetária que graficamente abaixo se resume.

Programação monetária

Na óptica de Maleiane (2014) “a programação monetária constitui uma das mais importantes
funções de um Banco Central”. (p. 48).

Para isso, o sector financeiro deve estar devidamente organizado e com a contabilidade em dia de
modo a facilitar a recolha de relevante informação para o efeito. Os balancos consolidados são
instrumentos incontornáveis, pois a partir deles podemos recolher dados para a programação do
crédito total e Balança de Pagamentos. Com base nesta informação, pode-se fixar metas para o
financiamento do PIB, Politicas Cambial, Comercial e Taxa de Cambio, conforme se pode
constatar no diagrama abaixo.

Balanco Consolidado Do Sector Bancário

Financiamento do PIB

Yr%+P ou seja PIB Nominal

AIL = M2 – AEL (BOP)

Mc + DT Política Comercial

Política Cambial

Cg + CE + OAPL Taxa de Câmbio

Onde:

Cg - Crédito Liquido ao Governo; Yr% - Crescimento Real do PIB;

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CE - Crédito å Economia; P - Inflação Esperada;

OAPL - Outros Activos e Passivos Líquidos; BOP - Balança de Pagamentos

O diagrama acima resume as variáveis da política económica a ter em conta na programação. Os


AIL, ou seja, os Activos Internos Líquidos dão-nos uma ideia da forma do financiamento do PIB,
a massa monetária M2 mede o nível dos meios de pagamento disponíveis no país e a sua
composição.

A sua variação projectada mede o nível do PIB nominal, ou seja, o seu crescimento real mais o
nível de inflação esperada. O nível de crescimento dos AEL - Activos Externos Líquidos —
depende das política comercial, cambial e da taxa de juro, que, no conjunto, tem impacto na
Balança de Pagamentos.

A programação monetária deve ter em conta a realidade do país. Por exemplo, num país em que
exista um só banco faz muito sentido o governo iniciar a reforma legislativa para estimular o
aparecimento de novos operadores financeiros e reforçar a gestão do único banco.

No caso de Moçambique, em 1986, o sector financeiro podia ser considerado menos


desenvolvido pelos indicadores normalmente aceites internacionalmente. Com efeito, com uma

Estrutura que compreendia uma media de 1 balcão para cerca de 140.000 pessoas, 1 balcão no
Norte do país para 6 000km2, 1 balcão no centro do país para 4000km 2e 1 balcão para 2000km2
no Sul do país, o controlo do crédito devia evitar que a ineficiência do sistema fosse repercutida
nos agentes económicos.

Nestas condições, a gestão directa da política monetária parece mais eficiente do que a indirecta.
Abaixo indicam-se as instituições e respectivas definições, conforme vêm arroladas na Lei no
15/99, de 1 de Novembro, com as alterações introduzidas pela Lei no 9/2004, de 21 de Julho.

Bancos Comerciais

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Os Bancos comerciais são instituições de crédito que têm, de acordo com o artigo 4 da Lei no
15/99, de 1 de Novembro, com as alterações introduzidas pela Lei no 9/2004, de 21 de Julho,
como funções as seguintes:

a) Recepção, do público, de depósitos ou outros fundos reembolsáveis;


b) Operações de crédito, incluindo concessão de garantias e outros compromissos, excepto
locação financeira e factoring;
c) Operações de pagamentos;
d) Emissão e gestão de meios de pagamento, tais como cartões de crédito, cheques de
viagem e cartas de crédito;
e) Transacções, por conta própria ou alheia, sobre instrumentos do mercado monetário,
financeiro e cambial;
f) Participação em emissões e colocações de valores mobiliários e prestação de serviços
correlativos;
g) Consultoria, guarda, administração e gestão de mobiliários
h) Operações sobre metais preciosos, nos termos estabelecidos pela legislação cambial
i) Tomada de participações no capital de sociedades;
j) Comercialização de contratos de seguro;
k) Aluguer de cofres e guarda de valores;
l) Consultoria de empresas em matéria de estrutura de capital, de estratégia empresarial e
questões conexas.

Os bancos podem ainda, de acordo com a inovação introduzida pela Lei no 9/2004, de 21 de
Julho, exercer as actividades de leasing e factoring.

Microbancos

Ao abrigo da referida Lei no 9/2004, foi introduzido no país um novo tipo de instituição de
crédito, com o objectivo de permitir que agentes económicos, singulares e pessoas colectivas
possam com experiencia bancária, mas com poucos recursos exercer actividade reservada aos
Bancos comerciais, oferecendo produtos e serviços nos termos e limites fixados por lei. Neste
grupo de instituições, temos as Caixas de Poupança e Crédito, as Caixas Financeiras Rurais, as
Caixas Económicas e as Caixas Postais.

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Instituições Financeiras Não Monetárias

Nas instituições financeiras não monetárias destacam-se as seguintes:

 Sociedades de seguros;
 Sociedades financeiras;
 Casas de câmbio; e
 Bolsa de Valores.

Sociedades de Seguros

São instituições que aceitam o risco especificado na apólice contra o pagamento de um prémio
pelos segurados. Desempenham um papel relevante na sociedade na medida em que, aceitando o
risco, permitem que os gestores minimizem as consequências dos sinistros provocados pelos
próprios, os chamados danos próprios, e a outras instituições e pessoas. De com o tipo de ramo
em que cada seguradora se especialize, podemos ter empresas de seguro de ramo VIDA, também
conhecidas de seguro de longo prazo, e seguro de ramo NÃO VIDA ou seguro de curto prazo.
Os detalhes sobre a actividade deste tipo de instituições são arrolados no capítulo relativo ao
mercado de seguros.

Sociedades financeiras

A Lei no 15/99, de 1 de Novembro, com as alterações introduzidas pela Lei no 9/2004, de 21 de


Julho, arrola as sociedades permitidas em Moçambique, caracterizadas por não aceitarem
depósitos de público, mas que realizam operações especificadas nestas leis:

a) Sociedades administradoras de compras em grupo: sociedades financeiras que tem por


objectivo exclusivo a administração de compras em grupo. Entende-se por compras em
grupo o sistema de aquisição de bens ou serviços pelo qual um conjunto determinado de
pessoas designadas participantes constitui um fundo comum, mediante a entrega
periódica de prestação pecuniária; com vista a aquisição, por cada participante, daqueles
bens ou serviços ao longo de um período de tempo previamente estabelecido;
b) Sociedades corretoras: sociedades financeiras que tem por objecto principal o exercício
da actividade de intermediação em bolsa de valores, através do recebimento de ordens
dos investidores para a transação de valores mobiliários e respectivas execução, podendo,

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no âmbito do mercado de valores mobiliários, realizar outras actividades que lhes sejam
permitidas por lei;
c) Sociedades de capital de risco: sociedades financeiras que tem por objecto o apoio e
promoção do investimento em empresas, através da participação temporária no respetivo
capital social;
d) Sociedades de factoring: instituições de crédito que tem por objecto exclusivo o
exercício da actividade de factoring ou cessão financeira. Diz-se factoring ou cessão
financeira o contrato pelo qual uma das partes (factor) adquire, da outra (aderente),
créditos a curto prazo, derivados da venda de produtos ou da prestação de serviços.
e) Sociedades de investimento: instituições de crédito que tem por objecto principal a
concessão de crédito e a prestação de serviços conexos, nos termos que lhes sejam
permitidos por lei;
f) Sociedades de locação financeira: instituições de crédito que tem por objecto exclusivo
o exercício de actividade de locação financeira ou leasing. Entende-se por locação
financeira o contrato pelo qual uma das partes (locador) se obriga, mediante retribuição, a
ceder a outra (locatário) o gozo temporário de uma coisa, móvel ou imóvel, adquirida ou
construída por indicação do locatário e que este pode comprar, decorrido o período
acordado, por um preço determinado ou determinável mediante simples aplicação dos
critérios fixados no contrato.
g) Sociedades financeiras de corretagem: sociedades financeiras que tem por objecto
principal o exercício da actividade de intermediação em bolsa de valores, quer através do
recebimento de ordens dos investidores para a transação de valores mobiliários e
respectivas execução, quer através da realização de operações de compra e venda de
valores mobiliários por conta própria, podendo realizar outras actividades, no âmbito do
mercado de valores mobiliários, que lhes sejam permitidas por lei;
h) Sociedades gestoras de patrimónios: sociedades financeiras que tem por objecto
exclusivo o exercício da actividade de administração de conjuntos de bens pertencentes a
terceiros;
i) Sociedades gestoras de fundos de investimento: sociedades financeiras que tem por
objecto exclusivo a administração, em representação dos participantes, de um ou mais
fundos de investimento.

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Entende-se por fundos de investimento o conjunto de valores resultantes de investimentos de
capitais recebidos do público e representados por unidades de participação.

Casas de Câmbio

Sociedades financeiras que tem por objecto principal a compra e venda de moeda estrangeira e
cheques de viagem, podendo ainda realizar outras operações cambiais nos termos estabelecidos
por lei.

Bolsa de Valores

São locais ou espaços onde se transacionam activos financeiros em regra títulos representativos
de capital social de empresas e de dividas (pública e privada). São por isso mercados
organizados, estruturados e dotados de instrumentos jurídicos que permitem que as transacções
sejam feitas com a maior segurança e transparência possíveis.

Microfinanças

São instituições que não aceitam depósitos, podendo, porém, faze-lo em representação de
instituições de crédito autorizadas a operar no país. Usando fundos próprios, podem conceder
crédito e prestar serviços financeiros permitidos por lei. Para o funcionamento, carecem de
autorização prévia do Banco Central e não são objecto de supervisão sistemática, devendo,
contudo, prestar periodicamente informação ao Banco Central sobre a sua actividade.

O Sector Financeiro Informal

“O sector financeiro informal e autofinanciamento ficam para além da fronteira do sistema


financeiro formal. Consiste em empréstimo e crédito entre indivíduos e firmas que não estão
registadas junto do governo como intermediários financeiros e não estão sujeitos a supervisão
governamental”

O surgimento do sector informal pode ser explicado contando uma pequena história como se
segue: um grupo de pessoas vive sob jurisdição do Governo e, por isso, sujeito ao pagamento de
imposto, direitos e outras obrigações inerentes a convivência civilizada. Este grupo vive numa
das margens do rio onde o Estado tem instalado o seu sistema de cobrança de impostos. Na outra
margem do rio não se pagam impostos, direitos, isto é, a força do Governo não se faz sentir, mas
a única condição para não se pagar o imposto é saber nadar para outra margem uma vez que não

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existe uma ponte. Na margem onde se encontra o Governo porque precisa de receitas para fazer
face as suas despesas que vão aumentando, este decide aumentar os impostos para o grupo com
quem vive. Porque o peso dos impostos vai crescendo e Pesando mais nos seus orçamentos, no
grupo começam a emergir indivíduos que praticam natação e quando se sentem seguros fazem-se
ao rio para alcançar a outra margem - o paraíso fiscal - onde realizam as suas actividades sem
controlo do Governo. Quando isso acontece, está-se perante o chamado e SECI'OR INFORMAL.
As pessoas que, por honestidade, continuam a viver com o Governo na margem onde se pagam
impostos começam a ver os seus negócios a reduzir, as empresas a ficarem descapitalizadas e,
para evitarem o pior, começam a formar alianças com as pessoas que vivem noutra margem do
rio. Nesse cenário, o governo continua a subir os impostos para compensar a fuga de pessoas
para outra margem e, acto continuo, pode correr o risco de ficar sozinho, isto é, sem poder cobrar
impostos. Neste caso, não lhe restaria mais nada senão ajustar as despesas ao volume de
impostos cobrados, o que não é realista. Ou então praticar natação para ir engrossar a fileira dos
informais. Tem ainda a possibilidade de na primeira vaga de fuga discutir com os informais a
forma de se construir a ponte (normalmente o Governo não entra no esquema de natação,
constrói a ponte), reduzindo a alíquota de impostos para convidar o grupo vivendo noutra
margem do rio para a fixação do ponto de pagamento dos impostos que pode ser a meio e nesse
caso a alíquota baixa para a metade e mais gente passa a pagar impostos e alarga- se a base
tributária, isto é, aumentam as receitas do Estado porque mais contribuintes passam a pagar
impostos e se não pagam a multa é altamente gravosa para não compensar a fuga ao fisco. Outra
forma de reduzir o sector informal é simplificar os processos de registo dos operadores
interessados.

Esta foi a opção do Governo quando em 2004 introduziu procedimentos simplificados de registo
trazendo muitos daqueles que operavam na fronteira para a legalidade dando incentivos para os
operadores de serviços financeiros nas zonas rurais. A revisão da legislação é importante, mas
existem ainda constrangimentos que precisam de ser removidos para se garantir o acesso ao
processo de provimento daqueles serviços:

1. A energia, telecomunicações e infraestrutura de acesso continuam inexistentes ou pouco


desenvolvidos na maioria dos distritos do país;
2. O acesso às instituições formais e de microcrédito ainda é difícil;

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3. É reduzida a capacidade financeira dos agentes económicos para comparticiparem no
crédito;
4. É ainda reduzida e inadequada a implantação geográfica das instituições de crédito;
5. Existe ainda pesada burocracia e morosidade na concessão do crédito;
6. Os rácios prudenciais recomendados pela prática bancária internacional e adaptados em
Moçambique não reconhecem a componente cultural própria do país, na constituição e
avaliação das garantias;
7. Existe falta de produtos financeiros que possam ser disponibilizados a pequenos
industriais e agricultores.

Prova disso é que os sectores que mais contribuem para o PIB não são necessariamente aqueles
que beneficiam do crédito. Por exemplo, transporte, construção e agricultura, onde o sector
familiar não tem beneficiado do crédito bancário, a excepção de algumas cooperativas, mas
mesmos essas não são produtoras de cereais que tem contribuído com peso significativo na
comercialização agrícola. As formas de crédito normalmente utilizadas são o xitique,
vulgarmente chamado ROSCA (rotating saving and credit association) com custos de
transacções quase nulos, adiantamentos com pagamentos ou não de juros, crédito comercial a
taxas de juros superiores as praticadas no sector bancário, rondando entre 5 a 10% por més,
solicitado por agentes econ6micos que não refinem as condições de elegibilidade para o acesso
ao crédito clássico ou porque o custo de oportunidade é maior.

Por isso, a estabilidade macroeconómica é a condição necessária para que a reforma do sector
financeiro contribua para o desenvolvimento económico, que a politica fiscal como parte
importante da reforma seja fixada e executada de forma coordenada com a politica monetária. A
reforma é um requisito importante para tornar um sector bancário são, devendo ser acompanhada
de medidas corretivas na estrutura de capital das empresas.

Principal Legislação Bancária

Conforme referido no conceito de sistema financeiro, a política económica e as instituições não


chegam para garantir a concorrência sã e o funcionamento regrado destas. E necessário que
exista legislação e capacidade para obrigar as instituições autorizadas a respeitá-la de modo a
reforçar a confiança dos operadores e beneficiários dos serviços prestados. Pela sua importância,
destacam-se as seguintes leis: a Lei no 2/80, de 16 de Junho, que cria o Metical — a moeda

15
nacional a Lei no 7/2005, 20 de Dezembro, que introduziu a reforma monetária, a Lei no 15/99,
de 1 de Novembro, que regula o funcionamento das instituições de crédito e sociedades
financeiras, actualizada pela Lei no 9/2004, de 21 de Julho, que, entre outros aspectos, introduziu
o conceito de microbanco, além de reforçar os aspectos de governação das instituições.

A reforma do Sistema Financeiro

Aspectos Gerais

Para Maleiane (2014), “reformar o sistema financeiro numa economia em transição para a
economia de mercado, como era o caso moçambicano, que implicava a aplicação de
instrumentos indirectos na gestão da política monetária, carecia de um período de preparação
para permitir uma harmonização com outros sectores da economia”. (p, 57)

O Banco Central aplicou o que chamaria de GRADUALISMO CONSTRUTIVO, que consiste


na aplicação de medidas no momento exacto e quando existe capacidade mínima para controlar a
sua execução. A política de fixação de limites de crédito para os Bancos Comerciais teve como
base este princípio. Reformar significa mudar para melhor e normalmente é ainda associada a
atualização da legislação para promover o desenvolvimento do sector financeiro. Às vezes,
reformar significa também simplificar a legislação.

Ainda refere o autor que, para Moçambique, o sistema financeiro que vigorava até independência
responda aos ditantes do governo de então, muito fechado ao espaço português reflectiam o nível
de desenvolvimento das suas sedes em Portugal, ele próprio então atrasado comparativamente a
outras economias dos países da Europa do Norte. Por conseguinte, em Moçambique reformar
significava regulamentar o funcionamento do sistema financeiro e não a simplificação da
legislação. Com efeito, até a introdução do programa de reabilitação económica, em 1987, a
situação era a seguinte:

A legislação bancária, até 1991, resumia-se em 3 diplomas normativos:

I. O Decreto-Lei no 42362 de 1943, que era o quadro legal para o funcionamento das
instituições de crédito, com a seguinte estrutura: 9 bancos comerciais e 4 companhias de
seguros;
II. A Resolução no 11/80, de 31 de Dezembro, que disciplinava as operações de crédito; e

16
III. O Decreto no 2/80, de 11 de Abril, que obrigava que cada empresa tivesse contas
bancárias apenas numa só instituição de crédito.

Na prática, o papel de supervisor do sector bancário cessou com a extinção da Inspeção de


Crédito e Seguros tendo o Banco de Moçambique passado a assumir duas funções: a de Banco
Central e de Banco Comercial acompanhando nesta ultima a primeira posição com 80% de todas
as operações de crédito e monopo1io nas operações com o exterior; a actividade seguradora
passou a ser exercida pela EMOSE — Empresa Moçambicana de Seguros em regime de
monop61io. Nesta situação, a regulamentação deixou de ser prioritária uma vez que o sector
público detinha quase o monop61io (96%) da actividade bancária e o controlo directo das
instituições públicas. Por outro lado, as práticas bancárias consubstanciadas nos usos uniformes
das Letras e Livranças e do cheque foram sendo paulatinamente relegadas para o segundo Plano.
Como consequência, os serviços competentes para impor justiça no relacionamento com a banca
e com os agentes económicos deixaram de se pela preferência pelo numerário na liquidação das
transacções.

A licção que se pode tirar desta experiência moçambicana é de que antes de se embarcar para
reformas profundas é necessário estudar-se a situação prevalecente para desta forma introduzir
reformas sustentáveis; caso contrário, corre-se o risco de a reforma se tornar num foco de
problemas para o desenvolvimento do sector financeiro.

A capacitação institucional e humana das instituições responsáveis pelas principais reformas


deve constituir prioridade. Reforma deve ser bem sequenciada para se evitar contradições na sua
implementação. Por exemplo, em 1985 liberalizou-se o prego de hortícolas para estimular a
produção, mas os pregos para os cereais, que constituem a base de alimentação da grande parte
da população moçambicana, foram mantidos fixos.

Como consequência imediata, os pequenos produtores orientaram os seus capitais para a


produção de hortícolas em detrimento dos cereais; a poupança interna era um objectivo a atingir
para reabilitar a economia, mas as taxas de juros reais foram mantidas negativas. Por outro lado,
a política fiscal continuava a depender exclusivamente do Banco de Moçambique e no
financiamento do deficit orçamental, isto é, financiamento por emissão monetária com
consequentes tensões inflacionistas.

17
A política de inflação reprimida que sendo adoptada até 1987 fez com que a sua correcção a
partir daquele ano subisse de cerca de 10% oficial para 163%, um verdadeiro big bang, mas
ajudou também, no curto prazo, a estimular a actividade económica com o fim da fixação
administrativa de pregos.

A Reforma

Para Maleiane (2014) “a reforma do sistema financeiro moçambicano foi complexa, por se tratar
de uma transformação das políticas e de instituições. Por isso, a estratégia adoptada foi realizada
em três fases:” (p. 59)

Fase 1- Criação e atualização da legislação bancária (1987 a 1991) e a retirada da função


comercial do Banco de Moçambique;

Fase 2 – criação de um banco comercial a partir da função comercial Banco de Moçambique


(1992/1993) e saneamento das contas dos balanços dos Bancos estatais, de forma a torná-las
auditáveis segundo os padrões internacionais;

Fase 3 - Adequação dos capitais do sector bancário e reforço da supervisão bancária (1994 em
diante).

Com base nesta estratégia, foi possível na primeira fase publicar-se a Lei no 28/91, de 31 de
Janeiro - Lei das Instituições de Crédito, revogando o Dec. 42362, de 1943, que vigorava desde
então. A Lei no 28/91 foi também revogada e em substituição foi aprovada a já referida Lei no
15/99, actualizada pela Lei no 9/2004. Esta revisão permitiu a entrada de novos operadores e a
diversificação de produtos financeiros, para além do reforço da governação das instituições.

O papel do Banco Central

Maleiane (2014) afirma que, “em Moçambique, desde 1975, altura da independ6ncia, o Banco de
Moçambique funcionou como banco central e comercial, embora fosse prevista a autonomização
das operações comerciais num período de seis meses.” (p. 60)

O facto, porém, é que só em 1992, isto é, 17 anos depois, houve a tal separação de funções.

O mesmo autor refere ainda que durante este período o Banco de Moçambique, que devia
controlar a actividade da banca comercial, ele próprio exercia a actividade comercial fazendo

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com que o controlador do sistema bancário fosse simultaneamente controlado com um peso nas
operações bancárias de 100% em operações com o exterior, 80% do crédito até 1988 e 90% dos
depósitos das empresas estatais até 1989.

De notar que o Banco de Moçambique era órgão do Aparelho do Estado até 1984 e o seu
dirigente membro do Conselho de Ministros com estatuto de Ministro. Por participar nas
operações próprias dos bancos comerciais prescindiu parte da sua principal função de supervisor
do sector bancário e sendo órgão do Aparelho do Estado os critérios de avaliação do risco na
análise de crédito foram relaxados e condicionados as prioridades do PEC (Plano Estatal
Central).

Como atrás referido, o papel do Banco Central é importante na gestão da Política Monetária e
para o efeito usam instrumentos que num determinado momento da evolução da economia julga
serem adequados para controlar a liquidez do sistema e garantir uma inflação baixa e estável.

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Conclusão

Mediante as constatações feitas conclui-se que o estudo deste tema é de tamanha importância
pois o relacionamento entre bancos e empresas hoje é imprescindível para a realização das
transações comerciais. Actualmente, ficar de fora dessa realidade fragiliza a sobrevivência das
empresas que tem na comodidade destes produtos/serviços, redução de custos de transações.

Conclui-se também que deve se levar em consideração o papel das instituições financeiras, que
se configuraram como instrumento valioso na execução de políticas públicas e na distribuição de
recursos para os micro e pequenos empreendimentos, contribuindo antes de tudo, não apenas
para o fortalecimento da economia, como também, para a inclusão social e bancarização.

O crédito aparece em vários momentos como item essencial aos programas de apoio às
empresas, sem eles muitos empreendimentos não teriam condições de seguir adiante.

É também notório que as instituições financeiras se dividem em Instituições Financeiras


Monetárias e Instituições Financeiras Não Monetárias.

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Referências Bibliográficas

Neto, A. A. (1999). Mercado Financeiro. (2ºed). São Paulo, Brasil: Atlas

Maleiane, A. (2014). Banca & Finanças: o essencial sobre o sistema Financeiro. (S/D). Maputo,
Moçambique: Índico Editores

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