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Educação em Direitos Humanos Na Educação Básica
Educação em Direitos Humanos Na Educação Básica
DIREITOS HUMANOS NA
EDUCAÇÃO BÁSICA
UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller
Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald
Profa. Jociane Stolf
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci
341.481
Z827e Zluhn, Mara Regina
Educação em direitos humanos na educação básica /
Mara Regina Zluhn. Indaial : Uniasselvi, 2013.
132 p. : il
ISBN 978-85-7830-681-6
APRESENTAÇÃO...................................................................... 7
CAPÍTULO 1
Direitos Humanos e Cidadania............................................... 9
CAPÍTULO 2
Violências na Escola............................................................. 57
CAPÍTULO 3
Avaliação da Aprendizagem Escolar................................ 105
APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a):
Nosso texto estará dividido em três capítulos: no primeiro faremos uma breve
conceituação acerca dos direitos humanos, destacando alguns fundamentos
da cidadania e da democracia, bem como das políticas sociais de proteção às
crianças e adolescentes. No segundo capítulo iremos aprofundar as formas de
violência presentes na sociedade, e de maneira mais peculiar aquelas presentes
no cotidiano escolar, e no terceiro e último capítulo iremos discutir o papel da
avaliação da aprendizagem na perspectiva da educação para os direitos humanos,
apresentando os seus fundamentos teórico-práticos.
A autora.
C APÍTULO 1
Direitos Humanos e Cidadania
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Capítulo 1 Direitos Humanos e Cidadania
Contextualização
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Educação em direitos humanos na educação básica
Vamos iniciar nossos estudos refletindo sobre o sempre atual tema dos
Direitos Humanos e Cidadania: para uns esse assunto pode mostra-se útil e
necessário, para outros pode parecer dispensável e supérfluo, depende da ótica
que você vê. Antes de aprofundarmos nossa discussão, convido-o (a) para ler o
seguinte texto :
[...]
Depende do quê?
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Capítulo 1 Direitos Humanos e Cidadania
O pouco pode ser muito. O quente pode ser frio. Será que
tudo está no meio e não existe só o bonito ou só o feio?
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Educação em direitos humanos na educação básica
Diante de todos esses fatores, qual o seu olhar diante de uma proposta de
educação baseada nos direitos humanos na educação básica? Quais óculos você
irá escolher para analisar essa temática? Serão uns óculos bem escuros, para
combinar com todas as obscuridades da questão, ou serão uns óculos coloridos,
que representem as possibilidades e questionamentos?
Antes de prosseguirmos, convido-o (a) a fazer uma viagem pelo tempo. Você
reconhece algumas das figuras abaixo:
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Capítulo 1 Direitos Humanos e Cidadania
Qual foi sua reação: riso, saudade, curiosidade? Se você nasceu nas
décadas de 60 / 70 deve estar cheio de lembranças e se você for mais jovem,
deverá estar rindo desses objetos de “museu”.
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Educação em direitos humanos na educação básica
Vamos voltar ao texto de abertura desse capítulo: o frio pode ser quente? As
coisas têm muitos jeitos de ser. Depende do jeito da gente ver [...].
Qual a escola que você vê: um ambiente repleto de problemas, com pessoas
descontentes e insatisfeitas, com defasagens salariais, pais ausentes, dificuldades
de aprendizagem, falta de recursos materiais, instalações físicas inadequadas?
Ou você a enxerga como possibilidade para modificar a vida de muitas crianças e
jovens, transformando-se em um caminho de mudança social e cultural?
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Capítulo 1 Direitos Humanos e Cidadania
http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/
ddh_bib_inter_universal.htm
Artigo I
Artigo II
Artigo III
Artigo IV
Artigo V
Artigo VI
Artigo VII
Artigo VIII
Artigo IX
Artigo X
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Capítulo 1 Direitos Humanos e Cidadania
Artigo XI
Artigo XII
Artigo XIII
Artigo XIV
Artigo XV
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Educação em direitos humanos na educação básica
Artigo XVI
Artigo XVII
Artigo XVIII
Artigo XIX
Artigo XX
Artigo XXI
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Capítulo 1 Direitos Humanos e Cidadania
Artigo XXII
Artigo XXIII
Artigo XXIV
Artigo XXV
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Educação em direitos humanos na educação básica
Artigo XXVI
Artigo XXVII
Artigo XXVIII
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Capítulo 1 Direitos Humanos e Cidadania
Artigo XXIV
Artigo XXX
Temos que considerar que o documento é datado, por isso não dá conta
de algumas especificidades da atualidade, como por exemplo as questões
da sustentabilidade, do papel da mulher no mundo contemporâneo, do
desenvolvimento acelerado das tecnologias, deixando um contingente de mão-
de-obra excedente, o direito a diversidade cultural e as diferenças, entre outros.
Porém, como aponta Alencar (1998, p. 28):
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Educação em direitos humanos na educação básica
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Capítulo 1 Direitos Humanos e Cidadania
Atividade de Estudos:
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Educação em direitos humanos na educação básica
No entanto, temos que ressaltar que o conceito de igualdade não significa que
todos tenham de ter as mesmas características físicas, intelectuais ou psicológicas,
tampouco os mesmos hábitos e costumes. Este conceito está imbuído das
diferenças culturais entre os povos, pois, mesmo tratando-se de pessoas diferentes,
continuam iguais como seres humanos, apresentando as mesmas necessidades e
faculdades essenciais a todos. Dallari (2004, p.15) afirma:
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Capítulo 1 Direitos Humanos e Cidadania
Imagine a sua cidade, o seu bairro, o seu edifício sem um regulamento que
disciplinasse as ações dos seus usuários? Teríamos uma nova versão da Torre de
Babel, não é? Toda regra é importante, porque ela define o que uma pessoa pode
ou não fazer, porém é importante que ela venha respaldada por um princípio, que
é o que explica os motivos, as razões de determinada regra existir.
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Educação em direitos humanos na educação básica
Atividade de Estudos:
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Capítulo 1 Direitos Humanos e Cidadania
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Capítulo 1 Direitos Humanos e Cidadania
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Educação em direitos humanos na educação básica
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Capítulo 1 Direitos Humanos e Cidadania
Ricardo Ballestreri
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Educação em direitos humanos na educação básica
Por outro lado, novas políticas públicas foram implantadas para dar conta de
todas as modificações da infância e adolescência, exigindo que os paradigmas
educacionais também estejam em constante processo de análise, a fim de atender
as especificidades dessa nova geração. Não podemos acreditar que, diante de
tantos avanços em todas as áreas do conhecimento, tenhamos regredido no
nosso papel de educar, o que talvez esteja faltando é um certo equilíbrio entre as
coisas boas do passado e os ranços que devem ser descartados, para dar lugar a
novas possibilidade de ver e viver o mundo.
Esse nosso saudosismo acaba mascarando uma série de barbáries que eram
cometidas contra as crianças e adolescentes no passado. Basta fazer um breve
retrospecto na história para lembrar-nos da forma como as crianças eram tratadas
por seus pais e professores. As escolas eram regidas por severos códigos de
conduta e, ao menor sinal de transgressão, os castigos eram aplicados (orelha
de burro, palmatória, cheirar parede, ajoelhar no milho, cadeira do pensamento,
humilhações etc.). Você já se perguntou sobre os efeitos desses atos? Eles
são capazes de educar as crianças para uma relação humana de respeito e
solidariedade?
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Capítulo 1 Direitos Humanos e Cidadania
Acesse: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm>.
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Capítulo 1 Direitos Humanos e Cidadania
Vejam que o conceito acima remete a uma importante reflexão: antes do ECA
havia uma série de outras regulamentações, que ao longo do tempo foram se
esgotando e necessitando de novas versões e ampliações. Deste modo, o ECA
é fruto de uma trajetória histórica e procura transpor as contradições e conflitos
existentes nas relações humanas. Desta feita, segundo Bazílio & Kramer (2003),
o Estatuto da Criança e do Adolescente introduziu mudanças significativas em
relação à legislação anterior, o chamado Código de Menores, instituído em 1979.
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Educação em direitos humanos na educação básica
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Capítulo 1 Direitos Humanos e Cidadania
Diante das várias críticas que se mantêm sobre o ECA, a mais comum
de todas refere-se à opinião de que a lei trouxe um afrouxamento dos deveres
destinados às crianças e adolescentes, fazendo uma apologia aos seus direitos.
Grandino (Biblioteca Digital. Acesso em: 20 jul. 2012) contrapõe:
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Educação em direitos humanos na educação básica
Desta feita, a família e a escola devem ter muita clareza do seu papel
educativo, ambos devem resgatar sua autoridade, estabelecer limites e
sustentar regras e princípios que regem as relações sociais, a fim de que
possam ter uma convivência mais harmoniosa, capaz de levar a resolução dos
conflitos.
Diante das citações acima, fica claro que a família não pode eximir-se da
sua função educativa, repassando para a escola e para os Conselhos Tutelares a
responsabilidade de educar seus filhos. No senso comum, criou-se a ideia de que
os pais não podem mais exercer autoridade sobre os seus filhos, não podem fazer
exigências, impor regras, estabelecer limites, a ponto de que alguns afirmam:
“Não sei mais o que fazer com meu filho! A escola tem que dar um jeito, senão vou
entregá-lo para o Conselho Tutelar”.
Vimos que a lei é bem clara quando afirma que a família não pode omitir-
se do seu papel educativo, sob pena de ser punida pelo próprio Estatuto da
Criança e do Adolescente. Desta forma, podemos refletir que respeito, disciplina
e limites se constroem e não se impõem. Se desde pequeno o bebê não
mantém a convivência com seus pais, não cria vínculos com os mesmos. Ao
crescer, vai buscar na televisão, no vídeo-game, no computador e nos amigos
suprir a ausência dos pais, que estão sempre envolvidos em seus crescentes
compromissos profissionais, em sua jornada de trabalho ampliada e
nos demais acontecimentos sociais e culturais.
A participação
das famílias Ao tornarem-se adolescentes, muitos pais não conhecem seus
se estende ao filhos: não sabem das suas preferências, das suas ansiedades, dos
cotidiano escolar, seus problemas, dos seus sonhos. Há casos em que vão se dar conta
pois a escola de uma situação de conflito somente quando são chamados pela escola
não pode ser e ficam atônitos dizendo: “Mas lá em casa ele é um anjo”.
responsabilizada,
sozinha, por Os pais precisam reconhecer que a sua ausência não pode ser
educar as preenchida com presentes, breves passeios ao Shopping ou com
crianças e concessões inadequadas. A verdadeira educação se inicia desde o
adolescentes, nascimento, com o acompanhamento constante das diversas etapas de
já que estes evolução da criança, para que possa se estabelecer uma relação de
são papéis reciprocidade e respeito, e acima de tudo, que a família possa estar
complementares. unida para enfrentar todos os desafios que a vida lhe impõe.
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Capítulo 1 Direitos Humanos e Cidadania
Atividade de Estudos:
http://escolavirtualparapais.com.br/ava/
http://www.escoladepais.org.br/index.php/sobre-a-epb
Boa leitura!
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A educação em
direitos humanos Fonte: Disponível em: <http://migre.me/bzEEU>. Acesso em: 01 jul. 2012.
se configurou
de forma mais A educação em direitos humanos se configurou de forma mais
estruturada no estruturada no Brasil a partir da segunda metade da década de 80,
Brasil a partir da junto ao processo de (re)democratização do país. Neste contexto, o
segunda metade reconhecimento e a afirmação dos direitos humanos emergiram como
da década de importantes instrumentos para a construção de uma cidadania ativa.
80, junto ao
processo de (re) Atualmente vivemos sob o paradoxo de popularizar e universalizar
democratização os direitos humanos frente às cotidianas e sangrentas violações que
do país. assistimos ao vivo na mídia e que são amplamente exploradas por
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Capítulo 1 Direitos Humanos e Cidadania
Desta forma, a escola e seus atores necessitam pensar sobre essa realidade
social repleta de fragilidades, que precisam ser expostas e refletidas, a fim de que
possamos implantar projetos e programas que nos coloquem no lugar do outro,
estendam pontes entre as milhares de ilhas egocêntricas, que nos permitam
visualizar para além da nossa geografia individual. No entanto, esse ideal só
será alcançado quando todos os agentes pedagógicos (escolas, igrejas, Ong’s,
Estado, empresas privadas, movimentos sociais, entre outros) sejam capazes de
pensar em uma pedagogia para os direitos humanos.
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Educação em direitos humanos na educação básica
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Capítulo 1 Direitos Humanos e Cidadania
A educação em
• a educação em direitos humanos, sobretudo no âmbito escolar,
direitos humanos
deve ser concebida de forma articulada ao combate do racismo,
deve ser um dos
sexismo, discriminação social, cultural, religiosa e outras formas de
eixos norteadores
discriminação presentes na sociedade brasileira;
da educação
básica e permear
• a promoção da educação intercultural e de diálogo inter-religioso
todo o currículo,
constitui componente inerente à educação em direitos humanos;
não devendo
ser reduzida à
• a educação em direitos humanos deve ser um dos eixos norteadores
disciplina ou à
da educação básica e permear todo o currículo, não devendo ser
área curricular
reduzida à disciplina ou à área curricular específica (BRASIL,
específica
2003, p.17).
Apoiar e incentivar as diversas formas de acesso e inclusão aos estudantes com necessidades
educacionais especiais.
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Educação em direitos humanos na educação básica
Incentivar programas e projetos pedagógicos, junto aos sistemas de ensino, que busquem
combater a violência doméstica com crianças, adolescentes, jovens e adultos.
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_co
ntent&view=article&id=14772%3Aeducacao-
em-direitos-humanos&catid=194%3Asecad-
educacao-continuada&Itemid=640 .
A questão que surge quando refletimos sobre esse tema é muito comum: será
realmente possível pensarmos em uma educação para os direitos humanos em
uma sociedade tão dividida, individualista e pautada nos princípios capitalistas?
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Capítulo 1 Direitos Humanos e Cidadania
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Educação em direitos humanos na educação básica
Já Sacristán e Gomes (1998 apud ZLUHAN, 2012) afirmam que certas unidades
de ensino reproduzem e transmitem alguns valores vivenciados na sociedade, tais
como o individualismo, a competitividade, a falta de solidariedade, a desigualdade
“natural” de resultados, em função de capacidades e esforços individuais. Diante
disso, devemos compreender os conhecimentos, as capacidades, as disposições
dos alunos frente às diversas situações no cenário social, a fim de poder socializar
às novas gerações a atenção e o respeito pela diversidade.
Delors (2003) afirma que a escola deve ir além das preocupações com o
conhecimento e que a educação para o século XXI deve estar alicerçada em
quatro pilares, conforme apresentamos a seguir:
Você deve estar pensando: que bom seria se eu, como educador(a),
conseguisse atuar nessa ótica em sala de aula, porém no dia a dia nos deparamos
com uma complexa realidade: muitos de nossos alunos convivem com dramas
sociais e familiares, são tratados com hostilidade, são rejeitados pelas famílias, se
sentem solitários ou então cansados pelo acúmulo de responsabilidades e tarefas
que precisam executar e demonstram seus problemas através do comportamento
inadequado na escola.
Para que haja aprendizagem, é necessário que haja atividade mental, isto
é, aprender é agir, pensar e refletir. É fundamental ajudar o aluno a incorporar os
novos conhecimentos de forma ativa, compreensiva e construtiva, promovendo as
suas capacidades cognoscitivas, que são as suas energias mentais, ativadas e
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Capítulo 1 Direitos Humanos e Cidadania
Para dar conta desta tarefa, Tavares (Biblioteca digital. Acesso em 07 ago.
2012) afirma que é necessário a elaboração de um saber docente sobre os
direitos humanos, que se constitui com a relação entre o saber curricular (refere-
se à flexibilidade do currículo para agregar as questões referentes aos direitos
humanos), o saber pedagógico (trata-se das estratégias e recursos que serão
utilizados para transversalizar os conteúdos da disciplina com os temas dos
direitos humanos) e o saber experiencial (que trata da vivência dos valores em
todos os espaços escolares).
1. acredite no que faz, pois sem a convicção de que o respeito aos direitos
humanos é fundamental para todos, não é possível despertar os mesmos
sentimentos nos demais;
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Capítulo 1 Direitos Humanos e Cidadania
Diante da complexidade dessa temática, temos que ter presente que educar
em direitos humanos não é uma tarefa que se esgota ao final do ano letivo, ou que
permite após um bimestre fazer avaliações, atribuir notas e passar para o conteúdo
seguinte, pelo contrário, consiste em um trabalho contínuo e permanente, que
deverá ser constantemente retomado, superando os modelos e prescrições
tradicionais de organização curricular, de métodos, de prática docente, permitindo
o trânsito do diálogo, do respeito às diferenças e da autonomia.
E então? Curto e comprido. Bom e ruim. Vazio e cheio. Bonito e feio. São
jeitos das coisas ser. Depende do jeito da gente ver...
Atividade de Estudos:
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Capítulo 1 Direitos Humanos e Cidadania
Algumas Considerações
Caro(a) pós graduando(a)...
Ao longo deste capítulo, vimos que o Brasil está passando por um momento
de transição e modernização e que as práticas educacionais, alicerçadas no
conservadorismo e na tradição, precisam ser direcionadas para novos paradigmas,
que não podem prescindir da inclusão dos direitos humanos, inseridos no currículo
escolar de forma inter e transdisciplinar.
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Educação em direitos humanos na educação básica
Muitas vezes nos sentimos sozinhos diante desse grande desafio, pois
as famílias estão cada vez mais distantes da escola, a mídia destaca de forma
veemente a violência e as transgressões dos valores essenciais da humanidade,
as políticas públicas se parecem insuficientes para garantir a execução de
projetos e programas que valorizem a cidadania e a paz. Enfim, são tantos os
contrastes e diferenças que permeiam os muros escolares que por vezes nos
sentimos enfraquecidos e desesperançados na nossa tarefa de colaborar para a
construção de um mundo mais humano e mais justo. Porém, como já afirmamos
ao longo do texto: a escola, por muitas vezes, constitui-se na única oportunidade
de os alunos construírem atitudes, saberes, comportamentos e compromissos
que levem ao exercício da cidadania.
Referências
ALENCAR, c. (Org.). Direitos mais humanos. Rio de Janeiro: Garamond, 1998.
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Capítulo 1 Direitos Humanos e Cidadania
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Educação em direitos humanos na educação básica
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C APÍTULO 2
Violências na Escola
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Capítulo 2 Violências na Escola
Contextualização
Neste capítulo trataremos de uma importante questão que têm trazido
muitas preocupações aos gestores, professores e pais: as violências escolares.
Á medida que nossas crianças e jovens são fruto de uma sociedade com
abissais diferenças entre as classes, crescentemente insensível aos problemas
que assolam o outro, incapaz de envolver-se com a solidariedade e o bem-estar
alheio, a escola, enquanto espaço de coletividade, passa a ser uma extensão da
sociedade que a compõem e irá, inevitavelmente, viver todos esses conflitos que
estão postos, por meio dasdesordens que afligem, amedrontam e desmotivam
professores e demais profissionais da educação.
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Educação em direitos humanos na educação básica
Bons estudos!!!
Paz
Gabriel O Pensador
Aqui se planta
Aqui se colhe Eu vou à luta
Mas para a flor nascer é preciso que se Eu vou armado de coragem e consciência
molhe Amor, esperança,
É preciso que se regue pra nascer a flor da A injustiça é a pior das violências
paz, Eu quero paz, eu quero mudança
É preciso que se entregue com amor e É, dignidade pra todo o cidadão
muito mais Mais respeito, menos discriminação
Desigualdade, não, impunidade, não
É preciso muita coisa e que muita coisa Não me acostumo com essa acomodação
mude
Muita força de vontade e atitude Eu me incomodo e não consigo ser assim
Pra poder colher a paz, tem que correr atrás Porque eu preciso da paz
e tem que ser ligeiro! Mas a paz também precisa de mim
Pra poder colher a fruta é preciso ir à luta, e A paz precisa de nós, a paz precisa de nós
tem que ser guerreiro! Da nossa luta, da nossa voz
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Capítulo 2 Violências na Escola
Que belo depoimento de amor à vida e à paz, não é? Com essas palavras de
Gabriel O Pensador, gostaria de convidá-lo (la) a iniciarmos nossos estudos sobre
as violências na escola.
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Educação em direitos humanos na educação básica
Neste contexto, Philippe Ariès (1981) iniciou um estudo, em 1960, que deu
origem a muitos outros, buscando na arte medieval, subsídios para estudar
a infância. Pesquisou fotografias, diários, pinturas, objetos e mobílias para
realizar seu trabalho, que descreve as crianças da Idade Média como “adultos
em miniatura”. Elas participavam de todas as atividades referentes ao mundo
adulto com muita naturalidade e desenvoltura, assim, trabalhavam com seus
pais, participavam de festas e jogos, viam cenas obscenas e tudo o mais que a
vida proporcionava. Como existia uma alta taxa de mortalidade infantil, os laços
afetivos entre os pais e seus filhos eram muito frágeis, portanto, quando um filho
morria, era facilmente esquecido pela próxima gravidez. Portanto, não havia a
ideia de infância e de uma educação específica para essa faixa etária, por isso as
crianças se vestiam como adultos e tinham hábitos de adultos.
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Capítulo 2 Violências na Escola
A partir dos séculos XIV, XV e XVI há uma retomada dos valores greco-
romanos e a valorização do homem (humanismo) e da cultura, diferente das
concepções teológicas da Idade Média, valorizando-se a busca da individualidade
e da confiança no poder da razão.
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Formas de Violências
Não podemos imaginar uma sociedade sem conflitos, pois eles surgem
naturalmente nos relacionamentos humanos, já que resultam das diferenças
próprias de cada um, dos seus desejos, valores e necessidades. Por vezes, eles
são até necessários, para provocar mudanças e melhorar a qualidade do convívio.
Porém, não podemos confundi-los com violência, agressividade, força e coerção.
Assis (1993, apud MARTINS, 2011, p. 22) as violências podem ser assim definidas:
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Capítulo 2 Violências na Escola
são maioria, o que caracteriza, grosso modo, que as mulheres tenham que
trabalhar muito para dar conta de todas as despesas da família, permanecendo
fora de casa por longos períodos e, com isso, perdendo a convivência diária com
seus filhos.
Muitas vezes acusamos aquela mãe que não comparece à escola para tratar
de assuntos importantes para a educação do seu filho, porém, na grande maioria
dos casos, ela não consegue dispensa do seu trabalho em horário comercial para
falar com a professora ou equipe pedagógica. Talvez um dia vejamos instituída a
obrigatoriedade dos pais comparecem regularmente à escola, amparados por uma
lei na qual os patrões estimulem essa participação e dispensem seus funcionários
por um curto período de tempo com essa finalidade. Será utopia?
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Educação em direitos humanos na educação básica
Perceba que, de acordo com o Censo 2010 (IBGE) para os municípios até
50 mil habitantes, o RDPC (rendimento domiciliar médio per capita) foi inferior ao
valor do salário mínimo nacional em 2010 (R$ 510). Apenas nos municípios mais
populosos a mediana do rendimento se aproxima do valor do salário mínimo. A
média nestes é R$ 991 cerca de duas vezes superior à média observada nos
municípios de até 100 mil habitantes.
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Capítulo 2 Violências na Escola
• Saneamento adequado
Atividade de Estudos:
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Capítulo 2 Violências na Escola
Ensino Médio
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Educação em direitos humanos na educação básica
Meta 2 Universalizar o ensino fundamental de nove anos para toda população de 6 a 14 anos.
Você pode estar se perguntando: qual a relação destas questões com o meu
fazer pedagógico? O que o Plano Nacional tem a ver com as questões da violência
na escola? De que forma os dados do Censo podem contribuir com a minha
sala de aula? Lembre-se de que a prática do professor reflete diretamente suas
concepções, suas crenças, suas experiências. Assim, é importante que se discuta
o cenário social, cultural e educacional, com seus respectivos desdobramentos,
pois, como já falamos anteriormente, a escola não está apartada do mundo que a
rodeia e necessita construir seus fundamentos com base nessa realidade.
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Capítulo 2 Violências na Escola
a) Violência doméstica
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Educação em direitos humanos na educação básica
De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF, acesso
em 22 jul. de 2012):
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Capítulo 2 Violências na Escola
b) Violência Física
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Educação em direitos humanos na educação básica
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Capítulo 2 Violências na Escola
Podemos pensar que o caminho para essa crise possa estar no conhecimento:
hoje a criança aprende não somente com a família e com a escola, mas também
com as mídias, com os colegas, com a igreja, com as Ong’s, entre outros espaços.
Então, todos esses órgãos e instituições devem estar voltados para disseminar o
conhecimento como riqueza cultural, que possui valor em si mesmo e que nos dá
condições de melhorarmos nossas relações e nossas condições de ser humano,
para que as famílias das próximas gerações possam reestabelecer os vínculos
do ensinante e do aprendiz, substituindo o uso de punições expiatórias por uma
educação que priorize a dignidade humana.
c) Violência Psicológica
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Educação em direitos humanos na educação básica
Existem as violências que não deixam marcas visíveis, o corpo não fica
marcado com fraturas e hematomas, porém elas são igualmente graves para
o desenvolvimento de crianças e adolescentes: a violência psicológica. Em
muitos lares a falta de amor, carinho e atenção, substituídos por humilhação,
rejeição, depreciação levam suas vítimas a desvalorização pessoal, ao não
desenvolvimento da autoestima, podendo desenvolver o sentimento de vingança
e revolta, que pode inclusive motivar condutas violentas.
Então, caro (a) pós-graduando (a): crianças que crescem nestas condições
sentem que o mundo ao seu redor é hostil e perigoso, que não existe nada
e ninguém em quem possam confiar, e acabam desenvolvendo padrões
inadequados de conduta, que se refletem diretamente na escola. Na outra ponta,
temos o professor, que não sabe mais como lidar com todas essas dificuldades.
Souza (2006, acesso em 24 jul. de 2012) diz que:
Boa leitura...
http://www.pensamentobiocentrico.com.br/content/ed05_art01.php
Há uma
banalização da
violência e as
d) Violência Conjuntural brutalidades
acabam se
Figura 12 – Violência Conjuntural transformando em
diversão. Basta
analisarmos o
conteúdo dos
games que
nossas crianças
jogam, dos filmes,
dos noticiários,
enfim, da
grande maioria
dos meios de
comunicação. Por
falar em mídias
Fonte: Disponível em: <http://migre.me/d5GEH>. Acesso em: 15 ago. 2012. e tecnologias,
elas ocupam um
Diariamente ouvimos inúmeras notícias divulgando o aumento dos espaço cada
índices de incivilidade, do tráfico de drogas e armas, de corrupções, vez maior nos
de conflitos. Por conta disso, temos cada vez mais formas de controle lares brasileiros,
do comportamento humano (câmaras, radares, regulamentos, não somente
normatizações etc.), demonstrando que vivemos num momento de falando em
crise moral. dimensões, mas
da substituição
Há uma banalização da violência e as brutalidades acabam se do diálogo, da
transformando em diversão. Basta analisarmos o conteúdo dos games convivência, das
que nossas crianças jogam, dos filmes, dos noticiários, enfim, da grande relações entre
maioria dos meios de comunicação. Por falar em mídias e tecnologias, os membros da
elas ocupam um espaço cada vez maior nos lares brasileiros, não família.
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Educação em direitos humanos na educação básica
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Capítulo 2 Violências na Escola
Mas como fazer isso diante das inúmeras obrigações diárias? Os professores
se veem mergulhados na mera execução de tarefas e, na maioria das vezes,
não conseguem tempo, energia e materiais necessários para pensar uma aula
com propostas metodológicas inovadoras, com alunos participativos e criativos
em busca de novas aprendizagens, baseadas em seus conhecimentos prévios e
realizando o contraponto da mídia.
Isso não implica dizer que devemos deixar de lado todas as propostas
pedagógicas que foram historicamente elaboradas, mas adequá-las ao contexto
atual, no qual a escola continua sendo o grande sustentáculo da sociedade
e responsável pela formação dos sujeitos, da construção da cidadania, do
desenvolvimento tecnológico e da expansão da economia.
Gostaria de iniciar nossa conversa pensando no papel que a escola tem hoje
enquanto instituição social: é inevitável reconhecermos o papel fundamental que
a mesma assume para a sociedade. Existe um coro uníssono reconhecendo que
as instituições escolares se mantêm fundamentais para o desenvolvimento do
indivíduo e da sociedade.
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Educação em direitos humanos na educação básica
Atividade de Estudos:
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Capítulo 2 Violências na Escola
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Educação em direitos humanos na educação básica
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Capítulo 2 Violências na Escola
Atividades de Estudos:
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Capítulo 2 Violências na Escola
Mas veja bem, muitas vezes não conseguimos avançar nos encaminhamentos
das nossas propostas, exatamente porque não fazemos uma análise do problema
e esquecemos que as nossas crianças e adolescentes aprendem de acordo com
as formas como os adultos (pais, irmãos, colegas, professores) se relacionam
com elas, formando estruturas de pensamento que foram elaboradas através de
anos de convivência.
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Educação em direitos humanos na educação básica
É importante destacar que não existe uma escola com ausência de conflitos e
resistências, porém, não podemos concordar com o fato de que esses problemas
se transformem em comportamentos e atitudes de indisciplina, agressividade
ou violência. Então, vamos pensar uma questão: será que a escola também
produz violência? Quando falamos “essa criança não aprende mesmo, não
adianta fazer mais nada”, “não sei porque você se matriculou novamente”, “cala
a boca”, estaremos também estabelecendo relações de domínio que possam se
instrumentalizar em atitudes de rancor, ódio e vingança?
Atividade de Estudos:
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Deixar-lhe incomodado (a) foi minha intenção, pois temos que parar de
responsabilizar unicamente a família, o Conselho Tutelar e a sociedade como os
únicos responsáveis por todos os contratempos que enfrentamos no cotidiano
da escola e buscar, dentro das possibilidades pedagógicas que temos, os
encaminhamentos dos nossos desafios.
Atividade de Estudos:
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Educação em direitos humanos na educação básica
Inúmeros professores estão sem rumo, dizem que não conseguem ver
soluções para esses conflitos diários que enfrentam na sala de aula. A energia
despendida, o alto nível de estresse, acaba por levá-los a uma sensação de
exaustão, de profundo cansaço e até de depressão. Pesquisas revelam
elevados números de docentes acometidos pela Síndrome de Burnout.
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Capítulo 2 Violências na Escola
Outra questão que podemos levantar refere-se à autoridade, que nunca foi
tão discutida no espaço escolar. Hannah Arendt (2000, apud ALMEIDA; PLACCO,
2010, p.27) diz que:
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Educação em direitos humanos na educação básica
Podemos transferir essa fala para a escola? Com certeza sim. Então, é
na convivência que iremos construindo e reconstruindo valores, professores e
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Capítulo 2 Violências na Escola
Atividades de Estudos:
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Educação em direitos humanos na educação básica
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Não basta o (a) aluno (a) ter boas notas, é necessário que ele (ela) aprimore
seu desenvolvimento pessoal, potencializando sua maturidade e sua capacidade
de compromisso social e ético.
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Capítulo 2 Violências na Escola
• Aprender a neutralizar a raiva quando ela se intensifica, a tal ponto que corre
o risco de resultar em atos de violência;
• Aprender a dizer o que gosta com relação ao que os outros dizem ou fazem
(olhar de apreciação);
Você pode estar pensando: esses princípios são muito lindos no papel,
mas quando nos deparamos com uma classe de 30 alunos, cada qual com suas
características, seus problemas, suas dificuldades, manter a escuta, a tolerância
e a paciência torna-se quase impossível. Então, como a escola pode auxiliar com
uma possibilidade de resolução dessa crise? Primeiro, temos que pensar que
somos atores de uma mudança cultural, uma mudança de sentidos: a forma de
pensar a educação, de construir a tarefa docente, de pensar o futuro de nossos
(as) alunos (as) não pode mais ser o mesmo.
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Educação em direitos humanos na educação básica
• Não é muito exigir da escola evitar que Auschwitz se repita? Como a escola
pode fazer isso?
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Capítulo 2 Violências na Escola
Todas as questões até aqui levantadas não se constituem somente pelo seu
caráter educativo, mas também preventivo, já que buscam prevenir situações de
conflito através do diálogo, da convivência e da integração.
Rocha (2011 apud MARTINS, 2011, p.29) lista dez passos para prevenção
das violências na escola:
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Capítulo 2 Violências na Escola
www.sed.sc.gov.br/secretaria/.../doc.../2386-politica-de-prevencao.
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Educação em direitos humanos na educação básica
• Delegacia da Mulher;
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Capítulo 2 Violências na Escola
Algumas Considerações
Se atentarmos para as falas dos (as) professores (as) de qualquer região
do nosso país e perguntarmos quais são as principais dificuldades enfrentadas
na escola atualmente, a questão da violência e da indisciplina seguramente será
citada.
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Educação em direitos humanos na educação básica
Ao chegarmos ao final deste capítulo, espero tê-lo (la) deixado com algumas
preocupações, pois uma pessoa preocupada vai pensar na situação e talvez não
encontre uma solução imediata para o problema, mas vai procurar os melhores
caminhos e novas alternativas.
Referências
ALMEIDA, L.R; PLACCO, V. M. N. S. (Orgs.). O coordenador pedagógico e
questões da contemporaneidade. 4 ed. São Paulo: Loyola, 2010.
102
Capítulo 2 Violências na Escola
UNICEF. Fundo das Nações Unidas para a Infância. Disponível em: <http://
www.unicef.org.br>. Acesso em: 22 jul. 2012.
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Educação em direitos humanos na educação básica
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C APÍTULO 3
Avaliação da Aprendizagem Escolar
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Capítulo 3 Avaliação da Aprendizagem Escolar
Contextualização
Iremos iniciar agora o estudo da avaliação da aprendizagem. Essa
discussão é fundamental para dar continuidade aos nossos estudos, pois irá
influenciar diretamente no sucesso ou no fracasso do processo de ensino
e aprendizagem. Lembre-se que as diretrizes que estarão definindo as
suas práticas avaliativas estarão alicerçadas na concepção de educação e
de aluno que você traz consigo e que também são expressas pelo Projeto
Político Pedagógico. Assim, a avaliação não é neutra, pois reflete concepções,
paradigmas e crenças que costumam causar contradições entre o discurso
e a prática, levando muitos educadores a reproduzirem suas experiências
avaliativas vividas na sua história escolar, numa perspectiva classificatória e
seletiva.
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Educação em direitos humanos na educação básica
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Capítulo 3 Avaliação da Aprendizagem Escolar
Assim, caro (a) pós-graduando (a), não podemos perder de vista que a escola
deve ser um espaço de criatividade, de aprendizagem como direito prazeroso,
de (re)construção da sua história, de sentimento de pertencimento. Portanto, não
podemos deixar de discutir a forma determinista e engessada que muitas práticas
avaliativas adotam, transformando-se em instrumentos de violência.
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Educação em direitos humanos na educação básica
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Capítulo 3 Avaliação da Aprendizagem Escolar
Outro fator fundamental para garantir uma nova práxis avaliativa diz respeito
às relações interpessoais que se estabelecem no ambiente escolar. Vasconcellos
(2010, p. 35) sustenta que:
Http://www.youtube.com/walch?v=JqSRs9Hpgtc&feature=re/mfu-
videoavaliacaodaaprendizagem
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Educação em direitos humanos na educação básica
AVALIAÇÃO
Quantitativa Qualitativa
Homogênea Heterogênea
Periódica Permanente
Classificatória Emancipatória
Prognóstica Diagnóstica
Autoritária Democrática
Reprodutiva Autônoma
Exclusiva Inclusiva
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Capítulo 3 Avaliação da Aprendizagem Escolar
Atividade de Estudos:
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Educação em direitos humanos na educação básica
Autor Avaliação
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Capítulo 3 Avaliação da Aprendizagem Escolar
Não queremos aqui cair numa demagogia barata, pois sabemos Como vemos,
que inúmeros problemas existem e que o processo de ensino o conceito de
aprendizagem é permeado por conflitos e contradições, que aquele avaliação está
aluno ideal, interessado, disciplinado, sem problemas familiares e relacionado
sociais está distante da nossa realidade. Porém há que se buscar com a postura
estratégias para lidar com a nossa realidade, considerando as palavras filosófica, a
de Vasconcellos (2010, p.54), que afirma que a prática avaliativa deve tendência
se pautar numa perspectiva democrática e inclusiva, considerando que educacional
“todo ser humano é capaz de aprender! Se não está sendo, tem de ser adotada e
ajudado e não rotulado ou excluído.” ao momento
histórico no qual
Desta afirmação surgem duas questões importantes: o (a) está inserido.
professor (a) pode apontar seu dedo indicador para o (a) aluno (a) e, Além disso, a
numa atitude de fracasso e derrota, afirmar que “esse (a) aluno (a) não forma de avaliar
tem jeito mesmo, não quer nada com nada, não consegue avançar, o reflete a atitude
jeito será a reprovação”. Ou, numa postura inversa, perguntar-se: “por do professor,
que o (a) aluno (a) não está aprendendo?” O que posso fazer para que sua interação
aprenda mais e melhor? Investigar as causas da dificuldade e buscar com a turma,
ajuda com outros profissionais ou com a equipe multidisciplinar é um seus princípios
caminho que auxiliará no entendimento e na busca de metodologias educacionais e
que auxiliem no processo de avaliar a aprendizagem escolar. pedagógicos.
continuamente, pois muitos fracassos não são explicados somente pela falta de
estudo e comprometimento dos alunos, mas também por problemas da prática
pedagógica e avaliativa. Não se trata de considerar se o professor é “legal”, “bate
papo com os alunos”, “faz brincadeiras”, mas se suas ações estão contribuindo
para o processo de aprendizagem.
Sugestão de leitura:
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Educação em direitos humanos na educação básica
Atividade de Estudos:
É importante que você considere as leituras realizadas até aqui, a fim de que
o seu conceito de avaliação de aprendizagem seja embasado em perspectivas
formativas de avaliação, na qual o educando possa efetivamente valorizar seus
conhecimentos e não somente as suas notas.
Resumindo:
TESTAR: comprovar
MEDIR: verificar por meio de escala
AVALIAR: descrever
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Educação em direitos humanos na educação básica
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Capítulo 3 Avaliação da Aprendizagem Escolar
Pelo contrário, ela deve estar presente de forma muito criteriosa na educação,
envolvendo os professores das diversas disciplinas, num exercício de reflexão e
problematização, promovendo a (re)significação do processo avaliativo. Demo
(1996, p.9) defende: “O ponto de partida e o ponto final de tudo é o direito do
aluno a aprender bem, com qualidade formal e política.”
Atividade de Estudos:
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Educação em direitos humanos na educação básica
Por exemplo: o professor aplica uma prova e após a correção atribui notas
aos alunos, de acordo com o número de respostas corretas. Desta forma, ele
está medindo (avaliação somativa). Na sequência, ele compara a nota atual do
aluno com as notas anteriores e verifica em quais aspectos houve progressos/
dificuldades em relação aos objetivos propostos. A partir do resultado, faz uma
interpretação dos dados quantitativos para fornecer informações ao aluno sobre
seu processo de aprendizagem, bem como avalia seu trabalho docente.
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Educação em direitos humanos na educação básica
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Capítulo 3 Avaliação da Aprendizagem Escolar
Machado (2002) alerta para a importância de ver o aluno como “outro”, como
“sujeito”, diferente de mim, que tem seus projetos, metas e desafios pessoais.
Cabe ao professor estimular projetos, semear valores, estimular a participação e
desenvolver a tolerância diante das diferenças individuais. A tolerância envolve
três diferentes níveis: conhecimento (do outro), reconhecimento (das diferenças)
e respeito.
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Educação em direitos humanos na educação básica
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Capítulo 3 Avaliação da Aprendizagem Escolar
Atividades de Estudos:
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Educação em direitos humanos na educação básica
2) O que se avalia?
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3) Quem avalia?
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Conselhos de Classe
A avaliação da aprendizagem dos alunos tem sua culminância nos
Conselhos de Classe, que têm como finalidade diagnosticar problemas e apontar
soluções, tanto em relação aos alunos e turmas, quanto em relação aos docentes.
Acontecem ao final de cada bimestre/trimestre, discutindo-se encaminhamentos
pedagógicos, notas, comportamentos, retenção ou aprovação dos alunos. Refletir
sobre o processo de ensino e aprendizagem e propor novas metodologias de
ensino a fim de favorecer a aprendizagem consiste num dos objetivos do Conselho
de classe.
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Capítulo 3 Avaliação da Aprendizagem Escolar
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Educação em direitos humanos na educação básica
Algumas Considerações
A busca pelo fazer pedagógico dinâmico, dialógico e criativo requer que
o docente se reconstrua diariamente, em busca de estratégias facilitadoras
do processo de ensino e aprendizagem, a fim de alcançar seus objetivos,
considerando sempre as possibilidades de aprendizagem dos alunos e a aquisição
de novas competências e habilidades.
É fundamental destacar que os processos avaliativos devem ser analisados
no contexto da situação de ensino e aprendizagem, considerando o perfil
do grupo, os objetivos de aprendizagem, os conhecimentos do professor, as
condições físicas e tecnológicas da instituição de ensino, entre outros fatores que
são determinantes para garantir que a sala de aula se transforme num espaço de
interação entre professor, aluno e conhecimento.
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Capítulo 3 Avaliação da Aprendizagem Escolar
Para concluir:
(Hoffmann, 2001)
Referências
ALMEIDA, L. R.; PLACCO, V.M. (orgs). O coordenador pedagógico e questões
da contemporaneidade. São Paulo: 4.ed. 2010.
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