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1.

Peste bubônica
A peste bubônica é causada pela bactéria Yersinia pestis e pode se
disseminar pelo contato com pulgas e roedores infectados. A
doença é considerada, historicamente, a causadora da Peste
Negra, que assolou a Europa no século 14, No total, pode ter
reduzido a população mundial de 450 milhões de pessoas para 350
milhões.

2. Varíola
A doença atormentou a humanidade por mais de 3 mil anos. vírus
variolae era transmitido de pessoa para pessoa, por meio das vias
respiratórias. Felizmente, a varíola foi erradicada do planeta em
1980, após campanha de vacinação em massa.

3. Cólera
Sua primeira epidemia global, em 1817, matou centenas de
milhares de pessoas. Desde então, a bactéria Vibrio cholerae sofre
diversas mutações e causa novos ciclos epidêmicos de tempos em
tempos e, portanto, ainda é considerada uma pandemia. Sua
transmissão acontece a partir do consumo de água ou alimentos
contaminados, e é mais comum em países subdesenvolvidos. Um
dos países mais atingidos pela cólera foi o Haiti, em 2010. O Brasil
já teve vários surtos da doença, principalmente em áreas mais
pobres do nordeste. No Iêmen, em 2019, mais de 40 mil pessoas
morreram devido à enfermidade..

4. Gripe Espanhola
Acredita-se que entre 40 e 50 milhões de pessoas tenham morrido
na pandemia de gripe espanhola de 1918, causada por um vírus
influenza mortal. Mais de um quarto da população mundial na época
foi infectada e até então presidente do Brasil, Francisco de Paula
Rodrigues Alves, morreu da doença, em 1919. O vírus veio da
Europa, a bordo do navio Demerara. O transatlântico
desembarcou passageiros infectados no Recife, em Salvador e
no Rio de Janeiro.

Os sintomas da doença eram muito parecidos com o atual


coronavírus Sars-CoV-2, e não existia cura. Em São Paulo, a
população foi atrás de um remédio caseiro feito com cachaça, limão
e mel. De acordo com o Instituto Brasileiro da Cachaça, foi dessa
receita supostamente terapêutica que nasceu a caipirinha.
5. Gripe Suína (H1N1)
Conhecida como gripe suína, o H1N1 foi o primeiro causador de
pandemia do século 21. O vírus surgido em porcos no México, em
2009, e se espalhou rapidamente pelo mundo, matando 16 mil
pessoas. No Brasil, o primeiro caso foi confirmado em maio daquele
ano e, no fim de junho, 627 pessoas estavam infectadas no país, de
acordo com o Ministério da Saúde. 
O contágio acontece a partir de gotículas respiratórias no ar ou em
uma superfície contaminada. Seus sintomas são os mesmos de
uma gripe: febre, tosse, dor de garganta, calafrio e dor no corpo.

A Covid-19 tem se mostrado mais letal entre negros do que entre


brancos, segundo dados divulgados nesta sexta (10) pelo Ministério
da Saúde.
Embora minoritários entre os registros de afetados pela doença,
pretos e pardos representam quase 1 em cada 4 dos brasileiros
hospitalizados com Síndrome Respiratória Aguda Grave (23,1%)
mas chegam a 1 em cada 3 entre os mortos por Covid-19 (32,8%).
Com os brancos, ocorre o contrário: são 73,9% entre aqueles
hospitalizados com Covid-19, mas 64,5% entre os mortos.
"Chama a atenção essa diferença de 10 pontos percentuais entre
negros hospitalizados e negros mortos pela Covid-19", diz Denize
Ornelas, diretora da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e
Comunidade.

"Ou seja, se as chances de morte pela doença não dependem de


raça ou cor, tem algo errado, uma outra influência neste resultado,
seja o tipo de tratamento oferecido, seja alguma outra comorbidade
que as pessoas negras tenham."

A diferença de letalidade entre brancos e negros pode ser maior já


que, do total de 1.056 óbitos pela doença contabilizados, 32% não
tiveram a cor/raça da vítima registrada.
"O fato de não existir um terço da informação sobre os óbitos é algo
grave e indica que o Ministério da Saúde tem falhado ao orientar os
profissionais no preenchimento dos dados relativos à Covid-19",
avalia Ornelas.
Moradores de favela no Rio higienizam ruas por conta própria
contra o coronavírus. Quarentena em bairros da periferia de São
Paulo tem partidas de futebol, bares abertos e ônibus lotados

Segundo ela, esses dados refletem a primeira onda de


contaminados pelo novo coronavírus: pessoas de alto poder
aquisitivo, que viajaram para fora do país e voltaram com o vírus.
"São pessoas majoritariamente brancas e que tiveram acesso aos
testes e a serviços hospitalares", diz.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e
Comunidade, 67% dos brasileiros que dependem exclusivamente
do SUS (Sistema Único de Saúde) são negros, e estes também são
maioria dos pacientes com diabetes, tuberculose, hipertensão e
doenças renais crônicas no país - todos considerados agravantes
para o desenvolvimento de quadros mais gravosos da Covid-19.

Ornelas avalia que, como a onda de manifestação da doença entre


pessoas periféricas começou no início do abril, e isso ocorreu
concomitantemente ao que chamou de "blecaute" na disponibilidade
de testes, o quadro atual pode ser mais grave do que aquele
apresentado pelos dados. Apenas em São Paulo há uma fila de ao
menos 17 mil testes aguardando processamento.

Para Luis Eduardo Batista, pesquisador do Instituto da Saúde da


Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo e membro do grupo
de trabalho de racismo e saúde da Abrasco (Associação Brasileira
de Saúde Coletiva), os dados atuais já indicam que o coronavírus
chegou às periferias antes do que se pensava.

"Com 20 dias desde o primeiro óbito, termos 32% das mortes entre
pessoas negras indica que o isolamento social não retardou a
chegada do coronavírus nas periferias como esperávamos", diz. "A
epidemia começou com uma elite, majoritariamente branca, mas
que tem sua cozinheira, sua faxineira, seus cuidadores,
majoritariamente negros", afirma Batista.
Para a assistente social Lúcia Xavier, diretora da ONG de mulheres
negras Criola, organização que integra a Coalizão Negra por
Direitos, os dados do Ministério da Saúde são um "sinal vermelho"
sobre os efeitos da pandemia entre os negros no país.

"A pandemia atingiu inicialmente uma população com condições


muito favoráveis e foi dura mesmo neste grupo de pessoas brancas,
ricas e com amplo acesso à saúde. É assustador pensar nos seus
efeitos sobre a população negra, que tem péssimas condições de
vida e comorbidades associadas", diz Xavier.
Segundo ela, boa parte dessas comorbidades é ligada a questões
sociais, como a falta de saneamento básico, e agravada pelas
desigualdades raciais, como condições precárias de moradia, que
favorecem doenças como a tuberculose, ou alimentação
inadequada, que promove doenças como diabetes e hipertensão
arterial.
"Essas condições socioeconômicas vão gerando maior
vulnerabilidade em saúde que vai pesar muito durante a pandemia",
avalia.
Além disso, afirma Xavier, quando os negros adoecerem, eles
encontrarão um sistema de saúde que vem sendo esgarçado há
muito tempo. "Isso significa que a população negra, em muitos
casos, pode nem alcançar esse serviço."

Na quarta-feira (8), a Coalizão Negra Por Direitos entrou com


pedido, via Lei de Acesso à Informação, para que o Ministério da
Saúde divulgasse os dados relativos à pandemia do coronavírus
com recortes de raça, gênero e localização.
O pedido também foi feito pelo Grupo de Trabalho de Saúde da
População Negra da SBMFC, que pressiona as autoridades
sanitárias para que os dados sobre as mortes e casos de SRAG
(Síndrome Respiratória Aguda Grave) sejam desagregados por
bairros nos municípios.

Durante uma pandemia é esperado que estejamos frequentemente


em estado de alerta, preocupados, confusos, estressados e com
sensação de falta de controle frente às incertezas do momento.

Estima-se, que entre um terço e metade da população exposta a


uma epidemia pode vir a sofrer alguma manifestação
psicopatológica, caso não seja feita nenhuma intervenção de
cuidado específico para as reações e sintomas manifestados.
Os fatores que influenciam o impacto psicossocial estão
relacionados a magnitude da epidemia e o grau de vulnerabilidade
em que a pessoa se encontra no momento. Entretanto, é importante
destacar que nem todos os problemas psicológicos e sociais
apresentados poderão ser qualificados como doenças. A maioria
será classificado como reações normais diante de uma situação
anormal.

A pandemia Covid-19 impacta os seres humanos de maneiras


específicas, visto suas características:
• Desconfiança no processo de gestão e coordenação dos
protocolos de biossegurança;
• Necessidade de se adaptar aos novos protocolos de
biossegurança • Falta de equipamentos de proteção individual em
algumas estruturas sanitárias;
• Risco de ser infectado e infectar outros;
• Sintomas comuns de outros problemas (febre, por exemplo)
podem ser confundidos com Covid-19;
• Preocupação por seus filhos ficarem sem as referências de
cuidado e trocas sociais, isto é, sem a convivência nas escolas,
distanciamento da rede socioafetiva: avós, amigos, vizinhos, etc;
• Risco de agravamento de saúde mental e física de crianças,
pessoas com deficiência ou idosos que tenham sido separados de
seus pais ou cuidadores devido a quarentena;
• Alteração dos fluxos de locomoção e deslocamento social.

RECOMENDAÇÕES GERAIS
AS REAÇÕES MAIS FREQUENTES INCLUEM:
Medo de:
• Adoecer e morrer;
• Perder as pessoas que amamos;
• Perder os meios de subsistência ou não poder trabalhar durante o
isolamento e ser demitido;
• Ser excluído socialmente por estar associado à doença;
• Ser separado de entes queridos e de cuidadores devido ao regime
de quarentena;
• Não receber um suporte financeiro;
• Transmitir o vírus a outras pessoas.

É esperado também a sensação recorrente de:


• Impotência perante os acontecimentos;
• Irritabilidade;
• Angústia;
• Tristeza.
Em caso de isolamento pode-se intensificar os sentimentos de
desamparo, tédio, solidão e tristeza.
Entre as reações comportamentais mais comuns estão
• Alterações ou distúrbios de apetite (falta de apetite ou apetite em
excesso);
• Alterações ou distúrbios do sono (insônia, dificuldade para dormir
ou sono em excesso, pesadelos recorrentes);
• Conflitos interpessoais (com familiares, equipes de trabalho...);
• Violência. Como profissionais de saúde, é preciso estar
particularmente atento ao aumento da violência doméstica e da
violência direcionada aos profissionais de saúde;
• Pensamentos recorrentes sobre a epidemia;
• Pensamentos recorrentes sobre a saúde da nossa família;
• Pensamentos recorrentes relacionados a morte e ao morrer.

AS ESTRATÉGIAS DE CUIDADO PSÍQUICO EM SITUAÇÕES DE


PANDEMIA, RECOMENDAM:
• Reconhecer e acolher seus receios e medos, procurando pessoas
de confiança para conversar;
• Retomar estratégias e ferramentas de cuidado que tenha usado
em momentos de crise ou sofrimento e ações que trouxeram
sensação de maior estabilidade emocional;
• Investir em exercícios e ações que auxiliem na redução do nível
de estresse agudo (meditação, leitura, exercícios de respiração,
entre outros mecanismos que auxiliem a situar o pensamento no
momento presente, bem como estimular a retomada de
experiências e habilidades usadas em tempos difíceis do passado
para gerenciar emoções durante a epidemia);
• Se você estiver trabalhando durante a epidemia, fique atento a
suas necessidades básicas, garanta pausas sistemáticas durante o
trabalho (se possível em um local calmo e relaxante) e entre os
turnos. Evite o isolamento junto a sua rede socioafetiva, mantendo
contato, mesmo que virtual;
• Caso seja estigmatizado por medo de contágio, compreenda que
não é pessoal, mas fruto do medo e do estresse causado pela
pandemia, busque colegas de trabalho e supervisores que possam
compartilhar das mesmas dificuldades, buscando soluções
compartilhadas;
• Investir e estimular ações compartilhadas de cuidado, evocando a
sensação de pertença social (como as ações solidárias e de
cuidado familiar e comunitário)
• Reenquadrar os planos e estratégias de vida, de forma a seguir
produzindo planos de forma adaptada às condições associadas a
pandemia;
• Manter ativa a rede socioafetiva, estabelecendo contato,
mesmo que virtual, com familiares, amigos e colegas;
• Evitar o uso do tabaco, álcool ou outras drogas para lidar com as
emoções;
• Buscar um profissional de saúde quando as estratégias utilizadas
não estiverem sendo suficientes para sua estabilização emocional;
• Buscar fontes confiáveis de informação como o site da
Organização Mundial da Saúde;
• Reduzir o tempo que passa assistindo ou ouvindo coberturas
midiáticas;
• Compartilhar as ações e estratégias de cuidado e solidariedade, a
fim de aumentar a sensação de pertença e conforto social;
• Estimular o espírito solidário e incentivar a participação da
comunidade.
Caso as estratégias recomendadas não sejam suficientes para o
processo de estabilização emocional, busque auxílio de um
profissional de Saúde Mental e Atenção Psicossocial (SMAPS) para
receber orientações específicas.

Alguns critérios para determinar se uma reação psicossocial


considerada esperada, está se tornando sintomática e precisará ser
encaminhada são:
• Sintomas persistentes;
• Sofrimento intenso;
• Complicações associadas (por exemplo, conduta suicida);
• Comprometimento significativo do funcionamento social e
cotidiano; • Dificuldades profundas na vida familiar, social ou no
trabalho;
• Risco de complicações, em especial o suicídio;
• Problemas coexistentes como alcoolismo ou outras dependências;
• Depressão maior, psicose e transtorno por estresse pós-
traumático são quadros graves que requerem atenção
especializada.

Os transtornos psíquicos imediatos mais frequentes são os


episódios depressivos e as reações de estresse agudo de tipo
transitório. O risco de surgimento destes transtornos aumenta de
acordo com as características das perdas e outros fatores de
vulnerabilidade.

Entre os efeitos tardios mais recorrentes estão:


• luto patológico,
• depressão,
• transtornos de adaptação,
• manifestações de estresse pós-traumático,
• abuso do álcool ou outras substâncias que causam dependência e
transtornos psicossomáticos.

Também os padrões de sofrimento prolongado se manifestam como


tristeza, medo generalizado e ansiedade expressos corporalmente,
sintomas que podem vir a desencadear uma patologia a médio ou
longo prazo, caso não seja realizada uma intervenção qualificada.

No que concerne a SMAPS na COVID-19 é essencial:


RECOMENDAÇÕES GERAIS

1. Lembrar que as ações de cuidado, particularmente na primeira


fase da Pandemia, auxiliam a não cronificar as reações e sintomas
considerados “normais” em uma situação “anormal”;
2. Compreender que os cuidados SMAPS precisam ser
compartilhados pelos diferentes campos do cuidado, como a
medicina, enfermagem...;
3. Não medicalizar o cuidado, tampouco trata-los como doentes
psiquiátricos;
4. Quem está oferecendo a ajuda psicológica deve desenvolver um
sentido de escuta responsável, cuidadosa e paciente.
Os membros das equipes de resposta devem explorar suas próprias
concepções e preocupações sobre a morte e não devem impor sua
visão aos que estão ajudando.
Pesquisadores colaboradores de Atenção Psicossocial e Saúde
Mental do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e
Desastres em Saúde (CEPEDES) da Fiocruz

Damásio Coordenador do CEPEDES: Carlos Machado de Freitas


Projeto Gráfico: Adriana Marinho
Referências Bibliográficas

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