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Dos honorários advocatícios

Em relação aos honorários advocatícios relativos à sucumbência recursal, faço


as ponderações que seguem.

Segundo entendimento consolidado no STJ, a imposição de honorários advocatícios


adicionais em decorrência da sucumbência recursal é um mecanismo instituído no CPC-
2015 para desestimular a interposição de recursos infundados pela parte vencida.

Por se voltar contra a interposição de recursos infundados, essa imposição de honorários


sucumbenciais é cabível, em tese, apenas contra o recorrente, se resultar vencido no
recurso, e nunca contra o recorrido.

Assim, a majoração dos honorários em decorrência da sucumbência recursal, conforme


preconizado pelo STJ, depende da presença dos seguintes requisitos: (a) que a sentença
recorrida tenha sido publicada a partir de 18 de março de 2016, sendo o recurso por isso
regulado pelo CPC de 2015; (b) que o recurso tenha sido desprovido ou não conhecido;
(c) que a parte recorrente tenha sido condenada em honorários no primeiro grau, de
forma a poder tal verba ser majorada pelo Tribunal, conforme previsto no art. 85-§ 11
do CPC-2015 (“§ 11 - O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados
anteriormente...”).

Atendidos esses requisitos, a majoração dos honorários é cabível, devendo ser deferida
apenas uma vez, quando do julgamento do recurso que inaugurou a instância (neste
tribunal, a apelação, em regra), sem reincidência em eventuais recursos subsequentes
(agravo interno, embargos de declaração). Ademais, tal imposição de honorários
independe da apresentação de contrarrazões pela parte recorrida, fato que pode ser
sopesado apenas para a quantificação da majoração dos honorários estabelecidos no
primeiro grau.

Nesse sentido são os seguintes julgados do STJ, referidos a título exemplificativo: AgInt
no REsp 1745134/MS, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado
em 19/11/2018, DJe 22/11/2018; REsp 1765741/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin,
Segunda Turma, julgado em 13/11/2018, DJe 21/11/2018; AgInt no AREsp
1322709/ES, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em
12/11/2018, DJe 16/11/2018; AgInt no REsp 1627786/CE, Rel. Ministro Sérgio Kukina,
Primeira Turma, julgado em 08/11/2018, DJe 14/11/2018; EDcl no AgInt no AREsp
1157151/RS, Rel. Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 06/11/2018, DJe
14/11/2018; AgInt nos EREsp 1362130/SP, Rel. Ministra Regina Helena Costa,
Primeira Seção, julgado em 13/12/2017, DJe 16/02/2018; AgInt nos EREsp
1539725/DF, Rel. Ministro Antônio Carlos Ferreira, Segunda Seção, julgado em
09/08/2017, DJe 19/10/2017.

No caso dos autos, estando presentes os requisitos exigidos pela jurisprudência, impõe-
se a fixação de honorários sucumbenciais recursais, majorando-se a verba honorária em
desfavor da parte autora, fixada na sentença em 2% (considerando que foi de 20% sobre
os 10%) sobre o valor da causa, para 3% sobre a mesma base de cálculo, com base no
artigo 85, § 11, do CPC, restando suspensa a sua exigibilidade por ser beneficiária da
justiça gratuita.
OU

No caso dos autos, não estando presente o requisito expresso na alínea "c" (parte
recorrente condenada em honorários no primeiro grau) acima mencionada, é incabível a
fixação de honorários sucumbenciais recursais.

Conforme o entendimento firmado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, é


devida a majoração da verba honorária sucumbencial, na forma do art. 85, §11,
do CPC/2015, apenas quando simultaneamente se apresentarem os seguintes
requisitos: a) decisão recorrida publicada a partir de 18.3.2016, quando entrou em
vigor o novo Código de Processo Civil, b) recurso não conhecido integralmente
ou desprovido, monocraticamente ou pelo órgão colegiado competente, e c)
condenação em honorários advocatícios desde a origem, no feito em que
interposto o recurso (AgInt no AREsp 1137227/SP, Rel. Ministro ANTONIO
CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 14/11/2017, DJe
21/11/2017).

Verificando-se que não estão preenchidos os requisitos, porquanto


a sentença foi prolatada anteriormente à vigência do novo Código de Processo
Civil, é descabida a fixação de honorários de sucumbência recursais.

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