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PÓS-GRADUAÇÃO – DIREITO PENAL III

PROFESSOR DIOGO LOPES

TÍTULO III – DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL

CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE INTELECTUAL
Violação de direito autoral
Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
§ 1o Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por
qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem autorização
expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os
represente:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 2o Na mesma pena do § 1o incorre quem, com o intuito de lucro direto ou indireto, distribui, vende,
expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito, original ou cópia de obra
intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de autor, do direito de artista intérprete ou
executante ou do direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra intelectual
ou fonograma, sem a expressa autorização dos titulares dos direitos ou de quem os represente.
§ 3o Se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou
qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para recebê-la em
um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, com intuito de lucro, direto ou
indireto, sem autorização expressa, conforme o caso, do autor, do artista intérprete ou executante, do
produtor de fonograma, ou de quem os represente:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Informativo nº 0620
Publicação: 23 de março de 2018.
TERCEIRA SEÇÃO
Processo
CC 150.629-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, por unanimidade, julgado em 22/02/2018, DJe 28/02/2018
Ramo do Direito
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Tema
Conflito negativo de competência. Compartilhamento de sinal de TV por assinatura, via satélite ou cabo.
Card Sharing. Convenção de Berna. Transnacionalidade da conduta. Competência da Justiça Federal.
Destaque
Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes de violação de direito autoral e contra a lei de
software decorrentes do compartilhamento ilícito de sinal de TV por assinatura, via satélite ou cabo, por
meio de serviços de card sharing.
Informações do Inteiro Teor

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A conduta assinalada consiste no compartilhamento ilícito de sinal de TV, por meio de um cartão no qual
são armazenadas chaves criptografadas que carregam, de forma cifrada, o conteúdo audiovisual. Tais
cartões são inseridos em equipamentos que viabilizam a captação do sinal, via cabo ou satélite, e sua
adequada decodificação, conhecidos como AZBox, Duosat, AzAmérica, entre outros. Ao que consta dos
autos, uma das formas de quebra das chaves criptográficas é feita por fornecedores situados na Ásia e Leste
Europeu, que enviam, via internet, a pessoas que as distribuem, também via internet, aos usuários dos
decodificadores ilegais, assim permitindo que o sinal de TV seja irregularmente captado. Nesse sentido, de
acordo com o art. 109, V, da Constituição Federal, a competência da jurisdição federal se dá pela presença
concomitante da transnacionalidade do delito e da assunção de compromisso internacional de repressão,
constante de tratados ou convenções internacionais. A previsão normativa internacional, na hipótese, é a
Convenção de Berna, integrada ao ordenamento jurídico nacional através do Decreto n. 75.699/1975, e
reiterada na Organização Mundial do Comércio – OMC por acordos como o TRIPS (Trade-Related Aspects of
Intellectual Property Rights) - Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados
ao Comércio (AADPIC), incorporado pelo Decreto n. 1.355/1994, com a previsão dos princípios de proteção
ao direitos dos criadores. O outro requisito constitucional, de tratar-se de crime à distância, com parcela do
crime no Brasil e outra parcela do iter criminis fora do país, é constatado pela inicial prova da atuação
transnacional dos agentes, por meio da internet. Nesse contexto, tem-se por evidenciados os requisitos da
previsão das condutas criminosas em tratado ou convenção internacional e do caráter de internacionalidade
dos delitos objeto de investigação, constatando-se, à luz do normativo constitucional, a competência da
jurisdição federal para o processamento do feito.
§ 4o O disposto nos §§ 1o, 2o e 3o não se aplica quando se tratar de exceção ou limitação ao direito
de autor ou os que lhe são conexos, em conformidade com o previsto na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro
de 1998, nem a cópia de obra intelectual ou fonograma, em um só exemplar, para uso privado do copista,
sem intuito de lucro direto ou indireto.
Art. 186. Procede-se mediante:
I – queixa, nos crimes previstos no caput do art. 184;
II – ação penal pública incondicionada, nos crimes previstos nos §§ 1o e 2o do art. 184;
III – ação penal pública incondicionada, nos crimes cometidos em desfavor de entidades de direito
público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação instituída pelo Poder
Público;
IV – ação penal pública condicionada à representação, nos crimes previstos no § 3o do art. 184.

TÍTULO IV – DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO


Informativo nº 0507
Período: 18 a 31 de outubro de 2012.
TERCEIRA SEÇÃO
DIREITO PROCESSUAL PENAL. COMPETÊNCIA. CRIME CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO.
Os crimes contra a organização do trabalho devem ser julgados na Justiça Federal somente se
demonstrada lesão a direito dos trabalhadores coletivamente considerados ou à organização geral do
trabalho. O crime de sabotagem industrial previsto no art. 202 do CP, apesar de estar no Título IV, que trata
dos crimes contra a organização do trabalho, deve ser julgado pela Justiça estadual se atingir apenas bens
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particulares sem repercussão no interesse da coletividade. Precedentes citados: CC 107.391-MG, DJe
18/10/2010, e CC 108.867-SP, DJe 19/4/2010. CC 123.714-MS, Rel. Min. Marilza Maynard (Desembargadora
convocada do TJ-SE), julgado em 24/10/2012.
Atentado contra a liberdade de trabalho
Art. 197 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça:
I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria, ou a trabalhar ou não trabalhar durante
certo período ou em determinados dias:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência;
II - a abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho, ou a participar de parede ou paralisação de
atividade econômica:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho e boicotagem violenta
Art. 198 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a celebrar contrato de trabalho,
ou a não fornecer a outrem ou não adquirir de outrem matéria-prima ou produto industrial ou agrícola:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
Atentado contra a liberdade de associação
Art. 199 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a participar ou deixar de participar
de determinado sindicato ou associação profissional:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
Paralisação de trabalho, seguida de violência ou perturbação da ordem
Art. 200 - Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, praticando violência contra pessoa
ou contra coisa:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Para que se considere coletivo o abandono de trabalho é indispensável o concurso de,
pelo menos, três empregados.
Paralisação de trabalho de interesse coletivo
Art. 201 - Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, provocando a interrupção de obra
pública ou serviço de interesse coletivo:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Invasão de estabelecimento industrial, comercial ou agrícola. Sabotagem
Art. 202 - Invadir ou ocupar estabelecimento industrial, comercial ou agrícola, com o intuito de impedir
ou embaraçar o curso normal do trabalho, ou com o mesmo fim danificar o estabelecimento ou as coisas
nele existentes ou delas dispor:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Informativo nº 0507
Período: 18 a 31 de outubro de 2012.
TERCEIRA SEÇÃO
DIREITO PROCESSUAL PENAL. COMPETÊNCIA. CRIME CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO.

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PÓS-GRADUAÇÃO – DIREITO PENAL III
PROFESSOR DIOGO LOPES
Os crimes contra a organização do trabalho devem ser julgados na Justiça Federal somente se
demonstrada lesão a direito dos trabalhadores coletivamente considerados ou à organização geral do
trabalho. O crime de sabotagem industrial previsto no art. 202 do CP, apesar de estar no Título IV, que trata
dos crimes contra a organização do trabalho, deve ser julgado pela Justiça estadual se atingir apenas bens
particulares sem repercussão no interesse da coletividade. Precedentes citados: CC 107.391-MG, DJe
18/10/2010, e CC 108.867-SP, DJe 19/4/2010. CC 123.714-MS, Rel. Min. Marilza Maynard (Desembargadora
convocada do TJ-SE), julgado em 24/10/2012.
Frustração de direito assegurado por lei trabalhista
Art. 203 - Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do trabalho:
Pena - detenção de um ano a dois anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
§ 1º Na mesma pena incorre quem:
I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de determinado estabelecimento, para impossibilitar o
desligamento do serviço em virtude de dívida;
II - impede alguém de se desligar de serviços de qualquer natureza, mediante coação ou por meio da
retenção de seus documentos pessoais ou contratuais.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante,
indígena ou portadora de deficiência física ou mental. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998)
Informativo nº 0258
Período: 29 de agosto a 2 de setembro de 2005.
SEXTA TURMA
COMPETÊNCIA. CRIME. ORGANIZAÇÃO. TRABALHO.
O fato tido por criminoso resumiu-se, grosso modo, no aliciamento de trabalhadores, transportando-os,
de forma precária, de um local a outro do território nacional (art. 207 do CP), na proibição de desligarem-
se do serviço em virtude das dívidas contraídas pela compra dirigida de mercadorias em estabelecimento
comercial da própria contratante, bem como pela retenção de suas carteiras de trabalho (art. 203, § 1º, I
e II, do mesmo código). Diante disso, a Turma, ao prosseguir o julgamento, lastreada em precedente, firmou,
de ofício, a competência da Justiça comum estadual para processar e julgar a ação penal intentada, declarou
nulos os atos decisórios praticados pela Justiça Federal, na qual foi inicialmente ofertada a ação, e concedeu
a ordem de habeas corpus. Isso se deveu ao fato de que houve, sim, ofensa endereçada a trabalhadores
individualmente considerados, o que não é afastado em razão de a denúncia tratar, também, do art. 207 do
CP. Note-se que, por se cuidar de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido e regular da ação
penal, a questão da competência pôde ser conhecida de ofício, sem influência o fato de não ter passado pelo
crivo da instância a quo. Precedente citado: RHC 15.755-MT, DJ 17/2/2005. HC 36.230-PE, Rel. Min. Nilson
Naves, julgado em 31/8/2005.
Frustração de lei sobre a nacionalização do trabalho
Art. 204 - Frustrar, mediante fraude ou violência, obrigação legal relativa à nacionalização do trabalho:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
Exercício de atividade com infração de decisão administrativa
Art. 205 - Exercer atividade, de que está impedido por decisão administrativa:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
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Aliciamento para o fim de emigração
Art. 206 - Recrutar trabalhadores, mediante fraude, com o fim de levá-los para território estrangeiro.
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
Aliciamento de trabalhadores de um local para outro do território nacional
Art. 207 - Aliciar trabalhadores, com o fim de levá-los de uma para outra localidade do território
nacional:
Pena - detenção de um a três anos, e multa.
§ 1º Incorre na mesma pena quem recrutar trabalhadores fora da localidade de execução do trabalho,
dentro do território nacional, mediante fraude ou cobrança de qualquer quantia do trabalhador, ou, ainda,
não assegurar condições do seu retorno ao local de origem.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante,
indígena ou portadora de deficiência física ou mental.
Informativo nº 0258
Período: 29 de agosto a 2 de setembro de 2005.
SEXTA TURMA
COMPETÊNCIA. CRIME. ORGANIZAÇÃO. TRABALHO.
O fato tido por criminoso resumiu-se, grosso modo, no aliciamento de trabalhadores, transportando-os,
de forma precária, de um local a outro do território nacional (art. 207 do CP), na proibição de desligarem-
se do serviço em virtude das dívidas contraídas pela compra dirigida de mercadorias em estabelecimento
comercial da própria contratante, bem como pela retenção de suas carteiras de trabalho (art. 203, § 1º, I
e II, do mesmo código). Diante disso, a Turma, ao prosseguir o julgamento, lastreada em precedente, firmou,
de ofício, a competência da Justiça comum estadual para processar e julgar a ação penal intentada, declarou
nulos os atos decisórios praticados pela Justiça Federal, na qual foi inicialmente ofertada a ação, e concedeu
a ordem de habeas corpus. Isso se deveu ao fato de que houve, sim, ofensa endereçada a trabalhadores
individualmente considerados, o que não é afastado em razão de a denúncia tratar, também, do art. 207 do
CP. Note-se que, por se cuidar de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido e regular da ação
penal, a questão da competência pôde ser conhecida de ofício, sem influência o fato de não ter passado pelo
crivo da instância a quo. Precedente citado: RHC 15.755-MT, DJ 17/2/2005. HC 36.230-PE, Rel. Min. Nilson
Naves, julgado em 31/8/2005.
TÍTULO V – DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS

CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO
Ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo
Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou
perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da
correspondente à violência.

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PROFESSOR DIOGO LOPES

CAPÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS
Impedimento ou perturbação de cerimônia funerária
Art. 209 - Impedir ou perturbar enterro ou cerimônia funerária:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da
correspondente à violência.
Violação de sepultura
Art. 210 - Violar ou profanar sepultura ou urna funerária:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Destruição, subtração ou ocultação de cadáver
Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Informativo nº 0283
Período: 2 a 5 de maio de 2006.
QUINTA TURMA
LATROCÍNIO. AUSÊNCIA. LAUDO. CORPO DE DELITO. OCULTAÇÃO. CADÁVER.
Cuida-se de habeas corpus de paciente preso e condenado pela prática dos crimes de latrocínio e ocultação
de cadáver, alegando demora no processamento do REsp no Tribunal a quo. Pleiteia a absolvição, pois não
houve corpo de delito que comprove a materialidade dos delitos. Para a Min. Relatora, infere-se, da
sentença condenatória, fundamentadamente, que se amparou no conjunto probatório colhido na ação
penal, confissão do réu com detalhes, testemunhas, etc. Outrossim, a ausência de laudo de exame de
corpo de delito devido à ocultação do cadáver da vítima não tem o condão de conduzir a conclusão de
inexistência de provas da materialidade do crime, quando, nos autos, há outros meios de prova capazes
de convencimento da ocorrência do crime. Ademais, a eventual demora do REsp para juízo de
admissibilidade, aguardando, somente, as contra-razões do MP não representa constrangimento ilegal, pois
sua prisão é decorrente da confirmação, pela instância ordinária, de sua condenação em apelação criminal.
Precedentes citados: HC 39.778-ES, DJ 30/5/2005, e HC 36.309-RJ, DJ 13/12/2004. HC 51.364-PE, Rel. Min.
Laurita Vaz, julgado em 4/5/2006.
Vilipêndio a cadáver
Art. 212 - Vilipendiar cadáver ou suas cinzas:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

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