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TOSTES MALTA

DO
FLAGRANTE
DELICTO
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RIO DI! .JANEIRO

1930

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SUMMARIO
I

Etymologia. Conceito do flagrante


1- Etymologia. 2 - Flagrans Vesuvus (PLINIO). Flagrantia osculo (HORA-
CIO). 3 - Calor da seção (ORTOLAN).4 ~ Conceito do flagrante (NOGENT-
SAINT-LAURENTS).5-Conceito de MANFREDo PINTO. 6 -Conceito de PUGLIA.
7 - Jurisprudencia. Trib. da ReI. do Ceará. 8 - Trib. da ReI. de Minas.

II

Traços histeríeos
9 - Legislação mosaíca. 10 - Entre os romanos. Lei das XII Taboas. 10·A
- Lei decemviral. Furtum nanifestum e furtum nec manifestum (duplo e quadru-
plo) 11 - Razão da differença da penalidade. li-A - Commentario de
ORTOLA,N.Las Siete Partidas. Garoline (CHARLES V). India. 12 - Divergencia
sobre o conceito do furto manifesto. Quatro opiniões. Conceito das Institutas.
13 - God. de raptu virginum. Morte do raptor. H -'-Quando occorria a fla-
grancia, 14-A - Effeito principal. 15 - Anno 595 (Dec, de CHILDEBERTO).
16-Edade média. 17 -Justificativa da intervenção de particulares (Legi-
tima defesa). 18 - Egypto. 19 - Ordenança de Felippe VI (1338). 20 - Sec.
XVI - Faculdade dos juizes. 21 - Casos de flagrante.

lU

Legislação francesa e italiana


22 - França (O [oreiactum). 23 - Ordenança criminal de Luiz XIV (1670).
Llli do 16-24 de Setembro de 1791. Desnecessidade de testemunhos. Mandat
d'tlmener. Obrigação de prender em flagrante delicto. 25 - Instrucções de 29
tio lietomuro de 171:)1. Priaão em flagrante - Interesse da sociedade. Equiva ..

_--,--",í
-VI - - VII-

lentos no flagrante. Justificação. 26 - Codigo de Brummaire (1794). Art. 63. doa. 69- Justiça ecclesiastica. 70 -Doutrina de HÉLIE e de SALUTO.Persegui-
27 - Eselarecimento de ORTOLAN.28 - Projecto do Codigo de Instrucção Cri- ção material. Fama publica. Notoriedade publica. 71- Distincção de GAR-
minal. Controvcrsia (art. 41). Tempo proximo ao delicto. Termo de 24 horas. ll.AUD.O clamor. O rumor e a notoriedade. 72 - Existeneia de uma só teste-
Proposta de CAMBACERES.29 - Art. 41. (Redacção final). 30 - Commentario munha ou do offendido apenas. 73 - Noção de ACHILLES MORIN. 74 - Lição
do GARRAUD.Verdade [udieiaria. Applieação da definição. Arbítrio do juiz. de NlOOLINI. 7:5- Conceito de ROMEIRO. 76 - Commentario de JOÃo MENDES.
3O·A - Sentido da expressão-tempo proximo ao delieto. Lei de 1863. Lei de Clamor sem pserseguição material. 77 - Appheação do ensinamento de João
1í\97. Phase policial. Limite - 48 horas. 31- Commentario de VIDAL.32 - No- MENDES. Codigo do Processo Criminal do Piauhy (art. 79, § unico), 78 - Codi-
ção de FAUS'l'INE'l' HÉLIE. 33 - Lei de 20 de Maio de 1863. Simplificação do go do Processo Criminal do Paranã (art. 98). 79 - JURISP. 3." Vara Crimi-
processo. Comparecimento immediato ao Tribunal. 34 - Lei de 27 de Maio de nal. 80 - Côrte de App. Significação relativa do clamor e influencia do local.
lS55 (Relegação). 35 - Ordenança de 23 de Novembro de 1820. (Service de la lnteru;idade. Exigencia da lei. Numero de peSSOM Definição de CAMILLE
Cendarmcric), 36 - Sentido das instrucções da lei (OR'l'OLAN).37 - Codigo SOUFFLIER. Significação do grito. 81 - Sup. Trib. Fed.
sardo-italiano (1859-65) - Art. 47. 38 - Commentario de PUGLIA. A expressão
poco prima. 39 - Perseguição do offendido, 39-A - Vizinhança de logar (Co- VI
digo de Nápoles - 1819 -'- art, 50).
Legislação portuguesa
IV

Casos de assimilação - Quasi flagraneia 82 - Alvará de 25 de Setembro de 1603. Procedimento nos arroidos. Per-
seguição continua. 83 - Os praxistas, 84 - FERREIRA. Assemclhação. 85
- MORAES. 86 - PEREIRA E SOUZA. 8'1 - Definição de TEIXEIRA DE
40 - Legislação napolitana (1808). Qúasijlagranza. Reitá manifesta. 41 -
MAGALHÃES.88 - Reforma judiciária do Porto.
Dolicto flagrante (GARRAUD). 42 - Pandectes Belçee. 43 - ORTOLAN.Certeza
do delieto e certeza do culpado. 44 - Distineção de GAROFALO. 45 - Com-
mentario de JóÃo MENDES. 46 - Outras modificações de GAROFALO. Prisão VII
dos mendigos, vadios, vagabundos, ete. 47 - Distincção nas leis francezas.
48 - Codigo de Instrucção Criminal- Artigo 106. 49 - Art. 46. Requisição L egislação brasileira
do chefe da casa. 50 - Supposição de gravidade (TREDUTIEN). 51- Porque se
manteve a excepção do arco 46 (LocRÉ). 52 - Assemclhação desnecessaria 89- Decreto de D. Pedra I (23 de Maio de 1821). 90 - Constituição do
(João MENDES). 53 - Casos em que os procuradores podiam ordenar a prisão. Imperio (Art. 179, § 10). 91- Lei de 30 de Agosto de 1828. Definiçãodo fla-
grante. 92 - Codigo do Processo Criminal (1832). Art. 131. 93 - Interpretação
V de JOÃo MENDES. 94 - De GALDINO SIQUEIRA. 95 - Regulamento n.v 120
(1842). Art. 114 (Ampliação do art. 131 do Codigo do Processo Criminal).
o clamor publico 96 - Lei 2.033 (1871). Art. 13, § § 1.0 e 2.°.97 - Dec. 4.824 (1871). Art. 33,
§ 1.0. Processo do flagrante. Fiança. Art, 36. Art. 49. 98-Dec. 3.084 (1898)-
54 - Primeiras íõrmas da acção penal. Clamor publico. 55 - Entr6 os vi- Justiça Federal (Art. 76) .. 99 - Constituição da Ropublioa. Art. 72, § 13.
fligodos. 56 - Em Roma. A Quiritalio. 57 - Entre os normandos. O Haro. 100 - Commentario de CARLOSMAXIMILIANO. Amplitude conferida ao legisla-
58 - Commentario de KENNY. O torto Transformação de um tort em um ver- dor ordinario. 101 - JURISP. (Côrte de App.). Tolerancia do abuso. 102 - Lição
dudciro delicto. 58·A - Influencia no direito inglez (MITTERMAIER). 59 - Entre de João MENDES. Qualificação de um facto; Ponto em que o pro-
OI! francos. 60 - Edicto do Parlamento de Paris (1724). 61 - Em Inglaterra cesso penal é inseparavel do direito penal. 103 - Ensinamento de GALDrNO
(lIuc and cry). Direito de arrombar portas. 62 - Em Portugal (cum rancura- SI~UEIRA (derrogação do direito commum), 104 - Má interpretação
sine mncura). 63 - Foral da villa de Touro. 64 - Multas para os peões. tiO art. 65, n.o 2 da Constituição Federal. 105 - Os casos de flagrante só
65 - Acçito sine ranCltra. 66 - O flagrante nos primeiros tempos da monar- podem ser fixados pelo direito substantivo. 106-Competencia dos Tribunaes dcs
chia portuguesa, Nota de JosÉ VERIBSIMO.67 - O~ quadrilheiros (Bec, XIV). Estados. Ata. 59--60, § 2.° da Constituição. Obediencia ao Supremo Tribunal. 107
88 - Ordeuação (L. I. 'fito 63). Regulamento de 12 de Março de 1603. ÜI! arroi- -CoDllequencia. do a.rt. 20, Competencia do Sup. Trib. Fed. 108 -- Unidade de
- VIII- -IX-

interpretação. 109 - Julgado da Relação de Ouro Preto. 110- Commentario de te da mulher e do adultero. Marido peão (Excepção). O Codigo anterior.
PAULA PESSOA. Nullífícação da lei. 111- Jurisprudencia do Sup. Trib. Fed. .. Commentario de JoÃo VIEIRA. A expressão - flagrante delícto no Codigo
em 1912. 112 - Codigos do Processo Penal dos Estados. Terceiro caso (Influ- Penal. S6 se applica ao caso in faciendo. Intelligencia da lei. Natu-
encia do Codigo Italiano). 113 - Pará (art. 43). 114 - Parahyba (art. 37). reza do delícto de adultério (CHAVEAU ET HÉLIE). Doutrina acceita,
115 - Sergipe (art. 26). 116 - Rio Grande do Norte (art. 62). 117 -Piauhy 147-A - Codigo Penal Francez. Commentario de GARRAUD.148 - JURISP.ita-
(art, 79). 118- Espírito Santo (art. 168). 119 - Estado do Rio (art. 556). liana. 149 - Art. 407. 150 ~ Codigo do Processo Penal (art , 4, n.v I).
120 - Santa Catharins (art. 1.936). 121 - Minas Geraes (art, 92). 122 - Dis- Dec. 3.084 (art, 38).
tricto Federal (artigo 94). 128-JURISP. (Cõrte de App.), Desharmonia com o X
texto constitucional. 124 - Influencia da legislação italiana nos codigos do
Rio Grande do Sul e Goyaz. 125 ~ Codigo provisorio de Goyaz (1892). 126 O flagrante no Codigo de Menores
- Lei 231, de 1901. Art. 139. 127 - Codigo do Processo Penal do Rio Grande
do Sul. Art. 187. 128 - JURISP. (Sup. Trib. do R. G. do Sul) Adopção do 151- Codigo de Menores. Art.86, § 1.0- Procedimento da autoridade.
conceito do Codigo do Processo Penal Italiano. Tempo proximo ao delicto. § 2.° - Guarda do menor. § 3.° - Prisão separada. 152 - Commentario da
Variabilidade das circumstancias. Arbitrio dos juizes. Condemnação do praso DRA. BEATRIZSOFIA MINEIRO. Tratamento dos menores. Inconveniencia da·
de 24 horas. Lição de Saluto. 129 - Regulamento da Conferencia Penal e Peni- prisão. Substituição da pena pela educação. Escolas. Absolvição pelo jury.
tcnciaria Brasileira. Postulado 16 (IV secção). Prisão em flagrante do receptador. Consequencia prejudicial, A regeneração. 153 - Processo. Art. 169. § 2.°
(o auto). Art. 175 - Julgamento independente de denuncia.
VIII
XI
Prisão em flagrante dos membros do Legislativo
O flagrante no Codigo da Justiça Militar
130 - Constituição Federal (art. 20). 131 - Regimento interno da Cama-
ra dos Deputados (art. 9, § § 4.° e 5.°). 132 - Commentarios de CARLOS 154 - Codigo da Justiça Militar. Art. 147 - Prisão em flagrante. § 1.°-
MAXIMILIANO.Excepção unica. Liberalidade da Constituição. Crime grave. Apresentação do preso. O auto. § 2.° - Prisão. Corpo de delicto. Busca. Praso
Flagrante forjado. Interpretação pelo Judiciario. Conflicto de exegese. Commu- para remessa dos autos. Art. 148. Nota de culpa. 155 - Nota de PAULA
nicação do facto á Camara. Pedido de licença. Processo. A falta de licença PESSOA.Prisão do militar por qualquer cidadão.
implica nullidade do feito. Autorização unica. Attribuições da Camara (Inter-
ferencia no processo). O Congresso não está adstricto á prova dos autos. XII
Prisão antes de obtida a cadeira. Immunidade parlamentar. Renuncia da O flagrante no processo penal brasileiro
prerogativa. 133 - Em França (Constituição de Frimaire e Codigo Penal).
134 - Lei de 16 de Julho de 1875 (art. 14). 134-A - Doutrina de EISMEN.135- 156 - Prisão em flagrante nos diversos códigos estadoaes. Semelhança
Constituição Belga (art. 45). 136 - Legislação italiana (SANTI ROMANO). de disposições 157 - Cod. do Proc. Penal do Districto Federal. Art.
136-A- JURISP. italiana. Exigencia do consentimento da Camara. 137 - Con- 94. 158 - JURISP. Pedido do offendido e exercicio da acção publica.
travenção, 138 - Contravenção 159 - Qualquer p6de prender (AYRAuLT). 160 - Tirada do preso
IX das mãos de quem o prendeu - Pena de resistencia. 161 - O que
se deve entender por qualquer pessoa. 161-A - Arrestation spon-
O flagrante no Codigo Penal tanée. 162 - JURISP. (Sup. Trib. Fed.). Prisão pelo offendido. 163 - Sup.
Trib. Fed. Quando occorre o flagrante. 164 - Sup. Trib. Fed. Soltura do réo.
139 - Codigo Penal. 140 - Art. 199, § 3.° (Entrada em casa alheia). 165 - Sup. Trib. Fed. Encontro de instrumentos proprios para o crime (Joâo
141 - Constituição Federal, art. 72, § 11 (Inviolabilidade do domicilio). MENDES). 166 - Sup. Trib. de Just. do Ceará - Prisão oito horas depois do
142 -Codigo do Processo Penal, art. 117. 143-Codigo Penal, art. 35, § 1.° (Legi- crime. Prisão quando o culpado vendia o objeeto do crime. Codigo do Processo
tima defesa). 144- Nota de CARLOSMAXIMILIANO.145 - JURISP.146 - Art. do Ceará. Conceito de PIMENTABUENOe de OLEGARIOHERCULANODE AQUI-
280 (Adultério). 147 - Commentario de GALDINO SIQUEIRA. Ordenação. Mor, NO 1Il CASTRO.Critica de AUGUSTOVAZ. Encontro de objectos, armas e instru-
-XI-
-x-
Prova do auto. Perseguição continua e ininterrupta. Dcsnecessidade de teste-
mentos. A presumpção não autoriza a prisão. 167 - Trib. da ReI. de Minas. munhas presenciaes. Finahdade do auto. Intelligencia da lei. 215 - Codigo de
Conceito legal, 168 - Trib. Sup. de Just. da Bahia. Não deve haver solução de Instrucção CriminalFrancez (art. 2. o). 216-Projecto de reforma. Prisão ordenada
continuidade. 169 - Côrto de App. - Confissão do crime. 170 - Trib. de Just. pelo procurador. 217 - JURISP.Conducção por outra pessoa, 218 - Artigo 94,
do E. Santo. Vizinhança do tempo e do logar. 171- Sup. Trib. Fed. Logar do § 4.0. Recusa ou impossibilidade do réo em assignar o auto. 219 - Lei n. 02.033.
crime. 172 - Côrte de App. Conceito da fuga. 173 - Art. 94, § 1.0. Apresenta- 219-A - Parecer do DR. JORGE AMERICANO(§ 4.°). Erro de interpretação.
ção do preso. Auto de flagrante. 174 - Direito Romano. Regra geral 175 - Ex- 220 - JURISP.(Côrte de App.). Réo analphabcto. Assistencia de testemunhas.
eepção (flagrans C1'imen). Comparecimento deante do juiz. 176 - Ordenações Omissão sem prejuizo para o réo. Reinquirição das testemunhas (art. 490, § 2. 0
).

Menoelinas e Philippinas. Exigencia do comparecimento. 177 - Alvarã de 9 de 221- Voto vencido de GALDINOSIQUEIRA. Intelligcncia do § 4.°. Interven-
Setembro de 1608. 178 - Codigo do Processo Criminal de 1832. Art. 132.179- ção das testemunhas. Razão da lei. Réo analphabeto. Assignatura de duas
.JURISP. (Sup. Trib. do R. G. do Sul). Efficacia juridica do auto. 180 - Sup. pessoas idoneas. Suggestão aberta. Suggestões cobertas. Assistcncia das teste-
Trib. Fed. Prisão legal - Auto de flagrante. 181 - Côrte de App. Auto presi- munhas e sua eonstatação. Requisito constatado sem menção explícita. Pre-
dido por delegado designado para auxiliar outro. 182 - Sup. Trib. Fed. Auto- sumpções. Principio de direito formal. Invulidade do auto em que não consta
ridade competente e fórma regular. 183 - Sup. Trib. Fed. Auto lavrado por expressamente a assisteneia de duas testemunhas. Arguição da falta. Nullida-
escrivão ad-hoc. 184 - Sup. Trib. Fed. Compctenoia dos commissarios na des em processo criminal. 222 - Trib. da ReI. de Minas. Falta de assigna-
ausencia do delegado. 185 - Côrte de App. Jogo do bicho. Falta de assigna- tura das testemunhas prosenciaes. 223. Art. 95 - Facto praticado em pre-
tura. Formalidade substancial. 186 - Sup. Trib. de Just. do Maranhão, Prova sença da autoridade 224 - Legislação anterior. 225 - JURISP. Trib. da
do flagrante. Auto sem formalidades. 187 - Sup. Trib. Fed. Formalidades do ReI. de Minas. Infracção commettida em presença da autoridade. 226-
. euto e requisitos legaes. 188 - Trib. da ReI do Rio de Janeiro. Compromisso. Art. 96 - Falta de autoridade no logar. 227 - Art. 97. Casos em
189 - Sup. Trib. Fed. Declaração da victima em primeiro logar. Falta de que o réo se livra solto. 228 - Legislação anterior. 229 - Art. 98.
compromisGo. 190 - Sup. Trib. Fed. Compromisso. 191 - Trib. da ReI. de Nota de culpa. 230 - Art. 244. Incumbencia da autoridade policial.
Minas. Validade do auto quando os depoimentos são tomados sem compromisso. 231 - Constituição Federal (art. 72, § 16). 232 - JURISP. Côrte de
192- Côrte de App. Compromisso. 193 - Trib. da ReI. de Minas. Compro- App. Auto de flagrante e nota de culpa. 233 - Sup. Trib. do R. G.
misso. Logar e hora da infracção. 194 - Trib. da ReI. de Minas. Dia e logar do Sul. Dispensa da nota de culpa. 234 - Artigo 99. Mal maior e legitima defe-
do delicto. Declarações sem compromisso. 195 - Trib. de Just. de Pernambu- sa. Liberdade provisória. 235 - Nota de CANDIDO MENDES.236 - Regula-
co. Compromisso. Preterição de formalidades substanciaes. 196 - Trib. Sup. mento da Conferencia Penal e Penltenciaric G'ostulado 16--IV secção). Termo de
de Just. do E. Santo. O tempo da prisão deve constar do auto. 197 - Trib. comparecimento. 237 - Art. 132. Fiança. 238 - Lei de 1831. 239 -Dec. 4.824.
da ReI. de Minas. Momento c modo da prisão. 198 - Sup. Trib. Fed. Menção 240 - Art. 241. Investigação. Remessa dos autos á autoridade competente.
das circumstancias ossancíaes. 199 - Sup. Trib. Fed. Arguições - base do 241- Dec. 5.515, de 1928 (Inquerito policial). Art. 19 e § unico. 242 - Dec.
interrogatorio. 200 - Trib, da ReI. de Minas. Lavratura do auto. 201 - Sup. 6.440, de 1907. 242-A - JURISP. Côrte de App. Praso para remessa dos autos.
Trib. Fcd. Lavratura do auto. 202 - Sup. Trib. Fcd. Lavratura do auto. 243 - Côrte de App. Remessa dos autos - praso excedido. Praso para a denun-
203 - Sup. Trib. Fcd, Lavratura do auto. 204 - Sup. Trib. do R. G. do cia. 244 - Côrte de App. Excesso do praso. 245 - Côrte de App. Exigencia
Sul. Auto lavrado dias depois. Validade - assignatura do réo. 205 - Sup. da lei. Sua inobservancia.
Trib. Fed. Lavratura do auto. 206 - Art. 94, § 2.0• Liberdade. Fiança. XIII
Competcncia da autoridade. 207 - JURISP. (Côrte de App.). Interpretação do
§ 2.0• Competencia
de 1832, art. 133. 2G8 -
da autoridade. 207-A Codígo do Processo Criminal
Duas hypothesos (§ 2.°). Importancia. Co-
o flagrante nas contravenções
digo do Processo Penal- art, 22. Praso para a denuncia. 209 - JURII!P. (Cod. do Proc. Penal do Dist. Federal)
(Côrte de App.), Excesso do praso para a denuncia. 210 - Dec. 3.084.
Art. 48. 211- Art. 94, § 3. Lavratura do auto sem testemunhas presen-
0•
246 - Contravenções. Art.483. Lavratura do auto. 247 - Art. 658. Teimo
cines. 212 - Consulta ao Ministro da Justiça. Lavratura do auto e recusa substancial. 248 - Lei n.s 628 (art. 6.°, § 2.°). 249 - JURISP.Côrte de App.
das testemunhas. Falta de testemunhas. Parecer. Procedimento contra as tes- Depoimento de uma só testemunha. 250 - Côrte de App. Auto lavrado por
temunhas que se recusam. A falta dc testemunhas não impede a lavratura do pessoa incompetente. 251 - Côrte de App. Nullidade do auto lavrado por
auto. 213 - Rovisão n.s 2.280. 214 - Commentario de CANDIDOMENDES
·'·::~:~'f"l':'"~·"'>."",,,"'W''''·"'·'

- XII-

pessoa incompetente. 252 - Côrte de App. Auto sem assignatura das testemu-
nhas em numero legal. 253 - Art. 485. Remessa dos autos ao pretor. 254-

1:uRISP. Côrte de App. Excesso do prazo. 255 - Côrte de App.Demora não
justificada. 256 - Art. 486. Arrecadação e deposito dos objectos eu valores.
275 - Lei n.v 628. 258 - Art. 489. Procedimento do pretorvAudiencia do Mi-
nisterio Publico. § 1.0. Liberdade docontraventor.

XIV

Flagrante permanente
259 - Flagrante permanente. Prisão. 260 - Vagabundagem e deserção.
ORBAN) 261 - Casos typicos. Exemplificação. 262 - Vadiagem. Cod. Penal
- art. 399. 263 - Caracterização. 264 - Habitualidade. 265 - Delicto de
habito. Repressão (GARRAUD). 266 - JURISP. Conceito (BURLE DE FIGUEI-
REDO). 267 - Praso para novo processo. 268 - Sup. Trib. Fed. Conceito da
deserção. 269 - Persistencia do estado delictuoso. 270 - Prostituição. Con-
ceito falso. 271- JURISP. Trib. da ReI. de Minas. 272 - A prostituição não
é classificada como delicto (VICENTE PIRAGrl3E). 273 - Lenocinio. 274 - Final.
DO FLAGRANTE DELICTO

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I

Etymologia.Coneeito do flagrante

1. Flagrante vem do latim -jlagrans Etymologia


(ardente, queimante). Flagrare tem a mesma
raiz do verbo grego - phleg6,ou seja, a do
sanskrito -' bhrag (queimar).
2. Nesse sentido, PLINIO dissera: - jla- Flagran8 V"1I'''.
(PLINIO)
gransVesuvus, e, em sentido figurado,o grande Flagrantia 08011/0

HORACIO: -jlagrantia osculo. (HoBAeIO)

3.-Esta idéa do fogo, da chamma - diz Calor da acçtl:o


(ORTOLAN)
ORTOLAN, se encontra como raiz de mais de
uma locução, e nós usamos da mesma imagem
quando dizemos: "No fogo, no calor da acção".
4. Assim, flagrante delicto significa o Conceito do fl••-
grante
delicto ainda queimante, o momento mesmo (N OGENT - SAINT-
LAURENTII)
da perpetração - a plena posse da evidencia,
a evidencia absoluta, o facto que acaba de
commetter-se, que acaba de ser provado, que
foi visto e ouvido e, em presença do qual,
seria àbsurdo ou impossivel negal-o (N OGENT-
S~tNT-LAUREN'is).

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...x -
I~.
-18 - -19-

Oonoeito de 5. -« ,E l'interesse scaturisce dalla im- 7. A certeza de quem seja o delinquente JURISPRUDIlNCIA
(T, da ReI. Ceará)
MANrRIlDoP,Nro
mediata constatazione del reato e del reo, é o que constitue o objecto principal, senão
che si ha in virtü della sorpresa in flagranza; unico do flagrante delicto (Trib. da ReZ.
constatasione, che assume una singolare forza do Ceará - Aee. de 20-XI-1917 - Rev. do
Sup. Trib., vol. 18, pago 516).
pro,bante, non solo perchê si resolve nella
percezione immediata del fatto; e perõ ê quasi 8. O flagrante é a certeza visual do crime (T, da ReI. Minas)

rimossa ogni possibilitã di errore o di equi- (Trib. da ReZ. de Minas - Aee. de VI-1927
- Areh. Jud. vol. 3.°) pago 63).
voco; ma anche perchê ê falta da chi, per es-
sere investito di speciali funzioni nei riguardi
della persecusione del reato, dà affidamento,
piü che d'idoneità, d'imparaialitã. E sono
queste speciali funzioni messe in moto dalla
fIagranza del : reato, che distinguono cosif-
fatta constatazione immediata deI reato dalla
cosi detta testimonianaa di vista » (MAN-
F'REDO PrNTo).

Conoeito
PUG-LIA
de 6. -« La sorpreza in .flagranza ê da
considerarei anco come uno dcgli atti o Iatti,
coi quali ha ineominciamento il processo pe-
nale. Essa importa sorpresa del delinquentc
nel momento in cui commette il fatto o in
tempo vicino alla consumaaione. Tre sono i
concetti fondamentali racchiusi nella fla-
granza, quello riguardante il tempo, I'altro Ia
conoscenza altrui; ilt~rz(l Ia constatazione o
Ia prov«; Onde rçâtoj'lagrdnte significa reato UNlnRSIDnOE CATOuCA
BIBU'':::TECA CENTRAL..
che si commetteattualrneftte, reato che ê co-
nosciuto neI momento della sua consuma-
zione, e che risulta provato da testimoni, i
quali dichiarano di aver veduto » (PUGLIA).
/

II

Traços hístoríeos

9. A differença entre a prisão effectuada : Leg. mosaíee

em flagrante e aquella que o não era, já çxistia


na legislação mosaiea: somente em caso de
flagrante delicto o indioiado podia ser preso
antes de comparecer perante o tribunal para
sua defesa e julgamento, porque não se co-
nhecia a prisão preventiva.
10. Entre os romanos, o jlagrans crirnen Entre os roma-
nos (Lei da. XII
fôra considerado na Lei das X,JI Taboas, que Taboas)

consentia no exterminio dos ladrões presos


('1l1 flagrante - á noite a qualquer hora, e,
de dia, si resistissE/m, com armas, á prisão.
10-A. A lei decemviral differenciava o L ei decemviral
Furtum manije.-
furto manifesto do não manifesto, punindo tum e lurtum nec
mllniJe.tum
t'Hte com o duplo e aquelle com o q:uadruplo (duplo e quadru-
pIo)
do valor do objecto.
11. E' facil eomprehender a razão da Ra a ão da dif-
ferença da pena-
diíferença da penalidade: - a evidencia do lidade

"rime e do seu autor acarretava um maior


-22- - 23-

alarme social ou - consoante a doutrina etima, quando surprehendidos - in ipsa ra-


antiga - um maior desejo de vingança. pina et adh:uc jlagranti erimin»,
11,A. Mas, não só no direito romano 14. A flagrancia occorria em dois casos: Quando occorría
a flagraneia
existe esta differença, como se póde ver em - quando o delinquente estava commettendo
ORTOLAN: o delicto, e quando tinha acabado de com-
Comment. de - ~ La différence du droit romain, du metel-o (dum jit deprehenditur - eo loco de-
ORTOLAN
quadruple et du double, se retrouve en Es- prehenditur ubi jit).
La« Siete Partida. pagne dans Las Siete Partidas d' Alphonse le
Sage, et en Allemagne dans Ia Caroline ou 14-A. E o seu effeito principal era auto- Effeito principal
Caroline
(cn. V)
Constitution criminelle de Charles-Quint. rizar a prisão do accusado sem decreto ju-
Enfim, si l'on cherchait eu des civilisations dicial e admittir o processo ex-officio e o
différentes et plus anciennes, toujours cette julgamento sem libello accusatorio.
agravation de peines contre 18 eoupable pris 15. No anno 59'5, um decreto de CHIL- Anno 595 (Dec. de
en flagrant délit apparaitrait par quelque DEBERTO estatuiu, no Capo VI, que o culpado
CUILDEBERTO)

point; on Ia retrouvera jusque les lois an- só podia ser preso por iniciativa do offen-
Indía tiques de l'Inde. » dido, que o devia conduzir deante do juiz, ou
Dívargencia sobre 12. Mas, já aqui divergiam os [uriscon- por ordem deste.
° furto manifesto
sultos, e quatro opiniões se nos apresentam 16. Na Edade Média - tornando-se mais E. MNlia
sobre o conceito e a extensão do furto mani- social o conceito da penalidade-- em qualquer
festo: pessoa foi reconhecido o direito de prender o
4 opiniões I - O ladrão deve ser preso no momento criminoso surprehendido em flagrante.
em que commette o furto;
II - E' sufficiente que o seja no local; 17. Justifica-se a intervenção de parti- Justifica Uva da
intervenção de

Conceito das III - Considera-se preso em flagrante eulares nesses casos, pelo "droit de légitim{~ particulares

Lnstitutae
o ladrão que o foi em qualquer logar, mas tra- défense de soi-même ou d'autrui", de que (Legitima defesa)
zendo ainda comsigo o furto, antes de o ter fala ORTOL."N.
levado para o local desejado (Inst. Justi- - De facto, o direito de prender o cul-
niano, L. 4, tit. 1 § 3.°); pado c de entregal-o á autoridade, faz parte
IV - Ainda ha flagrancia quando o la- dcstu legitima defesa ou deste legitimo 80C-
chão - não importando o tempo e o logar- corro, porque é o meio effioaz de impedir a
é apanhado com o objecto do furto. «ontínueção do mal que o culpado começara
li. praticar (V. 11S. 24, 25, 159, 160 e 161).
Cod. de raptu vir- 13. A Lei I - Cod. de rapiu virginum -
U1"num
estabelecia que o raptor e o seu eumplice po- 18. No Egypto, a lei obrigava as teste- ElIYpto

Morte do raptor diam ser mortos pelos paes ou tutores da vi- munhus de um crime H. provar que o não pu-

~
-24-

deram impedir, nem prestar soccorro á vi-


ctima.
Ordenança de 19. Em 1338, uma Ordenança de Fn-
F VI (1338)
LIPPE VI prohibia qualquer prisão não pre-
lilLIPPE

cedida de formalidades legaes, a menos que


se tratasse de flagrante: - irrejragabili pro- lU
hibemus édicto, ne senescalli, aut quicumque
alii jus#jiciarii nostri, quemcumque nobilem
aui alium capiant, pro quocumque delicto, nisi
in jacto praesenti, vel prius de commisso delicto Legislação francesa e italiana
injormati contra eum.
See XVI Facul- 20. No seculo XVI, os juizes têm, com o
dade dos juizes fl agran t e, a mais. amp Ia facu ld a d e d e processo
e de julgamento sem necessidade de queixa,
ou denuncia, e de ordenar as normas proces- 22. O flagrante delicto era conhecido, Franca

suaes ordinarias: - iunc non modojudex potesi em França, nos primeiros tempos, pela de-
contra eum inquirere, sed etiam procedere nominação de jorejact1.4m. O i orei ac/um

usque ad sententiam juris ordine non sertaio. 23. Em 1670, a Ordenança criminal de
Casos de fla- 21. Considerava-se flagrante quando o LtJIz XIV, não se afastando dos principios Or d, o r m. de
í

Lurz XIV (1670)


grante
delinquente era preso - in ipso aciu malejicii, anteriores, já expostos, attribuia ao flagrante
aui post commissum malejicium, sive capiaiur o duplo effeito - em relação á faculdade da
in ambulatione, eioe in Zatitatione dummodo prisão e á competencia do juiz.
non peroenerit ad locum destinatum. Esta Ordenança, comtudo , não definiu
o flagrante delicto.
24. A Lei de 16-24 de Setembro de 1791 Lei de 16-24 de
Bet, de 1791
(tit. IV, arts. 2.° e 3.0) assim 'tratou do as-
sumpto:
-« Em caso de flagrante delicto ou
-----"-''-'""-'-....-..............,---
_ .. ~ - -_._-_. __ . ~.-_.. -
- com o clamor publico, o official de policia
fará prender e trazer deante delle os accusados
sem esperar as declarações das testemunhas, Desnecessidade
de testemunhos
(1 si não puderem ser presos, elle expedirá
um mandado de conduoção para obrigal-os MandGt d'ame".,.
n comparecer .

.1" •••.
~t'

- 26- - 27-

- Todo O depositario da força publica flagrant délit, tout dépositaire de Ia force


Ob r ig a ç o de
ã
e mesmo todo o cidadão será obrigado a pres- publique, et même tout citoyen, est tenue
prender em fI.
delicto tar-se para prender um homem achado em de saisir le prévenu et de I'amener devant
flagrante delicto, ou perseguido pelo clamor le j uge de paix, »
publico como culpado de um delicto, e para E, no art. 63: « A cet égard, Ia loi assi- Art. 63

eonduzil-o ao official de policia mais pro- mile au cas de flagrant délit celui ou le de-
xnno. » linquant, surpris au milieu de son crime, est
Imsirucções de 29 25. Poucos dias depois (29 de Setembro poursuivit par le clameur publique, et celui
de Set. de 1791
de 1791) as Instrucções accentuaram: ou un homme est trouvé saisi d'effets, armes,
Prisão em fla- - « No caso de flagrante delicto, todo instruments ou papiers servant à faire pré-
grante-Interesse
da sociedade o depositario da força publica, e mesmo todo sumer qu'il est l'auteur d'un délit. »
o cidadão, deve, no interesse da sociedade,
prestar-se a prender o delinquente, por- 27. Esta assimilação, como esclarece Esclarecimento
de ORTOLAN
que todos os bons cidadãos devem formar ORTOLAN, foi estabelecida apenas a respeito
incessantemente uma liga santa e patriotica da necessidade de prender o indiciado e de
contra os infractores da Constituição e das conduzil-o ao juiz de paz.
leis, concorrer para impedir que seja commet-
tido um delicto e entregar ás mãos dos mi- 28. Ao ser discutido o Projecto do Co- Proj. do Cod. de
Inst. Crim.

nistros da lei os delinquentes surprehendidos digo de Instrucção Criminal, a maior con-


em perturbação da ordem publica. Deve-se troversia se estabeleceu em torno do art. 41, Controversia
(Art. 41)

Equivalentes ao considerar como equivalente ao caso de fla- que reputava flagrante delicto o caso em que
flagrante
grante delicto aquelle em que um delinquente, o accusado era perseguido pelo clamor publico
surprehendido na perpetração de um crime, e aquelle em que era surprehendido, em tempo
é perseguido pelo clamor publico, ou aquelle proximo ao delicto, com effeitos, armas e in-
em que um particular é encontrado com ef- strumentos, fazendo presumir ser elle o autor
feitos roubados ou furtados ou com instru- ou ci.mpliee.
mentos proprios para commetter o crime; BEUGNOT considerava a expressão- Tempo proximo
ao delicto
J ustiflceção porque si estes indícios são illusorios e podem tempo proximo ao delicto - muito vaga. BER-
ás vezes, accusar pessôa innocente, exigem LIER e TREILLARD, propuseram, então, fosse
ao menos que o facto da innocencia seja es- substituida por um termo fixo de 24 horas Termo
horas
de 24

clarecido; o homem assim preso deve logo (V. n." 30-A).


ser conduzido á presença do official de policia A contenda, afinal, foi resolvida com a Proposta
CAMBAcllmEs
de

mais vizinho. » proposta de CAMBACERES:- a phrase con-


26. Em 1794, o Codigo de Brumaire, troversa devia ser collocada como parte
Codlgo de Bru-
malre (1794)
anno IV, dispoz, no art. 62, que: « en cas de final do artigo, desta maneira:
- 29-
- 28-
précie s'il doit on non suivre l'assimilation,
Art. 41 29. -« Art. 41 - Le délit qui se com- que fait l'article 41, de situations plus ou
(Redaccão final)
met actuellement ou qui vient de se eommet- moins voisines avec le véritable état de fla-
tre est un flagrant délit. grant délit. »
Seront aussi réputés flagrant délit les 30-A. -« Le sens de ces expressions Sen tido da ex-
cas ou le prévenue est poursuivit par le ela- dans un iemp» voisin du délit, vague et élas-
pressão tempo
proz-imo ao delícta
meur publique et celui ou le prévenue est tique avant Ia loi du 20 mai 1863, parait
I.ei de 1863

trouvé saisi d'effets, armes, instruments ou avoir été précisée. depuis. Et l'interprétation
papiers faisant présumer qu'il est auteur ou naturelle qui en résulte est confirmée par Ia
compliee, pourvu que ce soit dans un iemps
loi du 8 décembre 1897 SUl' l'instruction Lei de 1897
ooisin. du délit» (Code d'instruction cri- préable (nouvel arte 93). La phase policiêre Phase policial
minelle, de 1808). du procês pénal, pendent l'aquelle l'arres- (Limite-48 horas)

Doutrina de 30. A proposito deste artigo, doutrina tation peut se produire et continuer, se trouve,
GABBAUD
GARRAUD: en effect, limitée à quarante huit heures. La
Verdade [udí-
_« Dans le flagrant délit, Ia vérité ju- 10i de 1.863 donne au procureur de Ia Répu-
daria diciaire est plus facile à obtenir, puisqu'il n'y a blique, jusqu'au lendemain inclusivement du
aucun doute SUl' Ia culpabilité, et de Ia pour- jour du délit, pour faire eomparaltre l'in-
suite peut être plus prompte. C'est, au point culpé arreté devant le tribunal correctionnel,
de vue des rég1es de Ia procédure, que 1e Code suivant Ia procédure qu'elle organize. Vir-
d'i,nstruction criminelle donne, dans I'article tuellement, elle autorize donc son arrestation
41, Ia définition du flagrant délit. Cette défi- pendant ce délai; et Ia flagrance du délit
nition n'a été formulée par le légis1ateur qu'en dure tout le reste du jour, depuis le moment
vue de modifier 1es rég1es ordinaires quidé- ou le délit a été commis, et tout le'lendemain, »
terminent les attributions respectives du pro-
eureur de Ia République et du juge d'instru- 31. O arte 41 determina, portanto, o
ction dans Ia procédure d'instruction pré- que se deve entender por flagrante delicto e
ApplicB9!\oda paratoire. Elle doit, en principe, être restrein- delicto reputado flagrante. « Cette distin- Comm. de VIDAL
definição
te à cette app1ication spéciale, et à celle ction - escreve VIDAL- présente un inte-
de Ia loi du 20 mai 1863, SUl' Ia poursuite des rêt considérable dans Ia procédure: Ia loi dé-
flagrants délits en matiêre correctionelle » roge aux rêgles ordinaires de forme pour Ia
(V. n. 33). poursuite, I'instruction et le jugement des
_« Dans tous 1es autres cas, - et i1s }lagrants délit13,dans le but d'empecher, par
sont nombreu,x, - ou le degré de flagrance un trop long délai, le depérissement des preu-
du délit doit être pris en considération, le ves (art. 40 et. ss., 49 50, 100, 181, 504 a 509,
Inst. or.; loi du 20 mai 1863). »
Arbltrlo do juls juge,à défaut d'un texte suffisamment ex-
plicite, s'inspire de l'esprit de Ia loi, et ap-
••• • •••. 4 % P4l.4kS'$;$A

-31-
-30-

32, E' seguinte ensinamento de 3.6. Como pondera ORTOLAN, estas dis- Hnllttcl" .1•• III~·
Noção de O O t.r"f·~fI.. .1" 1111
1;'AUSTINETHÉLIE FAUSTIN ET
HELJ.E:
~i. T' posições tomadas ao pé da letra seriam falsas, (1'lfl·It.,AN)

_. 'Revela-se o flagrante delicto quando por isso que foram escriptas apenas para in-
o accusado é surprehendido, quer na exe- strucção dos officiaes da Gendarmerie, rela-
cução mesma do crime, quer nos actos que tivamente a suas attribuições.
seguem immediatamente a esta execução e 37. O dispositivo do Code d'instruction C fl ti. H.rtt" It,~"
que a ella se ligam estreitamente, ou quando criminelle, vem reproduzido no Codigo sardo-
11111111(l"ftIHIIIl

elle é perseguido pelo clamor publico, ou en- italiano, de 1859-65:


contrado com os effeitos, armas do crime, -« Art. 47 - t. flagrante reato il Art. 47
comtanto que esta apprehensão se dê em delitto che si commette attualmente, o che
tempo muito proximo ao delicto. ê stato poco prima commesso.
Lei de 20 de 33. Em 1863, a Lei de 20 de Maio, vi- Sono reputati flagrante reato il caso in
Maio de 1863do
(Simplificação san doO si
sunp liíi
1 icar O processo, dilSpOZ que to d o cui I'imputato viene inseguito dalla parte
processo)
O cu 1pa d O preso em . esta d o d e fl agrancia' por offesa o dal pubblico clamore, e il caso in cui
um facto punido com penas correccionaes, sia stato sorpreso con effetti, armi, stromenti,
fosse conduzido immediatamente deante do carte o altri oggetti valevoli a farnelo pro-
procurador imperial, que deveria interro- sumere autore o cumplice, purchê in questi
gal-o e decretar um mandado de deposito, si casi cio sia in tempo prossimo al reato. »
Comparecimento fosse o caso, e, então, cital-o ineontinenti na 38. PUGLIA assim explica o sentido (:OIIlIlI,II,,",'m •••
ím m e d a t o ao
Tribunal
í

au diiencia
, (O1 tri'1ounai,I OU na d o diIa rmme-
,
da expressão - poco prima. A t'~llr~'."'
.• ,1'H'fI
,ttlH"t
diato. O tribunal podia conceder, - si o ao- -« Si ê discusso sul significato da <10-
ousado o pedisse, uma dilação de tres dias versi attribuire all' espressione poco prima,
pelo menos para a apresentação da defesa, eioê sul criterio da seguire per determinaro
Lei de 27 de 34. A lei de 27 de Maio de 1885 pro- il tempo che debba trancorrere della {~OlIHII-
Maio de
(Relegação)
1855
hibe - para o effeito de relegação - esse mazione del reato per esservi Ia [laçrunu».
processo dos flagrantes. Si estabili da alcuni, ma arbitrariamente,
che dovessero trancorrere ventiquatro oro f,I'/I,
Ord. de 23 de 35. A Ordenança de 23 de Novembro de Ia consumaaione del reato e Ia sorpresu JII'I'
Nov. de 1820
(Serv. de Ia Gen- 1820 (Service de la gendarmerie), estatuira esservi Ia flagranza; piuttosto bisogna (111'(',
darmerie)
(art. 157) que toda infracção que, por sua che Ia legge si rim essa al prudente arbítrio
ê

natureza, fosse passivel somente de penas deI magistrato » (V. n. 128).


correccionaes, não podia constituir um fla-
grante delicto. Este deve ser um verdadeiro 39. Ha também no art. 47 um CltHO do t·~r.I!'''IV.1I ti"
1111.," til ••
crime, isto é, uma infracção contra a qual uma que não cogitara o legislador franccz:·-~« il
pena afflictiva ou infamante é pronunciada. caso in cui l'imputato viene inseguito dallu
-32-

parte offesa» - e que foi incluido em


muitas das nossas leis processuaes (v. n. 112).
Vizinhança de 39-A. O Codigo francez e o italiano não
logar (Cod. de
Napoles-1819- consideraram a condição de vizinhança de
art. 50)
logar, de que trata o Codigo de Napoles de
1819: -« in tempo e luogo vicino al reato» IV
(art, 50).

Casos de assimila~ão - Quasi flagranela

4,0. Estes casos assimilados ao flagrante Leg. napclitana


(1808)
tornavam na legislação napolitana de 1808,
a denominação de quasi-jlagranza. Só havia QuaBi Jlagranza
a reitá manijesta quando o delinqüente era R.itá numiJeBla
surprehendido no momento mesmo da exe-
cução.
-_. ---_ -_._-_.---- 41. -« En effet, _. mostra GARRAUD- DeJicto flagrante
(GABBAUD)
dans le sens naturel du mot, un délit, n'est
jlagrant qu'au mcment ou il se commet: alors
seulement Ie prévenu est dans Ia chaleur de
l'action ».
42. - A proprement parler, le délit est Pands, Belges
flagrant (encore en feu) au moment ou iI se
commet (Pandectes Belçes, ool. 13, pago 573).
43. E ORTOLAN: Un délit est jlagrant ORTOLAN

(encore en feu, encore en flamme) au moment


ou iI se commet, ou le coupable l'exécute: si
l'on survient, Ie coupable est pris sur le fait,
en flagrant délit, en présent mejjaict, comme
disait notre ancien langage. »
- 34- - 35-

« Si, au lieu de se commettre actuclle- O delinquente que não foi preso no acto, in
ment, le délit vient de se commettre, on ne jaciendo, ou pouco tempo depois do crime.
peut plus dire ave c exactitude qu'il soit fla- fugindo ás consequencias, ,- este delinquente
grant: Ia flamme, pour suivre [usqu'au bout não se pôde dizer que praticou um acto
Ia même figure, est éteinte; ce qui reste, ce ainda acceso aos sentidos da autoridade e á
sont des vestiges chauds encore, ou des cen- memoria dos membros da sociedade; os si-
dres encore fumantes. Le méfait n'est point gnaes já não estão vivos, as testemunhas não
présent, il est passé. » estão no logar nem estão seguindo o mal-
Certeza do de- « Ce qui regarde Ia ccrtitude est seule-
feitor, a emoção publica já não subsiste, o
licto e certeza do
culpado ment pour I'existence du délit, mais non pour corpo do delicto já não está ao alcance de
le coupable: todos e muitas vezes não estará ao alcance
da propria autoridade.
M onsieur, tátez plutôt;
Le soujle! sur ma joue jst encore tout chaud, ~6. - As outras modificações propostas Outras modi-
ficações de
Oui, mais qui te 1'a donné? » por GAROFALO não são mais dignas de ac- GAROFALO

ceitação. Elle assemelha ao flagrante, posto


DiBtincção de 44. GAROFALO propoz a distincção: O fla- que reconheça extranhos ao flagrante ou ao
GAROFALO
grante occorre quando o delicto se pratica dean- quasi-flagrante, para o effeito de legitimar
te das pessoas que prenderam o delinquente. a prisão dos mendigos viciosos, dos vadios,
Considera-se flagrante o delicto de falso tes- dos vagabundos e de outras pessoas perigosas Prisão dos men-
temunho em audiencia. e suspeitas, « quando concorrem contra ellas digos, vadios, va ..
gabundos, etc,
Dá-se a quasi-jlagranza: sufficientes indicios de terem commettido
1.o - quando o delinquente é seguido um crime punível com a reclusão, com a de-
dalla parte ojjesa; 2.0 - quando é apontado tenção ou com o arresto cujo maximo seja
por outras pessoas como autor ou cumplice um anno; » e11e, imitando uma deploravel
de um crime poco prima commesso; 3.0- idéa do processo austriaco, autoriza, no caso
quando é surprehendido com qualquer ob- de tumulto, sedição ou facto delictuoso, a
jecto que o faça presumir autor ou cumplice. que tenham concorrido muitas pessoas, a
Comment, de 4,5- Esta noção - commenta o nosso prisão de todos os presentes e que não es-
JoÃo MENDES
JoÃo MENDES - parece admittir que, em tejam ímmunes da suspeita de co-partici-
todo e qualquer tempo após o crime, desde pação.
que o delinquente seja preso pelos que o pre- 47. Os casos de assimilação se distin- Di.tinccilo na.
leis francesas
senciaram, ha flagrancia. Isto, porem, não guem, no emtanto, nas leis francesas, que
corresponde ,á idéa indicada pela analogia oolloeam em alternativa os casos de verda-
que deu logar ao termo - flagrante delicto. deiro flagrante e os de quasi-flagrante.
-36- -37 -

E' o que resalta no art. 4.0 do tit. II e 52. Accentúa J oÃo ME~DEs que o caso Assemelhação
dcsnccessaria.
no art. 9. do tit. x da Ordenança criminal
0
da requisição do chefe de uma casa para ve- (JOÃO MENDES)

de 1760; no art. ~21 do Codigo Penal; nos rificação de um crime dentro della praticado,
arts. 16 e 106 do Codigo de Instrucção Cri- isso, segundo o proprio Codigo francez, não
minal. constitue propriamente caso de flagrante
delicto; e, aliás, é clesnecessario assemelhal-o,
Cod. de Inst. 48. Manda este art. 106 que -« todo
Crim., (art. 106) desde que o proprio chefe da casa, no caso
o depositario da força publica, e mesmo toda de flagrante delicto, póde effectuar a prisão.
a pessôa, será obrigado a prender o indigi-
tado surprehendido em flagrante delicto ou 53. Os procuradores só podiam ordenar Casos em que
os procuradores
perseguido, quer pelo clamor publico, quer a prisão de um cidadão, em se tratando destes podiam ordenar
R prisão
nos casos assemelhados ao flagrante delicto, dois casos: - flagrante delicto e requisição
e a conduzil-o ao procurador do rei, sem que do dono da casa onde algum crime ou delicto
haja necessidade de mandado de conducção, foi perpetrado.
si o crime ou delicto acarreta pena affli-
ctiva ou infamante. »
Art.46 49. No art. 46 desse mesmo codigo, ha
Rch~f!,i~.i~~sado outro caso de assimilação: - quando o dono
de uma casa requer ao ministerio publico
constatar 11m crime ou um delicto commet-
tido em sua casa, embora elle não seja mais
flagrante.
Supposiç1ío de 50. O art. 46 não faz distincção entre
gravidade
(TREDUTIEN) cnmes

e d.eliictos: -. o 1egls
. 1a d or suppoz que -------_.,....----
a reclamação do chefe de familia apresen-
tava um caracter bastante grave para que
se devesse deferil-a incontinenti (TREBU-
TIEN).

Porque se man-
teve a excepção
51. Esta excepção quasi foi regeitada
do artigo 46
(LOCRÉ)
pela commissão legislativa: « elle fuf main-
tenue sur le motif que le chef de Ia maison
peut avoir intérêt àfaire constater à l'instant
même un délit purement oorrectionnel »
(LocR:É) .

., •••••1M-'. ~
v

o clamor publico

54. As primeiras fôrmas da proposição Primeira. fôrmas


da acção penal
da acção penal foram, como ensina JoÃo
MENDES. o clamor do offendido e o clamor
publico ..
Já nos referimos áquelle. Vejamos, agora, Clamor publico

como este é considerado, em que consiste, em


que condições e de que maneira se deve elle
produzir. _
55. Entre os visigodos, o clamor (pu- Entre o. visi-
godos
blico ou do offendido) era uma das fórmas da
accusação e, conseguintemente, da iniciação
do processo.
56. Em Roma, exigia-se para a caracte- Em Roma
rização do jlaçron» a concorrencia do clamor
publico (commemoratio sub publico test-imonio)
e surge, então, a quiritatio: - commettido o A Quiritatio
facto delictuoso, o offendido ou as teste-
munhas lançavam o grito: - Aâeste, quirites!
adeste commilitiones I
Entre o. nor-
57. Esse clamor era o que os normandos mando!
40 - -41-

o Raro clamavam O haro: - todo individuo que pre~


/ blessures graves, le criminel fugitif peut ainsi
senciasse a perpetração de um crime, era obri- être poursuivi soit en vertu. d'une permission
gado, sob pena de multa, a gritar - Haro.l du juge de paix, soit sans une semblable per-
E todos quantos ouvissem o grito deviam logo mission. Les constables et autres personnes
repetil-o, prendendo o criminoso. qui sont appelées par ces clameurs doivent
Quem gritasse sem razão era também se mettre à Ia poursuite du fugitif, et peuvent
eondemnado a pagar multa. arrêter toute personne qu'ils saisissent et qui,
suivant toutes les probabilités, leur parait
. Comment. de
KENNY - O tort
58. -« La facilité avec laquelle on être l'auteur du crime. »
passe légalement du domaine des torts (pres-
que tout délit peut, en effect, être consideré 59. Entre os francos, o accusado era se- Entre os francos

comme un acte dommaqeoble - tart -, c' est- guido - a cor et a cri.


à-dire comme un dommaqe civil et Ia personne 60. Em 1274, o Parlamento de Paris, Edicto do Par-
qui en éprouve un préjudice peut intenter por um edicto, ordenava o clamor na perse-
lamento de Paris
(1274)
contre 80n auteur une demande de réparation guição dos criminosos.
pécuniaire) à celui des délits est nettement
mise en lumíêre par l'ancienne coutume nor- 61. Em Inglaterra, emquanto durava o Em Inglaterra
(Rue and CTY)
mande de Ia Clameur de H aro, qui subsiste hue and cry, o criminoso podia ser preso em
d'ailleurs toujours dans Ies iles anglo-nor- flagrante, tendo embora alcançado outra ci-
Transform ação mandes. Par cette clameur une personne qui dade.
de um tort em
um verdadeiro est victime d'un tort peut en transformer toute Deu-se mesmo ao perseguidor o direito Direito de ar-
rombar portas
delicto
eontinuation ultérieure en un véritable délit, de arrombar portas e entrar pelas casas .a.traz
par cela seul qu'elle invoque, en présence de do fugitivo.
Ia partie adverse, et à I'aide d'une formule
archaique, Ia protection du duc Rollon » 6,2. Em Portugal, havia, nos primeiros Em Portugal

(KENNY). tempos, dois meios para a proposição da aeção


penal: com gritos (cum rancura) ou sem gritos Cum rancura - sine
ranCUFG
Influencia no Di-
reito inglez
58-A. Este costume dos normandos pas- (sine rancurq).
(MITI'ERMAIER) sou para o direito inglez, como se p6de ver
em MITTERMAIER: 63. O Foral da villa de Touro, por exem- Foral da villa de
Touro
plo, só admittia a acção cum rancura, a
-« Le droi t anglais conserve encore
qual se iniciava quando o accusado era preso
un reste d'anciennes traditions empruntées no acto criminoso, e,então o accusador gri-
en partie à Ia legislation anglo-saxonne, mais tava: - Cavalleiros e Peões! e, depois da
surtout aux lois normandes; je veux parler Monarchia, o celebre - Aqui d'El Rey!
de Ia poursuite d'un fugitif par des cla,meurs Mu1tas para 011
de haro. En cas de vol, de crime capital ou de 64. Para os peões que não attendessem peões
- 42- - 43-:

o appello, alguns foraes estabeleciam multas, quadrilha em quadrilha os seguirão até serem
como punição. presos; »
Acçiio sine .an-
c'U'ra
65. Cabia a acção sine rancura nos casos 69. A Justiça ecclesiastica do seculo XIII J us t i ç a ecele-
siaatica
em que oaccusado não fôra preso em fla- (Deeretal do Papa Innocencio lIl), expondo
grante. .~ os meios pelos quaes se iniciava o processo,
o flagrante DOS
primeiros tempos
66. Da pratica do flagrante nos pri- estabelecera que se procedia per inquisitionem
da monarchia
portuguesa
meiros tempos dà monarchia portugesa, temos s6mente quando houvesse clamor publico
noticia por JosÉ VERISSIMO, citado por JOÃo (inq!J.lisitionem clamosa debet insinuatio pre-
MENDES: venire).
Nota de -« A jurisprudencia dos povos austraes
Josm VEBlSSIMO
fazia differença entre os delinquentes apa- 70. Conclue-se dos ensinamentos de DoutriDadeHtLIliI

nhados em flagrante e aquelles que o não H 1ijLIEe d e S ALUTOque quan d o se dilZ que o
' e de SALUTO

eram. No primeiro caso o accusador ia cla- réo deve ser perseguido pelo offendido ou pelo
mando até chegar a juizo, e si tinha fugido, clamor publico devemos entender uma ver-
ia gritando si ainda via o delinquente ou com dadeira e perfeita perseguição material da. Pe rs eguí
material
ç ã o

o mesmo alarido ia ao julgador pedir ajuda pessoa que se acompan h a corren d o ou gn-
(HEINECIO,Elem. furo Germ., l~v.3°, tit. 5°, 14). ')',1
tando (v. n,> 76), e não somente o que se diz
fama p'ublica, - vago e surdo rumor despro- Fama publica
Os quadrilheíros
(Bec. XIV)
67. No seco XIV, foram ereados, por ini- vido de prova, ou notoriedade publica, que Notoriedade
ciativa de Fernando I, os quadrilheiros en- se f6rma em um tempo menos proximo ao publica
carregados de effectuar prisões em flagrante facto.
e de perseguir ladrões, vagabundos, etc.
71. GARRAUDdistingue, com clareza: Distincçiio de
Ord, (L. I. t. 73) 68. Aos quadrilheiros se referem o L. I, -« 11 importe de ne pas confondre Ia
GABRAun

tit. 73 da Ordenação e o Regulamento de 12 clameur publique, soit avec Ia notorieté pu- O clamor
de Março de 1603: blique, soit ave c Ia rumeur publique. La ela-
Reg. de 12 de -« Serão os ditos quadrilheiros e ho- meur publique est l'accusation jété au pu-
Março de 1603
mens de suas quadrilhas muito diligentes em blique, I'appel que lui est fait, n'y eut-il que
O. arroido8 accudir ás voltas e arroidos e insultos com le blessé, que le volé ou le premier témoin
suas armas, e farão de maneira que prendam qui poussat le cri, Ia clameur en poursuivant
os culpados; e si logo no arruido, ou outro le malfaiteur. La rumeur publique c'est un O rumor e a
notoriedade
qualquer delicto, a que accudir, os não pu- simples soupçon que devient Ia notorieté pu-
derem prender, corram após elles appellidan- blique quand Ia rum eur a pris une certaine
do : Prendam Foãoda parte d'El-Rey; á qual consistance. La rumeur et la notorietê publique
voz sahirão todos os da sua quadrilha, e de expliquent et justifient l'ouverture d'une in-
- 44- - 45-

strution, mais ne sauraient permettre Ia pro- designado pelos gritos do povo que em voz
cédure exceptionelle du flagrant délit. » alta, o indica como autor ou cumplice. E'
esta accusação popular, quaesquer que sejam
Existencia de 72. Pensa GARRAUDque si apenas uma as circumstancias em que se ella produz, diz
Uma só testemu-
nha ou do offen- testemunha, ou mesmo o offendido mostrar
dido apenas F AUSTINHELI,E, que constitue o clamor pu-
e accusar energicamente o criminoso, ainda blico, no sentido da lei, quando segue a des-
assim se estabeleceu o clamor publico. coberta do crime. Deve-se, pois, applicar o Clamor sem per-
seguição material
Noção de Ach. 73. - Por clamor publico não se deve en- flagrante ao caso em que o delinquente, mes-
MORIN
tender gritos vagos e despidos de qualquer mo sem ser materialmente perseguido em sua
espeeie de prova; mas uma especie de accu- fuga, é altamente accusado pelo grito publico
sação popular, contra um individuo, como como o autor de um crime que acaba de ser
culpado de um delicto (ACHILLESMORIN). commettido. »
Lição de 74. NrcCOLA NICQL~NI,na sua Juris- 77. O ensinamento do mestre teve appli- Ap p licação
snsinamento
do
de
NICOLINI
prudencia Penal, nos dá a seguinte lição: cação no Codigo do Processo Criminal do JOÃo MENDES

Estudo do Piauhy (lei n.v 962, de 4 de Julho


-« La parola clamor publico non ê

intendersi unicamente per clamor populare,


da

per grida deI popolo, cio ê qui,ritatio et tu-


i de 1919):
-« Art. 79, § unico. O clamor publico Cod, Processo
multus ioto urbe discurreniium; basta anche Crim. do Piauhy
che il reo venga perseguitato dal solo offeso verifica-se quando o delinquente, fugindo, (art. 79. § único)

con clamare nel publico: - quo te proripis? após a' perpetração do crime, ou da contra-
tene tene! tenete [urem l prehende jurem! » venção, mesmo que não seja ou que não possa
ser perseguido materialmente, em sua fuga
Co'neeito de 75. -« Por clamor publico, escreve Ro- é mostrado e designado pelos gritos do povo
ROMEIRO
MEIRO,não se entendem unicamente os gritos, como responsa vel. »
as vociferações do povo, os pedidos de pro-
teção e soccorro por aquelles que, depois da 78. E no Codigo do Processo Criminal Cod. Processo
Crim. do Paranâ
perpetração do facto, perseguem o criminoso do Estado do Paraná(lei n.? 1.910, de 23 de (art. 98)

que foge; mas, comprehende também esta Fevereiro de 19i20), com a modificação se-
expressão o clamor levantado publicamente guinte: -. « .•. é mostrado e designado pelos
depois que o malfeitor consegue evadir-se, gritos do povo que o indica como autor ou
por aquelles que o surprehenderam commet- cumplice » (art. 98).
tendo o crime. » 79. - Clamor publico não se constitue JURISPRUD,
(3.- Vara Cri-
Comment. de
JoÃo MENDES 76. JoÃo MENDESassim se pronunciou: sempre de uma multidão aos gritos de péga.- minal)

-« Realmente, o delinquente, fugindo, péga. Nem sempre reveste essa physionomia.


depois de commettído o crime é mostrado e Não é a, grita.ria, a vozeria, o estrepito, que
,-~- -- ~~'['R'l:""'''''';'

- 46- - 47-

caracterizam o ciamor publico (Sent. do Juiz Pôde ser mesmo o clamor constituido Significação do
grito
de Direito da 3. Vara Criminal-DR.
0 ANTO-
por um grito geral, mas não é necessario que
NIO VIEIRA BRAGA), em 13-1-1930. Arch. esse grito seja uma exclamação forte, elevada,
sonora, por isso mesmo que, no ensinamento
Jud., vol. 13, pago 176). do mesmo vocabularista, gritos para os ef-
Côrte de App. 80. - Clamor publico não é somente feitos da lei, já é simplesmente « a opinião
o brado, o grito estridente, agudo, o alarido, vivamente proferida no publico contra uma
o vozerio forte de uma multidão ou de um pessoa ou coisa» (Cárte de App. Acc. rela-
numeroso grupo de individuos no encalço de tado pelo DE,8EM13ARGADOR CESARIO PEREIR.A,
Significação rela- um criminoso que foge. Sua significação é em 31 de Janeiro de 1930 - Arch. Jud. voI.
tiva do clamor e
influencia dolocal relativa. Conforme o local em que occorre, 13., pago 270).
ou a educação, a mentalidade ou a categoria 81. O Sup. Trib. Federal, em accordão Sup. Trib. Fed.
Intensidade das pessoas gQde ter maior ou menor inten- de Março de 1930, confirmou a sentença e o
sidade; póde ser levantada por uma grande accordão citados, tendo o preclaro ministro re-
massa popular como pôde partir de um nu- lator adoptado é repetido os conceitos expen-
mero reduzido de individuos. O clamor nas didos.
ruas, nas praças publicas é um, nos edificios,
nos recintos menos frequentados ou destina-
dos a reuniões cultas, ou onde a disciplina e o
Exigencia da lei respeito devam ser maiores, é outro. O que'
a lei requer, de um modo geral, é uma accu-
sação viva, oral, movida contra o dclinquente,
desde o momento do crime e em seu segui-
mento no percurso da fuga. Basta que o de-
linquente seja mostrado, ou apontado por
populares, em voz alta accusando-o, ou re-
Numero de clamando a sua prisão. O numero de pessoas
pessoas
é indifferente. Preciso é apenas que ellas,
sejam quantas forem, «mantenham o acto
acceso aos sentidos da autoridade e á memória
dos membros da sociedade. »
De!. de
SOUJ"FLIER
Já CAMIlJ,.;ESOUFFLIER definira o clamor
publico como sendo « um concurso de tes-
temunhos expontaneos que accusam um indi-
viduo por um crime praticado. »
VI

Legislação portuguesa

82. O Alvará de 25 de Setembro de Alvará de 25 de


Set. de 1603
1603, que visou elucidar o disposto nos Or-
denações Manoelinas (L. I, tit. 44, § 62) e
nas Philippinas (L. I, tit. 64, § 37) sobre o
procedimento dos juizes nos arroidos, esta-
beleceu:
-« Hei por bem e mando que qualquer Procedimento no.
arroido8
dos julgadores, ou officiaes de justiça, que
poder tiverem para prender, acodirem ás
brigas e arroidos e quaesquer outros delictos,
pelos quaes os delinquentes, conforme as
minhas Ordenações, devem ser presos, posto
que os não achem na briga, nem lhe sejam
logo mostrados para logo os poderem prender,
ou chegarem a tempo que haja' pouco espaço
que a briga foi acabada e o delicto commet-
tido, tendo informação certa por onde os de-
linquentes fugiram, sem perguntarem mais
testemunhas, o seguirão e procurarão de com
effeito os prender, posto que seja fóra do
lugar onde commetteram o delicto, eonti- Per.eguiçllo
tinua
con-

,~-
- 50-
- 51-

nuando O seguimento delles, e não se diver-


tindo a outra cousa alguma por que pareça ficio »: e tit. 21 § 1.0 e tit. 6.5, § 37. E não
que os deixaram de seguir, e os que nesta só se diz que alguem foi preso em flagrante
fórma forem presos, me praz, por ser conforme delicto quando é apprehendido no mesmo
o direito, que se hajam e regulem por presos acto do maleficio, porem, tambem quando
em flagrante. » os ministros da justiça sobrevêm depois de
perpetrado o crime e seguem os delinquentes
Os praxistas 83. Esta noção foi adoptada e repetida e prendem antes de se distrahirem em actos
pelos praxistas: extranhos por estarem os delinquentes em
fuga ou em occultação (De ezecui., L. I, ca-
FERREIRA 84. FERRE~'RA: -« Comtudo, póde du-
pitulo IV, n. 13).
O

vidar-se que cousa seja ser preso em flagrante


delicto, e se resolve, que então se diz ser preso 86. PERE;IRAE SOUZA:-« Flagrante PER. 11) SOUZA

em flagrante delicto, aquelle réo que é achado delicto se chama aquelle mesmo momento
no mesmo acto de delinquir e não se tivesse em que o réo acaba de commetter o crime ou
já passado a outro acto diverso. damno de que o offendido se queixa. Esta
Assemclhação - E também se diz flagrante delicto, noção se estende até ao acto successivo em
quando commettendo o criminoso o delicto, que as justiças vão em seguimento do réo. »
e accudindo a justiça ao tal arruido, ou briga, 87. TEliXJJIRADE MAGALHÃES,no seu DeI.deTEIX. DE
se dá aviso ao juiz, ou Officiaes de Justiça de Manual do Processo Penal (1923), consignou: MAGALHÃES

quem fôra o delinquente, e elles o seguissem -« Flagrante delicto é aquelle que se


logo no mesmo acto, sem se divertirem para está commettendo, ou se acabou de commetter
outra parte, e o apanhassem, ainda que fosse Sem intervallo algum, ou em que o delin-
em outro logar fóra daquelle onde fez o ma- quente, acabando de perpetrar o crime, foge
leficio, se diz ser assim preso em flagrante do logar delle, e é logo continua e successi-
delicto, e assim se deve julgar. vamente seguido pela justiça, ou por qualquer
- E o mesmo se deve dizer ainda que o do povo. »
Réo não fugisse para outro logar, e fosse apa-
nhado em uma carreira veloz, que deu para 88. E' esta tambem a definição contida Ref. Jud. do
Porto
se esconder, e escapar das mãos dos Officiaes; no art. 961 da Reforma Judiciaria do Porto.
porque isto basta para se suppor, e ser em
flagrante delicto. »
l\IORAES 85. MORAES:- « Qualquer póde ser
preso em flagrante delicto sem mandado al-
gum do Juiz (Ord. L. I, tit. 75, § 10, ibi:
« Salvo achando algum em flagrante male-

,!..
..• 'J

VII

Legislação brasileira

Dec. de Pedro I
89. Em 23 de Maio de 1&21(um mez (23 de Maio de
depois, portanto, da partida de D. João VI 1821)

do Brasil), o Principe Regente D. Pedro, di-


zendo - ser do seu primeiro dever e desem-
penho de sua palavra opromover o mais aus-
tero respeito á lei e antecipar quanto ser possa
os beneficios de uma Constituição liberal-,
ordenou, em decreto,
_« Que desde a sua data em diante
ncnhu,ma pessoa livre no Brasil possa jamais
ser presa sem ordem por escripto do [uis QU
magistrado criminal do território, excepto
somente o caso de flagrante delício, em que qual-
quer pessoa do povo deve prender o delínquente. »
Consto do Imperio
90. Com a Independencia, a Consti-
tuição Politica do Império, de 25 de Março
de 1824 (art. 179, § 10), consagrou o prin-
cipio: ~rt. 17,9,.' 10
_« A' excepção de flagrante delicto, a
prisão não pôde ser executada senão por
,

-54- - 55-

ordem escripta da autoridade legitima. Si que propriamente o constitue, isto é, o caso


estafôr arbitraria, o juiz, que a deu, e quem a iri faciendo, em que o individuo é encontrado
tiver requerido, serão punidos com as penas
commettendo o delicto, ou logo que acaba de
que a lei determinar. »
commettel-o (GAJ.;DINOSIQUEIRA).
Lei Ide 30 de 91. Em 1828, a Lei de 30 de Agosto,
Agosto de 1828
dispoz que só podiam ser presos por crime 95. Estes casos de flagrancia foram man- Reg. n.v 120
(1842)

sem culpa formada: tidos pelo Reg. n. o 120, de 31 de Janeiro de


Dei. do flagrante -« 1.0 - Os que forem achados em 1842:
flagrante delicto, entendendo-se presos em . -« Art. 114-0s Chefes de Policia, De- Art. 114
( Ampliação do
flagrante delicto, não só os que- se aprehen- legados e Subdelegados e JUIzes de Paz po- art. 131 do Cod.
do Proo, Crím.)
derem commettendo o delicto, mas também derão, estando presentes, fazer prender por
os que se prenderem em Iugida, indo em seu ordens vocaes os que forem encontrados a
seguimento os officiaes de justiça, ou quaes- cqmmetter crimes, ou forem fugindo perse-
quer cidadãos, que presenciassem o facto, guidos pelo clamor publico. Fóra destes casos,
?0!lduzindo-os directamente á presença do só poderão mandar prender por ordem es-
JUIZ. » cripta, passada na conformidade do art. 176
do dito Codigo. »
Cod. do
Crim. (1832)
Proc. 92. Em 29 de Novembro de 1832 foi
promulgado, afinal, o Codigo do Processo 96. E a Lei n." 2.033, de 20 de Setembro Lei n.v 2.033
(1871)
Criminal, que determinou: de 1871, não resolveu de outro modo no que
Art. 131 -« Art. 131-Qualquer pessôa do povo mandou observar para a execução no disposto
póde e os Officiaes de Justiça são obrigados nos arts. 132 e 133 do Codigo do Processo
a prender, e levar á presença do Juiz de Paz Criminal:
do Districto, a qualquer que fôr encontrado -« Art. 13 § l.°-Nenhum carcereiro Art. 13, § 1.0
commettendo algum delicto, ou emquanto receberá preso algum sem ordem por escripto
foge perseguido pelo clamor publico. Os que
assim forem presos entender-se-ão presos em da autoridade, salvo nos casos de flagrante
flagrante delicto. » delicto, em que por circumstancias extraor-
dinarias se dê impossibilidade de ser o mesmo
In terprétaçllo
JoÃo MENDES
de 93. - Nas palavras - encontrado com- preso apresentado á autoridade competente
mettendo algum delicio - eomprehende-se nos termos dos paragraphos acima.
tanto o crime, emquanto estã sendo commet-
- § 2.0 - A' excepção do flagrante de- § 2.°
tido, como o crime logo que acaba de ser com-
Helio, a prisão antes da culpa formada só
mettido (Joâo MENDES).
pôde ter lugar nos crimes inafiançaveis, por
De GALDINO
SIQUJ:mA 94. Assim, o flagrante delicto compre- mandado escripto do juiz competente para
hende primeiramente o caso typico, aquelle It formação da culpa ou á sua requisição .: »
- 56- - 57-

r' Dec. n.O 4.824 97. Ainda no mesmo anno, o Dec. 4.824 98. O dec. 3.084, de 5 de Novembro de Dec. n.· 3.084
(1898)
(1871)
(22 de Novembro de 1871) que regulou a exe- 1.8~, ainda em vigor na Justiça Federal, con- (Just, Federal)

cução da Lei n. o 2.033, tratando da fiança, signou:


estabeleceu: - Art. 76 - Qualquer pessoa do povo Art. 76

Art.33,§ 1.' - Art. 33, § 1.0 - Preso o réo de fla- pôde, e os officciaes de justiça são obrigados
Proc(~a~::fante grante delieto, será immediatamente condu- a prender e levar á presença do juiz a qualquer
zido á autoridade que ficar mais proxima, ou que fôr encontrado oommettendo algum de-
licto sujeito á jurisdicção federal, ou em-
seja policial ou judiciariâ, inclusive o juiz de quanto foge perseguido pelo clamor publico.
Pas; e esta, procedendo de conformidade com
a determinação do art. 132 do Codigo do 99. Proclamada a Republica, em 1889, Constoda Rep.
Processo, guardadas as disposições do artigo a Constituição de 24 de Fevereiro de 1891
13 da Lei, se reconhecer que o facto notifi- estatuiu:
-« Art. 72 § 13 - A' excepção do fla- Art. 72, .1 13
cado pelo réo constitue crime afiançavel, e
grante delicto, a prisão não poderá execu-
querendo elle prestar fiança, o admittirá tar-se, senão depois de pronuncia do indi-
logo a depositar ou caucionar valor que, in- ciado, salvos os casos determinados em lei, e
dependente de arbitramento, a mesma auto- mediante ordem escripta da autoridade com-
ridade fixar. petente. »
Art. a6 -« Art, 36 - No caso de prisão do réo
em flagrante delicto, quando a fiança provi- 100. E' o mesmo principio já consa- Comment. de
MAXIMILIANO
grado. Entretanto, como observa CARLOS
soria fôr concedida por autoridade que não MAXIMILIANO,a Constituição não especifica
seja a competente para a formação da culpa, o que se deve entender por flagrantedelicto: Amplitude con-
ferida ao legisla-
remetterá a esta no praso de vinte e quatro deixa assim relativa amplitude ao legislador dor ordinario
horas o auto de inquerito, a que procedeu de ordinario.
conformidade com o art. 132 do Codigo do
Processo Criminal; sendo o mesmo inquerito 101. Mas, - perante a nossa lei funda- JURISPRUDENCIA.
(Côrtede App.)
acompanhado do termo da fiança provisoria, mental, votada e promulgada na plena vi-
gencia do regime do Codigo do Processo Cri-
de que se fará declaração no protocollodo minal de 1832 e da lei n.? 2.033, de 1871, que
Escrivão competente, ainda quando se veri- ainda continuaram a vigorar, a prisão em
fique a substituição, de que trata oart. 12, flagrante não p6de dar-se em outros casos
§ 2.° da Lei. » senão naquelles dois: quando alguém é en-
Art. 49 O art. 49 tratando da abolição do pro- contrado commettendo crime (palavra esta
cedimento ex-officío, exceptúa, primeira- no texto .oomprehensiva de contravenção pu-
mente, os casos de flagranoia. nida com penarestrictiva da liberdade) ou
"

-58- - 59-

quando foge perseguido pelo clamor publico. cionalidade dos codigos processuaes, que de-
Por isso foi que o decreto regulador do pro- terminaram novos casos (ns. 112 a 128).
cesso federal - o decreto n.? 3.084, de 1889 1,06. Podiam fazel-o os tribunaes judi- Competencia dos
Tribunaes doa
- repetiu aquella definição consolidando-a ciarios si - ~(as justiças dos Estados não Estados
no art. 74 da sua Parte Primeira, Só a lei sub- devessem consultar a jurisprudencia dos tri- Arta. 59-60, § 2.·
da Consto
stantiva pôde qualificar os factos, mas se as bunaes federaes, quando houverem de inter-
leis adjectivas, -leis do processo, o fazem, pretar leis da União (Const., arts. 59-60, Obediencia
S. T. F.
ao

Tolerancia do como aliás é commum, o abuso será tolerado § 2,°), e o Supremo Tribunal Federal não
abuso
se não eontravém á lei material, ou até o tivesse jurisprudencia firmada (ns. 111 e 163
ponto em que com ella se conforma (DEJs. CE- a 171).
SA,RIOPEREI.RA- Acc. de 31-1-1930-Arch.
J1.ld. ool. 13, pago 270). 107, E, ainda, determinando o art. 20 Consequeneia
art. 20
do

Lição de 102. JoÃo MENDES já accentuára que da Constituição que os membros do Poder
Legislativo Federal podem ser presos em fla-
JOÃO
Qualificação
MENDES
de - « t ra t an d o-se d e qua lifi
1 !Car um f ac t o e nao
-
um facto de uma simples fórma processual, nunca será grante de crime inafiançavel, claro está que
Competeneia do
licito ás legislaturas dos Estados determinar o conceito da prisão em flagrante, nesse caso, S. T. F.

os casos de flagrante delicto. E' este um dos só póde ser firmado pelo Supremo Tribunal
Ponto em qUI! o pontos em que o processo criminal é insepa- Federal (v. capo VIII).
proc. penal é ID-
separavel do dir. rave 1 d O direit
irei O pena,I como a matéria" pnma 108 - Portanto, variando as regras dos Unidade de inter-
penal é inseparavel da fôrma substancial. » codigos processuaes, arredar da competencia
pretaçãl>

Ensinamento de 103, E GALDINO SIQUEIRA:-« 'I'ra- do J uridiario Federal, a interpretação do


(4errogação
GALD. 8rQUEmA
do
t an d o-se d e uma. ·derrogaçao d o diireiito com-
J -
dispositivo constitucional, seria estabelecer
direito commum)
mum, que a ff ecta diirectamente a lib 1 erdade interpretações diversas para o mesmo texto
pessoal, os casos de flagrante delicto não da lei magna.
podem ser determinados pelas legislaturas
dos Estados federados, » 109. A antiga Relação de Ouro Preto, Julgado
ReI. de Ouro
da

em accordão de 23 de Abril de 1875, consi- Preto


Má interpretação 104. Assim não o entenderam, comtudo, derou como effectuada em flagrante a prisão
ao art.65, n.· 2
da Consto Fed. OS
I'
egis Ia d ores es t a d oaes, apoian
. d o-se, f a-1
do réo que tendo se escapado em acto de busca,
samente, no art. 65 n. o 2 da Constituição, que é apanhado horas depois.
attribue aos Estados a faculdade de legis-
!'! larem sobre matéria processual. 110, Mostra PAULA PESSOA que - é Commentarlo
PAULA PIIIIOÁ
d.

li! Os casos de fla- 105. Ora, si somente o direito substan- exhorbitante da Lei este julgado, e para assim
'I
i
grante 86 podem
ser fixados pelo tivo póde fixar os casos de flagrancia, é evi- considerar-se basta a leitura do art. 131 do
~I direito substan- Cod. do Proc. Criminal. Do modo estabele- N ullllloa~lo da lei
tivo dente a exhorbitancia, e mais, a inconstitu- ."
I
I
... _-..,,~t " ••• q q (414'+

"
- 60- -61-

eido no accordão nada mais facil do que nul- 119. - Codigo J udiciario do Estado do l':.doRlo(arUIII\)
lificar a Lei, a respeito. Rio de Janeiro, art. 556 (Lei n." 1.580, de 20
Junsp. do S. T. 111. O Supremo Tribunal Federal já de Janeiro de 1,919);
Fed. em 1912 decidiu mesmo ser nulla a prisão effectuada 120. - Codigo J udiciario do Estado de S. Catharina
(art. 1936)
como em flagrante, fóra do conceito do artigo Santa Catharina, art. 1.936 (Lei n.? L527 de
131 do Codigo do Processo Criminal (Acc.
de 21-IX-1912 - Rev. de Dir. e proc. penal, 14 de Novembro de 1925);
Mina. GeraM
vol. 1.0, pago 438). 121. - Codigo do Processo Penal do (art. U2)

~12. Não obstante, varios Estados ado- Estado de Minas Geraes, Art. 92 (Dec. n.s /
Codigos do Proe.
Penal dos Es- ptaram, em seus codigos de processo penal, 7.259, de 14 de Junho de 1926).
tados

Terceiro caso
um terceiro caso de flagrancia, que é aquelle 122. - Codigo do Processo Penal do Di.t.
(art. U4)
FMeral
(Influencia do
Cod. italiano)
estabelecido no Codigo do Processo Penal I ta- Districto Federal, art. 94 (Dec. n." 16.751,
liano: - il caso in cui l'imputato viene inse- de 31 de Dezembro de 1924).
guito dalla parte ojjesa (v.n." 39):-
123. - Nessa parte, é sem duvida, ex- JllIlIIPIIOD.
(COrte de Ap\),)
Pará art. (43) 113. Codigo do Processo Criminal do cessivo esse Codigo e repugna com a intenção t)eehnrlllonla
com o todo aon.·
IDstado do Pará, art. 43 (Dec. n.? 1.352, de da nossa lei basica, que só podia ter consa- tltuclona\

21 de Janeiro de 1905). grado o flagrante delicto com a noção res-


Parahyba(art.37) 114.·- Codigo do Processo Criminal do tricta que na época vigorava e que já estava
Estado da Parahyba do Norte, art. 37 (Lei arraigada nos espiritos pelos ensinamentos e
n." 336, de 21 de Outubro de 1910). pela pratica em um periodo de mais de cin-
coenta annos (DES. CESARIOPEREIRA--
Sergipe (art, ze: 115 - Codigo do Processo Criminal do Acc. de 31 -1 -1930 - A1'ch. Jud., ool., 13
Estado de Sergipe, art. 26 (Lei n.? 753, de
7 de Setembro de 1918. pago 270).

116 - Codigo do Processo Penal do 124. A influencia do Codigo do Processo 11111"11110111'


Itlna"" ""1
d_ \~'
R. G. do Norte tlu n, 00" •
(1, 11
(art, 62)
Estado do Rio Grande do Norte, art. 62 (Lei Penal Italiano se fez sentir mais intensamente &01
"11111 (JIIYU

n." 449, de 30 de Novembro de 1918); no espirito dos legisladores do Estado do Rio


Grande do Sul, e por um reflexo deste, nOA
Piauhy (art. 79) 117 - Codigo do Processo do Estado do Estado de Goyaz.
do Piauhy, art. 79 (Lei n.0962,de 4 de Julho
125. Este Estado, desde 1892, teve o r,,,Ii, r.rnvl_IR
de 1916); seu codigo, elaborado pelo DI'. Luiz Gonzaga d. °"1'1 (111011

E.Santo (art. 168) 118. -Codigo do Processo Penal do Esta- J ayme, e que foi mandado vigorar proviso-
do do Espirito Santo, art.168 (Dec. n.? 1.891); riamente pela Lei n." 15, de 28 de Julho.
- 62- -63-

Lei n." 231, de 126. Entretanto, esse Codigo não esta- 128. O legislador rio-grandense, afas- JURISP R U D.
(8. Trib. do R.
1901
belecia os casos de flagrancia o que fez, nove tando-se, como elle o diz na Exposição de G. do Sul)

an110S depois, a Lei 11.°231 (10 de Agosto de motivos do projecto do Codigo do Proc.
1901): Penal (pag. 238 da edição official), do con-
ceito da flagrancia estabelecido pelo Codigo
Art. 139 -« Art. 139-Qualquer pessoa do povo do Processo Criminal de 1832, art. 131, ado- Adopção do
pôde, e os officiaes de Justiça, devem, prender conceito do Cod.
ptou o definido no Cod. do Proc. Penal Ita- do Proo, Penal
a quem quer que seja encontrado: Italiano
liano de 1865 por ser mais comprehensivo.
a) cornmettendo um crime; - Não estabelecem a lei nem a doutrina Tempo proximo
b) tendo acabado de commettel-o; um criterio para se considerar a prisão reali-
ao delicto

t c) tendo interrompido a acção cri- zada em tempo próximo ao delicto.


mmosa; - Tudo depende das circumstancias; e Variabilidade das
circumstanciae
:1 d) fugindo perseguido pelo clamor como estas pódem variar infinitamente, a
publico; apreciação do caso é deixada ao prudente Arbitrio dos
juizes
e) achando-se ainda com as armas, arbitro dos juizes.
instrumentos ou effeitos do crime, em - Eis ahi porque a fixação do praso de Condemnação do
acto successivo. 24 horas, como limite alem do qual a prisão
praso de 24 horas

Em qualquer desses casos diz-se que deixa de ser proxima ao delicto, é condem-
I houve prisão em flagrante.» nada, porquanto, na lição de SALUTO, esse Lição de SALuro

. periodo de tempo pôde ser ora excessivo, ora


':1 Cod, Proc, Penal
do R. G. do Sul
1.27. O Codigo do Proceso Penal do Rio curto. Talvolta souerchio e talora scarso (Com-
Grande do Sul (Lei n,v 24, de 15 de Agosto menti al Codice di Processo Penale, ool. 10
II de 189'8) já tinha estabelecido- « experimen- ns. 375 e 3.'16) SUp\ Trib. do Rio Grande do
il tando como in anima vili, as theorias da Es- 8'1lZ- Acc. de 4- VII-1924).
cola positivista italiana <>.:.
ReI!. da Cont.
I
I

I
Art. 187 - « Art. 187-A
flagrante delicto:
prisão é reputada em
• 129. O Regulamento da proxima Con-
Ierencia Penal e Penitenciaria Brasileira,
Penal
ciaria
e Peníten-
Braelleíra

a) quando feita fiQ",UCtQde com-


eousubstanoía no: postulado 16 (IV secção):
I:
metter alguem o delicto; - Conveniencia ou inconvenieneia de Postulado 16
:1
I, considerar tambern em flagrante a prisão do (IV seocão)
b) quando feita durante a fuga do
delinquente perseguido pelo offendido uccusado com vestigios do crime ou tendo
ou pelo clamor publico; ainda em seu poder o instrumento ou o pro-
il dueto do crime.
c) quando em acto successivo ao
II
delicto se encontrar alguem com armas, -- Problema da prisão em flagrante do l'riol" em li.·
il roeeptador encontrado com os objectos ob-
,rante do roce-
ptador
instrumentos ou objectos que induzam
,I a presumpção de sua culpabilidade. »
t.idos por meio criminoso.
1
"

11 ,
"
.,"'"'" ;p ca;; i , . ;SI:' ".IJ 4. j t$(

VIII

Prisão em flagrante dos membros do


Legislativo

130. A Constituição Federal, de 24 de Cun.t. r.d.


Fevereiro de 1891, assim se expressa:
_« Art. 20-0s Deputados e os Sena- (Arl. ~())
dores desde que tiverem recebido diploma
até á nova eleição, não poderão ser presos,
nem processados criminalmente, sem prévia
licença de sua Camara, salvo caso de fla-
grancia em crime inafiançavel. Neste caso,
levado o processo até pronuncia exclusive, fi
autoridade processante remetterá os autos
á Camara respectiva, para resolver sobre n.
procedencia da accusação, si o accusado não
optar pelo julgamento immediato.
ne~. n t , ,\" í

131. O dispositivo da magna carta ap- CJAII1Ara

parece, nestes termos, no Regimento interno


da Camara dos Deputados:
_« Art. 9.° § 4.°- Desde que tiverem (ort.lI, I v,
I' eccbido diploma, até a nova eleição, os
Deputados não poderão ser presos, nem pro-
- 66- - 67-

cessados criminalmente, sem prévia licença - Na verd ade, ao conhecer de um pedido Interpret~çlJ.?pelo
da Camara, salvo o caso de flagrancia em na beas-corpus, o J u dici
de h iciano . terpreat
. m a JUdICIIUlO

crime inafiançavel. Neste caso, o processo prerogativa; porém, havendo conflicto entre Conflioto de
será levado somente até a pronuncia exclu- a sua exegese e a do Congresso, embora opere exegese
sive e remettido neste estado, pela autoridade este por motivos politicos, é attendido pelo
processante, á Camara dos Deputados, que Executivo, que não cumpre, então o vere-
resolverá soberanamente sobre o merecimento dietum ou simples despacho da magistratura.
das provas e procedencia da accusação.
- § 5.° - Ao accusado, no caso do pa- - Preso de conformidade com a lei o Communioaçlo do
d epu t a d o, a autori id a d e processante commu- facto á Camare
§ 5.·
ragrapho antecedente, é facultado o direito
de optar pelo julgamento, independente de nica circumstancialmente o facto á camara
exame do processo pela Camara e sem pri- a que elle pertence; e pede licença para pro- Pedido do 11"0110"
vilegio de precedencia sobre outros processos seguir na acção criminal até além da pro-
com pronuncia anterior ou prisão mais an- nuncia.
tiga. » - Não ha immunidade absoluta contra Prooeseo

o processo. Concluem-se as diligencias poli-


Comments. de 132. São de CARLOSMAXIMILIANOestes ciaes e, no caso de prisão em flagrante, o sum-
MAXIMILIANO commentarios ao dispositivo constitucional mario de culpa, sem audiencia do Congresso.
- Deduz-se do texto, em virtude da Depois de organizada a prova e apurada a
regra - inclusio unius, exclueio alterius, que responsabilidade do representante, vão os
Excepção uniea ha SÓ uma excepção á prerogativa: a flagraneia autos á camara respectiva, para esta auto-
em crime inafiançavel. Pelos pequenos de- rizar o proseguimento até a sentença defini-
lictos e infracções policiaes não póde ser preso tiva.
Liberalidade da O congressista, nem siquer em flagrante. A - Deve a acção penal parar antes da A 11I11.A.t. u.
lei fundamental brasileira é mais liberal que . . . é . d . Ctll1l1R Iml,IICI."
Constituição pronuncia; SI continuar at esta e.am a mais, llullld.cloc"t.I~"
as européas: permittem estas deter o repre- f:iifôr adeante, sem licença do Legislativo,
sentante surprehendido na pratica de uma nullo será o feito a partir do ponto em que
contravenção (ns. 137 e 138). a lei fundamental exige que elle estacione.
Crime grave -- Desde que haja flagrancia em crime - Indica o texto que a autorização é s6 Auturl •• cloUlllolI
grave, não mais se presume o intuito aggres- urna, impetrada antes da pronuncia; e o
Flagrante forjado sivo OU perseguidor por parte da policia. Com- direito exceptional interpreta-se restrictiva-
tudo o proprio flagrante póde ser forjado; mente.
nesse caso, a camara exige e obtem a soltura -- Examinando o processo que lhe é en- Attrlblllçll.. dll
ll~nlllr~
immediata do paciente; porque o juiz da ex- vindo, a camara não invade attribuições do (Inl.orleronolll IIQ
prootllCln)
tensão e applicação da immunidade é o Le- .J udiciario, não declara, innoccntc ou culpado
gislativo. o representante. Verifica os fundamentos da

~ -_..
_..:
- 69-
- 68-

134, Foi assim redigido o art. 14 da lei Lei de 16 de Julho


de 1875 (art. 14)
acção publica ou privada, a classificação do de 16 de Julho de 1875: - « Aucun membre
delicto, si este foi praticado e si o deputado de l'une ou de l'autre Chambre ne peut, pen-
parece responsavel; em summa, indaga si a dant Ia durée de Ia session, être, poursuivi ou
pesquisa judiciaria não foi iniciada por mo- arrêté, en matiêre eriminelle ou eorrectio-
tivo futil ou odio politico, por forjar crimes nelle, qu'avec l'autorization de Ia Chambre
o Congresso não ou inventar cumplicidades. Não está adstricto dont il fait partie, sduj les cas de jlagra'ftt dé-
está adetricto á
prova dos autos o Congresso á prova dos autos; procede como lit. »
tribunal politico, decidindo soberanamente
sobre a inconveniencia de afastar do seu posto 134 - A. EISMEN,()nota vel publicista fran- Doutrina de
EISMEN
de combate um representante do povo bra- cez mostra que - quando a Camara é chama-
sileiro. da a dar licença para ser processado um seu
Prisão antes de _ Mantem-se a prisão effectuada em representante, não tem permissão de consti-
obtida a cadeira
flagrante delicto antes de obter o réo uma tuir-se em julgadora e de investigar o gráo de
cadeira de senador ou deputado. responsabilidade do accusado; cabe-lhe apenas
verificar si o processo assenta sobre objecto
Immunídade _. A immunidade parlamentar foi esta- real e motivos legaes; do contrario, a Camara
parlamentar
belecida por motivos politicos, tendo-se em invadiria a esphera judicial.
vista o interesse publico e não o particular;
não constitue direito subjectivo, e sim obje- 135. Identico é o art. 45 da Constituição Consto Belga
(art. 45)
ctivo; não é privilegio individual, fizeram-na Belga.
prerogativa de uma collectividade indepen-
13.6, Em Italia,-os deputados durante Legislação
dente e vigilante. Por isso não é renunciavel, italiana

em geral. 3, sessão parlamentar, e somente emquanto (SANTI ROMANO)

clla funcciona não podem ser presos, fóra do


Renuncia. da pre- - Constitue excepção a lei fundamental caso de flagrante delicto, nem processados
rogativa brasi'1'eira, porque permiitte que o deputa do perante quaesquer tribunaes, sem prévia li-
opte pelo julgamento immediato, sem audi- cença da Camara (SA,NTI ROMANO).
encia da Camara. Nesse caso a autoridade
processante manda tomar por termo a re- 136-A. Eis alguns julgados dos tribunaes .Iurísp, italiana

nuncia da prerogativa e communica o facto italianos:


ao ramo do Congresso a que pertence o réo.
- « 11 deputato, quantunque arrestato
Em França 133. Em França, a Constituição de 22 in flagranza di reato, non puõ essere tradotto
(Const. FrlillaIre
e Codigo Penal)
F'rimaire,
, anno VIII, e o Codigo
' Penal (ar- in giudizio nel tempo della sessione parla- Exigencia
tigo 12l) estabeleceram a mesma excepção montare senza il prévio consenso della Ca- do consentimento
da Camara
pour les cas de jlagrant délit ou de clameur pu- mera anche quando l'arrestato abbia espres-
blique.
)jJ

-70-

samente dichiarato di non volere avvalersi


della prerogativa concessagli dall'art. 45 dello
Statnto, essendo questa d'ordine puhlico »
(Ginrisprudenza sul Codice Penale Italiano
l, 104, n.> 344).
ntravenção
C•.• 137.-« L'autorizzazione della Camera
non é necessaria quando si tratti di contrav- IX
venzioni punibili con pena pecuniaria » (Ob.
cito I, 105, n.? 353).
Contravenção 138. - « E' nulla Ia sentenza di con- o flagrante no Codigo Penal
danna contro un deputato, pronunciata per
I contravvenzione, senza che siasi previamente
domandata et ottenuta l'antorizzazione a
procedere da parte della Camera dei depu-
li
tati » (Ob. cito I, 105, n.v 357).
1319. O flagrante, em o nosso Codigo Codígo Penal

11
II Penal, figura nas disposições seguintes, como
-« condição para a administração da j us-
"
1.
I1
tiça »;
140. - E' permittida a entrada de dia Art.
(Entrada
199,
em
§ 3.°

em casa alheia (resideneia e não casa publica) casa alheia)


nos casos de flagrante delicto ou nos de se-
I, I1

guimento do réo achado em flagrante (ar-


ti
! tigo 199, § 3.0).
NJ. A Constituição Federal declara: Consto Fed.
(art. 72, § 11)
i,
I'
-«Art.72 § l1-A casa é o asylo (Inviolabilidade
l do domicilio)
li inviolavel do indivíduo; ninguem pôde ahi
'li
ill penetrar, de noite, sem consentimento do
li morador, senão para accndir a victimas de
ti
crimes ou desastres, nem de dia, senão nos
mLSOS e pela fôrma descriptas em lei; »
li l Cod. Proc. Penal
1:11
I
142. O Cod. do Proc. Penal do Dis- (art. 117)

trioto, regulou esta materia 110 art. 117.


-72- -73 -

Código
(art.35
Penal
§ 1.0)
143. E O Codigo Penal mesmo consagra adulterio », obrigado a provar o facto, ainda
no art. 35, § 1.0, a garantia reconhecida da por conjecturas. Exceptuava o caso do ma- Marido peno
inviolabilidade: rido ser peão e o adultero fidalgo, desembar- (Excepção)

Legitima defesa -« Art. 35 - Reputar-se-à praticado gador ou pessôa de maior qualidade, e mesmo
em defesa propria ou de terceiro: nesse caso, si matasse em flagrante adulterio,
§ 1.° - O crime commettido na re- não era passível da pena capital, mas do de-
pulsa dos que á noite entrarem, ou tentarem gredo para Africa pelo tempo que aos [ul-
entrar, na casa onde alguem morar ou estiver, gadores bem parecesse, segundo a pessôa,
ou nos pateos e dependencias da mesma, es- que matasse, não passando de tres annos.
tando fechados, salvo os casos em que a lei - Pelo nosso anterior Código, art. 253, o Cod. anterior
a accusaçao - devi . t en t a d a conjunc
evia ser m . t a- JOÃo
Comment. de
o permitte. » VIElHA

mente com a dos co-réos; pelo codigo aetual,


Nota
MAXUULIANO
de 144. -« Desde o tempo do imperio- art. 280, só isto será possivel se houver fla-
escreve CAELIosMAXÚULIANO,nos casos de grante ou as provas contra o co-réo forem
homicidio, buscas urgentes e outros seme- documentos escriptos por elle (JoÃo VIEIRA).
lhantes, si o morador não permitte o ingresso, - A expressão -flagrante - delicio nãoé JAlayranl. e xp r e s s o ã

a autoridade estabelece o cerco em torno do tem, no caso, a mesma accepçao porque >
delicto
Cod, Penal
110
predio e ali penetra ao despontar do sol. » tornada pela lei processual, segundo a qual
JURIS:?RUD. 145. - Nos casos de flagrante delicto é a situação de quem é encontrado eommet-
a entrada de dia em casa alheia é permittida tendo algum delicto (in faciendo), ou em-
independente das formalidades prescriptas quanto foge perseguido pelo clamor publico.
no art. 200 e § § do Cod. Penal (Sent. conf. - Assignalam isso os esoriptores fran- S6 applic,a ao 8e,

3." Cam. da Cõrte de App. Acc. de 31-1-1923). cezes, com inteira applícação ao nosso di- caso m [acienâo
Art. 280 146. -« Art. 280 - Contra ° co-réo reito. E' evidente que não é applicavel ao
(Adulterio)
adultero não serão admissivéis outras provas caso de adulterio a ultima parte da disposição,
senão o flagrante delicto, e a resultante de e só a primeira, que cogita do in faciendo.
documentos escriptos por elle, » - Ora, o que a lei quiz repellir no pro- Ln t e l l ig e n c i a
' f oram os m
ced·imen t O contra o co-reo . di!CIOS,
. da leí
Comment. de
G. SIQUEIRA 147. Ensina GAI,DINOSIQUEIRA: as presumpções, as circumstancias accesso-
- Traduzindo a influencia do direito rias e indirectas; quiz que a existencia do fla-
Ord.naçJo romano, a Ord. L. V., t. 38, pr. e § § 1.0 e grante pudesse só motivar, com os docu-
Morte da mulher
e do adultero 5.°, permittia ao marido matasse a mulher, mentos, o procedimento contra o oo-réo, mas
que fosse encontrada em flagrante adulterio, não impos a condição que esse flagrante de-
bem como o. adultero, e mesmo fóra do fla- licto fosse immediatamente constatado, que
grante, « sendo certo que lhe eommetteram seria exigir uma condição difficil de cumprir,
~74- - 75-

Natureza do
delicto de adul-
tratando-se de um delicto sempre consumado 150. Identico é o art. 4, n. ° I do Cod. Cod. Proc. Penal
(art. 4, n.s I)
terio (CUAVEAU
ET HÉLIE)
nas sombras do mysterio (CHAVEAUET HÉ- do Proc. Penal do Districto. Na justiça Dee. n.s 3.084
(art. 38)
Doutrina acceita LIE). E' doutrina geralmente acceita que basta federal, o dec. n. ° 3.084 considerou o assumpto
que a surpreza tenha tido logar em circum- no art. 38.
stancias taes que não deixe a menor duvida
sobre a consumação realizada ou prestes a
realizar-se do acto constitutivo do adulterio
(GARRAUD,BLANCHE, DALLOZ, CHAVEAU
ET HÉLIE). Por exemplo, no dizer dos autores:
solue cum sola, nudus cum nuda in eodem leeto.
Cod. Peno Fr. 147-A. O Codigo Penal Francez fala
do flagrante delicto de adulterio no art. 324,
§ 2.°.
Commeut. de
GARRAun
GARRAUDpõe em evidencia que este
flagrante « ne comprend pas les deux cas
réputés flagrants par le Code d'instruccion
criminelle: le mari n'est excusé, s'il tue ou
blesse sa femme, que s'il Ia surprend en fla-
grant délit, c'est-à-dire au moment ou le rap-
prochement sexuel se consomme, vient de se
consommer ou va se eonsommer (in ipsis
rebu» veneri~) - (Hypothese à laquelle ne jait
pas allusion l'artiele 41).
Jurisprudencia
it!tliana
148. Assim se pronuncia a jurispru-
dencia italiana:
-« Il marito, che sorprende Ia moglie
in flagrante adulterio e ferisce il drudo, ha
pur sempre diritto di querelarsi contro costui
per adulterio » (Giurisprudenza sul Codice
Penale Italiano, lII, 356, n.? 10).
Art. 407 14,9 - Nos crimes de furto e damno ha-
verá legar a aeção penal por denuncia do
ministerio publico, quando tenha havido pri-
são em flagrante (art. 407).
x

o flagrante no Codigo de Menores

151. Prescreve o Codigo de Menores Cad. de Menores


(Dec. n." 17.943iA, de 12 de Outubro de 1927):
- Art. 86-N enhum menor de 18annos, Art. 86

preso por qualquer motivo, ou apprehen-


dido, será recolhido a prisão commum.
- § 1.° - Em caso de prisão em fla- § 1.0

grante, a autori .d a d e a quem Iôor apresenta d o Procedimento


autoridade
da

O menor, si não fôr a mesma competente para .


a instrucção criminal, deve limitar-se a pro-
ceder ás formalidades essenciaes do auto de
prisão ou apprehensão, e remetter aquelle
sem demora á competente, proseguindo sem
a presença do menor nas investigações e di-
ligencias necessarias.
- § 2.° - Si não puder ser feita im- s 2.°
mediatamente a apresentação á autoridade
competente para a instrucção criminal, po-
derá o menor ser confiado, mediante termo Guardado menor
de responsabilidade, então, entregue a pessôa
idonea ou a algum instituto de ensino ou de
caridade, ou, finalmente, recolhido a estabe-
-78- -79 -

lecimento que, não sendo destinado á prisão, cação das penas. Tal como estatue a nova
queira todavia, prestar-se a isto. lei, o menor passa muito mais tempo, e mais
Prisão
§ 3.'
separada
- § 3.° - Em caso, porém, de absoluta proveitosamente na escola do que na prisão
necessidade, pela impossibilidade material pelo systema do Codigo Penal, cumprindo
de encontrar quem possa acolher provisoria- ainda notar que anteriormente o [ury absolvia Absolvição pelo
Jury
mente o menor, póde este ser guardado pre- systematicamente os pequenos criminosos,
ventivamente em algum compartimento da impunidade altamente prejudicial aos mes- Conseq. preju-
dicial
prisão commum, separado, entretanto, dos mos, pois os predispunha á reincidencia, ao
presos adultos. passo que, pelo novo regimen, elles se rege- Regeneração

Comment. de 152. - A suppressão absoluta da prisão, nerarão e se tornarão uteis a si e á sociedade


BEATRIZ SOFIA
MINEIRO mesmo da preventiva, e a substituição da (DRA. BE,ATRIZ SOFIA MINEIRO).
repressão penal por medidas de educação e 153. No coneeroente ao processo, contém Processo
Tratamento
dos menores
reforma, são outros preceitos basicos do mo- o Codigo de Menores estas disposições:
derno systema de tratamento dos menores - « Art. 169, § 2.0 - Lavrado o auto Art. 169, § 2."
(o auto)
pervertidos ou delinquentes. A prisão é, evi- de flagrante pela autoridade competente,
lneonveniencia
da prisão
dentemente, funesta e cheia de perigos para esta remetterá o menor sem demora ao juizo
o menor. Hoje em dia, admittem todos que de menores, e proseguirá no inquerito. »
a prisão é um logar de desmoralização para - « Art. 175 - Recebendo o inquérito Art. 175
o menor, quer elle conviva nella com adultos, policial, o juiz submetterá o menor a exame
quer lá se encontre com outros menores. medico-psychologioo e pedagógico, infor-
Entre pequenos prisioneiros juntos se esta- mar-se-a do seu estado physico, mental e
belece uma inevitavel emolução para o vicio, moral, e da situação moral, social e economica
todos aprendem o mal e se preparam para o dos paes, tutor, encarregado da sua guarda,
crime; e, si o misero fica isolado, outros pe- nomeará defensor, si o não houver, e ouvirá
rigos o esperam no isolamento da cellula. curador, depois do que, conforme o caso,
Assim, pois, impõe-se a abolição total da póde:
prisão. Jfl , proceder aos termos do julgamento, Julgamento
independente de
Substituição
da pena pela edu-
- Igualmente se supprime a pena, sub- independente de denuncia, em caso de fla- denuncia
cação stituida, agora, pela educação; a idéa da re- grante delicto. »
pressão desapparece, para dar logar á idéa
Escolas da educação ou da reforma. Em vez de prisões
ha escolas, onde o menor se regenera pela
instrucção e pelo trabalho. Essas escolas são
de reforma para os criminosos, cujo systema
é muito mais razoavel e efficaz que a appli-
,~

XI

o flagrante no Codigo da Justíça Militar

154. O Codigo da Justiça Militar (Dec. Cod. da J ust,


Militar
n.O 17.231-A, de 26 de Fevereiro de 1926),
está consoante o Cod. do Proc. Criminal de
1832:
« Art. 147 - Qualquer pessoa póde, e os Art. 147
Prisão em fla-
militares devem, prender quem fôr desertor grante
ou estiver pronunciado ou condemnado, ou
fôr encontrado commettendo crime militar,
ou, após a pratica deste, tentar fugir perse-
guido pelo clamor publico. Somente nestes
dous ultimos casos a prisão se considera feita
em flagrante delicto.
§ 1.0 - Apresentado o preso á autori- § 1.0
Apresentação do
dade militar, ouvirá esta o conductor e as preso
w
testemunhas que o acompanharem, interro-
ga:rá o accusado sobre as arguições que lhe
são feitas, indagando o logar e hora em que
se commetteu o crime, fazendo de tudo lavrar o auto
auto, por todos assignado.
§ 2.0 - Resultando das respostas sus- I 2.·
peitas contra o conduzido, a autoridade man-
-<"'=-----".---

- 82-

Prisão dará recolhel-o á prisão, procedendo, em se-


Corpe de delicto
guida, a exame de corpo de delicto, á busca
Busca para apprehensão dos instrumentos do crime
e a outras deligencias que forem necessarias
para ° esclarecimento deste; feito o que re-
metterá o processo, dentro em cinco dias,
~!:~ K!raau~~;ao auditor respectivo, á cuja disposição pas-
XII
sará o preso, communicado o facto por officio,
á autoridade militar a que estiver subordi-
nado. »
Art. 148
«Art. 148 - A autoridade militar dará o flagrante no processo penal brasileiro
Nota de culpa
ao preso dentro de 24 horas, nota de culpa,
por ella assignada, contendo o motivo da
prisão e os nomes do accusador e das teste-
munhas. »
P AULA PESSOA
155. Notou PAULAPESSOAque nenhum
privilegio isentava o militar de ser preso em 156. As disposições relativas á pnsao Prisão em fl~-
. - com pe-
em fI agrante e ao seu processo sao, grante nos di-
do mi- flagrante, por qualquer cidadão, e antes devia
versos co d ig o s
Prisão
litar por qual-
sel-o, á vista do Alvará de 21 de Outubro de quenas mo 1 ieaçoes, as mesmas nas dirversas
difi - estndeaea - Se-
melhança de dis-
quer cidadão IeIS 'I A'SSIm, e, su ffiICl-
. processuaes. d o B rasn. poaíções
1763, Avisos de 25 de Junho e de Julho de
1831. ente o estudo do Codigo do Processo Penal
do Districto Federal, annotado com a juris-
prudencia dos nossos tribunaes, nesta parte.
157. O referido codigo trata da prisão Cod. Proc. Penal
do D. Federal
em flagrante no Tit. IV, Capo I. :
-« Art. 94 - Qualquer pessoa póde e Art. 04
ns autoridades policiaes e seus agentes, os
uuxiliares da força publica e os officiaes de
justiça devem prender e levar á presença da
nutoridade todo aquelle que fôr encontrado
commettendo crime ou contravenção punida
com pena de prisão, ou emquanto foge per-
soguido pelo offendido ou pelo clamor pu-
blieo. »
- 85-
- 84-

158. A Relação do Recife, em accordão (8. T. Fed. Acc. de 30-V-1926-Arch. Jud.


JURISPRUD.
de 1 de Julho de 1879, resolveu que, não ob- voZ. 2.°, pago 409.)
Pedido do offen- stante o pedido do offendido, se exercita a 163. - A flagrancia só se dá quando 8. T. F.
dido e exerci cio
da acção publica acção da justiça publica, sendo o réo preso alguém é encontrado commettendo algum Quando occorre
o flagrante
em flagrante de crime affiançavel. delicto e preso nesse acto por quem quer que
159. No caso de flagrante, qualquer seja e levado á presença da autoridade, ou em-
Qualquer pôde
quanto foge perseguido pelo clamor publico
prender
(AVRAULT)
pessoa do povo póde prender, e é como dizia - (Sent. conj, S. T. Fed. Acc. de 5-1-1910
AYRAUIJT: quilibet homo est miles. - Rev. de Dir. voZ. 20., pago 133).
Tirada do pre- 160. - Em flagrante, qualquer pessoa
80 das mãos de 164. - A prisão em flagrante é a que S. T. F.
~P~nao particular
d:e:e~i~ podia prender o delinquente e si se dá, quando o delinquente está a perpetrar
tencia das mãos dessa pessoa se tirava o preso, quem o crime, ou foge perseguido pelo clamor pu-
o tirava incorria na pena da resistencia (Ord. blico. Não sendo feita a prisão nessas con-
Liv. 5.°, tit. 48 (PAULA PESSOA). condições, tem cabimento a soltura do réo
o que se deve
161. - Por qualquer pessoa se deve en- por hobeae-corpus (8. T. Fed. Acc. de 8 IV Soltura do réo
entender por tender todo aquelle que tenha capacidade 1910 - Rev. de Dir. vol. 21, pago 531. Accs.
qualquer peosoa
physica para ser conductor; um menor de de 15-VI-1910, 21-IX-1910, 26-X-1910, 10-
16 annos pôde prender outrem em flagrante, XII-1921-Rev. 8up. Trib. uol: 48, pago 48;
embora não possa ser testemunha (J. DE OLI- 26-VI-1917 - Rev. de Dir. voZ. 16, pago 468
e voZ. 57 pago 279; 17-IX-1928-Arch. Jud.
VEIRA F~LHO).
voZ. 8 pago 9).
161-A. Esta prisão effectivada por qual-
Arre8tation
8pontanée quer pessoa é a arrestsuion spontanée dos fran- 1,65. - Não se justifica a prisão como S. T. F.
feita em -fZagrante delicto - sómente por
oezes. ser o accusado portador de um rifle - chei-
JURISPRUD.
162. - Não invalida o auto de prisão rando a fumaça ou a poluora (sic) tendo deto-
i
(8. T. F.) em flagrante, cujo objectivo é apenas a con- nada uma de suas capsulas dês que tal oc-
'111 tastação de um facto apparentemente cri- correu a mais de legua do local da embos-
Ih minoso para legitimar a detenção de quem o cada, não tendo havido perseguição ou grita
1
I 11 Prisão pelo oííen- praticou, a circumstancia da prisão ter sido do povo, indicativa de sua autoria ou cum-
11

1
dido realizada pelo proprio offendido para entre- plicidade, « A achada de instrumento proprio Encontro
instrumentos
de

gal-o logo em seguida á autoridade policial. para o crime, em poder do accusado, con- proprios para o
crime
Si qualquer pessoa do povo póde prender, stitue vehemente indicio de autoria ou cum- (JoÃo MENDES)

em casos taes, com muito maior razão póde ,)Iieidllde, mas não constitue o flagrante de-
fazel-o quem recebe a aggressão ou a offensa icto » (JoÃo MENDES-O Proc. Crim. Bras.
'\

- 86- - 87-

voz. I, 11,.0 186, pago 302) (S. T. Fed. - Ace. mentos do mesmo crime desperta a suspeita
de 17-IX-1928 - Arch. Jud. vol. 8, pago 9). ou a presumpção de que esse alguem é o autor
166. - Embora haja contra o paciente do crime que foi praticado ou o cumplice.
S.T. de Just.do
Mas, por isso mesmo que ha na hypothese
Ceará
o auto de flagrante delicto, não poderá essa
uma presumpção, é que a prisão não deve A presumpeão
peça produzir o effeito de legitimar a sua não autoriza a
ser effectuada. E, proseguindo, diz ainda o prisão
Prisão oito hora. prisão desde que esta foi effectuada oito
depois (10 crime
horas depois do furto que pratieára, sem haver mencionado mestre de Dto. J udiciario da
sido perseguido, absolutamente, pelo clamor referida Faculdade: « Assim como quem é
publico. Pouco importa que a captura se ti- encontrado com as armas, instrumentos ou
Prisão quando
o culpado vendia effeitos de um crime que se acabou de com-
o objecto do crime vesse verificado no momento em que procu-
rava o paciente vehder, por ínfimo preço, o metter, póde ser autor ou cumplice, também
objecto do furto, pois em flagrante delicto pôde ser completamente extranho ao mesmo
crime. A doutrina de PIÍME.NTABUENO abre
só se considera a prisão que é effectuada:
espaço a graves injustiças (Obr. e uol, cito pa-
a) quando o delinquente está commettendo
gina 83) (Sup. T. de Just. do Ceará - Acc.
o crime; b) enquanto foge, depois de com-
mettel-o, perseguido pelo clamor publico. de 3- V-1922).
Cod. Proc. do E' o que dispõe a lei est. n.? 1.950, de 24 de 167. - A prisão em flagrante delicto Trib. da ReI. de
Minas
Ceará
Dez. de 1921, no art. 73, e já prescrevia,m o somente se dá no caso de ser o delinquentc
Codigo do Proc. Criminal de 1832, no art. 131, preso quando está commettendo o crime ou
e o Reg. n.? 120, de 31 de .Ian.? de 1842, no emquanto foge perseguido pelo clamor pu-
art. 114. O conceito do flagrante delicto, fir- blico após havel-o praticado. Este é o con- Concei to leial

Conceito de mado por PI,MENTABUENO e reproduzido na ceito legal da prisão em flagrante (Trib. da
P. BUENO ede
OLEGARIO
Pratica das Correições, de OhEGARIO H. DE ReZ. do Est. de Minas-Acc. de 5-VI-1927
AQUIN'OE CASTRO, como mui criteriosamente -- Arch. Jud. uol. 3. pago 248).
0
,

Critica de pondera AU'GUSTOVAZ, em seu estudo sobre


AUGUSTO V AZ.
a matéria, foi alem das raias traçadas pelo 168. - Ha prisão em flagrante quando 1'. S. de Juat. d.
Hnhla
cito Cod. do Proc. Criminal, porque estabe- u pessoa é presa praticando o delicto, ou
leceu um terceiro caso de flagrante, em que quando se encontre fugindo perseguido pelo
qualquer pessoa poderá ser legitimamente clamor publico, de modo que não haja so- Não deve lllwor
801uçllo de eontl-
presa estando ainda com as armas e instru- lução de continuidade entre o delicto e a prisão uuidade

mentos ou effeitos do crime (Rev. Acad. da (Trib. Sup. de Just. da Bahia - Aee. de 8-
Encon tro de Fac. de Dir. do Recife, vol. 14, pago 82). Em V-1928. Rev. do Inst. da Ord. dos Advgs. da
objectos, armas
e instrumentos verdade, accrescenta o dou to processualista Bahia, vol. 4.° pago 223).
AUGUST.OVAZ, o encontro de alguem, após 169. - Nem mesmo a confissão dos pa- COrto do ÂIIP.
Cunli •• lo du
um crime, com os objectos,. armas e instru- cientes justifica o flagrante, quando feita orlOlI
- 88- - 89-

posteriormente ao facto delictuoso (P. PESSO<A) a hoEa em que se tenha realísado a infraeção,
(Sent. co1lj.3.9. Cam. da Cõrie de App. - Acc. lavrando-se de tudo auto por todos assig- Auto de flag.

de 13-V111-1919 - Rev. de Dir. vol. 54, nado. »


pago 107). 1'14. O direito romano estabeleceu como Dir. Romano
Regr'" geral
170. - Para que se verifique o flagrante regra geral que neminem in juditio exhiben-
T. de Just. do
E. Santo
é indispensável a dupla condição da vizi- dum esse precipimus, nisi de ejus exhibitione
nhança do tempo e do logar (Trib. de Juet, judex pronuntiavérit.
VizinhaDca do
tempo e do Iogar
do E. Sap,to - Acc. de 6- V-1927 -- Arch. Jud: 175. O flagra,ns erimen constituía uma Excepção
(JlaUTa1l8 crimen)
vol. s». pago 70). exeepção á regra: o criminoso que era -in
ipso et adhuc flagranti crimine cemprehensus
S. T. F. 171. - Occorre o flagrante quando o in Jaciendo deprehensu« - devia comparecer Comparecimento
individuo é encontrado commettendo crime, perante (;) juiz, - que instruia o processo
deante do juia

ou é surprehendido no mesmo logar, no mo- ex-ojjicio, não sendo necessarias as formulas


Legar do crime mento em que vem de oompletal-o (S. T. solennes da accusação - e só depois de ou-
Fed. - Acc. de 17-1X-1928). vido por este é que podia ser levado á prisão.
Côrte de App. 172. - Fuga no sentido da lei não é o 176. Lê-se em JOÃo MENDES que as
Conceito da. fUl[II
acto do delinquente que procura afastar-se <»dena~ões Manoelinas, L. I, tit. 50 § § 10 Ords, Manoelinas
e Phillppinaa
mais ou menos apressadamente do local do e 16 e as Philippinas, L. I, tit. 75, § 10, con-
crime para evitar a acção da justiça; é sim- signam que o alcaide « prenderá por mandado
plesmente o acto do delinquente que, após o dos julgadores, e de outra maneira não, salvo
delicto, se retira do local, quando contra elle achando algum em flagrante maleficio, e os
!,[ já se levanta o clamor publico. que elle por si prender, leve-os perante o juiz Exigeneia do
comparecimento
- A lei não indaga da sua intenção- anie« que vão á cadêa. »
II .si bôa ou si má - e o suppõe sempre em
fuga. Não seria possível a ninguem desco- 177. O Alvará de 9 de Setembro de Alvará de 9 d••
Set. de 1608
brir-lhe no momento da retirada o pensa- 1608 mandava também que o réo preso em
II mento e nem isto teria valor para o effeito flagrante, antes de ser conduzido á cadeia,
1.111
da prisão (Côrte de App. - Acc. de 31-1-1930 fosse apresentado ao juiz, que o ouvia pes-
:1
- Arch, Jud. ool. 13, pago 210). soalmente.
Art. 941 § 1.' 173.- Art. 94,. § 1.0 - Apresentado o 178. O nosso Codigo do Processo Cri- Cod.Proc.Cr.de
1832
~ Apres. ao preso preso á autoriid a d e, OUVIr.
. á esta o cond uct or miaal. de 1832, assim regulou a matéria:
e as testemunhas, que o acompanharem; e -« Art. 132 - Logo que um crimi- Art. 132

interrogará o aceusado sobre as àrguições neso, preso em flagrante, fôr á presença do


I que lhe são feitas, delles indagando o lagar e juiz, será interrogado sobre as arguições que
111:
- 90- - 91-

lhe fazem o conductor e as testemunhas que de 1910, (jogo do bicho), e consistindo J 000 do bicho

o. acompanharem, do que se lavrará termo, a prova de accusação tão somente nos


por todos assignado. » depoimentos das testemunhas do flagrante,
occorre que este não se encontra assignado Falta de assigna-
JI!RISPRUDENCIA
(8. T. do R. G.
179. - 'Si é admissivel que a efficacia por um dos accusados, nem consta dos autos tura

do Sul) juridica do auto de prisão em flagrante possa declaração alguma de que elle se recusasse a
Efficacía juridica
do auto
ser illidida por outra prova, é de mistér, en- subserevel-o, facto esse que determina a nul-
tretanto, que esta seja completa, evidente, lidade da causa, por preterição de formali-
de valor irrecusavel (Sup. Trib. do Rio G. dade substancial, nos precisos termos do Dec. Formalidade
do Sut - Aee. de 6-111-1926). n.v 9.2'63, de 28 de Dezembro de 1911 tCôrte suhstaneial

S. T.. Fed. 180. - A prisão em flagrante só é legal de App. Acc. de 31-1-1923. Rev. do Sup. Trib.
Prisão Icgal-
auto de flagrante quando o auto é lavrado por autoridade com- vol. 51, pago 570).
petente no praso da lei (S. T. Fed. Aee. de 5- 186. - Flagrante delicto só se prova Sup. Trib. de
1-1910). pelo respectivo auto, lavrado nos termos Just. do Mara-
nhão. Prova do
flagrante. Auto
CÔrte de App, 181. - Não é nullo o flagrante presi- claros e precisos exigidos na lei. Não havendo, sem formalidades
A u to. presidido
por delegado desi- dido por delegado designado para auxiliar portanto, flagrante delieto quando o auto
gnado para au-
xiliar outro outro no desempenho de suas funcções (3. a não se reveste dessas formalidades, a prisão,
Cém, da Cõrte de Ap'p. - Ace. de 6-X-1921 nestes casos, é illegal (Sup. Trib. de Just. do
Maranhão - Acc. de 17-1X-1912).
- Rev. de Dir. voZ. 63, pago 556).
S. T. Fed. 182. - E' illegal a prisão em flagrante, 18,7. - Quando o auto de prisão em S. T. Fed.
Formalidades
Autoridade com-
petente e fôrma cujo auto não foi lavrado perante autoridade flagrante não é lavrado comas necessarias do auto e requi-
regular
competente e em fórma regular (S. T. Fed; formalidades ou para tal não concorreram os sitos Iegues

- Aee. de 20-1V-1918). requisitos legaes, cabe a concessão de habeas-


corpu« (S. T. Fed. Aces. de 29-XI-1909;
S. T. Fed.
Auto lavrado por
183. - Não é caso de nullidade ter sido 11-XI-1911 ; 21-liX-1912).
escrivão ad hoc o auto lavrado por um escrivão ad-hoc (S. T.
Fed. -Acc. de 22- V-1928) 188. - Constitue constrangimento il- Trib. da ReI.
do R. de Jan,
legal a prisão do paciente, desde que do auto Compromisso
S. T. Fed. 184. - Aos commissarios de policia de flagrante delicto não consta a affirmação
Competencia dos
commiesarios na compete, na ausencia do Delegado por qual- ou compromisso das pessoas que conduziram
ausencia do dele-
gado quer motivo, mandar lavrar e assignar os o preso e assistiram a sua prisão (Trib. da
autos de flagrante (S.T. Fed. - Aec. de 18- ReZ. do Rio de Janeiro. Acc. de 13-X-1925-
1-1922. Rev. do Sup. Trib. voZ. 51, pago 30). Pondectas, 111, s», 6).
Côrte de App. 185. - Tratando-se da contravenção 189. - Não constitue nullidade do auto S. T. Fed.
definida no art. 31 da Lei n.v 2.321, de flagrante o facto de terem as declarações
~ 92-- -93-

Deolouaçõe8 da da vietima sido prestados antes das do con- 194. - E' nullo o auto de prisão por Trib. da ReI.
de Minas. Dia e
victima em pri-
meiro logar duetos e das testemunhas. A falta de com- não referir o dia e o logar do delicto praticado logar do de\icto
Falta de com-
promisso promisso legal destas não torna insubsistentes e porque o conductor do preso e as teste-
os seus depoimentos (8. T. Fed. -Aee. de munhas da prisão não fizeram taes decla- Declarações
eompremiseo
!ell!

3()-V-19n - Rev. de Dir. voZ. 89, pago 4.64- rações sob juramento ou compromisso (Trib.
Aren. Jud. voZ. 2, pago 409). da ReZ. do E. de Mõnae - Aee. de 27-111-
1928- Areh. Jud. voZ. 6, pago 218).
S. T. Fed. 190. - E' nulla a prisão que se diz feita
em flagrante, quando do auto não consta 195. - E' nullo o auto de flagrante de- T r i b. de J u s t.
de Pemambueo
terem o conductor e testemunhas prestado licto em que não foram ouvidos, « sob jura- Compromisso

Compromisso o respectivo compromisso (8. T. Fed. Aces. mento )), o conductor e as testemunhas que
de lH-Vlll-1911 e ll-Xl-1911). assistiram á prisão.
Trib, da ReI. de 191. - O S. T. Fed. julga valido o auto
- A prisão em virtude do auto do fla-
Minas. Validade
do auto .Quando
d e pnsao
.' - em flazra
agran t e em que se ouvem o grante nullo por preterição de formalidades P'r e te r ío de
formalidade. sub-
ç ã

08 depOImentos
sao tornados sem con uctor O preso e os auxi'1'lares d a pnsao
d d . - substanciaes, constitue coacção e dá Jogar ao .tanciaee

eompronuseo .• t . habeas-corpus (Trib. de Just. de Pernambueo


sem juramen o ou eompromrsso, no caso em
- Aee. de 4-IX-1917 - Rev. do Sup. vol. 13,
que esta solennidade não constitua exigencia
pago 285).
da lei do Estado. Ora, a lei de processo do
E. de Minas, sem exhorbitar o ambito de 196. - O Codigo de Processo Penal do Just.
Trib. Sup. de
do E. Santo
sua competencia, exige que se OUÇamsob ju- Estado (E. Santo) definindo assim o flagrante
ramento ou compromisso o detentor de quem delicto, e exigindo um auto especial, para
foi preso em flagrante e as testemunhas da sua constatação ou authenticidade, não póde
prisão (Trib. da ReZ. do. E de Minas - Aec. haver flagrancia si do auto não consta o tempo silo
o tempo da pri-
deve constar
de 7-11-1928- Areh. Jud. voZ. 5, pago 513). da prisão do réo, isto é, si elle foi preso no do auto

Côrte de App. 192'. - E' nullo o auto de prisão em momento do crime, ou quando perseguido
Compromisso
flagrante em que as testemunhas não são pelo offendido, ou pelo clamor publico, por-
eompromissadas (Cô.r~e de App. Aee. de 9- que essa condição de tempo é indispensavel
X-1929- Rev. Crim. voZ. 23, pago 84.) ao auto, por ser o objecto, o elemento essen-
cial, a existencia da propria flagrancia (Trib.
Trib. da ReI. de 193'. - E' nullo O auto lavrado: 1.0, Sup. de Just, do E. Santo - Ace. de 6- V-1927
Minas. Compro-
misso. Legar e porque as declarações do conductor não foram - Areh. Jud. ool. 3, pag.89).
hora da infracçilo
tomadas sob juramento ou compromisso;
2.°, porque do mesmo auto não constam o 197. - Desde que as testemunhas, ou- Trib. da ReI. d.
Min •.•. Moment •.•
Iogar e a hora em que foi a infracção commet- vidas, nenhuma referencia fazem ao mo- e modo da priello

tida (Triib da Rel. de Minas - Aee. de 16-


j

mento e ao modo por que foi o paciente preso,
Vll-1929'- kJ1Ch. Jud: vol. 11, pago 355). não se caracterísou o flagrante (Trib. da Rel.
~ 94 ~ - 95-

do E. de Minas - Aee. de 1J,.-11-1928- Areh. 204. - E' certo que o auto de prisão so- S. T. do R. G
do SuL Auto la-
Jud. voZ. 5, pago 515 - Aee. de 16-111-1928 mente dois dias depois de lavrado foi assi- vrado dias depois

- Areh. Jud. voZ. 5, pago 139). gnado pelo paciente.


Mas, o vicio que podia invalidar esse Validade - assi-
S. T. Fed.
Menção das eír-
198. - O auto de prisão em flagrante auto desapparecera, des que o réo, consen- gnatura do rêo

cumstanoias
seneiaes
es- deve mencionar as circumstancias essen- sentindo em assignal-o Iivremente, attestou
ciaes ao delicto (S.T;Fed. Aee. de 29- VI- a verdade dã prisão e do conteúdo do mesmo
1912). (Sup. Trib. do E. do Rio G. do Sul- Aec. de
S. T. Fed. 199. - E' nulla a prisão em flagrante 29- V-1926).
quando do auto não consta que as teste-
205. - E' nullo o auto de pnsao em S. T. Fed. La·
Argüições - base munhas tivessem feito arguições, base para vratura do auto
do interrogatorio flagrante lavrado no dia immediato ao da
o interrogatorio do preso (S. T. Fed. Aee. de
12- VIII-1916). perpetração do crime (S. T. Fed. Aec. de 29-
VI-1912).
Trib. da ReI.
de Minas. La-
200. - E' certo que o auto se deve lavrar
vratura do auto na flagrancia do acto criminoso, não podendo 206. -« Art. 94, § 2. 0
- Resultando Art. 94. § 2 .•

interrnediar espaço de tempo consideravel, das respostas suspeita contra o conduzido,


com apreciavel solução de continuidade, não a autoridade mandará recolhel-o á prisão,
sendo o delinquente constantemente perse- excepto no caso de se poder livrar solto, ou Liberdade

guido (Trib. da ReZ. do E. de Minas - Ace. de se admittir fiança e eIle a der, proceden- Fiança

de 6-111-1928 - Arc,h. Jud. ool. 6, pago 56). do-se aos actos subsequentes da investigação
policial ou judicial, si para isso a mesma au-
S. T. Fed.
vratura
I,a-
do auto
201. - E' illegal a prisão si o auto de toridade fôr competente; si, porem, não o fôr, Competencia da
prisão em flagrante não é lavrado logo após enviará o preso, com o auto lavrado, á auto- autoridade

á captura do delinquente (S. T. Fed. Acc. de ridade que o seja, a qual procederá pela fórma
12-JV-1916). prescripta neste artigo. »
S. T. Fed.
vratura
La-
do auto
202. - O auto de prisão em flagrante 207. - Esse texto não altera absoluta- JURISPRUD.
delicto deve lavrar-se no mesmo dia de de- mente a regra de competencia estabelecida (Côrte de App.)
Interpretação do .
tenção, sob pena de nullidade (S. T. Fed. no art. 48, nem com elle se proroga a juris- § 2.·
Aees. na Rev. do Sup. voZ. 93, pago 21,- voZ. J,.9, dição, Elle cogita da competencia da autori- Competencia da
pago 30). dade que houver effectuado a prisão, para autoridade

S: T. Fed. La. 203. - E' illegal a prisão que conste de praticar os actos subsequentes da investi-
vratura do auto
um auto de prisão lavrado no dia seguinte gação policial ou judicial (Sent. conj, Cárie
ao da detenção do paciente (S. T. Fed. Acc. de App. - Aec. de J,.-XI-1925 - Rev. de Dir.
de 12-IV-1916). vol.79, pago 229).
- 96-
- 97-

Cod. Proe. Crim.


de 1832
207. A .~ O Codigo do Processo Criminal
de 1832 prescrevia: apresentada dentro dos 30 dias da perpe-
-c Art. 133. Resultando do interrogato- tração do delicto,
Art. 133 rio suspeita contra o conduzido, o juiz o man- - Si o réo estiver preso, a queixa ou de-
dará pôr em costodia em qualquer logar segu- nuncia será offerecida dentro de cinco dias.
ro que para isso designar; excepto o caso de - Não estando o réo preso nem afian-
se poder livrar solto, ou admittir fiança e elle çado, o praso para a queixa ou denuncia será
a dér; e procederá na formação da culpa, igualmente de cinco dias, contados da data
observando o que está disposto a este respei- em que o Ministerio Publico receber os escla-
to no capitulo seguinte. :. recimentos e provas do crime ou em que este
se tornar notorio. »
Duae h v p o- 2.08. Neste paragrapho segundo ha duas
theses
hypotheses a considerar: 211. -« ,Art. 94, § 3. 0
- A falta de Art. O~, I 3,"
Lav r a t u r e do
(§ 2.0)
I - quando se trata de réo preso; testemunhas presenciaes da infracção não auto sem t••
ruunhlUl I,ree.o-
,t,·
II- quando o réo pôde se livrar solto, impede de ser lavrado o auto de flagrante, 011101

ou prestar fiança. mas, nesse caso,com o conductor, deverão


i I Lm p o r t a.n c a
í
E isto tem a maior importancia á vista assignal-o duas pessoas pelo menos] que hajam
do art. 22 do mesmo Codigo de Processo: testemunhado a apresentação do preso á au-
Cad. Proe, Penal - « O praso para o offerecimento da toridade. »
Alt.22 denuncia pelo Ministerio Publico, em se tra- 21.2. Em 30 de Agosto de 1875 foi con- Con8ult.. 1\" M I.
niatro ti •• J lI.tloll
Praso para
denuncia
a tando de réo preso, é de cinco dias, contados sultado o Ministro da Justiça « si se devia
da data em que tiver conhecimento do crime, continuar na pratica de não se lavrar auto de
ou em que receber os autos da investigação prisão em flagrante delicto, quando as pes- r,avrntura 1\11
auto n rlwtUlA d •••
policial; e de 15 dias, si o réo estiver solto. » soas que a ella assistirem se recusarem a servir •.•• t8I11unll".

de testemunhas, ou quando, como acontecia ),'"11.,, d" to.·


J U 1115 Pll U D.
(C6rte de App.)
209. - Concede-se habeas-corpus ao pa- frequentemente, o criminoso era preso 11 dcs- tlllllunhlUl

ciente preso em flagrante delicto, quando a horas, achando-se as ruas desertas. »


denuncia não é offerecida dentro do praso Respondeu o Ministro ~« que não tinha J'"raoor
E;Jceeso do pr •••o
para a denuncia
de 5 dias conferido ao Ministerio Publico, fundamento semelhante pratica, jtí porque,
no art. 22 do Cod. do Proc. Penal (Sent. conj. contra as testemunhas da prisão em flagrante,
Côrte de App. Ace. de l-III-1928-Arch. Jud. quando se recusarem a acompanhar o proso
vol. 6, pag. 205). :t presença da autoridade, cabia o procedi- I'roo"dlllll .•••to
Mlltr. A' t•• 1ifI.
Dec. n.· 3.084 210. O Dec. u·o 3.084, de 1898, pres- monto indicado nos arts, 204 e 95 do Cod. do Ulllnh". quo I.
rOOUlllm
creve no art. 48: Processo Criminal, já porque a falta de tes-
Art. 48 ~« No caso de flagrante delicto, si o tvmunhas não era motivo para deixar de lu.- A /,,11.•• do tlllltO'
IIIl1l1h". "'0 1m·
réo obtiver fiança, a queixa ou denuncia será vrur-so o auto, que, neste caso, deveria conter I,ado " l~vrlltllrA
do "utu
somente as informações do conductor e do
fi

- 98-
- 99-

preso, observadas as disposições dos arts. 132


pelas motocycletas da policia, que o clamor
e 133 do citado.Codigo, e 12 da lei n.v 3.033,
de 20 de Setembro de 1871. » publico attrahira. E' uma prisão em jlagrante,
não sendo absolutamente necessario que, no
Rev. n.o 2.280
(1877)
213. O antigo Superior Tribunal de auto lavrado immediatamente pela autori-
J ustiça, determinou, na Revisão n. o 2.280 de dade policial, a quem fôr o preso apresen-
24 de Março de 1877: tado, figurem testemunhas' preeenciaee da in- Deeneceesídade
-« Para ser verificado o flagrante de- [racçõo penal. O auto de flagrante lavrado no de testemunhas
presenciaes
licto, bastava que do auto constasse que foi districto policial, a que pertence a Pavuna, Finalidade do
lavrado immediatamente o termo, e as irre- só tem por fim provar a prisão do accusado auto

gularidades das formulas tornavam respon- perseguido pelo clamor publico, e si a lei exi- InteIligencio.da lei
saveis os funccionarios, mas não prejudi- gisse a presença dessas testemunhas presen-
cavam a acção da Justiça, nem, tambem, a ciaes da infracção, a prova de legalidade da
falta de nota de culpa e do comparecimento prisão poderia ser frustada porque ou seria
immediato das testemunhas. » preciso levar á Pavuna essas testemunhas ou
Comment. de 214. Pondera, a proposito, o PROFESSOR trazer o preso a Botafogo, sem vantagem al-
CAND. MENDES
CANDIDOMENDESque -« o auto de prisão guma para a instrucção criminal e com grave
Prova do auto em flagrante não visa provar a ejjectividade perigo para a defesa da sociedade. Nem se
do crime, mas tão somente authenticar a ver- pôde limitar a extensão do effeito do clamor
dade da prisão legal do accusado, nos termos publico, que perdura emquanto não fôr in-
do n." 13 do art. 72 da Consto Fed., quando terrompido.
fôr encontrado praticando alguma injracção A possibilidade dos abusos não justifica
da lei penal ou quando estiver sendo perse- o enfraquecimento das providencias de se-
Perseguiç!to
continua e inin..
guido pelo clamor p,uplico, perseguição que só gurança social. »
terrupta legitima a prisão si fôr continua e ininterrupta.
Evidente é pois que é legal a prisão do cri- 215. O Cod. de Inst. Criminal francez Cod. de Inst.
minoso, que, por exemplo, de dentro de um de 1791 dispoz (art. 2.°) que em caso de fla- Crim. Francez
(art. 2.°)
automovel, tendo alvejado com um revolver grante delicto, ou de clamor publico, os indi-
e morto um desaffecto na Praia de Botafogo, gitados deviam ser presos e levados ao pro-
disparou em seguida em vertiginosa fuga pela curador sem que houvesse necessidade de
Avenida Beira-Mar, e sempre perseguido por esperar as declarações das testemunhas.
outros automoveis vem a ser preso em Pa-
vuna, quasi na estrada Rio-Petropolis, quando 216. No projecto de reforma desse co- Proj. de reforma

pelo esgotamento da essencia motriz foi digo, em 1808, attribuiu-so ao Procurador o


Prisão ordenado.
obrigado a parar e por fim. ser attingido direito de prender os criminosos, sem esperar pelo proourador
outros esclarecimentos.

,I"
'"
-101-
-100-

21,7.- Nenhum prejuízo acarreta ao fla- tação que conduz a esse absurdo. (Parecer
J UlI ISP 11U D.

Conducção por grante o facto de ser o réo conduzido á Dele- do Procurador Geral do Districto, DR. JORGE
outra pessoa Â,M:ERICANO) .
gacia, não pela pessoa que lhe deu voz de
prisão, mas por outra que fazia parte da di- 220. - O DI'. Juiz a quo, annullou o pro- J UR ISP R UD.
ligencia (Côrte de App. Ace. de 24-VIII-1928 cesso ab initio por não constar expressamente
(Côrte de App.)

- Rev. Crim. ool. 2<1, pago 74). no auto de flagrante, sendo o accusado anal- Réo analphabeto

Art. 9( § 4.· 218. -« Art. 94, § 4.° - Quando o ac- pheto - que duas testemunhas viram lavrar
Recusa ou im- cusado se recusar a assignar o auto de fla- aquella peça judicial, com o que se infringiu
possibilidade
réo em assignar
do
grante, ou não saiba ou não possa assignar, o art. 94, § 4. do Cod. do Proc. Penal.
0

o auto
será este assignado por duas testemunhas que - A Côrte de Appellação dá provimento
o tenham visto lavrar. » ao recurso attendendo á sua jurisprudencia
e aos argumentos do Ministerio Publico, quer
Lei n.· 2.033 219. A Lei n.? 2.033, de 1871, consi- nas razões, quer no parecer do DI'. Procurador
derou este caso no seu art. 13. Geral do Districto.
Alem dos argumentos doutrinarios refe-
Parecer do DR. 219-A. - O art. 94, § 4.° do Cod. do ridos, acontece que as testemunhas da sua Assistencia de
J. AMERICANO
(§ 4.°) Proc. Penal, mal redigido, conduz ao absurdo, lavratura estiveram presentes a tudo, tanto
testemunhas

quando interpretado na fôrma da decisão que assignaram a declaração de que o auto


recorrida (que annullou o processo em vir- estava conforme, o que não pôde significar
tude de não estar expressamente declarado senão que elle reproduz o que se passou e es-
que a lavratura do auto de flagrante contra
o accusado foi assistida pelas testemunhas creveu.
-- Acontece ainda que a falta arguida
que o assignaram a rogo deste). Defacto, não foi allegada pelo accusado, donde se con-
Omissão sem pre-
juizo para o réo.

Erro de inter- assim interpretado, elle equipara as duas elue que dahi não resultou prejuizo á defesa
pretação
hypotheses, do accusado que recusa assiçnar do réo. E si resultasse prejuizo, seria facil
e do que não sabe assignar. Ora, tomando-se ao réo reinquirir as testemunhas do flagrante Reínquirlção
a primeira hypothese, dar-se-ia ficar ao al- IIOS termos do art. 490 § 2.° do Cod. do Proc.
das testemunhas
(art. 490, § 2.°)
cance de qualquer réo instruido annullar o Penal, e inquirir as testemunhas do auto.
processo, pois, não se preeumindo a recusa da (Côrte de App. Aee. de 22-11-1929 - Areh.
assisnuuura, que só pôde verificar-se no fim Jud. ool. 9, pago 511).
do auto, aconteceria ordinariamente, não
haver testemunhas, presenciaes da lavratura 221. E' do seguinte teôr o voto vencido Voto vencido
de G. SIQUEIRA
em taes casos; e quando viesse a recusa já de GALl>INO SIQUEIRA:
estaria verificada a nullidadc por falta de ___Claro e expresso é o dispositivo do
o Intelligencia
§ 4.°
do

testemunhas. Deve-se repellir uma interpre- urt, 94 § 4.0 do Cod. do ·Froc. Penal, man-

,1t
T' I., f , I!iU.S.. ICt

-102 - ~ 103-

dando que, no caso de o accusado não saber ou pela autoridade, suggestão 'aberta, limitada 8uIIII"borta o.U"

não poder assignar o auto de flagrante, ou " ás argüições do conductor e das testemunhas
se recusar a fazel-o, será o mesmo auto assi- que acompanharam o preso, ou, si exorbi-
gnado por duas testemunhs, que o tenham visto tando, foi a autoridade ás suggestões cobertas. SUU", ool""tu
Intervenção lavrar. Eis ahi: não basta que, em casos taes O requisito, pois, da assistencia das da.A••I.tolllll"
to.to/llunh ••
das testemunhas
intervenham duas testemunhas, é necessario duas testemunnas e sua constatação expressa, e sua conltat.olo
Razão da lei mais que ellas tenham visto lavrar o auto. envolve preciosa garantia, e dahi porque
A razão da lei, com prescrever tal formali- a lei processual o exige para a devida for-
dade, é evidente. Busca-se com o testemunho mulação do auto, que sem esse requisito,
de duas pessoas idoneas provar, sempre que como sem qualquer dos outros determinados
se fizer necessario, a realidade do occorrido, pela mesma lei, não tem existencia juridica
si conforme ou não ao que ficou formalizado e conseguintemente acarretando nullidade
no auto, assegurando-se dest'arte o direito do processo (Cod. do Proc. Penal,arts. 656,
do accusado, que é também um interesse so- lU, e 658, I). Argumenta-se, porém, que esse tatado
Requl.lto noll'-
•• m /IIMII-

cial. Essa garantia sôbe de importancia nos requisito se tem como constatado, embora çllo ,,"plh,lt.
delle não se faça menção explícita, com a de-
processos por contravenção policial, por- claração, no encerramento do auto dos no-
quanto, quando preparados ex-ojjicio pelas mes das testemunhas chamadas e com a men-
autoridades policiaes, que, assim, por ano- ção de que feita a leitura, foi achado confor-
malia advinda da antiga legialção, assumem me. Argumenta-se, assim, com interfcrencias,
as posições de juiz preparado r e de parte ac- com presumpções. Mas, é principio dominante Pro.III11I)VIl••
cusadora, dada a prisão em flagrante o res- }'rllloll.lo d,
em direito formal, concretizado em leis pro- dlrolto 10,111,,1
pectivo auto,com as declarações doconductor, cessuaes nossas, entre outras, o reg. n." 737,
testemunhas e accusado, já constitue a in- de 1850, art. 690, mantido pelo dec. n.? 9.549,
strucção judicial, ou formação de culpa sensu de 1886, art. 63, que a f6rma ou requisito
lato, e, pois, formando prova plena, dados
que a lei exige para qualquer acto, presu-
os demais requisitos, a confissão que por-
me-se não obserwado, se do mesmo acto não
ventura ahi fiaer o accusado. Dahi, porque,
Réo analphabeto sendo analphabeto, hypothese occorrida na constar ter sido observado, ainda que por
especie, imprescindível se torna a intervenção outro modo isto se prove.
Aseígnature, de de duas pessoas idoneas, que por elle assi- Conseguintemente, si do acto não constar Invalldad. do
••uto om CIU' 1110
duas pessoas ido-
neas gnem, e possam testemunhar, com a respon- expressa,mente a assistencia das duas teste- CH>lI.t" a."r••••.
monto ~ ,,"".-
sabilidade decorrente, todo o occorrido no munhas á lavratura do mesmo acto, essa as- ton.l. d~ dll ••
t•• tO"'lIn" ••

auto, especialmente si foi assegurada a de- sistencia tem-se como não occorrida, ainda
fesa em toda a sua plenitude, e, assim, no que por outro modo isto se prove, o que im-
interrogatorio do accusado, si houve apenas, porta a invalidade completa do auto.
-104- -105 -

Axguiçlío da falta
Adduz-se ainda que o accusado não pnsao, as declarações do preso e os depoi-
arguiu a falta, donde se conclue que dahi mentos de duas testemunhas, ao menos,
não resultou prejuízo á sua defesa. Mas, o sendo tudo assignado pela autoridade, pelo
que se vê no interrogatorio e nas allegações preso e pelas testemunhas. .. (Trib. da ReZ.
é a impugnação que faz da realidade da de Minas - Acc. de 27-1X-1929 - Arch. Jud.
flagrancia e da aprehensão, e, depois, em voZ. 12, pago 226).' .
Nullidades em
proa. criminal processo criminal as nullidade são sempre 226. -« Art. 96 - Não havendo auto- Falta Art. 96
absolutas, por consistirem' só na preterição ridade no lagar em que se effectuar a prisão, dade
de autori-
no logar
de formalidades solennes e substanciaes, e, o conductor apresentará immediatamente o
pois, devendo ser pronunciadas ee-oiiicio preso áquella que ficar mais próxima. »
(Arch. Jud. ool. 9, pago 511).
Trib. da ReI.
222. - E' nullo o auto de flagrante si, 227 -« Art. 97 - Nos casos em que o Art. 97
de Mina.
sendo analphabeto o réo, não assignaram o réo se livra solto, a autoridade, a que Iôr apre- Casos em que
o réo se livra
Fal ta de assí- sentado, fará lavrar o auto de prisão em fla- solto
gnatura das tes- seu depoimento duas testemunhas presen-
tem unh as pre-
ciaes (Cod. do Proc. de Minas, art. 92, § § 1.0 grante e porá o preso em liberdade, intiman-
senciaes
e 4.°, e art. 219 n.v 3) Trib. da ReZ. do E. de do-o a comparecer, no praso que lhe marcar,
Minas - Acc. de 2'7-111-1928. Arch. Jud. perante a autoridade competente, sob pena
voZ. 6, pago 218). de revelia. »
Art. 95
Facto praticado 223. -« Art. 95 - Quando o facto fôr 2r28. Lei n." 2,033, de 1871, art. 12 § 3. 0
L e g. anterior
;

em presença da
autoridade praticado em presença da autoridade, ou dec. n." 3.084, de 189~.; P. II, art. 78; Cod.
contra a mesma autoridade, no exercicio de Penal, art. 122, ns. r a lII, § 1.°.
suas funcções, deverão constar do auto a 229.-« Art. 98 - Dentro de 24 horas Art. 98
narração desse facto, a voz de prisão, as de- depois da prisão, será dada ao preso nota de
darações que fizer o preso e os depoimentos culpa, assignada pela autoridade, contendo N o ta de culpa
das testemunhas, sendo tudo assignado pela o motivo da prisão, os nomes do accusador
autoridade, pelo preso e pelas testemunhas, e das testemunhas. »
e remettido incontinenti o processo ao juiz Art. 244
competente, si não o fôr a autoridade que , ! ·230. -'« Art. 244 - Incumbe ainda á Incumbencia da
autoridade poli-
conheceu da prisão, » autoridade policial: cial
Leg, anterior
224. Cod, do Proc. Crim, de 1832, art. V - Dar ao que tiver sido preso em fla-
20,1 e reg. n. o 120 de 184;2, art. 486. grante delicto ou em virtude de mandado
Jun ISPR UD.
expedido por autoridade competente, nota
Trib. ReI. de 225. -- E' manifesta a nullidade do de culpa, a qual devidamente assignada, será
Minas
Infracção com .•
auto de flagrante delicto quando, commet- entregue ao preso, dentro em 24 horas, com
mettída em pre- tida a infrac,ção em presença da autoridade,
sença da autorí- o motivo da prsião, os nomes dos accusador e
d"de não ficar constando do mesmo auto a voz de das testemunhas. »
~
- 106- -107 -

Consto Fed.
(art. 72, § 16)
2,31. E' O que ordena a nossa lei basica: para a decretação da prisão preventiva, que
-« Aos accusados se assegurará na lei não a torna obrigatoria, constituindo uma
a mais plena defesa, com todos os recursos e faculdade conferida ao juiz, criterio que com
meios essenciaes a ella, desde a nota de culpa, maioria de razão, deve ser applicado nos
entregue em 24 horas ao preso e assignada casos previstos neste art. 99.
pela autoridade competente, com os nomes _ Parece ter uma certa analogia o dis-
do accusador e das teatemunhas » (Const. posto neste art. 99 com a providencia da
Fed., art. 72, § ~6). Carta de Seguro, a que se refere a Ord. Phi-
lippina no Liv. v, tit. 129, que não era Ji-
JURISPRUD.
(Côrte de App.)
232. - O auto de flagrante não pôde ser ança (PROF. CA:NDIDO :M,ENDE1S).
Auto de flagrante
e nota de culpa
annullado por allegações feitas á nota de
culpa, que constitue formalidade outra a elle 236. O postulado 16, da IV secção do Reg, da Conf.
Penal e Peniten-

posterior. Não invalida a nota de culpa o Regulamento da Conferencia Penal e Pení- ciaria (Post. 16-
IV secção)

facto de ter sido o artigo de lei em que incorreu tenciaria Brasileira trata da liberdade provi-
o accusado nella designado de fôrma lata, soria do preso em flagrante por crime prati-
desde que dahi não tenha emanado cercea- cado para evitar mal maior ou em legitima
Termo de com-
mento á defesa (Côrte de App. Acc. de 8-IV- defesa, mediante simples termo de compareci- parecimento

1927 - Rev. de Dir. vol.85, pag.149). mento, sob pena de ficar sem effeito.
S. T. do R. G. 233. - E' a nota de culpa dispensavel, 237. -« Art. 132. Em caso de prisão Art. 132
Fiança
do Sul
Dispensa da quando se trata de prisão em flagrante, em em flagrante, é competente para conceder a
nota de culpa
que o indiciado tem sciencia de quanto se fiança a autoridade que fizer lavrar o auto. »
passa a seu respeito (Sup. Trib. do Rio G. do 238. A Lei de 6 de Junho de 1831, dis- Lei de 1831

Sul, Acc. de 3- VII-1923). punha MO naver fiança para os delictos po-


liciaes quando occorresse o flagrante.
Art. 99 234. -« Art. 99 - Quando o juiz com-
petente para o processo verificar do auto de 239. O Dec. n." 4.824 de 22 de Novem- D eco n. o 4.824

flagrante que o crime foi praticado para bro de 1871, mandava a autoridade admittir
Mal maior e
legitima defesa
evitar mal maior ou em legitima defesa, póde, a fiança, logo que reconhecesse no facto pra-
depois de ouvir o Ministerio Publico, con- ticado pelo réo, crime afiançavel; e providen-
Liberdade pro-
visaria
ceder ao réo Iiberdade provisoria, mediante ciava no caso da autoridade que a concedesse
termo de comparecimento a todos os actos não ser a competente para a formação da
do processo, sob pena de ficar ella sem ef- culpa (v. n. 97).
feito. »
240. - « Art. 241- Havendo prisão em Art. 241
Investigação
Nota de
CAND. MENDES
235.-E' esta uma disposição nova, que flagrante, a autoridade, lavrado o respectivo
é consequencia logica do criterio adoptado auto, de aceôrdo com Q disposto nos arts. 94

-~<.....~.
-108 - -109-

e seguintes deste Codigo, tomará por escripto, prisão em flagrante, o inquerito policial seria
em auto apartado, as declarações de pessoas concluido em cinco dias, devendo, findo esse
que tenham conhecimento de circumstancias praso, ser remettido ao juiz competente
que se relacionem com o facto; e juntando ao
auto de prisão em flargante o auto de exame (art. 242).
,10
de corpo de delicto, a individual dactylos- 242-A. E esse praso para remessa dos JURISPl\UD.
(Côrte de App.)
copica do accusado, com sua folha de antece- autos -não era improrogavel (Sent. conj. Praso para re-
messa dos autos
dentes, quaesquer documentos que se rela- Côrte de App. Acc. de 29-1V-1925 - Rev.
cionem com a infracção, e o auto a que se de Dir. voz. 78, pago 388).
refere o n.? I do artigo antecedente (regras
Remessa dos
autos á autorí-
de investigação), fará, dentro em oito dias 243. Ha motivo justificado para a con- Côrte de App.

dade competente remessa dos autos ao juiz competente, a cuja cessão de habeas-corptls quando é excedido o
disposição passará o preso, » praso legal pela autoridade policial para a Remes." do 8
autos-praso ex-
remessa do flagrante a juizo, como também cedido
Dec. n.s 5.515
de 1928
241. Este artigo foi modificado pelo quando é excedido o praso fixado para o offe- Praso para. 8
denuncia
art. 19 do Dec. n.O 5.515 de 13 de Agosto de recimento da denuncia (Sent. conj. Cõrie de
1928, que -« restabelece no Districto Fe- App. - Acc. de 26-11-1926 - Rev. de Dir.
(Inq, policial) deral, o inquerito policial e dá outras provi- ool, 80, pago 607).
dencias: »
Art. 19 -( Art. 19. No caso de prisão em fla- 244.. - Concede-se habeas-corptl8 quan- Côrte de App,

grante, todas as diligencias do inquerito serão do o auto de flagrante delicto, lavrado contra
concluidas no praso improrogavel de oito o paciente, foi enviado a juizo depois de
dias, devendo o indiciado e seu procurador, si excedido o praso a que se refere o art. 241 Excesso do praso

o tiver, assistir á inquirição das testemunhas, do Codigo do Processo Penal (Sent. conj.
podendo eontestar-lhes o depoimento e re- Cárie de App. - Acc. de 23-VI-1926 - Rev
querer sejam perguntadas sobre tudo quanto de Dir, ool. 81, pago 432. Sento cOrlj. Cõrte de
se relacionar com o direito de defesa. App. - Acc. de 27-1-1928 - Arch. Jud. vol.
§ unieo Paragrapho Unico - Si o juiz, durante
o praso fixado neste artigo, por qualquer mo- 6, pago 34).
tivo, requisitar os autos, considerar-se-ã en- 245. - O que a lei exige é que a remessa Côrte de App.
Exigencia da lei
cerrado o inquerito, que deverá ser, então, .dos autos a juizo, em caso de flagrante, quan-
pela autoridade judiciaria, dado com vistas
ao Ministerio Publico, para os fins de direito. » do o delicto é inafiançavel, ou quando afi-
unçavel, o accusado não presta fiança, se faça
Dec. n.O 6.440
(1907)
242. O Dec. n.v 6.440, de 30 de Março no praso fatal, improrogavel, peremptorio
de 1907 tinha estabelecido que nos casos de de oito dias.
-110-

s u a . inobser- - A inobservancia desse dispositivo im-


vaneia "
porta em constrangimento illegal sanavel
por habeas-coipus; não importa que o réo
esteja na prisão á disposição do juizo, pois
é necessario que com esta ordem faça a au-
toridade policial a remessa conéomitante dos
autos ao mesmo juizo (Sent. eonj. Côrte de XIII
App. Ace. de 10-1-1930).

o flagrante nas contravenções


(Cod. do Proc. Penal do Dist. Federal)

246. Considera o art. 483: Contravenções


-« No caso de prisão em flagrante, Art.483
será incontinenti lavrado o respectivo auto, Levratura do auto
em que, depois de qualificado o contraventor,
deporão duas ou tres testemunhas. »
247. Este auto é, consoante o art. 658, Art.658
termo substancial dos processos das contra- Termo subetan-
dai
venções penaes e regulamentares, das in-
fracções disciplinares e posturas municipaes.
248. A lei n.? 628 ordenava tambem: Lei n.· 628
-« Art. 6.°, § 2.° - Effectuada a pri- (art.6.", § 2.°)
são, será incontinenti lavrado o respectivo
auto, em que, depois de qualificado o réo,
deporão duas ou tres testemunhas, recebendo
em seguida a autoridade a defesa, escripta
ou verbal. »
249. - Dá-se habeas-corpus ainda que Jurisprudenei ••
tenha havido oondemnação, quando o pro- (Cbrte de App.)
-112- -113 -

cesso fôr manifestamente nullo em razão de salvo o disposto no art. 488)~ (As diligencías
Depoimento ter sido ouvida apenas uma testemunha, con- - quando necessarias - deverão ficar con-
de uma s6
testemunha tranamen
. te ao que esta b eIece o art. 483 d o cluidas dentro em 3 dias após o auto de fla-
Codigo do Processo Penal (Sent. eonj. Cõrte grante).
de App. - Aee. de 6-XI-1926 - Rev. de Dir.
voZ. 83, pago 156). 254. - Concede-se hobeas-corpus ao con- JUBISl'JlUD.
traventor, quando o auto não fôr mandado a (COrte de App.)
COrte de App. 250. - E' manifestamente nullo O pro- juizo no praso de 24 horas (Sent. conj. Côrte Excesso do praso
Auto lavrado por cesso de contravenção quando o respectivo de App. - Ace. de 19-VII-1927 - Arch, Jud.
p e s s o a íncompe- auto de flagrante é lavrado por pessoa que voZ. 3, pago 345).
tente para tal não tem qualidade (Sent. conj. Cõrie
de App. - Aee. de 13- VII-1926 - Rev. de 255. Concede-se habeas-corpus quando a COrte de App.
Dir. voZ. 71, pago 472). autoridade coactora não justifica a demora ha- Demora nllo [ue-
tüicada
vida na remessa dos autos a juizo (Sent. eonf.
COrte de App. 251. - E' de conceder habeas-corpue ao Corte de App. - Aee. de 5-IV-1927 - Arch.
Nullidade do auto réo preso em flagrante de contravenção, desde Jud. voZ. 2, pago 292).
lav~ado por pessoa que o respectivo auto tenha sido lavrado por
mcompetente •
pessoa sem qualidade, sendo, em consequen- 256. -« Art. 486 - No caso de prisão Art. 486

cia, nullo (Sent. conj, Côrte de App. - Ace. em flagrante ou de busca, serão logo arreca- Arr~cadaçllo 84e-
de 26-IX-1926 - Rev. de Dir. »ol. 82, pago d a d os e d eposiit anos
I os obijec t os e va 1ores que, p081tO dos obie-
etos ou valores

423). nos termos da lei penal, passam a pertencer á


Fazenda Nacional, por força da sentença con-
COrte de App. 252. - A nullidade do auto de prisão demnatoria. »
Auto sem aasigna- em flagrante em razão de não ter sido elle
••s das testemu- assiznado por numero legal de testemunhas,
tuhr 257. Disposição analoga era a da Lei Lei 11.· 628
n a e!n numero
legal
I' •• ,

apenas pode influir para que o reo se defenda n." 628 (art. 6, § l.0).
solto e não afiançado, não acarretando, to- 258. «Art. 489 - Em seguida, o pretor, Art. 489
davia, a nullidade do processo, desde que o recebidos os autos que a autoridade policial Proc. do pretor
vicio se não reproduziu na instrucção judi- lhe houver remettido, ou proseguindo, si pe-
cial, isto é, desde que nesta foram ouvidas rante elle tiver sido iniciado o processo, man-
testemunhas em numero legal (Côrte de App. dará ouvir o Ministerio Publico, no praso im- Audiencia do
M. P.
Aee. de 22-11-1922-Rev. de Dir.ool. 91 pago .prorogavel de 24 horas e, depois, interrogará
555). o contraventor, fazendo-o conduzir a juizo
Art. 4R5 253. -« Art. 485 - Lavrado o auto de para esse fim, si estiver preso.
prisão em flagrante, ... tendo sido iniciado § 1.0 - Para o mesmo fim, nos casos § 1.·

Remesea dos au- o processo por autoridade policial, esta reme- em que o contraventor, preso em flagrante, Liberdade do
COlltraVlllltor
tos ac pretor terá os autos ao pretor, dentro em 24 horas, se livra solto, ou afiançado, a autoridade po-
,A4;;;41 ...•( ç;c, ._"'"
'"

-114 -

licial ou O pretor, antes de pôl-o em liberdade,


o fará assignar, nos autos, termo de compare-
cimento em juizo, em dia e hora que ficarão
designados, de accôrdo com os prasos estabe-
lecidos nos artigos anteriores. '»
XIV

Flagrante permanente

••
259. Certas infracções acarretam, por Flqrante perma"
nente
sua natureza especial, um estado permanente
de flagrancia.
Assim, em qualquer momento que o seu Prlaão

agente seja preso, o é em flagrante.


260. ORBAN, no seu Droit Constitutionel, Vagabundagem e
desercão
fala dos delictos de vagabundagem e de deserção, (ORBAN)

como permanentemente flagrantes.


261. E estes casos podem ser tomados Casos typicos
(Exemplificaç/io)
como typicos, para exemplificação, conside-
rando-se a mendicidade como uma modali-
dade da vadiagem.
262. O Codigo Penal define a contra- Vadiagem

. venção de vadiagem no art. 399:


-« Deixar de exercitar profissão, of- Cod. Penal
(Art. ag9)
ficio ou qualquer mistér em que ganhe a vida,
não possuindo meio de subsistencia e domi-
cílio certo em que habite. »

'- ~- .~.
R

-116- -117 -

9arllcterizaçlio 263. Está caracterizada, assim, e de ac- cterizar o conceito da infracção, quando o in-
côrdo com a lição dos doutores, esta figura dividuo, não tendo meios de subsistencia, per-
em que a falta de domicilio certo é o principal siste em viver na ociosidade. »
elemento ou, como ensina FLORIAN,o fundo 267. Mas, uma vez processado e absol- Praso para novo
processo
trcdicionol. vido, não pôde o individuo, nos termos da lei,
Habitualidade 264. Sem meios de subsistencia e sem ser sujeito a outro processo identico, senão
teeto, o individuo vive perambulando ociosa- após o transcurso de 15 dias. (Côrte de
mente, até que, adaptando-se á vida errante, App. - Acc. de l-IV-1927 - Arch. Jud. ool.
se torna habiiualmeaüe avesso ao trabalho e 2, pag.14-0 e Acc. de 6-Xf}-1927- Arch. Jud.
conseguintemente inutil ou mesmo pernicioso vol. 5, pago27)
á collectividade. 268. O conceito da deserção foi assim S. T. F.
E é esta habitualidade que a lei pune, firmado pelo Supremo Tribunal: -« Veri- Conceito
deserção
da

tendo em vista na vadiagem, menos l1ID acto fica-se a deserção quando o militar, que-
consumado que um aeto preparatorio (CHA- brando todos os laços que o prendem ao ser-
VEAUET HÉLIE). viço militar, abandona a unidade em que está
265. -« Le délit d'habitude est tout servindo ou o posto que lhe foi confiado com
DeJicto de habito
Repressão à fait exceptionel. Ce que Ia loi prévoit et ré- o animo deliberado de não mais voltar »
(GARRAUD)
prime dans cette situation, c'est un penchant (Acc. de31- V-1926-Arch.Jud. vol.l0,pag.361).
determiné par la repetition des mêmes actes 269. Conhecido esse animo deliberado, Persístencia do
estado delictuoso
et devenu, chez l' agent, une seconde nature » proclamada a deserção, o estado delictuoso
(GA,RRAUD). persiste sem nova intervenção da vontade.
JURISPRUD. 266. A nossa jurisprudencia tem accen- Conseguintemente, o delicto continúa acceso
Conceito tuado a natureza continua da vadiagem; ou permanentemente flagrante.
(BURLE DE
FIGUEffiEDO)
sendo preciso notar - como o faz BURLEDE 270. Houve (ou ha ainda) quem affir- Prostituição
FIGUEIRE'DO,que - « a simples vagabun- masse que a prostituta, emquanto mantiver Conceito falso
dagem, tomado o termo no seu verdadeiro (lssa qualidade activa, está em flagrante per-
sentido tradicional de andar sem destino certo, manente de contravenção (?) - Quando quer,
de vagar sem escopo, não tem, no aetual con- pois, que a policia lhe ponha a mão, prende-a
ceito dessa contravenção, significação anti- . em acto de commetter a contravenção.
social: - não viola nenhum direito, não pro-
duz nenhum damno, não offerece nenhuma 271. -Não é, porém, verdadeiro esse con- JURISPlIVD.
(T. da Rel.de
ameaça a direitos sociaes e por isso entende oeito, Ao revés. Poderia alguém, que houvesse Minas)
a doutrina actualmente que a vagabundagem prendido uma desgraçada num aoto isolado
simples não é punivel e que s6 se deve cara- do seu opprobio, affirmar que a prendera no
- 118-,

momento em que ella «provia habitual-


mente á subsistencia por meio de occupação
deshonesta? » (Trib. de Rel. de Minas. Acc.
de VI-19,27 - Arch. Jud. »ol. 3, pago 63).
A prostituição 272. Ademais, -« em muitos poucos
não é classificada
como delicto
paizes é ella (prostituição) considerada um 81 BLIOGRAPH IA
(V. PIRAGIBE) delicto. As leis brasileiras não a classificam
como tal, limitando-se a punir os que por qual-
quer meio exercem o lenocinio. »(DESEMBAR,.
GADOR V~CENTE PIRAGIBE).
Lenocinio 273. O lenocinio, tendo como uma das
características a habitualidade, pôde ser con- Archivo Judiciario,
Bcatria Sofia Mineiro Codigo de Menores
siderado, com mais razão, um delicto de fla-
Bento do Faria Codigo Penal do Brasil
grancia permanente. E'tudes pratiques sur l6 Code Pdnal
Blanche
Final 274. Ahi ficam estes exemplos, não sendo Candido Mendes Codigo do Processo Penal
de nossa intenção entrar em materia especi- Carlos Maximiliano Commeruorios á Constituição Brasileira
almente de direito substantivo e fugir, assim, Chaveau et Hélie Code Pénal
ás linhas traçadas para directriz do nosso pe- Decisões do Superior Tribunal do Rio Grande do Sul
Eduardo Espinola Pandectas Brasileiras
queno trabalho. Pratica Crimin,al
Forreira
Gnldino Siqueira Curso de Processo Criminal
Direito Penal Brasileiro
Garraud Traité d'instruction crimineUe et de procédur6
pénale
Traité du Droit Pénal Français
Oiuri8prudenza sul Codice Penale Italiano
II Digesto Italiano
.João de Oliveira Filho Codigo do Processo Penal do Estado de Minas
.Ioão Marcondes de M. Romeiro Diccionario de Direito Penal
.Jo{i.o Mendes de Almeida Junior Processo Criminal Brasileiro
.Iorge Americano Applicações do Direito
Jnsé Aff.O Mendonça de Azevedo A Conto Fed. interpretada pelo Sup. Trib. Fed
.José Burle de Figueiredo A contravenção de mdiagem
.Iulgado8 6 decisõe8 do Sup. Trib. de JU8tiça do Amazonas
Julgado8 e decisõe8 do Sup. Trib. de JU8tiça do Ceará
.I "lgado. e decisões da Relaç(to de Fortaleza
Kenny , Erquis86 du Droit Criminel Anglais

...:.+~ ~
- 120-

Larousse Grand Dictif->naire universel du XIXe 3iecle


Leis do Brasil
M. Femandes Pinheiro Das nuUidades no processo criminal
Manfredo Pinto Manuale di Proeeâura Penale
Mittermaier Traité de la Procêdure Criminelle
Niecola Nicolini Dalla procedura penale
O Direito
Octavio Kelly Manual de Jurieprudencia Federal
Orban Droit Constitutionnel de la Belgique
Ortolan E'léments de Droit Pénal
Pandectes Belges
Paranó. Judiciario
Paula Pessoa Codigo do Processo Criminal.
Pereira e Souza Primeiras linhas do Processo Criminal
Pimenta Bueno Processo Criminal Brasileiro
Puglia PrincipiiJondamentali di Diriüo Giudiziário
Penale
Recieta Criminal
Revista da J urisprudencia
Revista de Direito
Revista do Instituto da Ordem dos Advogado8 da Bohia
Revista do Supremo Tribunal
Ret'1,sta do Trib. da Relação do Rio de Janeiro
Revista dos Tribunaes (8. Paulo)
Revista Forense
Santi Romano Cor80 de diritto consiiiuzionale
Teixerra de Magalhães Manual do Processos Penal
Vicente Piragibe Proetiiuição e Vagabundagem
Wiliam BIaekstone Commentaires sur le« lois anglaises

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