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Gimnospermas 125
fica temporariamente suspenso até que a semente encontre um local com
as condições ideais para a sua germinação. Anatomicamente, uma nova
característica surgiu nas espermatófitas, auxiliando também no sucesso
evolutivo desse grupo: o crescimento secundário. Nesse tipo de cresci-
mento, os tecidos condutores (xilema e floema) se proliferam extensiva-
mente, principalmente o xilema, formando o que comumente chamamos
de lenho. Isso permite a essas plantas um suporte para crescerem mais
em relação a outras plantas e captarem mais luz para a fotossíntese.
Mesmo que alguns grupos recentes tenham perdido essa condição, todas
as espermatófitas basais possuíam o crescimento secundário.
Atualmente, existem cinco filos de espermatófitas, quatro desses, Cy-
cadophyta, Ginkgophyta, Coniferophyta e Gnetophyta, são tipicamente
conhecidos como gimnospermas (do grego: gymno = nu, sperm = se-
mente), pois a semente não está protegida por um fruto, sendo, portanto,
“nua”. As plantas do filo Anthophyta são conhecidas como angiospermas
por apresentarem as sementes protegidas por um fruto e serão estudadas
no próximo capítulo. As relações filogenéticas entre as divisões das es-
permatófitas ainda não estão totalmente esclarecidas.
• Filo Cycadophyta
São cerca de 11 gêneros e 140 espécies de cicadófitas atualmente no
mundo, ocorrendo nos trópicos e subtrópicos. No Brasil, o gênero Zamia
L. é o único nativo e está presente principalmente na Floresta Amazô-
nica e em parte do Cerrado, mas diversas espécies exóticas são cultivadas
como ornamentais.
As cicadófitas são plantas parecidas com palmeiras (Figura 1), pois apre-
sentam as folhas agrupadas no ápice do caule, e dioicas, ou seja, possuem
as estruturas reprodutivas femininas e masculinas em plantas separadas.
O pólen, após germinar, libera anterozoides, assim como as samambaias.
Provavelmente, as cicadófitas são a linhagem mais antiga de espermatófi-
tas entre as divisões atuais. Seus tecidos são altamente tóxicos, pois con-
tém grandes quantidades de compostos neurotóxicos e carcinogênicos.
126 Botânica 2
Figura 1a Figura 1b
Figura 1
Cycas revoluta Thunb. (Cycadaceae).
• Filo Ginkgophyta a) Aspecto da planta. Fonte: https://upload.
O filo Ginkgophyta é representado por uma única espécie no mundo: a wikimedia.org/wikipedia/commons/9/93/Cy-
Ginkgo biloba L. (Figura 2), nativa da Coréia, da China e do Japão, sendo a cas_Revoluta_Museo_Larreta.jpg. Fotografia:
Roberto Fiadone.
única sobrevivente atual de um gênero que não sofreu alterações nos últi- b) Estróbilo ovulado. Fonte: https://com-
mos 150 milhões de anos. Provavelmente, estaria extinta se não tivesse sido mons.wikimedia.org/wiki/File:Cycas_revo-
luta_Thunb._-_%C5%A1i%C5%A1ka.JPG.
cultivada em pátios dos templos chineses por centenas de milhares de anos. Fotografia: Mercy.
A G. biloba é fácil de ser reconhecida por possuir folhas em forma de
leque, decíduas. Além disso, são árvores de crescimento lento, podendo
alcançar mais de 30 metros de altura. Os megasporângios e os microspo- Figura 2
Gingko biloba (Ginkgoaceae).
rângios crescem em indivíduos diferentes, e o grão de pólen, após germi- a) Folhas. Fonte: http://woodyplants.wikidot.
nar, libera anterozoides que nadam até a oosfera, assim como as com/ginkgo-biloba. Fotografia: Steve Baskauf.
b) Sementes carnosas. Fonte: https://com-
cicadófitas. Os megasporângios produzem sementes que possuem um mons.wikimedia.org/wiki/File:Ginkgo_bi-
envoltório carnoso, lembrando um fruto. loba_007.jpg. Fotografia: H. Zell.
Figura 2a Figura 2b
Gimnospermas 127
Pesquisadores americanos descobrem que
Ginkgo biloba não ativa memória
• Filo Gnetophyta
As gnetófitas atuais estão representadas por três famílias, com cerca de 75
espécies e três gêneros, extremamente diferentes na aparência externa.
128 Botânica 2
Apresentam algumas semelhanças com as angiospermas, como a ausên-
cia de arquegônios no gametófito feminino e a presença de elementos de
vaso no xilema, diferentemente das demais gimnospermas.
O Gnetum L. (Gnetaceae) possui distribuição tropical, ocorrendo no
Brasil apenas na Floresta Amazônica. As plantas desse gênero são trepa-
deiras, arbustos ou árvores, com folhas grandes e coriáceas, que lembram
algumas angiospermas (Figura 3).
Figura 3
Gnetum gnemon, L.. Fonte: https://commons.
wikimedia.org/wiki/File:Melinjo_(Gnetum_
gnemon)_(6863727669).jpg.
Fotografia: Guido Bohne
Figura 4
Ephedra tweediana. Fonte: https://commons.
wikimedia.org/wiki/File:Ephedra_twee-
diana_2.JPG. Fotografia: A. Barra.
Gimnospermas 129
O gênero Welwitschia Hook. f. (Welwitschiaceae) possui uma única es-
pécie, a Welwitschia mirabilis Hook. f. (Figura 5), nativa do deserto da Na-
míbia. É uma planta peculiar, que permanece quase totalmente enterrada
no solo arenoso. A parte que fica acima do solo consiste em um disco
côncavo que produz duas folhas longas em forma de fita. Na margem do
disco, possui um tecido meristemático de onde crescem os estróbilos.
Figura 5
Welwitschia mirabilis. Fonte: https://commons.
wikimedia.org/wiki/File:Welwitschia_Trail_
Ende.JPG. Fotografia: Harald Süpfle.
• Filo Coniferophyta
O filo Conipherophyta possui o maior número de espécies entre as gi-
mnospermas atuais, cerca de 630, reunidas em 70 gêneros. No Brasil,
existem apenas duas famílias nativas: a Podocarpaceae e a Araucariaceae,
esta com apenas uma espécie, a Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze,
conhecida como pinheiro-brasileiro ou pinheiro-do-paraná, que ocorre
principalmente no Sul do Brasil e em parte da região Sudeste.
Figura 6
Folhas e estróbilo de Pinus elliottii Engelm.
(Pinaceae). Fotografia: Mariana Machado.
132 Botânica 2
Figura 7
Sementes de Podocarpus totara G.Benn.
ex D.Don. (Podocarpaceae). Fonte: http://
ketenewplymouth.peoplesnetworknz.info/
friends_of_te_henui/images/show/14220-po-
docarpus-totara-lowland-totaratotara-fruit
-berries. Fotografia: Phil Bendle.
134 Botânica 2
Como é o ciclo de vida das gimnospermas?
Gimnospermas 135
Figura 8 O ciclo de vida das coníferas é bem ilustrativo para entender a repro-
Ciclo de vida de um pinheiro.
dução nas gimnospermas, entretanto, algumas peculiaridades ocorrem
no ciclo de vida dos outros filos. Nas cicadófitas e nas ginkgófitas, os
gametas masculinos são anterozoides flagelados, liberados pelo grão de
pólen ao germinar na micrópila. Já nas gnetófitas, ocorre a ausência de
arquegônios, uma característica também observada nas angiospermas.
136 Botânica 2
Importância econômica das gimnospermas
Gimnospermas 137
na culinária, especialmente do Oriente Médio, no recheio de quibes, e na
Itália, para o preparo do pesto genovês.
A espécie Larix decidua Mill. (Pinaceae) produz a terebentina-vene-
ziana, um solvente constituído principalmente por terpenos, que é utili-
zado na mistura de tintas, vernizes e polidores. Da Abies balsamea (L.) Mill.,
é extraído o bálsamo-do-Canadá, uma solução viscosa, apolar e tóxica
usada na preparação de lâminas permanentes utilizadas em microscopia.
Apesar de amplamente utilizadas em reflorestamento, em razão do
fácil cultivo, as espécies Pinus elliottii Engelm e P. taeda podem causar im-
pactos ecológicos em vegetações abertas, pois são heliófilas, isto é, preci-
sam de muita luz, levando a uma total substituição da vegetação original.
Os povoamentos de Pinus spp. tendem a ser monoespecíficos, impedindo
a instalação de outras formas de vegetação. Eles aumentam a acidez do
solo e alteram os ecossistemas abertos, como os campos e as restingas,
tornando-os ecossistemas fechados (florestais), o que ocasiona a perda
de biodiversidade por sombreamento. Além disso, a deposição de serrapi-
lheira de lenta decomposição dificulta a germinação de espécies nativas.
Por isso, aconselha-se que o uso dessas espécies seja destinado exclusiva-
mente para a produção comercial, cessando o uso ornamental, de paisa-
gismo rodoviário ou de sombreamento.
Síntese do Capítulo
Gimnospermas 139