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Jovens e Religião
Jovens e Religião
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“Deus não existe” ou “Não sei se existe mas não tenho motivos para crer”. Juntas, estas
duas respostas – que reproduzem ateus e agnósticos – representam 28% dos jovens
universitários portugueses, uma população com uma ligação cada vez menos forte à
religião.
Ainda que o número de pessoas para quem a religião é muito importante continue a ser
“significativo”, “a percentagem de não religiosos entre os universitários é maior do que
no resto da população”, concluiu José Pereira Coutinho no seu estudo.
A tendência europeia não anda longe destes resultados e, por isso, José Pereira Coutinho
não ficou especialmente surpreendido com o facto de os universitários se mostrarem
pouco crentes. Um dos dados de que não estava à espera foi a percentagem (13%) de
jovens que responderam que, em relação à concepção de Deus, diziam que Ele
“correspondia à própria natureza”.
Foi um resultado inesperado, mas coerente com a escolha do Budismo como uma das
religiões ou doutrinas mais admiradas: 46% dos 500 alunos de quatro universidades
públicas de Lisboa admitiram que era o Budismo a religião que mais admiravam,
ficando o Catolicismo em primeiro lugar, com 52%.
Em matéria de religião, não são os opostos que se atraem: as sociabilidades são feitas
junto dos pares de convicções religiosas, ou seja, os jovens religiosos tendem a dar-se
com os religiosos e os não crentes com os não crentes.
O “aborto” é o parâmetro com menos aceitação, sendo o mais bem aceite a utilização de
contraceptivos. E são as mulheres as mais religiosas, o que vai ao encontro de vários
estudos.
Para o sociólogo José Pereira Coutinho caminhamos para uma realidade semelhante à
do início do Cristianismo: “Vai tender para poucos, mas mais convictos.” Ou seja,
“ainda que vão continuar a existir pessoas que se dizem católicos por tradição, a maior
parte só será por convicção”. Ateus e agnósticos serão uma fatia “cada vez maior” e as
minorias religiosas, por força da imigração, tendem a crescer.