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ATIVIDADE ASSÍNCRONA 2 – RJ CAPITAL DA COLÔNIA

1. Explique como a autora discute o conceito de capitalização para criticar


abordagem que a historiografia faz acerca da transformação do Rio de Janeiro.

A centralidade, ou capitalidade, do Rio de Janeiro não teve início no século XIX com a
chegada da família real como creem alguns historiadores, mas partiu de um longo
processo para o qual contribuíram fatores políticos, econômicos, religiosos e culturais.
Desde o século XVII a cidade já se destacava como um centro cosmopolita, eixo
agregador de múltiplos espaços terrestres e marítimos, posição essa que foi enfatizada
durante o século XVIII.

Após a transferência da sede do vice-reinado de Salvador para o Rio, ocorrida em 1763,


confirma-se a posição de destaque da cidade no território centro-sul da América e sua
posição estratégica de porto no Atlântico, fundamental para o tráfico negreiro, além da
importância política nos conflitos que envolviam fronteiras e delimitações luso-
espanholas e a proximidade geográfica com as regiões de mineração.

A transferência da capital para o Rio trouxe como consequência o aumento do cuidado


do governo com a defesa e a segurança da cidade, resultantes de ação do Estado e do
crescimento físico e populacional do território.

Durante o século XVIII, a antiga vila de São Sebastião do Rio de Janeiro cresceu e se
transformou, deixando de ser apenas um pequeno povoado colonial militarmente
estratégico para se expandir e se tornar uma movimentada cidade. Essa cidade
configurava um centro pulsante que refletia os movimentos revolucionários e
antimonarquistas da Europa, com vistas à independência, de modo que no início do século
XIX o Rio de Janeiro representava um importante polo urbano.

As razões para isso eram a localização privilegiada, de “porta principal”, capaz de


despertar a cobiça de estrangeiros, como os franceses. Some-se a isso o caráter mercantil,
sendo o porto do Rio o principal porto do Atlântico sul e destino principal dos navios que
vinham tanto de Lisboa como da África, transformando a cidade em um núcleo
distribuidor de produtos para outras regiões da América portuguesa e atestando sua
centralidade.
A cidade também logo se firmou como centro abastecedor das regiões mineradoras, que
constituíam um sólido mercado consumidor, capaz de alavancar a economia do Rio de
Janeiro e de promover seu crescimento contínuo durante o século XVIII.

Desse modo, a autora diverge da abordagem de muitos historiadores e sustenta que a corte
portuguesa escolheu instalar-se no Rio porque a cidade então já havia construído uma
capitalidade capaz de atender às demandas da corte, e que o desenvolvimento dessa
capitalidade não foi unicamente consequência da vinda da família real, embora a cidade
muito se tenha beneficiado de sua presença aqui.

2. Apresente os tipos de fontes usadas pela autora e discuta uma delas a sua escolha.

Em seu artigo “O Rio de Janeiro no século XVIII: a transferência da capital e a construção


do território centro-sul da América portuguesa” a autora Maria Fernanda Bicalho cita
diversos historiadores para analisar o processo de colonização do novo território,
notadamente da cidade do Rio de Janeiro.

Dentre as fontes citadas chama a atenção o ensaio de Sérgio Buarque de Holanda “O


Semeador e o Ladrilhador”, capítulo do livro “Raízes do Brasil”, de 1936, em que o autor
compara os modelos de urbanização nas colônias de Portugal e Espanha na América.

Trata-se de processos diferentes, pois, enquanto os portugueses em geral não tinham


intenção de fixar raízes na colônia, que para eles representava apenas uma feitoria da qual
extrairiam riquezas, os espanhóis desde o início pretendiam estabelecer cidades e
instituições semelhantes às que tinham na Europa. Assim, enquanto a América portuguesa
(colonizada pelo “semeador”) tendia à produção rural, bastando construir estruturas
rudimentares, plantar e aguardar a colheita, as colônias espanholas, assentadas pelos
“ladrilhadores” sobre bases simétricas e planejadas, tendiam à urbanização, com a
expansão e organização das cidades.
Do lado português, apenas no decorrer do século XVIII, com as reformas idealizadas pelo
Marquês de Pombal, as vilas começaram a assimilar os traçados urbanos e arquitetônicos
das vilas de Portugal, após o descobrimento das minas.

Além do aspecto da urbanização, a colonização por “semeadores” explica também porque


os portugueses, nos dois primeiros séculos, povoaram apenas o litoral, mais adequado ao
cultivo, mais acessível aos portos e ao comércio, sem que precisassem se aprofundar para
o interior.

Aluna: Nádia S. Lamas

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