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CURSO SOBRE O ESSENCIAL DE

TEORIA GERAL DO PROCESSO

Professor: Ricardo Viana Mazulo

NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL


1. Princípio do devido processo legal
- O art. 5º, LIV, da Constituição Federal prevê que "ninguém será
privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal". Quando fala em “legal” quer se referir ao Direito como um
todo e não apenas à lei.
- O devido processo legal é uma garantia contra o exercício abusivo
do poder, qualquer poder (legislativo, administrativo, jurisdicional,
etc.).
- O contraditório e a ampla defesa (art. 5º, LV, CF), tratamento
isonômico (art. 5º, I, CF), proibição de provas ilícitas (art. 5º, LVI,
CF), publicidade do processo (art. 5º, LX, CF), garantia do juiz
natural (art. 5º, XXXVII e LIII, CF), motivação das decisões (art.
93, IX, CF), duração razoável do processo (art. 5º, LXXVIII, CF),
garantia de acesso à justiça (art. 5º, XXXV, CF) etc. Todas essas
normas (princípios e regras) são concretizações do devido
processo legal e compõem o seu conteúdo mínimo.
- Direito fundamental de conteúdo complexo.
2. Princípio do contraditório
- Está contido no art. 7º do CPC e no art. 5º, LV, da CF.
- O princípio do contraditório pode ser decomposto em duas
garantias: participação (audiência, comunicação, ciência) e
possibilidade de influência na decisão.
- Não basta que a parte seja ouvida, é necessário que essa
participação viabilize a influência na decisão a ser proferida.
- O impedimento ao julgamento surpresa, previsto nos arts. 9º e 10
do CPC, decorre da aplicação do contraditório. Assim, não seria
admitido, por exemplo, que o juiz viesse a decidir com base na
inconstitucionalidade da lei que não foi alegada por nenhuma das
partes, sem antes o juiz oportunizar às partes o direito de se
manifestar sobre isso.
- Tutelas provisórias: o contraditório é postergado, para garantia da
efetividade das decisões.
3. Princípio da ampla defesa
- Está diretamente ligado ao princípio do contraditório, tanto que
encontra previsão no mesmo dispositivo constitucional (5º, LV).
- O princípio do contraditório e o princípio da ampla defesa são
conexos, de forma que a ampla defesa qualifica o contraditório.
Não há como imaginar um sem o outro.
4. Princípio da publicidade
- A publicidade dos processos está prevista nos arts. 8º, 11 e 189
do CPC e nos arts. 5º, LX, e 93, IX e X, da CF.
- A aplicação desse princípio evita arbitrariedades e auxilia no
controle da atividade jurisdicional. Há transmissões ao vivo no STF.
- O art. 189 do CPC traz exceções à publicidade: I - em que o exija o
interesse público ou social; II - que versem sobre casamento, separação de
corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de
crianças e adolescentes; III - em que constem dados protegidos pelo direito
constitucional à intimidade; IV - que versem sobre arbitragem, inclusive
sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade
estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.
5. Princípio da duração razoável do processo
- Previsto nos arts. 4º e 139, II, do CPC e no art. 5º, LXXVIII da CF.
- A Corte Europeia dos Direitos do Homem estabeleceu três critérios
para verificar se a duração foi razoável ou não: a) a complexidade
do assunto; b) o comportamento dos litigantes e de seus
procuradores ou da acusação e da defesa do processo; c) a
atuação jurisdicional. No Brasil, há de se ponderar também sobre
a estrutura do órgão do Poder Judiciário.
- A demora inaceitável é decorrente da inércia do julgador.
- É possível representar o julgador por excesso de prazo, como se
vê no art. 235 do CPC: Qualquer parte, o Ministério Público ou a Defensoria
Pública poderá representar ao corregedor do tribunal ou ao Conselho Nacional de
Justiça contra juiz ou relator que injustificadamente exceder os prazos previstos
em lei, regulamento ou regimento interno.

- O art. 93, II, e, da CF impede a promoção do “juiz que,


injustificadamente, retiver autos em seu poder além do prazo
legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho
ou decisão”.
6. Princípio da primazia da decisão de mérito
- Baseado no arts. 4º e 6º, dentre outros, do CPC.
- Deve-se buscar o máximo possível que se aprecie o mérito da
questão.

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