1. Princípio do devido processo legal - O art. 5º, LIV, da Constituição Federal prevê que "ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal". Quando fala em “legal” quer se referir ao Direito como um todo e não apenas à lei. - O devido processo legal é uma garantia contra o exercício abusivo do poder, qualquer poder (legislativo, administrativo, jurisdicional, etc.). - O contraditório e a ampla defesa (art. 5º, LV, CF), tratamento isonômico (art. 5º, I, CF), proibição de provas ilícitas (art. 5º, LVI, CF), publicidade do processo (art. 5º, LX, CF), garantia do juiz natural (art. 5º, XXXVII e LIII, CF), motivação das decisões (art. 93, IX, CF), duração razoável do processo (art. 5º, LXXVIII, CF), garantia de acesso à justiça (art. 5º, XXXV, CF) etc. Todas essas normas (princípios e regras) são concretizações do devido processo legal e compõem o seu conteúdo mínimo. - Direito fundamental de conteúdo complexo. 2. Princípio do contraditório - Está contido no art. 7º do CPC e no art. 5º, LV, da CF. - O princípio do contraditório pode ser decomposto em duas garantias: participação (audiência, comunicação, ciência) e possibilidade de influência na decisão. - Não basta que a parte seja ouvida, é necessário que essa participação viabilize a influência na decisão a ser proferida. - O impedimento ao julgamento surpresa, previsto nos arts. 9º e 10 do CPC, decorre da aplicação do contraditório. Assim, não seria admitido, por exemplo, que o juiz viesse a decidir com base na inconstitucionalidade da lei que não foi alegada por nenhuma das partes, sem antes o juiz oportunizar às partes o direito de se manifestar sobre isso. - Tutelas provisórias: o contraditório é postergado, para garantia da efetividade das decisões. 3. Princípio da ampla defesa - Está diretamente ligado ao princípio do contraditório, tanto que encontra previsão no mesmo dispositivo constitucional (5º, LV). - O princípio do contraditório e o princípio da ampla defesa são conexos, de forma que a ampla defesa qualifica o contraditório. Não há como imaginar um sem o outro. 4. Princípio da publicidade - A publicidade dos processos está prevista nos arts. 8º, 11 e 189 do CPC e nos arts. 5º, LX, e 93, IX e X, da CF. - A aplicação desse princípio evita arbitrariedades e auxilia no controle da atividade jurisdicional. Há transmissões ao vivo no STF. - O art. 189 do CPC traz exceções à publicidade: I - em que o exija o interesse público ou social; II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade; IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo. 5. Princípio da duração razoável do processo - Previsto nos arts. 4º e 139, II, do CPC e no art. 5º, LXXVIII da CF. - A Corte Europeia dos Direitos do Homem estabeleceu três critérios para verificar se a duração foi razoável ou não: a) a complexidade do assunto; b) o comportamento dos litigantes e de seus procuradores ou da acusação e da defesa do processo; c) a atuação jurisdicional. No Brasil, há de se ponderar também sobre a estrutura do órgão do Poder Judiciário. - A demora inaceitável é decorrente da inércia do julgador. - É possível representar o julgador por excesso de prazo, como se vê no art. 235 do CPC: Qualquer parte, o Ministério Público ou a Defensoria Pública poderá representar ao corregedor do tribunal ou ao Conselho Nacional de Justiça contra juiz ou relator que injustificadamente exceder os prazos previstos em lei, regulamento ou regimento interno.
- O art. 93, II, e, da CF impede a promoção do “juiz que,
injustificadamente, retiver autos em seu poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão”. 6. Princípio da primazia da decisão de mérito - Baseado no arts. 4º e 6º, dentre outros, do CPC. - Deve-se buscar o máximo possível que se aprecie o mérito da questão.