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04/09/2021 16:44 Possível “Super-Terra” encontrada após décadas de buscas | National Geographic

Possível “Super-Terra” encontrada após


décadas de buscas
Astrônomos podem finalmente ter identificado um mundo alienígena congelado
orbitando a Estrela de Barnard.

POR NADIA DRAKE
P U B L I C A D O   2 2 D E N O V. D E 2 0 1 8 2 0 : 3 0 B R S T
AT U A L I Z A D O   5 D E N O V. D E 2 0 2 0 0 3 : 2 2 B R T

Uma fraca estrela vermelha se eleva sobre a paisagem nesta ilustração do planeta recém-descoberto.

F O T O D E   I L L U S T R AT I O N B Y E S O - M . K O R N M E S S E R

A apenas seis anos-luz de distância,  um mundo congelado parece estar


orbitando uma pequena estrela vermelha. Se estiver realmente lá, o planeta
alienígena iria, pelo menos em parte, realizar uma fantasia de décadas, e isso
poderia se tornar um dos alvos mais promissores para os astrônomos
interessados em conhecer os muitos mundos além do nosso sistema solar.

O candidato a planeta recém-descoberto, descrito esta semana na


revista Nature, orbita o que é coloquialmente conhecido como Estrela de
Barnard, a única estrela que está mais próxima do nosso sol. O sistema
estrelar Alpha Centauri que está a dois anos luz mais próximo e abriga um
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estrelar Alpha Centauri, que está a dois anos-luz mais próximo e  abriga um
planeta próprio, é, na verdade, composto por três estrelas. Por outro lado, a
Estrela de Barnard é uma estrela anã vermelha que é mais velha que o sol e
tem cerca de um sexto do seu tamanho. É invisível sem um bom telescópio,
por isso a estrela vizinha não foi descoberta antes de 1916.

Ainda assim, a Estrela de Barnard há muito tempo é mencionada nos contos


de ficção científica, inspirando astrônomos a sugerir a presença de mundos
em órbita desde os anos 1960 e levando autores de ficção a escreverem contos
de aventura em torno da pequena estrela escondida.

101 | MARTE
Explore o Planeta Vermelho, que tem semelhanças com a Terra e pode ser a chave
para um novo futuro para a humanidade.

 “A Estrela de Barnard é uma das estrelas mais famosas do céu”, diz Ignasi
Ribas, do Instituto de Ciências da Europa da Espanha. “As pessoas sempre
procuraram planetas por lá.”

O mundo é pequeno
Embora os cientistas não tenham confirmado a existência de exoplanetas até
os anos 1990, o astrônomo holandês Peter van de Kamp havia  relatado três
décadas antes  que dois planetas gigantescos e gasosos pareciam circundar a
Estrela de Barnard alimentando o interesse em confirmar esses mundos
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Estrela de Barnard, alimentando o interesse em confirmar esses mundos
próximos.  Os planetas de Van de Kamp provavelmente não existem, diz
Ribas, já que a equipe teria visto mundos tão grandes durante suas campanhas
de observação mais recentes. Todavia planetas menores ainda poderiam se
mover em torno dessa estrela vizinha, permanecendo escondidos por décadas
devido aos seus tamanhos.

Mesmo para estrelas tão próximas a nós, observar mundos menores não é tão
simples quanto mirar um telescópio. Para algumas técnicas, como a busca de
trânsitos planetários — como fez o  prolífico telescópio Kepler da NASA— é
uma questão de escala: os alinhamentos que nos permitem localizar mundos
em trânsito são relativamente raros, mas o Kepler olhou atentamente um
pedaço do céu cheio de centenas de milhares de estrelas, apresentando assim,
milhares de descobertas.

Outras técnicas não contam com tais alinhamentos, mas são limitadas nos
tipos de planetas que podem revelar. E, na maioria dos casos, a miríade de
sinais que revelam a presença de planetas se torna mais difícil de se obter à
medida que esses mundos diminuem de tamanho, diz Erik Petigura, da
Caltech.

Em 2016, Ribas e seus colegas começaram a mirar o instrumento


CARMENES, montado no observatório espanhol Calar Alto, para a Estrela de
Barnard. Eles procuravam pequenas oscilações no movimento da estrela –
impressões digitais gravitacionais de um planeta em órbita puxando
suavemente sua estrela. O conjunto de dados coletados ao longo de 20 anos
por seis diferentes instrumentos de observação já  havia sugerido que o tal
planeta poderia existir; se assim for, os dados indicam que provavelmente
levou 233 dias terrestres para completar uma órbita.

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muito tempo e ainda podem promover descobertas incríveis.

Depois de 300 observações adicionais, Ribas e seus colegas ficaram satisfeitos


por terem encontrado aquelas agitações periódicas de 233 dias no movimento
da estrela.

“Agora temos quase 800 medições que estamos publicando,” ele diz. “Temos
esse sinal muito claro de que ele está lá, por isso não temos dúvidas de que
esta periodicidade está lá.”

Mas o trabalho deles ainda não está concluído. Uma vez que conseguiu um
sinal, a equipe precisava descartar outras fontes prováveis do movimento,
como manchas estrelares ou regiões ativas que poderiam estar se disfarçando
de planeta. Muitas estrelas anãs vermelhas produzem numerosos surtos e
espasmos  que podem parecer, à primeira vista, com um planeta em órbita.
Mas, com base em observações, a Estrela de Barnard é excepcionalmente
tranquila e bem-comportada, e é por isso que Ribas e sua equipe estão
razoavelmente confiantes em sua detecção.

“Temos 99% de certeza de este é um sinal planetário, mas 99 não é 100%,” diz
ele. “E se o planeta da Estrela de Barnard realmente não estiver lá? Ele será
agredido muitas e muitas vezes e as pessoas tentarão matá-lo, mas é assim que
a ciência funciona.”

Esforço heroico
Alguns astrônomos, talvez sem surpresa, não estão tão convencidos de que a
equipe tenha avistado um exoplaneta extremamente próximo.

“Claramente há um sinal periódico nos dados e é reconfortante que pareça


estar presente em vários conjuntos de dados,” diz Petigura. “No entanto, eu
não chamaria isso de detecção segura.”

Além disso, as duas décadas de dados que reforçam a afirmação da equipe são
confusas e inconclusivas, diz Debra Fischer, da Universidade de Yale.

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 “Isso foi um esforço heroico,” diz ela. “No entanto, mesmo com o número de
observações que foram analisadas aqui, o sinal putativo está repleto de erros
de medição. Felizmente, a próxima geração de espectrógrafos, que fornecerão
dados com maior fidelidade, está sendo comissionada e deve ser capaz de
acompanhar este candidato a planeta.” 

Se estudos de acompanhamento mostrarem que o planeta é real, ele tem a


massa pelo menos três vezes maior que a da Terra e é bastante frio. A longa
órbita do planeta em torno de sua sombria estrela significa que sua
temperatura superficial está em torno de -170 graus Celsius, em média – frio
demais para suportar vida superficial como a que conhecemos.

“Se eu tivesse que especular sobre como este planeta é, eu diria que ele deve se
assemelhar a uma versão ampliada de algumas das luas de Júpiter ou
Saturno,” diz Petigura. “Algo como Ganimedes, Calisto ou Titã, com grandes
quantidades de rocha, e também gelo.”

Uma questão chave é se o mundo é grande o suficiente para manter uma


atmosfera; se assim for, ele pode ser mais como um  mini-Netuno inchado que
uma sólida super-Terra. Mesmo assim, Petigura diz, “se ele tivesse uma
atmosfera semelhante à da Terra, o planeta seria frio demais para a existência
de água líquida em sua superfície.”

Dito isso, há vários planetas congelados povoando a ficção científica, como


Hoth, um icônico campo de batalha em Star Wars, ou Delta Vega, o mundo de
gelo no qual um jovem Capitão Kirk encontra o mais velho Spock em Star
Trek. E um planeta orbitando a Estrela de Barnard serve simplesmente como
um ponto de referência para os viajantes espaciais na série O Mochileiro das
Galáxias.

Então, mesmo que este candidato a planeta seja muito frio para a vida como a
conhecemos, é um mundo sedutor que pode caber nas páginas da nossa
imaginação.

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