Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Belo Horizonte
2020
Gláucia Regina Cardoso
Belo Horizonte
2020
SUMÁRIO
1 TEMA ..................................................................................................................................4
2 JUSTIFICATIVA
................................................................................................................4
3 OBJETIVOS .....................................................................................................................12
3.1 Objetivo Geral ..................................................................................................................12
3.2 Objetivos Específicos .......................................................................................................12
4 METODOLOGIA ............................................................................................................12
5 CRONOGRAMA .............................................................................................................18
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................19
4
1. TEMA
2. JUSTIFICATIVA
Nos conventos, percebemos que tal prática poderia se mostrar recorrente devido ao
fato de inúmeras cristãs-novas reclusas serem provenientes de uma mesma família,
encontrando assim um ambiente livre para manter as práticas do criptojudaísmo
apreendidas no seio familiar. (SILVA, 2017, Resumo).
1
Hoje intitulado Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição de Macaúbas ou, simplesmente, Mosteiro de
Macaúbas.
2
‘Registro das Internas’ será o nome usado neste trabalho para referenciar o documento, disponibilizado
gentilmente pela historiadora Mônica Eustáquio Fonseca, resultado do levantamento realizado por ela , a partir
do ‘Registro Das Internas no Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição do Monte Alegre, Sítio de
Macaúbas’, o qual se encontra no Mosteiro de Macaúbas.
3
Criptojudaísmo - prática da religião judaica realizada por cristãos-novos em segredo. Cristão-novo era a
denominação usada para designar o judeu que publicamente se convertera à religião católica. (SILVA, 2017).
4
Pertencente, atualmente, ao município de Santa Luzia/Minas Gerais.
5
Estado pa. q Deos o chamava, e logo fez tenção de se vestir de mmo. Habito, [...]”. [MARCELO2] Comentário:
Isso aqui você deverá pesquisar autores
(FONSECA, s./d, p. 11) que endossam a conversão para a norma
atual. Não sei se você estava na banca em
A construção do Recolhimento de Macaúbas iniciou-se em 12 de agosto de 1714 e, em que o prof. Angelo Assis falou da
necessidade de atualizar a linguagem. Ele
indicou Antônio Cândido. Sou favorável a
01 de janeiro de 1716, a Instituição recebeu a benção do padre Lourenço Valadares Vieira, atualizar também, mas também preciso de
literatura que endosse isso.
vigário da Vara de Sabará (MELLO, 2014). As primeiras recolhidas a entrarem para a
Instituição foram em número de doze, sendo sete delas parentas de Félix da Costa: duas irmãs
e cinco sobrinhas (FONSECA, s./d., p.12).
Em 1727, o então Bispo do Rio de Janeiro, Dom Antônio Guadalupe (1723 a 1739),
autorizou Felix da Costa a construir um novo prédio, devido ao número crescente de
recolhidas e problemas decorrentes de enchentes na região. (SOUZA, 1930). Com a visita do
Bispo Dom Antônio Guadalupe no Recolhimento, em 1727, e aceitação das Internas, a
Instituição passou a contar com a proteção e dependência do Ordinário Diocesano
(ALGRANTI, 2000). Em 11 de outubro de 1737, faleceu Felix da Costa (MELLO, 2014).
O Recolhimento de Macaúbas teve suas fases – Casa de Recolhimento, Educandário5 e
Mosteiro. Segundo Mello (2014), Macaúbas, “como Educandário Mineiro, preparou várias
gerações de mulheres e, após o seu fechamento, a instituição passou a ser um Mosteiro, onde
as monjas piedosas irradiavam a fé cristã, vinculadas à Ordem da Imaculada Conceição”
(MELLO, 2014, p. 21). O fechamento do Colégio ocorreu na terceira década do século XX,
devido à chegada, em Minas Gerais, de ordens religiosas com mais experiência em educação
de meninas, com as quais era difícil concorrer (MELLO, 2014).
Em 22 de agosto de 1978, o Governador do Estado de Minas Gerais, Levindo Ozanam
Coelho, assinou o Decreto Estadual nº 19.347 que regulamentou o tombamento do Mosteiro
de Macaúbas, realizado pelo IEPHA/MG - Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e
Artístico de Minas Gerais (MINAS GERAIS, 1978). Também, no dia 16 de novembro de
1989, a Prefeitura Municipal de Santa Luzia publicou o Decreto nº 772/89 que dispõe sobre o
tombamento do Mosteiro de Macaúbas (MELLO, 2014).
Inicialmente, o interesse pelo Recolhimento de Macaúbas era investigar a existência
de possíveis cristãs novas na Instituição e, talvez, encontrar conflitos entre as suas práticas
religiosas católicas e judaicas. Também, havia a intenção de conhecer o papel da Instituição [MARCELO3] Comentário:
Aqui você está se contradizendo com a
na vida dessas mulheres e as relações sociais que se estabeleciam no interior do pergunta inicial do comentário 1. Retire
aquela pergunta, ela será traiçoeira para
Recolhimento. você.
5
O Recolhimento de Macaúbas foi o primeiro colégio feminino do Estado de Minas Gerais. (MELLO, 2014,
Nota do presidente do IEPHA/MG- Fernando Viana Cabral, out. de 2014.)
6
como ponto de partida o ‘Registro das Internas’, a pesquisa tomou um novo caminho. Diante
da riqueza de informações sobre as recolhidas no documento, despertou-se o desejo de
conhecer a identidade delas, suas relações familiares, o porquê de ingressarem na Instituição.
Também, seria relevante entender qual o papel do Recolhimento na vida dessas mulheres e na
rede de relacionamentos que se apresentava no seu interior que, de alguma forma, poderia
apresentar a imagem da mulher mineira na Colônia.
A reclusão remonta dos tempos da Idade Média. No Dicionário da Idade Média tem-
se:
[...] o monasticismo cristão, em sua mais antiga forma, era um modo de vida
adotado por ascetas solitários ou anacoretas. Na Europa ocidental e no Oriente
bizantino, o monasticismo medieval teve sua origem em duas formas distintas de
vida ascética que se manifestaram no Edito no começo do século IV. Uma delas era
a vida eremítica (do grego ermos, ‘deserto’) dos anacoretas do deserto, [...] A outra
foi a vida cenobítica (do grego koinon, ‘comum’) de monges que seguem um regime
comum em comunidades organizadas [...]. (LOYN, 1997, p. 260).
Numa sociedade em que não se aprovava a instrução para o sexo feminino e na qual
a forma de ensino predominante era a doméstica, o recolhimento de Macaúbas
desenvolveu-se como uma das poucas opções de apropriação de alguma instrução
para poucas meninas e mulheres mineiras. Poucas porque a maioria eram mulheres
que não podiam pagar. (ROCHA, 2008, p. 147).
A religiosidade leva o ser humano a seguir vários caminhos. Há aquele que se realiza
frequentando uma igreja ou um culto, em práticas isoladas ou em conjunto com outros fieis;
há aquele que exercita a caridade visitando asilos e enfermos, ou seja, doando algum tempo
do seu dia em benefício do próximo; e há, também, aquele que busca a clausura, a vida
monástica como caminho para a sua realização espiritual. Para Carrato (1963), [MARCELO7] Comentário:
período textual muito extenso. Reformular
e se colocar entre parêntese referências
para essas afirmações., uns dois ou três
Há no fundo da natureza humana, principalmente em certas circunstâncias sócio- autores que endossem esses aspectos da
psicológicas, uma instintiva tendência para o retiro e a solidão. Há algo dentro de religiosidade. Cuidado para não confundir
religião com religiosidade
cada personalidade humana tão indivíduo, tão inabordável, tão especialmente ela
própria, que somente o afastamento do convívio dos outros e do bulício do mundo
lhe dá verdadeiro comprazimento e realização plena. (CARRATO, 1963, p. 181).
[...] como explicar que a vida social na Capitania das Minas Gerais tenha se
processado em torno de suas igrejas? Da análise dessa indagação, restam algumas
8
ilustra que “originado das guerras de Reconquista da Baixa Idade Média, o sistema de mercês
residia na recompensa régia à aristocracia por determinados serviços prestados, contribuindo
para uma hierarquização da sociedade fundada em privilégios” (MATHIAS, 2006, p. 27).
Desta forma, no período em que a concessão de mercês era uma prática e uma
representação da distinção na sociedade colonial, decerto que os cargos exercidos pelos pais
das internas de Macaúbas contribuirão para conhecer o quadro sócio familiar das recolhidas.
Mathias (2006) considera que “de certa praxe no alvorecer da sociedade mineira dos
setecentos, a concessão de cargos, patentes e sesmarias entrava em perfeito acordo com os
interesses desses homens, [primeiros governadores da Capitania de Minas Gerais], ou melhor,
fazia parte mesmo de suas estratégias de ação [...]”. (MATHIAS, 2006, p. 38).
Além dos cargos, o pagamento de dotes pode contribuir para mostrar a distinção social
da família, como apresenta Algranti (1992) ao fazer referência ao Recolhimento de Santa
Teresa em São Paulo:
Escolástica de Jesus, por sua vez, exemplifica a presença das filhas da aristocracia
paulistana. Depois de fazer votos simples em 1741 com 27 anos no Recolhimento de
Santa Teresa em São Paulo, abandonou a vida religiosa em 1763, "por vontade
própria", embora seu pai, Guilherme da Veiga Bueno, membro de importante
família, tivesse colocado os 200 mil réis de seu dote a juros em benefício da
instituição. Os Veiga eram homens de posse. (ALGRANTI, 1992, p. 188).
escravas, o que sugere exploração sexual.” (RAMOS, 2008, p. 146). Essa predominância de
filhas ilegítimas também esteve presente no Recolhimento de Macaúbas?
Priore (2016) exemplifica as relações familiares no interior do Recolhimento e o
prestígio da Instituição trazendo o caso de Francisca da Silva de Oliveira, a Chica da Silva:
A situação das mulheres na Colônia era diversa. As mulheres brancas de “boa família”
eram educadas para o casamento. Caso isso não ocorresse, uma solução era colocá-las num
convento, porém havia a dificuldade em encontrar uma instituição religiosa na colônia. Sendo
assim, muitos pais, com condições financeiras favoráveis, procuravam enviar as filhas para os
conventos da Metrópole, evitando que elas ficassem “mal faladas”.
Para Silva (2017),
A falta de mulheres brancas é aguda; [...] as Minas Gerais estão cheias de pretas
escravas ou mulatas fôrras, solteiras, concorrendo com os homens nas minas, nas
vendas, nas estradas, em casa, nas igrejas, a ponto de escandalizarem, as mais
audaciosas, os próprios governadores, com o seu convite ao pecado e à coabitação,
sem responsabilidades nem conseqüências - eis os motivos da elevada porcentagem
dos concubinatos, que enchem tôdas as páginas dos livros de devassas, na proporção
de quase cinco para uma das outras culpas castigadas (CARRATO, 1968, p. 10).
Se a sociedade mineira com todas as suas misturas étnicas teve início na Colônia, nada
mais instigante e legítimo buscar conhecer essa sociedade na sua formação. O período, aqui
estudado, inicia-se em 1720: momento de criação e de grande movimentação na Capitania de
Minas Gerais. A descoberta de ouro e diamantes trouxe um fluxo enorme de pessoas de
diversas partes da colônia e do exterior para a região mineradora, deslocamento relatado por
Ramos (2008): “Minas Gerais, com a descoberta do ouro em 1695, obviamente atraiu um
grande número de pessoas de todo o Brasil e de Portugal – sem mencionar o grande afluxo de
imigrantes forçados trazidos da África” (RAMOS, 2008, p. 140). A Coroa Portuguesa, para
controlar toda essa movimentação de pessoas e de riquezas, dividiu a Capitania de São Paulo
e Minas de Ouro6, em 2 de dezembro de 1720, nomeando Dom Lourenço de Almeida para
governador da Capitania de Minas Gerais (LIMA JÚNIOR, 1978). O objetivo de mapear a
procedência das recolhidas de Macaúbas é ter uma visão da interação das diversas regiões da
Colônia que se fizeram presentes em Macaúbas na figura de suas internas. [MARCELO11] Comentário:
Será que não é ousado demais isso?
Nas Minas Gerais do século XVIII, com a proibição das ordens religiosas regulares Generalizar para Minas a análise
documental do Recolhimento? Isso pode
pela Coroa Portuguesa por suspeitas de contrabandear ouro e diamantes, inicia-se a criação de fragilizar a pesquisa se você não conseguir
contemplar
associações religiosas de leigos, essas aceitas pelo Estado. Da mesma forma que as
edificações religiosas dessas associações foram patrocinadas por particulares, o Recolhimento
de Macaúbas também foi edificado por mãos alheias à Igreja Católica e ao Estado. Conhecer
as normas e as regras do Recolhimento de Macaúbas, através dos seus Estatutos, permitirá
identificar os meios utilizados pela Instituição para sua manutenção e de suas internas. Souza
(1930), nos ‘Estatutos Geraes da Congregação das Irmãs Auxiliares da Piedade’ menciona
uma das normas da Congregação: “O dote requerido para a admissão é de um conto de réis, o
qual não poerão reclamar no caso de egresso para fora da Associação,- assim o dispõe o artigo
sexto, cuja dispensa é da absoluta competência do Ordinario Diocesano” (SOUZA, 1930, p. [MARCELO12] Comentário:
Aqui a fonte não é do século XVIII, pode
6 atualizar a grafia de 1930
A Capitania de São Paulo e Minas de Ouro foi estabelecia na carta-régia de 9 de novembro de 1709,
desmembrada do governo do Rio de Janeiro, devido “Tão importantes se tinham tornado os núcleos de
população das Gerais” com a exploração do ouro (LIMA JÚNIOR, 1978, p. 39).
11
3. OBJETIVOS
4. METODOLOGIA
Este projeto trabalho de pesquisa terá como fonte principal o ‘Registro Das Internas’,
disponibilizado gentilmente pela historiadora Mônica Eustáquio Fonseca, em que onde
constam os seguintes dados das internas: nome, filiação/cônjuge, data de entrada e de
saída/falecimento, procedência e responsáveis pelo Recolhimento. Além desses dados, estão
registrados no campo “Anotações” informações variadas como dote pago, cor (branca ou
13
parda), acompanhantes das internas etc. Serão levantados os dados de, aproximadamente, 171
internas do Recolhimento dentro do período definido.
Inicialmente, serão ordenados, em uma planilha, os nomes das recolhidas que constam
no ‘Registro Das Internas’, de forma a verificar possível redundância já que, em alguns casos,
a interna pode ter dado entrada e saída no Recolhimento mais de uma vez.
Como forma de estabelecer o perfil sociofamiliar das recolhidas, serão contabilizados
os dotes e doações que serviram de pagamento pela estada no Recolhimento e, também, serão
levados em conta os cargos ocupados pelos pais das internas.
A partir das datas de entrada e saída serão quantificados, através de gráfico, quantas
mulheres permaneceram no Recolhimento até o falecimento, quantas vestiram o hábito e
quantas tiveram estada passageira e, quando possível, relatar o motivo de sua entrada e de sua
saída. O livro ‘Mosteiro Nossa Senhora da Conceição de Macaúbas – Cronologia: 1708/1994’
de autoria da professora Cleir Maria Vaz de Mello, apresenta os nomes e datas de mandatos
das regentes do Recolhimento de Macaúbas desde a sua fundação. Também no livro,
encontra-se uma carta do esposo de uma das internas, direcionada à Regente do
Recolhimento, que apresenta o motivo pelo qual a esposa deveria permanecer mais tempo no
Recolhimento. São informações que irão confirmar a permanência e vocação religiosa de
várias das internas.
Será mapeado o lugar de procedência das recolhidas possibilitando ter uma visão geral
de onde vieram e, se possível, perceber a mobilidade geográfica que ocorria na sociedade da
época.
A partir do campo de filiação/cônjuge, as internas serão agrupadas por parentesco de
forma a apresentar as relações familiares existentes no Recolhimento. As informações de
legitimidade das filhas e de cor, também, serão categorizadas.
Para atender ao objetivo específico de descrever o papel desempenhado pelo
Recolhimento de Macaúbas na vida das recolhidas, bem como sua relação com a sociedade da
época, serão estudadas as normas e regras do Recolhimento através das transcrições dos
Estatutos que se encontram na obra ‘Os estatutos do recolhimento das Macaúbas (norma e
contravenção: os bispos de Mariana e o cotidiano das reclusas) Minas Gerais: 1745-1850.’ A
obra foi produzida pela historiadora Leila Mezan Algranti a partir da reprodução, datada de
1761, dos Estatutos do Recolhimento das Macaúbas, que se encontram no Arquivo do
Convento da Luz de São Paulo e disponibilizado na internet.
São 14 Estatutos com instruções de conduta a serem seguidas pelas recolhidas
versando sobre a definição das vestes, comportamento espiritual, voto de castidade e castigos
14
[...] seu padre capelão, cura e pároco das recolhidas, e de todo pessoal interno do
estabelecimento, o pessoal externo, residente no terreiro ou ruas do mesmo, assim
como as famílias que de presente moram ou de futuro morarem nas terras vizinhas
ao mesmo recolhimento e a ele pertencentes [...] [cabe-lhe assistir a todos esses e se
responsabilizar pelo] cuidado, regime e administração dos sacramentos.
(ALGRANTI, 2000, p. 235).
7
No início do ano de 2020, a pandemia de Covid-19 ocasionou o fechamento de todos os estabelecimentos e
instituições que não fossem estritamente essenciais.
15
Mariana, respeitante aos escandalosos procedimentos que sua mulher Maria Isabel da
Purificação e da Silva Muniz praticou contra si’ que podem ajudar a justificar o
motivo pelo qual a esposa de Vicente Pereira de Sousa ingressou no Recolhimento de
Macaúbas;
b) No ‘Parecer do Conselho Ultramarino sobre a atribuição do Habito de Cristo e
da tença de 20.000 reis a Antônio Pereira Jardim, e sobre a concessão de dote para sua
filha’, será analisado a questão da concessão de dotes das internas do Recolhimento de
Macaúbas. Maria Josepha de Jesus e Antônio Pereira Jardim tiveram a filha Thomasia
Maria de Jesus recolhida na Instituição. Na transcrição de trecho do Parecer encontra-
se: “Paresse ao Conselho que Vossa Majestade se sirva de fazer merce ao supplicante
Antonio Pereira Jardim do Habito de Cristo com vinte mil reis de tença que elle
poderá nomear huma de suas filhas para seu dotte e ter effeito esta mercê na pessoa
que com ella casar, [...]”;
c) ‘Requerimento de Pudenciana do Espírito Santo, viúva de João Mendes da Cunha,
moradora junto ao Arraial de Santa Rita, Comarca da Vila do Sabará, pedindo
provisão para ser tutora e administradora de pessoa e bens de seus filhos. 30 ago.
1769.’ João Mendes da Cunha e sua esposa Prudenciana do Espírito Santo tiveram
quatro filhas depositadas no Recolhimento. Prudenciana foi reconhecida pelo marido
como pessoa capaz de cuidar dos filhos e dos bens que recebeu em testamento: “Diz
Prudenciana do Spirito Santo, viuva que ficou por fallescimento de João Mendes da
Cunha, [...] que no testamento com que faleceu a nomeou tutora, e curadora de seus
Filhos, [...] e porque a supplicante tem boa capacidade para reger e governar as ? e
bens das ditos Filhos, como reconheceu o dito seu ? marido, [...]”;
d) O Testamento e Inventário de José Coelho de Noronha, de 1765, anexado na
dissertação de Aziz José de Oliveira Pedrosa – ‘JOSÉ COELHO DE NORONHA:
artes e ofício nas Minas Gerais do século XVIII’, permitirão investigar os bens
inventariados e, também, a permanência da esposa Josepha Maria Anna Joaquina de
José Coelho de Noronha, interna no Recolhimento de Macaúbas. Transcrição de
trecho do testamento de José Coelho de Noronha: “Sou casado com Josefa Maria
Anna Joaquina do presente não temos filhos por cuja razão sou senho de tudo quanto
possuo [...]”;
e) ‘Requerimento de Catarina Pereira da Cruz.’ Catharina Pereira da Cruz teve três filhas
internas no Recolhimento de Macaúbas e, quando viúva, ingresso também na
Instituição. O documento trata de uma solicitação de concessão de sesmaria, feita por
16
Catharina, de terras que faziam divisa com as terras do Recolhimento: “[...] que tendo
por sua petição Catharina Pereira da Cruz, que ella havia mais de vinte anos estava
cultivando ??? nas terras ?? e campos de criar gado [...]”;
Figueiredo (2004), compara:
“[...] desde o ano de mil setecentos e setenta e um, que recolhi no Recolhimento das
Macaúbas minhas filhas, e uma prima por nomes: Teodora, Rosa, Inácia, Simplícia e a prima
Bernarda, com seus dotes de três mil cruzados cada uma das cinco propinas, e novecentos mil
17
réis de juros enquanto não paguei os dotes, e as cinco celas a trezentos mil réis cada uma,
[...]”. (ASSIS, 2014, p. 35).
No livro ‘Ementário da história mineira - Filipe dos Santos Freire na sedição de Vila
Rica em 1720 de Feu de Carvalho’, encontram-se dados que poderá esclarecer o motivo que
levou João Lobo de Macedo e Maria de Jesus a colocarem suas filhas no Recolhimento de
Macaúbas. “Sobre a morte e roubo praticado por João Lobo de Macedo. Para o ouvidor geral
do Rio das Velhas. Aqui se me mandou representar por parte dos orphãos que ficarão de
Maria de Jesus o prejuizo que recebem na intruza posse, ou roubo que d'elles fez João Lobo
de Macedo, [...]”. (CARVALHO, s/d, p. 60).
Serão utilizados como referencial teórico, no primeiro capítulo, os autores Carrato
(1963), Loyn (1997), Vauchez (1995) e Cardoso (2003) que permitiram compreender
conceitos, como vida monástica, clausura, ermitão e, também, entender a relação em os
mosteiros e a sociedade na qual estão inseridos. No segundo capítulo, os trabalhos de Algranti
(1992), Furtado, (1996), Priore (2004, 2016) e Nizza (2017) trarão conhecimento sobre a
sociedade e o papel da mulher na Colônia. Já Lima Júnior (1978) e Furtado (1999)
contribuírão com a questão da cor e sua diferenciação social e o autor Prado Júnior (1986)
elucidará a questão do casamento e da mestiçagem na Colônia. O sistema de mercês é
pontuado pelo autor Mathias (2006). Esses trabalhos são importantes para atender aos
objetivos deste Projeto.
5. CRONOGRAMA
8
Vale ressaltar que na publicação de MELLO (2014) encontram-se documentos que permitem ter uma noção da
riqueza do acervo documental do Mosteiro de Macaúbas.
18
X – Programado
R - Realizado
CRONOGRAMA
Elaboração do Projeto de Pesquisa
Atividades 2020 2021
Ago. Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun.
Revisão do Projeto de R R R
pesquisa (tema,
justificativa, objetivos e
procedimentos
metodológicos)
Redação do primeiro R R R
capítulo da monografia
e sumário expandido
Continuação da redação X X X X X
da monografia
Revisão da redação X X
Preparação para X
apresentação/defesa
Apresentação/Defesa X
19
REFERÊNCIAS
ÂNGELO, Fabrício Vinhas Manini. Herdeiros: o papel da família na educação das futuras
gerações nos termos de Sabará e de Ouro Preto (1721 – 1780). 2017. 246 f. Tese (Doutorado)
Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Educação. Disponível em:
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-
AW9P26/1/texto_tese_final_biblioteca___fabr_cio_vinhas.pdf. Acesso em: 30 nov. 2020.
CARRATO, José Ferreira. Igreja, Iluminismo e Escolas Mineiras Coloniais: Notas sobre a
cultura da decadência mineira setecentista. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1968.
Disponível em: https://bdor.sibi.ufrj.br/bitstream/doc/382/1/334%20PDF%20-%20OCR%20-
%20RED.pdf. Acesso em: 28 jul. 2020.
CARVALHO, Feu de. Ementário da história mineira - Filipe dos Santos Freire na sedição
de Vila Rica em 1720. Belo Horizonte: Edições Históricas, s/d. Disponível em:
https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/6722. Acesso em: 17 jul. 2020.
FIGUEIREDO, Luciano. Mulheres nas Minas Gerais. In: PRIORE, Mary Del (org.). História
das mulheres no Brasil. 7. ed. São Paulo: Contexto, 2004.
LIMA JÚNIOR, Antônio. A Capitânia das Minas Gerais. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São
Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1978.
LOYN, Henry R (org.). Dicionário da Idade Média. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora,
1997. Disponível em:
https://books.google.com.br/books/about/Dicion%C3%A1rio_da_Idade_M%C3%A9dia.html
?id=GW7rdO83gykC&redir_esc=y. Acesso em: 30 out. 2020.
21
MELLO, Cleir Maria Vaz de. Mosteiro Nossa Senhora da Conceição de Macaúbas –
Cronologia: 1708/1994. Ed. ver. e ampl. Santa Luzia: Mosteiro Nossa Senhora da Conceição
de Macaúbas, 2014.
PEDROSA, Aziz José de Oliveira. José Coelho De Noronha: artes e ofício nas Minas Gerais
do século XVIII. Dissertação - Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo – Universidade
Federal de Minas Gerais, Escola de Arquitetura, Belo Horizonte, Minas Gerais, 2012.
Disponível em https://docplayer.com.br/25678605-Aziz-jose-de-oliveira-pedrosa.html.
Acesso em: 07 jul. 2020.
PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Brasiliense S.A.,
ed. 19, 1986.
PRIORE, Mary Del. História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2004.
Disponível em: https://democraciadireitoegenero.files.wordpress.com/2016/07/del-priore-
histc3b3ria-das-mulheres-no-brasil.pdf. Acesso em: 12 ago. 2020.
PRIORE, Mary Del. História da Gente Brasileira: Volume 1, Colônia. São Paulo: LeYa,
2016.
RAMOS, Donald. Do Minho a Minas. Revista do Arquivo Público Mineiro. Belo Horizonte,
v. 44, n. 1, jan./jun. 2008, p.132-153, 2008. Disponível em:
<http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/modules/rapm/brtacervo.php?cid=1054>. Acesso em:
15 jul. 2019.
ROCHA, Adair José dos Santos. A Educação Feminina nos Séculos XVIII e XIX:
Intenções dos Bispos para o Recolhimento Nossa Senhora De Macaúbas. 2008. 212f.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Educação.
Belo Horizonte/Minas Gerais, 2008. Disponível em:
<https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/FAEC-84WPU3 >. Acesso em: 03 ago. 2019.
SANTA LUZIA (MG). Decreto nº 772/89. Dispõe sobre tombamento de Bens integrantes do
acervo histórico, Cultural e Artístico do Município de Santa Luzia. Minas Gerais, Santa
Luzia. 16 nov. 1989. Disponível em: https://www.santaluzia.mg.gov.br/v2/wp-
content/uploads/2019/12/Decreto-n%C2%BA-772.pdf. Acesso em: 13 out. 2020.
SILVA, Alex Rogério. As religiosas nas malhas do Santo Ofício: a atuação da Inquisição de
Lisboa (1620-1681). 2017. 176f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista
"Júlio de Mesquita Filho", Faculdade de Ciências Humanas e Sociais. Disponível em:
https://repositorio.unesp.br/handle/11449/151575. Acesso em: 19 jul. de 2019.
VAUCHEZ, André. A espiritualidade na Idade Média ocidental: (séculos VIII a XIII). Rio
de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1995.