Você está na página 1de 22

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Instituto de Ciências Humanas

Gláucia Regina Cardoso

IDAS E VINDAS DAS RECOLHIDAS DE MACAÚBAS: Retrato das mulheres


na Capitania das Minas Gerais (1720 a 1808)

Belo Horizonte
2020
Gláucia Regina Cardoso

IDAS E VINDAS DAS RECOLHIDAS DE MACAÚBAS: Retrato das mulheres


na Capitania das Minas Gerais (1720 a 1808)

Projeto de Pesquisa da disciplina Metodologia de


Pesquisa Específica: Metodologia e História do 7º
Período, 2º semestre de 2020, do curso de
História do Instituto de Ciência Humanas da PUC
Minas.

Orientador: Prof. Marcelo de Araújo Rehfeld


Cedro.

Belo Horizonte
2020
SUMÁRIO

1 TEMA ..................................................................................................................................4

2 JUSTIFICATIVA
................................................................................................................4

3 OBJETIVOS .....................................................................................................................12
3.1 Objetivo Geral ..................................................................................................................12
3.2 Objetivos Específicos .......................................................................................................12

4 METODOLOGIA ............................................................................................................12

5 CRONOGRAMA .............................................................................................................18

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................19
4

1. TEMA

Análise do perfil sociofamiliar das mulheres que ingressaram no Recolhimento Nossa


Senhora da Conceição de Macaúbas1, situado na cidade mineira de Santa Luzia, entre 1720 a
1808, utilizando-se como principal fonte documental o ‘Registro Das Internas’2 da Instituição.

2. JUSTIFICATIVA

Neste projeto, o intuito de estudar as internas do Recolhimento de Macaúbas partiu do


conhecimento da existência de mulheres cristãs novas nos conventos de Lisboa -
conhecimento obtido através da dissertação de Alex Rogério Silva intitulada ‘As Religiosas
nas Malhas do Santo Ofício: A Atuação da Inquisição de Lisboa (1620-1681)’. Ao referir-se
ao criptojudaísmo3, Silva (2017) relata:

Nos conventos, percebemos que tal prática poderia se mostrar recorrente devido ao
fato de inúmeras cristãs-novas reclusas serem provenientes de uma mesma família,
encontrando assim um ambiente livre para manter as práticas do criptojudaísmo
apreendidas no seio familiar. (SILVA, 2017, Resumo).

A partir desse momento uma questão se apresentou: no período colonial, o


Recolhimento de Macaúbas, também, teria recebido filhas de famílias de cristãos novos? [MARCELO1] Comentário:
Essa questão apareceu agora?
O Recolhimento de Macaúbas foi fundado por Felix de Costa, com autorização Ela será a principal problemática da
monografia? Para aparecer aqui no início,
concedida, em 1712, por Dom Francisco de S. Jeronymo, bispo do Rio de Janeiro entre 1701 você está dando muito destaque a este
questionamento.
a 1721. Felix da Costa partiu Bispado de Pernambuco (SOUZA, 1930) e se instalou nas terras
da região de Macaúbas4, as margens do Rio das Velhas, juntamente com os irmãos, as irmãs e
as sobrinhas. A viagem levou ao todo três anos e o intuito era construir um estabelecimento
religioso em homenagem a Nossa Senhora da Conceição. O desejo surgiu a partir de uma
visão, que ele teve durante o translado, de um ermitão vestido “de Habito branco, escapulário
e manto azul, barbas crescidas e chapéo branco cahido pa. as costas, e logo lhe pareceu ser o

1
Hoje intitulado Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição de Macaúbas ou, simplesmente, Mosteiro de
Macaúbas.
2
‘Registro das Internas’ será o nome usado neste trabalho para referenciar o documento, disponibilizado
gentilmente pela historiadora Mônica Eustáquio Fonseca, resultado do levantamento realizado por ela , a partir
do ‘Registro Das Internas no Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição do Monte Alegre, Sítio de
Macaúbas’, o qual se encontra no Mosteiro de Macaúbas.
3
Criptojudaísmo - prática da religião judaica realizada por cristãos-novos em segredo. Cristão-novo era a
denominação usada para designar o judeu que publicamente se convertera à religião católica. (SILVA, 2017).
4
Pertencente, atualmente, ao município de Santa Luzia/Minas Gerais.
5

Estado pa. q Deos o chamava, e logo fez tenção de se vestir de mmo. Habito, [...]”. [MARCELO2] Comentário:
Isso aqui você deverá pesquisar autores
(FONSECA, s./d, p. 11) que endossam a conversão para a norma
atual. Não sei se você estava na banca em
A construção do Recolhimento de Macaúbas iniciou-se em 12 de agosto de 1714 e, em que o prof. Angelo Assis falou da
necessidade de atualizar a linguagem. Ele
indicou Antônio Cândido. Sou favorável a
01 de janeiro de 1716, a Instituição recebeu a benção do padre Lourenço Valadares Vieira, atualizar também, mas também preciso de
literatura que endosse isso.
vigário da Vara de Sabará (MELLO, 2014). As primeiras recolhidas a entrarem para a
Instituição foram em número de doze, sendo sete delas parentas de Félix da Costa: duas irmãs
e cinco sobrinhas (FONSECA, s./d., p.12).
Em 1727, o então Bispo do Rio de Janeiro, Dom Antônio Guadalupe (1723 a 1739),
autorizou Felix da Costa a construir um novo prédio, devido ao número crescente de
recolhidas e problemas decorrentes de enchentes na região. (SOUZA, 1930). Com a visita do
Bispo Dom Antônio Guadalupe no Recolhimento, em 1727, e aceitação das Internas, a
Instituição passou a contar com a proteção e dependência do Ordinário Diocesano
(ALGRANTI, 2000). Em 11 de outubro de 1737, faleceu Felix da Costa (MELLO, 2014).
O Recolhimento de Macaúbas teve suas fases – Casa de Recolhimento, Educandário5 e
Mosteiro. Segundo Mello (2014), Macaúbas, “como Educandário Mineiro, preparou várias
gerações de mulheres e, após o seu fechamento, a instituição passou a ser um Mosteiro, onde
as monjas piedosas irradiavam a fé cristã, vinculadas à Ordem da Imaculada Conceição”
(MELLO, 2014, p. 21). O fechamento do Colégio ocorreu na terceira década do século XX,
devido à chegada, em Minas Gerais, de ordens religiosas com mais experiência em educação
de meninas, com as quais era difícil concorrer (MELLO, 2014).
Em 22 de agosto de 1978, o Governador do Estado de Minas Gerais, Levindo Ozanam
Coelho, assinou o Decreto Estadual nº 19.347 que regulamentou o tombamento do Mosteiro
de Macaúbas, realizado pelo IEPHA/MG - Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e
Artístico de Minas Gerais (MINAS GERAIS, 1978). Também, no dia 16 de novembro de
1989, a Prefeitura Municipal de Santa Luzia publicou o Decreto nº 772/89 que dispõe sobre o
tombamento do Mosteiro de Macaúbas (MELLO, 2014).
Inicialmente, o interesse pelo Recolhimento de Macaúbas era investigar a existência
de possíveis cristãs novas na Instituição e, talvez, encontrar conflitos entre as suas práticas
religiosas católicas e judaicas. Também, havia a intenção de conhecer o papel da Instituição [MARCELO3] Comentário:
Aqui você está se contradizendo com a
na vida dessas mulheres e as relações sociais que se estabeleciam no interior do pergunta inicial do comentário 1. Retire
aquela pergunta, ela será traiçoeira para
Recolhimento. você.

Entretanto, considerando a dificuldade de encontrar essas famílias na Instituição, tendo

5
O Recolhimento de Macaúbas foi o primeiro colégio feminino do Estado de Minas Gerais. (MELLO, 2014,
Nota do presidente do IEPHA/MG- Fernando Viana Cabral, out. de 2014.)
6

como ponto de partida o ‘Registro das Internas’, a pesquisa tomou um novo caminho. Diante
da riqueza de informações sobre as recolhidas no documento, despertou-se o desejo de
conhecer a identidade delas, suas relações familiares, o porquê de ingressarem na Instituição.
Também, seria relevante entender qual o papel do Recolhimento na vida dessas mulheres e na
rede de relacionamentos que se apresentava no seu interior que, de alguma forma, poderia
apresentar a imagem da mulher mineira na Colônia.
A reclusão remonta dos tempos da Idade Média. No Dicionário da Idade Média tem-
se:

[...] o monasticismo cristão, em sua mais antiga forma, era um modo de vida
adotado por ascetas solitários ou anacoretas. Na Europa ocidental e no Oriente
bizantino, o monasticismo medieval teve sua origem em duas formas distintas de
vida ascética que se manifestaram no Edito no começo do século IV. Uma delas era
a vida eremítica (do grego ermos, ‘deserto’) dos anacoretas do deserto, [...] A outra
foi a vida cenobítica (do grego koinon, ‘comum’) de monges que seguem um regime
comum em comunidades organizadas [...]. (LOYN, 1997, p. 260).

Segundo Cardoso (2003), “[...] os conventos eram os cenários mais favoráveis à


autonomia e expressão femininas, libertando as mulheres da ação tutelar do pai, do marido, do
filho mais velho, do "fardo" da maternidade e da imagem negativa da sua sedução.”
(CARDOSO, 2003, p. 28). Seria esse o motivo que levou filhas e esposas a escolherem os
“muros” de Macaúbas? Ou haveria uma vocação religiosa misturada a um desejo de adquirir [MARCELO4] Comentário:
Isso! Essas são as perguntas que você deve
uma educação e, de certa forma, levar a família a alcançar, paralelamente, uma afirmação na fazer e que conduzirão a sua pesquisa.

sociedade colonial? [MARCELO5] Comentário: idem

No seu estudo, Rocha (2008) relata que:

Numa sociedade em que não se aprovava a instrução para o sexo feminino e na qual
a forma de ensino predominante era a doméstica, o recolhimento de Macaúbas
desenvolveu-se como uma das poucas opções de apropriação de alguma instrução
para poucas meninas e mulheres mineiras. Poucas porque a maioria eram mulheres
que não podiam pagar. (ROCHA, 2008, p. 147).

Seria o Recolhimento de Macaúbas, no período colonial, uma Instituição destinada


apenas às elites mineiras? E mais: uma vez que estar nas instituições religiosas eram uma
forma de distinção social, o Recolhimento ocupou também esse espaço? [MARCELO6] Comentário:
reformular redação
Seguindo o pensamento de Cardoso (2003), o Recolhimento de Macaúbas poderia
representar a libertação da mulher de um papel imputado a ela de mulher passiva, nascida
para o casamento e para a procriação:

A ida para o mosteiro permitia à mulher o reconhecimento e a aquisição de um


7

estatuto e personalidade social, a concretização de papéis que lhe estavam vedados


no espaço familiar, a aquisição de um poder e protagonismo que na sociedade civil
pertenciam aos homens. (CARDOSO, 2003, p. 30).

A religiosidade leva o ser humano a seguir vários caminhos. Há aquele que se realiza
frequentando uma igreja ou um culto, em práticas isoladas ou em conjunto com outros fieis;
há aquele que exercita a caridade visitando asilos e enfermos, ou seja, doando algum tempo
do seu dia em benefício do próximo; e há, também, aquele que busca a clausura, a vida
monástica como caminho para a sua realização espiritual. Para Carrato (1963), [MARCELO7] Comentário:
período textual muito extenso. Reformular
e se colocar entre parêntese referências
para essas afirmações., uns dois ou três
Há no fundo da natureza humana, principalmente em certas circunstâncias sócio- autores que endossem esses aspectos da
psicológicas, uma instintiva tendência para o retiro e a solidão. Há algo dentro de religiosidade. Cuidado para não confundir
religião com religiosidade
cada personalidade humana tão indivíduo, tão inabordável, tão especialmente ela
própria, que somente o afastamento do convívio dos outros e do bulício do mundo
lhe dá verdadeiro comprazimento e realização plena. (CARRATO, 1963, p. 181).

O desejo a reclusão de muitas das mulheres no Recolhimento de Macaúbas poderia ter


sido uma forma de sair das influências de um mundo mundano para o encontro com o mundo
espiritual. Assim, a investigação aqui passa por buscar conhecer os motivos que levaram as
internas a ingressarem na Instituição tendo como ponto de partida a permanência ou não no
Recolhimento. As razões podem ser variadas, não se limitando à vocação religiosa ou a [MARCELO8] Comentário: não ficou
bem colocado
educação, como cita Algranti (1992),

[...] os conventos existentes na Colônia como o do Desterro na Bahia, ou o da Ajuda


no Rio de Janeiro, fundados após longas esperas, acabaram servindo, como todos os
recolhimentos, para asilo de mulheres em conflitos com seus maridos, viúvas ou
educandas [...]. (ALGRANTI, 1992, p. 88).

Algranti (1992) complementa que

A população feminina das instituições de clausura do Sudeste da Colônia pode ser


considerada a partir de duas categorias gerais: aquelas que entraram em busca de
uma vida religiosa e optaram pela clausura permanente - religiosas, irmãs de hábito
e devotas - e um segundo grupo, composto por recolhidas, pensionistas e educandas,
para quem a reclusão poderia ser apenas um estágio provisório. (ALGRANTI, 1992,
p. 177).

Há que se considerarem as colocações de Boschi (1986) quanto aos templos religiosos


nas Minas Gerais setecentistas:

[...] como explicar que a vida social na Capitania das Minas Gerais tenha se
processado em torno de suas igrejas? Da análise dessa indagação, restam algumas
8

certezas; de um lado, a marca de religiosidade presente naquela população, de outro,


a carência de segurança, proteção e estabilidade por ela sentida; [...] (BOSCHI,
1986, p. 177). [MARCELO9] Comentário:
formatei aqui para a fonte 10

Se as igrejas foram construídas para atender os desejos e necessidades dos integrantes


das irmandades, não seria o Recolhimento de Macaúbas o destino de mulheres com os
mesmos objetivos: religiosidade, proteção, segurança e estabilidade? [MARCELO10] Comentário:
Após a citação de Algrandi você
Outro ponto a analisar diz respeito à concessão de mercês, ou seja, a nomeação para repentinamente cita Boschi para falar de
igrejas. Ficou solto e sem sentido, mudou
um cargo público ou concessão de título honorário por serviços prestados. Mathias (2006) abruptamente de assunto.

ilustra que “originado das guerras de Reconquista da Baixa Idade Média, o sistema de mercês
residia na recompensa régia à aristocracia por determinados serviços prestados, contribuindo
para uma hierarquização da sociedade fundada em privilégios” (MATHIAS, 2006, p. 27).
Desta forma, no período em que a concessão de mercês era uma prática e uma
representação da distinção na sociedade colonial, decerto que os cargos exercidos pelos pais
das internas de Macaúbas contribuirão para conhecer o quadro sócio familiar das recolhidas.
Mathias (2006) considera que “de certa praxe no alvorecer da sociedade mineira dos
setecentos, a concessão de cargos, patentes e sesmarias entrava em perfeito acordo com os
interesses desses homens, [primeiros governadores da Capitania de Minas Gerais], ou melhor,
fazia parte mesmo de suas estratégias de ação [...]”. (MATHIAS, 2006, p. 38).
Além dos cargos, o pagamento de dotes pode contribuir para mostrar a distinção social
da família, como apresenta Algranti (1992) ao fazer referência ao Recolhimento de Santa
Teresa em São Paulo:

Escolástica de Jesus, por sua vez, exemplifica a presença das filhas da aristocracia
paulistana. Depois de fazer votos simples em 1741 com 27 anos no Recolhimento de
Santa Teresa em São Paulo, abandonou a vida religiosa em 1763, "por vontade
própria", embora seu pai, Guilherme da Veiga Bueno, membro de importante
família, tivesse colocado os 200 mil réis de seu dote a juros em benefício da
instituição. Os Veiga eram homens de posse. (ALGRANTI, 1992, p. 188).

Outro ponto da pesquisa será verificar as relações familiares no interior da Instituição


com predominância de mulheres de uma mesma família, bem como, pontuar as filhas
legitimas e ilegítimas de forma a moldar a estrutura familiar que se estabeleceu na sociedade
mineira. Com relação à legitimidade dos filhos, Ramos (2008), ao trabalhar com os
testamentos de mulheres na paróquia de Antônio Dias, no período de 1749 a 1783, constata:
“A taxa de ilegitimidade em Minas Gerais era consideravelmente maior do que em qualquer
região de Portugal. [...] Uma razão [...] pode ser o fato de a maioria das mulheres serem ex-
9

escravas, o que sugere exploração sexual.” (RAMOS, 2008, p. 146). Essa predominância de
filhas ilegítimas também esteve presente no Recolhimento de Macaúbas?
Priore (2016) exemplifica as relações familiares no interior do Recolhimento e o
prestígio da Instituição trazendo o caso de Francisca da Silva de Oliveira, a Chica da Silva:

[...] Francisca, ou Chica da Silva, e o contratador de diamantes João Fernandes de


Oliveira. Embora casado, ele fez vida conjugal com a ex-escrava que alforriou e com
quem teve treze filhos, todos batizados por conhecidos personagens do Arraial do
Tijuco. Francisca da silva de Oliveira agia como qualquer senhora da elite social.
Educou todas as filhas no Recolhimento de Macaúbas, o melhor educandários das
Minas. (PRIORE, 2016, p. 353).

A situação das mulheres na Colônia era diversa. As mulheres brancas de “boa família”
eram educadas para o casamento. Caso isso não ocorresse, uma solução era colocá-las num
convento, porém havia a dificuldade em encontrar uma instituição religiosa na colônia. Sendo
assim, muitos pais, com condições financeiras favoráveis, procuravam enviar as filhas para os
conventos da Metrópole, evitando que elas ficassem “mal faladas”.
Para Silva (2017),

A situação de solteira, para as mulheres de condição social mais elevada, constituía


um verdadeiro anátema. Mesmo que uma dona dispusesse de bens suficientes para
não depender de marido, nem de dote religioso pago pelos familiares, ela seria
malvista na sociedade colonial se permanecesse celibatária e independente [...].
(SILVA, 2017, p. 94).

Já as mulheres brancas solteiras plebeias e as mulheres de cor possuíam mais


autonomia podendo morar sozinhas (SILVA, 2017), mesmo assim, as mulheres não fugiam
aos olhares da sociedade e à sua condenação. Segundo Carrato (1968),

A falta de mulheres brancas é aguda; [...] as Minas Gerais estão cheias de pretas
escravas ou mulatas fôrras, solteiras, concorrendo com os homens nas minas, nas
vendas, nas estradas, em casa, nas igrejas, a ponto de escandalizarem, as mais
audaciosas, os próprios governadores, com o seu convite ao pecado e à coabitação,
sem responsabilidades nem conseqüências - eis os motivos da elevada porcentagem
dos concubinatos, que enchem tôdas as páginas dos livros de devassas, na proporção
de quase cinco para uma das outras culpas castigadas (CARRATO, 1968, p. 10).

A informação da cor das recolhidas no ‘Registro da Internas’ pode demonstrar a


intenção de se fazer uma distinção de classe dentro do Recolhimento. Boschi (1986), ao
estudar as irmandades, cita que: “[...] em Minas Gerais, a noção de arquiconfraria se
identificou com a de homens pardos e tal identidade é importante de se ter em mente na
análise da sociedade escravista e do exercício da dominação colonial sobre a sociedade.”
10

(BOSCHI, 1986, p. 19).


Já Furtado (1996), ao estudar a sociedade diamantinense, traz uma amostra da
sociedade mineira no período colonial, referenciando à cor de seus homens:

A sociedade diamantina seguia os mesmos contornos da Capitania, era composta de


uma grande camada de escravos, seguida de homens livres e pobres, geralmente
pardos e finalmente uma pequena classe dominante branca em sua maioria
portugueses, que ocupavam os principais postos administrativos. (FURTADO, 1996,
p. 41).

Se a sociedade mineira com todas as suas misturas étnicas teve início na Colônia, nada
mais instigante e legítimo buscar conhecer essa sociedade na sua formação. O período, aqui
estudado, inicia-se em 1720: momento de criação e de grande movimentação na Capitania de
Minas Gerais. A descoberta de ouro e diamantes trouxe um fluxo enorme de pessoas de
diversas partes da colônia e do exterior para a região mineradora, deslocamento relatado por
Ramos (2008): “Minas Gerais, com a descoberta do ouro em 1695, obviamente atraiu um
grande número de pessoas de todo o Brasil e de Portugal – sem mencionar o grande afluxo de
imigrantes forçados trazidos da África” (RAMOS, 2008, p. 140). A Coroa Portuguesa, para
controlar toda essa movimentação de pessoas e de riquezas, dividiu a Capitania de São Paulo
e Minas de Ouro6, em 2 de dezembro de 1720, nomeando Dom Lourenço de Almeida para
governador da Capitania de Minas Gerais (LIMA JÚNIOR, 1978). O objetivo de mapear a
procedência das recolhidas de Macaúbas é ter uma visão da interação das diversas regiões da
Colônia que se fizeram presentes em Macaúbas na figura de suas internas. [MARCELO11] Comentário:
Será que não é ousado demais isso?
Nas Minas Gerais do século XVIII, com a proibição das ordens religiosas regulares Generalizar para Minas a análise
documental do Recolhimento? Isso pode
pela Coroa Portuguesa por suspeitas de contrabandear ouro e diamantes, inicia-se a criação de fragilizar a pesquisa se você não conseguir
contemplar
associações religiosas de leigos, essas aceitas pelo Estado. Da mesma forma que as
edificações religiosas dessas associações foram patrocinadas por particulares, o Recolhimento
de Macaúbas também foi edificado por mãos alheias à Igreja Católica e ao Estado. Conhecer
as normas e as regras do Recolhimento de Macaúbas, através dos seus Estatutos, permitirá
identificar os meios utilizados pela Instituição para sua manutenção e de suas internas. Souza
(1930), nos ‘Estatutos Geraes da Congregação das Irmãs Auxiliares da Piedade’ menciona
uma das normas da Congregação: “O dote requerido para a admissão é de um conto de réis, o
qual não poerão reclamar no caso de egresso para fora da Associação,- assim o dispõe o artigo
sexto, cuja dispensa é da absoluta competência do Ordinario Diocesano” (SOUZA, 1930, p. [MARCELO12] Comentário:
Aqui a fonte não é do século XVIII, pode
6 atualizar a grafia de 1930
A Capitania de São Paulo e Minas de Ouro foi estabelecia na carta-régia de 9 de novembro de 1709,
desmembrada do governo do Rio de Janeiro, devido “Tão importantes se tinham tornado os núcleos de
população das Gerais” com a exploração do ouro (LIMA JÚNIOR, 1978, p. 39).
11

208). No Recolhimento, o pagamento de dotes foi um dos caminhos para sustentação da


Instituição.
Alguns trabalhos dedicados ao Recolhimento de Macaúbas que contribuirão para
conhecer um pouco sobre a Instituição serão: Rocha (2008) que retrata a educação feminina
no Recolhimento, nos séculos XVIII e XIX, focando nas propostas de D. Frei Manuel da
Cruz, primeiro Bispo de Mariana, e D. Viçoso, “bispo reformador do clero e dos costumes
mineiros,” (ROCHA, 2008, p. 11); Silva (2016) que investigou os processos de solicitação
contra clérigos, entre os anos de 1700 a 1821, ocorridos em Minas Gerais, sendo dois dos
denunciados pertencentes ao corpo eclesiástico do Recolhimento de Macaúbas; Fonseca
(2014) estudou a arquitetura e tombamento do Recolhimento de Macaúbas; Ângelo (2017)
analisou o papel da família nas práticas educativas, entre 1721 e 1780, nas Vilas de Sabará e
de Ouro Preto, e apresentou a relação de famílias com o Recolhimento de Macaúbas.
Entretanto, este trabalho não tem como foco o estudo da educação feminina e não
tratará sobre o papel da família nas práticas educativas, embora se pretenda analisar a relação
do Recolhimento de Macaúbas e as internas, seus familiares e a comunidade local. Também
não será assunto a arquitetura e o processo de tombamento da Instituição, embora seja
necessário mas apenas conhecer um pouco da história da Instituição.
O trabalho que mais colabora com este estudo é a tese da historiadora Leila Mezan
Algranti intitulado ‘Honradas e Devotas: Mulheres da Colônia (Estudo sobre a condição
feminina através dos conventos e recolhimentos do sudeste -1750-1822).’ Algranti (1992)
trabalhou com a documentação do Recolhimento de Macaúbas e, também, com os
documentos dos Recolhimentos de Santa Teresa e da Luz em São Paulo, e dos conventos da
Ajuda e Santa Teresa no Rio de Janeiro. Seu estudo analisou as mulheres enclausuradas -
como viviam e as representações e imagens formuladas sobre elas a partir desses
estabelecimentos. Além disso, a autora buscou apresentar a relação entre Colônia e Metrópole
através de estudos versados sobre duas personagens femininas.
A intenção deste projeto estudo é ir um pouco mais: investigar a relação das internas e,
quando possível, suas questões familiares, bem como, mapear a procedência das recolhidas
como forma de perceber a movimentação geografia presente no Recolhimento de Macaúbas.
Também se pretende mostrar as relações que existiam entre a instituição, as recolhidas e suas
famílias, que ocorreram no momento de entrada das meninas e mulheres no Recolhimento e
se seguiu por condutas internas ditadas por regras e normas estabelecidas nos Estatutos, que
se estenderam a comunidade local. Essa rede de relacionamento reflete a sociedade como bem
expõe Algranti (1992):
12

Conventos e recolhimentos eram, assim, espaços de projeção dos valores da


sociedade que interagiam com ela, e não instituições totalmente "fechadas" e
distantes do social. É exatamente esse movimento duplo - encerramento / interação -
que lhe confere o privilégio de refletir as imagens e representações da sociedade
sobre as mulheres [...] (ALGRANTI, 1992, p. 360).

Desta forma, o intuito deste projeto trabalho é buscar conhecer as mulheres na


Capitania Mineira, através das idas e vindas das recolhidas de Macaúbas, contribuindo para
dar mais visibilidade a elas.

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

Analisar o perfil sociofamiliar das mulheres que ingressaram no Recolhimento de


Macaúbas, entre os anos de 1720 a 1808, como meio de conhecer o papel das mulheres na
Capitania de Minas Gerais e a rede de relacionamentos configurados na Instituição. [MARCELO13] Comentário:
Não está generalizando?

3.2. Objetivos Específicos

 Descrever a função e as normas de vida estabelecidas pelo Recolhimento de Macaúbas


com o intuito de apresentar a importância da instituição como espaço aberto ao
trânsito da sociedade colonial através das recolhidas e de suas famílias;
 Apontar o perfil sociofamiliar das mulheres que ingressaram no Recolhimento de
Macaúbas no período colonial considerando aspectos como as formas de ingresso, as
relações de parentesco entre elas, procedência e a motivação que as levaram a estar na
Instituição.

4. METODOLOGIA

Este projeto trabalho de pesquisa terá como fonte principal o ‘Registro Das Internas’,
disponibilizado gentilmente pela historiadora Mônica Eustáquio Fonseca, em que onde
constam os seguintes dados das internas: nome, filiação/cônjuge, data de entrada e de
saída/falecimento, procedência e responsáveis pelo Recolhimento. Além desses dados, estão
registrados no campo “Anotações” informações variadas como dote pago, cor (branca ou
13

parda), acompanhantes das internas etc. Serão levantados os dados de, aproximadamente, 171
internas do Recolhimento dentro do período definido.
Inicialmente, serão ordenados, em uma planilha, os nomes das recolhidas que constam
no ‘Registro Das Internas’, de forma a verificar possível redundância já que, em alguns casos,
a interna pode ter dado entrada e saída no Recolhimento mais de uma vez.
Como forma de estabelecer o perfil sociofamiliar das recolhidas, serão contabilizados
os dotes e doações que serviram de pagamento pela estada no Recolhimento e, também, serão
levados em conta os cargos ocupados pelos pais das internas.
A partir das datas de entrada e saída serão quantificados, através de gráfico, quantas
mulheres permaneceram no Recolhimento até o falecimento, quantas vestiram o hábito e
quantas tiveram estada passageira e, quando possível, relatar o motivo de sua entrada e de sua
saída. O livro ‘Mosteiro Nossa Senhora da Conceição de Macaúbas – Cronologia: 1708/1994’
de autoria da professora Cleir Maria Vaz de Mello, apresenta os nomes e datas de mandatos
das regentes do Recolhimento de Macaúbas desde a sua fundação. Também no livro,
encontra-se uma carta do esposo de uma das internas, direcionada à Regente do
Recolhimento, que apresenta o motivo pelo qual a esposa deveria permanecer mais tempo no
Recolhimento. São informações que irão confirmar a permanência e vocação religiosa de
várias das internas.
Será mapeado o lugar de procedência das recolhidas possibilitando ter uma visão geral
de onde vieram e, se possível, perceber a mobilidade geográfica que ocorria na sociedade da
época.
A partir do campo de filiação/cônjuge, as internas serão agrupadas por parentesco de
forma a apresentar as relações familiares existentes no Recolhimento. As informações de
legitimidade das filhas e de cor, também, serão categorizadas.
Para atender ao objetivo específico de descrever o papel desempenhado pelo
Recolhimento de Macaúbas na vida das recolhidas, bem como sua relação com a sociedade da
época, serão estudadas as normas e regras do Recolhimento através das transcrições dos
Estatutos que se encontram na obra ‘Os estatutos do recolhimento das Macaúbas (norma e
contravenção: os bispos de Mariana e o cotidiano das reclusas) Minas Gerais: 1745-1850.’ A
obra foi produzida pela historiadora Leila Mezan Algranti a partir da reprodução, datada de
1761, dos Estatutos do Recolhimento das Macaúbas, que se encontram no Arquivo do
Convento da Luz de São Paulo e disponibilizado na internet.
São 14 Estatutos com instruções de conduta a serem seguidas pelas recolhidas
versando sobre a definição das vestes, comportamento espiritual, voto de castidade e castigos
14

estipulados pela desobediência as normas internas. A observância do silêncio, como


prorrogativa de se viver em paz e harmonia no interior da Instituição, deveria ser seguida por
cada recolhida no cumprimento de suas obrigações no Recolhimento. Os Estatutos
estabelecem a necessidade de se ter padre capelão, capelão confessor e capelão procurador no
Recolhimento e definem suas respectivas funções.
Nos primeiros dizeres do Estatuto I do Recolhimento é nítida a relação da Instituição
com os familiares das internas e com a comunidade local. Referindo-se ao padre capelão,
pode-se ler:

[...] seu padre capelão, cura e pároco das recolhidas, e de todo pessoal interno do
estabelecimento, o pessoal externo, residente no terreiro ou ruas do mesmo, assim
como as famílias que de presente moram ou de futuro morarem nas terras vizinhas
ao mesmo recolhimento e a ele pertencentes [...] [cabe-lhe assistir a todos esses e se
responsabilizar pelo] cuidado, regime e administração dos sacramentos.
(ALGRANTI, 2000, p. 235).

Também no livro ‘Sitios e Personagens’ de Joaquim Silvério Souza, encontram-se


informações sobre o Recolhimento de Macaúbas, bem como, sobre os seus Estatutos
permitindo ter uma visão sobre o motivador para a criação da Instituição e sua influência na
comunidade da época.
Além dessas fontes documentais, outros documentos foram levantados. Devido às
restrições advindas com a pandemia de Covid-197, impossibilitando o acesso ao Mosteiro de
Macaúbas e aos Arquivos Públicos de forma presencial, as pesquisas para o trabalho ficaram
comprometidas. Para contornar a situação e conseguir realizar e fundamentar o projeto, o
levantamento da documentação passou a ser realizado, predominantemente, via internet.
A pesquisa na internet foi trabalho árduo e necessitou de atenção, principalmente, com
relação aos nomes dos pais e das internas já que muitos vinham com grafia diferente, como,
por exemplo, os sobrenomes Correa - Correia, Rodrigues - Roiz e os nomes Thereza – Teresa
e Anna - Ana.
Do sítio eletrônico Projeto Resgate da Biblioteca Nacional Digital Brasil, foram
retirados documentos manuscritos que farão parte deste estudo, quais sejam:

a) ‘Certidões e outros documentos relativos ao requerimento do capitão Vicente


Pereira de Sousa, morador na sua fazenda da Barra do Pinheiro, termo da cidade de

7
No início do ano de 2020, a pandemia de Covid-19 ocasionou o fechamento de todos os estabelecimentos e
instituições que não fossem estritamente essenciais.
15

Mariana, respeitante aos escandalosos procedimentos que sua mulher Maria Isabel da
Purificação e da Silva Muniz praticou contra si’ que podem ajudar a justificar o
motivo pelo qual a esposa de Vicente Pereira de Sousa ingressou no Recolhimento de
Macaúbas;
b) No ‘Parecer do Conselho Ultramarino sobre a atribuição do Habito de Cristo e
da tença de 20.000 reis a Antônio Pereira Jardim, e sobre a concessão de dote para sua
filha’, será analisado a questão da concessão de dotes das internas do Recolhimento de
Macaúbas. Maria Josepha de Jesus e Antônio Pereira Jardim tiveram a filha Thomasia
Maria de Jesus recolhida na Instituição. Na transcrição de trecho do Parecer encontra-
se: “Paresse ao Conselho que Vossa Majestade se sirva de fazer merce ao supplicante
Antonio Pereira Jardim do Habito de Cristo com vinte mil reis de tença que elle
poderá nomear huma de suas filhas para seu dotte e ter effeito esta mercê na pessoa
que com ella casar, [...]”;
c) ‘Requerimento de Pudenciana do Espírito Santo, viúva de João Mendes da Cunha,
moradora junto ao Arraial de Santa Rita, Comarca da Vila do Sabará, pedindo
provisão para ser tutora e administradora de pessoa e bens de seus filhos. 30 ago.
1769.’ João Mendes da Cunha e sua esposa Prudenciana do Espírito Santo tiveram
quatro filhas depositadas no Recolhimento. Prudenciana foi reconhecida pelo marido
como pessoa capaz de cuidar dos filhos e dos bens que recebeu em testamento: “Diz
Prudenciana do Spirito Santo, viuva que ficou por fallescimento de João Mendes da
Cunha, [...] que no testamento com que faleceu a nomeou tutora, e curadora de seus
Filhos, [...] e porque a supplicante tem boa capacidade para reger e governar as ? e
bens das ditos Filhos, como reconheceu o dito seu ? marido, [...]”;
d) O Testamento e Inventário de José Coelho de Noronha, de 1765, anexado na
dissertação de Aziz José de Oliveira Pedrosa – ‘JOSÉ COELHO DE NORONHA:
artes e ofício nas Minas Gerais do século XVIII’, permitirão investigar os bens
inventariados e, também, a permanência da esposa Josepha Maria Anna Joaquina de
José Coelho de Noronha, interna no Recolhimento de Macaúbas. Transcrição de
trecho do testamento de José Coelho de Noronha: “Sou casado com Josefa Maria
Anna Joaquina do presente não temos filhos por cuja razão sou senho de tudo quanto
possuo [...]”;
e) ‘Requerimento de Catarina Pereira da Cruz.’ Catharina Pereira da Cruz teve três filhas
internas no Recolhimento de Macaúbas e, quando viúva, ingresso também na
Instituição. O documento trata de uma solicitação de concessão de sesmaria, feita por
16

Catharina, de terras que faziam divisa com as terras do Recolhimento: “[...] que tendo
por sua petição Catharina Pereira da Cruz, que ella havia mais de vinte anos estava
cultivando ??? nas terras ?? e campos de criar gado [...]”;
Figueiredo (2004), compara:

Na questão da propriedade de terras (sesmarias), as mulheres perdiam com grande


diferença para os homens. Em alguns períodos de concessão de sesmarias em Minas,
como entre 1728 e 1745, a proporção era de uma mulher para 35 homens. Mesmo
assim, para que recebessem terras, além das exigências habituais que se fazia aos
homens, como possuir número considerável de escravos, das mulheres era exigido o
consentimento do pai ou do marido. Com certa surpresa encontramos a participação
respeitável de mulheres que, como roceiras em pequenas propriedades arrendadas,
aparecem nas listagens de algumas freguesias que pagavam o dízimo à Coroa, cujos
índices giravam em torno de 10% e, em certos casos, alcançavam 23% (!).”
(FIGUEIREDO, 2004, s./p.).

f) ‘Requerimento de Antónia Vitorina de Passos.’ Nesse documento a requerente Antônia


Vitorina de Passos solicita a tutela dos filhos, após o falecimento do marido. Antônia
possui quatro filhas internas no Recolhimento de Macaúbas e o documento poderá
ajudar a situar sobre questões ligadas a posição da mulher viúva na época. “Diz Dona
Antônia Vitorina de Passos, viúva do Alferes Jeronymo Gomes Pereira Jardim que
ficando por falecimento de marido, nomeada a testamentaria dele [?] e administradora
de seus filhos legítimos e [...]”.

Através do ‘Processo de João Francisco Ferreira’, disponível no Arquivo Nacional da


Torre do Tombo, pretende-se conhecer o relacionamento de João Francisco Ferreira, pais da
interna Eufrasia Maria Maciel. No documento, tem-se: “Pela denuncia junta consta que Joam
Francisco Ferreira, homem branco, agregado do capitão Joam Telles Anxieta e morador na sua
Fazenda freguesia do Sabará tem commettido o abominável crime de sodomia, de que muitas
pessoas sam cientes.”
Também pode-se ter conhecimento sobre os pais das internas, nas Teses a saber:

 De Maria Emília Aparecida de Assis, ‘INÁCIO CORREIA PAMPLONA: O “Hércules”


do sertão mineiro setecentista’, será estudado o testamento de Inácio Correia Pamplona,
pai de quatro interna do Recolhimento de Macaúbas.

“[...] desde o ano de mil setecentos e setenta e um, que recolhi no Recolhimento das
Macaúbas minhas filhas, e uma prima por nomes: Teodora, Rosa, Inácia, Simplícia e a prima
Bernarda, com seus dotes de três mil cruzados cada uma das cinco propinas, e novecentos mil
17

réis de juros enquanto não paguei os dotes, e as cinco celas a trezentos mil réis cada uma,
[...]”. (ASSIS, 2014, p. 35).

 de Carla Berenice Starling de Almeida, ‘MEDICINA MESTIÇA: Saberes e práticas


curativas nas Minas Setecentistas’, será analisado a questão da paternidade da interna
Helena de Santa Theresa de Jesus. Conforme cita Almeida (2008), “[...] sua mãe era filha
natural de Pedro Costa Machado, homem de posses, com a parda forra Isabel Pereira de
Oliveira. Mãe solteira de uma filha mantida durante anos escondida ‘por razões de
política’, [...]”. (ALMEIDA, 2008, p. 154).

No livro ‘Ementário da história mineira - Filipe dos Santos Freire na sedição de Vila
Rica em 1720 de Feu de Carvalho’, encontram-se dados que poderá esclarecer o motivo que
levou João Lobo de Macedo e Maria de Jesus a colocarem suas filhas no Recolhimento de
Macaúbas. “Sobre a morte e roubo praticado por João Lobo de Macedo. Para o ouvidor geral
do Rio das Velhas. Aqui se me mandou representar por parte dos orphãos que ficarão de
Maria de Jesus o prejuizo que recebem na intruza posse, ou roubo que d'elles fez João Lobo
de Macedo, [...]”. (CARVALHO, s/d, p. 60).
Serão utilizados como referencial teórico, no primeiro capítulo, os autores Carrato
(1963), Loyn (1997), Vauchez (1995) e Cardoso (2003) que permitiram compreender
conceitos, como vida monástica, clausura, ermitão e, também, entender a relação em os
mosteiros e a sociedade na qual estão inseridos. No segundo capítulo, os trabalhos de Algranti
(1992), Furtado, (1996), Priore (2004, 2016) e Nizza (2017) trarão conhecimento sobre a
sociedade e o papel da mulher na Colônia. Já Lima Júnior (1978) e Furtado (1999)
contribuírão com a questão da cor e sua diferenciação social e o autor Prado Júnior (1986)
elucidará a questão do casamento e da mestiçagem na Colônia. O sistema de mercês é
pontuado pelo autor Mathias (2006). Esses trabalhos são importantes para atender aos
objetivos deste Projeto.

É intenção, na oportunidade de acesso aos documentos do Mosteiro de Macaúbas,


buscar outras fontes documentais8 que possam enriquecer os estudos sobre as mulheres na
Colônia.

5. CRONOGRAMA

8
Vale ressaltar que na publicação de MELLO (2014) encontram-se documentos que permitem ter uma noção da
riqueza do acervo documental do Mosteiro de Macaúbas.
18

X – Programado
R - Realizado

CRONOGRAMA
Elaboração do Projeto de Pesquisa
Atividades 2020 2021
Ago. Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun.
Revisão do Projeto de R R R
pesquisa (tema,
justificativa, objetivos e
procedimentos
metodológicos)
Redação do primeiro R R R
capítulo da monografia
e sumário expandido
Continuação da redação X X X X X
da monografia
Revisão da redação X X
Preparação para X
apresentação/defesa
Apresentação/Defesa X
19

REFERÊNCIAS

ALGRANTI, Leila Mezan. Honradas e Devotas: Mulheres da Colônia (Estudo sobre a


condição feminina através dos conventos e recolhimentos do sudeste -1750-1822). 1992.
389f. Tese (Doutorado) - Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas. São Paulo: 1992. Disponível em: < https://www.pagu.unicamp.br/pf-
pagu/public-files/arquivo/69_algranti_leila_mezan_termo.pdf >. Acesso em: 18 ago. 2019.

ALGRANTI, Leila Mezan. Os estatutos do recolhimento das Macaúbas (norma e


contravenção: os bispos de Mariana e o cotidiano das reclusas) Minas Gerais: 1745-1850.
Revista Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, Ano 161, n. 406, p.
221-251, jan./mar. 2000. Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/0B_G9pg7CxKSsd3pIbm5Oek1nN28/view. Acesso em: 15
out. 2019.

ALMEIDA, Carla Berenice Starling de. MEDICINA MESTIÇA: Saberes e práticas


curativas nas Minas Setecentistas. 2008. 218f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal
de Minas Gerais, Departamento de História. Disponível em:
https://books.google.com.br/books?id=Hp_USofNS5QC&pg=PA59&lpg=PA59&dq=%22An
tonia+Theresa+do+Prado%22&source=bl&ots=JunBS7zZA_&sig=ACfU3U1FF5ZEdPE_u5
pxiHoR07z_1hneOA&hl=pt-
BR&sa=X&ved=2ahUKEwi7tYvEpsDqAhW9ILkGHYBICHQQ6AEwAHoECAEQAQ.
Acesso em: 19 jul. 2020.

ÂNGELO, Fabrício Vinhas Manini. Herdeiros: o papel da família na educação das futuras
gerações nos termos de Sabará e de Ouro Preto (1721 – 1780). 2017. 246 f. Tese (Doutorado)
Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Educação. Disponível em:
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-
AW9P26/1/texto_tese_final_biblioteca___fabr_cio_vinhas.pdf. Acesso em: 30 nov. 2020.

ASSIS, Maria Emília Aparecida de. INÁCIO CORREIA PAMPLONA: O “Hércules” do


sertão mineiro setecentista. 2014. 192f. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de São
João del-Rei - UFSJ Departamento de Ciências Sociais, Políticas e Jurídicas. Disponível em:
https://www.ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/pghis/dissertacaoMariaEmiliaAAssis.pdf.
Acesso em: 19 jul. 2020.

BOSCHI, Caio Cesar. Os leigos e o poder: irmandades leigas e política colonizadora em


Minas Gerais. São Paulo: Ática, 1986.

CARDOSO, Adelaide Filomena Amaro Lopes. As Religiosas e a Inquisição no Século


XVII: Quadros de vida e espiritualidade. 2003. 208 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade
de Letras de Universidade do Porto, Porto/Portugal, 2003. Disponível em: <
https://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/10852>. Acesso em: 25 ago. 2019.

CARRATO, José Ferreira. As Minas Gerais e os primórdios do Caraça. São Paulo:


Companhia Editora Nacional, 1963. Disponível em:
https://bdor.sibi.ufrj.br/bitstream/doc/365/1/317%20PDF%20-%20OCR%20-%20RED.pdf.
Acesso em: 21 set. 2020.
20

CARRATO, José Ferreira. Igreja, Iluminismo e Escolas Mineiras Coloniais: Notas sobre a
cultura da decadência mineira setecentista. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1968.
Disponível em: https://bdor.sibi.ufrj.br/bitstream/doc/382/1/334%20PDF%20-%20OCR%20-
%20RED.pdf. Acesso em: 28 jul. 2020.

CARVALHO, Feu de. Ementário da história mineira - Filipe dos Santos Freire na sedição
de Vila Rica em 1720. Belo Horizonte: Edições Históricas, s/d. Disponível em:
https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/6722. Acesso em: 17 jul. 2020.

Certidões e outros documentos relativos ao requerimento do capitão Vicente Pereira de


Sousa, morador na sua fazenda da Barra do Pinheiro, term o da cidade de Mariana,
respeitante aos escandalosos procedimentos que sua mulher Maria Isabel da Purificação
e da Silva Muniz praticou contra si. Projeto Resgate – Biblioteca Nacional Digital Brasil.
Disponível em:
http://resgate.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=011_MG&Pesq=Maria%20Isabel%20da
%20Purifica%c3%a7%c3%a3o&pagfis=44580. Acesso em: 18 jul. 2020.

FIGUEIREDO, Luciano. Mulheres nas Minas Gerais. In: PRIORE, Mary Del (org.). História
das mulheres no Brasil. 7. ed. São Paulo: Contexto, 2004.

FONSECA, Juliana da Silva. Levantamento das Manifestações Patológicas na Casa


Tófani em Santa Luzia/Mg no Contexto do Pac-2 Cidades Históricas. 2014. Monografia
(Especialização em Construção Civil) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, 2014. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-
A2SGBU/1/monografia_p_s___juliana_fonseca_agosto.pdf. Acesso em: 30-11-2020.

FONSECA, Mônica Eustáquio. Registro Das Internas no Recolhimento de Nossa Senhora


da Conceição do Monte Alegre, Sítio de Macaúbas.

FURTADO, Júnia Ferreira. O livro da capa verde: o Regimento Diamantino de 1771 e a


vida no Distrito Diamantino no período da real extração. São Paulo: ANNABLUME, 1996,
234p. Disponível em:
https://digitalis-
dsp.uc.pt/bitstream/10316.2/38336/3/O%20livro%20da%20capa%20verde.preview.pdf.
Acesso em: 10 ago. 2020.

FURTADO, Júnia Ferreira. Historiografia mineira: tendências e contrastes. Belo Horizonte:


Varia História, n. 20, mar./99, p.45.59. 1999. Disponível em:
https://static1.squarespace.com/static/561937b1e4b0ae8c3b97a702/t/572b48b1f8baf37d35ae4
233/1462454449799/04_Furtado%2C+Junia+Ferreira.pdf. Acesso em: 01 out. 2020.

LIMA JÚNIOR, Antônio. A Capitânia das Minas Gerais. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São
Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1978.

LOYN, Henry R (org.). Dicionário da Idade Média. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora,
1997. Disponível em:
https://books.google.com.br/books/about/Dicion%C3%A1rio_da_Idade_M%C3%A9dia.html
?id=GW7rdO83gykC&redir_esc=y. Acesso em: 30 out. 2020.
21

MATHIAS, Carlos Leonardo Kelmer. O sistema de concessão de mercê como prática


governativa no alvorecer da sociedade mineira setecentista: O caso da (re)conquista da
Praça Fluminense em 1711. Revista de História: João Pessoa, jan./ jun. 2006. Disponível em:
http://periodicos.ufpb.br/index.php/srh/article/viewFile/11340/6454. Acesso em: 09 nov.
2019.

MELLO, Cleir Maria Vaz de. Mosteiro Nossa Senhora da Conceição de Macaúbas –
Cronologia: 1708/1994. Ed. ver. e ampl. Santa Luzia: Mosteiro Nossa Senhora da Conceição
de Macaúbas, 2014.

MINAS GERAIS. Leis Estaduais de Minas Gerais. Decreto Nº 19347, de 22 agosto de


1978. Dispõe sobre o tombamento e a inscrição, nos respectivos livros, dos bens que
menciona. Minas Gerais, Belo Horizonte. 22 ago. 1978. Disponível em:
https://leisestaduais.com.br/mg/decreto-n-19347-1978-minas-gerais-dispoe-sobre-o-
tombamento-e-a-inscricao-nos-respectivos-livros-dos-bens-que-menciona. Acesso em: 13 out.
2020.
NIZZA, Maria Beatriz. Donas Mineiras do Período Colonial. São Paulo: Editora UNESP,
2017.

Parecer do Conselho Ultramarino sobre a atribuição do Habito de Cristo e da teca de


20.000 reis a Antônio Pereira Jardim, e sobre a concessão de dote para sua filha. 21 de
agosto de 1727. Projeto Resgate – Biblioteca Nacional Digital Brasil. Disponível em:
http://resgate.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=011_MG&pesq=%22Ant%C3%B4nio%2
0Pereira%20Jardim%22&pagfis=5078. Acesso em: 14 jul. 2020.

PEDROSA, Aziz José de Oliveira. José Coelho De Noronha: artes e ofício nas Minas Gerais
do século XVIII. Dissertação - Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo – Universidade
Federal de Minas Gerais, Escola de Arquitetura, Belo Horizonte, Minas Gerais, 2012.
Disponível em https://docplayer.com.br/25678605-Aziz-jose-de-oliveira-pedrosa.html.
Acesso em: 07 jul. 2020.

PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Brasiliense S.A.,
ed. 19, 1986.
PRIORE, Mary Del. História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2004.
Disponível em: https://democraciadireitoegenero.files.wordpress.com/2016/07/del-priore-
histc3b3ria-das-mulheres-no-brasil.pdf. Acesso em: 12 ago. 2020.
PRIORE, Mary Del. História da Gente Brasileira: Volume 1, Colônia. São Paulo: LeYa,
2016.

Processo de João Francisco Ferreira. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Disponível


Em: https://Digitarq.Arquivos.Pt/Details?Id=2305660. Acesso Em: 02 jul. 2020.

RAMOS, Donald. Do Minho a Minas. Revista do Arquivo Público Mineiro. Belo Horizonte,
v. 44, n. 1, jan./jun. 2008, p.132-153, 2008. Disponível em:
<http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/modules/rapm/brtacervo.php?cid=1054>. Acesso em:
15 jul. 2019.

Requerimento de Antónia Vitorina de Passos, viúva do alferes Jerónimo Gomes Pereira


Jardim, solicitando a D. José I a mercê de lhe conceder a tutela de seus filhos. Projeto
22

Resgate – Biblioteca Nacional Digital Brasil. Disponível em:


http://resgate.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=011_MG&pesq=JERoNIMO%20GOME
S%20PEREIRA&pagfis=47428. Acesso em: 03 jul. 2020.

Requerimento de Catarina Pereira da Cruz, Solicitando A Confirmação Da Carta De


Sesmaria De Meia Légua Da Terra Em Quadra No Capão Grosso, Termo Da Vila Real
Do Sabará, Comarca Do Rio Das Velhas. 1 de maio de 1772. Projeto Resgate – Biblioteca
Nacional Digital Brasil. Disponível em:
http://resgate.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=011_MG&pesq=Catarina%20Pereira%20
da%20Cruz. Acesso em: 17 jul. 2020.

Requerimento de Pudenciana do Espírito Santo, viúva de João Mendes da Cunha,


moradora junto ao Arraial de Santa Rita, Comarca da Vila do Sabará, pedindo provisão
para ser tutora e administradora de pessoa e bens de seus filhos. 30 ago. 1769. Projeto
Resgate – Biblioteca Nacional Digital Brasil. Disponível em:
http://resgate.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=011_MG&pesq=PUDENCIANA. Acesso
em: 02 jul. 2020.

ROCHA, Adair José dos Santos. A Educação Feminina nos Séculos XVIII e XIX:
Intenções dos Bispos para o Recolhimento Nossa Senhora De Macaúbas. 2008. 212f.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Educação.
Belo Horizonte/Minas Gerais, 2008. Disponível em:
<https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/FAEC-84WPU3 >. Acesso em: 03 ago. 2019.

SANTA LUZIA (MG). Decreto nº 772/89. Dispõe sobre tombamento de Bens integrantes do
acervo histórico, Cultural e Artístico do Município de Santa Luzia. Minas Gerais, Santa
Luzia. 16 nov. 1989. Disponível em: https://www.santaluzia.mg.gov.br/v2/wp-
content/uploads/2019/12/Decreto-n%C2%BA-772.pdf. Acesso em: 13 out. 2020.
SILVA, Alex Rogério. As religiosas nas malhas do Santo Ofício: a atuação da Inquisição de
Lisboa (1620-1681). 2017. 176f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista
"Júlio de Mesquita Filho", Faculdade de Ciências Humanas e Sociais. Disponível em:
https://repositorio.unesp.br/handle/11449/151575. Acesso em: 19 jul. de 2019.

SILVA, Sabrina Alves da. “Execrados ministros do demônio”. O delito de solicitação em


Minas Gerais (1700-1821). São João del-Rei: Universidade Federal de São João Del-Rei -
Programa de Pós-Graduação em História, 2016.

SOUZA, Joaquim Silvério. Sitios e Personagens. Be1o Horizonte: Imprensa Oficial de


Minas Gerais, 1930.

TEIXEIRA, Vanessa Cerqueira. A Devoção Mercedária e o Associativismo Leigo da


Europa ao Novo Mundo: redenção dos cativos, salvação das almas e apropriações do culto.
Temporalidades – Revista de História, Ed. 25, v. 9, n. 3, set./dez. 2017. Disponível em:
https://periodicos.ufmg.br/index.php/temporalidades/article/view/5926. Acesso em: 17-10-
2020.

VAUCHEZ, André. A espiritualidade na Idade Média ocidental: (séculos VIII a XIII). Rio
de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1995.

Você também pode gostar