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História da Igreja Matriz de São Lourenço em Manhuaçu-MG

– Cartão postal de Manhuaçu. Uma obra que foi projetada para vencer o tempo e permanecer
para a posteridade. O majestoso prédio da Igreja Matriz de São Lourenço em seus 92 anos de
conclusão permanece imponente no Centro da cidade e cumprindo o seu propósito, que foi o de
ser erguido para se tornar um marco da fé de seu povo. É impossível não a contemplar aqueles
visitantes que aqui chegam pela primeira vez. E mesmo aqueles que aqui sempre moraram,
acostumados com a sua construção se destacando na Praça Cordovil Pinto Coelho, em algum
momento se permite parar e admirar sua arquitetura.
Sonho maior do Monsenhor José Maria Gonzalez, pároco recém-chegado a Manhuaçu, que
procurou, em seu primeiro instante à frente da paróquia de São Lourenço, se inteirar dos
problemas do lugar. E um dos problemas que entendeu que deveria ser resolvido era a
construção de um novo templo católico no Centro de Manhuaçu. Sabedor que o antigo templo,
construído com paredes de barro e réguas, já não comportava o grande número de fiéis,
Monsenhor Gonzalez começou a pensar na construção de outro templo maior que fosse mesmo
uma construção para a posteridade. Diversas reuniões foram feitas para se discutir o assunto. E
com o apoio de muitos cidadãos no dia 10 de agosto de 1917, com parcos 28 réis, lançou a pedra
fundamental da nova Matriz. O passo seguinte foi organizar as comissões, todos com um
pensamento, ajudar e cooperar para que o templo fosse erguido. Praça Cordovil Pinto Coelho.
“O dinheiro em caixa era muito pouco, mas o ideal era muito maior. Em 1918, iniciou-se a
construção e o bandeirante audaz ia pelos distritos, pelos povoados, pelos sítios e fazendas do
nosso município, em cansativas viagens a cavalo, acompanhado do seu sacristão amigo e fiel
servidor, Sr. João Cipriano, ia cheio de fé, angariando donativos, alimentos para os operários
daquela obra de tão grande vulto”. Este relato, encontrado na página 53 do livro ‘Minha terra,
minha gente’ da escritora manhuaçuense Adeuslyra Corsetti e que foi publicado no ano de 1998
traduz bem o empenho do pároco. E ainda nesta página a escritora prossegue descrevendo o
resultado destas viagens: “Voltava sempre feliz, com os seus quatro burros de carga pesados de
tantas coisas que ele conseguia”.
Muitos esforços, não apenas de Monsenhor Gonzalez, mas também de cada cidadão, fiel, que
atendeu ao seu chamado e acreditou naquele feito. Dez anos ininterruptos de construção, até a
sua grandiosa e aguardada festa de inauguração, no dia 20 de setembro de 1928. Festa está
narrada com precisão de detalhes e registrada no jornal ‘O Democrata’ em sua edição de 29 de
setembro de 1928 com o título ‘A solene inauguração da nova Igreja matriz’: “O Templo
inaugurado é de uma belleza classica de linhas, e de uma magnificencia que deslumbra os que a
contemplam.
As pinturas interiores executadas por artistas de nome, como o ilustrado prof. Angelo Biggi,
diplomado na Itália, provocam a admiração dos mais exigentes, e o elogio dos conhecedores da
arte. Além das pinturas é de notar a solidez da construção, em colunas de uma beleza puríssima.
Os altares são também dignos de admiração, sobretudo o do centro onde está a imagem de SÃO
LOURENÇO, que se destaca entre os demais pela perfeição de seu acabamento. A escadaria
que dá acesso a porta central do templo é também muito linda, bem como os para-peitos laterais,
encimados por balaústres do mais fino gosto artístico. A parte posterior da Igreja teve perfeito
acabamento, e não desta do magnifico conjunto. É a Igreja matriz de Manhuassú o melhor e mais
belo templo católico desta Zona e atrai a atenção de todos os nossos visitantes. É uma bela
oração de fé católica, digna de imitação”.
Nas linhas seguintes deste artigo havia as homenagens ao Monsenhor Gonzalez. E no parágrafo
seguinte, a relação das autoridades religiosas que vieram para a inauguração: “Estiveram
presentes à inauguração que se realizou no dia 20, às 10 da manhã os srs d. d. José Pereira,
bispo de Nictheroy, e d. Justino de Souza, bispo de Juiz de Fora e d. Carloto Tavora, bispo de
Caratinga, além de mais de 20 sacerdotes da vizinhança”.
E o texto desta edição do jornal se encerra destacando o brilhantismo da festa de inauguração: “A
praça Arthur Bernardes estava repleta de gente, notando-se inumeras pessoas. Diversas
barraquinhas tomavam o local e o movimento nas ruas e praças da cidade foi enorme. Pessoas
de todos os municípios vizinhos nos deram a alegria de sua presença, bem como concorreram
com o brilho das festividades. Grande número de automóveis enchia as ruas, que é, sobretudo,
de notar, é que, reunida tão grande massa popular, não tivesse havido um único incidente,
decorrendo todos os festejos na mais perfeita ordem”.
Passaram-se onze anos entre o lançamento da pedra fundamental e a sua inauguração,
acontecida no dia 20 de setembro de 1928, em uma festa que se estendeu até o dia 23 daquele
mês. Porém, naqueles dias de júbilo, a alegria do Monsenhor Gonzalez ainda não era completa,
porque restavam muitas dívidas da construção.
E o pároco prometeu que só rezaria a missa cantada na matriz quando pagasse o ultimo tostão.
Apenas em 10 de agosto de 1933, exatos 16 anos após o lançamento da pedra fundamental,
aconteceu a festa da entrega da obra da Igreja Matriz de São Lourenço sem dívidas. Neste dia
Monsenhor Gonzalez escreveu sobre o triunfo: “A matriz ali está de pé na sua majestosa
imponência e na elegância de suas linhas, para dizer a todos do esforço de dedicação e
operosidade do grande povo de Manhuaçu cuja energia, vós exmos senhores sonhastes… É o
marco milionário de minha felicidade e ao mesmo tempo assina-la a confissão pública que ora
vos faço… Resta-me Exmo. Srs. O consolo e a felicidade de poder emitir, a vontade os cheques
de minhas orações contra o banco inesgotável do Coração de Jesus”.

E então toda a cidade de Manhuaçu-MG, se desenvolvia economicamente cada vez e o Igreja


Matriz de Lourenço, se tornou o coração da cidade.

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