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Mas, antes de definirmos o conceito de “direito” com o qual trabalhamos e fixarmos o objeto da nossa Ciência do Direito, é
interessante examinarmos rapidamente o tratamento que é dado a tal realidade por algumas das mais conhecidas teorias que
a tomaram como objeto. A diversidade conceitual verificada em cada uma delas, só corrobora a afirmação de que as Ciências
Jurídicas não descrevem verdades absolutas, apenas pontos de vistas, determinados em razão de certos referenciais teóricos,
sendo cada uma delas responsável pela construção de um objeto próprio.
Até o final do século passado várias teorias voltaram-se à realidade jurídica, explicando-a sob diferentes enfoques, os quais
acabam por influenciar substancialmente as concepções mais modernas. Dentre elas, citamos sete como algumas das mais
influentes: (1) jusnaturalismo; (2) escola da exegese; (3) historicismo; (4) realismo jurídico; (5) positivismo (sociológico e
normativo); (6) culturalismo jurídico e (7) pos-positivismo. Passemos a analisar, resumidamente, as propostas de cada uma
delas:
1. Jusnaturalismo
O jusnaturalismo é a Escola mais antiga. Na sua concepção, o direito é uma ordem de princípios eternos absolutos e
imutáveis cuja existência é imanente à própria natureza humana. Há um “direito natural” anterior ao conjunto de leis postas e
aprovadas pelo Estado. Segundo tal corrente, desde que o homem se vê em sociedade sabe comportar-se nela em razão da
existência de um conjunto de ordens tidas como naturais, que regem suas relações inter-subjetivas. Muito antes do Estado
produzir as leis, os homens já eram sujeitos de relações regulada por esta ordem natural baseada no senso de justiça:
plantavam, trocavam produtos ,constituíam família, tinham escravos, transferiam seus bens de ascendente para descendente.
2. A Escola de Exegese
A Escola da Exegese consistia na reunião de vários juristas franceses que orientaram o processo de criação e de aplicação do
Código de Napoleão, especialmente no que se refere à exegese do texto legal. O Código Civil napoleônico buscava unificar e
positivar o Direito como ferramenta de controle social e político. As principais características da Escola da Exegese eram: a
inversão das relações tradicionais entre direito natural e direito positivo, a onipotência do legislador, a interpretação da lei
fundada na intenção do legislador, o culto ao texto da lei e o respeito pelo princípio da autoridade.,consequentemente também
pregava o Estado com a única fonte do direito, pois todo o ordenamento jurídico seria originado da lei e, esta, por ser
proveniente do legislador, teria como origem o Estado.
3.Historicismo
Na concepção historicista, o Direito não emana do Estado, ou seja, não é representado pela lei ou jurisprudência, mas advém
do povo, que o concebe espontaneamente, na forma de costume. Aqui, o costume é visto como a manifestação genuína do
povo, para qual o direito é direcionado.
4.Realismo Jurídico
O realismo jurídico foi um movimento das décadas de 1920 e 1940. O realismo parece rejeitar a metafísica, criticar o
formalismo, bem como se utilizar da lógica na busca da certeza jurídica. Para os realistas, importa a atuação dos juízes, bem
como a aplicação por eles das as normas jurídicas. O Realismo Jurídico, estuda o Direito aplicado, especificamente o
produzido nos tribunais. Para eles não basta à norma ser revestida de validade; ela tem de ser também eficaz
5.Positivismo Jurídico
O positivismo jurídico no sentido amplo é uma teoria monista sobre o direito, contrastando o dualismo jurídico que admite a
existência de um direito natural ao lado do direito criado por legisladores humanos. O positivismo jurídico estabelece uma
grande relação do direito com a coação, no sentido de que esta última se mostra como pedra fundamental do direito. Podemos
dizer que são fontes do direito os atos aos quais um determinado ordenamento jurídico estabelece a competência para a
produção de normas jurídicas. O positivismo jurídico defende a "tese da separação", que postula que não existe nenhuma
conexão conceitualmente necessária entre o direito e a moral. Assim, restam apenas dois elementos de definição: o da
legalidade e o da eficácia social. O positivismo possibilitou um grande desenvolvimento ideológico, político e social para o
Brasil, introjetando uma real importância na evolução das ideias. Podemos afirmar que toda a preparação teórica de
implantação de República foi feita sob o patrocínio do positivismo.
6.Culturalismo Jurídico
Segundo o culturalismo jurídico, o Direito é uma criação do homem inserida na cultura (o Direito é um objeto cultural), portanto
dotado de um significado, de valores, concebidos conforme cada tempo e lugar.O Direito é vivido no cotidiano de uma
sociedade, que não é estática, muda ao longo da história. No Brasil, o Culturalismo Jurídico foi um movimento que,
preocupado em superar o positivismo, não abdica do esforço de se pensar a totalidade do Direito, isto é, de se fazer Filosofia
contemporânea do Direito.
7.Pós Positivismo
O pós-positivismo tenta restabelecer uma relação entre direito e ética, pois busca materializar a relação entre valores,
princípios, regras e a teoria dos direitos fundamentais e para isso, valoriza os princípios e sua inserção nos diversos textos
constitucionais para que haja o reconhecimento de sua normatividade pela ordem jurídica. O Pós-Positivismo, se desliga dos
pensamentos e dos conceitos dos positivistas, reconhece as imperfeições da norma, permite uma abertura do direito que
transcende a norma escrita e assim, a Constituição ganha força no cenário do direito e se torna o topo de um sistema
normativo.