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Matéria: Fotografia e Iluminação 2

Professor: Rodolfo Ancona Lopez


Tópico 2: “Formatos e Bitolas”
Textos de apoio:”American Cinematographer Manual - Seventh Edition”/
American Society of Cinematographers. “Cinema Workshop”/ Anton Wilson.

Formatos e Bitolas:
Antes de tudo é preciso ficar clara a diferença entre estes dois termos
quando utilizados no âmbito da fotografia cinematográfica: Formato e Bitola.
A Bitola do filme significa a largura da base do negativo, ou positivo.
Refere-se portanto à sua característica física, no que diz respeito à medida em
milímetros da largura externa da sua base de acetato. Assim, chamamos um
filme de “35mm” porque sua bitola corresponde a 35mm; a medida da largura da
tira do filme é 35mm. O filme 16mm é assim chamado porque sua largura
externa mede 16mm, e assim por diante.
Segundo Anton Wilson, pesquisador norte-americano, desde 1890, em
busca de encontrarem uma medida de bitola que agradasse a gregos e troianos
e que atendesse satisfatoriamente, tanto os requisitos técnicos quanto os
mercadológicos, foram criados mais de cem tamanhos de bitola de negativos
diferentes. Houve bitolas de negativos com 3mm, 8mm, 9.5mm, 11mm, 13mm,
17mm, 17.5mm, 18mm, 22mm, 24mm, 26mm, 28mm, 30mm. 35mm, 50mm,
62mm, 63mm e 65mm, apenas para citar algumas.
As bitolas tradicionais mais conhecidas no Brasil são, por ordem de
tamanho: 8mm, Super 8, 9.5mm, 16mm, 35mm e 65mm (esta é uma bitola
exclusiva de filmagem. Os filmes realizados em 65mm são geralmente
projetados na bitola 70mm por conta da inserção da banda sonora). Nos dias de
hoje, as duas únicas bitolas que têm uso substancial na indústria nacional são a
16mm e a 35mm.
O termo Formato refere-se à relação entre a altura e o comprimento do
retângulo formado pela janela da câmera ou do projetor. Como veremos, um
filme cuja bitola é 35mm pode apresentar vários formatos de janela, tanto de
filmagem como de projeção. Os formatos variam dos mais “quadrados” aos mais
“panorâmicos”. Esta relação (ou este rateio) entre altura e comprimento não é
aleatória e obedece padrões estabelecidos pela indústria: em inglês chama-se
Aspect Ratio.
Os rateios mais comuns são: 1.33:1, 1.37:1, 1.66.1, 1.75:1, 1.85:1, além
dos formatos super panorâmicos usados pelo Cinemascope: 2.20:1 e 2.35:1.
Como já dissemos, estes números não indicam medidas nem em centímetros
nem em polegadas, mas rateios, proporções entre altura e comprimento de
janelas, que podem ser aplicadas nas bitolas 16mm, 35mm, ou em qualquer
outra. Assim, seja qual for a bitola original utilizada na filmagem, o filme poderá
ser assistido num padrão universal de tela.
Vamos entender então o que quer dizer o formato de janela cujo rateio é
1.85:1:
O valor 1.85 representa o comprimento do retângulo, a base. O valor 1
representa a altura. Isso significa que, se a altura do espaço da imagem tivesse
por exemplo, 10 centímetros, o comprimento dessa mesma imagem seria de
18,5 centímetros. Como poderemos concluir, o rateio 1.85:1 é certamente muito
mais “panorâmico” do que o rateio 1.37:1.
A escolha de um determinado rateio, ou do Aspect Ratio, para a realização
de uma filmagem está ligada essencialmente ao uso final que se pretende dar ao
filme. Filmes destinados à projeção em telas grandes de salas cinematográficas,
certamente preferirão um rateio mais panorâmico. Por outro lado, filmes que são
captados em película mas que têm como destino final a apresentação em TV,
deverão optar por um rateio mais estreito, como o da chamada Janela
Acadêmica (1.33:1), muito próximo ao rateio proporcionado pelo padrão
universal dos monitores de TV contemporâneos.
É bom que se diga que estes padrões universais de formatos e medidas,
tanto para a indústria cinematográfica como para a televisão, são “verdades
definitivas” em constante mutação. Nos dias de hoje por exemplo, assistimos ao
progresso da tecnologia da TV em Alta Definição, que já se introduziu, ainda que
timidamente, no mercado e que trará consigo um novo padrão de rateio para
formatos de imagem: 2:1.

Super 16:
O formato chamado Super 16 é uma variação da utilização da bitola 16mm.
Quando no final dos anos sessenta a indústria lançou o formato chamado Super-
8mm, este representou não apenas uma variação no tamanho original da área
utilizada para se registrar a imagem (mantendo-se contudo o rateio do antigo
8mm que era de 1.37:1) mas para tanto foi necessário que se aumentasse a
medida da própria bitola do filme, bem como a distância entre as perfurações, o
passo. Ou seja, o Super 8 utiliza uma bitola diferente do 8mm. O formato Super
16 no entanto, utiliza a mesma bitola, bem como a mesma distância entre
perfurações, o mesmo passo, que o 16mm convencional. O número de
fotogramas existente em um metro de um filme rodado em Super 16 é igual ao
número de fotogramas existente em um filme rodado em 16mm Standart.
A diferença entre os dois formatos está basicamente no tamanho e no
rateio da área ocupada pela imagem em cada fotograma. O formato Super 16
consegue ocupar o negativo com imagem numa área que pode superar mais de
40% a área da imagem do 16 Standart, dependendo do rateio utilizado. Isso é
possível porque o Super 16 utiliza totalmente a área da emulsão do negativo
16mm, do lado da perfuração até o limite do lado oposto, ocupando inclusive a
área que no formato 16-Standart seria reservada para a banda sonora.
O fato do Super 16 utilizar o espaço da banda sonora para o registro de
imagem, cria uma evidente limitação para este formato. Ou seja: o Super 16 não
é um formato de projeção (ao menos sonora), já que para se aplicar uma banda
sonora numa cópia de exibição é necessária a ampliação do original para a
bitola 35mm, ou ainda a “redução” para o 16-Standart, o que seria um
contrassenso.
O Super 16 também não é uma solução conveniente para filmagens cuja
destinação final é, primordialmente, a exibição em TV. Isto porque todo o
benefício conseguido com a utilização de um rateio mais panorâmico (1.75:1) se
perde na transferência para o formato restrito (1.37:1) usado pelas TVs.
Certamente, a maior conveniência para o uso do Super 16, está nas
produções de baixo orçamento que pretendem exibição em salas
cinematográficas e podem contar com a ampliação (blow-up) da cópia final para
a bitola 35mm. Além de oferecer um rateio original já bem alongado, ideal
portanto para exibição em tela, o formato conta ainda com a vantagem da
economia proporcionada pela utilização da bitola 16mm para a captação.
Caso os novos padrões de rateio sugeridos pela TV de alta definição
realmente se estabeleçam no mercado internacional, o formato Super 16
representará certamente maiores vantagens.
Formatos de janelas para a bitola 35mm/Standart (em polegadas):
-janela Full Screem [silencioso] (0.980”X0.735”)
-Formato Acadêmico, janela 1.33:1 (0.868”X0.631”)
-janela 1.66:1 (0.868”X0.523”)
-janela 1.75:1 (0.868”X0.496”)
-janela 1.85:1 (0.868”X0.469”)
Formatos de janelas para a bitola 16mm/Standart:
-Formato Acadêmico, janela 1.37:1 (0.404”X0.295”)
-janela 1.66:1 (0.404”X0.243”)
-janela 1.85:1 (0.404”X0.218”)
Formato de janelas para a bitola 16mm/Super:
-janela 1.66:1 (0.488”X0.295”)
-janela 1.85:1 (0.488”X0.263”)

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