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INTRODUÇÃO

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Introdução
• Definição (NBR 9800 de 1987)
• Efluente líquido industrial: Despejo líquido proveniente do
estabelecimento industrial, compreendendo efluentes de processo
industrial, águas de refrigeração poluídas, águas pluviais poluídas e
esgotos domésticos;
• Efluentes de processo industrial: Despejos líquidos provenientes das
áreas de processamento industrial, incluindo os originados nos
processos de produção, as águas de lavagem da operação de limpeza
e de outras fontes, que comprovadamente apresentem poluição por
produtos utilizados ou produzidos no estabelecimento industrial”.

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Introdução
Incorporação ao
Esgotos sanitários produto
dos funcionários

Usos da água na Águas de Lavagem de


indústria drenagem
pluvial
máquinas,
tubulações e
contaminada pisos;

Águas de sistemas
de resfriamento e
geradores de
vapor;

A água que não foi incorporada ou perdida, transforma-se em efluente industrial

Água bruta/potável Processos industriais Efluente

(GIORDANO, 2008) 4
Introdução
Má notícia → o custo nem
sempre é atrativo e não existe
• Boa notícia → existe tecnologia
“receita de bolo”
para tratar qualquer coisa

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Introdução

2º passo: caracterização de
1º passo: identificação dos cada tipo de efluente (para
3º passo: seleção do(s)
pontos de geração de efluentes decidir quais serão misturados
tratamento(s) – muitas vezes é
(necessário conhecimento do e quais serão tratados em
necessária uma combinação;
processo industrial); separado) – necessário
conhecer os contaminantes;

Cuidado! Muito comum a adoção de soluções “prontas”. Investimentos são realizados, estações são
construídas para somente então descobrir que o tratamento não é efetivo. 6
Introdução
Na adoção dos processos de tratamento, os seguintes fatores devem ser considerados (GIORDANO, 2008):

Características do efluente Legislação ambiental Clima Interação com a vizinhança

CAPEX/OPEX Consumo de energia


Qualidade do lodo gerado Qualidade do efluente tratado

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Natureza do corpo receptor Segurança operacional Geração de odor Possibilidade de reúso
LEGISLAÇÃO
Aqui no Brasil, assim como em outros países do mundo, a lei ambiental
regula o descarte de resíduos líquidos sobre os chamados corpos d’água
com o intuito de limitar a carga poluidora encaminhados na natureza.
Outro critério levado em consideração é a classe da água onde esse
efluente é descartado.
O assunto está tão sério que alguns órgãos de financiamento, como o
Banco Mundial por exemplo, possuem normas próprias para limitar a
poluição gerada pelas indústrias financiadas por ele.
A maior parte das empresas idôneas e regulamentadas segue a legislação
federal. Em 2011, no âmbito nacional, foi publicada a resolução nº 430, de
13 de maio de 2011, a qual classifica os corpos de água e ainda traça
outras diretrizes ambientais.


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LEGISLAÇÃO
Também estabelece condições para o lançamento de efluentes. Essa resolução tem
como objetivo complementar (e alterar parcialmente) a anterior, nº 357, de 17 de
março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
No entanto, cada estado tem seus próprios decretos. Tomando como exemplo o
Estado de São Paulo, desde 1976, está em vigor o decreto 8468/76, o qual dispõe
os parâmetros para a liberação de efluentes tratados nos rios ou nas redes de
esgoto com os artigos 18 e 19A.
Dentro desses dispositivos legais, estão estabelecidos alguns limites, como o
máximo de poluentes permitidos no efluente. Outro critério avaliado é o padrão de
qualidade do corpo receptor. Em outras palavras, se a qualidade da água do rio não
vai ser modificada devido ao descarte dos poluentes.

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LEGISLAÇÃO
• Uma dica: na dúvida entre seguir os padrões estabelecidos pelas normas federais
ou estaduais, leve sempre em conta as que sejam mais restritas.
• Para as empresas atenderem a legislação, primeiramente, é importante conhecer
o processo de geração e a composição dos efluentes. Depois de todas as
características serem analisadas, avalia-se as alternativas de tratamento, a partir
dai, define-se qual o tratamento indicado para os efluentes.

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LEGISLAÇÃO
• Com a preocupação de se adequar à lei e aos decretos, principalmente as
indústriais buscam soluções para otimizar seus procedimentos de tratamento de
efluentes. É cada vez mais frequente o uso de tecnologias como o processo
"biológico aeróbio" para minimizar o descarte dos poluentes no ambiente. O
trabalho de prevenção começa quando a empresa obtém o licenciamento. Para
obter a licença, os processos produtivos são rigorosamente avaliados e depois
são impostas algumas exigências para a adequação da lei. Aqui, as empresas
precisam procurar soluções para o tratamento dos seus efluentes. Em São Paulo,
por exemplo, o controle é um trabalho permanente da Companhia Ambiental do
Estado de São Paulo (Cetesb).
• Em todo processo, é importante monitorar de perto o que está sendo realizado
para tratar os resíduos líquidos. Para isso, a empresa precisa criar um descritivo
com dados de tudo que é gerado e tratado.
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LEGISLAÇÃO
• A legislação ambiental possui padrões como definição para que
efluentes líquidos industriais ou domésticos sejam lançados no meio
ambiente, seja em corpos de água ou na rede coletora de esgoto.
• Segundo a norma brasileira da ABNT NBR 9800/1987, efluentes
líquidos industriais são “despejos líquidos provenientes das áreas de
processamento industrial, incluindo os originados nos processos de
produção, as águas de lavagem de operação de limpeza e outras
fontes, que comprovadamente apresentem poluição por produtos
utilizados ou produzidos no estabelecimento industrial”.

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LEGISLAÇÃO
• Resolução CONAMA Nº 430 DE 13/05/2011
Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes,
complementa e altera a Resolução nº 357, de 17 de março de 2005, do
Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA.
• Decreto nº 8.468, de 08/09/1976, artigo 18
Dispõe sobre as condições de lançamento dos efluentes em coleções
de água;
• Decreto nº 8.468, de 08/09/1976, artigo 19A
Dispõe sobre as condições de lançamento dos efluentes em sistema
público de esgoto provido de estação de tratamento;

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Tecnologias de tratamento

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TECNOLOGIAS DE
TRATAMENTO
Transferência de fase

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Tecnologias de tratamento

• As tecnologias apresentadas a seguir


consistem em mecanismos de
transferência de fase;
• Em geral, o que se consegue é uma
redução no volume da matriz contendo o
contaminante;

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Tecnologias de tratamento
• Coagulação

FeCl3

Al2(SO4)3

Aln (OH)m(Cl3)n-m

Fe2(SO4)3

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http://pimartins.weebly.com/tratamento-de-aacutegua.html
Tecnologias de tratamento
• Floculação

Contaminante
Floculação/sedim
transferido para
entação
o lodo

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http://paginas.fe.up.pt/~projfeup/bestof/12_13/files/REL_MIEA102_02.PDF
Tecnologias de tratamento
• Sedimentação
As partículas mais pesadas são arrastadas pela força da gravidade
(geralmente precedida de coagulação e floculação).

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http://interna.coceducacao.com.br/ebook/pages/268.htm
Tecnologias de tratamento
• Flotação
• Introdução de água saturada com ar no fundo do tanque de forma
que as microbolhas carreiem os sólidos em suspensão e o material
coagulado/floculado para a superfície;

Vantagem: necessidade
reduzida de área;
Desvantagem: alto custo
operacional.

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http://ecopreneur.com.ar/pt-br/services-view/unidade-de-flotacao-por-ar-dissolvido-daf/
Tecnologias de tratamento
• Flotação
• Pode acontecer na etapa de pré-tratamento ou pode substituir a
sedimentação;
• Aplicável para tratamento de efluentes com teores de óleos e graxas
(petroquímicas, pescado, frigoríficos);
• Não aplicada a óleos emulsionados, a menos que tenham sido
coagulados.

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Tecnologias de tratamento
• Eletrocoagulação/Eletroflotação

Vantagem: baixo tempo de


detenção, operação simples,

Desvantagem: gasto
energético, consumo dos
eletrodos

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Tecnologias de tratamento

Água bruta de manancial com alta carga de matéria orgânica dissolvida 23


Tecnologias de tratamento
• Filtração
• Passagem de um líquido por um meio poroso capaz de reter as
partículas em suspensão. A eficiência depende do tamanho das
partículas contidas no meio líquido e do tamanho dos poros.

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http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAa_wAE/apostila-geral-eta?part=8
1 µm = 0,001 mm 25
Fonte: http://www.meiofiltrante.com.br/materias_ver.asp?action=detalhe&id=740&revista=n53
http://www.revistatae.com.br/noticiaInt.asp?id=4576 26
Tecnologias de tratamento
• Nanofiltração

http://www.quimica.com.br/pquimica/10896/petroleo-petroleiras-removem-sulfato-de-agua-de-injecao-com-nanofiltracao-e-criam-mercado- 27
milionario-para-as-membranas/3/
Tecnologias de tratamento
• Osmose reversa

Contaminantes
concentrados no
Osmose reversa
rejeito do
processo

http://www.dreamstime.com/royalty-free-stock-image-reverse-osmosis-use-membrane-to-act-like-extremely-fine-filter-to-create-drinking-water-contaminated-water-pressure- 28
image36752266
Tecnologias de tratamento
• Adsorção
• Processo pelo qual átomos, moléculas ou íons são retidos na
superfície de sólidos através de interações de natureza química ou
física.

Adsorvente com
Adsorção contaminante
adsorvido

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http://www.naturaltec.com.br/Carvao-Ativado.html
Tecnologias de tratamento
• Resinas de troca iônica
• Remoção de compostos ionizados no meio aquoso através de resinas
aniônicas (remoção de ânions) ou catiônicas (remoção de cátions). Os
íons da solução são atraídos pela resina, onde são substituídos.
- Remoção
de ferro e
manganês;
- Remoção
de Ca e Mg
(dureza)

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http://www.naturaltec.com.br/Filtro-desmi-abrandamento-resinas-troca-ionica.html
Tecnologias de tratamento
• Precipitação química
• Dependendo do composto que estiver em solução, adiciona-se um
reagente que forme um composto insolúvel e permita a precipitação.

• Ex.: Estruvita → NH4MgPO4.6H2O

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Tecnologias de tratamento
• Stripping
• Processo físico de arraste com ar que remove substâncias voláteis do
meio líquido;
• No caso da amônia, pH deve ser elevado para deslocar o equilíbrio da
reação para a esquerda, deixando a amônia na forma de NH3(volátil).

http://www.lowryh2o.com/air-strippers.html 34
Tecnologias de tratamento
• Processos Oxidativos
• Os processos oxidativos objetivam a destruição dos poluentes
orgânicos por meio da oxidação (mineralização);
• Os mais utilizados são a incineração e o tratamento biológico
(métodos oxidativos convencionais);
• Tratamento biológico→ matéria orgânica é convertida em produtos
mineralizados inertes por mecanismos naturais;
• Outra opção → oxidação através de produtos químicos.

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Tecnologias de tratamento
Aeróbio – O2
Vantagens Desvantagens
Anaeróbio – O2
Vantagens
X
Desvantagens

Operação
Eficiência > 90% Operação Simples Eficiência < 75%
complexa

Sem odor Alto custo Baixo custo Com odor (H2S)

Não forma CH4 Gera muito lodo Gera pouco lodo Formação de CH4

Demanda Lodo mais


digestão do lodo estabilizado
Exemplos: Fossa séptica, lagoa
Exemplos: Lagoa aeróbia, lodos
anaeróbia, reator UASB, biofiltro
ativados, biofiltro aerado
anaeróbio
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Tecnologias de tratamento
• Processos biológicos – Lagoas de estabilização;

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Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAe-jgAA/lagoas-estabilizacao
Tecnologias de tratamento
• Processos biológicos - Lodos ativados

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Tecnologias de tratamento
• Processos biológicos - Reatores UASB

39
Fonte: http://www.revistatae.com.br/noticiaInt.asp?id=6920
Tecnologias de tratamento
• Processos Oxidativos
Avançados (POA´s)
• São processos de oxidação que
geram radicais hidroxila;
• Objetivam transformar os
contaminantes inorgânicos em
dióxido de carbono, água e
ânions orgânicos.

40
http://lqa.iqm.unicamp.br/cadernos/caderno3.pdf
Tecnologias de tratamento
Sem catalisador na forma sólida
• Processos Oxidativos Avançados (POA´s)
• Vantagens:
• mineralizam o poluente;
• transformam produtos refratários em
biodegradáveis;

• Desvantagem: a oxidação pode gerar


compostos mais tóxicos do que a
substância inicial;

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http://lqa.iqm.unicamp.br/cadernos/caderno3.pdf
42
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u129198.shtml
- Coagulação
- Floculação (quím/bio)

Resumo -
-
Sedimentação
Flotação
- Eletroflotação
- Filtração

- Tratamento biológico
- Processos oxidativos Em suspensão
- Ultrafiltração/Osmose > 1 µm
- Destilação Coloidal
- Stripping
> 0,001 µm e < 1 µm
- Adsorção
- Precipitação química
Dissolvidos
< 0,001 µm

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EXEMPLOS

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ETE Brusque
4m

1.000 m³/h

Lagoa de 60 m
equalização Coagulação/
Sedimentação Filtração
Deep shaft floculação

Recebe efluente de indústrias Têxteis, Metal Mecânica,


Alimentícias, Aterros Sanitários e esgotos sanitários.
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Abatedouros e frigoríficos
Principais poluentes Etapas do tratamento
• Proteínas; • Peneiramento
• Gorduras; • Caixa de gordura
• Sais minerais; • Coagulação/floculação
• Hormônios de crescimento; • Flotação
• Produtos de limpeza. • Processo biológico
anaeróbio
• Processo biológico aeróbio

(GIORDANO; SURERUS, 2015)


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http://www.vet.ufmg.br/noticias/exibir/1003/sistema_de_tratamento_de_efluente_melhora_a_qualidade_da_agua
Indústria metalúrgica
Principais poluentes Etapas do tratamento
• Metais tóxicos e não tóxicos • Caixa de areia
• Óleos e graxas • Correção de pH com
• Sólidos inorgânicos dissolvidos e precipitação química
em suspensão

(GIORDANO; SURERUS, 2015)


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Indústria farmacêutica

Principais poluentes
• Antibióticos; Etapas do tratamento
• Hormônios; • Peneiramento;
• Vitaminas; • Clarificação físico-química;
• Aminoácidos; • Processo biológico – lodo
• Sais orgânicos; ativado;
• Essências; • Membrana filtrante ultra ou
nano.
• Pigmentos. (GIORDANO; SURERUS, 2015)
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• Importante conhecer o processo de
geração dos efluentes;
• Estudo de tratabilidade é
Conclusão fundamental para balizar a escolha
da tecnologia;
• Tendência → reúso.
Referências
• GIORDANO, Gandhi.Apostila do curso de Tratamento de Efluentes
Industriais.Vitória-ES: ABES-ES, 2008. 72 p.
• GIORDANO, Gandhi; SURERUS, Victor. Efluentes Industriais: Volume 1
- Estudo de Tratabilidade. Rio de Janeiro: Publit, 2015. 196 p.
• Apresentação do Mini-curso do 7º Encontro Nacional de Tecnologia
Química (ENTEQUI) –Água para fins de reuso, MSc. Mônica Maria
Perim de Almeida, Vitória-ES, setembro de 2014.
• NBR 9800 de 1987 -Critérios para lançamento de efluentes líquidos
industriais no sistema coletor público de esgoto sanitário

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Referências
• FORNARI, M. M. T. Aplicação da Técnica de Eletro-Floculação no
Tratamento de Efluentes de Curtume. Dissertação de Mestrado,
Centro de Engenharia e Ciências Exatas, Universidade Estadual do
Paraná, Toledo –PR, 2007.
• CRESPILHO, F.; REZENDE, M. O. O. Eletroflotação –Princípios e
Aplicações. São Carlos, Ed. Rima, 2004, 96p.
• SOUTO, Gabriel D’arrigo de Brito. Lixiviados de aterros sanitários
brasileiros –estudo de remoção do nitrogênio amoniacal por
processo de arraste com ar (“stripping”). 2009. 371 f. Tese
(Doutorado) -Departamento de Hidráulica e Saneamento,
Universidade Federal de São Paulo, São Carlos, 2009.

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