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5 CHAVES

BÍBLICAS E PODEROSAS
PARA CRIAR FILHOS
VENCEDORES

ANA LAURA ALMEIDA


Direitos autorais

Todos os versículos usados nesse livro foram


retirados da Nova Versão Transformadora e
Revista Almeida e Atualizada.

A violação dos direitos autorais é crime


estabelecido pela lei nº. 9.610 de fevereiro de
1998 e punido pelo artigo 184 do Código
Penal.

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reproduzida ou transmitida sejam quais forem
os meios empregados: eletrônicos, mecânicos,
fotográficos, gravação ou quaisquer outros.
Sobre a autora
Ana Laura Almeida é casada com o Pr. Allan
Almeida, com quem tem quatro filhos:
Matheus, Samuel, Isabella e Luca. Formada em
Serviço Social, após concluir o Seminário
Pastoral, deixou sua profissão para se dedicar
à maternidade e ao ministério. Hoje, em tempo
integral, ao lado de seu marido, na Igreja
Videira de Milão, Itália, atua no mentoreamento
de mulheres e pastoreio de crianças.
Desenvolveu o curso “Educando Filhos
Vencedores”, no qual centenas de pessoas têm
sido equipadas para o cumprimento de seu
eterno propósito. Há mais de dez anos
trabalhando com famílias, Allan e Ana Laura
criaram também o projeto Charis, com o
objetivo de ajudar casais no relacionamento
conjugal e capacitar pais para a criação dos
filhos.

@PASTORA.ANALAURA
@CHARIS.NEWS
Introdução
Vivemos em uma geração que tem deixado a Bíblia de lado e colocado os
ensinamentos do homem no centro. Cada vez mais livros sobre criação de
filhos veem sendo escritos por pastores, psicólogos, profissionais de
educação infantil. Nada contra isso, eu mesmo escrevo sobre criação de
filhos, mas e se o único manual que tivéssemos fosse a Bíblia, o que
faríamos? Não estou dizendo que devemos renunciar aos livros, de maneira
nenhuma, mas sim que não podemos nos esquecer da Bíblia. Eu leio
inúmeros livros de criação de filhos e sempre que posso os indico nas
minhas redes sociais, porém tenho a Bíblia como o maior e mais completo
manual, ela não é antiga e nem moderna, ela é eterna.

Mas gostaria de ir ainda mais além com você, muito mais do que sermos
Bíblicos, precisamos estar centrados em Cristo. Somos pais cristãos e isso
significa ter Cristo no centro de tudo o que fazemos. Em toda a Bíblia, de
gênesis a apocalipse, Cristo é revelado. Então, o nosso olhar, a maneira
como educamos os nossos filhos, a maneira como disciplinamos, como
corrigimos, tudo deve estar centrado Nele.

O evangelho deve estar presente em todos os momentos em nosso lar,


porque Jesus veio para estabelecer uma Nova Aliança e isso nos liberta de
uma educação punitiva, e nos conduz a uma educação mais assertiva, que
corrige com amor, que não produz medo e que disciplina com graça.

Das escrituras podemos tirar ensinamentos para tudo na nossa vida, pois
ela é inspirada por Deus e útil para o ensino.

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a


repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o
homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa
obra.”. (2 Timóteo 3:16,17)

Converso com muitas mães e as vejo confusas, porque elas têm ouvido
tantas vozes e tantos ensinos, que aquilo que é a Verdade se torna
embaçado. Por isso, te convido a vir comigo nessa leitura e descobrir cinco
chaves, bíblicas e poderosas, que irão transformar a sua maternidade e
paternidade.
Capítulo 1 – Autoridade
A professora da minha filha é muito brava, é uma senhora que leciona há
30 anos na mesma escola, então é muito exigente e conservadora. Tivemos
sérios problemas com ela. Tive que me adaptar as exigências dessa
professora. Tudo tinha que estar devidamente organizado na mochila da
minha filha, o cabelo dela deveria estar devidamente preso e não podíamos
discordar de absolutamente nada.

Um belo dia, enquanto jantávamos em família, fiz um comentário indiscreto


e desonroso, vale ressaltar que já me arrependi da façanha. Mas a minha
filha me ouviu reclamar da sua professora. Meu marido, muito sábio,
contornou a situação e disse em bom tom que aquela professora era um
instrumento de Deus na vida da Isabella, para ajudá-la no cumprimento de
seu propósito. Concordei sem hesitar e aprendi uma grande lição: “Todo
homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade
que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele
instituídas.”. (Romanos 13:1)

A palavra “AUTORIDADE” usada aqui, vem do grego “EXOUSIA”, que significa:


“poder de escolher, liberdade de fazer como se quer. Licença ou permissão.
Poder para influenciar e dirigir”.

Toda autoridade foi constituída por Deus, e como pais temos essa
autoridade delegada para influenciar e dirigir a vida de nossos filhos.
Infelizmente o mundo perdeu a noção de autoridade. E muito se fala hoje
em dia sobre educação democrática, tirando do pai e da mãe essa
autoridade que foi por Deus constituída.

Por acaso a autoridade dada aos pais é em virtude da diferença de


tamanho entre os pais e os filhos? Fomos investidos de governo por sermos
mais inteligentes e mais experientes? Deus nos chamou a orientá-los por
que somos santos e nossos filhos pecadores? Temos o direito de mandar
nossos filhos fazerem qualquer coisa que queiramos que façam?
Autoridade significa controlar e manipular? Claro que não.

Como pai ou mãe, você possui autoridade porque Deus o constituiu


autoridade sobre a vida de seu filho. Você tem autoridade para agir em
nome de Deus. Você cumpre uma missão que lhe foi dada por Ele. Você
não pode tentar moldar a vida de seus filhos como melhor lhe convém, e
sim como agrada a Deus.

Como pai ou mãe cristão, tudo o que você faz, deve ser feito deste ponto de
vista. Você deve investir toda a sua instrução, sua educação, sua correção e
disciplina porque Deus o chamou para esta finalidade. Você age com a
convicção de que Ele o encarregou para agir em seu lugar. Você representa
Deus e tem a missão de conduzir seu filho até Ele e ensiná-lo a viver de
modo piedoso na Terra.

Então, autoridade não significa autoritarismo, são duas coisas diferentes.


Pais autoritários estão constantemente exigindo obediência dos filhos a
todo custo, estão dando ordens a todo momento e, por isso, perdem a
conexão de amor e deixam de exercer autoridade.

Lembrando do significado da palavra “autoridade”, vale ressaltar que o que


mais envolve o seu exercício é influência e direção. Filhos precisam da sua
influência e precisam também da sua direção. Quem dirige está no governo,
significa que tem a responsabilidade de conduzir, de instruir e de ensinar.

Temos o governo da vida dos nossos filhos enquanto eles são pequenos,
depois que eles crescem o governo diminui e eles assumem a direção da
própria vida. Porém, a nossa influência deve continuar crescendo.

Meus pais têm grande influência na minha vida, contudo não têm mais
nenhum governo. Eles não dirigem mais a minha vida, eu precisei assumir o
controle e conduzir meu próprio destino a partir do momento que me casei
e sai debaixo da tutela deles.

Então, podemos dizer que quanto menores nossos filhos são mais governo
exercemos sobre eles, mas quanto maiores eles vão ficando, maior deve ser
a nossa influência e menor o governo. É fácil notar o governo de uma mãe
sobre uma criança de um ano que está aprendendo a andar e depende da
mãe para quase tudo na sua vida. Essa criança precisa de limites, de alguém
que saiba lhe dirigir com sabedoria e autocontrole, e que vai protegê-la do
perigo quando ele estiver por perto.
Mas essa doce menininha quando completar seus 16 anos mais ou menos
já vai começar a fazer algumas escolhas que vão fugir do controle de sua
mãe e, por isso, a influência dessa mãe deve ser trabalhada durante os
anos da infância e adolescência, para que ela possa aprender a dirigir a
própria vida de maneira responsável, sábia e integra. Esse é o desejo de
todo pai e toda mãe, não é mesmo?

Então, se você tem filhos pequenos, ainda pode exercer o seu governo,
cuidando e protegendo, amando e corrigindo, ensinando e instruindo, para
que eles cresçam e cumpram o seu propósito. Vale ressaltar aqui que
exercer a sua autoridade não significa exigir obediência dos seus filhos a
todo custo, pais autoritários fazem isso, nós não deveríamos fazer. Agora,
você deve estar se perguntando, mas meu filho não tem que me obedecer?
Sim, ele tem, e como filho, tem que fazer muito mais que isso, também tem
que te respeitar e te honrar, e isso é bíblico.

Existem quatro coisas que devemos ensinar para os nossos filhos com
relação a autoridade dos pais: obediência, submissão, respeito e honra.
Esses princípios são valores inegociáveis que eles precisam aprender desde
bem cedo na infância. Vou colocar aqui alguns versículos que podem nos
ajudar a entender melhor isso:

“Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo. Honra a teu pai
e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), para que te vá
bem, e sejas de longa vida sobre a terra. ” (Efésios 6:1-3 )

“Filhos, em tudo obedecei a vossos pais; pois fazê-lo é grato diante do


Senhor. ” (Colossenses 3:20)

Infelizmente temos um conceito equivocado com relação a obediência.


Tanto em Efésios como em Colossenses essa palavra “obediência” tem o
mesmo significado no grego: “hupakuo”, que quer dizer “ouvir e escutar”.
Então, quando a Bíblia orienta os filhos a obedecerem a seus pais, ela está
dizendo que eles devem ouvir e escutar o que seus pais têm a dizer, muito
mais que obediência, isso é submissão. Ouvir e escutar fala de dar valor
àquela pessoa que está me orientando, fala de parar para considerar. Isso
envolve também respeito e honra.
O que acontece hoje é o contrário, os pais querem que as crianças
simplesmente executem ordens do tipo: “guarde os brinquedos!”, “escovem
os dentes agora!”, “faça a sua lição de casa!”, e quando a ordem não é
cumprida a criança recebe o rótulo de “desobediente”, isso é triste, porque
existem muitas crianças que estão “guardando os brinquedos”, mas que no
coração não existe submissão.

Mais do que ensinar nossos filhos a executar ordens, eles precisam


aprender a ouvir e escutar, mas como podemos ensinar gritando? Como
queremos que nossos filhos nos obedeçam se nós também não paramos
para ouvir o que eles têm a dizer. Nós ensinamos muito mais pelo exemplo
que damos, do que pelas palavras que falamos.

“Filho meu, ouve o ensino de teu pai e não deixes a instrução de tua mãe.
Porque serão diadema de graça para a tua cabeça e colares, para o teu
pescoço.” (Provérbios 1:8,9)

Esse é o grande segredo para criar filhos vencedores, ensiná-los a ouvir o


ensino e a instrução dos seus pais. Mais uma vez vemos nas escrituras a
importância de ouvir e escutar. Então, é nossa responsabilidade sabermos
nos comunicar e instrui-los no caminho. Filhos que aprendem esse
caminho serão bem sucedidos.

Eles precisam sim nos respeitar e honrar, mas nós também devemos
respeitá-los, como diz as Escrituras: ”Tratem todos com respeito e amem
seus irmãos em Cristo. ” (1 Pedro 2:17) Tratar as pessoas com o devido
respeito é uma ordem não somente para os filhos, mas também para os
pais.

Contudo, mais do que respeitar, o Senhor também nos deixou um outro


mandamento como pais: “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira,
mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor. ” (Efésios 6:4)

Já parou para pensar como, muitas vezes, irritamos nossos filhos? Todas as
vezes que deixamos de usar a nossa autoridade para influenciar e dirigir, e
a usamos para manipular e controlar nós irritamos nossos filhos. Fazemos
isso quando gritamos, quando somos autoritários, quando não somos
claros nas regras, quando agimos sem sabedoria e perdemos o controle,
descontando em nossos filhos. Mas não precisa ser assim.
Nos próximos capítulos vamos falar mais um pouco sobre outras
ferramentas que vão nos ajudar no processo de disciplina. Mas gostaria de
deixar para você algumas atividades para colocar em prática tudo o que
conversamos nesse capítulo, lembrando que é preciso de muita sabedoria
para que você possa exercer a sua autoridade, influenciando e governando
seus filhos da maneira como Deus quer que você faça.

Dicas Práticas:

1- Em vez de dar ordens e esperar obediência imediata, tente estabelecer


uma comunicação clara com a criança, abaixando e olhando nos olhos dela
para dizer o que você quer que ela faça.

2- Em vez de dizer: vai tomar banho agora! Tente estabelecer uma rotina
com horários certos para cada coisa, assim você só vai precisar lembrar a
criança que é a hora do banho.

3- Procure não interromper bruscamente o que a criança está fazendo, mas


espere que ela termine o seu desenho, ou termine a brincadeira para que
possa tomar banho. Então, avise que quando ela terminar o que está
fazendo, ela precisará tomar banho por exemplo, e certifique-se que a
criança te ouviu.

4- Ajude a criança a obedecer. Dependendo do temperamento do seu filho


ele vai precisar de ajuda, de alguém que vai pegar na sua mão e levá-lo a
cumprir a tarefa, isso é dirigir.

5- Tenha regras claras. Muitas vezes o que é obvio para você não é para seu
filho. Então, sente e converse para estabelecer as regras e as comunique da
maneira mais clara possível para que a criança entenda.

6- Não tenha expectativas irreais sobre seu filho. Crianças fazem criancices
e o seu papel é instruir e ajudar. Portanto, exerça seu governo conduzindo
essa criança, levando em consideração a sua idade e sua capacidade de
aprendizagem.
Capítulo 2 – Sabedoria
Já era quase a hora do jantar, meu filho de 4 anos rodeava os armários da
cozinha, eu estava terminando a janta e, de repente, para minha tristeza ele
tira um brioche do armário e vem com aquela carinha de gatinho piedoso
me pedir, encarecidamente, se poderia comer aquele desejado bolinho.
Nem precisa dizer que eu disse não, mas aí a guerra já estava instaurada.
Ele se jogou no chão como se fosse o fim da sua vida, comportamento
típico de uma criança colérica de quatro anos quando é contrariada. Eu não
esperava o contrário. Mas agora ele estava ali, gritando no chão da cozinha,
batendo pernas e braços, implorando para que eu mudasse de ideia.

O que você faria em um cenário como esse? Será que deixar chorando
resolveria? O que a criança aprende quando é abandonada no meio de
uma crise emocional? Como ensiná-la a lidar com as frustrações? Com o
medo? Com a tristeza? Uma das maiores necessidades das crianças é a
educação emocional e, por isso, precisamos nos empenhar em ajudá-las
nesse processo de aprendizado. Para exercer a nossa autoridade em
momentos como esse é preciso de sabedoria, mas é preciso também do
conhecimento. Entender como seu filho se desenvolve e conhecer as fases
do seu desenvolvimento farão toda a diferença.

Eu já conhecia o meu filho suficiente para saber que ele teria aquela reação.
Talvez eu poderia ter evitado, se o chamasse para me ajudar a arrumar a
mesa, ou se dissesse que estava fazendo algo gostoso para ele comer. Mas
nem sempre conseguimos prevenir tudo não é mesmo?

Então, abaixei a minha cabeça, respirei fundo várias vezes, e orei: “Senhor,
por favor, me dê sabedoria, me ajude a resolver esse conflito, não me deixe
perder a paciência, quero ajudar o meu filho nesse processo, amém. ”.

Não sei se você sabe, mas o nosso cérebro é dividido em duas partes.
Imagine como se fosse uma casa de dois andares. A parte de baixo é
conhecida como primitiva, é inata, ou seja, nasce pronta, é emocional,
irracional, e reage institivamente a fome, ao medo, a tristeza e a dor,
acionando a amidala cerebral, que acaba provocando reações como fuga,
raiva, choros e gritos. Por isso, um bebê só sabe chorar, e também por isso
é muito comum acontecer a famosa birra entre crianças de 0 a 2 anos de
idade.
É muito importante essa parte do nosso cérebro, pois é ela que reage em
momentos de perigo. Imagine você se deparar com um leão vindo na sua
direção, o medo vai tomar conta do seu cérebro, que por sua vez vai
sequestrar a sua amidala ela fará que instintivamente você reaja para se
proteger. Eu não sei o que você faria nessa situação, mas eu provavelmente
correria o mais rápido que eu pudesse.

A parte de cima do nosso cérebro é mais evoluída, ela é sofisticada e


racional. É onde desenvolvemos a capacidade de tomar decisões, de fazer
escolhas, onde pensamos e desenvolvemos os valores morais. É também
onde aprendemos a controlar as nossas emoções e a reagir de maneira
adequada em situações de conflito. Ela termina de se desenvolver por volta
dos 25 anos de idade.

Então, uma criança de 4 anos de idade está começando a desenvolver o


andar de cima do cérebro, é normal que ela reaja negativamente em
situações de conflito, em que, por exemplo, ela ouve um “não”, ou quando
está cansada, com sono e com fome, para ela essas coisas são os Leões
que ela encontra no seu dia a dia. É instintivo e faz parte da idade. Porém,
ela precisa ser educada e redirecionada. Pais sábios conseguem contornar
situações assim com mais facilidade.

Sabendo disso, naquele dia na cozinha, eu me abaixei em direção ao meu


filho, que estava em prantos no chão, peguei ele no colo e acolhi o
sentimento. Ele não tinha conta para pagar, não tinha trabalho da escola
para entregar, não tinha nenhuma outra preocupação na vida, a não ser
comer aquele delicioso brioche que lhe foi negado. E acreditem, era o fim
do mundo para aquele coraçãozinho.

Eu demonstrei que entendia o que ele estava sentindo, que era muito difícil
ouvir “não” quando a gente queria muito fazer uma coisa. Mas que
poderíamos guardar aquele bolinho para ele comer no momento oportuno.
O que posso fazer para te ajudar? Foi o que perguntei para ele depois que
ele se acalmou, e ele me disse: “me dar comida.” Então ele jantou e depois
conversamos sobre a importância de saber controlar as nossas emoções.

A verdade é que não existe uma fórmula mágica para lidarmos com os
comportamentos desafiadores dos nossos filhos, porque cada criança tem
um temperamento e isso as torna únicas. Por esse motivo precisamos
investir em conhecimento e buscar a sabedoria que vem do alto para nos
conduzir nesse processo.
O livro de Provérbios é cheio de sabedoria, em quase todos os capítulos
vemos essa palavra sendo escrita, as vezes com outros nomes, como
entendimento ou instrução. Mas que transmitem uma única mensagem:
precisamos de sabedoria para criar filhos sábios.

Jesus é a personificação da sabedoria, “Nele estão escondidos todos os


tesouros da sabedoria e do conhecimento” (Colossenses 2:3), então vemos
mais uma vez a importância de ensinar nossos filhos sobre Cristo. Quanto
mais conhecerem a Cristo, mais sabedoria eles terão, e essa regra serve
também para nós. Sabedoria é a arte de saber conduzir a vida e os
relacionamentos com prudência e boa administração. Essa definição me faz
lembrar da mulher virtuosa de provérbios 31, o versículo 26 diz que ela:
“Fala com sabedoria, e a instrução da bondade está na sua língua.”.

Aqui a palavra “sabedoria” significa “habilidade na guerra, prudência e boa


administração.” Isso é tudo o que precisamos! Perceba que a sabedoria se
manifesta na maneira como nos comunicamos e em tudo o que falamos.
Isso quer dizer que a maneira como falamos com nossos filhos e como os
instruímos no Senhor precisa ser carregada sabedoria.

Muitas vezes, falamos com nossos filhos de maneira inconveniente e


corrigimos de forma errada porque não temos sabedoria. Agimos
inconscientemente de acordo com padrões aprendidos por nossos pais.
Eles fizeram o melhor que puderam e nos deram daquilo que aprenderam
e somos gratos por isso. Mas precisamos buscar em Deus e na sua Palavra
sabedoria para educar nossos filhos. Somente Nele podemos encontrar o
que precisamos.

“Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a


todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida.” (Tiago
1:5)

Às vezes, não recebemos porque não pedimos. Interessante que nesse


texto a palavra “sabedoria” vem do grego “sophia” que quer dizer “uma
Inteligência ampla e completa, usado do conhecimento sobre diversos
assuntos.”. Então, em outras palavras, o apóstolo Tiago estava dizendo, que
se nós precisamos de inteligência para aprender a lidar com diversos
assuntos da vida, e isso inclui a criação dos nossos filhos, precisamos pedir
ao Senhor que Ele vai nos dar livremente.
É da vontade de Deus que tenhamos sabedoria para instruir nossos filhos.
“Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos
mutuamente em toda a sabedoria.” (Colossenses 3:16)

A sabedoria é o ingrediente necessário para que a instrução possa fazer


sentido. O sábio sabe o tempo e o modo certo de falar. Muitas vezes, não
temos filhos obedientes, que nos ouvem e nos escutam, porque falhamos
na instrução e no ensino. Não temos sabedoria para nos comunicarmos de
maneira clara e assertiva. Mas ainda podemos reverter isso.

“Mas a sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura. Também é


pacífica, sempre amável e disposta a ceder a outros. É cheia de misericórdia
e é o fruto de boas obras. Não mostra favoritismo e é sempre sincera.”
(Tiago 3:17)

Nós precisamos dessa sabedoria, que vem do alto e não da Terra, que vem
de Deus e não dos homens. Ela é pacífica, amável, disposta a ceder, cheia
de misericórdia, não mostra favoritismo, é sempre sincera e é o fruto das
boas obras.

Que possamos agir com mais sabedoria para com nossos filhos. Então, uma
dica preciosa que quero deixar para você é o falar manso, ter brandura na
maneira como nos comunicamos com nossos filhos. A bíblia diz que “a
resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.”.
(Provérbios 15:1) Isso é sabedoria.

Uma grande característica da mulher de Deus é a mansidão. “Em vez disso,


vistam-se com a beleza que vem de dentro e que não desaparece, a beleza
de um espírito manso e sereno, tão precioso para Deus.”. (1 Pedro 3:4) Ser
mansa e falar com mansidão é sabedoria, pois isso diminui a tensão, facilita
a instrução e ajuda no processo de disciplina.

Entendo que não é fácil mudar quando estamos acostumados a gritar, ou a


agir de forma automática, por isso, não espere que automaticamente, da
noite para o dia, você vai se transformar na pessoa mais mansa da face da
terra, não, isso não vai acontecer. É preciso agir com intencionalidade,
decida dia a dia mudar, e a graça de Deus vai te ajudar nesse processo.
Dicas Práticas:

1- Em vez de dizer: “Engole esse choro!”, diga: “Como posso te ajudar? Eu


entendo o que você está sentindo.”.

2- Em vez de deixar a criança chorando sozinha, apenas diga que você está
por perto e que se ela precisar de um abraço e de um colo você estará ali
para dar.

3- Em vez de dizer: “Levante do chão, nem doeu!”, diga: “Você se machucou?


Precisa de ajuda?”.

4- Em vez de dizer: “Já disse não e basta!”, diga: “Eu entendo que você
queira muito fazer isso agora, quer conversar sobre isso?”.

5- Em vez dizer: “Para de pular na cama que você vai cair e bater a cabeça!
”, diga: “Pule aqui no chão por favor, é mais seguro para você, não quero
que você se machuque. ”.

6- Em vez de dizer: “Só vai comer doce quando eu quiser! ”, diga: “Comer
muito doce faz mal para você, então vou deixar você comer somente duas
vezes por semana.”.

7- Em vez de dizer: “Só depois que fizer sua lição de casa você joga no vídeo
game!”, diga: “Pode jogar no vídeo game assim que terminar a sua lição de
casa.”.

8- Em vez de dizer: “Você está errado, vai ficar de castigo e pensar no que
você fez! ”, diga: “Eu vou te ensinar como deve ser feito, sente-se aqui para
eu te instruir e você poder pensar sobre o que fez.”.

9- Em vez de dizer: “Se você não me obedecer vai apanhar!”, diga: “Você
entendeu o que eu pedi para você fazer? Precisa de ajuda? É muito
importante você me obedecer.”.

10- Em vez de reclamar do comportamento desafiador do seu filho, peça a


Deus sabedoria para poder lidar com ele. Com certeza, o Senhor
vai te dar!
Capítulo 3 – Autocontrole

Era uma manhã de sexta-feira, a semana não tinha sido fácil, cansada eu
arrumava a mesa para o almoço. Eu tinha 40 minutos até o horário em que
a perua passava para pegar os meninos para levar para escola. Eu estava
seguindo a rotina, mas minha bebê, recém-nascida, obviamente ainda não
tinha entrado nela e, nessa manhã, estava chorando mais que o normal.

Por algum motivo também, meus filhos não queriam almoçar naquele dia.
Tudo estava dando errado. Então, peguei minha bebê de 45 dias no colo,
enquanto a acalmava, tentava dar comida para os meninos de 2 e 4 anos.
Eles choravam, eu insistia, a hora passava e não dava mais tempo.

Então, me lembro como se fosse ontem, um turbilhão de sentimentos,


ainda com os hormônios do puerpério em alta, coloquei a bebê no
carrinho, e para não descontar a minha raiva neles, sai para a área de
serviço, fechei a porta, apoiei as duas mãos no tanque e gritei. Isso mesmo,
gritei tão alto que a vizinhança inteira ouviu, inclusive meus filhos que
estavam no cômodo ao lado. Depois de gritar chorei, foi como descarregar
uma corrente elétrica.

Não demorou dois minutos para a minha vizinha tocar a campainha para
saber se estava tudo bem. Nem preciso dizer que chorei na frente dela, ela
que não tinha nenhuma intimidade com a minha família, que vergonha!

Existem momentos na maternidade que precisamos escolher as nossas


batalhas. Por que brigar? O que realmente importa? Nesse dia eu aprendi
algumas lições preciosas, que com a ajuda de Deus, foram ficando claras
para mim.

Um dos grandes desafios na criação dos nossos filhos é o autocontrole.


Você tem dificuldade em exercer domínio próprio? Consegue se controlar
no momento da ira e não descontar nos pequenos? A Bíblia diz que “É
melhor ser paciente que poderoso; é melhor ter autocontrole que
conquistar uma cidade.”. (Provérbios 16:32)
Uma pessoa paciente, que tem longo ânimo, consegue mais resultados do
que a impaciente. Não confunda paciência com permissividade, são duas
coisas diferentes. Pais pacientes conseguem ser firmes sem perder o
controle da situação. A grande pergunta então é: como exercer
autocontrole?

Eu acredito muito no que a Bíblia diz quando fala dos frutos do espírito,
“Mas o fruto do Espírito amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade,
fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei.”
(Gálatas 5:22-23) Isso nos traz uma verdade poderosa, a paciência, bem
como a mansidão e o domínio próprio são frutos, ou seja, são resultados de
uma vida centrada em Cristo. Em Cristo encontramos tudo o que
precisamos, Nele somos aperfeiçoados. Crer nessa verdade fará toda a
diferença na sua vida.

Mas será que é somente crer? Será que isso será suficiente para ver
mudanças na minha vida? Talvez essa seja a sua pergunta nesse momento.
Então, vou te contar algo que eu creio, e que me ajudou a vencer
momentos de estresse na minha vida.

Deus nos criou de maneira perfeita, de modo assombroso e maravilhoso,


ainda quando estávamos no ventre da nossa mãe, Ele nos teceu. Criou o
nosso cérebro com a incrível capacidade de pensar, de se relacionar, de
criar conexões. Isso é maravilhoso.

A parte da frente do nosso cérebro, que fica situada na parte superior, na


região da testa, é responsável pelo controle das nossas emoções. Longe de
mim querer dar uma aula de neurociência para você, apenas quero trazer
essa informação, que a considero muito importante, para que você entenda
os gatilhos que precisa apertar para desenvolver o autocontrole na sua
vida.

Assim como toda parte muscular do nosso corpo, o cérebro também


precisa se exercitar. Quando você vai para academia, e quer conquistar o
corpo dos sonhos, o que vai precisar fazer? Além de ter uma alimentação
saudável, você precisará pegar aqueles pesos e levantar. Isso mesmo, seu
músculo precisa receber estímulos, diários e constantes, para
que alcance a forma desejada.
Com as nossas emoções não é diferente. Isso é o que os psicólogos
chamam de educação emocional. Precisamos exercitar o córtex pré-frontal
e exercer domínio próprio e autocontrole. E acredite, Deus te criou com
essa capacidade de ser paciente.

Deus é paciente, as suas misericórdias se renovam a cada manhã, e nós


fomos criados a sua imagem, conforme a sua semelhança. Então, podemos
também ver esse resultado em nossas vidas, através de uma crença
correta, tendo Cristo como centro, e também através dos estímulos que
podemos fazer, intencionalmente, no nosso cérebro.

“Como cidade derribada, que não tem muros, assim é o homem que não
tem domínio próprio.”. (Provérbios 25:28)

Esse versículo demonstra como é a vida de uma pessoa que não consegue
se controlar. Antigamente as cidades tinham muros, grandes muralhas que
as protegiam dos seus inimigos. Todas as cidades erram cercadas por esses
muros, e uma cidade que tinha seus muros derrubados estava
desprotegida e sujeita aos ataques dos seus inimigos. Na nossa vida é a
mesma coisa, somos como essa cidade desprotegida quando não temos
domínio próprio. Ficamos sujeitos a muitos ataques em nossa casa e no
relacionamento com nossos filhos.

O autocontrole é uma grande proteção para as nossas vidas. A educação


emocional deve começar bem cedo na infância, mas quando ela não
acontece precisamos correr atrás do prejuízo. É por isso que infelizmente
vemos hoje muitos cristãos, batizados, cheios do Espírito Santo, mas que
não conseguem se controlar. Brigam no transito, gritam dentro de casa,
quebram as coisas, não os culpo, mas considero extremamente necessário
trabalhar a educação emocional.

Ter o domínio dos nossos impulsos é um exercício que precisamos fazer.


Sempre vão existir momentos de raiva, tristeza, medo e dor. A questão é:
como reagimos a esses sentimentos? Ficar irado não é errado, mas sim
como reagimos a ira. “E não pequem ao permitir que a ira os controle.
Acalmem a ira antes que o sol se ponha, pois ela cria oportunidades para o
diabo. ”. (Efésios 4:26,27) Aqui nesse versículo fica claro a nossa
responsabilidade em “acalmar” a nossa ira antes que ela nos controle,
fazendo vir à tona toda a sorte de amargura, gritaria, palavras ásperas,
calúnias, e nada disso é da vontade de Deus.
Na carta aos Tessalonicenses o apóstolo Paulo também traz para nós, mais
uma vez, a responsabilidade de se controlar. “Cada um deve aprender a
controlar o próprio corpo e assim viver em santidade e honra.” (1
Tessalonicenses 4:4)

Então, fica claro que não devemos permitir que a ira nos controle, mas
devemos nos acalmar e também aprender a controlar o próprio corpo.
Você percebe que é um exercício? Tudo que envolve aprendizado, vai exigir
de nós disciplina e intencionalidade. Trocar as nossas reações automáticas
por reações intencionais, nos exercitando dia a dia na prática da paciência,
do domínio próprio e assim conseguir o autocontrole desejado, contando
acima de tudo com o Espírito Santo, que é quem opera em nós o querer e o
realizar.

Então vamos exercitar o nosso cérebro para que ele aprenda a se


controlar? Diante de tudo o que conversamos aqui, eu quero trazer para
vocês algumas estratégias para o exercício do autocontrole. Essas
estratégias precisam estar fundamentadas em 5 pilares, que eu chamei de:
crença, compreensão, contexto, correção e conexão. São os 5 Cs do
autocontrole. Vamos falar sobre cada um deles.

OS 5 PILARES DO AUTOCONTROLE

Crença:

Tem a ver com a sua fé, com aquilo que você acredita. Uma crença correta,
produz um comportamento correto. Os nossos comportamentos, a
maneira como nos relacionamos com as pessoas, o modo como corrigimos
nossos filhos, é fruto de uma crença que construímos ao longo da vida. Seja
essa crença limitante ou não, ela vai produzir um determinado
comportamento.

É muito importante crermos corretamente. Você crê que é a pessoa certa,


escolhida por Deus, para educar seus filhos? Você crê que tudo o que
precisa para exercer essa missão está disponível para você? Muitas vezes
ficamos paralisados, desistimos de tentar, quando olhamos para nossas
debilidades e cremos que não merecemos receber nada de Deus, ou o
contrário, achamos que somos tão maravilhosos e que, por isso, Deus tem
a obrigação de nos ajudar. Quando na verdade recebemos sem merecer,
tudo o que precisamos, por sua imensa graça.
“Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens,
educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas,
vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente.” (Tito 2:11,12)

A graça não é uma doutrina, não é uma mensagem, a graça é Cristo. Ele não
somente nos salvou, mas nos ensina, dia a dia, a vivermos de maneira
sensata, ou seja, com bom senso e autocontrole. Creia nisso, olhe para
Jesus e tire os olhos de você. Não aceite culpa e nem condenação, pois
nada disso procede de Deus. Ore para que essa Graça maravilhosa se
manifeste com frutos doces na sua vida. Esse é o primeiro passo para uma
vida feliz e frutífera.

Um outro aspecto da nossa crença também tem a ver com a maneira como
nos vemos, ou como nos enxergamos. Existem muitos rótulos que foram
sendo colocados em nós, seja por nossos pais, seja pelo nosso cônjuge, ou
por nós mesmos. Um exemplo disso é o que pensamos a respeito de quem
somos. Eu sou estressado, eu sou nervoso, eu sou procrastinador, tudo isso
são rótulos que aceitamos, mas que não tem a ver com a nossa identidade
de filhos de Deus.

Você pode estar estressado, mas você não é. Você estar nervoso, mas você
não é. Talvez, por muito tempo, você tem carregado a culpa por receber
esses rótulos negativos, e os tem aceitado como se fossem parte de você,
mas eles não são.

Esse é o primeiro passo que você precisa dar para entrar no caminho do
autocontrole. Descubra a sua verdadeira identidade de filho de Deus, rejeite
os rótulos e comece a compreender melhor a si mesmo e ao próximo.

Compreensão:

O segundo pilar para o exercício do autocontrole é compreender a si


mesmo e ao próximo, que no caso aqui, são nossos filhos. Conhecer a
maneira como eles se desenvolvem, as suas limitações e a suas
necessidades, nos dão um outro olhar, e passamos a enxergá-los com
outros olhos. Isso nos ajuda a estabelecer estratégias, que podemos
também chamar de gatilhos para nos acalmar.
Conhecer a si mesmo, saber que temos crenças limitantes que precisam ser
quebradas, que muitas vezes reagimos como reagimos porque
aprendemos assim. Aprendemos a gritar, a ignorar, a castigar, e nada disso
é o padrão que Deus espera de nós. Quando temos essa compreensão,
passamos a pensar antes de agir, a programar as nossas reações de
maneira mais intencional.

Deus nos criou com corpo, alma e espírito, e não podemos negar o fato de
que precisamos nos conhecer e conhecer nossos filhos, para aprender a
lidar melhor com as situações de conflitos. Vamos falar mais sobre esse
conhecimento no capítulo cinco. Mas quero reafirmar aqui a necessidade
dessa compreensão para o exercício do autocontrole.

Saber que a birra do seu filho de 2 anos é uma explosão emocional que faz
parte da idade, te faz respirar fundo para ajudá-lo nesse processo. Olhar
para suas mãozinhas pequenas, para o seu tamanho pequeno, te faz
lembrar que o adulto é você e que a calma é você que tem que ter.

Compreender que crianças são crianças e farão coisas de crianças, também


te possibilitará diminuir as suas expectativas com relação aos seus filhos, e
assim, melhorar o relacionamento, com menos cobranças e menos
exigências.

Precisamos nos esforçar para compreender nossos filhos, compreender o


choro, a raiva deles, pois nenhum comportamento é isolado, sempre vai
existir algo por traz, e essa compreensão faz toda a diferença.

Contexto:

Nós somos o resultado do que cremos, do que ouvimos e do que


recebemos ao longo da vida. O ambiente em que vivemos vai moldar a
nossa personalidade e influenciar as nossas escolhas.

Além de remover crenças limitantes que construímos e compreender a si


mesmo e ao próximo, precisamos avaliar o contexto em que estamos
inseridos.
O excesso de trabalho, a privação do sono, um ambiente sem rotina e
desorganizado, tudo isso influencia para o aumento do estresse e do
descontrole emocional. É preciso avaliar os estressores exteriores que
podem estar nos atingindo.

Por isso, a importância de analisar o contexto em que você vive hoje. Será
que seria possível organizar a sua rotina para que seja mais leve, e assim te
ajudar a minimizar o estresse?

Defina o que é importante, o que é urgente e o que é prioridade. Muitas


vezes, queremos abraçar o mundo com as mãos e não damos conta de
administrar as nossas emoções. Precisamos aprender a dizer não para o
que não é prioridade e assumir o que realmente importa. Entenda que
fatores externos podem produzir muito estresse no dia a dia.

A minha sugestão para você é que avalie o seu contexto, você esta
dormindo o suficiente? Está se alimentando bem? Tem trabalhado muito?
Seus filhos ainda são pequenos? Se sim, isso vai exigir de você muita
dedicação, o que provavelmente vai produzir cansaço e alterações no seu
humor.

Tente organizar a sua rotina de maneira que você foque naquilo que
realmente é importante e priorize a sua família. Uma vez que você começa
a trabalhar as suas crenças, compreende a si mesmo e ao próximo e
entende o contexto em que está inserido, vai começar a corrigir o seu
comportamento automático, sempre que perceber que está prestes a
reagir automaticamente.

Isso não será instantâneo, mas é um processo, é um exercício que você terá
que praticar diariamente, levando em consideração todos os fatores
mencionados anteriormente.

Correção:

Já ouviu aquela frase: crescer dói? Pois é, ela é verdadeira. Crescer não é
fácil para ninguém. Imagine que existem milhões de adultos no mundo que
ainda não cresceram. São adultos, mas se comportam como crianças. É
duro admitir, mas é verdade. Para crescer é preciso reconhecer erros, e
corrigir a rota.
Na Bíblia vemos, inúmeras vezes, a palavra correção sendo usada, tanto
para a educação infantil, quanto para homens adultos, a quem, por
exemplo, o apóstolo Paulo endereçava as suas cartas. Um dos pilares para
poder adquirir domínio próprio é a correção. É entrar nesse caminho de
transformação, que vai te levar a crer corretamente, a compreender o
próximo e, por fim, a corrigir o seu comportamento.

Não são somente nossos filhos que precisam de correção, nós também
precisamos, e admitir isso é o primeiro passo. A correção é a atitude
intencional que aplicamos em determinadas situações, para que possamos
agir corretamente e fugir das reações automáticas.

Corrigir fala, por exemplo, de se afastar quando vir que está prestes a
explodir. Essa é uma estratégia que eu uso muitas vezes aqui em casa.
Quando a minha paciência está no limite, eu me afasto, respiro fundo, e
volto só depois que estiver no controle novamente.

Quando eu faço isso, estou corrigindo um comportamento que antes era


prejudicial, porque eu gritava e me estressava, e estou apertando gatilhos
que me ajudam a dominar as minhas emoções. Só que essas estratégias só
funcionam quando você compreende a real necessidade de usá-las. Por
isso é importante ter uma crença correta e compreender a si mesmo e aos
seus filhos.

É um processo, não existe fórmula mágica. O que existe é exercício,


perseverança e muita fé.

Quais são então, as estratégias de correção que podemos usar aqui? Eu


diria que respirar fundo é muito importante, se distrair saindo do ambiente
e sempre pensar que a birra do seu filho, a crise do seu adolescente e a
teimosia que você enfrenta na sua casa não é pessoal com você.

Quando você começa a compreender quais são os momentos que você


perde o controle, e identifica esses pontos fracos na sua vida, poderá agir
de maneira intencional e assertiva, corrigindo o seu comportamento, e
assim, evitar que a reação automática aconteça.
Um exemplo que gosto muito de dar, é a minha sensibilidade para barulhos
de boca. Sempre que tem alguém do meu lado mastigando alguma coisa,
ou passando fio dental, eu fico extremamente irritada, principalmente
quando estou concentrada escrevendo, ou preparando uma aula.

Aquilo me desconcentra e me irrita. Eu não sei explicar o motivo, mas para


não brigar com a pessoa que está mastigando seu delicioso chiclete do meu
lado, eu saio de perto. Porque a culpa não é dela, eu que preciso me
controlar. Então, eu me afasto intencionalmente para evitar reagir
automaticamente.

Quando percebo que estou perdendo a paciência com meus filhos, por
exemplo, ou quando sou pega de surpresa diante de uma arte que eles
aprontaram. Eu falo: “Não quero gritar com vocês e estou muito nervosa
agora, então vou me afastar e me acalmar para a gente poder conversar. ”.

Sabe o que estou ensinando para eles quando ajo assim? A resolver os
problemas com calma e a não reagir automaticamente. É muito importante
corrigir reações automáticas, à medida que você se exercita nesses passos,
automaticamente você caminhará para o último pilar que falaremos a
seguir.

Conexão:

É mais fácil estabelecer conexão com nossos filhos quando estamos


calmos, pois eles nos ouvirão, e nos obedecerão quando estivermos no
controle. A impaciência e o descontrole emocional são inimigos da
disciplina.

O nosso alvo é sempre estabelecer essa conexão com eles, pois onde há
conexão, há transformação, há amor, há compreensão e há fruto.

Você quer que seu filho te obedeça? Quer que ele te escute? Então, precisa
alcançar essa conexão com ele, corrigindo crenças limitantes e mudando
comportamentos prejudiciais que você tem. Isso não vai acontecer
automaticamente, é preciso intencionalidade. Vou deixar então, algumas
dicas, que na verdade são estratégias que você pode aplicar em momentos
de ira, para exercitar domínio próprio, paciência e autocontrole, e assim,
corrigir as suas reações automáticas.
Dicas práticas:

1- Você já sabe quais são as situações que te tiram do controle? Conhece os


seus pontos fracos? Esse é o primeiro passo, porque você vai se lembrar de
prevenir e corrigir quando for acontecer.

2- Uma das estratégias é se distrair e sair do ambiente. Respirar fundo e se


acalmar. Não estou dizendo que deve negar o que está sentindo, porque o
sentimento é real, o que estou sugerindo é que você se controle saindo de
perto da criança.

3- Pense sempre que não é pessoal com você. Essa dica serve também para
seu relacionamento conjugal, com seu chefe, amigos e outros. Se seu filho
te desobedece, ou resiste, pense que ele não tem nenhum problema com
você, apenas precisa de conexão, direção e correção, mas você não vai
conseguir fazer isso debaixo de um ataque de nervos.

4- Leve em consideração fatores externos e o contexto que a criança se


encontra, ela pode estar com fome, com sono ou cansada e isso
desemboca em crises emocionais, que muitas vezes, deixa os pais irritados.

5- Estabeleça uma rotina, que dará à criança previsibilidade. Isso ajuda a


diminuir as brigas do dia a dia. Deixe a rotina visível para a criança, de modo
que você só precisa lembrá-la.

6-Escolha as suas batalhas. Não brigue pelo que não é importante. Releve o
que pode ser relevado.

7- Elimine fatores estressantes da sua rotina. Muito trabalho, poucas horas


de sono, desorganização, tudo isso aumenta o estresse e por consequência
a falta de paciência. Tente organizar a sua vida de maneira que você possa
ter mais tempo e se divertir com seus filhos.

8- Tenha tempo para cuidar de você. É muito importante termos tempo


para cuidar da gente, seja praticando um esporte que nos de prazer, como
uma corrida ou uma caminhada, um café da tarde com amigos, um passeio
no shopping, uma leitura, qualquer coisa que te ajude a encontrar esse
equilíbrio importante entre o corpo, a alma e o espírito.
Capítulo 4 – Amor
Recentemente, após as crianças chegarem da escola, percebi que meu filho
de nove anos estava irritadíssimo. Sem paciência com seus irmãos, dizendo
palavras ofensivas para sua irmã de sete anos, palavras que a fizeram
chorar. Como se não bastasse, ele reclamou do pão que tinha para comer e
ainda empurrou seu irmão caçula. Nesse momento eu intervi e pedi que ele
se acalmasse. Mas ele ficou ainda mais irritado, saiu da mesa e se dirigiu
para seu quarto, onde pretendia passar os próximos minutos sozinho.

Era evidente que alguma coisa havia acontecido na escola, mas ainda não
sabíamos o que era. Todos os seus irmãos estavam chateados. Eu sabia
que precisava corrigir o seu comportamento, porém, mais que isso, eu
precisava entender o que estava acontecendo, para poder tocar o seu
coração.

Meu marido, muito sábio, tomou as rédeas da situação, e disse para as


crianças: “seu irmão não deve ter tido um dia fácil na escola, ele não está
bem, vamos ter paciência com ele e respeitá-lo, depois eu vou conversar
com ele para corrigir o que ele fez, mas agora vamos simplesmente amá-
lo.”.

Então, o chamamos para fazer o lanche com gente, meu marido foi lá no
quarto e disse para ele que estávamos sentindo a sua falta na mesa e
perguntou o que poderíamos fazer para ajudá-lo. Ele ficou constrangido e
voltou para a cozinha. Sentou sem graça na cadeira, e começou a comer o
seu pão. Conversamos, rimos e ele foi voltando para a sua normalidade.

Quando terminamos, pude conversar com ele sobre o seu dia na escola,
realmente não foi um dia fácil. Ouvimos, aconselhamos, mas também
corrigimos.

Fui mostrando na Palavra que a maneira como ele nos tratou aquele dia
não estava certo, ele desrespeitou os seus irmãos e agiu de maneira
inapropriada. Ele entendeu e percebeu que a maneira de resolver era
pedindo perdão. E ele fez isso, pediu perdão a cada um.
Nesse dia aprendi uma grande lição: o amor transforma!

Meus filhos têm o temperamento muito diferente um do outro. Não


acredito que existam crianças boazinhas e crianças más, pois todas
precisam de Jesus, estamos todos no mesmo barco e todos nós precisamos
de um salvador. Porém, além de saber que eles precisam de salvação, eles
também têm temperamentos diferentes um do outro, o que os faz serem
únicos e com características singulares.

Uns são mais tranquilos e calmos, não gostam de confronto, por isso
obedecem com mais facilidade. Outros são hiperativos e agitados, gostam
de estar à frente, e por isso, têm mais dificuldade de cumprir ordens. Mas
existe uma coisa que todos precisam, é a segurança e a certeza que eles
são amados.

O amor é o ponto de partida, é a base de onde tudo começa. Está acima de


todas as coisas. O seu relacionamento com seu filho deve expressar o
relacionamento de Deus com os seus filhos, E como Deus se relacionou
conosco?

Deus nos amou, quando ainda éramos inimigos Dele. “Mas Deus prova o
seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós,
sendo nós ainda pecadores. (Romanos 5:8)

Nós não merecíamos tamanha graça, mas Ele nos deu sem merecermos.
Veja que com quão grande amor Ele nos amou! E agora Ele nos deixou um
grande mandamento, que eu chamo de “o maior mandamento na criação
de filhos”.

“O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu
vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria
vida em favor dos seus amigos.” (João 15:12,13)

“Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros.”. (João 15:17)

A ordem de Deus é que amemos uns aos outros, agora pergunto, será que
isso inclui os nossos filhos? Será que não deveríamos amá-los ainda mais
intencionalmente?
Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em
nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado.”. (Romanos 5:5)

“Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros,
porque o amor cobre multidão de pecados.”. (1 Pedro 4:8)

“Todos os vossos atos sejam feitos com amor.”.(1 Coríntios 16:14)

O amor de Deus foi derramado em nosso coração para que possamos


amar nossos filhos de maneira intensa e intencional. Isso fala de fazermos
tudo fundamentados no amor.

Todas as nossas atitudes, a nossa instrução, disciplina e correção devem ser


baseadas no amor. E sabe o que isso significa? Que no amor não existe
medo.

“No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o
medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no
amor.”. (1 João 4:18)

Nossos filhos são profissionais em cometer erros. Estão todos numa


jornada de aprendizado. Quando temos receio dos seus erros ou de seus
pecados, a ansiedade controla nossas respostas e o espírito de medo se
torna o “o professor mestre” em nossa casa.

O medo é o contrário do amor. É interessante observar que a palavra


“aperfeiçoado” usada no versículo acima, significa “acrescentar o que ainda
está faltando a fim de tornar-se algo completo”, isso é exatamente o que
queremos para nossos filhos, que eles sejam completos, perfeitos e
íntegros. Mas não será possível atingir esse objetivo se a nossa educação
for baseada no medo, porque o que realmente completa e transforma é o
amor.

O que seria então ter uma educação baseada no medo?

Muitos de nós tiveram os seus paradigmas moldados pelo medo da


punição a tal ponto que acreditamos ser necessário a ameaça do castigo
para mudar o comportamento dos nossos filhos.
O medo envolve:

- Intimidação;
- Controle/ manipulação;
- Culpa;
- Condenação;
- Castigo;
- Punição.

Esse é um modelo parental baseado na lei e não na graça. Imagina como


seria se trocássemos a intimidação pelo encorajamento? O controle pela
condução das escolhas? A culpa pelo perdão? A condenação pela
aceitação? O castigo pelo ensino? E a punição pelas consequências com
instrução?

Para disciplinar nossos filhos em amor, devemos reduzir o medo, ao invés


de aumentá-lo. Não estou dizendo que não devemos corrigir o mau
comportamento dos nossos filhos, mas a nossa correção deve ser
carregada de amor.

O que acontece quando você confronta os seus filhos? O que acontece


quando um de seus filhos não quer obedecer? O que você faz com relação
a mentira? Qual a sua reação quando seu filho te desrespeita? Precisamos
de métodos, ferramentas e estratégias para corrigir o mau comportamento
de nossos filhos, de maneira que transmitamos amor e não temor.

Da mesma maneira que o amor lança fora o medo, o medo lança fora o
amor. Amor e medo são inimigos. O amor vem de Deus, e o medo de Seu
inimigo. Tudo o que temos é resultado do que nos foi dado. Infelizmente, a
grande maioria de nós tem ferramentas que geram ansiedade porque
estamos imbuídos do medo. Então, ameaçamos, batemos, colocamos de
castigo, achando isso vai mudar o comportamento. Mas tudo o que produz
medo, gera ansiedade e o resultado não é o esperado. Nós não queremos
crianças medrosas que nos obedecem porque têm medo do castigo.
Queremos filhos que corram para nós, em vez de correr de nós.

Sim, vamos corrigir nossos filhos, e a correção produz tristeza muitas vezes,
mas jamais deve produzir medo. A tristeza acontece pelas consequências
que os nossos atos produzem e nos leva a refletir na mudança. O medo
intimida e gera insegurança, não podemos aprender nada com o medo.
Queremos que o nosso lar seja um lugar acolhedor, onde nossos filhos
podem errar, mas sempre terão alguém que os ama e está pronto para
instruí-los. Porque ainda que você faça todos os cursos de criação de filhos
e entenda toda a ciência e o cérebro da criança, e estude todos os
temperamentos e seja conhecedor de toda a Bíblia, se não tiver amor, de
nada vale.

Certa vez, trouxeram para Jesus uma mulher que foi pega em adultério, a
Lei dizia que ela devia ser apedrejada, esse era o seu castigo. Quando
aproximaram do Senhor, Ele disse: “aquele que não tem pecado, atire a
primeira Pedra. ”, todos abaixaram as mãos e foram embora, um a um, até
ficarem somente Jesus e a mulher. E Ele lhe perguntou: “mulher, onde estão
os seus acusadores? Ninguém te condenou? ”, e ela respondeu: “ninguém
Senhor! ”, E Jesus, depois de ter acolhido aquela mulher, disse: “nem eu te
condeno, vai e não peques mais.”.

Essa história está registrada no evangelho de João, para nos ensinar uma
lição preciosa. Jesus acolheu o pecador e instruiu. Quando Jesus disse a ela:
“vai e não peques mais”, Ele estava dizendo como ela deveria viver a partir
daquele momento. Eu acredito que o amor que ela recebeu foi tão grande,
que ela mudou o seu comportamento.

Toda a nossa correção e disciplina começa do amor e da instrução. Como


tem sido a sua comunicação com o seu filho? Se falharmos aqui, falharemos
em todo o resto.

Quero terminar esse capítulo deixando algumas dicas para que você
diferencie a disciplina baseada no amor, e a baseada no medo.
Dicas práticas:

1- Nunca diga: “Deus não está feliz com você, Ele não gosta de criança
desobediente. ”. Isso não é verdade, porque Deus ama todas as crianças,
inclusive as desobedientes. Então diga: “isso que você fez não combina com
você, porque você é muito obediente, mas mesmo quando você
desobedece, Deus te ama.”.

2- Nunca rotule seu filho com nomes que não fazem parte da sua
identidade, por exemplo: desobediente, rebelde, mimado, chorão, chato,
feio, burro, medroso. Olhe para seu filho como Deus o vê, ele pode estar
tendo uma atitude desobediente, mas ele não é. Declare sempre quem ele
é em Deus.

3- Quando seu filho errar não ameace. Mas ame incondicionalmente,


respire fundo, e instrua. Depois corrija o erro em amor e ensine o certo a se
fazer.

4- Perdoe seu filho. Não leve nada para o pessoal, mas tenha sempre uma
atitude graciosa.

5- Sempre avalie se a sua correção está baseada no amor ou na raiva que


você está sentindo no momento. Não corrija com raiva. Lembre-se que o
amor instrui.
Capítulo 5 – Conhecimento

A célula das crianças tinha terminado, meus filhos chegaram em casa


contando como tinha sido a reunião, estavam alegres e sentaram-se para
comer alguma coisa antes de irem dormir. Um deles tinha um brinquedo na
mão, eu nunca tinha visto aquele brinquedo antes. Como irmãos são
craques em dedurar um ao outro, não demorou muito tempo para minha
filha contar que aquele brinquedo não era dele e que ele pegou sem pedir.
Espera, então isso significa que ele tinha furtado?

Bom, eu pedi para ele dar explicações, e adivinhem? Ele mentiu. Disse que a
anfitriã tinha dado o brinquedo para ele. Como eu acredito que o vínculo de
confiança que temos com nossos filhos seja mais importante que qualquer
coisa, eu pedi ao Senhor sabedoria para poder resolver essa situação.

Eu sabia que ele estava mentindo, mas eu não queria dizer isso a ele, pois
queria que ele soubesse que eu confiava nele. Só que agora tínhamos dois
problemas para resolver, a mentira e o furto. Eu considero gravíssimo esses
dois comportamentos e precisam de correção. Porém, para corrigir, eu
precisava que ele confessasse que havia pego o brinquedo sem pedir.

Então, eu tive uma ideia, ligar para a anfitriã e agradecer pelo brinquedo
que ela havia dado a ele. Eu peguei o telefone e disse: “vou agradecer pelo
presente que você ganhou. ”, ele se desesperou e pediu para eu não fazer
isso, perguntei porque, e ele disse: “porque eu menti, ela não me deu, eu
peguei sem pedir.”. Ótimo, chegamos no ponto que eu precisava.

Como pais, temos a grande responsabilidade de não somente corrigir o


comportamento, mas principalmente de tocar o coração. Para isso,
precisamos conhecer as reais necessidades dos nossos filhos.

“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e


corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso
Senhor Jesus Cristo”. (1Tessalonicenses 5:23)
Somos um ser triuno, ou seja, somos corpo, alma e espírito. O nosso
espírito é o lugar onde Deus habita, onde podemos ter comunhão com Ele.
A nossa alma compreende nossa mente, emoções e vontade. E o nosso
corpo é a nossa carne, é o templo do Espírito Santo, que precisamos cuidar
e zelar para que possamos viver uma vida plena e com saúde na Terra.

A palavra “conservados” no grego significa “TEREO”, que quer dizer: “atender


cuidadosamente, tomar conta de, guardar”. Isso aponta para uma verdade
poderosa, somos responsáveis por tomar conta desses três aspectos da
nossa vida, com o objetivo de sermos “íntegros e irrepreensíveis”, que
significa: “ter equilíbrio, ser perfeito, estar em boas condições”.

Não podemos jamais ignorar essas três funções na vida dos nossos filhos.
Por isso, precisamos estabelecer conexões ainda na infância, que irão afetar
o resto da vida deles. Temos a grande responsabilidade de suprir e prover
condições para que eles se desenvolvam intelectualmente,
emocionalmente, fisicamente e espiritualmente.

Não podemos trabalhar de maneira isolada, mas unir todas essas coisas,
construir possibilidades para que nossos filhos cresçam em graça, com
sabedoria e estatura diante de Deus e dos homens.

Então, precisamos, antes de tudo, conhecer as necessidades dos nossos


filhos e aprender estratégias, que nos possibilitam suprir as suas
necessidades. Eu não vou me ater as necessidades fisiológicas e
emocionais, mas quero que você conheça as necessidades espirituais das
suas crianças. Esse conhecimento vai te levar a uma atitude correta com
relação a disciplina e correção.

Eu acredito que é muito importante conhecermos o temperamento de


nossos filhos, bem como compreender as fases do desenvolvimento que
eles se encontram, tudo isso é importante. Mas conhecer as suas
necessidades espirituais é primordial. O conhecimento liberta. Certa vez
Deus disse: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o
conhecimento. ” (Oséias 4:6) Quando não conhecemos, perecemos.

Fomos criados para conter a Deus. O pecado nos afastou do nosso criador,
mas Ele no seu infinito amor, nos resgatou, enviando Jesus para morrer por
nós na cruz. Essa é nossa primeira e mais importante missão, conectar
nossos filhos a Deus! Eles têm necessidades espirituais que não podem ser
ignoradas, e a principal delas é o novo nascimento.
“Pois sou pecador desde que nasci, sim, desde que minha mãe me
concebeu.” (Salmos 51:5)

Esse salmo diz tudo ao nosso respeito, nascemos pecadores e precisamos


de um salvador. Jesus é a ponte que nos conecta a Deus, e a nossa missão
é conduzir nossos filhos à Cristo.

Eu quero que você imagine seu filho como uma árvore de pecado, vamos
dar o nome de “pecadeira”. É mais ou menos como uma laranjeira. Se você
plantar um pé de laranja na sua casa, vai demorar para dar o primeiro fruto,
ela vai crescer, vai passar alguns anos e só então vai nascer a primeira
laranja. Mas mesmo sem dar fruto no seu primeiro ano, ela é uma
laranjeira. Com nossos filhos acontece a mesma coisa. Eles nasceram
pecadores, talvez demore para aparecer os primeiros pecados, mas eles
vão aparecer, pois faz parte da sua natureza.

A única coisa capaz de transformar a nossa natureza é o novo nascimento.


Precisamos nascer de novo para produzir frutos espirituais. O bom
comportamento é resultado de um novo nascimento. Então, o nosso
objetivo como pais, é conduzir nossos filhos a Cristo, para que eles sejam
transformados por Ele e não por nós. Por isso, todos os momentos de
correção devem ser momentos de testemunho do evangelho.

Não foque somente no comportamento, foque no coração, pois é do


coração que procede o mau comportamento, mas é também do coração
que procedem as fontes da vida.

“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele


procedem as fontes da vida. ” (Provérbios 4:23)

“Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios,


prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias. ” (Mateus 15:19)

A medida que tocamos o coração e conduzimos nossos filhos nesse


processo de transformação através do evangelho, pela instrução da Palavra,
começaremos a ver frutos pacíficos.
Por traz de todo mau comportamento existe uma intenção e uma
motivação. Quando você castiga e pune a criança porque ela mentiu, ou
porque desobedeceu, você está tocando somente no comportamento.
Talvez pelo medo do castigo essa criança mude o comportamento, mas e o
coração? Será que ela foi transformada por dentro? Como pais cristãos esse
deve ser nosso principal objetivo na correção.

Agora que você conheceu essa importante necessidade da criança, eu


quero te contar como corrigi meu filho naquele dia que ele mentiu e furtou.
Crianças precisam de instrução, esse é o primeiro grande passo da
disciplina. O que define os valores e os princípios na sua casa? Não é a
Bíblia e os valores cristãos? Aqui em casa não mentimos porque a Bíblia diz
que mentir é errado e aquele que nasceu de novo recebe uma nova
natureza.

“E vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão


procedentes da verdade. Por isso, deixando a mentira, fale cada um a
verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros.”.
(Efésios 4:24,25)

Então, foi isso que fiz com meu filho. Sentamos e comecei a instruí-lo,
segundo a Palavra, como ele deveria proceder. Mostrei na Bíblia os
versículos que falam de mentira e furto, e disse que isso não fazia parte da
sua nova natureza, como filho de Deus, ele precisa se revestir desse novo
homem. Então, se ele mentia, que não mentisse mais, se roubava, que não
roubasse mais. É assim que filhos de Deus agem.

Temos também um advogado diante de Deus, Jesus Cristo, o justo, que


conhece a nossa fraqueza e intercede por nós, Ele é nosso socorro em
tempos oportunos. Sempre que precisarmos Ele estará pronto para nos
ajudar a vencer as áreas que encontramos dificuldades.

Precisamos de um salvador para tudo na nossa vida, Jesus nos salvou não
somente do inferno, mas também nos ensina a viver uma vida piedosa aqui
na Terra. Isso é muita graça, concedida somente para quem crer.

“Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens,


educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas,
vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente.” (Tito 2:11,12)
Depois de instruir meu filho, perguntei o que ele havia entendido, ele
respondeu e percebi que ficou claro para ele. Então, oramos juntos
recebendo o perdão dos pecados, agradecemos por essa graça que nos
salva e nos educa.

Mas tudo na vida tem uma consequência, Deus não nos livra das
consequências. Ele nos livra da maldição, nos dá vida eterna, nos perdoa,
mas a consequência é inevitável. É como um casal de namorados que
pratica sexo fora do casamento, eles podem se arrepender e existe graça
para eles, mas a gestação indesejada pode acontecer.

Um ladrão vai ser preso por roubar um banco, ele pode se arrepender e
receber perdão, mas vai ter que cumprir a pena. A consequência produz
tristeza muitas vezes, mas ela também nos ajuda a refletir e mudar, e por
isso, coopera para o nosso bem.

Então, meu filho precisava devolver aquele brinquedo e pedir perdão por
ter pego sem pedir. Foi dolorido para ele ter que fazer isso, mas eu estava
ali do lado dele para o que ele precisasse. E ele foi, corajosamente, e
devolveu o brinquedo e pediu desculpa. Eu fiquei muito orgulhosa da
atitude dele, e ele sabia que estava fazendo a coisa certa, ele entendeu o
princípio por trás disso tudo e seu coração foi tocado e transformado.

Nossos filhos têm necessidades espirituais que precisam ser supridas, você
é esse instrumento, escolhido por Deus para tocar o coração de seus filhos
e conduzi-los a Jesus.

Estude sobre as necessidades dos seus filhos, não somente as


necessidades espirituais, mas também fisiológicas e emocionais e busque
supri-las diariamente. Conheça o seu filho, aprenda sobre como ele se
desenvolve e seja intencional em todo o processo de educação, da hora
que ele nasce, até o momento que ele voar.
Dicas práticas:

1- Faça cursos de criação de filhos, leia livros, estude sobre a sua criança,
para que você possa crescer em conhecimento e ser mais intencional na
educação dos seus filhos.

2- Desenvolva o habito de ler a Bíblia diariamente com seus filhos, para que
vocês possam aprender os princípios e valores da Palavra.

3- Fale sempre sobre Jesus, deixe a mensagem do evangelho chegar na sua


casa.

4- Procure tocar o coração de seus filhos, e não somente o


comportamento. Tenha isso como um alvo em todos os momentos de
correção.
Conclusão

Não é novidade para ninguém que educar filhos é um grande desafio, é


trabalhoso e cansativo, mas não precisa ser um peso. Deus fez para que
fosse leve, pois eles são um presente que Deus nos deu, uma herança linda
que recebemos.

Que você possa colocar em pratica todas as dicas que deixei nesse livro, e
aplicar as chaves que aprendeu aqui. Autoridade, sabedoria, autocontrole,
amor e conhecimento são algumas ferramentas poderosas, que se
soubermos usar, não necessariamente nessa ordem, mas todas ao mesmo
tempo, teremos grandes resultados.

Com certeza, a criação de nossos filhos não se resume somente nessas


cinco chaves, mas as considero um grande passo para que você cresça e
cumpra a sua missão da paternidade e maternidade.

Que a graça de Deus possa se manifestar na sua vida e família, para que
vocês cresçam e resplandeçam como luzeiros nesse mundo. Que o favor
seja multiplicado.
Referências:

- Bíblia Nova versão transformadora.

- Bíblia Revista e atualizada.

- Livro: O Cérebro da Criança, Daniel J. Siegel e Tina Payne Bryson.

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