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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARÁIBA –UFPB

DEPARTAMENTO DE GEOCIENCIAS – DGEOC

DISCIPLINA: GEOGRAFIA AGRÁRIA - PROF. MARCO ANTONIO NITIDIERO JR.

Aluno: George Martins, mat.: 11026978

Filme: O Senhor do Engenho. Diretor: Bertrand Lira – 2004, 16’

RESENHA:

O filme do professor da UFPB, Bertrand Lira, rodado em 2004, numa produção


do Polo Multimídia*, faz um relato, em 16 minutos, da vida de um pequeno agricultor
que vai de encontro à tudo o que se passava na época, o abandono e o fechamento
de vários engenhos, e monta seu próprio engenho de cana-de-açúcar.

O Senhor do Engenho traz como protagonista, seu Aluisio. Um homem


simples, como todo pequeno agricultor do nordeste, sobretudo da Paraíba, que sua
localização exata consta da cidade de Areia, e que cresceu vendo o funcionamento e
a derrocada dos grandes engenhos de cana-de-açúcar das redondezas de onde
morava. Contudo, seu Aluísio não se abalou, juntou algumas economias e, diferente
do que acontecia com todos ao seu redor, se permitiu criar seu próprio engenho.
Comprou uma moenda do antigo patrão da família, moenda esta que hoje ele diz só
vender por cem mil. Fica evidenciado na sua fala, quando ele reclama que
antigamente ninguém queria, só que como tá dando certo com ele, todo mundo quer, e
por isso só vende por preço tão alto.

O curta-metragem, no entanto, não retrata apenas da problemática vivida pelo


Senhor do Engenho, retrata uma questão social de primeira ordem. Em primeiro lugar,
é necessário destacar a importância desses engenhos no fornecimento de matéria-
prima para a indústria do álcool no Brasil, os anos de incentivo que governos e mais
governos repassaram para os usineiros, em detrimento (e como não poderia deixar de
ser) às necessidades dos pequenos agricultores. O documentário do professor
Bertrand Lira denuncia o pouco conhecimento ou a inexistência das linhas de
financiamento para o pequeno: seu Aluísio negociou, com argumentos próprios da

(*) O Pólo Multimídia da Universidade Federal da Paraíba engloba o LDMI (Laboratório de


Desenvolvimento de Materiais Instrucionais), a Coordenação de Ensino à Distância (CEAD) e a TV
Universitária.
divida de gratidão dos patrões para com seus pais, a aquisição da moenda. Relata de
forma até bem-humorada, não apenas isso, mas também a resistência do pequeno
camponês frente às imposições do mundo capitalista. Enquanto todos corriam para os
grandes centros, vislumbrando melhores condições de vida e assalariamento, o
camponês reluta e encontra uma alternativa para se manter no seu lugar.

Seu Aluísio, personagem real, relata suas aspirações. Ele também se viu
seduzido pela possibilidade de ganhar dinheiro. Se encaminhou rumo à São Paulo,
mas desistiu, ainda em Campina Grande. Da sua pequena propriedade, ele tira o
sustento da família. Do seu pequeno engenho ele tira o motivo de viver, um estilo de
vida que criou os filhos fincados na sua terra. É pequeno agricultor e, como tal, se
enquadra no estilo de agricultura familiar, a agricultura de subsistência, onde o núcleo
familiar é a mão de obra que basta. É analfabeto, mas, como ele mesmo diz, não
precisou de muita instrução para realizar a proeza de, mesmo sob chacotas de
agricultores vizinhos, fazer a moenda rodar.

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