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PROCESSO LEGISLATIVO

Conceito
• É um conjunto de atos pré-ordenados que objetiva a
criação da norma jurídica.

Pressupostos de validade do processo legislativo:

• É a sua compatibilidade com a Constituição.


Fase introdutória
• Iniciativa à Faculdade atribuída a alguém ou a algum órgão
para apresentar projeto de lei ( ou proposta de emenda à
Constituição ) ao Congresso Nacional.

Obs.: Espécie de iniciativas

• Geral ou concorrenteà art. 61; 128, 5º / 84, III da CF/88;


• Reservada privativa ou exclusiva à art. 61, 1º e 96, II da
CF/88;
• Conjunta à art. 48, XV da CF/88;
• Popular à art. 61, caput, in fine e 2º.
• Vinculada ou obrigatória à art. 84, XXIII e 165 (vide art.85)
Espécies de iniciativa
• Reservada, privativa ou exclusiva:
1. Para o Presidente da República (arts. 61, 1º, 84, 62 - CF);
2. Para o Supremo Tribunal Federal (arts. 93, 96, II, e 99, I - CF);
3. Para os Tribunais Superiores (art. 96, II - CF).

• Vinculada (arts. 84, XXIII, e 165 - CF):


“Tem caráter obrigatório e compulsório imposto pela própria
Constituição. O Presidente da República deve encaminhar os projetos
de lei do Plano Plurianual (PPA), de diretrizes orçamentárias (LDO), do
Orçamento Anual da União (LOA). O descumprimento de tal
obrigatoriedade implica crime de responsabilidade (Lei nº 1.079, de
1950).”

Iniciativa individual e coletiva
Comissão de Participação Legislativa
à No 2º semestre de 2.001 foi aprova na Câmara dos
Deputados, a criação da 17ª Comissão Permanente, esta
com o nome de Comissão de Legislação Participativa, que
tem como finalidade o início do processo legislativo,
também através da representação popular que se faz
através da sociedade civil organizada (Associações clubes,
entidades sindicais etc.). É um enorme avanço, bastando
observar-se as dificuldades existentes no art. 61, 2º da
CF/88, a se conseguir uma proposta de lei por iniciativa
popular.
Usurpação de iniciativa reservada

• Conduz à inconstitucionalidade formal do projeto.

• Adendo: Súmula nº 05 do STF à CANCELADA.

“A sanção do projeto supre a falta de iniciativa do Poder


Executivo.”
Fase constitutiva
• Discussão à Exame da matéria submetida ao
Congresso Nacional.

- Nas comissões parlamentares ou em plenário

Nota: Apresentação de emenda a projeto ( ou à proposta ).


Isso é possível durante o período de discussão - regra.
Sobre as comissões
• “São organismos constituídos em cada uma das Casas
do Congresso e no Congresso em trabalho conjunto,
compostos geralmente de um número restrito de
membros, escolhidos em razão de uma competência
presumida e encarregados de preparar pareceres sobre
as matérias que lhes são distribuídas. Elas são o
resultado da necessidade de divisão do trabalho e têm
por objetivo buscar o descongestionamento do
Congresso, a celeridade do processo legislativo e um
estudo técnico cada vez melhor e mais aprofundado das
matérias que lhe são despachadas.”

• Essas comissões podem ser permanentes, temporárias,


mistas permanentes e mistas temporárias.
Competências das comissões
• “Discutir e votar projetos de lei terminativamente;
• Emitir pareceres sobre as matérias que lhes são distribuídas;
• Realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;
• Convocar Ministros de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à
Presidência da República;
• Receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos
ou omissões das autoridades ou entidades públicas;
• Solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;
• Propor sustação dos atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar;
• Apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e
sobre eles emitir pareceres;
• Acompanhar, junto ao Governo, a elaboração da proposta orçamentária, bem como sua
execução;
• Acompanhar, fiscalizar e controlar as políticas governamentais pertinentes às áreas de sua
competência;
• Exercer a fiscalização e controle dos atos do Poder Executivo;
• Estudar qualquer assunto compreendido nas atribuições do Senado, podendo propor
medidas legislativas cabíveis;
• Realizar diligências.”
Emendas ao projeto

“Nota: A Câmara dos Deputados ainda dispõe de emenda aglutinativa,


que pode ser apresentada em plenário, para apreciação em turno único,
quando da votação da parte da proposição ou do dispositivo a que ela se
refira. É apresentada pelos autores das emendas objeto de fusão, por um
décimo dos membros da Câmara ou por líderes que representem este
número. Nas sessões conjuntas do Congresso Nacional, esse instrumento
propositivo pode ser utilizado tendo em vista ser o Regimento da Câmara dos
Deputados o segundo subsidiário do Regimento Comum do Congresso
Nacional, em casos de omissão deste, e o Regimento Interno do Senado
Federal, o primeiro subsidiário.”
Fase constitutiva
• Votação à Deliberação das casas do Congresso Nacional.
Obs.: Essa votação far-se-á por maioria:

- Simples ( membros presentes ) – art. 47 da CF/88

- Qualificada (membros integrantes)


• absoluta – art. 69 da CF/88
• 2/3 – art. 86 da CF/88
• 3/5 – art. 60, 2º da CF/88

Obs.: A maioria qualificada é também chamada de maioria


“dificultosa”.
Fase constitutiva
• Sanção à Art. 66 da CF/88.
- Ato do processo legislativo que representa a
aquiescência.
A sanção pode ser expressa (art. 66, caput da CF/88) ou
tácita (art. 66, 3º da CF/88).
Fase constitutiva
• O Presidente sanciona o projeto e promulga a lei.

Obs.1: Atribuição exclusiva do Presidente da república. Isso a nível


federal.

Obs.2: Não há sanção do Presidente da Mesa do Senado.

Obs.3: Prazo: 15 dias úteis. Art. 66, 1º e 3º da CF/88.

- Independe de motivação, o Presidente da República não precisa


motivar a sanção.

- Todos os projetos de lei, inclusive o de conversão de uma medida


provisória, uma vez aprovados pelo Poder Legislativo, são
encaminhados ao Presidente da República para sua manifestação
Fase constitutiva
• Veto à É a não aquiescência.
- O veto pode ser total ou parcial ( art. 66, 1º e 2º da
CF/88 ).

Quando o veto for parcial, ele tem que abater-se sobre


um artigo, um parágrafo, um inciso ou uma alínea.
O veto precisa ser motivado. Essa motivação deve ser
jurídica (inconstitucionalidade) ou política (ausência de
interesse público).
Sobre o veto

• “O veto parcial também pode ser rejeitado parcialmente.


O veto total é, no fundo, um conjunto de vetos parciais,
nada impedindo, portanto, que o Congresso reexamine
cada parte dele, ratificando uns itens e rejeitando outros
(STF, Representação nº 1385. Relator: Ministro Moreira
Alves).”
• - O veto é a atribuição exclusiva do Presidente da
República.
Fase constitutiva
• A Comunicação do veto será feita ao Senado Federal ( Art. 66,
1º da CF/88 ).
• O Congresso Nacional pode negar o veto do Presidente da
República.
• A apreciação será feita pelo Congresso Nacional, em sessão
conjunta ( art. 66, 4º e 6º da CF/88 ).
• O veto é irretratável, porque agora a competência para decidir
sobre o veto é do Congresso Nacional.
• A Constituição prevê prazo de trinta dias para que o
Congresso decida sobre o veto, que só pode ser rejeitado pela
maioria absoluta de cada uma das Casas, em votação aberta.
• Se o veto, entretanto, não for apreciado pelo Congresso, em
sessão conjunta, no prazo de trinta dias, o 6º do art. 66 da
Constituição determina que as demais matérias sejam
sobrestadas.
Fase conclusiva ou complementar
• Coincide com a promulgação (atesta perante o corpo social e
a seu destinatário a existência da lei e sua eficácia,
concedendo-lhe executoriedade e recomendando-lhe o
cumprimento) e publicação.

• “A norma jurídica, seja ela emenda constitucional, lei,


decreto legislativo ou resolução, deve ser promulgada?
Sim, promulgada e publicada, para que produza seus efeitos.
Se a norma não contiver a data de sua entrada em vigor,
segundo a Lei de Introdução ao Código Civil, terá vigência 45
dias depois de sua publicação. A mesma Lei de Introdução ao
Código Civil dispõe que a norma passará a vigorar para os
brasileiros residentes no exterior após noventa dias de sua
publicação oficial.”
Sobre a publicação
• Em seguida há a publicação (ato do processo legislativo que
visa a dar ciência da promulgação da lei aos seus
destinatários, tornando exigível e obrigatório o seu
cumprimento).
• “É um complemento da promulgação, disciplinada pela Lei de
Introdução ao Código Civil, uma comunicação ao povo
informando-o da existência de determinada norma jurídica. Ela
só se torna eficaz com a promulgação publicada. Assim, pode-
se dizer que a publicação tem por finalidade transmitir a
promulgação da norma ao público, não podendo, com isso,
ninguém alegar que não conhece a lei para o seu não-
cumprimento. Dessa forma, a publicação é simples operação
material, mas que produz efeitos jurídicos, pois a norma só
obriga depois de publicada.”

Fluxograma simplificado
Espécies normativas
• Art. 59 da CF/88 ( rol exaustivo ).
Art. 59 - O processo legislativo compreende a elaboração
de:
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
Parágrafo único - Lei complementar disporá sobre a
elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.
Emenda a Constituição
Conceito à A emenda à Constituição se constitui em uma
modificação, através de processo qualificado ( processo
dificultoso ), de Constituição rígida.

•Natureza da emenda à Constituição à Expressão do Poder


Constituinte derivado de reforma.

•Iniciativa das propostas de emenda à Constituição à Art. 60 da


CF/88.

•Essa iniciativa está restrita aos membros do Congresso


Nacional (Câmara dos Deputados ou Senado Federal – em 1/3),
ao Presidente da República e às Assembleias Legislativas (mais
da metade/maioria simples).
Emenda a Constituição
• Discussão, votação e aprovação da proposta à art. 60,
2º da CF/88.

- Dois turnos de discussão e votação;


- Aprovação por maioria qualificada de 3/5 dos membros
da casa, com interstício mínimo de cinco dias;
- 49 Senadores e 308 Deputados
- Promulgação conforme o art. 60, 3º da CF/88 (Mesas
da Câmara ou do Senado).

Obs.: O Presidente da República não tem poder de


sanção ou veto em face de proposta de emenda à
Constituição. Motivo: não exercita Poder Constituinte.
Lei Complementar
• Conceito à É uma norma submetida a processo especial
para sua elaboração, nos casos previstos no texto
constitucional.

• Características:

- Conteúdo predeterminado ( ex.: art. 7º, I e 14, 9º );


- Maioria absoluta para a aprovação do projeto ( ex.: art. 69
da CF/88 ).
Lei Complementar
• Posição hierárquica ( Lei Complementar e Lei Ordinária )

à existem duas correntes:

1ª) Não há hierarquia. Motivo: Fonte comum de validade.


Ambas buscam o seu fundamento de validade na
Constituição ( Celso Bastos e Michel Temer ) - majoritária;

2ª) Há hierarquia formal. Motivo: a) Essa corrente entende


que a Lei Complementar seria um terceiro gênero (não
teria a rigidez da Constituição nem teria a facilidade
[plasticidade] da Lei Ordinária). Miguel Reale chama de
3º gênero; b) Maioria absoluta para aprovação do projeto.
Lei Ordinária
• Conceito à É um ato normativo primário.

Obs.: Todas as espécies normativas do art. 59 da CF/88,


são atos normativos primários.

•É um ato normativo primário contendo em regra,


comandos genéricos, abstratos e autônomos.

Obs.: É um ato normativo típico à funciona no campo


residual.
Lei Ordinária

• Campo residual : destinadas a temas não entregues ao


legislador complementar, ou a editores de Decretos
Legislativos e resoluções.

• Aprovaçãodo projeto à art. 47 da CF/88 ( maioria


simples )
Sobre o presidencialismo
Lei Delegada
• Conceito à Ato normativo elaborado pelo Presidente da República,
por delegação do Congresso Nacional.

• Art. 22, único da CF/88


• Exceção ao princípio ( regra ) da indelegabilidade de Poder ( ou
função ).

Solicitação à art. 68, caput da CF/88.


- O Presidente da República terá que solicitar.

Forma de delegação à art. 68, 2º da CF/88.


- Resolução do Congresso Nacional.

A Resolução estabelecerá conteúdo (tema) e termo de exercício


(tempo*).
* regimento interno do Congresso Nacional à 45 dias (máximo)
Lei Delegada
• Matérias vedadas à delegação à art. 68,
1º da CF/88
As matérias que são vedadas à delegação também não
podem ser tema de Medida Provisória.

• Sustação à art. 49, V da CF/88


É forma de controle de constitucionalidade de ato
normativo por órgão político.

Obs.: A lei Delegada pode ser revogada por Lei Ordinária.


Lei Delegada
• O Congresso Nacional é quem susta.

Hipóteses:
• Ato normativo (Poder Executivo ) que exorbite:
• Poder regulamentar;
• Limite da delegação legislativa.

Obs.: A segunda parte do dispositivo revela hipótese singular de


controle de constitucionalidade político de ato normativo. É
repressivo em razão do tempo em que ele é exercitado.

Nota à Celso Bastos fala que é um “mega poder” do Legislativo.


Medida Provisória
• Conceito: é o ato normativo adotado pelo Presidente da
República, com força de lei ( eficácia temporal limitada ),
dependente de conversão em lei, considerada a
relevância e a urgência da medida.

• Fundamento constitucional à art. 62 da CF/88

è O Presidente da República não expede Medida


Provisória, ele adota Medida Provisória
Medida Provisória
• Objeto à Matérias que, em regra, podem ser objeto de Lei Ordinária.

Não podem ser objeto de Medida provisória:

• As matérias relacionadas no 1º do art. 62 da CF/88;


• Matérias cuja iniciativa, no processo legislativo, seja reservada à
órgão ou autoridade;
• Regulamentação de dispositivo constitucional que tenha sido objeto
de Emenda a contar de 1995 ( art. 246 da CF/88 );
• Regulamentação do Fundo Social de Emergência ( art. 73 do ADCT
);
• Regulamentação de dispositivo que atribui aos Estados a exploração
de gás canalizado ( art. 25, 2º da CF/88 );

Obs.: Fazer as remissões no art. 62 da CF/88


Medida Provisória
• Pressupostos constitucionais para adoção das Medidas
Provisórias:
Relevância e urgência.

Aferidos desde logo pelo Presidente da República, sem


embargo de verificação por parte do Congresso Nacional, que
poderá recusar a transformação da Medida Provisória em Lei.

Possibilidade também de exame por parte do STF ( relevância e


urgência ), em hipótese concreta.

Obs.: A medida Provisória, como ato normativo com força de lei,


está sujeito ao implemento de uma condição: sua
transformação em lei.
Medida Provisória

• Limitação da eficácia da medida à art. 62, 3º e 7º da


CF/88
- 60 dias prorrogáveis por mais 60 dias
Nota à As medidas provisórias editadas antes da promulgação da
Emenda Constitucional nº 32 continuam em vigor até sua apreciação
definitiva pelo Congresso Nacional, em sessão conjunta, ou até que
outra medida provisória as revogue explicitamente.

• Durante o recesso parlamentar fica suspenso o prazo


referido ( art. 62, 4º da CF/88 )
Medida Provisória
• Ausência de conversão em lei e disciplina das relações
jurídicas à art. 62, 3º da CF/88
• A não conversão importa em perda de eficácia ( efeito ex
tunc ).
• A disciplina das relações jurídicas que passaram a existir
em razão da Medida, será feita pelo Congresso Nacional,
através de Decreto Legislativo.
• No caso da não edição do Decreto Legislativo previsto
em até 60 dias após a rejeição ou perda da eficácia, as
relações estabelecidas continuarão regidas pela Medida
não convertida. ( art. 62, 11 da CF )
Medida Provisória
• Reedição à é possível a reedição da Medida Provisória rejeitada ou que tenha
perdido a eficácia?

Impossível na mesma sessão legislativa (mesmo ano) à art. 62, 10 da CF/88.

• Regime de urgência:

Art. 62, 6º da CF/88 à Não sendo apreciada a Medida em 45 dias, entrará em


“regime de urgência” e, sobrestará qualquer outra deliberação até que a Medida
seja votada.

• Fiscalização:

STF pode fiscalizar a Medida Provisória por:

• Constitucionalidade ou não da MP;


• Se a matéria pode ser tratada por MP;
• Se for manifesta a ausência de urgência ou relevância para a edição da MP.
Decreto Legislativo
• Conceito à É um ato normativo de que se vale o
Congresso Nacional para legislar acerca daqueles temas
que estão incluídos em sua competência exclusiva ( arts.
49 e 62, único ).

• Promulgação à Mesa do Congresso Nacional.

Obs.: Dispensa a colaboração do Presidente da República


– Lei sem sanção.
Resolução
• Conceito: é um ato normativo destinado a dispor, em
regra, sobre as matérias de competências privadas* da
Câmara dos Deputados ( art. 51 da CF/88 ), Senado
Federal ( art. 52 da CF/88 ) e, excepcionalmente do
Congresso Nacional ( art. 68, 2º da CF/88 ).
* A Constituição fala privativas, mas sabemos que são exclusivas, porque são
indelegáveis.
Obs.: Dispensa a colaboração do Presidente da República. Lei sem
sanção.

• Promulgação
Mesa da Câmara dos Deputados à art. 51 da CF/88.
Mesa do Senado Federal à art. 52 da CF/88.
Mesa do Congresso Nacional à art. 68, 2º da CF/88.

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