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ELÉTRICAS I
Introdução
O emprego dos geradores CA (corrente alternada) permeia toda indústria
de geração de energia elétrica moderna: à exceção das usinas solares,
todas as outras formas de geração de energia — as que envolvem con-
versão eletromecânica — dependem da operação dos geradores CA.
É o caso de centrais eólicas, hidrelétricas, termoelétricas, entre outras.
O conhecimento dos fenômenos físicos associados aos geradores permite
entender não só a conversão no sentido de geração de energia elétrica,
mas acaba servindo como base para a compreensão do sentido inverso.
Ou seja, os fundamentos são essencialmente equivalentes.
Consequentemente, estudar a geração de CA aprofundará suas no-
ções a respeito do funcionamento das máquinas elétricas de forma ge-
neralizada. Neste capítulo, você verá como definir a força magnetomotriz
e a distribuição de fluxo em operação como gerador, como identificar
os aspectos construtivos dos geradores e como demonstrar a relação da
tensão induzida no estator a partir do rotor.
2 Gerador CA
Aspectos construtivos
Os geradores de corrente alternada (CA) não diferem estruturalmente dos
motores CA. O que ocorre entre eles é a diferença na maneira como se percebe
o fluxo de energia. Para os primeiros, acontece a conversão de energia mecânica
em elétrica e, nos outros, de energia elétrica em mecânica. Consequentemente,
não há sensíveis diferenças, porém é relevante que você saiba disso para com-
preender o emprego duplo das máquinas elétricas. Todavia, cabe salientar que,
ainda assim, há pequenas diferenças construtivas, normalmente associadas
à aplicação da máquina.
Geradores CA podem ser construídos de dois tipos distintos: síncronos
e de indução (assíncronos). Naturalmente, há uma diferença de fabricação,
mas, além disso, a maneira como ocorre a formação do campo magnético e
do fluxo é diferente, embora, externamente, a percepção é que ambos geram
energia. Estruturalmente, ambas as máquinas são similares, sendo compostas
por carcaça, estator, rotor, mancais e demais acessórios (ventiladores, redutores
de ruídos, rolamentos). Do ponto de vista elétrico, você deve reconhecer uma
máquina por meio da análise de seu rotor e seu estator (Figura 1), caracterizando
se ela é síncrona ou assíncrona (de indução).
Figura 1. Estator (ao fundo) e rotor (na frente) de uma máquina de indução.
Fonte: Oleksandr Kostiuchenko/Shutterstock.com.
Gerador CA 3
(a) (b)
F = i ∙ (l × B) (1)
B l
θab r B
F r, F para dentro da página
τbc = 0
(a) (b)
F
r, F para fora da página
θcd
r
τda = 0 l
(c) (d)
Figura 3. Vetores de força (F), densidade de campo magnético (B) e de comprimento (r)
representados para cada um dos quatro segmentos da bobina: a) ab; b) bc; c) cd; d) da.
Fonte: Adaptada de Chapman (2013).
Logo, como a espira pode ser considerada um binário, essa força mecânica
produz um torque:
𝜏=F×r
(2)
𝜏 = r F senθ
e o conjugado resultante é:
e o conjugado resultante é:
(10)
(11)
Com base nessa equação, você pode generalizar a equação 26, mostrada
mais adiante, para uma máquina elétrica qualquer. Como a corrente líquida na
espira analisada tem valor i, podemos substituir e obter a seguinte equação 12:
(12)
Perceba que essa última equação traz a ideia de que a interação entre os
campos magnéticos do estator e do rotor conduz à produção de conjugado
resistivo. Simplificadamente, é como se o gerador produzisse um ímã arti-
ficial contrário ao movimento do rotor, buscando freia-lo. A compreensão
desse fenômeno independe do fato de a máquina ser um gerador síncrono ou
8 Gerador CA
eind = (v × B) ∙ l (15)
d ecb BM
ω
eind b
a–b
vrel
eba
B
a A tensão está na realidade apontando para
dentro, porque aqui B é negativo.
(a) (b)
Figura 4. a) Visão simplificada da bobina do rotor. b) Visão frontal da máquina (visão do
estator, rotor e entreferro).
Fonte: Adaptada de Chapman (2013).
ωm Vab
θab
c Vab
d
b B B
Vcd
a θcd
Vcd
(a) (b) (c)
Portanto:
onde cada uma das tensões refere-se à tensão induzida em cada segmento
marcado como subscrito. A fim de que você compreenda o princípio físico, cada
uma das tensões será calculada individualmente. Para o segmento ab, tem-se que:
eab (v × B) ∙ l (17)
ebc (v × B) ∙ l (19)
ebc = 0 (20)
ecd (v × B) ∙ l (21)
eda (v × B) ∙ l (23)
Note que θcd = 180 – θab. Por meio das identidades trigonométricas, sabemos
que o ângulo senθ = sen(180 – θ). Logo:
No início desta seção, foi apresentado que seria discutida uma única espira
retangular girando em torno de seu eixo em um campo magnético estático.
Note que o deslocamento dessa espira é representado pelo ângulo θ. Se você
traçar um paralelo com uma máquina CA real, identificará que seu eixo gira,
normalmente, a uma velocidade de rotação constate (em radianos por segundo),
dada por ωt. Sabendo que essa é a velocidade de rotação da espira, conhece-
remos, então, que a velocidade de deslocamento, v, da espira é:
v = rω (26)
Com essa substituição, perceba que é possível fazer uma nova substituição
na equação 27, pois 2rl é a área A da espira retangular (lembre-se de que os
segmentos ab e cd na direção da página têm comprimento l, e o segmento 2r
é o comprimento de bc e da). Portanto:
(29)
Nesse exemplo, foi discutida a situação de apenas uma única espira subme-
tida a um campo magnético. Se houvesse mais espiras, cada uma contribuiria
da mesma forma para a tensão induzida. Logo, em uma máquina real com
N espiras:
Leitura recomendada
RAJINI, V.; NAGARAJAN, V. S. Electrical machine design. [S. l.]: Pearson, 2018.