Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Arte Na Educacao Escolar
Arte Na Educacao Escolar
Arte na educação
escolar. São Paulo:Cortez, 1992. – (Coleção magistério 2o grau, Série formação geral)
Herbert Read (1948) educação através da arte: “A educação Através da Arte é, na verdade,
um movimento educativo e cultural que busca a constituição de um ser humano completo,
total, dentro dos moldes do pensamento idealista e democrático. Valorizando no ser
humano os aspectos intelectuais, morais e estéticos, procura despertar sua consciência
individual, harmonizada ao grupo social ao qual pertence” (p.15).
Com relação a Educação Artística, que foi incluída no currículo escolar pela Lei 5692/71,
houve uma tentativa de melhoria no ensino de Arte na educação escolar , ao incorporar
atividades artísticas com ênfase no processo expressivo e criativo dos alunos. Com essas
características, passou a compor um currículo que propunha valorização da tecnicidade e
profissionalização em detrimento da cultura humanística e científica predominantemente
anteriores. Paradoxalmente, a Educação Artística apresentava, na sua concepção, uma
fundamentação de humanidade dentro de uma lei que resultou mais tecnicista.(p 15/16)
É no contexto dessa problemática (ela tava falando da falta de preparação dos professores)
que, no final da década de setenta, constitui-se no Brasil o movimento Arte-Educação. (...)
O principal propósito da Arte-Educação pode ser percebido nas palavras da professora
Noêmia Varela (1988, p.2): “o espaço da arte-educação é essencial à educação numa
dimensão muito mais ampla, em todos os níveis e formas de ensino”. (p. 16/17)
Os professores que tem esse modo de ver acreditam que a educação escolar é capaz,
sozinha, de garantir a construção de uma sociedade mais igualitária, democrática, e de
evitar a sua degradação. (...) elas também são conhecidas como concepções idealistas de
educação. Fazem parte desse grupo as seguintes pedagogias (...): pedagogia tradicional,
pedagogia nova e pedagogia tecnicista.(p. 22)
1
PEDAGOGIA TRADICIONAL NAS AULAS DE ARTE
A base idealista desta pedagogia induz acreditar –se que os indivíduos são “libertados”
pelos conhecimentos adquiridos na escola e podem, por isso, organizar com sucesso uma
sociedade mais democrática. (p. 22/23)
Nas aulas de Arte das escolas brasileiras, a tendência tradicional está presente desde o
século XIX, quando predominava uma teoria estética mimética, isto é, mais ligadas ás
cópias do “natural” e com a apresentação de “modelos” para os alunos imitarem. Esta
atitude estética implica na adoção de um padrão de beleza que consiste sobretudo em
produzir-se e em oferecer-se á percepção, ao sentimento das pessoas, aqueles produtos
artísticos que se assemelham com as coisas, com os seres, com os fenômenos do mundo e
do seu ambiente. (...) como se sabe, ao mesmo tempo eu que vigorava na Europa essa
tendência estética, havia outros movimentos artísticos, como o impressionismo e avanços
tecnológicos de registro de imagens, como a fotografia.(p.23/24)
Além do Desenho, a partir dos anos 50 passam a fazer parte do currículo escolar as
matérias Música, Canto Orfeônico e Trabalhos manuais, que mantém de alguma forma o
caráter e a metodologia do ensino do desenho artístico.( p. 27)
Os educadores que adotam essa concepção passam a acreditar que as relações entre as
pessoas na sociedade poderiam ser mais satisfatórias, menos injustas, se a educação escolar
conseguisse adaptar os estudantes ao seu ambiente social. Para alcançar tais finalidades,
2
propõem experiências cognitivas que devem ocorrer de maneira progressiva, ativa, levando
em consideração os interesses, motivações, iniciativas e as necessidades individuais dos
alunos. Além do mais, pautadas por esse modo de entender a educação, consideram menos
significativa a estruturação racional e lógica dos conhecimentos, como ocorre no ensino
tradicional. (p. 27)
3
De início, essa nova modalidade de pensar a educação visava um acréscimo de eficiência
da escola, objetivando a preparação de indivíduos mais “competentes” e produtivos
conforme a solicitação do mercado de trabalho. A valorização do processo de
industrialização e do desenvolvimento econômico explicita-se pelo empenho em
incorporar-se o moderno, o tecnológico, no currículo. O professor passa a ser considerado
como um “técnico” responsável por um competente planejamento dos cursos escolares. (p.
37)
Dez anos depois da Educação Artística se tornar obrigatória nas escolas de 1 o e 2o graus,
isto é, em 1981, ficaram evidentes as dificuldades enfrentadas pelos professores, apontando
para a urgência de discussões e análises mais amplas e profundas a esse respeito. Esses
problemas e necessidade de resolve-los deram origem a movimentos de organização de
professores de Arte, como as associações de arte-educadores que se formaram em
diferentes estados e regiões do país.(p. 38/39)
4
“construir” artístico, ora um saber “exprimir-se”, mas necessitando de aprofundamentos
teóricos-metodológicos.(p.39)
Finalmente, parte desses professores – que passam a propor uma Pedagogia Sociopolítica –
percebem, logo no início dos anos 80, que era preciso ultrapassar esse mero denuncismo,
que não levaria a uma efetiva melhora da escola pública verdadeiramente democrática que
desejavam.(p. 41)
Assim a nova pedagogia, a histórico-crítica, deve mobilizar uma real valorizaçãao da escola
e, como diz Dermeval Saviani, não pode ser indiferente ao que se passa ao seu redor. Para
ele, essa pedagogia “estará empenhada em que a escola funcione bem; portanto, estará
interessada em métodos de ensino eficazes. Tais métodos se situarão para além dos
métodos tradicionais e novos, superando por incorporação as contribuições de uns e outros.
Portanto, serão métodos que estimularam a atividade e a iniciativa dos alunos sem abrir
mão da iniciativa do professor, mas sem deixar de valorizar o diálogo com a cultura
acumulada historicamente; levarão em conta os interesses dos alunos, os ritmos de
aprendizagem lógica dos conhecimentos, sua ordenação e graduação para efeitos de
processo de transmissão- assimilação dos conteúdos cognitivos” (SAVIANI, 1980, p. 60)
(p. 43)
5
Libâneo (1985) (...). Chamando de Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos, considera que
a sua questão-chave “consiste em saber como se dará a aquisição e assimilação ativa de um
saber socialmente significativo, por alunos provenientes de distintos meios socioculturais,
com valores, expectativas, e experiências decorrentes de suas condições de vida e que não
apresentam as condições requeridas pelo processo da aquisição/assimilação. (p. 43)
6
g) as novas concepções estéticas e tendências da arte contemporânea modificando os
horizontes artísticos e conseqüentemente a docência em arte; (p. 28)
h) os debates sobre conceitos e metodologias do ensino de arte realizados em caráter
nacional e internacional, a partir dos anos 80.
i) A elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte pela Secretaria de
Ensino Fundamental do MEC em 1987/98 e o Referencial Curricular Nacional para
Educação Infantil, em 1998.(p. 29)
Com a criação da Academia imperial de Belas Artes no Rio de janeiro, em 1916, tivemos
entre nós a instalação oficial do ensino artístico, seguindo os modelos similares europeus;
nessa época, a maior parte das academias de arte da Europa procurava atender à demanda
de preparação e habilidades técnicas e gráficas, consideradas fundamentais à expansão
industrial. aqui, como na Europa, o desenho era considerado a base de todas as artes,
tomando-se matéria obrigatória nos anos iniciais de estudo da Academia Imperial. No
ensino primário o desenho tinha por objetivos desenvolver também essas habilidades
técnicas e o domínio da racionalidade. Nas famílias mais abastadas, as meninas
permaneciam em suas casas, onde eram preparadas com aulas de música e bordado, entre
outras.(p. 29/30).
A partir dos anos 50, além do Desenho, passaram a fazer parte do currículo escolar as
matérias Música, Canto Orfeônico e Trabalhos Manuais, que mantinham de alguma forma
7
o caráter a e metodologia do ensino artístico anterior. Ainda nesse momento, o ensino e a
aprendizagem de arte concentraram-se apenas na “transmissão” de conteúdos
reprodutivistas, desvinculando-se da realidade social e das diferenças individuais. O
conhecimento continua centrado no professor, que procura desenvolver em seus alunos
também habilidades manuais e hábitos de precisão, organização e limpeza.(p. 30/31)
A “Pedagogia Nova”, também conhecida pelo Movimento da Escola Nova, tem suas
origens na Europa e Estados Unidos (século XIX), sendo que no Brasil vai surgir a partir de
1930 e ser disseminada a partir dos anos 50/60 com as escolas experimentais. Sua ênfase é
a expressão, como um dado subjetivo e individual em todas as atividades, que passam dos
aspectos intelectuais para os afetivos. A preocupação com o método, com o aluno, seus
interesses, sua espontaneidade, e o processo do trabalho caracterizam uma pedagogia
essencialmente experimental, fundamentada n Psicologia e na Biologia. (p. 31)
Diferentes autores vem marcando os trabalhos dos professores de Arte, no século XX, no
Brasil, firmando a tendência da “pedagogia Nova”. Entre eles destacam-se John Dewey (a
partir de 1900) e Viktor Lowenfeld ( a partir de 1939), dos Estados Unidos, e Herbert Read
(a partir de 1943), da Inglaterra. Com a publicação de seu livro Educação pela Arte (...),
Read contribuiu para a formação de um dos movimentos mais significativos do ensino
artístico. Influenciado por esse movimento no Brasil, Augusto Rodrigues liderou a criação
de uma “escolinha de Arte”, no Rio de Janeiro (em 1948), estruturada nos moldes e
princípios da “Educação através da Arte”.(p. 31)
As palavras de Augusto Rodrigues podem sintetizar as idéias da Escola Nova, que via o
aluno como ser criativo, a quem se devia oferecer todas as condições possíveis de
expressão artística, supondo-se que, assim, ao “aprender fazendo”, saberiam faze-lo,
também, cooperativamente, na sociedade.(p. 32)
A “Pedagogia Tecnicista”, presente ainda hoje, teve suas origens a partir da segunda
metade do século XX, no mundo, e a partir de 1960/1970, no Brasil. (p. 32)
8
70/80, estão em pleno auge mercadológico, apesar de sua indiscutível qualidade enquanto
recurso para o aprimoramento dos conceitos em arte.(p. 32/33).
A partir dos anos 80, acreditando em um papel específico que a escola tem com relação a
mudanças nas ações sociais e culturais, educadores brasileiros mergulham em um esforço
de conceber e discutir práticas e teorias de educação escolar para essa realidade.
Conscientizam-se de como a escola se configura no presente, com vistas a transforma-la
rumo ao futuro. E nos convidam a discutir as ações e as idéias que queremos modificar na
educação em arte, como um desafio e compromisso com as transformações na
sociedade.(p.33)