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MARINGÁMaringá / 2013

1a Reimpressão
2013

DENTAL PRESS
I N T E R N AT I O N A L
© 2013 by Dental Press Editora

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Conforme Lei de Direito Autoral no 9.610, de 19/02/98.

Coordenação Geral
Teresa Rodrigues D´Aurea Furquim

Produção Editorial e Revisão


Cabrera & Cabrera
www.cabrera.com.br

Ilustração
Lúcio Marcio Molena

Colaboração
Fernando Truculo Evangelista
Gildásio Oliveira Reis Júnior
Junior Bianchi
Ronis Furquim
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Dental Press International Orthológica Soluções Ortodônticas Lógicas / Carlos Alberto G. Cabrera, Marise de
C238 Castro Cabrera, Laura de Castro Cabrera. – – Maringá: Dental Press, 2013.
Av. Dr. Luiz Teixeira Mendes, 2712 562 p. : il.; 22x31 cm.

Zona 5, CEP 87015-001 Bibliografia: p. 561

Maringá - Paraná ISBN 978-85-88020-55-9

44 3031-9818
1. Odontologia. 2. Ortodontia. 3. Planejamento. 4. Tratamento. I. Cabrera,
www.dentalpress.com.br Marise de Castro. II. Cabrera, Laura de Castro.

CDD 617.643
SUMÁRIO

Prefácio ............................................................................................................................... 13
Introdução .......................................................................................................................... 15

PARTE I – CONCEITOS

Capítulo 1 Arquitetura craniofacial ............................................................................... 17


Capítulo 2 %LRWLSRVIDFLDLVHVtQÀVHVPHQWRQLDQDV..................................................... 51
Capítulo 3 Diagnósticos perfeitos e convenientes ..................................................... 65
Capítulo 4 Referências verticais interarcos .................................................................. 73
Capítulo 5 Referências sagitais interarcos .................................................................... 91
Capítulo 6 Referências intra-arcos .............................................................................. 107
Capítulo 7 Referências transversais interarcos .......................................................... 131
Capítulo 8 Referências, sugestões e limites ............................................................... 149

PARTE II – DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO

Capítulo 9 Cefalograma padrão .................................................................................. 169


Capítulo 10 Desenvolvimento do template e dos gabaritos preditivos Cabrera ... 183
Capítulo 11 Metodologia para o diagnóstico cefalométrico ..................................... 199

PARTE III – MECANOTERAPIA

Capítulo 12 Introdução à mecanoterapia ..................................................................... 225


Capítulo 13 Mecanoterapia ortodôntica ...................................................................... 231
Capítulo 14 Etapas da mecânica ortodôntica .............................................................. 247
1ª - Montagem dos aparelhos, obtenção de espaços e início
das desinclinações dentárias .............................................................. 250
2ª - Desinclinações dentárias .................................................................... 265
3ª - Fechamento de espaços ..................................................................... 277
4ª - Intercuspidação e acabamento .......................................................... 315
5ª - Remoção e contenção ........................................................................ 327
Capítulo 15 Mecanoterapia ortopédica ........................................................................ 333
Capítulo 16 Mecanoterapia ortodôntica pré-cirúrgica ............................................... 357

PARTE IV – Protocolos terapêuticos alternativos

Capítulo 17 Protocolos terapêuticos alternativos sagital - Classe I ................ 377


Classe I com diastema ............................................................................... 381
Classe I sem extração ................................................................................ 385
Classe I com desgastes .............................................................................. 389
Classe I com extração do incisivo inferior ............................................. 393
Classe I com extração de 4 pré-molares ................................................. 397

Protocolos terapêuticos alternativos sagital - Classe II .............. 401


Classe II com diastema ............................................................................. 403
Classe II sem extração ............................................................................... 407
Classe II com desgastes ............................................................................ 411
Classe II com extração de 4 pré-molares ............................................... 415
Classe II com extração de 2 pré-molares superiores ............................ 419
Classe II com tratamento ortopédico ..................................................... 425
Classe I pós-tratamento ortopédico da Classe II .................................. 429
Classe II sem extração associado ao ortopédico - APM ..................... 433
Classe II com extração de 4 pré-molares
associado ao ortopédico - APM .............................................................. 437

Protocolos terapêuticos alternativos sagital - Classe III ............. 441


Classe III sem extração ............................................................................. 443
Classe III com desgastes ........................................................................... 447
Classe III com extração do incisivo inferior .......................................... 451
Classe III com extração dos 4 primeiros pré-molares ......................... 455
Classe III com tratamento ortopédico ................................................... 461

Protocolos terapêuticos alternativos verticais ................................ 467


Mordida profunda dentária ...................................................................... 469
Mordida aberta dentária com diastema .................................................. 473
Mordida aberta dentária com desgastes ................................................. 477
Mordida topo a topo com extração de um incisivo inferior ............... 481
Mordida aberta com extração de 4 pré-molares ................................... 485
Mordida aberta ortopédica com desgastes ............................................ 491
Mordida aberta ortopédica com extrações de 4 pré-molares .............. 497
Protocolos terapêuticos alternativos transversais ......................... 501
Atresia funcional ou postural ................................................................... 503
Arco superior .............................................................................................. 505
Arco inferior ............................................................................................... 509
Atresia maxilar dentoesquelética ortopédica ......................................... 515

Protocolos terapêuticos alternativos cirúrgicos ............................. 519


Pré-cirúrgico sem extração (diastema) .................................................... 521
Pré-cirúrgico sem extração (nula) ............................................................ 525
Pré-cirúrgico sem extração (desgastes) ................................................... 529
Pré-cirúrgico com extrações(4 pré-molares) .......................................... 533
Pré-cirúrgico atresia maxilar dentoesquelética (cirúrgica)..................... 537

PARTE V – TORQUES

Capítulo 18 Arcos retangulares e torque ...................................................................... 541

Referências ....................................................................................................................... 561


Parte I
Conceitos

Capítulo 2

Biotipos faciais e
sínfises mentonianas
Capítulo 2 %LRWLSRVIDFLDLVHVtQ¿VHVPHQWRQLDQDV 53

Introdução

A interpretação dos biotipos faciais constitui referência primária para se determinar o diagnóstico, prognóstico
e plano de tratamento. Cabrera e Cabrera22 ocuparam a anatomia comparativa para descrever o conjunto de
características morfodiferenciais que distinguem os biotipos faciais, isto é, braqui, meso e dolicofacial (Fig. 2.1 a
 &RPRSDVVDUGRVDQRVXVDQGRIUHTXHQWHPHQWHDDQiOLVHUDGLRJUiÀFDGDIDFHRVDXWRUHVREVHUYDUDPTXHDV
YDULDo}HVGLPHQVLRQDLVGDVVtQÀVHVPHQWRQLDQDVVHPDQLIHVWDPUHFRUUHQWHPHQWHDVVRFLDGDVDRVGLVWLQWRVELRWLSRV
faciais. Desta forma, para não repetir conceitos e argumentações publicadas anteriormente Cabrera22 neste livro,
RV DXWRUHV SHUFRUUHP VHQWLGRV FRQWUiULRV LVWR p YDORUL]DP R GLDJQyVWLFR PRUIROyJLFR UDGLRJUiÀFR GD VtQÀVH
mentoniana para determinar as relações destas com os biotipos faciais e, assim, estabelecer mecanoterapias mais
adequadas.
'HYLGR j FRUUHODomR PRUIROyJLFD HQWUH RV ELRWLSRV IDFLDLV H VXDV UHVSHFWLYDV VtQÀVHV UHFRUUHPRV DR
neologismo* para denominá-las de VtQÀVHV EUDTXLPHVRHGyOLFR. Embora eventualmente estas possam ser
encontradas em outros biotipos que não os seus correspondentes, suas características morfológicas individuais,
VREUHWXGR RV OLPLWHV ItVLFRV GH VHXV FRQWRUQRV LQGX]HP j REULJDWRULHGDGH GH R SURÀVVLRQDO FRUUHODFLRQiORV
com distintas e permissíveis inclinações dos incisivos. Adicionalmente, convém destacar que estas características
PRUIROyJLFDVQmRVmRH[FOXVLYDVGDVVtQÀVHVPHQWRQLDQDVRXVHMDHVWmRSUHVHQWHVWDPEpPDRORQJRGHWRGRFRUSR
da mandíbula e são importantes que as inclinações dos demais dentes sejam determinadas. Por se assemelharem
jVVtQÀVHVPHQWRQLDQDVRVFRQWRUQRVTXHHQYROYHPRVGHPDLVHOHPHQWRVGHQWiULRVVmRWDPEpPGHQRPLQDGRV
QHVWHOLYURGH´VtQÀVHVµ&RPRH[HPSORVtQÀVHGRVPRODUHVGRVFDQLQRVHQWUHRXWUDVUHJL}HVFRUUHVSRQGHQWHV
(Fig. 2.13 a 2.21).

1HRORJLVPRfenômeno linguístico que consiste na criação de um novo sentido a uma palavra já existente.

)LJD%LRWLSRVEUDTXLPHVRHGROLFRIDFLDOHUHVSHFWLYDVVtQ¿VHV
54 Ortodontia - Cabrera & Cabrera

7HOHUUDGLRJUDÀDODWHUDOHWRPRJUDÀD
(QTXDQWRDWHOHUUDGLRJUDÀDHPQRUPDODWHUDO )LJ GLVSRQLELOL]DYLVXDOPHQWHDSHQDVXPFRUWHFRURQDO
GDVtQÀVHPHQWRQLDQDRTXHSHUPLWHUHODFLRQiODFRPRVLQFLVLYRVLQIHULRUHVDWRPRJUDÀDFRPSXWDGRUL]DGD )LJ
2.5) proporciona visão em cortes coronais ao longo de todo corpo mandibular. Estes cortes possibilitam avaliar os
GLIHUHQWHVFRQWRUQRVGDV´VtQÀVHVµHDUHODomRPRUIROyJLFDTXHRVPHVPRVJXDUGDPFRPVHXVUHVSHFWLYRVHOHPHQWRV
GHQWiULRV$VVLPDVVtQÀVHVODUJDVHVWUHLWDVHHTXLOLEUDGDVVHLGHQWLÀFDPFRPDVFDUDFWHUtVWLFDVPRUIROyJLFDVGRV
corpos mandibulares, encontradas nos distintos biotipos faciais (Fig. 2. 6 a 2.12).

)LJ'HOLPLWDomRGDVtQ¿VHQRWUDoDGRFHIDORPpWULFR
Capítulo 2 %LRWLSRVIDFLDLVHVtQ¿VHVPHQWRQLDQDV 55

)LJ9LVWDRFOXVDOGHXPDVLPXODomRGHFRUWHWRPRJUi¿FRGHWRGRVRVGHQWHVVXSHULRUHVHLQIHULRUHV

BRAQUIFACIAL MESOFACIAL DOLICOFACIAL

Fig. 2.6 - Incisivos centrais.

Fig. 2.7 - Incisivos laterais.

Fig. 2.8 - Caninos.


)LJD6LPXODomRGHFRUWHVWRPRJUi¿FRVFRPSDUDWLYRVHQWUHDV³VtQ¿VHV´GRVLQFLVLYRVFHQWUDLVODWHUDLVHFDQLQRV
superiores e inferiores dos biotipos braqui (esquerda), meso (centro) e dolicofacial (direita).
56 Ortodontia - Cabrera & Cabrera

BRAQUIFACIAL MESOFACIAL DOLICOFACIAL

)LJ3ULPHLURVSUpPRODUHV

)LJ6HJXQGRVSUpPRODUHV

Fig. 2.11 - Primeiros Molares

Fig. 2.12 - Segundos molares.


)LJD6LPXODomRGHFRUWHVWRPRJUi¿FRVFRPSDUDWLYRVHQWUHDV³VtQ¿VHV´GRVSULPHLURVHVHJXQGRVSUpPRODUHV
e primeiros e segundos molares dos biotipos braqui (esquerda), meso (centro) e dolicofacial (direita).
Capítulo 2 %LRWLSRVIDFLDLVHVtQ¿VHVPHQWRQLDQDV 57

&DUDFWHUtVWLFDVGDVVtQÀVHVPHQWRQLDQDV

6tQÀVHV %UDTXL  Mais frequentemente encontradas nos indivíduos braquifaciais. Manifestam-se baixa
verticalmente e larga horizontalmente, com pogônio expressivo. Estas características morfológicas não são
H[FOXVLYDVGDVVtQÀVHVPHQWRQLDQDVRXVHMDHVWmRSUHVHQWHVWDPEpPDRORQJRGHWRGRFRUSRGDPDQGtEXODHVmR
importantes para se determinar as inclinações dos demais dentes (Fig. 2.13 a 2.15).

Fig. 2.13 a 2.15 - As imagens representam a face, mandíbula e cortes anatômicos dos dentes dos arcos superiores e inferiores em indivíduos braquifaciais.
58 Ortodontia - Cabrera & Cabrera

6tQÀVHV 'ROLFR  Mais frequentemente encontradas nos indivíduos dolicofacias. Manifestam-se alta
verticalmente e estreita horizontalmente, com pogônio discreto ou ausente. Estas características morfológicas não
VmRH[FOXVLYDVGDVVtQÀVHVPHQWRQLDQDVRXVHMDHVWmRSUHVHQWHVWDPEpPDRORQJRGHWRGRFRUSRGDPDQGtEXODH
são importantes para se determinar as inclinações dos demais dentes (Fig. 2.16 a 2.18).

Fig. 2.16 a 2.18 - As imagens representam a face, mandíbula e cortes anatômicos dos dentes dos arcos superiores e inferiores em indivíduos dolicofaciais.
Capítulo 2 %LRWLSRVIDFLDLVHVtQ¿VHVPHQWRQLDQDV 59

6tQÀVHV0HVRMais frequentemente encontradas nos indivíduos mesofaciais. Manifestam-se equilíbrio entre as


dimensões horizontais e verticais, com pogônio discreto quanto à sua proeminência. Estas características morfológicas
QmRVmRH[FOXVLYDVGDVVtQÀVHVPHQWRQLDQDVRXVHMDHVWmRSUHVHQWHVWDPEpPDRORQJRGHWRGRFRUSRGDPDQGtEXODH
são importantes para se determinar as inclinações dos demais dentes (Fig. 2.19 a 2.21).

Fig. 2.19 a 2.21 - As imagens representam a face, mandíbula e cortes anatômicos dos dentes dos arcos superiores e inferiores em indivíduos mesofaciais.
60 Ortodontia - Cabrera & Cabrera

%LRWLSRORJLDGDVVtQÀVHV[,QFOLQDo}HVGHQWiULDV

$R YLVXDOL]DU DV VLOKXHWDV GRV FRQWRUQRV GDV VtQÀVHV PHQWRQLDQDV DWUDYpV GDV WHOHUUDGLRJUDÀDV GH
norma lateral, pode-se reconhecê-las, distingui-las e correlacioná-las com os distintos biotipos faciais. Neste
VHQWLGRpSRVVtYHOFRPSUHHQGHUTXHQDVVtQÀVHVEUDTXLRVLQFLVLYRVLQIHULRUHVHQFRQWUDPVHFRPLQFOLQDo}HV
mais vestibulares, nos dólicos mais linguais e nas mesos as inclinações assumem posições intermediárias.
Diante da necessidade de estabelecer valores para as inclinações dos incisivos, de modo que estas pudessem
FRPSDWLELOL]DUDVGLIHUHQWHVVtQÀVHVPHQWRQLDQDVIRUDPGHVHQYROYLGRVJDEDULWRVSUHGLWLYRVFLUFXQVWDQFLDQGR
ELRWLSRV VtQÀVHV H LQFOLQDo}HV GRV LQFLVLYRV &DStWXOR   $GLFLRQDOPHQWH FRPR DV GLVWLQWDV VtQÀVHV
PHQWRQLDQDVUHYHODPVLPLODULGDGHFRPDV´VtQÀVHVµGRVGHPDLVGHQWHVQDPDQGtEXODWRUQDVHYLiYHOWDPEpP
a compreensão das distintas relações com que os dentes superiores se relacionam com as corticais externas
na maxila.

6tQÀVHVGHQWHVHMXOJDPHQWRGHFRPSDWLELOLGDGHLQWUDDUFRVLQIHULRU

Diante da incompatibilidade física em acomodar o volume das massas dentárias em suas respectivas bases
ósseas, a disposição harmônica dos elementos dentários torna-se inviável. Utilizando recursos terapêuticos,
o ortodontista pode alterar o perímetro dos arcos dentários reduzindo-os por meio de extrações, desgastes
dentários ou expandindo-os através de vestibuloversões. Como os ápices radiculares mantêm-se relativamente
estáveis, a expansão ou redução do perímetro das arcadas dentárias ocorre respectivamente por meio de
inclinações das coroas por vestibular, lingual e translações mesiais. Entretanto, para que os arcos dentários
sejam compatibilizados em uma oclusão perfeita, por vezes, decisões difíceis devem ser tomadas. Se, por
um lado, as extrações serão requeridas para compatibilizar os arcos e favorecer a função, por outro, poderão
DFDUUHWDUSUHMXt]RVDRSHUÀOIDFLDOSURPRYLGRSHORUHFXRH[FHVVLYRGRVOiELRVHFRQVHTXHQWHPHQWHGHVWDTXH
do nariz, quando há necessidade de lingualização ou translações posteriores dos incisivos centrais superiores.
(PSDVVDGRUHFHQWHRXVRGDWHOHUUDGLRJUDÀDHPQRUPDODWHUDOSDUDRMXOJDPHQWRGDVLQFOLQDo}HV
GRVLQFLVLYRVFHQWUDLVLQIHULRUHVHPUHODomRjVVXDVVtQÀVHVPHQWRQLDQDVWLQKDXPSDSHOUHOHYDQWHSDUDVH
decidir se o tratamento requereria extrações dentárias, não extrações ou desgastes. Observa-se, ainda, que
apenas dois dentes eram ocupados no julgamento quanto as suas inclinações ideais, ou seja, os dois incisivos
centrais inferiores.
$WXDOPHQWH FRP D GLVSRQLELOLGDGH GDV WRPRJUDÀDV FRPSXWDGRUL]DGDV H D SRVVLELOLGDGH GD YLVmR
tridimensional que estas permitem, torna-se possível fazer um julgamento individualizado de todos os dentes,
quer na arcada inferior, ou, na superior. Adicionalmente, ao se compreenderem as variações das relações dos
dentes com os distintos biotipos faciais, as indicações por extrações e o uso de disjunção palatina diminuem
substancialmente, tornando-se assim os tratamentos mais coerentes e menos iatrogênicos.
)UHQWHDHVWHHQXQFLDGRpSRVVtYHOYHULÀFDUTXHRVFDQLQRVLQFLVLYRVODWHUDLVHFHQWUDLVSRVVXHPXP
equilíbrio muscular vestibulolingual limitado devido à musculatura anterior dos orbiculares dos lábios
manterem-se fechadas. Em decorrência deste desequilíbrio, os incisivos inferiores apresentam na maioria das
más oclusões, vestibuloversões em relação ao seu posicionamento ideal, havendo necessidade de lingualizá-
los ou até mesmo mantê-los em suas posições originais. Entretanto, como os elementos dentários posteriores
(pré-molares e molares) têm seu equilíbrio vertical ditado pelo antagonismo da oclusão, enquanto que suas
posições vestibulolinguais equilibram-se pelas ações externas da musculatura do bucinador e masseter, e
internamente pela língua, há tendência de os dentes posteriores encontrarem-se lingualizados na maioria das
más oclusões. Assim, pode-se concluir que, com a vestibuloversão dos dentes posteriores ocorrerão ganhos
de espaços os quais consequentemente, favorecerão as lingualizações dos incisivos inferiores.
Para se determinarem possíveis discrepâncias intra-arcos inferiores, a obtenção do valor do perímetro
ideal do arco dentário inferior é essencial. Este procedimento exige que seja estabelecida a inclinação ideal
dos primeiros molares inferiores (modelos em gesso) e as inclinações ideais dos incisivos centrais inferiores
Capítulo 2 %LRWLSRVIDFLDLVHVtQ¿VHVPHQWRQLDQDV 61

WHOHUUDGLRJUDÀDODWHUDO (PVHJXLGDREWHURYDORUGRVRPDWyULRGDVGLPHQV}HVPHVLRGLVWDLVGRVHOHPHQWRV
dentários inferiores. Subtraindo o valor do perímetro ideal do somatório das dimensões mesiodistais, será
possível determinar se haverá ausência de discrepância (nula), se positivas ou negativas, bem como seus valores.
Nos diagnósticos intra-arcos, quando as discrepâncias forem negativas, estas são as alternativas de que
RVRUWRGRQWLVWDVGLVS}HPSDUDVROXFLRQiODUHGXomRGRSHUtPHWURGRDUFRGHQWiULRDWUDYpVGHGHVJDVWHV
extrações ou vestibularização dos dentes. Se for priorizada esta última, o julgamento desta possibilidade
GHYHUiVHUIHLWRFRQVLGHUDQGRDVLQFOLQDo}HVGHWRGRVRVGHQWHVFRPVXDV´VtQÀVHVµFRUUHVSRQGHQWHV

6Ì1),6(6;)(&+$0(172'((63$d26

Os preceitos que norteiam as movimentações ortodônticas revelam que, durante a etapa de fechamento
de espaços, ao induzirem mecanicamente as translações dentárias dos dentes posteriores, suas raízes deverão
ser controladas rigorosamente de modo a manterem-se em íntimo contato com os ossos alveolares e distantes
GDVFRUWLFDLVGHRVVRVEDVDLV3RUKDYHUFRUUHODomRPRUIROyJLFDSULPDULDPHQWHHQWUHDVVtQÀVHVPHQWRQLDQDV
HDV´VtQÀVHVµGRVGHPDLVHOHPHQWRVGHQWiULRVGLVWULEXtGDVHPWRGDDH[WHQVmRGRFRUSRGDPDQGtEXODH
VHFXQGDULDPHQWHFRPDPD[LODRGLDJQyVWLFRPRUIROyJLFRGDVVtQÀVHVPHQWRQLDQDVWRUQDVHUHOHYDQWHSDUD
se antever a efetividade das translações dentárias.

2EVHUYDo}HV ,QGHSHQGHQWH GD PRUIRORJLD GD VtQÀVH PHQWRQLDQD D FRUWLFDO SRVWHULRU GD VtQÀVH
consolida a compreensão do óbvio, isto é; após a correção das inclinações dentárias inadequadas, o espaço
residual encontrado na mandíbula, quer seja, natural ou promovidos por extrações deverão ser fechados
única e exclusivamente por aproximação dos dentes posteriores anteriormente.
62 Ortodontia - Cabrera & Cabrera

Diante dessas expectativas, a VtQÀVH 0HVR, revela que as corticais basais guardam uma boa distância
vestibulolingual com as raízes de todos os dentes, bem como uma boa distribuição das raízes com ossos alveolares.
Esta correlação favorece a translação dentária ortodôntica induzida, tanto na mandíbula como na maxila (Fig.
2.22 e 2.23).

)LJH$VLPDJHQVGHPRQVWUDPTXHTXDQGRVmRUHTXHULGDVH[WUDo}HVGHSULPHLURVSUpPRODUHVHPSDFLHQWHVSRUWDGRUHVGHVtQ¿VHVPHVRDH[SHFWDWLYDGRV
PRYLPHQWRVGHWUDQVODo}HVGHQWiULDVQRVHQWLGRSyVWHURDQWHULRUQDPDQGtEXODHUHFLSURFDPHQWHQDPD[LODVHUiIDYRUiYHO,VWRSRGHVHUFRQ¿UPDGRREVHUYDQGRTXH
DVGLPHQV}HVWUDQVYHUVDLVHYHUWLFDLVGDVUDt]HVGRVVHJXQGRVSUpPRODUHVLQIHULRUHV [ HVXSHULRUHV [ VHFRPSDWLELOL]DPFRPDV³VtQ¿VHV´GRVSULPHLURVSUpPRODUHV
VXSHULRUHV \ HLQIHULRUHV \ H[WUDtGRV$VVLPpSRVVtYHOFRQVWDWDUTXHGXUDQWHRIHFKDPHQWRGHHVSDoRVRVVHJXQGRVSUpPRODUHVQmRWRFDUmRDVFRUWLFDLVEDVDLVGRV
FRQWRUQRVGDV³VtQ¿VHV´GRVSULPHLURVSUpPRODUHVVXSHULRUHVHLQIHULRUHV
Capítulo 2 %LRWLSRVIDFLDLVHVtQ¿VHVPHQWRQLDQDV 63

Na VtQÀVH%UDTXLembora na mandíbula haja uma maior distância vestibulolingual entre as corticais de ossos
basais e as raízes de todos os dentes, o que favorece a translação dentária ortodôntica induzida, é preciso observar
que não raro estes pacientes poderão ter verticalmente os ápices radiculares dos dentes superiores ultrapassando
RVVHLRVPD[LODUHVGLÀFXOWDQGRRXDWpPHVPRLPSHGLQGRRVPRYLPHQWRVGHWUDQVODo}HV )LJH .

)LJH$VLPDJHQVGHPRQVWUDPTXHTXDQGRVmRUHTXHULGDVH[WUDo}HVGHSULPHLURVSUpPRODUHVHPSDFLHQWHVSRUWDGRUHVGHVtQ¿VHVEUDTXLVDH[SHFWDWLYDGRV
PRYLPHQWRVGHWUDQVODo}HVQRVGHQWiULDVQRVHQWLGRSyVWHURDQWHULRUQDPDQGtEXODVHUiIDYRUiYHO,VWRSRGHVHUFRQ¿UPDGRREVHUYDQGRTXHDVGLPHQV}HVWUDQVYHUVDLV
GDVUDt]HVGRVVHJXQGRVSUpPRODUHVLQIHULRUHV \ VmRPHQRUHVTXHDVGDV³VtQ¿VHV´GRVSULPHLURVSUpPRODUHVLQIHULRUHV \ H[WUDtGRV(QWUHWDQWRQDPD[LODHVWDH[SHF-
WDWLYDGHYHVHUPDLVUHDOtVWLFDSRLVHYHQWXDOPHQWHFRPRDGLPHQVmRYHUWLFDOGDVUDt]HVGRVVHJXQGRVSUpPRODUHV [ VmRPDLRUHVTXHDGLPHQVmRYHUWLFDOGLVSRQtYHOGRV
SULPHLURVSUpPRODUHV \ RViSLFHVUDGLFXODUHVGRVSUpPRODUHVVXSHULRUHVSRGHUmRXOWUDSDVVDURVVHLRVPD[LODUHVHDVVLPFRPRDVFRUWLFDLVTXHUHFREUHPRVVHLRVVmR
FRQVWLWXtGDVGHRVVRVEDVDLVRVPRYLPHQWRVVHUmRPDLVGLItFHLVGHVHUHPUHDOL]DGRVSRGHQGRDWpPHVPRVHUQHJDGR
64 Ortodontia - Cabrera & Cabrera

Já em relação às VtQÀVHV'yOLFRRSRVWDPHQWHjVVtQÀVHVEUDTXLSRGHUiVHUYHULÀFDGRTXHHPERUDKDMD
verticalmente uma distância favorável entre os ápices radiculares e os seios maxilares, a proximidade vestibulolingual
entre as raízes de todos os dentes com as respectivas corticais de ossos basais, tanto na mandíbula quanto na
maxila tornarão os movimentos de translações dentárias induzidas ortodonticamente, mais difícil de ser executado,
H[LJLQGRGRSURÀVVLRQDOXPFRQWUROHDEVROXWRVREUHDPHFkQLFD Fig. 2.26 e 2.27).

)LJH$VLPDJHQVGHPRQVWUDPTXHTXDQGRVmRUHTXHULGDVH[WUDo}HVGHSULPHLURVSUpPRODUHVHPSDFLHQWHVSRUWDGRUHVGHVtQ¿VHVGyOLFRVDH[SHFWDWLYDGRV
PRYLPHQWRVGHWUDQVODo}HVGHQWiULDVQRVVHQWLGRVSyVWHURDQWHULRUHVQDPDQGtEXODHUHFLSURFDPHQWHQDPD[LODSRGHUiVHUGHVIDYRUiYHO,VWRSRGHVHUFRQ¿UPDGRREVHUYDQGR
TXHDVGLPHQV}HVWUDQVYHUVDLVGRVVHJXQGRVSUpPRODUHVLQIHULRUHV [ HVXSHULRUHV [ QmRVHFRPSDWLELOL]DPFRPDV³VtQ¿VHV´GRVSULPHLURVSUpPRODUHVVXSHULRUHV \ H
LQIHULRUHV \ H[WUDtGRV(PFRQ¿UPDQGRHVWDOLPLWDomRItVLFDpSRVVtYHOFRQVWDWDUGXUDQWHRIHFKDPHQWRGHHVSDoRVTXHRVVHJXQGRVSUpPRODUHVWRFDUmRDVFRUWLFDLVEDVDLV
GRVFRQWRUQRVGDV³VtQ¿VHV´GRVSULPHLURVSUpPRODUHVVXSHULRUHVHLQIHULRUHVWRUQDQGRRVPRYLPHQWRVPDLVGLItFHLVGHVHUHPUHDOL]DGRVSRGHQGRDWpPHVPRVHUQHJDGR

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