Você está na página 1de 22

PERIODONTIA

PA R A T O D O S
da prevenção ao implante
Rui Vicente Oppermann | Cassiano Kuchenbecker Rösing

COORDENAÇÃO:
Patricia Weidlich | Tiago Fiorini
periodontais e periimplantares

periodontais e periimplantares
PREVENÇÃO DAS DOENÇAS
e diagnóstico das doenças
Como a epidemiologia ajuda a entender
PERIODONTAIS E PERIIMPLANTARES
EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS

ETIOPATOGENIA

Quais as perspectivas atuais?


os problemas do paciente
PRÓLOGO

PERIODONTIA MÉDICA
00 02 04
O papel da pesquisa
como base para a
clínica periodontal
Magda Feres
Luciene Cristina de Figueiredo
01 Periodontite e periim-
plantite são doenças
distintas?
Sheila Cavalca Cortelli
Poliana Mendes Duarte
03 Abordagem de fatores
de risco em comum.
É possível ir além do
controle do biofilme
supragengival?
016 José Roberto Cortelli
Ocorrência e fatores 060 As doenças perio- Isaac Suzart Gomes Filho
de risco às doenças Diagnóstico periodontal dontais são capazes Simone Seixas da Cruz
Johelle de Santana Passos-Soares
periodontais: uma e periimplantar: o que de gerar inflamação Soraya Castro Trindade
visão para o clínico há de novo? sistêmica de baixa 160
Alex Nogueira Haas
Rodrigo Otávio Rego
intensidade? O desafio da mudança
João Augusto Peixoto de Oliveira Giuseppe Alexandre Romito
Fernando Silva Rios
Flávia Aparecida Chaves Furlaneto
Adriana Moura Foz
comportamental. É
Ricardo dos Santos Costa
Virgínia Régia Souza da Silveira
Maria Mônica Studart M. Moreira Mariana de Sousa Rabelo possível alterar hábitos
030
072 Marinella Holzhausen de saúde?
Ocorrência e fatores Aspectos microbiológi-
Cláudio Mendes Pannuti
114
Cláudio Mendes Pannuti
de risco às doenças cos: pode a presença
Ecinele Francisca Rosa

periimplantares Doenças periodon- Mariana Rocha Guglielmetti


ou ausência de tais e gestação Marinella Holzhausen
Fernando Oliveira Costa Giuseppe Alexandre Romito
Luís Otávio Miranda Cota
bactérias identificar Patricia Weidlich 172
Renata Magalhães Cyrino indivíduos saudáveis Tiago Fiorini
Sergio Diniz Ferreira e doentes? Carlos Heitor Cunha Moreira
044 Cassiano Kuchenbecker Rösing
Sabrina Carvalho Gomes
Rui Vicente Oppermann
Patrícia Daniela Melchiors Angst 124
086
Aspectos imunológi- Doenças perio-
cos: como a imuno- dontais e doenças
logia pode auxiliar no cardiovasculares
Ricardo Guimarães Fischer
diagnóstico e trata- 138
mento do paciente? Doenças periodon-
Claudia Cristina Biguetti
Carlos Eduardo Palanch Repeke tais e sua relação
Elcia Maria Varise Silveira com diabetes, obe-
Andreia Espindola Vieira sidade e síndrome
Gustavo Pompermaier Garlet
096 metabólica
Patricia Weidlich
Juliano Cavagni
Marta Liliana Musskopf
Cassiano Kuchenbecker Rösing
Rui Vicente Oppermann
146
periodontais e periimplantares
TRATAMENTO DAS DOENÇAS

periodontal e periimplantar

saúde pública no Brasil


PERIODONTIA NA
REGENERAÇÃO PERIODONTAL

periodontal e periimplantar
MANUTENÇÃO DA SAÚDE
Quanto investimos e até

ESTÉTICA
E PERIIMPLANTAR

onde chegamos?

05 07 09
Diferenças e seme-
lhanças no trata-
mento periodontal e
periimplantar
Sérgio Luís Scombatti de Souza
06 Estética no paciente
tratado com sequelas
de doença periodontal
avançada
Joni Augusto Cirelli
08 Doença periodontal
é um problema de
saúde pública?
Fernando Neves Hugo
358
Umberto Demoner Ramos Regeneração perio- Andressa Vilas Boas Nogueira Avaliação longitudinal É possível reduzir
Paula Gabriela Faciola P. Oliveira Rafael Scaf de Molon
Jamil Awad Shibli dontal. Indicações e Luiz Antônio Borelli Barros
do paciente periodon- as necessidades de
Adriana Maria Mariano S. Souza previsibilidade do uso Carolina Chan Cirelli tal tratado e reabilitado tratamento periodontal
184 de biomateriais para o 284 com implantes na população?
Terapia fotodinâmica tratamento de defeitos Recobrimento radi- Marilene Issa Fernandes Luís Otávio Miranda Cota
no tratamento perio- infra-ósseos e lesões cular: previsibilidade Juliano Cavagni Fernando Oliveira Costa
Cassiano Kuchenbecker Rösing Renata Magalhães Cyrino
dontal e periimplantar de furca e possibilidades 334 366
Arthur Belém Novaes Júnior Elton Gonçalves Zenóbio Fernanda Vieira Ribeiro
Flávia Adelino Suaid Jamil Awad Shibli Sandro Bittencourt Sousa
Estratégias de ma-
Umberto Demoner Ramos Leandro Chambrone Mauro Pedrine Santamaria nutenção de saúde
200 Guilherme J. P. Lopes de Oliveira Karina Gonzalez Silvério Ruiz no paciente tratado e
Uso de antimicrobia- Rosemary Adriana C. Marcantonio Marcio Zaffalon Casati
reabilitado
260 Enilson Antonio Sallum
nos e antissépticos no 298 Eduardo Jorge Feres Filho
tratamento periodontal Regeneração periim- Carmelo Sansone
plantar. Indicações e Estratégias para pre- German Eduardo Miguel Villoria
e periimplantar
Carina M. da Silva-Boghossian previsibilidade do uso servação/aumento Anna Thereza Thomé Leão
Maria Cynésia M. de Barros Torres
Ana Paula Vieira Colombo de biomateriais para de rebordo na região 346
218
re-osseointegração anterior
Há indicação para Rubens Spin Neto Ricardo de Souza Magini
anti-inflamatórios no Andreas Stavropoulos Marco Aurélio Bianchini
Cintia Schiochett
Cláudio Marcantonio
tratamento periodon- Elcio Marcantonio Junior João Gustavo Oliveira de Souza
tal e periimplantar? 272 Cesar Augusto Magalhães Benfatti
Marinella Holzhausen 316
Cristina Cunha Villar
Henrique A. Bueno da Silva

SUMÁRIO
Cláudio Mendes Pannuti
Giuseppe Alexandre Romito
234
Como avaliar a
necessidade de
re-intervenção no
tratamento periodontal
e periimplantar?
Cassiano Kuchenbecker Rösing
Eduardo José Gaio
Rui Vicente Oppermann
248
05 Tratamento das doenças periodontais e periimplantares

Neste capítulo abordaremos a


utilização da Terapia Fotodinâ-
mica Antimicrobiana (TFDa) no TERAPIA FOTODINÂMICA NO
tratamento das doenças pe-
riodontais e periimplantares. A
TFDa surgiu por volta de 1900
TRATAMENTO PERIODONTAL
quando Oscar Raab descreveu
a morte de protozoários quan-
E PERIIMPLANTAR
do da presença de um corante ARTHUR BELÉM NOVAES JUNIOR | FLÁVIA ADELINO SUAID | UMBERTO DEMONER RAMOS

(acridina) e luz. Com isso, foi


postulado que a presença de um sensibili- A terapia fotodinâmica antimicrobiana não deve
zador e uma fonte luminosa possui potencial ser confundida com laserterapia. Apesar de, ge-
de danificar células/tecidos. Esta descoberta ralmente, utilizar o laser como fonte luminosa,
por Raab, porém, foi concomitante ao apare- sua ação é diferente de quando é usado na lase-
cimento e descrição da penicilina, o que fez rerapia. Na TFDa o sensibilizador tem predileção
com que as propriedades antibióticas da TFDa para se ligar às células bacterianas, o que torna
tivessem sido esquecidas em detrimento da esta terapia segura2.
utilização da penicilina.
A molécula de fotossensibilizador absorve a luz
Até a metade dos anos 90, a terapia fotodinâ- em sua potência máxima no comprimento de
mica foi extensamente estudada e utilizada no onda de 600-700nm e gera espécies altamente
campo da Oncologia como uma forma menos reativas de oxigênio, como íons superóxidos,
invasiva de remoção de tumores. Porém, com hidroxilas, outros radicais livres e, em particu-
a crescente preocupação quanto à resistência lar, o oxigênio singleto, que podem danificar
de bactérias aos antimicrobianos, a TFDa tem uma grande variedade de proteínas, lipídios
se tornado objeto de estudo no campo da Der- e carboidratos. O oxigênio singleto tem uma
matologia e, mais recentemente, na Odontolo- meia-vida muito curta e, portanto, o seu raio
gia, por ser uma abordagem não invasiva para de ação é pequeno, resultando em efeitos fo-
controle de infecções, chamada de terapia foto- torreativos apenas em locais muito próximos
dinâmica antimicrobiana (TFDa), que combina de onde o fotossensibilizador está localizado
a aplicação de um agente químico não-tóxico (Figura 01). Esta reação localizada e o fato de
(fotossensibilizador) com uma fonte de luz de que as células bacterianas não apresentam a
baixa intensidade, tem recebido destaque no mesma capacidade para eliminar os compos-
tratamento das doenças orais .
1
tos de oxigênio reativos que as células eucari-

P E R I O D O N T I A PA R A T O D O S
200
CONVERSÃO
LUZ
INTERSISTEMAS

ESTADO SINGLETO DE ESTADO TRIPLETO


FOTOSSENSSIBILIZADOR REAÇÕES FOTODINÂMICAS
VIDA CURTA EXCITADO

DECAIMENTO AO ESTADO ESTÁVEL


FLUORESCÊNCIA
E EMISSÃO DE LUZ

01. Desenho esquemático da TFDa. O fotossensibilizador sofre a ação da fonte luminosa e se converte em uma forma energética mais excitada (estado
tripleto). Desta forma ele pode absorver mais energia luminosa se convertendo a um estado ainda mais reativo e com uma meia vida (tempo de reação) maior,
chamado estado tripleto ou voltar ao seu estado não excitado original, emitindo luz, o que dá origem ao fenômeno da fluorescência. A conversão para o estado
tripleto é a mais desejável por permitir as ações fotodinâmicas, responsáveis pelo fotodano às células bacterianas alvo.

óticas fazem com que a TFDa bactecida, sem periodontite agressiva. Foi aplicado um compri-
causar danos aos tecidos adjacentes3. mento de onda de 660nm (Figura 02) com potên-
cia de 0.06W/cm2 por 10 segundos e fluência de
Estudos in vitro demonstraram que a TFDa au- 212.23J/cm2. O fotossensiblizador utilizado foi o
menta a morte bacteriana3,4,5. Assim, estudos cloreto de fenotiazina (Figura 03), recomendado
menos complexos com aplicações únicas co- pelo fabricante do laser. Como técnica padrão de
meçaram a ser desenvolvidos e, de acordo com aplicação do fotossensibilizador, a ponta do apli-
os resultados obtidos, técnicas mais complexas cador é inserida no interior da bolsa periodontal
com aplicações múltiplas e diferentes tempos e o agente químico é continuamente depositado
estão sendo estudados e avaliados para aumen- da apical para coronal por 1 minuto, seguido por
tar a eficácia e efetividade da terapia fotodinâmi- irrigação com solução salina estéril para remo-
ca antimicrobiana (TFDa). ção dos excessos. A aplicação da luz foi reali-
zada nos seis sítios de cada dente por uma fibra

O TRATAMENTO PERIODONTAL E A TERAPIA


FOTODINÂMICA ANTIMICROBIANA

A terapia fotodinâmica antimicrobiana (TFDa)


tem sido amplamente utilizada em casos de do-
ença periodontal crônica e agressiva, associa- DA PREVENÇÃO AO IMPLANTE
02. Aparelho laser (HELBO® TheraLite Laser, Helbo Medizintechnik GmbH,
da ou não à terapia mecânica convencional de Áustria) utilizado nas pesquisas e nos casos clínicos apresentados neste
capítulo.
raspagem e alisamento radicular. Independen-
temente da escolha do fotossensibilizador e do
aparelho emissor da luz de baixa intensidade a
serem utilizados, a ação e o objetivo a serem al-
cançados serão sempre os mesmos.

Estudos clínicos avaliaram o efeito da TFDa no


03. Fotossensibilizador cloreto de fenotiazina 10mg/mL (Helbo Blue, Helbo
tratamento da periodontite. Novaes Jr. et al.6 tes-
Medizintechnik GmbH, Áustria) utilizado nas pesquisas e nos casos clínicos
taram a efetividade da TFDa em pacientes com apresentados neste capítulo.

201
05

ótica (Figura 04) totalizando 3 minutos (Figuras 95-99% em várias espécies testadas (A. actinomi-
05 a 07). A terapia mecânica convencional (RAR) cetemcomitans, F. nucleatum, P. gingivalis, P. Inter-
foi realizada em outros elementos dentais com media e S. sanguis)12. Da mesma forma, o laser
o tempo total de 8 minutos. Todas as espécies de He/Ne foi capaz de matar grandes proporções
bacterianas avaliadas foram detectadas em dife- de bactérias presentes em amostras de biofilme
rentes níveis antes dos tratamentos (sete dias). subgengival de pacientes com periodontite crô-
No baseline, a contagem de A. actinomycetem- nica, sensibilizados por azul de toluidina13, o que
comitans foi semelhante em ambos os grupos. também foi observado em biofilmes de S. sanguis,
Após 90 dias, significante redução foi observada P. gingivalis, F. nucleatum e A. actinomycetemco-
no grupo da TFDa em relação ao grupo da RAR. mitans14. Uma significativa redução no número de
Por outro lado, a RAR mostrou-se mais eficiente P. gingivalis também foi detectada nas cavidades
na redução de patógenos periodontais do com- orais de ratos em que o azul de toluidina foi utiliza-
plexo vermelho. Estes resultados indicam que a
TFDa e a RAR afetam diferentemente as espé-
cies bacterianas. Adicionalmente, a recoloniza-
ção dos sítios tratados pela TFDa foi observada,
especialmente para T. forsythia e P.gingivalis.

Em outros estudos realizados no tratamento da


periodontite para investigar mudanças microbio-
lógicas na microbiota subgengival, a associação 04. Fibra ótica difusora com 60º de inclinação e 8mm de comprimento
(HELBO®3D pocketprobe, Helbo Medizintechnik GmbH, Áustria)
da TFDa à RAR levou a uma maior redução na
profundidade de sondagem e ganho no nível clí-
nico de inserção7,8.

A TFDa reduziu significativamente a porcentagem


de sítios positivos para A. actinomycetemcomi-
tans, P. gingivalis, P. intermedia, P.nigrescens e T.
forsythia em 180 dias após o tratamento quando
comparado à RAR isoladamente9. Em outro estu-
do, foram observadas reduções estatisticamente
significantes de F. nucleatum e E. nodatum 3 me- 05. Aplicação do cloreto de fenotiazina 10mg/mL após raspagem e alisa-
ses e E. corrodens e espécies de Capnocytophaga mento radicular. É esperado um tempo pré-irradiação de 5 minutos, seguido
de leve irrigação com soro fisiológico (cerca de 1mL por dente).
6 meses após o tratamento com TFDa10. Da mes-
ma forma, também foi observada uma diferença
significativa na presença de F. nucleatum entre os
sítios tratados com TFDa e os sítios tratados ape-
nas com RAR, 12 semanas após o tratamento11.

A capacidade que a TFDa tem de eliminar as bac-


térias foi demonstrada em estudos in vitro. A ex-
posição de culturas bacterianas a laser de diodo
na presença de azul de metileno como fotosen-
sibilizador levou a uma taxa de morte celular de 06. Aplicação do laser.

P E R I O D O N T I A PA R A T O D O S
202
TRATAMENTO DAS DOENÇAS
PERIODONTAIS E PERIIMPLANTARES

do em conjunto com laser vermelho15. Esse efeito


da TFDa também tem sido observado em estudos
clínicos. Em amostras de biofilme subgengival de
33 pacientes com periodontite crônica, uma redu-
ção significativa na proporção de sítios positivos
para periodontopatógenos (A. actinomycetemco-
mitans, P.gingivalis, P. intermedia, T. forsythia e P.
nigrescens) foi observada 180 dias após o trata-
mento periodontal no grupo em que a TFDa foi as-
sociada à RAR quando comparado com o grupo
que recebeu somente RAR10. Além disso, a TFDa
foi capaz de suprimir a concentração de F. nuclea-
tum em 24 pacientes com periodontite crônica lo-
calizada, e um estudo realizado em pacientes sob
terapia periodontal de suporte mostrou uma redu-
ção estatisticamente significante de F. nucleatum e
E. nodatum no grupo onde foi realizada a TFDa11.
A

B C

DA PREVENÇÃO AO IMPLANTE

D E

07. A-E Esquema passo a passo da TFDa. Da esquerda para a direita: bolsa periodontal devidamente instrumentada; irrigação com soro fisiológico para
remoção de possíveis debris decorrentes da raspagem; aplicação do fotossensibilizador cloreto de fenotiazina 10mg/mL e espera de 5 minutos; irrigação
com soro para remoção dos excessos pois a concentração do fotossensibilizador é alta; irradiação com laser e uma fibra ótica difusora.

203
05

Embora um efeito adicional da TFDa pudesse


ser esperado mesmo em situações clínicas mais
desafiadoras, como em fumantes ou em diabé-
ticos, principalmente descontrolados (Figuras
08 a 12), alguns estudos não foram capazes de
mostrar melhoras nos parâmetros microbiológi-
cos quando a TFDa foi aplicada. Em um estudo
com 58 indivíduos com periodontite crônica, P.
gingivalis, T. forsythia e T. denticola foram ava-
liados por análise de DNA após o tratamento
periodontal. Não foram encontradas diferenças 08. Aspecto inicial do paciente diabético tipo 2 usuário de nifedipina, apre-
sentando hiperplasia gengival associada à PSR 4 em S2 e S5.
significativas entre o grupo controle (somente
raspagem ultrasônica subgengival) e o grupo 010 000 00‘2 ‘10‘1 ‘100 300
teste (adicionalmente tratado com TFDa16. Da 636 837 725 528 95‘0 613

mesma forma, em outro estudo que avaliou 24


pacientes com periodontite crônica, não houve
diferenças significativas entre RAR somente e
RAR + TFDa em relação às alterações micro-
biológicas (A. actinomycetemcomitans, P.gingi-
valis, P. intermedia, T. forsythia, T. denticola, P. 6 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25

micra, F. nucleatum, C. rectus, E. nodatum, E.


corrodens e Capnocytophaga)23. Ruhling et al.17
concluíram que a TFDa não foi superior ao trata-
mento mecânico convencional em sítios que não
responderam bem ao tratamento inicial, depois
de analisar A. actinomycetemcomitans, P. gingi-
446 656 644 656 768 854
valis, T. forsythia, T. denticola, F. nucleatum e P. 00’1 010 000 000 000 000
0 0 0 I II 0
intermedia por meio de PCR. Além disso, uma
publicação recente da Academia Americana
0 0 0 I I I I I I 0
de Periodontologia concluiu que as evidências 000 222 002 010 000 000 100 110 122
021
atuais mostram que a terapia fotodinâmica an- 222 354 624 645 351 252 257 322 414 252

timicrobiana (TFDa), quer como monoterapia


ou adjuvante à RAR, parece ser imprevisível e
inconsistente em sua capacidade de reduzir as
cargas microbianas subgengivais além do que
já é alcançado com a RAR ou, na melhor das hi-
6 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35
póteses, que as evidências são insuficientes ou
conflitantes (AAP, 2011).

09. Periograma da situação inicial do paciente com


presença de bolsas profundas. Foi realizada a RAR
em toda a boca em sessão única com aplicação de
TFDa imediata à finalização da RAR. A TFDa foi repeti- 534 326 724 525 637 835 527 624 533 313
da por mais 3 sessões até 14 dias pós-tratamento. 561 02‘1 020 000 010 ‘130 02‘1 ‘220 030 000

P E R I O D O N T I A PA R A T O D O S
204
TRATAMENTO DAS DOENÇAS
PERIODONTAIS E PERIIMPLANTARES

10. Situação do paciente na 4a aplicação de TFDa. 11. Situação clínica final do paciente 1 mês pós-terapia.

Os efeitos da TFDa nos mediadores


000 001 210 011 010 000
inflamatórios que participam da pato- 334 636 434 634 435 324
genia da doença periodontal ainda não
estão bem esclarecidos e, atualmente,
poucos estudos controlados avaliaram
esses aspectos18.

De Oliveira et al.19, no mesmo modelo 6 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25


de estudo de Novaes Jr. et al.6, reali-
zou a coleta da fluido crevicular gen-
gival previamente (baseline), no dia
da intervenção, 1,7, 30 e 90 dias após
o tratamento. Os valores do baseline
e a relação ao TNF-α foram 0.42 ±
0.02pg/ml e 0.41 ± 0.02pg/ml para a 335 636 534 435 445 734
100 111 110 010 000 011
TFDa e RAR, respectivamente. Após I I I I I
1 dia de tratamento, os níveis de TN-
F-α aumentaram e, após este perío-
do, um decréscimo progressivo foi I I I I I I I I I
200 000 000 000 000 000 000 000 000 001
observado. Para o TNF-α, ambos os 445 444 434 533 324 433 435 533 434 466
tratamentos mostraram resultados si-
milares. Além disso, o tempo foi uma DA PREVENÇÃO AO IMPLANTE
importante variável, independente-
mente do tratamento (P = 0.047). Os
níveis do TNF-α foram diminuindo de
acordo com a evolução do tempo de
46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35

12. Periograma de 1 mês pós-tratamento.

205
05

avaliação, com os menores valores em 90 dias gramento à sondagem, está relacionada com o
pós-tratamento. Em relação ao RANKL, os va- aumento ou a diminuição de alguns mediado-
lores no baseline foram 394.4 ±29.5pg/ml e res inflamatórios e patógenos periodontais.
378.9 ± 35.6pg/ml para a TFDa e a RAR, res-
pectivamente. Além disso, os níveis do RANKL Um ensaio clínico avaliou a eficácia do efeito
obtiveram um progressivo decréscimo, assim adjuvante da TFDa associada à RAR em fuman-
como no TNF-α, nenhuma mudança significa- tes21. Em cada paciente, pelo menos um dente
tiva foi observada. Assim, a RANKL obteve um recebeu RAR e TFDa (grupo teste) e um dente
comportamento similar para ambos os trata- contralateral recebeu somente RAR (grupo con-
mentos (P = 0.515). Neste caso, o tempo não trole). Três meses após o tratamento periodon-
foi uma variável significativa (P = 0.101). Ne- tal, houve uma melhora estatisticamente signi-
nhuma interação foi encontrada entre o tipo de ficante na PS (profundidade de sondagem), no
tratamento e o tempo para o RANKL. NCI (nível clínico de inserção), no SS (sangra-
mento à sondagem) e no IP (índice de placa)
A capacidade da TFDa de inativar citocinas in- após o tratamento periodontal em ambos os
flamatórias encontradas em sítios periodontal- grupos e uma redução estatisticamente signi-
mente doentes foi testada in vitro. Uma com- ficante maior da PS e maior ganho no NCI no
pleta inativação de IL-1β foi obtida quando as grupo teste quando comparado com o grupo
citocinas foram expostas à TFDa por 60 se- controle. A metodologia aplicada foi com uma
gundos3. Este achado também está de acordo única aplicação de TFDa e uso de fotossensibli-
com um estudo que avaliou o efeito adjuvante zador da família das fenotiazinas.
da TFDa em 24 adultos não-fumantes com pe-
riodontite crônica não-tratada8. Os autores tam- Apesar de alguns estudos terem observado um
bém observaram um nível significativamente efeito positivo da TFDa como coadjuvante no
menor de IL-1β no grupo em que a TFDa tratamento de pacientes com doença periodon-
foi associada à RAR, uma semana após o tal7,8,11,22, outros ensaios clínicos9,10,20,23,24 não
tratamento periodontal. Os níveis de IL-1β e conseguiram demonstrar diferenças clínicas
MMP-8 no FCG também foram quantificados entre a RAR e RAR + TFDa.
pela técnica de ELISA em 58 pacientes com
periodontite crônica, comparando-se os efeitos Uma revisão sistemática mostrou que a TFDa
da RAR, RAR associada a uma sessão de TFDa como adjuvante à RAR não foi superior ao trata-
e RAR associada a duas sessões de TFDa20. As mento com RAR, embora isso não signifique que
amostras de FCG foram obtidas antes do tra- os resultados relatados indiquem que a TFDa
tamento periodontal, 6 semanas e 12 semanas não seja eficaz25. A maioria dos estudos anterio-
após o tratamento. Os resultados revelaram res8,9,10,16,20,23,24 realizou apenas uma aplicação de
que 12 semanas após o tratamento houve su- TFDa nos sítios contaminados e testados uma
pressão significativa dos níveis de IL-1β e MMP- vez que a RAR é capaz de atingir bons resulta-
8 nos sítios tratados com TFDa. dos clínicos.

Em relação aos efeitos da TFDa nos parâme- A falta de efeitos adicionais com o uso de
tros clínicos, pode-se dizer que a melhora ou a aplicação única de TFDa pode também ser
piora, na maioria deles, tais como profundidade explicada pela quantidade proteica presente
de sondagem, nível clínico de inserção e san- no interior da bolsa periodontal após a ras-

P E R I O D O N T I A PA R A T O D O S
206
TRATAMENTO DAS DOENÇAS
PERIODONTAIS E PERIIMPLANTARES

pagem. Um estudo in vitro demonstrou que a mais pronunciada no grupo da TFDa do que
presença de sangue e conteúdo proteico re- no grupo da RAR, no entanto, sem diferença
duz a eficácia fotodinâmica in situ, porém sem significativa entre os grupos. Bolsas periodon-
afetar significantemente as taxas de morte26. tais com PS entre 4 – 6mm (moderadas) e en-
No entanto, quando em uma situação clínica, tre 1 – 4mm (rasas) demonstraram as maiores
estes dados podem ser mais prejudiciais do mudanças em termos de redução.
quem em condições in vitro. Tendo isso em
vista, propostas de protocolos de aplicações Muitos fatores podem alterar os resultados es-
múltiplas (0, 3, 7, 10 e 14 dias pós RAR) têm perados do tratamento periodontal com TFDa.
sido testadas com resultados mais animado- Várias condições tais como a concentração
res do que os protocolos de aplicação única22. da droga, o período de retenção do fármaco
A questão ainda não respondida é se a adição no interior do tecido, o tempo de resposta bio-
de um maior número de aplicações é mais efe- lógica, o pH tecidual, a presença de exsuda-
tivo devido à redução dos fatores prejudiciais tos e fluido gengival e o modo de aplicação
como sangue e conteúdo proteico, ou pela de drogas podem influenciar a resposta bio-
maior dose luminosa consequente. lógica para TFDa17. Verificou-se que apenas
fotossensibilizadores catiônicos ou não-cati-
De Oliveira et al.27, na mesma metodologia ônicos associados a estratégias capazes de
que analisaram a presença dos mediadores tornar a barreira de bactérias Gram-negativas
inflamatórios19 e dos patógenos periodontais6, permeável podem levar à morte de espécies
citados anteriormente, também analisaram Gram-negativas. Corantes fenotiazínicos são
a alteração dos parâmetros clínicos. Tanto naturalmente catiônicos e têm sido largamente
no baseline como três (3) meses após o tra- utilizados em TFDa para inativar uma grande
tamento com a TFDa e a RAR, os seguintes variedade de microrganismos Gram-positivos,
parâmetros clínicos foram analisados: pro- bactérias Gram-negativas e também células
fundidade de sondagem (PS), sangramento fúngicas28,29. O comprimento de onda do laser
à sondagem (SS), nível clínico de inserção pode ser relacionado com o dano a teciduais
(NCI), recessão gengival (RG) e índice de colaterais: em geral, os lasers de comprimento
placa (IP). Inicialmente, o índice de placa foi de onda mais curtos, tais como laser de diodo
1.0±0.6 em ambos os grupos. Após 3 meses, com um comprimento de onda de 660nm, pe-
o índice de placa foi bruscamente reduzido e netram mais profundamente nos tecidos mo-
nenhuma diferença significativa foi observada les. A extensão da penetração no tecido por
entre os grupos (TFD a e RAR). No baseline, comprimentos de onda mais curtos está rela-
57% das superfícies do grupo da TFDa e 60% cionada com a sua afinidade com tecidos pig- DA PREVENÇÃO AO IMPLANTE
no grupo com RAR mostraram sangramento à mentados e um coeficiente de absorção baixo
sondagem. No tratamento, uma grande redu- em água. O conceito da TFDa é plausível e
ção nos índices de sangramento foi observada pode promover novos protocolos terapêuticos
sendo 19% no grupo da TFDa e 21% no grupo no tratamento de doenças periodontais. O co-
com RAR (P<0.05). Uma significante redução nhecimento disponível até o momento justifica
da profundidade de sondagem e um signifi- o investimento em novas pesquisas para estu-
cante ganho no nível clínico de inserção foram dar seus efeitos17. Pode-se sugerir que modifi-
registrados em ambos os grupos com valores cações no protocolo clínico aplicado possam
maiores no baseline (P<0.05). Após 3 meses, conduzir a mudanças microbiológicas estatis-
a redução de profundidade de sondagem foi ticamente significantes.

207
05

TERAPIA FOTODINÂMICA ANTIMICRO- Quando foi utilizada na terapia não cirúrgica,


BIANA NO TRATAMENTO DAS DOENÇAS como monoterapia, a TFDa alcançou os mes-
PERIIMPLANTARES mos resultados que a raspagem com curetas
de teflon e foi proposta como uma alternati-
Como visto no capítulo anterior (Diferenças e seme- va de tratamento não invasivo para situações
lhanças no tratamento Periodontal e Periimplantar), como a mucosite (Figuras 13 a 17), onde não
as doenças periimplantares se diferem em muito há perda óssea35.
das doenças periodontais apesar de compartilha-
rem os mesmos agentes etiológicos. O grande Quando utilizada no tratamento cirúrgico da
desafio no tratamento das superfícies de implantes periimplantite induzida em cães, juntamente ao
contaminados é a sua total desinfecção, que permi- procedimento de regeneração óssea guiada,
tiria a re-osseointegração e, por conseguinte, a re- adjuvante ao debridamento mecânico, apre-
generação dos tecidos periimplantares perdidos30. sentou indícios de melhores resultados que
apenas o debridamento mecânico36. O que
O desafio de desinfecção da superfície periim- se pode concluir até então é que o tratamento
plantar não foi superado pelo tratamento mecâni- necessita ser cirúrgico, mesmo que precedido
co sem o uso de terapias adjuntas31. Um grande de um debridamento em campo fechado para
número de fármacos tem sido utilizado na tenta- melhora da qualidade tecidual da área a ser
tiva de desinfecção adicional da superfície dos operada.Em alguns casos, a TFDa pode ser
implantes, sendo geralmente os mesmos utiliza- utilizada como tratamento prévio de redução
dos na terapia auxiliar no tratamento periodontal, da inflamação de uma área de infecção agu-
porém, até então, com efeitos variados e pouco da, previamente a um procedimento cirúrgico.
consistentes32,33. A utilização de uma terapia auxi-
liar é dada como importante, principalmente pela Os estudos, tanto clínicos como em modelo
dificuldade em se debridar efetivamente as su- animal, ainda estão em um reduzido número
perfícies rugosas dos implantes atuais. para que se chegue a uma conclusão quanto
ao protocolo a ser utilizado para o tratamento
A terapia fotodinâmica antimicrobiana demonstra da periimplantite com a TFDa; os protocolos
um grande potencial na descontaminação adicio- variam desde o fármaco utilizado, como sua
nal da superfície de implantes rugosos, visto que, concentração e o tempo de espera antes da
como anteriormente explanado, ela possui um efei- irradiação com a fonte luminosa, geralmen-
to estritamente local e demonstrou ação antimicro- te, o laser de baixa potência. A nosso ver, o
biana tanto em bactérias planctônicas como em tempo de pré-irradiação deve ser o ótimo, 5
biofilmes formados (situação que possivelmente minutos26, e a exposição luminosa deve ser o
ocorre dentro das rugosidades da superfície dos maior possível conquanto que não estenda o
implantes atuais)34. Além disso, a TFDa apresen- tratamento em demasia (60 segundos). O im-
ta a vantagem de não modificar a superfícies dos portante, porém, é saber se a dose luminosa
implantes, uma característica importante para a utilizada. Diferentes tipos de lasers possuem
re-osseointegração. A manutenção da superfície muitas diferenças entre suas potências, as
intacta representará, caso a terapia seja bem su- fibras óticas utilizadas também apresentam
cedida, um contato osso-implante semelhante ao diferenças de área de superfície, dois fatores
que havia antes da infecção se instalar. Alguns es- que influenciam na dose luminosa a ser entre-
tudos em animais avaliaram a utilização da TFDa gue à área tratada. A terapia regenerativa terá
no tratamento das doenças periimplantares no tra- seus resultados de acordo com as configura-
tamento cirúrgico e não cirúrgico35,36. ções do defeito37.

P E R I O D O N T I A PA R A T O D O S
208
TRATAMENTO DAS DOENÇAS
PERIODONTAIS E PERIIMPLANTARES

13. Situação inicial. Paciente se queixava de dor na área distal do cicatriza-


dor e apresentava um quadro de mucosite.

14. Agulha romba inserida no fundo do sulco. 15. Aplicação do cloreto de fenotiazina 10mg/mL e espera de 5 minutos
seguida de irrigação com soro fisiológico.

DA PREVENÇÃO AO IMPLANTE

16. Irradiação com laser de baixa intensidade 660nm, com potência de 17. Aspecto da região 7 dias pós-tratamento. Notar redução da inflamação e
70mW e uma ponta difusora de 60º de angulação, 8mm de comprimento, aspecto normal da mucosa periimplantar.
perfazendo uma densidade de potência de 28mW/cm² e dose de aproxima-
damente 18J/cm² (60 segundos de irradiação) por sítio, 6 sítios ao redor do
cicatrizador (dose total de 108J/cm²).

209
05

Em nossa experiência, o protocolo ideal para siológico (Figura 21), irradiação por 1 minuto/
o tratamento da periimplantite com a utilização sítio (Figura 22), preenchimento do defeito
da terapia fotodinâmica consiste na remoção com biomaterial e posicionamento de mem-
de cálculo supra-gengival, abertura de um brana para a ROG (Figura 23), sutura (Figura
retalho total (Figura 18), seguido do debrida- 24). A remoção da prótese e volta à fase 1 de
mento cirúrgico e remoção de todo o tecido de instalação do implante nos parece interessan-
granulação (Figura 19), seguido da aplicação te para que se consiga um melhor resultado38.
do corante (Figura 20), espera de 5 minutos, Para uma melhor ilustração apresentamos um
remoção do excesso de corante com soro fi- caso clínico (Figuras 25 a 36).

18. Desenho esquemático de um sítio apresentando periimplantite. 19. Desenho esquemático com a remoção da prótese e exposição da área
através de um retalho total.

20. Desenho esquemático representando o debridamento do tecido de gran- 21. Aplicação do fotossensibilizador.
ulação e limpeza mecânica da superfície afetada.

P E R I O D O N T I A PA R A T O D O S
210
TRATAMENTO DAS DOENÇAS
PERIODONTAIS E PERIIMPLANTARES

22. Após a espera de 5 minutos de ação, irrigação com soro fisiológico para a remoção do excesso de fotossensibilizador.

DA PREVENÇÃO AO IMPLANTE

23. Irradiação com laser de baixa intensidade, por 1 minuto, 6 sítios por implante, totalizando 6 minutos de irradiação.

211
05

24. Posicionamento do enxerto ósseo na área afetada.

25. Posicionamento da membrana para Regeneração Óssea Guiada. 26. Sutura da ferida cirúrgica e espera de 4 meses para que se prossiga
com a reabilitação.

P E R I O D O N T I A PA R A T O D O S
212
A

B
27. Raio x periapical demonstrando perda óssea ao redor do cicatrizador. 28. A,B Aspecto clínico da região com grande profundidade de sondagem e
Paciente faltou à consulta de acompanhamento para a remoção da sutura e fístula na área vestibular.
prosseguimento da reabilitação protética. Retornou 3 meses após com um
quadro de periimplantite.

A B
29. A,B Aplicação do cloreto de fenotiazina 10mg/mL ao redor do implante e diretamente na fístula (A). Aspecto da área após aplicação da Terapia Fotodinâmi-
ca Antimicrobiana: após aguardar 5 minutos para a sensibilização, a área foi irrigada com soro fisiológico para a remoção dos excessos de fotossenssibiliza-
dor. A fístula foi irradiada com uma ponta difusora acoplada a um LASER de baixa potência (70mW) por 60 segundos, totalizando uma dose de 18J/cm². O
mesmo protocolo foi seguido nos seis sítios da bolsa periimplantar, totalizando 126J/cm² ao final da aplicação (B).

DA PREVENÇÃO AO IMPLANTE

A B
30. A,B Resultado da TFDa pré-operatória. Fechamento da fístula e resolução da fase aguda da lesão, porém a profundidade de sondagem e sangramento
perduraram (A). Aspecto da região após exposição com retalho total e remoção do tecido de granulação. Foi realizada a limpeza mecânica da região por meio
de fricção com gaze estéril e curetas de teflon (B).

213
05

A B C
31. A-C Aplicação do cloreto de fenotiazina 10mg/mL,espera de 5 minutos, irrigação com soro fisiológico para a remoção dos excessos de fotossensibilizador.
A área vestibular frenestrada foi irradiada com uma ponta difusora acoplada a um LASER vermelho (660nm) de baixa potência (70mW) por 60 segundos, total-
izando uma dose de 18J/cm². O mesmo protocolo foi seguido nos seis sítios do defeito infraósseo, totalizando 126J/cm² ao final da aplicação (A).Aspecto do
pós-cirúrgico imediato após preenchimento do defeito com enxerto ósseo e posicionamento de membrana colágena em dupla camada (B). Raio-x periapical
3 meses pós-cirúrgico demonstrando preenchimento do defeito (C).

A B
32. A,B Aspecto da área após 3 meses (A). Aspecto clínico da área após 1 ano (B).

A B C
33. A-C Raio-x periapical da área após 1 ano (A). Aspecto da área na reabertura para instalação do cicatrizador (B). Aspecto final pós-instalação do
cicatrizador (C).

A B
34. A,B Remoção do cicatrizador para aplicação da TFDa anteriormente à instalação do pilar protético (A). Aplicação do cloreto de fenotiazina 10mg/mL (B).

P E R I O D O N T I A PA R A T O D O S
214
TRATAMENTO DAS DOENÇAS
PERIODONTAIS E PERIIMPLANTARES

CONCLUSÃO

Com base na literatura disponível e em nossa


experiência, a TFDa ainda aparece como um tra-
tamento adjuvante promissor em casos de do-
ença periodontal, principalmente na periodontite
agressiva casos com envolvimento sistêmico
como o Diabetes tipo 2, como substituto aos an-
timicrobianos sistêmicos. O potencial da utiliza-
ção de um protocolo de aplicações múltiplas ou
A a extensão do tempo de irradiação do laser ain-
da deve ser explorado para melhor compreen-
são e estabelecimento de um protocolo ótimo. A
grande variedade de fotossensibilizadores com
diferentes concentrações, além dos diferentes
lasers utilizados (diferentes potências, fluências
e fibras óticas), torna difícil o entendimento dos
protocolos. Para driblar essas dificuldades, o clí-
nico deve estar atento à dose luminosa utilizada
nos estudos para melhor estabelecimento de um
protocolo e entendimento dos resultados.
B
35. A,B Depois de passados 5 minutos, irrigação com soro fisiológico (A). A utilização da TFDa pode se estender a qual-
Irradiação com laser por 60 segundos através de ponta difusora (B).
quer situação em que uma desinfeção tópica é
bem vinda. Por exemplo, na desinfecção da co-
nexão interna de implantes antes da instalação
do pilar protético e em caso de exposição de
membranas. A utilização neste último, porém,
ainda é incipiente, e estudos comparativos de-
vem ser conduzidos para testar a eficácia deste
frente aos protocolos já estabelecidos utilizan-
do antimicrobianos sistêmicos.

DA PREVENÇÃO AO IMPLANTE
No tratamento das doenças periimplantares, a
TFDa tem demonstrado uma eficiência razoável
em nossa experiência. A literatura científica ain-
da é escassa e necessita de mais estudos para
a comprovação da eficácia, além do aumento de
possibilidade de re-osseointegração.

36. Aspecto final do provisório 90 dias após cimentação.

215
05

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Takasaki AA, Aoki A, Mizutani K, Schwarz F, Sculean A, 11. Sigusch BW, Engelbrecht M, Volpel A, Holletschke A,
Wang CY, et al. Application of antimicrobial photodynamic Pfister W, Schutze J. Full mouth antimicrobial photodynam-
therapy in periodontal and peri-implant diseases. Periodon- ic therapy in Fusobacterium nucleatuminfected periodon-
tol 2000. 2009;51:109-40. titis patients. Journal of Periodontol. 2010; 81(7):975-981.

2. Luan XL, Qin YL, Bi LJ, Hu CY, Zhang ZG, Lin J, et al. His- 12. Chan Y, Lai CH. Bactericidal effects of different laser
tological evaluation of the safety of toluidine blue-mediated wavelengths on periodontopathic germs in photodynamic
photosensitization to periodontal tissues in mice. Lasers therapy. Lasers in Medical Science.2003;18(1):51-5.
Med Sci. 2009 Mar;24(2):162-6.
13. Sarkar S, Wilson M. Lethal photosensitization of bacteria
3. Braham P, Herron C, Street C, Darveau R. Antimicrobi- in subgingival plaque from patients with chronic periodonti-
al photodynamictherapy may promote periodontal healing tis. Journal of Period. Res. 1993; 28(3):204-210.
through multiple mechanisms. Journal of Periodontol. 2009;
80(11):1790-1798. 14. Dobson J, Wilson M. Sensitization of oral bacteria in bio-
films to killing by light from a low-power laser. Archives of
4. Fontana CR, Abernethy AD, Som S, Ruggiero K, Doucette oral biology 1992; 37(11):883-887.
S, Marcantonio RC, Boussios CI, Kent R, Goodson JM, Tan-
ner AC, Soukos NS. Theantibacterial effect of photodynamic 15. Komerik N, Nakanishi H, MacRobert AJ, Henderson B,
therapy in dental plaque-derived biofilms. Journal of Period. Speight P, Wilson M. In vivo killing of Porphyromonas gin-
Res. 2009; 44(6):751-759. givalis by toluidine blue-mediated photosensitization in an
animal model. Antimicrobial Agents and Chemotherapy
5. Goulart Rde C, Bolean M, Paulino Tde P, Thedei G, Jr., 2003; 47(3):932-940.
Souza SL, Tedesco AC, Ciancaglini P. Photodynamic thera-
py in planktonic and biofilm cultures of Aggregatibacter ac- 16. Polansky R, Haas M, Heschl A, Wimmer G. Clinical ef-
tinomycetemcomitans. Photomedicine and Laser Surgery fectiveness ofphotodynamic therapy in the treatment of peri-
2010; 28 Suppl 1:S53-60. odontitis. Journal of Clin Periodontol 2009; 36(7):575-580.

6. Novaes AB, Jr., Schwartz-Filho HO, de Oliveira RR, Feres 17. Ruhling A, Fanghanel J, Houshmand M, Kuhr A, Meisel
M, Sato S, Figueiredo LC. Antimicrobial photodynamic ther- P, Schwahn C, Kocher T. Photodynamic therapy of persistent
apy in the non-surgical treatment of aggressive periodonti- pockets in maintenance patients-a clinical study. Clinical
tis: microbiological profile. Lasers in medical science 2012; Oral Investigations 2010; 14(6):637-644.
27(2):389-395.
18. Giannopoulou C, Cappuyns I, Cancela J, Cionca N,
7. Braun A, Dehn C, Krause F, Jepsen S. Short-term clinical Mombelli A. Effect of Photodynamic Therapy, Diode Laser
effects of adjunctive antimicrobial photodynamic therapy in and Deep Scaling on Cytokine and Acute-Phase Protein
periodontal treatment: a randomized clinical trial. Journal of Levels in Gingival Crevicular Fluid of Residual Periodontal
Clin Periodontol. 2008;35:877-884. Pockets. Journal of Periodontol. 2011

8. Lui J, Corbet EF, Jin L. Combined photodynamic and 19. de Oliveira RR, Schwartz-Filho HO, Novaes AB, et al. An-
low-level laser therapies as an adjunct to nonsurgical timicrobial photodynamic therapy in the non-surgical treat-
treatment of chronic periodontitis. Journal of Period. Res. ment of aggressive periodontitis: cytokine profile in gingival
2011;46:89-96. crevicular fluid, preliminary results. Journal of Periodontol
2009;80:98-105.
9. Theodoro LH, Silva SP, Pires JR, et al. Clinical and micro-
biological effects of photodynamic therapy associated with 20. Ge L, Shu R, Li Y, Li C, Luo L, Song Z, et al. Adjunctive
nonsurgical periodontal treatment. A 6- month follow-up. effect of photodynamic therapy to scaling and root planing
Lasers in Med Sci 2011. in the treatment of chronic periodontitis. Photomedicine and
Laser Surgery. 2011;29(1):33-7.
10. Chondros P, Nikolidakis D, Christodoulides N, Rossler R,
Gutknecht N,Sculean A. Photodynamic therapy as adjunct 21. Al-Zahrani MS, Austah ON. Photodynamic therapy as
to non-surgical periodontal treatment in patients on peri- an adjunctive to scaling and root planing in treatment of
odontal maintenance: a randomized controlled clinical trial. chronic periodontitis in smokers. Saudi Medical Journal.
Lasers in Med Sci 2009; 24(5):681-688. 2011;32(11):1183-8.

P E R I O D O N T I A PA R A T O D O S
216
TRATAMENTO DAS DOENÇAS
PERIODONTAIS E PERIIMPLANTARES

22. Lulic M, Leiggener Gorog I, Salvi GE, Ramseier CA, Mat- 32. Ntrouka VI, Slot DE, Louropoulou A, Van der Weijden
theos N, Lang NP. One-year outcomes of repeated adjuncti- F. The effect of chemotherapeutic agents on contaminated
ve photodynamic therapy during periodontalmaintenance: a titanium surfaces: a systematic review. Clin Oral Implants
proof-of-principle randomized-controlled clinical trial. Jour- Res. 2011 Jul;22(7):681-90.
nal of Clin Periodontol. 2009;36(8):661-6.
33. Schwarz F, Sahm N, Iglhaut G, Becker J. Impact of the
23. Christodoulides N, Nikolidakis D, Chondros P, Becker method of surface debridement and decontamination on
J, Schwarz F, Rossler R, et al. Photodynamic therapy as the clinical outcome following combined surgical therapy
an adjunct to non-surgical periodontal treatment: aran- of peri-implantitis: a randomized controlled clinical study. J
domized, controlled clinical trial. Journal of Periodontol. Clin Periodontol. 2011 Mar;38(3):276-84.
2008;79(9):1638-44.
34. Wood S, Nattress B, Kirkham J, Shore R, Brookes S,
24. Cappuyns I, Cionca N, Wick P, Giannopoulou C, Mom- Griffiths J, et al. An in vitro study of the use of photo-
belli A. Treatment of residual pockets with photodynamic dynamic therapy for the treatment of natural oral plaque
therapy, diode laser, or deep scaling. A randomized, split- biofilms formed in vivo. J Photochem Photobiol B. 1999
mouth controlled clinical trial. Lasers in Med Sci. 2011. May;50(1):1-7.

25. Azarpazhooh A, Shah PS, Tenenbaum HC, Goldberg 35. Hayek RR, Araujo NS, Gioso MA, Ferreira J, Baptista-So-
MB. The effect of photodynamic therapy for periodontitis: a brinho CA, Yamada AM, et al. Comparative study between
systematic review and meta-analysis. Journal of Periodon- the effects of photodynamic therapy and conventional ther-
tol. 2010;81(1):4-14. apy on microbial reduction in ligature-induced peri-implanti-
tis in dogs. J Periodontol. 2005 Aug;76(8):1275-81.
26. Bhatti M, MacRobert A, Meghji S, Henderson B, Wilson
M. Effect of dosimetric and physiological factors on the le- 36. Shibli JA, Martins MC, Ribeiro FS, Garcia VG, Nociti FH,
thal photosensitization of Porphyromonas gingivalis in vitro. Jr., Marcantonio E, Jr. Lethal photosensitization and guid-
Photochem Photobiol. 1997 Jun;65(6):1026-31. ed bone regeneration in treatment of peri-implantitis: an
experimental study in dogs. Clin Oral Implants Res. 2006
27. de Oliveira RR, Schwartz-Filho HO, Novaes AB, Jr., Taba Jun;17(3):273-81.
M, Jr. Antimicrobial photodynamic therapy in the non-sur-
gical treatment of aggressive periodontitis: apreliminary 37. Schwarz F, Sahm N, Mihatovic I, Golubovic V, Becker J.
randomized controlled clinical study. Journal of Periodontol. Surgical therapy of advanced ligature-induced peri-implan-
2007;78(6):965-73. titis defects: cone-beam computed tomographic and histo-
logical analysis. J Clin Periodontol. 2011 Oct;38(10):939-49.
28.Dai T, Huang YY, Hamblin MR. Photodynamic therapy for
localized infections--state of the art. Photodiagnosis and 38. Schwarz F, Jepsen S, Herten M, Sager M, Rothamel D,
Photodynamic Therapy. 2009;6(3-4):170-88 Becker J. Influence of different treatment approaches on
non-submerged and submerged healing of ligature induced
29.Jori G, Fabris C, Soncin M, Ferro S, Coppellotti O, Dei peri-implantitis lesions: an experimental study in dogs. J
D, et al. Photodynamic therapy in the treatment of microbi- Clin Periodontol. 2006 Aug;33(8):584-95.
al infections: basic principles and perspective applications.
Lasers in Surg and Med. 2006;38(5):468-81.

30. Persson LG, Berglundh T, Lindhe J, Sennerby L. Re-os- DA PREVENÇÃO AO IMPLANTE


seointegration after treatment of peri-implantitis at different
implant surfaces. An experimental study in the dog. Clin
Oral Implants Res. 2001 Dec;12(6):595-603.

31. Kotsovilis S, Karoussis IK, Trianti M, Fourmousis I. Ther-


apy of peri-implantitis: a systematic review. J Clin Periodon-
tol. 2008 Jul;35(7):621-9.

217
ISBN 978-85-60842-49-0

Você também pode gostar