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A carga imagética de Cristo com Vercingetorix na difusão da fé

Jáder José Oliveira Vieira1

Resumo: Perante a nossa distância histórica entre a Idade Antiga se


perdeu um certo rito de rendição que existia e perpassava a extinção de uma
monarquia por uma grande humilhação no sentido cívico para alimentar a
violência com a finalidade da gratuidade e da publicidade acrítica e laudatória
dos generais romanos mas na história vista de baixo, pelos ângulos dos que
foram derrotados a imagem caucasiana do herói fora cristianizada na tentativa
de propagar a fé dos gentios da Gália pois o mesmo suplicio destinado a Jesus
fora prática comum na guerra de regecídio promovida pelo imperialismo
territorial das potências hegemônicas da Europa.

Abstract: Given our historical distance between the Ancient Ages, a


certain rite of surrender that existed and permeated the extinction of a
monarchy was lost by a great humiliation in the civic sense to fuel violence for
the purpose of gratuity and the uncritical and laudatory publicity of the Roman
generals but in history seen from below, from the angles of those who were
defeated, the Caucasian image of the hero had been Christianized in an attempt
to propagate the faith of the Gentiles of Gaul, since the same torture aimed at
Jesus was a common practice in the war of regicide promoted by the territorial
imperialism of the powers. hegemonies of Europe.

Palavras-chave: Arte Medieval, Vercingetorix, Jesus, Última Ceia,


História.

Keywords: Medieval Art, Vercingetorix, God, Last Supper, History.

***
I. O grande martírio do inimigo número um de Roma.

‘’No decorrer da Idade Média, a maior parte das escolas e das


universidades do Ocidente foram instituições eclesiásticas ou controladas pela
Igreja. Note-se que, não somente nas faculdades de teologia, mas também nas
escolas de artes e de direito canônico, a proporção de padres e religiosos era
elevada e, de qualquer modo, estudantes e professores, que tivessem ou não
recebido as ordens sagradas, portavam a tonsura e seu estatuto era
correspondente, notadamente no plano fiscal è judiciário, àquele dos clérigos.
Não surpreende que até o final da Idade Média tenha sido no seio dá Igreja que
a maioria dos homens de saber puderam fazer carreira. ’’ (VERGER: 144) 2

Nas ciências medievais a principal representante da dialética é a filosofia


no campo da epistemologia. Dialética é a parte da filosofia que trata da
verdade ou da falsidade das proposições. No século XII, a época em que a
Gália está praticamente cristianizada, a filosofia é marcadamente de influencia

1
Graduado em História (UFC-2010) e aluno do 7º semestre de Arquitetura da
Estácio, (http://jaderarq.blogspot.com/, Jaderarqbr@Icloud.com).
2
VERGER, Jacques. Homens e Saber na Idade Média / Jacques Verger; tradução Carlota
Boto.- Bauru, SP: EDUSC, 1999
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platônica através da escola de Chartres. Grandes filósofos como Aberlado são


classificados como nominalistas por insistirem que tudo o que existe é
particular, portanto, pela simples lógica, pessoas caucasianas vão representar
Jesus com fenótipo paralelizado com a sua origem étnica por indução viciosa.

‘’A Igreja tentava elevar um povo ainda rude e mal instruído alem dos
requisitos puramente materiais, fazendo-o pressentir a existência de uma
realidade superior. Para isso, não hesitou em utilizar os recursos da arte, ao
mesmo tempo expressão de uma vida espiritual intensa - dos clérigos - e meio
para os leigos vislumbrar a grandeza e a infinita riqueza do mistério divino.”
(VAUCHEZ: 166)

A representação de Jesus como um homem branco e europeu passou


por uma critica muito forte durante esse período de pandemia do Covid-19 e
principalmente sobre como isso deixaria mais legado do racismo na sociedade
sugerindo que murais e obras de arte representando "Jesus branco" deveriam
"ser retiradas" pois essa representação de Cristo é usada para sustentar noções
de supremacia branca nas representações medievais de Leonardo da Vinci,
Michelangelo, Giotto revelaria mais que a vasta ignorância dos intelectuais da
renascença tinham sobre a fisionomia dos povos de origem semita. A partir
do século XI, durante a Baixa Idade Média, o Ocidente experimentou
transformações que originaram novas estruturas econômicas culturais,
políticas e sociais e grande desenvolvimento no campo da escultura e da arte.
Este período foi marcado por intensas mudanças, tanto no âmbito da
educação como da arquitetura mas havia ainda muitas lacunas. Estes
pensadores expressavam dúvidas acerca da metafísica aristotélica, em
particular acerca da sua eficácia em provar a existência de Deus e não a
fisionomia histórica real de Jesus até porque nenhum de seus contemporâneos
aceitaria fazer um busto sem pagar, como os escravos de César fizeram várias
esculturas dos integrantes da família dos Júlios.

Fig.1

A Última Ceia (1496). é a obra mais emblemáticas do pintor


renascentista Leonardo da Vinci (1452-1519) onde Jesus é representado com
feições caucasianas. Fonte: Igreja Santa Maria delle Grazie, em Milão (Itália).

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César aparece na historiografia nesse momento de Cônsul mas ele


prefere se ver como General então se incube da tarefa de planejador e
executor das campanhas de ataque na Gália onde ele se gaba para a
posteridade o ver como o herói que ele desejava que a posteridade o visse, na
sua infância teve muitas dificuldades, foi criado sob a direção da avó paterna
nas suas terras,embora ainda tivesse mãe viva. Com efeito, uma avó paterna
devia ser mais severa que a mãe, portanto somos levamos a concluir que a
disciplina é uma característica que vem do berço além da instrução militar, na
puberdade se casou com a filha de Mario, portanto declarado inimigo de
Roma e teve suas propriedades extorquidas na guerra com Sula. Conseguiu
passar ileso por toda convulsão social e guerras fratricidas que Roma estava
submersa, depois de adulto para se engrandecer na vida pública logrou êxito
no objetivo da subjugação de um grande país, habitado por tribos guerreiras e
amantes da liberdade.

"Tendo voltado aos seus, é Vercingetorix acusado de traição, por haver


mudado os arraiais para mais perto dos Romanos, por se haver retirado com a
cavalaria, por haver deixado tantas tropas sem chefe."(CÉSAR, XX)3

Vercingetorix, filho de um nobre arverniano poderoso e ambicioso


Celtillus, levantou a revolta contra César em 52 aC e foi aclamado rei de seu
povo e general dos confederados. Derrotado em Noviodunum Biturigum, ele
passou a privar César de suprimentos enquanto o tentava a atacar ou recusar
ingloriamente atacar um inimigo inexpugnável. A política defensiva teve um
sucesso admirável perto de Avaricum, onde César não o atacou, e em
Gergóvia, onde o fez.

‘É o negócio cometido ao sufrágio universal. Todos a uma voz


confirmam a Vercingetorix em generalíssimo. Não tomaram parte neste
concelho os Remos, Lingones, e Treviros.” (CÉSAR, LXIII)

Vercingetórix então arriscou outro ataque a César no campo, que foi


duramente derrotado, de modo que ele se retirou para outra fortaleza
preparada, Alesia. César tinha uma arma inesperada, a circunvalação, com a
qual derrotou não apenas Vercingetórix, mas também forças gaulesas
adicionais convocadas para libertar Alesia. A carreira de Vercingetórix na política e
na cavalaria mostra o quão perigosas as nações bárbaras desenvolvidas eram
para Roma, mas quão profundamente silvícola, uma vez derrotadas,
sucumbiram ao domínio estrangeiro.

3
C. Julius Cesar (100-44 A.C.). Comentários (De Bello Gallico).Tradução:Francisco
Sotero dos Reis.Edição eBooksBrasil.2001.

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Fig.2

Vercingetorix[72-46 a.C](52 a.C). Este é uma moeda cunhada com a


efígie do Rei Gaulês. Fonte: Josse / Leemage / AFP.
Vercingetorix foi conduzido a Roma, onde ornou o triunfo de Cesar, e
depois rendeu-se e foi condenado à morte após o triunfo de César (46 aC).
‘’[...]Vercingetorix, convocado concelho dos seus, demonstra-lhes que
havia empreendido a guerra, não por interesse seu particular, mas pela
liberdade comum, e pois que se tinha de ceder à fortuna, se lhes oferecia para
uma das duas coisas, ou para com a sua morte satisfazerem aos Romanos, ou
para o entregarem vivo aos mesmos, como melhor entendessem. São a tal
respeito mandados embaixadores a Cesar, que ordena sejam entregues as armas
e trazidos à sua presença os chefes, Estabeleceu o mesmo o seu tribunal num
forte em frente dos arraiais: são para ali levados os chefes; rende-se-lhe
Vercingetorix, são depostas as armas..” (CÉSAR, LXXXIX)

Ele nunca foi aparentemente venerado como um herói nacional mas


penetrou no inconsciente coletivo uma peça chave no mundo da arte para a
conversão dos povos franco germânicos.

***
Fontes
https://www.persee.fr/doc/numi_0484-8942_2004_num_6_160_2550/(Acessado em
Nov/2021).
https://super.abril.com.br/blog/oraculo/quem-inventou-a-imagem-do-jesus-8220-europeu-8221-
branco-e-de-olhos-claros/(Acessado em Nov/2021).
https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/noticia/2020/08/como-jesus-cristo-passou-
ser-representado-como-um-europeu-branco.html/(Acessado em Nov/2021).

Bibliografia
C. JULIUS CESAR (100-44 A.C.). Comentários (De Bello Gallico).Tradução:Francisco
Sotero dos Reis.Edição eBooksBrasil.2001.
VAUCHEZ, André. A espiritualidade na Idade Média Ocidental: séculos VIII a XIII.
Trad.: Lucy Magalhães. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1995.
VERGER, Jacques. Homens e Saber na Idade Média / Jacques Verger; tradução Carlota
Boto.- Bauru, SP: EDUSC, 1999

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