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Escrever sobre o violino, neste econômico espaço, é mais ou menos como escrever
sobre a historia das dinastias Egípcias em um almanaque de banca de jornal: inviável.
Assim, seria melhor tratar do violino enquanto objeto de luthieria. Com isso,
restringiríamos, ainda que injustamente, a execução musical, a historia, o polêmico e
mítico Stradivarius, etc.
Contudo, uma obra completa e detalhada sobre a luthieria do violino é, mais do que
um livro, um tratado. Ainda não é o momento para essa epopéia. Poupamos, desse
modo, todas as polemicas - muitas seculares - sobre acústica, bombaturas, formas,
medidas, etc. Falemos, em suma, sobre as fases de fabricação de um violino.
Não pense o leitor que, com isso, estamos nos desculpando e fugindo do tema, apos
ousarmos escrever sobre ele… A proposta é saciarmos alguma curiosidade e
fomentarmos outras, além de ilustrar essa artesania que se configura, talvez, como o
mais elevado desafio da luthieria.
O violino é a fina flor dos instrumentos de arcos. A precisão do luthier deve ser a
mesma do espessimetro: décimos de milimetros. E não é brincadeira.
1) Escolha da madeira:
Abete
Cada madeira possui qualidades diversas que são verificadas na hora da compra. Por
exemplo, o acero deve ter o desenho das fibras semelhante ao longo da grossura da
madeira. De outro modo, compromete a simetria, apos a colagem e bombatura.
É fundamental que as madeiras estejam muito bem secas. Isso se vê ao toque, apos o
corte e pela serragem formada. Madeiras mais densas secam mais devagar.
Usa-se, normalmente, cola animal, rica em colágeno, para fazer essa união. A
plainagem das superfícies de colagem deve ser perfeita.
Apos colados, tampo e fundo devem ser plainados na face plana, deixando a face em
angulo para a bombatura.
3) desenho e corte:
O desenho do formato do violino deve ser feito em um molde, perfeitamente simétrico,
e usado para riscar tampo e fundo igualmente.
Apos o corte ao longo do risco, mantendo-se uma folga de uns 2 milímetros, se faz o
margeamento, com auxílios de limas, plaininhas ou laminas, segundo o método
tradicional.
4) Bombatura:
O tampo ou fundo deverão ser presos numa forma apropriada para se trabalhar a
bombatura. Essa forma deve ser ajustável. Utiliza-se um foco de luz de forma radente,
ou seja, lateral ao trabalho, de forma a destacar os defeitos e imperfeições, com a
sombra.
Deve-se atentar às fibras das madeiras, conforme a madeira e a peça. O acero possui
as fibras muito revezadas e deve ser trabalhado mais lateralmente.
O abete, por sua vez, é mais mole e é fácil passar do ponto, pois as plaininhas cortam
muito.
Feito o esboço e corrigidas as falhas, acerta-se a espessura das margens com auxilio
de um graminho.
Regular a altura é um serviço importante e deve-se atentar para que ela fique regular.
Pode-se utilizar uma lixa com uma guia, ou seja, um calço da altura deseja, lixando-se
o tampo ou fundo sobre uma superfície plana.
5) Sulco:
Mais uma vez a grossura da borda deve ser ajustada, dessa vez em definitivo, com
espessura variando entre 3,5 e 4,5 mm. Prossegue-se com um novo sulco e
reacertando a bombatura.
Essa ultima vez deve ser feita com cuidado, pois o sulco não poderá ser muito
profundo, para não comprometer o corte onde será colado o filete. Também é a hora
de acertar a altura máxima final do tampo e fundo (aproximadamente 15 mm) e
suavizar as curvas e desníveis, com as plaininhas, deixando em ponto de acabamento
com as raspadeiras.
A bombatura, alturas e grossuras dependem muito do gosto e personalidade do
luthier. No entanto, deve-se considerar os ajustes posteriores necessários para não se
comprometer o som.
6) filetatura:
Os riscos devem ser aprofundados com uma faca bem afiada e de lamina fina. Deve-
se atentar para não perfurar a peça, principalmente o abete.
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Uma vez pronto o canal, adiciona-se o filete. Este deve ser cortado na medida exata e
testado antes de ser colado. As junções devem ser cortadas em diagonal e o encaixe
deve ser perfeito, de modo que as faixas do filete não fiquem truncadas.
Uma vez cortados e testados os filetes, devem ser colados com cola animal. A cola
deve ser adicionada de modo que os filetes sejam inseridos, primeiramente, no meio,
e pressionados em direção às pontas. Assim, a cola, pressionada no decorrer da
inserção, vaza em direção aos angulo, onde a colagem é mais difícil. Com isso evita-
se também a formação de “bolhas” no meio do canal.
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Apos a colagem e secagem, os filetes devem ser aparados com uma goiva. Aproveita-
se para limpar o excesso de cola que vazou sobre a peça. Lembre-se que esse
excesso é importante e reflete a qualidade da colagem.
O acabamento começa com a raspadeira. As raspadeiras podem ser feitas com folhas
de aço de diferentes grossuras e cortadas com formatos de acordo com a
necessidade. As raspadeiras mais finas servem para deixar a superfície mais lisa,
enquanto que as mais grossas servem para corrigir falhas na bombatura.
Não se pode esquecer do limite marginal, marcado pelo sulco feito com a goiva
Uma vez pronta a bombatura, segue-se com a escavação da parte interna. Essa fase
é importantíssima par o resultado sonoro do instrumento. Além disso, é um trabalho
extremamente delicado, pois qualquer erro pode ser fatal. A espessura do tampo
chega a ser tão fina que ele se torna quase transparente, quando se poe contra um
foco de luz. É claro que o fato do abete ser composto por muita resina aumenta o grau
de translucidez, mas mesmo assim a espessura pode, em certos casos, chegar a
1,5mm.
Num primeiro momento, se desenho as margens, e local de colagem dos reforços das
laterais. Deve-se prever para essa margem a borda do tampo (que avança além da
face), a espessura da face e da contraface, além de ter sempre em mente o sulco feito
na bombatura, onde a espessura é a mais fina da peça.
O processo de escavação deve ser iniciado com auxilio de goivas e depois, com
plaininhas de fundo convexo.
Essa fase de esboço da escavação deve ser sempre controlada com o uso do
espessimetro. Os pontos com a espessura desejada devem ser assinalados e não
mais tocados. Lembre-se que a goiva faz um serviço mais pesado, por isso deve-se
trabalhar com cautela.
Se não forem adquiridas semi-prontas, as faixas laterais devem ser cortadas com
aproximadamente 1,5mm de grossura, de modo a ficarem com 1,2mm após passarem
pelo rolo de lixa. Devem ser lixadas dos dois lados, de modo a ficarem com grossura
homogênea e sem defeitos em ambos os lados. Se a madeira, no caso acero, for
muito revezada e pouco densa, pode-se deixar um pouco mais grosso, até 1,3mm.
Em seguida, prende-se as folhas de madeira na mesa com fita de duplo adesivo, de
modo a deixar uma face totalmente exposta para o trabalho. Segue-se, então, com a
raspagem, usando-se uma raspadeira mais dura, bem reta e muito bem afiada. A
raspadeira deve ser passada na diagonal em relação ao comprimento da faixa.
Feito um lado, deixando a faixa com 1,1mm, inverte-se o lado e faz-se o mesmo, até
chegar a 1 mm, e não menos.
Segue-se com a seleção das faixas laterais. Interessa, nesse momento, a simetria de
ambos as laterais do violino e a continuidade do desenho ao longo da mesma lateral.
Assim, toda a venatura e inclinação desta devem ser continuas, invertendo nas
extremidades superior e inferior, onde se vê a simetria.
Se for utilizada a forma externa, pode-se prender o pedaço curvado na forma e passar
a resistência por dentro, corrigindo as ondulações.
O excesso de comprimento será corrigido depois que todos os lados forem curvados.
Ao se curvar os “Cs”, estes devem ser cortados no comprimento, com pouca margem,
de modo que se possa obter uma curvatura precisa nos locais de contato com as
outras faixas.
Começa-se pelas pontas dos “C”. Estes devem ser feitos em blocos de madeira leve e
macia, fácil de cortar com formão e goivas. O corte é feito com transferência do
desenho do encaixe e ajuste com goiva e, eventualmente, lumas curvas. Todas as
superfícies devem ter contato e as pontas das faixas não podem se afastar quando se
pressiona o reforço.
Feitos os reforços das pontas dos “Cs”, faz-se os das extremidades superior e inferior.
Porém, primeiro, deve-se fixar os já ajustados com grampos, pois é hora de cortar as
faixas das extremidades. A Faixa do “C” deve estar precisamente encaixada. Também
as outras quatro faixas devem tocar a forma e todos os pontos. Para isso, usa-se
molas ao longo da forma.
A extremidade superior não precisa ter um contato perfeito, pois será feito o encaixe
do braço nesse ponto.
É fundamental colocar uma tira de papel revestido com plástico nos pontos onde a
cola pode vazar, ou seja, em todos os contatos entre as faixas laterais, evitando que a
lateral cole na forma.
Após a colagem, que é feita com pincel, espera-se um dia até o momento de plainar a
lateral.
A plainagem é feita com plaina comum, bem afiada e com pouca lamina, podendo-se
intercalar entre a de médio e a de grande porte, dependendo do ponto a ser plainado.
Deve-se controlar, no entanto, a largura das faixas, que devem ser mantidas em 30
mm.
A plaina deve seguir as linhas das curvas laterais, começando-se, sempre, pelos
cantos dos “Cs”, para que esses não se rompam.
13) Contrafaixa
As contrafaixas são tiras de madeira macia e leve, com 1 cm de largura por 1,5 mm,
aproximadamente, de grossura.
São coladas com cola branca mesmo e pressionadas por molas de aço.
Após serem coladas, tira-se o excesso, planando-se como se fez com as laterais
coladas. Por dentro, o excesso é tirado com faca e o acabamento é feito com a
raspadeira.
Depois de passada a cola, recoloca-se as molas e limpa-se a parte externa com pincel
seco e, em seguida, uma estopa com água quente.
Prossegue-se com a volta toda, atentando-se para os locais onde estão os reforços,
em que a cola deve ser mais abundante e mais bem espalhada. Os reforços sugam a
cola, por estarem cortados de “topo” na superfície de colagem, por isso a cola deve
ser abundante.
Depois de colado o fundo, retira-se as molas e cola-se a etiqueta - com cola branca.
Em seguida, recoloca-se as molas, desta vez prendendo o tampo. Atenção para as
distancias da borda, que devem está homogêneas, e a centralização.
16) Braço:
Corta-se o perfil na serra de fita e faz-se a furaçao das cravelhas. Porém, essa furaçao
deve ser precisa, de modo que os furos se encontrem no meio, vindo de ambos os
lados. De outro modo, ficara difícil alinhar as cravelhas na hora de ajustá-las.
Em seguida, ajusta-se precisamente o perfil, seguindo o desenho de ambos os lados.
Esse ajuste do dorso do braço é feito com plaininhas, grosas e limas largas. Pode-se
utilizar, também, uma lixa grossa colada numa régua de madeira.
A escala será colada a partir do capo traste, que devera estar bem marcado, com
largura de 24 mm e devera tem aprox. 33 mm numa distancia de 13 mm do capo
traste. Porém, deve-se trabalhar com margem de 1 ou 2 mm.
17)Voluta:
O primeiro passo para se fazer a voluta é fazer um bom desenho. O “caracol” deve
ser proporcionado e suave. Para isso, se ajusta o quanto for necessário o desenho
antes de se começar a cortar, atentando à simetria das volutas. Cada luthier acaba
tendo uma voluta própria, de acordo com suas aptidões, gosto e capacidade.
Em seguida, começa-se a tirar o excesso de madeira, com um serrote leve, manual.
O sulco pode ser limpo e corrigido com raspadeiras com diferentes curvas, de acordo
com a profundidade do sulco.
A base onde está sendo feito o sulco deve estar limitada na borda externa, cuja altura
varia de acordo com a proximidade do centro. Pode-se usar um modelo para controlar
a altura das paredes da voluta. O importante é que seja proporcionada, ou seja, a
altura dos olhos não pode ser muito maior a altura no nível intermediário que, por sua
vez, equivale à metade da largura da parte mais estreita do riccio, localizada na
extremidade superior do braço. Essas alturas devem ser controladas
preferencialmente olhando-se a voluta de frente, verificando-se a simetria dos dois
lados, de modo que o “cocho” ou ganasce fique na altura dos olhos.
18) Dorso:
Antes de se começas a sulcar o dorso do riccio, esboça-se a curva da parte final deste
dorso, seguindo o desenho do modelo, que deve ser bem simétrico. O esboço pode
ser feito com grosas, facas e limas.
As goivas devem cortar as fibras, ou seja, atacar no sentido das fibras, e não contra,
para não quebra-las.
Feitos os sulcos, que devem respeitar a linha central do dorso e os chanfros,
externamente, prossegue-se com as raspadeiras, que devem ter diferentes curvas, de
acordo com o ponto a ser raspado.
O acabamento da voluta, neste ponto é feito com limas finas e curvas, acertando-se o
ponto de encontro entre a voluta e a ganasce.
Em seguida, se risca o limite interno das paredes do cocho, que tem grossura de,
aproximadamente, 5 mm. O limite inferior do cocho ou ganasce dista 6 mm da linha do
início da escala. Isto significa que o capo traste tera em torno de 6 mm de grossura.
O limite superior deve se feito de acordo com o que se consegue alcançar e trabalhar
com certo conforto os formões. Este limite pode ser feito depois que for feita a
escavação, de modo deixar a parede o mais lisa possível.
A escavação é feita com formão pequeno (5 mm está bom) e bem afiado. Trabalha-se
sempre com uma margem de 1 ou 2 mm do risco, pois os veios do acero são
imprevisíveis e podem quebrar, avançando o risco. Começa-se escavando no sentido
escala-voluta, aproveitando o sentido das fibras do braço. Conforme se vai escavando,
aproveita-se para acertar internamente as paredes, atentando para não entrar com o
formão.
O ajuste das paredes internas deve ser feito com formao mais largo, mas é muito fácil
entacar “para dentro”, isto é, entrar com o formão num angulo menor do que 90° em
relação ao plano da escala, o que faz com que as paredes fiquem muito finas quando
vão se aprofundando. Na verdade, é bom que elas sejam ligeiramente mais grossas
na parte inferior, em relação à borda superior, para que fiquem mais fortes nos furos
das cravelhas e previnam rachaduras nesses pontos.
O fundo do cocho deve ser feito com 1 ou 2 mm mais profundos do que os furos das
cravelhas. Deve-se estar extremamente atento para não vazar para os sulcos do
dorso. Por outro lado, um cocho muito raso trava as cordas e impede que a cravelha
gire com suavidade.
O chanfro nas paredes internas do cocho pode ser feito ou não, de acordo com o
gosto do luthier ou cliente. No entanto, interessa que as grossuras das paredes sejam
bem homogêneas ao longo do cocho e simetricamente.
O limite superior pode ser ajustado depois de atingida a profundidade desejada. Para
isso, utiliza-se um calço de cortiça ou espuma resistente, para evitar que se marque a
voluta com o formão.
Em todo caso, as curvas do braço acabam sendo feitas muito de acordo com a
experiência, caráter e gosto do luthier.
O ajuste do “salto”, onde se encaixara o braço na caixa harmônica, deve ser apenas
esboçado, pois o acabamento propriamente é feito depois de colado.
Tais medidas devem ser transferidas para a caixa harmônica, tomando-se por linha
central a ligação entre as juntas do tampo e do fundo, se estas estiverem bem
centradas. Senão, deve-se encontrar o centro da caixa harmônica medindo-a. Não
esquecer que o plano do braço onde será colada a escala não ficara na mesma altura
do tampo, mas uns 6 mm mais alto.
Considerações:
- todo o processo de alinhamento deve ser feito com a escala provisoriamente colada,
com algumas gotas pequenas de cola branca, de modo que se possa retirar depois. A
escala colada permite melhor visualização das variáveis envolvidas no alinhamento.
A colagem deve ser feita com cola animal quente, passada abundantemente em todas
as superfícies de contato. Em seguida, encaixa-se bem braço e faz-se pressão com
auxilio de molas ou grampos.
23) cravelhas:
A partir dos furos feitos no cravelhal, com auxilio de um alargador cônico de cravelhas
apropriado para violinos, abrir os furos controladamente. O controle é feito testando-as
as cravelhas já apontadas, de modo restem cerca de 14 mm até o limite da
“borboleta”, ou seja, deve haver 14 mm entre o primeiro anel da cravelha e o furo de
inserção. Essa margem confere conforto no momento da afinação.
As pontas em excesso das cravelhas devem ser cortadas. O acabamento pode ser
feito plano ou arredondado.
O desengrosso é feito com uma plaina pequena, bem afiada, com pouca lamina e
usada na diagonal, para não quebrar os recortes e adornos.
Uma vez encontrada a grossura desejada, parte-se para o ajuste dos pezinhos. Isso é
necessário para que o cavalete fique bem estável sobre o tampo e para se ajustar a
sua inclinação.
Esse ajuste é feito com auxilio de um “carrinho”, preso ao cavalete, que permite um
deslizamento ao longo do comprimento do tampo. Sobre o tampo é preso um pedaço
de lixa, de modo a acompanhar a sua bombatura. Desliza-se o cavalete, no angulo
desejado, sobre o tampo com a lixa até que os pezinhos gastos toquem totalmente a
superfície do tampo.
O angulo do cavalete deve ser feito de modo que fique a 90° em relação ao tampo no
lado voltado para o cordal. O outro lado é o que será mais inclinado. Essa inclinação é
feita de modo a distribuir equivalentemente os ângulos das cordas nos pontos de
apoio sobre o cavalete, em ambos os lados (da escala e do cordal).
A altura do cavalete é ajustada de acordo com o gosto e conforto do musico, mas varia
de acordo com o diâmetro e a tensão da corda.
Sob o capotrasto inferior, na metade da largura da faixa lateral, bem na junção entre
as duas partes, insere-se o end pin, que é o pino onde será preso o nylon que
sustenta a tensão das cordas. O pino é comprado pronto em muitos modelos.
O furo deve ser feito com uma broca de diâmetro ligeiramente menor do que o
diâmetro da ponta do pino, pois a cavilha do pino é um tronco de cone. O furo deve ser
feito atravessando todo o reforço, de modo a permitir que se veja o interior da caixa
harmônica. Isso será importante para se ajustar a alma.
Feito o furo, deve-se ajusta-lo à medida da cavilha, com auxilio do alargador utilizado
para as cravelhas. O pino deve entrar justo, mas jamais será colado.
26) Alma:
A alma vai presa, sem ser colada, mas apenas apoiada, sob o ponticello, distante
aproximadamente 5 mm do pé deste localizado no lado onde está apoiada a corda mi,
mais aguda.
Ela deve ser inserida pelo “f”, antes de serem adicionadas as cordas. É feito assim por
causa da tensão destas quando colocadas e afinadas, que terminara por firmar a alma
entre o tampo e o fundo. A alma tem, além da função acústica, função estrutural,
servindo de resistência à pressão das cordas sobre o cavalete.
Como função acústica, a alma permite que a vibração produzida no tampo, quando há
o ataque das cordas com o arco, seja transmitida ao fundo de maneira mais eficiente,
amplificando o som resultante. Além disso, a posição da alma no interior do
instrumento permite variações de timbres e melhora o som de uma ou outra corda.
Em primeiro lugar, mede-se a distancia entre o tampo e o fundo, nos pontos de apoio
da alma, com uma ferramenta própria para esse serviço.
Inseri-se a alma neste furo, de modo que o excesso de material que ultrapassa a
superfície do gabarito é cortado com formão ou plaininha e, em seguida, lixado. As
faces resultantes devem ser em angulo, de modo a se acomodarem na cavidade do
tampo e fundo.
Após montado o violino, a alma pode ter sua posição alterada, de modo a melhorar o
som do instrumento.
27) Acabamento:
Começa-se com uma raspadeira leve nas laterais, de modo a corrigir as imperfeições
do acero depois de aquecido e curvado.
Em seguida, pode-se usar uma lixa fina, tipo grana 180, para retirar eventuais marcas
de trabalho.
Passa-se então para lixas mais finas, sempre d’água, umedecendo a madeira com um
pano ligeiramente úmido e deixando secar antes bem antes de lixar. Isso permite que
as madeira se “arrepie” e facilite o uso da lixa.
Uma vez lixado e bastante liso, começa-se com o verniz. Há muitas receitas de verniz
e modos de aplicá-lo. Aqui, será abordado o uso do verniz a óleo, cuja secagem é
relativamente rápida e permite um bom polimento, além de ser fácil de ser aplicado no
pincel.
A primeira demão é feita no tampo, sem pigmento, pois o abete mancha-se muito
facilmente com os pigmentos e essa primeira demão o protege disso.
O que importa é o modo como se aplica o pincel. No fundo, o pincel deve ser passado
transversalmente ao sentido das fibras, pois a ondulação das veias é transversal.
Assim, eventuais marcas das pinceladas ficam camufladas.
A voluta poderá dar um pouco mais de trabalho, por ser esculpida. Porém, se a
pincelada for suave e cuidadosa, sem excesso de verniz e seguindo o desenho do
“caracol”, não será um grande problema.
Entre uma demão e outra, segue-se com uma lixagem fina, com uma lixa de grana tipo
1000 ou mais fina.
Após as varias demãos até atingir a tonalidade desejada, da-se uma última demão
geral, sem pigmento. Assim o ato do polimento não removera tão facilmente o verniz
pigmentado.
Depois disso, procede-se com o polimento, que pode ser feito com goma-laca e
boneca, politriz, cera, etc.
28) Montagem:
O ultimo passo é montar o violino. Para isso, cola-se em definitivo a escala, no seu
local exato. Em seguida, prende-se as cordas no cordal e cravelhas, insere-se o
cavalete e faz-se o ajuste da altura das cordas.
29) Conclusão:
Esses passos descritos são uma das muitas maneiras de se produzir um violino.
Algumas passagens são diferentes da escola tradicional de Cremona e pouco comuns
entre os luthier.
Outros pontos foram omitidos, não por serem “segredo” da profissão, mas para poupar
o leitor de detalhes excessivos em partes menos importantes.
Além disso, devemos considerar a liberdade com que o luthier desenvolve seu
trabalho. Não se pode ficar preso a esse método descrito.