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Construindo um Long Bow

Matéria extraída originalmente do site: http://www.toxophilos.com.br/


CONSTRUINDO UM ARCO Introdução Diante da quase inexistência de
informações sobre a construção de um arco na língua portuguesa,
decidimos por à disposição de todos que tenham acesso à Internet
informações claras e objetiva de como construir seu próprio arco. Não só
algo que consiga disparar uma flecha de qualquer maneira, mas nosso
objetivo é passar conhecimento suficiente para que, com pouco dinheiro,
qualquer aspirante a arqueiro possa ter em mãos uma arma precisa e
potente como aquelas que há milênios fazem parte da história do homem
como uma ferramenta para a caça, defesa, guerra e lazer. Muitos são os
tipos de arcos existentes (vamos ignorar aqueles compostos com roldanas,
nada tradicionais, feios, apesar de também atirarem flechas), dentre os
tradicionais, talvez o longbow inglês seja o mais conhecido e admirado no
mundo ocidental, também o mais simples deles. Vamos mostrar aqui como
fazer um arco semelhante ao longbow, algo mais próxomo do chamado
flatbow, de maneira simples (apesar de ainda assim complexa para leigos,
pois a arte da construção de arcos não é algo fácil). Nosso objetivo é que se
consiga um arco com a potência desejada pelo arqueiro que irá usá-lo e
com ótima precisão, desde que usado com as flechas corretas e atirado por
alguém que pratique bastante o tiro com este tipo de arco. Já alertamos o
leitor que construir um arco não é algo fácil, exigirá tempo e dedicação.
Dificilmente o primeiro arco feito por alguém será um bom arco, não
quebrará. Mas não desanime, aprenda com seus erros, tire suas dúvidas
com alguém mais experiente e o próximo provavelmente não falhará.
Ferramentas Há um enorme número de ferramentas existentes que
facilitariam a confecção de um arco, mas como muitas delas são caras e
outras raríssimas no Brasil, vamos citar apenas as mínimas necessárias e
mais baratas, facilmente encontradas em lojas de ferragens e ferramentas.
Uma boa plaina é essencial, uma grosa (espécie de lima grossa usada em
madeira; Se pronuncia "Groza"), faca(s) e canivete(s), lixas de papel desde
a mais grossa (60 está bom) até a mais fina encontrada (no mínimo 220)
passando por todas as intermediárias encontradas (de 20 em 20 está bom,
ex.: 60, 80, 100...), você também precisará de algo para prender sua peça de
madeira em sua bancada (a pia da cozinha ou a mesa da sala também
serve), como uma morsa, mas o melhor e mais simples é adquirir dois
grampos ‘C’, os vulgos sargentos. Uma pequena grosa cilíndrica também
será necessária, a menor encontrada. Instrumentos de medição como régua
e paquímetro, com marcações para centímetros e polegadas, também serão
essenciais. Estas já são suficientes para execução de um arco. A Madeira A
maneira mais artesanal e eficiente de construir um arco começa pela árvore
ainda viva. Ela é cortada, o tronco rachado radialmente em algumas partes,
deixa-se secar por mais ou menos dois anos na sombra, e começa-se a
trabalhar lentamente a peça de madeira seguindo os anéis de
crescimento....etc... Mas como esta é uma maneira muito complicada e
demorada nós vamos construir o nosso arco a partir de uma peça de
madeira comprada em madeireiras, um caibro. Como não foi escolhida a
região do tronco a ser usada, e por não ser uma peça que siga os anéis de
crescimento, nosso arco teria grande chance de quebrar se não usássemos
um revestimento nas costas do arco, o backing, ( Em posição de tiro as
costas do arco está voltada para o alvo, e o ventre ou barriga voltada para o
arqueiro) mais adiante falaremos mais sobre o revestimento das costas de
um arco. Deve-se escolher a peça de madeira mais bonita existente no
comércio onde esta for adquirida. Aquela com a cor mais uniforme, com o
menor número de fibras saltando para fora da peça, sem irregularidades,
sem sinais de empenamento, nós, rachaduras, ou envergações deve ser a
escolhida. Não compre qualquer peça de madeira, uma má escolha pode ser
o motivo do fracasso de um arco. A princípio, um construtor de arcos
experiente pode fazer um arco de qualquer tipo de madeira, desde que seja
uma espécie de relativa qualidade da madeira. A madeira mais famosa na
confecção de arcos é o teixo (Yew), largamente utilizado na Idade Média
nos arcos ingleses. Hoje nos EUA a Osage Orange é uma das mais
renomadas. Mas é quase impossível consegui-las no Brasil sem que você
mesmo as importe. O Ipê (não somente o roxo, mas qualquer ipê) é talvez o
preferido pelos poucos( “poucos”....vamos mudar isso...) construtores de
arco do Brasil. Muitos construtores de arcos experientes nos EUA usaram,
e não só aprovaram mas ficaram admirados com as propriedades do Ipê
num arco bem feito, uma vez eu li uma frase de um deles que dizia: “Ipê
revestido com Bambu, uma combinação mortal.”. Mas o ipê não é o único,
arcos feitos de Jatobá, Pau Roxo(ou Roxinho), Aroeira (ou Gonçalo Alvez),
Pau Brasil, Pati ( uma palmeira muito utilizada pelos índios da Amazônia
em seus arcos, não há notícias de que alguém, senão os índios, tenham feito
um arco desta madeira) também tiveram sucesso. Dentre estas citadas
pode-se escolher aquela que você possa conseguir com mais facilidade, o
Ipê, Jatobá e Aroeira são aqueles que já foram mais largamente utilizados
com bons resultados. O Projeto Muitos são os projetos possíveis para uma
arco. Aqui vamos mostrar um projeto de simples execução e que resultará
em um arco com o mínimo de possibilidades de quebrar-se. Antes de
decidir pelo tamanho de seu arco deve-se conhecer o comprimento da
puxada do arqueiro ao qual o arco está destinado. Lembre-se, um arco deste
tipo é um instrumento quase tão pessoal quanto uma escova de dente. Para
conhecer o comprimento de sua puxada sem ter um arco deve-se estender
totalmente o braço esquerdo com o punho fechado em posição de soco,
segure uma haste qualquer com a mão direita entre o dedo indicador e o
“dedo do meio”, como uma flecha, apoie a outra extremidade da haste no
punho fechado esquerdo e encoste o dedo indicador direito no canto direito
de sua boca, até onde a maioria dos arqueiros tradicionais puxam a flecha,
então meça a distância da haste de indicador a indicador. Esta será em
polegadas o seu draw length ou comprimento de puxada aproximado.
Geralmente os arcos comprados são feitos para uma puxada de 28
polegadas (70 cm), mais ou menos a puxada de um homem de 1,80 m de
altura, é neste comprimento de puxada também que é medida a potência de
um arco em libras. 1" (uma polegada) = 2,5 cm Quanto maior um arco
menor será a probabilidade deste se quebrar. Para um iniciante, portanto,
recomenda-se que seus primeiros arcos sejam grandes, afim de não
quebrarem-se com facilidade. Deste modo, recomendo que para uma
puxada de 28’’ (vinte e oito polegadas = 70cm) faça-se um arco de 70’’
(175cm), para uma puxada maior do que 29’’ (72,5cm), seria interessante
começar com um arco de 72’’ (180cm). Um arco maior do que 72’’ não
seria interessante na minha opinião. Para puxadas menores que 27’’ pode-
se começar com um arco de 68’’ (170cm). A não ser que esteja-se falando
em puxadas realmente muito pequenas não recomendo que seu primeiro
arco seja menor do que 68''. Suponhamos que o retângulo abaixo seja
sua peça de madeira, ela deve ter, no mínimo 1 ¾’’ X 1 ½’’ X tamanho
do comprimento do seu arco (4,4cm x 3,75 x tam. arco). Os nossos
retângulos deste projeto terão estas medidas mínimas. O primeiro
passo é traçar o centro do arco ( obs.: as medidas deste projeto não estão
em escala, considere que o retângulo a baixo meça 1 ¾’’ x comprimrnto
do arco) : A seguir traça-se uma linha 1 ½’’ acima do centro e outra 3’’
abaixo dele, assim delimitamos a empunhadura: Então traça-se uma linha 2
½’’ acima da empunhadura e outra 2 ½’’ abaixo dela: Agora tracemos uma
linha longitudinal pelo centro: Nosso arco terá 1 ¾’’ em sua área mais larga
e ½’’ nas extremidades, sua empunhadura terá 1 ¼’’ de largura, sendo que
todas as variações nas larguras serão unidas por retas diagonais. A
configuração final desta face do projeto ficará assim, de modo que a lâmina
superior é representada pelo lado direito de nosso desenho: Como você já
deve ter observado e achado estranho, vou explicar: a lâmina de cima é
ligeiramente maior por ser esta a que sofre maior estresse durante o uso.
Você deverá trabalhar a madeira até chegar nesta forma em vermelho:
Face-1 Bem, vivemos num mundo de, pelo menos, 3 dimensões, vamos
continuar... Aqui temos a face lateral de nossa peça de madeira já com o
centro e os outros traços marcados como na outra face do projeto(obs.:
estes desenhos não estão em escala, considere que o retângulo abaixo
meça 1 ½’’ x comprimento do arco): Não dá para dizer a potência de
um arco a partir de suas medidas devido a infinidade de variações que
encontramos nas propriedades dos diferentes tipos e peças de madeiras.
Portanto indicarei uma espessura inicial de lâmina de ½’’, esta medida
permitirá conseguir desde arcos bem potentes até aqueles menos fortes
durante a finalização da arma. Tracemos então o desenho de nossa lâmina:
Você deverá trabalhar a madeira até chegar nesta forma em vermelho:
Face-2 Pronto, agora que você já tem um projeto para seguir, basta só
executá-lo! Execução Não é fundamental que já se tenha experiência com o
trabalho manual de madeira para se construir um arco com relativa
qualidade. No entanto não é aconselhável que seu primeiro trabalho em
madeira já seja em uma peça selecionada e destinada a um arco.
Recomendo que se pegue retalhos de madeira e treine nestes com as
ferramentas adquiridas. Assim você poderá regular aquelas que necessitam
de regulagens, como a plaina por exemplo (siga as orientações do
fabricante), e conhecer o poder de desbaste delas. A ajuda de alguém com
certa experiência no trabalho com a madeira também é de extrema valia.
Muitos avôs são ótimos instrutores. Lembre-se, temos muito a aprender
com os mais velhos, especialmente os realmente velhos. Um marceneiro
do bairro também não negará algumas dicas, um dia ele também aprendeu
com alguém. O que um homem que trabalha com madeira deve sempre ter
em mente é que você sempre poderá desbastar, lixar, retirar um pouco mais
de madeira, mas nunca será possível colocar madeira novamente. Portanto
tenha paciência. Trabalhe aos poucos. Sem preça. E sempre com muita
atenção. Agora que você já sabe trabalhar com as ferramentas que tem,
vamos ao nosso arco. O primeiro a fazer é decidir qual dos dois lados será
as costas do arco. Quase a totalidade das quebras de arcos acontecem pelo
desprendimento das fibras da madeira localizadas nas costas do arco.
Então, temos que dar maior atenção para esta parte de nossa arma. O lado
com menos irregularidades, menos fibras aparentes deve ser o escolhido
para as costas do arco. Uma vez definida, as costas do arco deve ser muito
bem lixada. Começando com a lixa mais grossa (60 já está bom) lixe até
você ter certeza que outras passadas seriam desnecessárias, não mudariam
nada. Então lixe um pouquinho mais. Só então passe para a lixa 80. Após
lixar bem como com a lixa 80, passe para a 100. Depois de bem lixada com
a lixa 100 pode dar um pouco de descanso às lixas. Como esta face
receberá um revestimento posteriormente ela não necessita estar mais lisa
do que estará após a lixa 100. Agora é hora de traçar os riscos como
indicados no projeto. Com um bom lápis, trace-os nas costas do arco até
chegar ao desenho Face-1 do projeto. Agora você deverá tomar uma
decisão, algo pessoal. Se você decidir começar a desbastar a madeira para
chegar primeiro ao traço vermelho de Face-1, pode começar. Só depois de
pronto esta fase você riscará o desenho Face-2. Se preferir começar
desbastando com o objetivo de chegar primeiro ao desenho do traço
vermelho de Face-2, risque todos os traços agora e comece o serviço. Você
deverá tomar cuidado com as costas do arco, esta não deve ser mais
mexida(no interior do traço vermelho, é claro). Comece usando a plaina,
esta deverá estar bem afiada. Alguns se dão bem com as facas e/ou
canivetes, se você é um deles, vá em frente com suas lâminas. Quando já
estiver chegando bem perto do traço vermelho, aconselho por as lâminas e
plainas de lado e começar a usar a grosa, é bem difícil fazer uma besteira
com esta ferramenta. Sempre fixe sua peça de madeira para trabalhá-la,
assim você terá suas duas mãos sempre livres. Revestimento Como já foi
dito anteriormente, o desprendimento das fibras das costas de um arco é a
causa de quase todas as quebras de arcos. O revestimento ou backing é um
artifício usado para segurar essas fibras evitando a quebra. No entanto um
arco revestido não significa um arco inquebrável. Revestir um arco
significa colar em suas costas algum material tal como uma lâmina de
madeira, bambu, seda, couro de diversos tipos, sinew que é o tendão de boi,
búfalo, cervo, fibra de vidro ou carbono, entre outros. Vamos tratar aqui
apenas da madeira, do bambu e do couro, os mais simples de conseguir e
aplicar e também muito eficientes. O revestimento com madeira pode ser
feito com uma lâmina de, em média, três milímetros de espessura, não pode
ser nem muito maior nem muito menor do que isto. A madeira usada deve
ser de peso e dureza medianos e de boa qualidade. A peça deve estar em
perfeitas condições. É importante que a madeira utilizada para este fim não
seja demasiadamente fibrosa. No caso do bambu, este deve ser do tipo
gigante ou bambu-açú, com pelo menos 10 cm de diâmetro. Ele deve ser
cortado maduro e após seco, rachado. As tiras devem ter o seu lado externo
preservado a não ser por leves desbastes que podem ser feitos nos nós, mas
isto não é necessário. O lado interno deverá ser desbastado até se tornar
plano e atingir a espessura esperada, esta não deverá ser inferior a 3
milímetros, e poderá ser maior de acordo com a sua vontade, lembrando
que o bambu irá aumentar a potência de seu arco, portanto não exagere na
espessura deste, você pode acabar tendo que desbastar muito a madeira de
seu arco posteriormente. O adesivo usado na colagem da madeira ou do
bambu pode ser um adesivo epóxi de qualidade, ou cola de madeira a base
de resina vinílica, esta última muito barata e fácil de encontrar em
qualquer comércio do ramo. Para colar o revestimento de madeira ou
bambu use alguns grampos ‘C’/sargentos, quanto mais grampos melhor
ficará a colagem, tente por a mesma pressão em todos. Tiras de câmaras de
ar também podem ser usadas na colagem desde que bem apertadas. Essas
tiras podem ser usadas nos intervalos entre o grampos ou somente elas. Se
você optar pelo couro você terá de escolher qual o tipo de couro que irá
usar. Uma vez cortado no tamanho certo passe bem a cola de madeira a
base de resina vinílica nas costas do arco e prenda o couro ao arco usando
faixas hospitalares (encontradas em farmácias para enfaixar pés torcidos
etc...), as faixas devem ser enroladas sobre todo o arco bem apertada. Para
colar o revestimento no seu arco este deve estar já em sua forma final, após
alcançar ambos os desenhos Face-1 e Face-2. Limpe ambas as superfícies a
serem coladas isentando-as de qualquer partícula de poeira. Alguns
Detalhes... Agora que você já tem um arco revestido, é hora de preparar
alguns detalhes antes de começar a enverga-lo. Vamos desbastar os sulcos
nas pontas do arco onde a corda será encaixada. Imagine que o retângulo
abaixo seja a face lateral da ponta de seu arco. O traço em azul deverá ser
traçado ¾’’ abaixo da ponta e o verde ½’’ abaixo do azul. Sobre a diagonal
em vermelho deverá ser feito o sulco. A espessura e profundidade deste
depende do tipo de corda que será usado e de sua preferência. A ferramenta
mais eficiente para este desbaste é uma pequena grosa cilíndrica.
IMPORTANTE!: O lado esquerdo da figura abaixo representa as costas do
arco, enquanto que o lado direito indica o ventre do arco
No caso de você ter escolhido a madeira para revestir seu arco esta deverá
ser lixada desde a lixa mais grossa até a mais fina possível (mínimo 220)
passando por todas as intermediárias, isto antes de iniciar a tileração. O
bambu e o couro não necessitam de serem lixados. Tillering –
Trabalhando o modo como o arco enverga Agora que seu arco está quase
pronto é hora de começar a enverga-lo. Precisamos agora ter paciência e
trabalhar com mais cuidado do que nunca. Devido a não uniformidade da
madeira, do bambu, interferências da camada de cola entre o revestimento,
o arco poderá estar envergando mais em certos pontos da lâmina do que em
outros. Desse modo o estresse não será distribuído igualmente entre todos
os pontos reduzindo assim a vida útil do arco. Pode haver também uma
lâmina mais fraca do que a outra, o que também pode ser um problema. Os
norte-americanos, em se tratando deste processo, usam o verbo to tiller .
Até hoje nuca consegui achar em nenhum dicionário o significado desta
palavra como um verbo, e somente americanos arqueiros conhecem tal
verbo. Usarei então a palavra inglesa aportuguesada. É nesta fase que
iremos trabalhar essas irregularidades na envergadura de nosso arco. É
agora também que iremos diminuir a potência de nosso arco até aquela que
queremos. Para este processo, talvez o mais importante para que tenhamos
um arco bem sucedido, teremos que montar um suporte no qual
prenderemos nosso arco pela empunhadura e possamos enverga-lo
progressivamente e observar como as lâminas estão envergando até
chegarmos ao tamanho de puxada que se busca. Um suporte para
“tilerar” um arco pode ser facilmente feito como o da foto abaixo: Os
pontinhos no caibro são ganchos presos com buchas. Ou, ao invés de
ganchos pode-se prender uma roldana no chão e com uma corda presa à
corda do arco, você pode enverga-lo e observar ao mesmo tempo. Não
esqueça de marcar no suporte o comprimento de puxada correspondente à
envergadura que estará sendo aplicada ao arco. A “tileração” deve-se
iniciar com uma corda maior do que a que se encordoará o arco
posteriormente. Prende-se as extremidades da corda nas pontas do arco
sem enverga-lo ainda. Ponha-o em seu suporte e verifique se as costas do
arco está no nível (um nível de pedreiro é bem útil). Então comece a
envergar o arco. Com umas 8’’ já deverá ser possível observar a
envergadura dele. O primeiro ponto a observar é se as duas lâminas estão
envergando igualmente. Daquela que estiver envergando menos deverá ser
retirada o mínimo de madeira de toda a lâmina uniformemente (recomenda-
se o uso da grosa). Vá sempre trabalhando aos poucos. Marque a região a
ser desbastada e desbaste bem pouco, não esqueça que você não conseguirá
devolver madeira ao arco! Ponha o arco novamente no suporte e verifique
o resultado. Retire madeira aos poucos e verifique o resultado quantas
vezes forem necessárias. Se você conseguir que as duas lâminas enverguem
exatamente o mesmo tanto, tudo bem. A lâmina superior deve, no entanto,
ser sutilmente (eu digo muito sutilmente) mais flexível que a inferior. O
que não deve ocorrer de maneira alguma é a lâmina de baixo ser mais
flexível do que a lâmina de cima. Agora que temos as duas lâminas
envergando corretamente uma em relação à outra, vamos nos preocupar em
como elas estão envergando. Um arco deste tipo não deve se parecer com
uma semi-circunferência, como muitos leigos acham. O ideal é que ele seja
semelhante a uma semi-elipse. Ou seja, nosso arco deve envergar mais a
medida que nos aproximamos das pontas, o mesmo que dizer ser menos
flexível a medida que nos aproximamos da empunhadura. Mas nada muito
brusco, esta deve ser mais uma diferença sutil. Veja algumas fotos de como
seu arco envergado deve se parecer: Imagem cedida por George Tsoukalas
Chegando no comprimento de puxada que se busca com esta corda grande,
reduza o tamanho dela ou utilize a própria corda destinada ao arco. Desse
modo, você deverá encordoar o arco de maneira que a corda esticada
mantenha o arco um pouco envergado. Então recomece o processo de
tileração. Ponha novamente o arco no suporte, tire-o, desbaste, retorne o
arco no suporte, observe... Faça isso quantas vezes forem necessárias até
alcançar o comprimento de puxada que se quer com as duas lâminas
envergando corretamente e da mesma maneira. Se você chegar no
comprimento de puxada que se buscava com o arco ainda inteiro... Você se
sentirá verdadeiramente aliviado, a obra de suas mãos não quebrou, alegre-
se, você fez um arco!!! Acabamento Quando você chegar nesta fase,
Parabéns, seu arco está quase pronto e já sabemos que deu certo. Agora é
hora de trabalhar a empunhadura. Como neste projeto a empunhadura não
enverga, você está livre para trabalha-la como quiser desde que não a
enfraqueça muito. Vá trabalhando a madeira de maneira que a
empunhadura se encaixe confortavelmente na mão do arqueiro. Agora você
terá de tomar mais uma decisão, você poderá colar uma pecinha de madeira
logo acima de sua mão ao segurar o arco para apoiar a flecha durante o tiro
ou usar sua própria mão como apoio para a flecha(era assim que a maioria
dos arqueiros dos séculos passados atiravam inclusive os ingleses da idade
média). No caso de atirar usando a mão como apoio, recomenda-se o uso
de algum tipo de luva para evitar possíveis ferimentos. Veja exemplos de
empunhaduras: É também recomendável que se cole um protetor nas
pontas do arco afim de proteger o arco de ser desbastado pelo atrito da
corda diretamente com a lâmina. Este protetor pode ser de chifre, osso ou
casco de animais, madeira ou algum material sintético. Veja alguns
exemplos: Com a empunhadura pronta é hora de lixar. A madeira possui
uma beleza tímida, a lixa bem usada é quem ajudará a beleza da madeira a
vencer sua timidez e mostrar-se em público. Comece com a lixa mais
grossa e vá até a mais fina possível passando por todas as intermediárias.
Quanto mais fina for a última lixa mais refinado será o acabamento e mais
bela se apresentará a madeira. Lixe todo o arco (menos o bambu e o couro
se for o caso) com muita dedicação. O bambu pode ser lixado levemente
com uma lixa bem fina somente. Depois de lixado é hora de envernizar. A
envernização é necessária para que nosso arco se proteja da umidade, dos
raios solares e ainda evita que a madeira resseque, além de realçar a beleza
da madeira. Os vernizes mais indicados são aqueles a base de poliuretano
ou a base de resina epóxi, os mais resistentes. Temos no comércio um
verniz chamado de marítimo com excelentes propriedades para este fim,
sendo este a base de poliuretano. Siga sempre as orientações do fabricante
do verniz para extrair o melhor resultado do produto que compraste.
Parabéns pelo seu sadio interesse nos arcos tradicionais. Boa sorte em sua
empreitada! Exemplos de arcos feitos com este tutorial Matéria extraída
originalmente do site (Desativado): http://www.toxophilos.com.br/
Também encontramos outro tutorial muito bom no blog Formão de
Madeira: http://formaoemadeira.blogspot.com.br/2014/09/1.html

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