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Relatórios técnicos para o meio digital

Laura Beatriz Prates da Silva

Universidade Federal do Rio Grande do Sul


Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Bacharelado em Design Visual

Porto Alegre, 2021.


Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Bacharelado em Design Visual

Laura Beatriz Prates da Silva

RELATÓRIOS TÉCNICOS PARA O MEIO DIGITAL

Porto Alegre
2021
Laura Beatriz Prates da Silva

RELATÓRIOS TÉCNICOS PARA O MEIO DIGITAL

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação em
Design Visual da Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, como requisito parcial
para obtenção do título de Bacharel de
Design Visual, orientado pelo Prof. Dr.
Sandro Fetter.

Porto Alegre,
2021
RELATÓRIOS TÉCNICOS PARA O MEIO DIGITAL

Laura Beatriz Prates da Silva

Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado, em ____/____/____,


pela banca examinadora:

Professor Doutor Sandro Fetter


Orientador e Professor do curso de Design Visual

Dra. Cinthia Kulpa


Professora do curso de Design Visual UFRGS

Dra. Gabriela Perry


Professora do curso de Design Visual UFRGS

Msc. Ingrid Scherdien


Professora do curso de Design FEEVALE e doutoranda UFRGS
Dedico este trabalho ao meu pai e
aos professores Sandro Fetter e
Gabriela Perry.
Agradeço a Deus e a mim.
" O homem erudito é um
descobridor de fatos que já existem,
mas o homem sábio é um criador de
valores que não existem e que ele
faz existir.”

Albert Einstein
RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso para bacharelado em design visual


consiste na adequação de relatório técnico ao meio digital. Tem como objetivo
elaborar nova versão de Relatório de Impacto de Meio Ambiente que atenda as
necessidades de uso tanto em ambiente digital quanto no meio impresso. Aplica ao
produto final os de recursos de navegação PDF, as boas práticas de design editorial
para meio digital e as boas práticas de design editorial tradicional. Mescla
metodologias de criação de Tai Hsuan-An para desenvolvimento de produtos de
comunicação aos de Jesse James Garrett para criação de interfaces digitais. Explora
as técnicas de criação TRIZ e da dupla Cath Caldwell e Yolanda Zapatterra. Tem
expectativa de aprimorar a leiturabilidade, legibilidade e conforto de uso do documento
averiguados em pesquisa de satisfação de uso. Detectou similaridades entre as
metodologias de criação escolhidas como base, em que pese a diferença dos meios
de uso dos produtos propostos, sobretudo na estruturação do projeto no nível do
planejamento estratégico e do levantamento dos requisitos. Também evidenciou
semelhanças entre ferramentas de criação para ambos os meios, como protótipos
(para meios digitais) e flatplan (para design editorial tradicional). Aplicou recursos de
navegação PDF de links de texto e marcadores. A tipografia exerceu papel
preponderante na composição da solução final do projeto considerando tanto a
finalidade impressa quanto para uso em meio digital, sendo aplicada fonte grotesca
composta entre os estilos humanista e transicional sem serifa. Identificou preferência
dos usuários pelo modelo darkmode quando utilizado em telas de dispositivos
eletrônicos e o impacto positivo sobre a aplicação dos recursos de navegação PDF.
Sugeriu eficiência do design de interação ao aproximar o aspecto visual do produto
com o de uma interface digital de conteúdo interativo. Deixa como proposição de
estudo futuro o aprofundamento de pesquisas e desenvolvimentos explorando os
benefícios das funcionalidades do formato PDF interativo, atendendo aos requisitos
de documentos destinados à impressão, mas que igualmente possam ser lidos e
estudados em telas digitais.

Palavras-chave: 1. Design editorial digital. 2. Relatórios técnicos digitais.


ABSTRACT

The present work to obtain a bachelor's degree in visual design consists of adapting
the technical report to the digital medium. It aims to prepare a new version of the
Environmental Impact Report that meets the needs for use in both digital and print
environments. It applies to the final product the PDF navigation resources, the good
practices of editorial design for digital media and the good practices of traditional
editorial design. It mixes Tai Hsuan-An methodologies for the development of
communication products with those of Jesse James Garrett for the creation of digital
interfaces. Explores the creative techniques of TRIZ and the duo Cath Caldwell and
Yolanda Zapatterra. It expects to improve the readability, readability and comfort of
use of the document as verified in a satisfaction survey. It detected similarities between
the creation methodologies chosen as a base, despite the difference in the means of
use of the proposed products, especially in the structuring of the project at the level of
strategic planning and the identification of requirements. It also showed similarities
between creation tools for both media, such as prototypes (for digital media) and
flatplan (for traditional editorial design). Applied PDF navigation features of text links,
hyperlinks and bookmarks. The typography played a predominant importance in the
composition of the final solution considering the printed purpose and the use in digital
media, with a grotesque font composed between the humanist and transitional sans
serif styles. Identified users' preference for the darkmode model when used in
electronic device and the positive impact on the application of PDF navigation features.
He suggested efficiency of the interaction design by bringing the visual aspect of the
product closer to that of a digital content with interactive form. Leaves as a proposal
for future study the research and developments exploring the benefits of the features
of the interactive PDF format, meeting the requirements of documents intended for
printing, but which can also be read and studied on digital screens.

Keywords: 1. Digital editorial design. 2. Virtual technical reports.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................ 13
1.1 Contextualização e justificativa .................................................................. 14
1.2 Problema de projeto ..................................................................................... 16
1.3 Objetivos ....................................................................................................... 16
1.3.1 Objetivo geral ................................................................................................. 16
1.3.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 17
1.4 Objeto de estudo .......................................................................................... 18
1.5 Público-Alvo .................................................................................................. 20

2 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................... 22


2.1 Design editorial ............................................................................................. 24
2.1.1 Formato .......................................................................................................... 27
2.1.2 Grid ................................................................................................................. 27
2.1.3 Tipografia........................................................................................................ 29
2.1.4 Anatomia editorial ........................................................................................... 32
2.1.5 Layout ............................................................................................................. 33
2.2 Interação homem computador .................................................................... 35
2.3 Design editorial para meios digitais ........................................................... 39
2.4 Recursos PDF de auxílio de navegação ..................................................... 44
2.5 Usabilidade ................................................................................................... 45

3 METODOLOGIA ......................................................................... 49
3.1 Método de análise-síntese, segundo Hsuan-An ........................................ 50
3.2 Método de Garrett para criação de interface digital .................................. 53
3.3 Técnicas de composição editorial sobre os fundamentos do design, por
Caldwell e Zapatterra .............................................................................................. 54
3.4 Adaptação metodológia ............................................................................... 57
4 DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA ..................................... 59
4.1 Definição das caracterísitcas e qualidades pensadas .............................. 61
4.1.1 Requisitos dos usuários.................................................................................. 62
4.1.2 Requisitos do produto ..................................................................................... 63
4.1.3 Leitura e análise do objeto original ................................................................. 65
4.1.4 Aprofundamento das definições das características estético-visuais e
expressivo-comunicativas pensadas ......................................................................... 71
4.2 Definição do briefing .................................................................................... 82
4.3 Análise de similiares .................................................................................... 83
4.3.1 “The Elements of User Experience”- de Jesse James Garrett ....................... 84
4.3.2 “Environmental Progress Report” - Apple ....................................................... 86
4.3.3 Considerações sobre a análise de similares .................................................. 88
4.4 Geração de ideias ......................................................................................... 89
4.4.1 Alternativa light ............................................................................................... 89
4.4.2 Alternativa darkmode ...................................................................................... 93
4.5 Sistema de validação ................................................................................... 94
4.6 Resultado da validação e definição das características e qualidades
necessárias ............................................................................................................. 96
4.6.1 Formato .......................................................................................................... 96
4.6.2 Grid ................................................................................................................. 96
4.6.3 Tipografia........................................................................................................ 98
4.6.4 Anatomia editorial ........................................................................................... 98
4.6.5 Layout ............................................................................................................. 99

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................102

REFERÊNCIAS
APÊNDICES
INTRODUÇÃO

1 INTRODUÇÃO

A ideia do presente projeto surgiu durante a criação editorial de um Relatório de


Impacto de Meio Ambiente (RIMA). Durante esse desenvolvimento, percebeu-se que,
atualmente, tais documentos raramente são impressos, sendo mais usual a sua
consulta em dispositivos eletrônicos como computadores ou celulares.
Considerando esse crescente comportamento, constatou-se que a falta de
recursos específicos de interatividade e o uso da formatação direcionada para a
finalidade de impressão deixa de explorar oportunidades que poderiam auxiliar os
usuários numa experiência mais agradável e produtiva.
Diante desse cenário, foi realizada uma pesquisa sobre as recomendações de
design editorial que poderiam melhorar o aspecto gráfico do material considerando a
finalidade já empregada de impressão.
Em um segundo momento, considerando o uso em ambiente digital, buscou-se
compreender os alicerces da interação homem máquina, das boas práticas para
criação de produtos text-based¹ para meios digitais e dos recursos de auxílio de
navegação PDF em meio digital que poderiam ser implementados.
O resultado desse estudo e o desenvolvimento da nova proposição do material
seguem nas próximas páginas.

¹Text-based: Produtos que têm como objeto principal um longo texto corrido (CALDWELL;
ZAPPATERRA, 2014).
INTRODUÇÃO
14

1.1 Contextualização e justificativa

Segundo Pereira (2014), no fim da década de 80, o Personal Computer² estava


no início de sua ascensão no Brasil. Nos dias atuais, a popularização do acesso aos
eletrônicos cresceu consideravelmente, fazendo com que, muitas vezes, a consulta a
documentos se dê apenas em meio digital, através da tela de computadores ou
dispositivos móveis, dispensando a necessidade de impressão.
O Centro de Inovação para a Educação Brasileira (2020), documenta que o
envio/compartilhamento de arquivos foi o terceiro recurso mais utilizado pelos
professores na prática do ensino remoto durante a pandemia de Coronavírus.
Mod (2012) afirma que a “conveniência do texto digital já supera a da matéria
impressa em muitos aspectos”, destacando que ainda existe uma lacuna a ser
preenchida: o conforto da interação. Ainda assim, o autor acredita que “a leitura digital
inevitavelmente superará o nível de conforto da leitura no papel”, apontando o
designer como personagem responsável por suprimir essa necessidade latente.
Percebendo esses novos tempos, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da
Sustentabilidade (SMAMS) de Porto Alegre iniciou, em 2019, o protocolo de
solicitações de licenciamento ambiental através da “Plataforma de Licenciamento”, um
sistema totalmente informatizado, no qual os pedidos são abertos automaticamente
após o upload dos documentos obrigatórios em versão PDF (SMAMS, 2021).
Constata-se, então, uma mudança no comportamento dos usuários, que agora,
além de páginas graficamente bem resolvidas para finalidade impressa, necessitam
de boas soluções, também, no ambiente digital.
Tendo em vista que nesse cenário em expansão, existem mecanismos como
navegabilidade e interatividade, mesmo em documentos PDF, é interessante que
esses aspectos sejam considerados e melhor explorados no momento da elaboração

² Personal Computer: Computadores de uso pessoal (PEREIRA, 2014).


INTRODUÇÃO
15
dos materiais, face ao crescimento do uso em ambiente digital para leitura e
compartilhamento de documentos, ressaltando que “o critério carga de trabalho
preconiza a redução da carga cognitiva e perceptiva do usuário” (CYBIS, et al, 2015,
p. 22).
Para alcançar tal objetivo, o sistema deve “poupar o usuário de leituras e
memorizações desnecessárias, de deslocamentos inúteis, além da repetição de
entradas” (CYBIS, et al, 2015, p. 22). Em soma, Abrahão, et al, (2012, p.17), nos
ensina que “tecnologias informatizadas potencializam significativamente as
possibilidades de comunicação e processamento da informação”. Possível, então,
auxiliar os leitores oferecendo uma experiência mais amigável e conferindo maior nível
de absorção do conteúdo lido.
O Relatório de Impacto de Meio Ambiente (RIMA) é um documento no qual se
resumem as características negativas e positivas de qualquer empreendimento que
se pretenda construir em área verde; é um pequeno recorte do Estudo de Impacto
Ambiental (EIA), estudo este que agrupa os resultados obtidos pela equipe elencada
para a análise e que deve enumerar prós e contras da construção pretendida de forma
bastante detalhada e técnica, por isso, sua extensão e tamanho em megabytes é
significativa.
Ainda assim, o RIMA também possui caráter extenso quanto a leitura. Em média,
é composto por cerca de 100 páginas e, na maioria dos casos, seu compartilhamento
acontece em PDF. Importante destacar que, nas pesquisas feitas para esse trabalho,
poucos RIMAS contavam com qualquer recurso de interatividade PDF.
Por todo o exposto, verificou-se a possibilidade de proposição de criação de
material editorial que também explore as potencialidades de sua utilização no meio
digital, tendo em vista que, muitas vezes, já é isso que ocorre na prática.
INTRODUÇÃO
16

1.2 Problema de Projeto

O problema do projeto foi definido a partir do seguinte questionamento: como


desenvolver o projeto editorial de um Relatório de Impacto de Meio Ambiente (RIMA)
que preveja e explore a sua utilização, também, no meio digital?

1.3 Objetivos

Buscando responder ao problema de projeto, foram definidos o objetivo geral e


os objetivos específicos do presente trabalho.

1.3.1 Objetivo geral


O objetivo geral que guia este projeto é desenvolver uma versão de Relatório de
Impacto de Meio Ambiente (RIMA) que explore e potencialize as funcionalidades
relacionadas à leitura e à navegação considerando o uso em meio digital.
INTRODUÇÃO
17
1.3.2 Objetivos específicos
Os objetivos específicos criados para atingir o objetivo geral proposto foram:
 Identificar boas práticas para elaboração de material editorial text-based
em meio tradicional.
 Estudar as boas práticas para elaboração de material editorial text-based
em meio digital.
 Explorar os recursos PDF de auxílio de navegação em meio digital.
 Elaborar versão digital do objeto de estudo, aplicando as boas práticas e
os recursos relacionadas à leitura e à navegação em arquivo PDF.
 Validar novo material com usuários do público-alvo.
INTRODUÇÃO
18

1.4 Objeto de estudo

O objeto de análise deste projeto foi o Relatório de Impacto de Meio Ambiente


(RIMA) da Unidade de Tratamento Térmico de Resíduos de Saúde, do estado de
Pernambuco, do ano de 2008, encontrado livremente no link (www.cprh.pe.gov.br/
downloads/rima_atento.pdf) e concedida autorização de uso do mesmo para a
finalidade acadêmica. Tanto o documento integral quanto a autorização encontram-se
nos anexos A e B, respectivamente.
O intuito principal do RIMA é ser um resumo do EIA (Estudo de Impacto
Ambiental). Além de mais enxuto, deve possuir caráter menos técnico e linguagem
mais acessível, a fim de ampliar o entendimento do conteúdo do documento. É
elaborado por uma equipe multidisciplinar geralmente composta por engenheiro
ambiental, técnicos de água e/ou solo, geólogos, biólogos, entre outros (AMS
CONSULTORIA E ASSESSORIA LTDA., 2008; CHC ADVOCACIA, 2018).
Geralmente é a parte do levantamento que chega às mãos dos tomadores de
decisão e conforme Cybis (2015) a rapidez de navegação entre suas páginas, a
clareza na disposição da informação e a forma da organização do conteúdo podem
aliviar a carga cognitiva do leitor.
O empreendimento pretendido e analisado pelo RIMA original, seria a construção
da Unidade de Tratamento Térmico de Resíduos de Saúde, a ser instalada no
município de Moreno, na Região Metropolitana de Recife. A obra estava sendo
proposta para ser implantada na margem direita da BR-232 (km 21), 500m após a
entrada para Matriz da Luz (AMS CONSULTORIA E ASSESSORIA LTDA., 2008).
O documento, objeto desse estudo, é composto por 63 páginas e não apresenta
sumário. O primeiro conjunto de informações é apresentado no esquema de perguntas
INTRODUÇÃO
19

e respostas e constituem uma breve introdução que contém a apresentação da


empresa prestadora de serviço, do caráter do documento RIMA, dos objetivos, do
funcionamento e dos alicerces científicos do empreendimento pretendido. O segundo
bloco de conteúdo mostra a proposta gerada a partir do estudo, com layout da
edificação, materiais necessários, processos da incineradora e sua operação. A
terceira parte do relatório, apresenta a caracterização da área em que se propõem a
construção da obra: extensão, solo, aspectos físicos, biota e aspectos
socioeconômicos. A quarta seção do documento traz os potenciais impactos gerados
pela construção. O quinto e último grupo de informações constitui-se das conclusões
do estudo e apresentação da equipe técnica elaboradora do RIMA.
INTRODUÇÃO
20

1.5 Público-Alvo

Os Relatórios de Impacto de Meio Ambiente (RIMA) são utilizados amplamente


por público técnico e não técnico atuante na área de Meio ambiente.
Com intuito de conhecer melhor esse grupo, buscou-se em banco de dados da
Prefeitura de Porto Alegre o perfil destes trabalhadores, conforme segue.
O grupo de profissionais que compõem o quadro dos servidores da Secretaria
Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade é composto por 05
administradores, 41 agentes de fiscalização, 55 arquitetos, 44 assistentes
administrativos, 06 auxiliares de serviços gerias, 02 auxiliares de serviços técnicos,
04 bibliotecários, 10 biólogos, 01 contínuo, 01 eletricista, 32 engenheiros, 20
engenheiros agrônomos, 02 engenheiros florestais, 01 ferreiro, 01 geólogo, 11 guarda
parques, 31 jardineiros, 01 mecânico, 07 médicos veterinários, 05 motoristas, 03
operadores de máquinas, 25 operários, 30 operários especializados, 02 pedreiros, 01
técnico em agropecuária, 01 técnico em comunicação social, total de 342 servidores
em cargos de provimento efetivo (PMPA, 2021).
Deste quadro, os que tem contato com RIMA são os biólogos, engenheiros
químicos e geólogos. As idades permeiam entre trinta e cinquenta anos. Constitui-se
de setenta e cinco por cento do público identificado com o gênero feminino.
Um fator interessante relatado nas entrevistas com público-alvo específico foi
sobre o contexto de uso objeto de estudo (GARRETT, 2011), sendo relatado que os
computadores utilizados pela prefeitura podem não possuir uma configuração que
proporcione o uso de documentos mais pesados, sendo importante manter a
compactação do volume do arquivo proposto como solução final.
INTRODUÇÃO
21

Em pesquisa feita com usuários de RIMA em geral, além do público específico


da prefeitura, além das profissões descritas acima, estiveram presentes as formações
de engenharia ambiental e oceanógrafos, com idades e perfis de gênero de
identificação semelhantes aos da prefeitura: maioria mulheres entre 30 e 40 anos.
Entendendo melhor sobre as dores e necessidades dos usuários (GARRET,
2011) parte-se para pesquisa de referencial teórico, afim de encontrar na bibliografia
a forma adequada de atender essa nova demanda do produto, que tangencia a
realidade dos documentos impressos e dos documentos digitais.
REFERENCIAL TEÓRICO
22

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A seguir, serão apresentados os fundamentos teóricos que norteiam e definem


o desenvolvimento do trabalho.
Em primeiro lugar, foram identificadas as boas práticas para elaboração de
material editorial, considerando as partes componentes do objeto original.
Em sequência, tendo em vista que a proposta de desenvolvimento prevê como
suporte o meio digital, estudou-se sobre os fundamentos da interação homem
máquina e suas indicações.
Num terceiro momento, foram listadas as indicações de design editorial para
meios digitais.
Ainda, foram elencados os recursos de auxílio de leitura e navegação PDF
capazes de incrementar as funções de interatividade e navegabilidade do sistema que
criado, uma vez que o objetivo do trabalho foi considerar, também, o uso do relatório
em ambiente digital.
Por fim, foram brevemente conceituadas algumas metas de usabilidade, uma
vez que tornar a interação do usuário com o documento numa experiência mais
amigável foi um dos objetivos deste trabalho.
O intuito desse levantamento foi fazer o comparativo entre os blocos de
informações e assim identificar-se os pontos positivos, restrições ou contradições
REFERENCIAL TEÓRICO
23

entre eles. Com isso, pretendeu-se garantir que a nova proposta obedeceria às boas
práticas e funcionalidades possíveis de melhoria do material desenvolvido e ampliaria
a experiência explorando os recursos disponíveis para projetos que visavam o meio
digital.
Como ponto de partida do trabalho, é imperativo elucidar sobre a definição
abordada de “meio digital” e seu decorrente, o “texto digital”.
Por “digital” entende-se qualquer informação que possa ser traduzida em
números (LEVY, 1999) e visualizada através de dispositivos eletrônicos.
Sobre o “texto digital”, é necessário fazer a distinção entre esse recurso, que
possui como um dos principais diferenciais permitir interatividade com os usuários
(SOUZA, 2009), e imagens de texto estáticas que, embora sejam digitais, não
preveem mecanismos de interação.
Abaixo, o quadro 01 que ilustra as características dos textos digitais segundo
critérios de transparência da codificação, independência da linguagem frente a
aplicativos, grau de abertura da linguagem de anotação e possibilidade de
manipulação pelo editor (SOUZA, 2009).

Quadro 01: Tipologia de formatos de textos digitais.

Fonte: SOUZA (2009), p. 179, adaptado pela autora.


REFERENCIAL TEÓRICO
24

2.1 Design editorial

O conceito de design editorial empregado nesse trabalho foi o seguinte:

“O design editorial é uma disciplina de design de comunicação especializada


em publicações de natureza serial, periódica, que são unificadas por uma visão
editorial ou criativa distinta” (APFELBAUM; CEZZAR, 2014, p.08, traduzido pela
autora).

Cabendo ainda esclarecer que por design de comunicação entendeu-se:

“O design de comunicação, com o acesso pleno à tecnologia avançada, tanto


da informática como da impressão gráfica, abrange produtos e serviços
extremamente variados, tais como cartaz, embalagem, livro, programa de
identidade visual, sistema de sinalização, computação gráfica, animação, games,
web design, comunicação interativa, que envolve som e imagem, e muitos outros”
(HSUAN-AN, 2018, p. 27).

O intuito deste tópico foi criar bases teóricas para, na fase do desenvolvimento
do trabalho, proceder a leitura e análise do objeto de estudo original, entendido como
produto de design de comunicação, com a finalidade de propor as melhorias,
esclarecendo, ainda, a diferença entre esses dois momentos:

“A leitura tem o objetivo de estimular a observar, verificar e entender o porquê


e como um determinado produto foi concebido, desenvolvido e produzido. A análise
tem o objetivo de produzir discernimento entre os pontos positivos e negativos das
características do produto” (HSUAN-AN, 2018, p. 49).
REFERENCIAL TEÓRICO
25

Segundo o autor, na construção da leitura e análise, deve-se refletir sobre os


seguintes aspectos, ilustrados na figura 01, a seguir:

Figura 01: Aspectos construtores da leitura e análise de um produto de comunicação.

Fonte: HSUAN-AN (2018), adaptado pela autora.

Hsuan-An (2018), ensina que existem dois aspectos a ser considerados no


processo de design. O primeiro, é o conceito do produto, o outro o projeto do mesmo.
Por conceito, entende-se a mensagem ou ideia a qual deseja-se transpassar através
das características do que será desenvolvido, já o projeto fica restrito ao aspecto
técnico-prático do objeto. Aprofundando essa definição, cria-se a figura 02, na qual
são organizados os elementos do design editorial. Necessário, ainda, refletir sobre a
REFERENCIAL TEÓRICO
26

composição desses elementos, pois aí se encontra o ponto de tangência entre


“conceito” e “aspecto técnico-prático”: através da exploração de aspectos técnicos-
práticos pode-se evidenciar o conceito, bem como potencializar a função do produto.
Ressalta-se o aparecimento do elemento “arte” concomitantemente nos grupos de
“elementos visuais” e de “comunicação”.
Embora Hsuan-An, (2018) traga a definição de “composição”, referindo-se ao
conjunto da obra como um todo, optar-se-á por deixá-lo definido como “layout”,
seguindo definição de Caldwell; Zappaterra (2014) e Apfelbaum; Cezzar (2014),
mesmo compreendendo que a diferença de terminologia empregada resida na
diferença de idiomas utilizados pelos autores, pretende-se aqui evitar ambiguidade
entre as definições, pois a palavra “composição” aparece empregada para outros fins
pelos demais autores. Destaca-se que as informações que seguem sobre os
componentes do design editorial foram trazidas à luz do objeto de estudo original do
projeto.
Figura 02: Elementos e componentes do design editorial.

Fonte: HSUAN-AN (2018), APFELBAUM; CEZZAR (2014) e CALDWELL; ZAPPATERRA (2014),


adaptado e traduzido pela autora.
REFERENCIAL TEÓRICO
27

A seguir, as recomendações encontradas para os componentes antes descritos


aplicados a produtos afins com o Relatório de Impacto de Meio Ambiente (RIMA).

2.1.1 Formato
Definido pelo tipo de publicação, algumas variáveis são o meio (digital ou
impresso), o tamanho (da folha ou da tela), a escala de cores (CMYK ou RGB) e a
resolução (pixel por polegada) (APFELBAUM; CEZZAR 2014 e CALDEWELL;
ZAPPATERRA, 2014). Para o caso de Relatórios de Impacto de Meio Ambiente, o
formato mais utilizado é o A4 (21cm x 29,7cm). A definição do formato é o ponto de
partida para cálculo do grid, conceito abordado no próximo subtópico.

2.1.2 Grid
Sistema de medidas que dá origem à grade sobre a qual será composto o layout.
A seguir, a figura 03 que ilustra os elementos principais na composição do grid.

Figura 03: Elementos essenciais do grid.

Fonte: TONDREAU (2009), adaptado pela autora.


REFERENCIAL TEÓRICO
28

Nessa composição, é importante ter em mente para qual finalidade se destina o


projeto editorial desenvolvido, pois conforme seu objetivo, a determinação de suas
variáveis muda. Por isso, existem alguns tipos básicos de grid, os quais são ilustrados
na figura 04, abaixo.

Figura 04: Tipos básicos de grid.

Fonte: TONDREAU (2009), adaptado pela autora.

As autoras estudadas definem que a produção do grid para longos textos


corridos deve ser formatada em coluna única (CALDWELL, ZAPPATERRA, 2014;
TONDREAU, 2009). Seguindo esse raciocínio, percebe-se que “para publicações
clássicas, o usual são margens superior e lateral esquerda um pouco menores que as
demais” (TONDREAU, 2009). Ainda sobre produção text-based, Caldwell e
Zappaterra (2014, p.156) sugerem o “Teorema de Fassett”, o qual determina que o
comprimento de linha na coluna de texto tenha entre 45 a 65 caracteres, a fim de
manter-se a legibilidade do sistema.
Considerando todas as variáveis envolvidas, pensar em construir o grid partindo
de uma folha em branco pode parecer bastante difícil, entretanto, existem alguns
métodos diferentes para essa criação, como o Diagrama de Villard de Honnecourt a
Diagramação Proporcional ou a Diagramação Moderna (FURTADO, 2009). É possível
constatar que Toundreau indica o Diagrama Proporcional, pois aconselha “entrelinhas
REFERENCIAL TEÓRICO
29

de 11pt para uma fonte 9pt ou derivados, mantendo-se a proporcionalidade dos


parâmetros” (TOUNDREAU, 2009).
Como se percebe acima, um dos fatores que influenciam na composição do grid,
é a entrelinha. Porém, para cálculo dessa variante é indicado já ter-se escolhido a
fonte a ser utilizada uma vez que cada família tipográfica possui dimensões diferentes
e conforme elas se alteram, alteram-se todos os cálculos envolvidos na decisão da
entrelinha. Para entender melhor sobre esse assunto, passa-se ao próximo subtópico,
a tipografia.

2.1.3 Tipografia
Segundo Caldwell e Zappaterra (2014, p.86, tradução da autora) "o design com
tipos é a espinha dorsal do design editorial e todo designer tem de saber o básico
sobre ele". Tendo essa afirmação em mente e considerando o fato do objeto de análise
ser um material text-based, cabe analisar alguns aspectos centrais que definem os
elementos tipográficos. Abaixo, figura 05 que destaca alguns dos principais elementos
da anatomia tipográfica.

Figura 05: Anatomia tipográfica.

Fonte: SILVEIRA (2014) e CRISTIAN (2015), adaptado pela autora.

Conforme a variação dessas características da família tipográfica, criam-se as


classificações das mesmas e, sobre esse aspecto, Tondreau (2009) recomenda evitar
as “Manuscritas” e “Góticas” para longos textos corridos. Para poder atender a
recomendação da autora, faz-se necessário elucidar sobre quais são esses tipos de
fontes, assim chega-se a Baer (2011), que divide as fontes em “Romano”, “Egípcio”,
“Gótico”, “Etrusco”, “Manuscrito” e “Fantasia” (BAER, 2011 apud LUGOBONI, 2015,
REFERENCIAL TEÓRICO
30

p. 04). Baer ainda acrescenta que as Romanas podem ser subdivididas em “Antigas”,
de “Transição” e “Modernas”.
Bello (2015) afirma que as Romanas Antigas possuem hastes contrastantes e
serifas triangulares; as Romanas Modernas mantem o contraste das hastes, mas
possuem serifas lineares; as Egípcias se destacam por suas serifas retangulares e
uniformidade entre as hastes; as Góticas possuem hastes e serifas livres, assim como
as Manuscritas e as Fantasia. Moreno (2008) classifica as Etruscas como fontes sem
serifa, com haste fina e pouco contrastantes.
Na figura 06, abaixo, alguns exemplos dessas classificações tipográficas.

Figura 06: Classificação de famílias tipográficas.

Fonte: LUGOBONI (2015); BELLO (2015) e MORENO (2008), adaptado pela autora.

Já Lupton (2010, p. 46, tradução da autora), usa as classificações “Humanista


ou Estilo Antigo”, “Transicionais”, “Modernas”, “Egípcias ou Slab Serif ”, “Humanista
Sem Serifa”, “Transicional Sem Serifa” e “Geométrica Sem Serifa”. As Estilo Antigo,
são criadas com base nas fontes romanas dos séculos XV e XVI que se inspiravam,
por sua vez, na caligrafia clássica. As Transicionais são semelhantes às Estilo Antigo,
porém possuem serifa mais afiada, eixo mais vertical, e contraste mais acentuado. As
Modernas são fontes “radicalmente abstratas”, possuem hastes muito finas e muito
grossas, e em consequência oferecem um contraste muito forte, serifas finas e retas,
eixo bastante verticalizado. As Egípcias ou Slab Serif possuem muito peso e abarcam
as fontes “Decorativas”, criadas no século XIX para finalidade publicitária, possuem
REFERENCIAL TEÓRICO
31

serifas pesadas com terminação retangular. As Humanistas Sem Serifa, são


semelhantes às Humanistas, mas não apresentam serifa e possuem um contraste
menor. As Transicionais Sem Serifa se assemelham às Transicionais pelo eixo
verticalizado, porém são bastante uniformes o que lhes garante pouco contraste,
também chamadas de “Sem Serifas Anônimas”. As Geométricas Sem Serifa são
construídas em cima de formas geométricas básicas, a letra “ “o” é um círculo perfeito
e os picos dos A’s e M’s são triângulos afiados”. Segue figura 07 que exemplifica a
classificação dada pela autora.

Figura 07: Classificação básica de famílias tipográficas – parte II

Fonte: LUPTON (2010), adaptado e traduzido pela autora.

Na literatura pesquisada, há o destaque para que nunca se use em excesso as


maiúsculas e/ou itálicos, pois há prejuízo de leiturabilidade, também a recomendação
para usar os maiores tamanhos de fontes possíveis, pois, “o tipo fica ótimo em grandes
tamanhos de fontes” (TONDREAU, 2009). Ainda sobre a escolha de famílias
tipográficas, Caldwell e Zappaterra (2014) aconselham a usar os pesos de fonte
regular, médio, semi-negrito ou negrito, por possuírem mais fácil visualização, bem
como evitar tamanhos de fonte ultraleve, fino e leve, que podem ser mais difíceis de
REFERENCIAL TEÓRICO
32

ler. Na fase de desenvolvimento de alternativas, todas essas sugestões serão


testadas.
Para que a tipografia seja escolhida com propriedade, é necessário questionar
qual o seu objetivo na comunicação visual do produto desenvolvido, pois conforme
muda sua função dentro do texto, mudam as recomendações de escolha da fonte. As
famílias tipográficas ficam longe de exercer papel meramente estético na obra, sendo,
na verdade, personagens ativos e fundamentais para uma boa solução de layout. Com
intuito de compreender os diferentes objetivos dos membros de um conjunto textual,
passa-se ao próximo subtópico, a anatomia editorial.

2.1.4 Anatomia editorial


Consiste na escolha adequada das famílias tipográficas a serem empregadas
conforme a função da informação que se formata, buscando, dessa forma, ritmo e
fluxo; hierarquia e afiliação, que juntos conferem a propriedade de escaneamento do
conjunto da obra (APFELBAUM; CEZZAR, 2014; CALDWELL; ZAPPATERRA, 2014).
Para proceder tal análise, necessário compreender os elementos da anatomia
editorial, que serão mostrados nas figuras 08 e 09, a seguir.

Figura 08: Elementos da anatomia editorial – parte I.

Fonte: APFELBAUM; CEZZAR (2014), adaptado e traduzido pela autora.


REFERENCIAL TEÓRICO
33

Figura 09: Elementos da anatomia editorial - parte II.

Fonte: APFELBAUM; CEZZAR (2014), adaptado e traduzido pela autora.

Existe a recomendação de uso de fonte 9pt para corpo de texto, destacado que
para “textos longos e tradicionais o mais comum é o uso de tipos serifados”
(TONDREAU, 2009). Considerando ainda produção text-based, as Romanas Antigas
são indicadas para essa finalidade, pois seu formato “proporciona ao leitor um
inconsciente descanso visual” (BELLO, 2015, p. 08). Já as Egípcias seriam
recomendadas para destaques no texto como títulos.

2.1.5 Layout
É o planejamento global da publicação. Comumente, usa como base o grid,
garantindo ritmo e fluxo ao projeto editorial para que se proporcione ao leitor conforto
suficiente a fim de mantê-lo engajado na leitura do material. Segundo Caldwell e
Zappaterra (2014), a ferramenta mais importante para desenvolvimento do layout de
publicações impressas é o flatplan, que se assemelha a um storyboard do conjunto
REFERENCIAL TEÓRICO
34

da obra. Esse recurso traz as imagens das páginas na ordem que serão impressas,
permitindo que o editor sinta a apelo emocional e perceba o aspecto visual do projeto
desenvolvido através da mancha tipográfica da página e a harmonia entre elas. A
seguir, figura 10, que, exemplificando um flatplan, deixa o conceito de layout e forma
da ferramenta empregada mais claros.

Figura 10: Exemplo de flatplan.

Fonte: CALDWELL; ZAPPATERRA (2014), adaptado pela autora.

Realizado esse primeiro levantamento sobre o design editorial, parte-se para o


próximo tópico – interação homem computador – pois o projeto proposto prevê uso do
produto, também no meio digital. Para o bom atendimento dessa proposta, necessário
entender alguns mecanismos básicos de como se desenvolve essa relação e quais
são suas particularidades.
REFERENCIAL TEÓRICO
35

2.2 Interação homem computador

A área que estuda a relação entre homem e computador é bastante vasta, pois
possui diversos aspectos com abordagens diferentes. Trazendo esse ponto de vista
para análise do objeto original deste estudo, encontra-se na arquitetura da informação,
no design de informação, no design de interfaces e no design de navegação amplos
campos a serem explorados (GARRETT, 2011).
A arquitetura da informação define a estrutura dos requisitos de conteúdo,
comumente expressada por diagramas ou planilhas (figura 11, próxima página) e “a
forma com que o usuário interage através dessa estrutura é o design de navegação”
(GARRETT, 2011, p. 108, tradução da autora), exemplificado na figura 12, na página
a seguir.
Por outro lado, o design de interface “preocupa-se em atender os requisitos para
que o produto cumpra seus objetivos como objeto funcional” (GARRETT, 2011, p. 108,
tradução da autora). É através desse conceito que são escolhidos, por exemplo,
formatos dos botões e famílias de ícones a serem utilizados no projeto. Pode parecer
uma decisão frugal, mas para essa tomada de decisão é necessário considerar, antes,
a intenção do usuário que irá interagir com a interface projetada. Sendo verdade que
toda interface se destina a ser usada por uma pessoa, atender a expectativa que ela
tinha quando tomou a decisão de interagir com o produto é primordial. Caso contrário,
a interface não estará cumprindo bem seu papel de interlocutora no diálogo homem
computador. Pode-se imaginar projetar um site de vendas, mas se os objetos vendidos
forem carros, as necessidades e expectativas a serem atendidas são completamente
diferentes das demandas para um site de vendas de itens de um supermercado. Por
isso, cada detalhe do projeto deve ser analisado em profundidade.
REFERENCIAL TEÓRICO
36

Figura 11: Exemplo de diagrama para arquitetura da informação.

Fonte: GARRETT (2011, p. 103).

Figura 12 Tipos de design de navegação.

Fonte: GARRETT (2011), adaptado e traduzido pela autora.

Tangenciando todos esses objetivos, fica o design de informação: “a


apresentação da informação para uma comunicação efetiva” (GARRETT, 2011, p.
108, tradução da autora). É ele que planeja a organização dos conteúdos e
hierarquização dos mesmos. Para essa montagem, uma ferramenta frequentemente
utilizada é a criação de wireframes. A camada mais superficial é a que recebe a
REFERENCIAL TEÓRICO
37

aparência estética que o produto terá, na qual são definidos grid, fontes, artes, cores
e que possibilita a análise de como esse conjunto funciona, comumente representada
por protótipos (GARRETT, 2011). A figura 13, abaixo, ilustra esses dois recursos de
planejamento e evidencia a correspondência direta entre ambas, ainda que não exata.

Figura 13: Exemplo de wireframe e seu protótipo correspondente.

Fonte: GARRETT (2011), adaptado pela autora.

Todo esse planejamento visa proporcionar aos usuários uma boa experiência de
uso (User eXperience - UX), para que assim se garanta o engajamento do público
com o produto desenvolvido. Esse conceito é amplamente empregado quando se
projeta interfaces digitais, mas nem sempre é parametrizado no desenvolvimento de
outros produtos. Contudo, é importante buscar essas metas de uso para qualquer
projeto criado, pois “todo produto destinado a humanos tem um usuário, e sempre que
um produto é usado, ele oferece uma experiência” (GARRETT, 2011, p. 08, tradução
da autora). A melhor forma de proporcionar essa interação positiva, é entender as
necessidades dos usuários e os objetivos do produto.
REFERENCIAL TEÓRICO
38

Existem algumas ferramentas de pesquisa que podem ser empregadas para


conhecer o público ao qual o produto se destina. Nesse contexto, a segmentação de
usuários pode fornecer esses dados: através da categorização do público-alvo sob
critérios como idade, escolaridade e gênero de identificação, busca-se compreender
as dores comuns a determinado perfil de pessoas. Outra alternativa é recorrer a
questionários ou entrevistas, ambas podendo ser presenciais ou virtuais, embora
sempre seja mais rica a forma presencial, pois, assim, pode-se captar nuances do
comportamento que manifestem desejos não declarados, o que nas sondagens
virtuais se torna menos expressivo (SOARES, 2004).
Tendo compreendido algumas das bases da interação homem computador – as
quais podem ser aplicadas no desenvolvimento de PDF destinado, também, à leitura
em dispositivos eletrônicos - o próximo tópico, se destinará ao estudo do design
editorial para meios digitais, pois os diferentes meios de uso implicam diferentes
necessidades e satisfazer ambas é um dos objetivos específicos desse estudo.
REFERENCIAL TEÓRICO
39

2.3 Design editorial para meios digitais

Um conceito amplamente aplicado durante do desenvolvimento de interfaces


digitais é o de responsividade, que, traduzido de forma bastante simplória, consiste
na capacidade do sistema - e por consequência, do layout - em adaptar-se ao tamanho
da tela do dispositivo eletrônico empregado para utilização do produto (SILVA, 2014).
Sob essa ótica, Mod (2012) divide os livros digitais em dois tipos: “sem forma
bem definida” e “com forma bem definida”. O primeiro grupo, possui o conceito de
responsividade, tendo formas diferentes conforme o suporte utilizado. Já o segundo
grupo tem o formato fixo, aqui se enquadra a maioria dos textos compostos, que além
da parte textual, trazem gráficos, imagens ou até mesmo podemos considerar as
poesias que, muitas vezes, se utiliza da forma como recurso para expressar a ideia
do conteúdo. O layout desse segundo grupo de livros digitais até pode ser refluível,
mas, se mal projetado, o texto pode perder a qualidade. Mesmo dentro do grupo “sem
forma bem definida” há risco de haver prejuízo da efetividade do poder de
comunicação do produto, pois nem sempre essa reconfiguração do layout preocupa-
se com a função mais ampla dos produtos digitais, muitas vezes ficando restrita
apenas à adequação das dimensões e distribuição dos componentes. Por isso o autor
defende o conceito de “conteúdo definido”, que “é dividido entre o iPad e a impressão”
(MOD, 2012, tradução da autora), pois explora, também, as potencialidades existentes
no meio digital e a forma do novo suporte empregado. Pode-se enxergar, aí, um
obstáculo a ser transpassado, já que grande parte da literatura sobre design editorial
se dedica aos meios impressos, entretanto o autor destaca essa migração para o meio
digital como uma oportunidade de crescimento, cabendo ao designer dedicar-se ao
profundo estudo das potencialidades do meio em expansão (MOD, 2012).
REFERENCIAL TEÓRICO
40

Considerando essas divisões de tipo de texto, o autor define que o PDF se


encontra dentro do “conteúdo definido”, conforme mostra quadro 02, abaixo.

Quadro 02: Categorias dos formatos de livros digitais.

Fonte: MOD (2012), adaptado e traduzido pela autora.

Considerando essa classificação de “conteúdo definido”, atribuído aos arquivos


PDF, ainda cabe trazer o conceito de “tipografia estática” (LUPTON, 2014, tradução
da autora) que seria a tipografia aplicada, entre outros, a arquivos PDF. Esse grupo
se diferencia da “tipografia em movimento” por não apresentar movimento na tela,
diferente dos textos em filmes, por exemplo, ou até mesmo em alguns casos da web.
Uma vez que o objeto original de análise desse estudo é composto
majoritariamente por texto e seu objetivo principal é a leitura, entende-se que a
tipografia irá exercer papel fundamental na obtenção de um produto final bem
resolvido. Mantendo essa linha de raciocínio, aprofunda-se a pesquisa em Lupton
(2014) que define como parâmetros básicos da análise tipográfica peso, tamanho,
estilo, alinhamento e espaço. A autora faz, também, um paralelo com a classificação
tipográfica contida na figura 07 (p. 31 deste estudo), trazendo a análise para o universo
das fontes no meio digital.
As classificações das famílias tipográficas diferem em alguns aspectos das
anteriores, as outrora denominadas “Egípcias ou Slab Serif” passam a possuir o título
de “Humanistas Slab Serif ou Egípcias”. Surgem duas novas classificações:
“Transicionais Slab” e “Geométricas Slab”. As primeiras caracterizadas por sua
adaptabilidade dentro da anatomia editorial, servindo bem para leitura ou títulos e
subtítulos. Ao segundo novo grupo, competem as características de “modulação
mínima, muito peso e serifas estruturais” (LUPTON, 2014, tradução da autora).
Importante frisar que essa diferença terminológica e categórica pode não ser apenas
REFERENCIAL TEÓRICO
41

pela diferença de meio analisado, mas também pela diferença de tempo entre as obras
consultadas, sendo a primeira do ano de 2010 e a segunda de 2014.
Como exemplo das famílias tipográficas Transicionais Slab, Lupton (2014) usa a
família “Chaparral”, a qual possui “formas gentilmente modulares e slab serifs
elegantes” (LUPTON, 2014, tradução da autora), a escritora também dá destaque à
família “Minion Pró”, fonte pertencente à classificação Humanista (que agora perde o
pseudônimo de “Estilo Antigo”), por possuir grande flexibilidade na exploração da
anatomia editorial, assim como as Transicionais Slab. Para a “Minion Pró”, encontra-
se a sugestão de utilizá-la em tamanhos grandes e itálico para títulos e small caps
para subtítulos. A família “Georgia”, do tipo “Transicional” vem apontada como uma
fonte “clássica web” (LUPTON, 2014, tradução da autora). Já família “Bodoni”, já
citada anteriormente como “Moderna”, ganha o status de inadequada para telas
devido seu altíssimo contraste. A “Gill Sans”, “Humanista Sem Serifa”, ganha
destaque por ser a fonte utilizada por muitos desenvolvedores para criação de
programas de computador.
Para análise dessa adequação das fontes empregadas aos meios digitais,
encontrou-se Woloszyn (2018), que define “dimensões e fatores de aplicação da
tipografia em livros digitais”, suas diretrizes podem ser observadas na figura 15, na
página a seguir.
REFERENCIAL TEÓRICO
42

Figura 15: Dimensões e fatores de aplicação da tipografia em livros digitais.

Fonte: WOLOSZYN (2018), adaptado pela autora.

Estas dimensões e fatores foram observados na fase de leitura e análise do


objeto de estudo original bem como na proposição da nova solução de projeto.
Buscou-se, também, por boas práticas aplicadas na elaboração de ebook.
Mesmo ciente da diferença entre esse produto e um produto PDF (que possui
conteúdo definido), considerou-se que essas informações poderiam ser significativas
tendo em vista a similaridade de algumas funções entre eles, como pesquisa, links de
hipertexto, marcadores, anotações, destaques e ferramentas interativas (POZZATTI,
2018; ADOBE, 2021). A seguir, seguem as diretrizes para elaboração de livros
eletrônicos, listadas no quadro 03, na próxima página.
REFERENCIAL TEÓRICO
43

Quadro 03: Diretrizes para criação de ebook.

Fonte: POZZATTI (2018), adaptado e traduzido pela autora.


REFERENCIAL TEÓRICO
44

Segundo o “Human Interface Guidelines” (APPLE, 2021), sobre utilização de


cores, não é recomendado uso de vermelho+verde ou de azul+laranja em cuidado a
usuários portadores de Daltonismo.
Já para hierarquia da informação, encontrou-se como ponto de partida as
recomendações contidas no quadro 04, a seguir:

Quadro 04: Recomendações de hierarquia para ambiente virtual.

Fonte: Apple (2021), adaptado e traduzido pela autora.

Ainda segundo a Apple (2021), também é importante considerar limitações


físicas dos usuários, para baixa visão, é indicado o uso de alto contraste entre as cores
empregadas no sistema. Também se indica o cuidado com efeito de luminescência
da tela para a escolha da paleta. Para cálculo do contraste em ambientes virtuais,
pode ser utilizada uma calculadora de cores online baseada na fórmula de contraste
de cores das Diretrizes de Acessibilidade de Conteúdo da Web (WCAG). É indicado
que para fontes de tamanho até 17pt, com qualquer peso, o contraste deve ser de
4,5:1. Para 18 pt ou maior, com qualquer peso, contraste de 3:1. Finalmente, para
fontes de qualquer tamanho em negrito, contraste de 3:1.
Para Mod (2012, tradução da autora), “a leitura digital inevitavelmente superará
o nível de conforto da leitura no papel”, sendo as funções similares entre ebook e PDF
indicadas pelo autor como “fatores que vêm aumentando o engajamento dos usuários
com livros eletrônicos” (MOD, 2012, tradução da autora). Para conhecer melhor esses
recursos aplicáveis em PDF, passa-se ao próximo tópico, recursos PDF de auxílio de
navegação.
REFERENCIAL TEÓRICO
45

2.4 Recursos PDF de auxílio de navegação

No site do desenvolvedor do programa “Adobe”, criador dos arquivos PDF, a


primeira observação encontrada que cabe ressaltar é ser importante considerar os
recursos de navegação no início da formatação do documento, isso porque muitos
programas computacionais possuem mecanismos de auxílio ao projetista para
inclusão desses atributos ao arquivo PDF desenvolvido.
A seguir, cria-se quadro 05, com as indicações do desenvolvedor como principais
recursos de auxílio de navegação PDF.

Quadro 05: Principais recursos de auxílio de navegação PDF.

Fonte: Adobe (2021), adaptado pela autora.

No tópico seguinte - usabilidade - procura-se definir as bases de critérios mais


subjetivos que possam incrementar o nível de conforto do usuário, para assim buscar
não somente a implementação das ferramentas de interatividade, mas também por
critérios não concretos para desenvolvimento da proposta, garantindo, dessa forma,
maior chance de atender as expectativas do público ao interagir com o produto gerado.
REFERENCIAL TEÓRICO
46

2.5 Usabilidade

Como ponto de partida, define-se usabilidade:

“Usabilidade é a medida pela qual um produto pode ser usado por usuários
específicos para alcançar objetivos específicos com efetividade, eficiência e
satisfação em um contexto de uso específico” (ISO 9241-11).

Sendo que a “efetividade” se refere ao atendimento da intenção inicial do usuário


quando tomou a decisão de interagir com o produto. A “eficiência” diz respeito a
quantidade de trabalho por ele despendida na execução dessa tarefa. Restando para
“satisfação”, o critério mais subjetivo, a percepção particular e pessoal desse usuário
em relação ao produto (ISO 9241-11).
Como forma de criar método para controlar o nível com que a interface responde
a esses quesitos, Nielsen (1994) desenvolve as “Dez Heurísticas de Usabilidade para
Design de Interfaces”, uma guia de recomendações a serem obedecidas e
constantemente revisadas pelos projetistas durante a criação da interface, descritas
no quadro 06, a seguir.
REFERENCIAL TEÓRICO
47

Quadro 06: Heurísticas de usabilidade de interfaces.

Fonte: NIELSEN (1994), adaptado e traduzido pela autora.

O modelo analítico para criação de interfaces digitais desenvolvido por Garrett


(2011) com foco em UX (User eXperience) serve como guia complementar para quem
busca a implementação de usabilidade, embora seja fato conhecido que a primeira é
um campo mais amplo do que a segunda (PREECE, 2011).
REFERENCIAL TEÓRICO
48

Depois de dividir o processo criativo em 5 planos, cada um deles é subdividido


em outros aspectos menores, os quais correspondem a áreas especializadas, não só
do design, mas também da computação. Esse modelo pode ser visto na figura 16,
abaixo, na qual, além das subáreas, são incluídas breves descrições das mesmas.

Figura 16: Os cinco planos da experiência do usuário.

Fonte: GARRETT (2011), adaptado e traduzido pela autora.

Como forma de mensurar a experiência de uso da interface desenvolvida, Garrett


(2011) cita algumas ferramentas de pesquisa, sendo as mais aplicáveis ao caso do
objeto deste estudo os questionários, as entrevistas (presenciais ou virtuais), os testes
com usuários (GARRETT 2011; NIELSEN 2019) e as pesquisas de contexto (análise
do uso do produto em situação real de uso). Ainda sobre as métricas de usabilidade,
Garrett (2011) e Nielsen (2000, 2012) não indicam a inclusão de muitos usuários nas
análises, pois quanto maior o número de participantes, menos imersiva se torna a
observação. Nielsen (2000, 2012) indica que o ideal é incluir 05 usuários nas
pesquisas qualitativas.
REFERENCIAL TEÓRICO
49

Para classificação da severidade dos problemas da interface observados,


Nielsen (1994) desenvolve escala listada no quadro 07, abaixo:

Quadro 07: Escala de severidade de problemas de usabilidade.

Fonte: NIELSEN (1994), adaptado e traduzido pela autora.

Realizado apanhado teórico sobre os principais pontos necessários para o


desenvolvimento do produto do projeto, passa-se a estudar, no próximo capítulo, os
métodos de desenvolvimento e aplicação dos conhecimentos até então adquiridos.
METODOLOGIA

3 METODOLOGIA

Para desenvolvimento metodológico projetual, procurou-se atender as diferentes


demandas contidas pelo produto que pretendia-se criar, tendo em vista que um dos
objetivos específicos do estudo era atender tanto as necessidades para meio
impresso, quanto as demandas e potencialidades do meio digital. Nas metodologias
estudadas, percebeu-se grande carência de métodos específicos para criação de
livros digitais, lacuna essa inclusive destacada por Mod (2012). Por esse motivo, foi
necessário mesclar ensinamentos relevantes para que se alcançasse mais segurança
na proposição de solução final.
Sendo assim, usou-se como amparo Hsuan-An (2018) que mostra, de forma
holística, mecanismos geracionais bastante seguros para criação de produtos de
comunicação. Como segundo guia, utilizou-se o método desenvolvido por Garrett
(2011), os “cinco planos de experiência do usuário”, que tem como meta não só a
criação de uma interface bem resolvida, mas também a obtenção de alto nível de
satisfação entre os usuários. Ainda, aplicaram-se técnicas descritas por Caldwell e
Zappaterra (2014), que aplicam a produtos editorias práticas dos fundamentos básicos
do design. Nas páginas seguintes, discorre-se sobre cada um desses métodos e
técnicas, e, por fim, cria-se a mescla entre eles.
METODOLOGIA
51

3.1 Método de análise-síntese, segundo Hsuan-An

Para criação de produtos de comunicação, o ponto de partida do autor é salientar


quatro grandes aspectos a serem atendidos na busca da solução ao problema:
“Projeto”, “Planejamento”, “Processo” e “Metodologia”.
Destaca que o “Planejamento” é subdividido em “estratégico”, “operacional”,
“tático”, embora nem todos precisem estar presentes no escopo. Esse plano pode ser
obtido através das respostas a perguntas básicas como onde?, para quem?, quando?.
Toma-se a liberdade de fazer, aqui, um acréscimo: a técnica do 5W2H, que consiste
em responder as perguntas o que será feito?, por que será feito?, onde?, quando?,
por quem?, como? e quanto? (SEBRAE, 2021).
Todos esses conceitos ficam mais claros na figura 17, a seguir:

Figura 17: O fazer do designer.

Fonte: Hsuan- An (2018), adaptado pela autora.


METODOLOGIA
52

Num segundo momento, deve-se estabelecer o contexto que cerca o problema


de projeto sob os mais diversos aspectos como: sociais, econômicos e ambientais.
Com o enlace preciso das necessidades a serem atendidas, parte-se para
elaboração do conceito: qual a ideia que se deseja transmitir. Ele é expressado por
“elementos concretos” e outros menos tangíveis, os “elementos de comunicação”.
Como exemplo dos elementos concretos, refere recursos visuais como cores, texturas
e tipos de imagens. Já os elementos classificados pelo autor como de comunicação
seriam mais sutis, como forma da escrita, tipografia e a expressão final do layout.
Tendo essas bases definidas, pode-se, então, partir para ao “processo de projeto” e
“metodologia”.
Hsuan-An (2018) enfatiza que durante todo processo projetual diversas
experimentações devem ser feitas nos campos técnico, material, formal, estrutural,
prático e estético. Essas experimentações possuem dois momentos distintos, o
pensar e o fazer. Ao raciocínio, necessário são informações, já a execução carece de
técnica, habilidade e criatividade.
Passando ao método propriamente dito, existem ainda os experimentalistas e os
racionalistas, o segundo grupo mais embasado na análise técnica dos dados
previamente obtidos, o método de Hsuan-An (2018) pertence a ele.
O método de análise-síntese “consiste em procedimento de uma sequência de
ações, como: observar, analisar, descrever, examinar, descobrir, explicar, concluir,
interpretar, abstrair, aplicar, experimentar, recriar e criar” (HSUAN-AN, 2018, p. 207-
208).
Já ao processo projetual, cabem as seguintes etapas:
 Problematização e contextualização
 Definição e estruturação do problema
 Estudo, análise e pesquisa
 Fatores condicionantes: delimitadores do projeto e não podem ser
alterados (exemplo: o usuário, as necessidades, os fatores ergonômicos,
psicológicos, sociais, econômicos, culturais, climáticos, ambientais,
tecnológicos)
METODOLOGIA
53

 Definição das características e qualidades pensadas: conceito e as


características e qualidades estético-visuais e expressivo-comunicativas.
A estrutura, o espaço, o material, o peso e os requisitos de uso podem ser
arrolados, porém só serão definidos ao longo do projeto.
 Elaboração do briefing
 Análise de similares (escolhidas para o estudo: análise morfológica e das
características de uso)
 Geração de ideias (no caso desse projeto, partindo das boas práticas
identificadas, da análise de similares e técnica TRIZ).
 Prototipagem

A técnica TRIZ consiste na análise de uma guia contendo 40 princípios de


inovação, a tese defendida é que ao se alterar algum deles se obterá um produto
inovador (TRIZONLINE, 2021, tradução da autora). Os princípios são: segmentação,
supressão, qualidade local, assimetria, mesclar, universalidade, "boneca aninhada”,
anti-peso, antiação preliminar, ação preliminar, amortecimento prévio,
equipotencialidade, um caminho diferente, esferoidalidade, dinâmica, parciais, outra
dimensão, vibração mecânica, ação periódica, continuidade de ação útil, pulando,
"bênção disfarçada", feedback, “intermediário”, self-service, copiando, vida curta e
barata, substituição mecânica, pneumática e hidráulica, cartuchos flexíveis e filmes
finos, materiais porosos, mudanças de cor, homogeneidade, descartando e
recuperando, mudanças de parâmetros, transições de fase, expansão térmica,
oxidantes fortes, atmosfera inerte, material de composição.
Analisado processo metodológico para criação de material de comunicação,
inicia-se uma breve descrição do método de Garrett (2011) para criação de interfaces
digitais tendo em vista o autor já foi visto em profundidade nos tópicos 2.2 e 2.5.
METODOLOGIA
54

3.2 Método de Garrett para criação de interface digital

Garrett (2011) desenvolveu sua metodologia com base na divisão da criação do


produto em 05 camadas, as quais podem ser visualizadas na figura 16 (p. 47 deste
projeto). As camadas estão distribuídas de forma a seguirem dos critérios mais sutis
até os aspectos mais táteis. Para uma boa solução de produto deve-se seguir os
seguintes passos:
 Plano da estratégia: necessidades dos usuários e objetivos do produto
 Plano do escopo
Produto como funcionalidade - “requisitos funcionais”.
Produto como informação - “requisitos de conteúdo”.
 Plano da estrutura
Produto como funcionalidade - “design de interação”, será aplicada a técnica de
“tratamento de exceção” através de problemas prévios identificados como dificuldade
de navegação e tipografia.
Produto como informação - “arquitetura da Informação” - “requisitos de conteúdo”.
 Plano do esqueleto: design de informação
Produto como funcionalidade - “design de interface”.
Produto como informação - “design de navegação”.
 Plano da superfície: se valerá dos recursos possíveis: contraste,
consistência, paleta de cores e tipografia
Ainda sobre métodos e técnicas, cria-se o tópico a seguir que fundamenta a
criação de produtos editorias com base nos fundamentos básicos do design.
METODOLOGIA
55

3.3 Técnicas de composição editorial sobre os fundamentos do design, por


Caldwell e Zapatterra

Caldwell e Zapatterra ensinam que como não há padrão na forma como o olho
escaneia a página, o mais seguro é criar determinados “ganchos visuais” para
conduzir o olhar do leitor, definindo, de modo mais ostensivo, a hierarquia do layout.
Trazem como exemplo a figura 18, abaixo, em que o primeiro gancho visual seria
a letra “G” em vermelho, pelo seu tamanho e cor, após o olhar é guiado pela serifa
esquerda do tipo para a arte da imagem da fotografia e por último ao texto “stand first”,
que mixa a anatomia editorial de “legenda” com “introdução”.

Figura 18: Como o olho escaneia o texto.

Fonte: Caldwell e Zapatterra (2014, p.128).


METODOLOGIA
56

Trazem a composição editorial analisada sob os fatores de design, que são:


 Espaço: publicações com grande volume de texto devem usar o branco
para balancear com a mancha cinza gerada pelos tipos, além disso, usar
de recursos como imagens, listas, títulos coloridos e caixas de texto (texto,
imagens e elementos gráficos) como meios de respiro para o fluxo do
layout. Geralmente o número de palavras é controlado. Um fator
determinante na distribuição espacial é a decisão do grid vertical ou
horizontal. As autoras ensinam que até a metade do século XX os jornais
eram formatados em coluna única, gerando grande monotonia ao produto
editorial, o que foi sendo modificado com a adoção de múltiplas colunas
e margens mais amplas.
 Domínio da Forma: distribuição de elementos no espaço, sendo esses
elementos manchetes, texto, arte e espaço branco. A maneira como se
distribui esses elementos é o que dá a forma total do layout. Determina
ritmo e fluxo. Uma técnica para análise da forma é semicerrar os olhos e
olhar para o layout da página, assim é possível entender como está o
ritmo e fluxo do produto, somente através de suas formas. Pode-se
perceber como as formas se juntam para formar outras formas ou linhas
diagonais mais fortes. Ainda, deve-se considerar a proporção clássica da
“seção dourada”, que é definida pela razão 1:1.618, ou uma altura de 16,2
e uma largura de 10. Também levar em conta a forma obtida através das
cores, isto pode ser feito com fotografias, ilustrações, tipo decorativo,
espaço branco e blocos de cores, tons ou o próprio texto. As autoras
frisam que “psicologicamente, o texto parece mais fácil de ler quando é
dividido em pedaços menores” (CALDWELL, ZAPATTERRA, 2014, p.134,
tradução da autora). Pode-se usar a cor como elemento de ligação entre
títulos, por exemplo.
 Tensão: pode ser obtida através de como as formas se relacionam entre
si e como estas se relacionam em relação às bordas. Também pode ser
obtido através das cores ou sangrando uma imagem para além dos limites
da página. Podem, por exemplo, conduzir o leitor numa linha diagonal de
METODOLOGIA
57

disposição dos elementos ou trazer atenção para um ponto específico e


dele seguir o fluxo do texto.
 Repetição e fluxo: muitas vezes confere identidade visual do produto,
através da padronização da distribuição dos elementos, códigos de cores,
tamanhos empregados a cada tipo de elemento da anatomia editorial.
Geralmente utiliza como base o grid para distribuição padrão das formas.
Ainda que estabeleça identidade visual, deve-se evitar monotonia e
obviedade.
 Escala: usada para orientar o olhar do leitor, dramatizar ou enfatizar a
informação. Pode ser explorada com texto ou imagens.
 Contraste: há ocasiões em que pode ser interessante criar contraste entre
os tamanhos dos elementos do produto editorial, uma imagem enorme
contra um grande volume de texto com tipos pequenos, mas corre-se risco
de parecer um design fraco e pouco elaborado. Mais indicado usar um
elemento de ilustração grande balanceado com vários outros pequenos.
 Equilíbrio: pode ser alcançado através da simetria ou um número igual de
itens, embora esses caminhos possam levar a monotonia do produto. O
segredo é buscar o equilíbrio de forma assimétrica: conferir o mesmo peso
para cada lado do layout.
 Profundidade: pode ser criada “por meio de técnicas de produção como
corte e vinco, relevo e o uso de metais e quintas cores” (CALDWELL,
ZAPATTERRA, 2014, p.137, tradução da autora). Outra forma de se
chegar nesse resultado é a exploração delicada de camadas através da
disposição de forma, tipo e cor.

Feita revisão de bibliografia, inicia-se o processo de adequação metodológica ao


objeto original de estudo, tendo em vista que o mesmo não é puramente um produto
editorial de comunicação, tampouco apenas uma interface digital. Que pese a
diferença entre os meios de uso mais comuns desses tipos de produtos, o objetivo de
ambos, assim como de qualquer outro produto desenvolvido, é o mesmo: atender de
forma plena as necessidades dos usuários.
METODOLOGIA
58

3.3 Adaptação metodológica

Tanto Hsuan–An (2018) como Garrett (2011) definem como ponto de partida o
plano mais sútil do projeto, chegando ao ponto mais tátil e com base nessa informação
chegou-se ao seguinte modelo para este projeto:

1) Identificação das necessidades dos usuários e dos objetivos do


produto para delimitação precisa do problema a ser resolvido. A partir
disso, definem-se os requisitos funcionais, requisitos não funcionais,
requisitos de conteúdo e requisitos de aparência da solução de projeto a ser
proposta. Para isso será feito questionário com usuários pertencentes ao
público-alvo, pesquisa bibliográfica para identificação dos objetivos do RIMA
e imersão de uso. Também serão considerados os fatores condicionantes.
2) Definição das características e qualidades pensadas: qualidades técnico-
práticas, as características estético-visuais e expressivo-comunicativas
(forma, cores, imagens e grafismos, linguagem, tipografia, composição) e
conceito.
3) Definição do briefing
4) Análise de similares: escolhidas para o estudo: análise morfológica, das
características de uso e heurísticas de Nielsen.
5) Geração de ideias: partindo das boas práticas identificadas, da análise de
similares, técnica de Caldwell e Zapatterra e técnica TRIZ.
6) Criação do sistema de avaliação
METODOLOGIA
59

7) Validação: conforme ensinado por Garrett (2011), aplicação de tratamento


de exceção. Embora o usual seja aplicar a validação ao o protótipo final,
considerou-se aqui os produtos da geração de alternativas suficientemente
próximos ao protótipo para estarem aptos à avaliação dos usuários.
8) Seleção das características e qualidades necessárias
9) Prototipagem: Assim como o design editorial se vale da anatomia editorial
para planejamento da disposição da informação, analisando o layout através
de flatplans; o desenvolvimento de interfaces digitais usa a arquitetura da
informação e design de informação para pensar na distribuição e
hierarquização de conteúdo, utilizando como ferramenta os wireframes e
protótipos.
10) Conclusão
DESENVOLVIMENTO

4 DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA

Seguindo adaptação metodológica definida no capítulo anterior, partiu-se para


elaboração da proposta de solução final.
Esse desenvolvimento foi dividido em, primeiramente, definir os requisitos, pois
é preciso clareza de qual o problema tenta-se solucionar e quais necessidades devem
ser atendidas.
Após, definiram-se as características e qualidades pensadas: qualidades
técnico-práticas, características estético-visuais e o conceito. Consecutivamente,
chega-se ao fechamento do briefing, para assim poder, com propriedade, proceder a
análise de similares afins com o objetivo inicial do projetista.
A partir desses estudos preliminares, abriu-se espaço para a criatividade e
habilidade técnica, criando-se alternativas que possam ser úteis para a proposição.
Após, passou-se a validação das propostas geradas para que os usuários
tivessem participação ativa na decisão de solução final.
Em última instância, definiram-se as qualidades e características necessárias ao
projeto.
O resultado dessa sistemática é o que segue nas próximas páginas.
DESENVOLVIMENTO
61

4.1 Definição das características e qualidades pensadas

À luz de Garrett (2011) e Hsuan-An (2018), o ponto de partida foi estabelecer as


necessidades dos usuários e objetivos do produto, para assim traçar planejamento de
estratégia bem como dos requisitos, conforme mostra figura 19, abaixo. De posse
dessas informações, seguindo definição de Hsuan-An (2018) - que divide o “fazer do
designer” em “tecnologia”, “ciência” e “arte” – e mesclando com a definição de Garrett
(2011), estabeleceram-se os “requisitos funcionais” correspondendo ao campo
“tecnologia”, os “requisitos não funcionais” correspondendo ao campo “ciência” e os
“requisitos de aparência” correspondendo ao campo “arte”, ainda restando os
“requisitos de conteúdo”. Ainda importante frisar que os requisitos funcionais e não
funcionais ficam definidos como correspondentes às qualidades técnico-práticas, ao
passo que os requisitos de aparência, às características estético-visuais.

Figura 19: Comparação entre metodologias: definição requisitos.

Fonte: Garrett (2011) e Hsuan-An (2018), adaptado pela autora.


DESENVOLVIMENTO
62

A identificação das necessidades dos usuários surgiu do processo de imersão


através do contato com o público-alvo e uso de documento PDF em dispositivo
eletrônico. Já os objetivos do produto foram obtidos através de pesquisa bibliográfica
sobre os objetivos do Relatório de Impacto de Meio Ambiente, da técnica 5W2H
(SEBRAE, 2021) e leitura e análise do objeto de estudo original - conforme defendido
por Hsuan-An (2018) - dando origem, então, ao planejamento estratégico do sistema
e subsequente definição das qualidades e características do produto. A seguir, o
primeiro subtópico que trata de atender a delimitação das necessidades dos usuários.

4.1.1 Requisitos dos usuários


Seguindo o preconizado por Garrett (2011), as dificuldades dos usuários foram
identificadas a partir de entrevistas com o público-alvo e imersão de uso de
documentos PDF, cabendo destacar que a autora desse projeto de estudo é formada
em Técnico de Monitoramento e Controle Ambiental pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul.
Tendo em vista que o RIMA é o documento que o usuário utiliza para basear as
decisões sobre adequação do projeto de obra, é importante a velocidade de
navegação entre suas páginas, uma vez que o relatório possui caráter bastante
extenso. Mecanismos que auxiliassem nessa navegação do documento seria de
grande valia. Outro fator apontado foi a busca da redução da monotonia da
informação, uma vez que se trata de um grande volume de texto corrido, sendo
relatado, em muitos casos, dores de cabeça após horas de uso do produto.
Outra necessidade é a presença de campos de formulários interativos que
permitissem preenchimento e que fossem passíveis de posterior exportação para
formato excel, com a finalidade de alimentação automática de banco de dados.
A partir dessas indicações, desdobrou-se as necessidades dos usuários em
requisitos dos usuários, conforme ilustra quadro 08, a seguir.
DESENVOLVIMENTO
63

Quadro 08: Tradução das necessidades dos usuários em requisitos dos usuários.

Fonte: Autora (2021).

4.1.2 Objetivos do produto


Segundo ECP (2021) o propósito básico do RIMA é “munir a sociedade de
informações para a participação na audiência pública do projeto”. Sendo assim, deve
ter formato didático, contando com ferramentas gráficas como tabelas, quadros,
imagens, gráficos e mapas.
Pertinente recordar que o conteúdo já vem pronto para diagramação, portanto,
depende-se do editor para que uma linguagem cotidiana seja alcançada e, por esse
mesmo motivo, inviável a redução de volume de texto.
A estrutura do conteúdo é dividida em 5 grupos informacionais: o primeiro
conjunto de informações é uma breve introdução que contém a apresentação da
empresa prestadora de serviço, do caráter do documento RIMA, dos objetivos, do
funcionamento e dos alicerces científicos do empreendimento pretendido. O segundo
bloco de conteúdo mostra a proposta gerada a partir do estudo, com layout da
edificação, materiais necessários, processos de funcionamento e sua operação. A
terceira parte do relatório, apresenta a caracterização da área em que se propõem a
construção da obra: extensão, solo, aspectos físicos, biota e aspectos
socioeconômicos. A quarta seção do documento traz os potenciais impactos gerados
pela construção. O quinto e último grupo de informações constitui-se das conclusões
do estudo e apresentação da equipe técnica elaboradora do RIMA.
Partindo dessa análise, conforme Garrett (2011), cria-se figura 20, abaixo, com
o novo esquema da arquitetura da informação, na qual são distribuídos os requisitos
de conteúdo.
DESENVOLVIMENTO
64

Figura 20: Arquitetura da informação da solução.

Fonte: Autora (2021).

Aplica-se, então, a mistura da técnica do 5W2H (SEBRAE, 2021) e observação


dos aspectos construtores da leitura e análise de um produto de comunicação,
segundo Hsuan-An (2018), para elaboração da estratégia do produto:
 O que será feito? Relatório de Impacto de Meio Ambiente (RIMA), um
resumo objetivo do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) com finalidade de
divulgação e compactação da informação. Atualmente utilizado em
formato PDF.
 Por que será feito? Para modernizar o layout apresentado, já que
tradicionalmente sua elaboração visa a impressão embora atualmente
seu uso aconteça basicamente em dispositivos digitais. As necessidades
chaves são modernização do formato devido ao grande volume de
informação e a necessidade da disponibilização de formulário interativo
DESENVOLVIMENTO
65

para que esses dados sejam passíveis de extração para alimentação


automática de banco de dados excel.
 Onde? É utilizado mais comumente em ambiente fechado, através de
dispositivos eletrônicos como computadores e celulares, embora possa
também ser impresso. O upload dos arquivos PDF é feito no site da
prefeitura (www.licenciamento.procempa.com.br). Os computadores
utilizados podem não ter uma configuração muito moderna, sendo
importante manter o baixo volume da solução em megabytes.
 Quando? É feito já com o estudo concluído e com parecer já emitido pela
equipe técnica responsável pelo estudo, momento em que o
empreendedor encaminha a solicitação aos órgãos públicos para
liberação da obra.
 Por quem? Tem destino ao uso popular, sendo mais comumente utilizado
pelos responsáveis por deferir ou indeferir projetos de construção, sendo
esses profissionais técnicos ou não.
 Como? Através de leitura dos dados e resposta de perguntas base, num
sistema tipo funil que determina se é possível ou não aprovar o
empreendimento. Essa metodologia não foi liberada por completo para
este projeto de estudo.
 Quanto? O projeto disponibiliza o capital humano de uma estudante de
design (autora do projeto).

Elaborada análise dos objetivos do produto, elabora-se quadro 09, abaixo, com
os requisitos do produto.

Quadro 09: Tradução dos objetivos do produto em requisitos do produto.

Fonte: Autora (2021).


DESENVOLVIMENTO
66

Ainda segundo Hsuan-An (2018), deve-se ler e analisar o aspecto estético-visual


do objeto original de estudo, com a finalidade de identificação dos seus pontos
positivos e negativos. Dessa forma, se torna possível propor melhorias a partir dessa
análise. Essa tarefa é realizada no próximo subtópico.

4.1.3 Leitura e análise do produto original


O aspecto estético-visual de um produto possui elementos visuais (mais
concretos) e elementos de comunicação (mais sutis) (HSUAN-AN, 2018). Uma
ferramenta poderosa para análise do produto é o flatplan, que evidencia até mesmo
fatores bastante abstratos como hierarquia, ritmo, fluxo e capacidade de
escaneamento do produto (CALDWELL; ZAPATTERRA, 2014). Por esse motivo, faz-
se uso desse recurso aplicado a parte do objeto original desse estudo, ilustrado na
figura 21, abaixo.

Figura 21: Flatplan de parte do objeto original do estudo.

Fonte: Autora (2021).

A partir da figura 21, identificaram-se os pontos a seguir.


DESENVOLVIMENTO
67

Elementos visuais
 Cor: fundo branco, texto preto e laranja para títulos dos tópicos,
numeração das figuras, numeração de tabelas. Títulos de subtópicos em
cinza. Detalhes vermelhos e verdes nos conteúdos de tabelas e imagens.
Tabelas utilizam fundo em tons de cinza. Caixas de texto em cor cinza.
 Textura: não aplica.
 Forma: A4, posição retrato.
 Imagens e grafismo: Colorido. Fotografias e ilustrações computacionais
da proposta do empreendimento: realismo.

Elementos de comunicação
 Linguagem: formal, mas não erudita.
 Tipografia: Embora não haja especificação sobre a família tipográfica
utilizada, acreditou-se ser a “Tahoma”, conforme apontado pelo site
“myfonts.com”, como mostra figura 22, abaixo.

Figura 22: Identificação da fonte do objeto original do estudo.

Fonte: myfonts.com (2021), adaptado pela autora.

Em harmonia ao ensinado por Woloszyn (2018), analisando a tipografia utilizada


em suas dimensões mais concretas (formal, técnica e tecnológica) na exibição do PDF
em 100%, desenvolveu-se quadro 10, baseado em análise da figura 23, ambos
mostrados nas páginas a seguir.
DESENVOLVIMENTO
68

Quadro 10: Análise das dimensões formal, técnica e tecnológica da tipografia original do estudo.

Fonte: Woloszyn (2018), adaptado pela autora.


DESENVOLVIMENTO
69

Figura 23: Recorte do objeto original de estudo em escala 1:1.

Fonte: Atento (2008), adaptado pela autora.

Seguindo ao ensinado por Hsuan-An, analisam-se os elementos de


comunicação trazidos pelas características estético-visuais e expressivo-
comunicativas.
 Identidade (expressão, logotipo): Há presença dos logotipos das
empresas de consultoria ambiental contratadas, entretanto, não se
identifica expressão de identidade da proposta ou conceito gráfico
empregado no projeto. As cores utilizadas, a disposição das formas e o
alinhamento denotam ar de formalidade e austeridade.
 Layout: grid em coluna única, trazendo grande peso ao produto,
aprofundado pelo alinhamento justificado. Hierarquia textual empregada,
embora não confira ritmo ao produto por falta da propriedade de afiliação.
O respiro escasso e uniforme entre os diferentes elementos da anatomia
editorial não proporciona uma boa propriedade de escaneamento ao
produto. Fluxo de leitura grandemente prejudicado pelo entrelinhas
pequeno e de proporção similar ao espaço entre palavras. Seguindo o
DESENVOLVIMENTO
70

preconizado por Woloszyn (2018), completou-se a análise do layout em


sua dimensão de composição, montando-se quadro 11, abaixo.

Quadro 11: Análise da dimensão de composição da tipografia original do estudo.

Fonte: Woloszyn (2018), adaptado pela autora.

A partir da análise das definições de requisitos dos usuários, requisitos do


produto e aspectos do objeto original passíveis de melhoria, criou-se quadro 12, na
próxima página, sintetizando as características e qualidades pensadas que a solução
proposta deve conter. Os códigos foram atribuídos pois os aspectos oriundos das
necessidades dos usuários terão maior grau de importância em caso de conflito de
interesse, tendo em vista esse que projeto teve foco em usabilidade.
DESENVOLVIMENTO
71

Quadro 12: Definição das características e qualidades pensadas da solução.

Fonte: Autora, (2021).

Dando seguimento aos ensinamentos de Hsuan-An (2018), com “definição e


estruturação do problema”; “estudo, análise e pesquisa sobre o objeto original de
estudo” e “fatores condicionantes” determinados, passou-se a aprofundar as
caraterísticas estético-visuais e expressivo-comunicativas que a solução proposta
deveria conter, o resultado dessa reflexão segue no próximo subtópico.
DESENVOLVIMENTO
72

4.1.4 Aprofundamento das definições das características estético-visuais e


expressivo-comunicativas pensadas
Um ponto de fundamental importância para escolha do visual empregado no
produto é a definição do conceito. Ele ajuda a definir a identidade e expressão que
deseja-se transmitir aos usuários e deve ser traduzido em critérios concretos como
tipo de imagens, cores, texturas e disposição das formas. Critério atendido abaixo.

Conceito
Considerando que o RIMA trata de questões ambientais, utilizou-se dessa
temática como mote do projeto, ainda que muitas vezes romantizada pelo imaginário,
a questão não reside apenas em plantas e ursos pandas.
Há que se enxergar a complexidade do tema, pois o nenhum ser vivo existe sem
impactar o meio ao seu entorno e sem habitat onde viver, nenhum ser pode existir.
Aqui recordou-se da “Hipótese Gaia” (1972) ou “Hipótese Biogeoquímica”,
defendida por alguns pesquisadores não só como hipótese, mas antes como teoria
científica. Essa tese defende o planeta Terra como um organismo vivo único, capaz
de responder e equilibrar-se constantemente em relação a todos os estímulos ao qual
é submetido. Muitas vezes relatado como um emaranhado, uma rede viva, na qual os
humanos são meros personagens secundários, e não como protagonistas
(WIKIPEDIA, 2021).
Tendo em vista a pandemia em decorrência do novo Coronavírus pela qual
passamos, acreditou-se que recordar tal fundamento seja bastante oportuno, pois
frente a tamanho impacto, fomos obrigados a reavaliar nosso posicionamento não só
como integrantes do ecossistema, mas como integrantes de uma sociedade bastante
frágil e interconectada. A poucos anos atrás, pensar que um pequeno vírus vindo do
outro lado do mundo causaria tamanha desordem social seria visto por muitos como
uma piada de mau gosto.
Pensando nisso, gerou-se painel visual de expressão do produto, contido na
figura 24, representado na página a seguir.
DESENVOLVIMENTO
73

Figura 24: Painel de expressão do produto.

Fonte: Autora (2021).


DESENVOLVIMENTO
74

Valores
Pensando sobre o conjunto de necessidades e objetivos a serem atendidos pela
nova proposição, criou-se painel de nuvem de palavras, com a finalidade de identificar
valores que a expressão visual deveria transmitir, trazida na figura 25, a seguir.

Figura 25: Nuvem de palavras de valores desejados.

Fonte: Autora (2021).

Com conceito e valores claros em mente, estabeleceram-se bases para definição


de critérios mais objetivos, como paleta de cores e tipografia. Essas análises seguem
nas próximas linhas.
DESENVOLVIMENTO
75

Cores
A partir do painel de expressão do produto, contido na figura 24, criaram-se
algumas paletas de cores. A partir delas, buscou-se aproximação com as indicações
de uso no Human Interface Guidelines (2021) para trazer segurança sobre a
usabilidade da paleta escolhida. Foram suprimidas as cores vermelho e laranja, pois
ainda assim se preservaria duas tonalidades quentes a serem utilizadas, garantindo-
se que não haveria encontro de vermelho+verde e azul+laranja como indica o mesmo
guia em virtude dos usuários portadores de daltonismo, o resultado é mostrado na
figura 26, abaixo.

Figura 26: Paleta de cores pensada da solução.

Fonte: Human Interface Guidelines (2021), adaptado pela autora.


DESENVOLVIMENTO
76

Tipografia
Partindo do princípio que seria utilizada uma fonte serifada, analisaram-se
algumas das famílias sugeridas por Lupton (2014) como apropriadas para uso em
meio digital. Para os testes, necessário aplicar a hierarquia indicada nas pesquisas
sobre anatomia editorial, conforme os elementos que compõem o objeto original de
estudo, para análise da flexibilidade da família tipográfica a ser escolhida
(WOLOSZYN, 2018).
Para isso, o ponto de partida foi a definição da área de trabalho disponível, a fim
de poder dimensionar os elementos da anatomia editorial, configurando aqui um ponto
de tangência entre as qualidades técnico-práticas e características estético-visuais
ensinadas por Hsuan-An (2018). Foi, então, decido pelo uso do formato A4, para
manutenção das condições de impressão caso o usuário opte por essa finalidade.
As margens foram definidas em inferior e lateral esquerda com 2cm; superior
0,9cm e lateral direita com 0,75cm. A primeira linha da área de texto foi destinada à
navbar superior de navegação global. Já o elemento superior da última coluna da área
de texto foi destinado à navbar lateral de navegação local, ambas aplicadas com
recurso de interatividade PDF de link de texto, atendendo a mais uma das qualidades
pensadas e definindo o design de navegação e o design de interação internos do
sistema, como ensinado por Garrett (2011). Sendo assim, seguindo o mesmo autor,
criou-se wireframe ilustrado na figura 27, na página a seguir.
DESENVOLVIMENTO
77

Figura 27: Wireframe da solução.

Fonte: Autora (2021).

Também foi necessário criar um modelo preliminar de grid, pois para escolha da
fonte era necessário saber se a alternativa atenderia a qualidade pensada de que
cada linha de texto não contivesse mais de 45 caracteres. À semelhança de revistas
e websites, fez-se grid com múltiplas colunas de texto, para, assim, atender, também,
a qualidade de quebra de volume textual.
Definidas as condições mínimas para os testes, o primeiro ponto analisado foi o
tamanho de corpo de texto e entrelinhas a serem utilizados para que fosse possível
criar, a partir deles, a hierarquia textual dos elementos da anatomia editorial contidos
aplicando-se proporção áurea (1,618x), tendo em vista que conforme Human Interface
Guidelines (2021) o tamanho do elemento deveria ser de 13pt com entrelinhas de
16pt. Entretanto, para Woloszyn (2018), para a mesma função, se tratando de textos
destinados ao meio digital, o tamanho mínimo deveria ser de 16pt. Além dessa
diferença de indicações, como verificado na análise do objeto de estudo original, o
entrelinhas de 16pt para fonte 13pt não foi suficiente para garantia de uma boa
leiturabilidade do texto, sendo, observado, também, esse fator nas análises iniciais.
Já o entrelinhas para corpo de texto de 16pt foi de 19pt. Os resultados dos testes, que
seguem também no sentido de analisar algumas das definições do design de
informação e do design de interface do sistema (GARRETT, 2011), seguem nas
figuras 28, 29, 30, 31, 32 e 33, nas próximas páginas.
DESENVOLVIMENTO
78

Figura 28: Teste elementos da anatomia editorial, fonte Chaparral 13pt, 3 colunas.

Fonte: Autora (2021).

Figura 29: Teste elementos da anatomia editorial, fonte Chaparral 16pt, 2 colunas.

Fonte: Autora (2021).


DESENVOLVIMENTO
79

Figura 30: Teste elementos da anatomia editorial, fonte Minion Pro 13pt, 3 colunas.

Fonte: Autora (2021).

Figura 31: Teste elementos da anatomia editorial, fonte Minion Pro 16pt, 2 colunas.

Fonte: Autora (2021).


DESENVOLVIMENTO
80

Figura 32: Teste elementos da anatomia editorial, fonte Georgia 13pt, 3 colunas.

Fonte: Autora (2021).

Figura 33: Teste elementos da anatomia editorial, fonte Georgia 16pt, 2 colunas.

Fonte: Autora (2021).


DESENVOLVIMENTO
81

Realizados os primeiros esboços do sistema no tocante à anatomia editorial


(para o lado do design editorial) e ao design de design de interação interna, design de
navegação interna, design de informação e design de interface (para o lado de design
de interfaces para o meio digital), segue-se o fechamento do briefing para a síntese
precisa do desafio a ser vencido.
DESENVOLVIMENTO
82

4.2 Definição do briefing

O presente projeto teve como objeto original de estudo um Relatório de Impacto


de Meio Ambiente (RIMA) e se dedicou a analisar sua adequação ao uso em ambiente
digital. Em consulta a usuários, foi percebido que raras vezes o documento chega a
ser impresso, ainda assim, seu desenvolvimento visa a finalidade de impressão.
De imediato, constatou-se a falta de exploração de algumas potencialidades do
meio digital, como recursos de navegação PDF e tipografia direcionada às telas que
em nada prejudicariam caso o usuário desejasse dar vida às páginas.
Foi sobre essa mudança do meio de uso do produto desenvolvido que foram
construídas as bases desse Trabalho de Conclusão de Curso, que teve também como
norte trazer valor de identidade e expressão à solução final através da exploração das
características estético-visuais e expressivo-comunicativas que não raras vazes
tangenciam qualidades técnico-práticas para o alcance de bons resultados.
Aliar as práticas de design editorial tradicional, design editorial para meios
digitais e desenvolvimento de interfaces para meio digital foi a forma encontrada de
dedicar-se a explorar as potencialidades do novo meio, bem como manter e otimizar
as qualidades para o meio já visado anteriormente.
A inovação trazida na solução do estudo também deve ser evidenciada como um
dos valores transmitidos tendo em vista que RIMAS buscam aliar o desenvolvimento
social com o bem-estar ambiental comum.
Com a síntese do projeto clara, partiu-se para análise de similares, próximo
tópico deste projeto.
DESENVOLVIMENTO
83

4.3 Análise de similares

A análise de similares observou o livro de Jesse James Garret “The Elements of


User Experience” (2011) e o “Environmental Progress Report” da Apple (2020).
Importante recordar que, na definição dos requisitos, os requisitos funcionais e
não funcionais ficaram definidos como correspondentes às qualidades técnico-
práticas desejadas para a solução, ao passo que os requisitos de aparência, às
características estético-visuais. Esse processo de transformação pode ser observado
no quadro 12 (p.71 deste projeto). Com base nessas qualidades e características
desejadas para a solução é que foram analisados os similares: se atendiam essas
necessidades e como faziam isso.
As heurísticas de Nielsen forma observadas adaptando-se os critérios ao
universo PDF, buscando trazer a solução proposta o mais próximo possível das
interfaces digitais.
O intuito da análise é verificar potenciais a serem explorados na proposta de
projeto.
DESENVOLVIMENTO
84

4.3.1 “The Elements of User Experience”- de Jesse James Garrett


O livro apresenta oito capítulos e cada um deles é subdivido por subcapítulos,
estão presentes os recursos de navegação PDF de marcação de páginas e links de
texto e hipertexto, melhor visualizados na figura 34, a seguir.

Figura 34: PDF “The Elements of User Experience” e recursos de navegação.

Fonte: Garrett (2011).

São utilizadas duas fontes, uma sem serifa para título do livro, Kicker e capítulos,
diferenciados uns dos outros por maiúscula, negrito em tamanho maior, maiúscula
negrito e regular. Os subtítulos vêm na fonte serifada, mesma utilizada para corpo de
texto, a qual possui alto contraste entre hastes e traços. O alinhamento, embora
justificado, não apresenta demasiado espaços entre palavras. Em média, 68
caracteres por linha de texto e um bom entrelinhas, ajudando significativamente o fluxo
de leitura. O texto é desenvolvido em coluna única, seguindo modelo de livro
tradicional, sendo a orientação da folha em retrato. Os capítulos vêm diferenciados
por cores e as imagens contidas são do tipo ilustração e percebe-se identidade visual
do produto, como exemplificado pela figura 35 a seguir.
DESENVOLVIMENTO
85

Figura 35: Estrutura morfológica de “The Elements of User Experience”.

Fonte: Garrett (2011).

Analisando o objeto a partir da adaptação das heurísticas de Nielsen, percebe-


se uma boa adequação ao uso, com destaque para “controle e liberdade ao usuário”
devido a sua ótima estrutura morfológica de marcadores e links de texto, recursos de
navegabilidade PDF.
Fazendo a análise sobre como o similar atendia às características e qualidades
pensadas desejadas para a solução, criou-se quadro 13, contido na página a seguir:
DESENVOLVIMENTO
86

Quadro 13: Análise de similar 01 das características e qualidades desejadas.

Fonte: Autora (2021).

4.3.2 “Environmental Progress Report” - Apple


O relatório encontrado em é composto por 5 capítulos e cada um deles dividido
em subcapítulos. Não há aplicação do recurso de navegação PDF de marcação de
páginas, mas há vinculação de texto e hipertexto, embora apresente afiliações
equivocadas e outras não exploradas. Uma imagem da página de sumário do relatório
pode ser visualizada na figura 36, a seguir.

Figura 36: PDF “Environmental Progress Report” - Apple

Fonte: Apple (2020).


DESENVOLVIMENTO
87

É utilizada uma única fonte sem serifa, a navbar superior vem em tamanho de
fonte menor, kicker em tamanho maior e negrito, título em negrito e subtítulos em
regular. A numeração da página aparece antes do nome do subtítulo. A fonte
escolhida quase não possui contraste entre traços e hastes, tornando a leitura do texto
cansativa, o efeito é amenizado pelo uso do peso regular e negrito, não há aplicação
de light ou menores. O alinhamento à esquerda favorece o fluxo de leitura deixando
um bom espaçamento entre palavras. Texto desenvolvido em grid de 3 colunas para
páginas em posição retrato e 6 ou 8 colunas na disposição paisagem, há presença de
poucas páginas em coluna única ou coluna dupla. Em média 40 caracteres por linha
de texto quando 3 colunas e 6 colunas, 36 caracteres para 8 colunas e tamanho de
fonte menor neste último caso. O entrelinhas poderia ser melhor explorado. As cores
são empregadas apenas em pequenos detalhes e em alguns casos como
diferenciadores de conteúdo. Os capítulos vêm com abertura de imagem do tipo
fotografia e do tipo ilustração. Há uma intensa presença de identidade e expressão,
como exemplifica figura 37 abaixo.

Figura 37: Estrutura morfológica de “Environmental Progress Report”.

Fonte: Apple (2020).

Analisando o objeto a partir da adaptação das heurísticas de Nielsen, destacam-


se as características positivas de “compatibilidade do sistema e do mundo real”,
“consistência e padrões”, “reconhecimento ao invés de lembrança”, “flexibilidade e
eficiência de uso” e “estética e design minimalista”. Entretanto, o quesito de “controle
DESENVOLVIMENTO
88

e liberdade ao usuário” poderia ser melhor explorados pelos recursos de


navegabilidade PDF.
Fazendo a análise sobre como o similar atendia às características e qualidades
pensadas desejadas para a solução, criou-se quadro 14, contido na página a seguir:

Quadro 14: Análise de similar 02 das características e qualidades desejadas.

Fonte: Autora (2021).

4.3.3. Considerações sobre a análise de similares


Ambos produtos possuem um marcante design editorial, com hierarquia textual
bem planejada e identidade visual presente. Entretanto, os recursos de
navegabilidade PDF no livro de Garrett foram melhores explorados, trazendo um nível
de conforto e controle de uso maior. Por outro lado, o grid e o formato do relatório da
Apple parecem atender melhor as necessidades de uso dos Relatórios de Impacto de
Meio Ambiente. Outro fator que merece destaque é a presença da navbar superior no
documento da Apple, destacando a sensação de interface digital. A identidade visual
do relatório também parece estar mais próxima da proposta do RIMA.
DESENVOLVIMENTO
89

4.4 Geração de ideias

As alternativas geradas buscaram conciliar o atendimento


- Das metas da “definição das características e qualidades pensadas” (quadro
21, p.71), obtida a partir dos problemas observados em imersão de uso, requisitos e
dos pontos possíveis de melhora observados a partir do objeto original.
- Dos critérios possíveis de melhora da análise de similares (quadro 13, p.86 e
quadro 14, p.88).
Também procurou observar ao atendimento das recomendações contidas nas
“Heurísticas de Nilsen” (quadro 06, p.47) e nas recomendações para criação de
ebooks desenvolvida por Pozzatti (2018) (quadro 03, p.43).

4.4.1 Alternativa light


Primeiro ponto a ser frisado é que todo desenvolvimento da proposta se baseou
na visualização do documento a 100%.
Buscando similaridade ao estilo visual do Relatório da Apple, definiu-se o
tamanho das fontes de capa e disposição da imagem.
Utiliza-se a fonte IBM Plex Sans por ser uma fonte especialmente desenvolvida
para meios digitais e por ser um intermediário entre uma fonte humanista e transicional
sem serifa, apresentando um nível de contraste adequado ao uso em dispositivos
eletrônicos (IBM, 2021) ao mesmo tempo que mantem boas condições de uso no para
o meio impresso.
Conforme observado no relatório da Apple, a ausência da opção “sumário” na
navbar superior deixava o usuário sem saber como retornar para a página que fornecia
a visão do todo. Embora ele existisse no documento, a palavra estava linkada com o
menu “apresentação”. Em soma, O RIMA original não apresentava sumário, e isso
dificultava a localização do usuário na navegação do documento. Por isso, foi
acrescentado o tópico de sumário ao conteúdo original com finalidade de localização
na navegação global do documento. A página de sumário criada também utilizou o
estilo de hierarquia editorial e tamanho de fontes contida no relatório da Apple,
considerando ainda não ser uma página de conteúdo descritivo.
DESENVOLVIMENTO
90

Assim como no relatório da Apple, adaptou-se o número de colunas e tamanho


de fonte conforme volume de texto da página, mantendo-se sempre as medidas de
grid originais. Foi utilizado o grid de 4 colunas pois a partir dos testes de tipografia
percebeu-se uma melhor adequação considerando a solução visar o atendimento de
necessidades impressas e de meios digitais. Optou-se pelo alinhamento à esquerda
em vista do bom resultado obtido nos testes de tipografia e da análise do relatório da
Apple.
Usando-se estilo tipográfico recomendado pela Human Interface Guidelines
(2021) definiu-se o corpo de texto em 13pt, porém ampliou-se o entrelinhas para 17pt
tendo em vista que o entrelinhas de 16pt usado no relatório original do estudo pareceu
insuficiente para um bom fluxo de leitura. No lugar do peso semi-negrito usou-se
regular considerando os testes de tipografia realizados. Também com base na guia
de estilos, foram definidos tamanho e entrelinhas da legenda, sendo que sua
aplicação também considerou a disposição mostrada nos livros de editorial tradicional.
Considerando a hierarquia e tamanhos de fontes empregados no relatório da Apple,
definiu-se tamanho de título de seção, subtítulo de seção e lead.
Do painel de expressão, foram retiradas algumas das imagens como forma de
expressar parte do conceito envolvido, aplicadas a capa (árvore e planeta), sumário
(encontro de mar e terra) e funcionamento da usina (fogo). A primeira versão utiliza
background claro e a paleta de cores tipográfica correspondente, sendo as cores de
destaque as mesmas listadas anteriormente nesse estudo no item “cores” (p.75).
A colocação de navbar lateral de navegação, destinada à navegação local do
documento teve seu posicionamento considerando o espaço entre título e corpo de
texto, chamando a atenção da direção do leitor para a existência do recurso do início
da leitura, conforme técnica de direcionamento do olhar de Caldwell e Zapatterra
(2014) no item 3.3 (p.55 deste estudo). Em soma, o recurso de marcadores para
navegação PDF foi aplicado garantindo a navegação global das soluções propostas
com posicionamento diametralmente oposta a navegação local. Por fim, acrescentou-
se navbar superior para oferecer mais uma opção de navegação global, porém, essa
segunda interna no documento. Ambas navbar foram aplicadas através do recurso de
navegação PDF de links de texto. Obedecendo a Garrett (2011), restam previamente
definidos os princípios dos “design de interação”, “design de navegação” e “design de
DESENVOLVIMENTO
91

interface”, sendo os dois últimos tangentes ao também atendido ”design de


informação”.
A aplicação de links de textos nos menus, que entrelaçam o design de
navegação, também é forma de expressão do conceito, que remete à teia de gaia.
Considerando ser a geração de alternativas foi feito apenas capa, sumário,
parte dos capítulos de apresentação e sugestões de contenção de impacto. O
modelo gerado está disponível no apêndice C deste projeto e suas miniaturas
seguem dispostas na figura 38, a seguir, em formato de flatplan como ensinado por
Caldwell e Zapatterra (2014) para visualização do layout do objeto e suas
propriedades de fluxo e hierarquia.
DESENVOLVIMENTO
92

Figura 38: Flatplan alternativa light.

Fonte: Autora (2021).


DESENVOLVIMENTO
93

4.4.2 Alternativa darkmode


Tendo em vista todo o explicado anteriormente no desenvolvimento da
alternativa light, manteve-se toda a base de criação, sendo modificado o background
para modo escuro e suas correspondentes cores tipográficas descritas no tópico
“cores” (p.75). Com a alteração da cor do fundo, garantiu-se aplicação da técnica TRIZ
para implantação de uma mudança inovadora da segunda proposição (TRIZ, 2021).
O resultado da geração pode ser conferido no apêndice D deste projeto e o
flatplan da solução segue na figura 39, a seguir.

Figura 39: Flatplan alternativa darkmode.

Fonte: Autora (2021).


DESENVOLVIMENTO
94

4.5 Sistema de validação

O sistema de validação avaliou a usabilidade das alternativas geradas como


solução do produto, baseando-se nos critérios de efetividade, eficiência e satisfação
obtidos durante execução de tarefa específica, conforme determina ISO 9241-11. A
partir disso, desenvolveu-se questionário no qual inquere-se o entrevistado sobre as
soluções propostas e sua percepção sobre o uso do produto, conferindo à solução
final do projeto o caráter de ser centrado no usuário uma vez que inclui o mesmo na
criação do produto (PREECE, 2011), e credita a ele a escolha da versão que melhor
lhe atende, assim como ensina Garrett (2011) sobre o “tratamento de exceção”.
As perguntas objetivaram validar a resolução dos problemas observados
inicialmente e o atendimento dos requisitos de usuário e produto.
A aplicação dos questionários, tendo em vista ainda enfrentarmos aqui no Brasil
a pandemia gerada pelo Coronavírus de forma descontrolada, será à distância.
Poucas perguntas objetivas foram incluídas, pois a execução das tarefas e
reposta das perguntas exige tempo do participante, pretendo assim obter sucesso no
número de respondentes do questionário.
Os dados completos das respostas podem ser observados no apêndice E deste
projeto, a seguir, são detalhadas as perguntas, elaboradas com base em Soares
(2004).
DESENVOLVIMENTO
95

Informe formação escolar, gênero de identificação e idade.


Tente executar as seguintes tarefas:
1) A partir da capa, encontrar o plano de contenção do impacto à comunidade
2) Estando nesse local, ir até o sumário
3) Estando no sumário, se locomover até a apresentação da localização da
construção.
Agora, mensure de 01 (pouco satisfeito) até 05 (muito satisfeito) ou uma das 2
alternativas.
a) Grau de satisfação geral (seu modelo preferido no balanço geral).
b) Aspecto gráfico.
c) Clareza dos termos empregados (títulos, subtítulos, menu, espaçamento).
d) Tempo de retorno das funções executadas e de exibição de novas telas.
e) Agilidade de acesso ao programa.
g) Número de funções existentes às necessidades.
h) Facilidade de uso do produto.
l) Confiança de que o sistema executou o que foi pedido.
m) Número de passos necessários para a realização de uma atividade.
n) Você usou os mecanismos de navegação de marcadores e miniaturas?
o) Você usou o mecanismo de navegação de link de texto (clicar no texto)?
p) Comentários e sugestões.
DESENVOLVIMENTO
96

4.6 Resultado da validação e definição das características necessárias

A partir dos resultados obtidos nas pesquisas com usuários e aprofundamento


das reflexões feitas, definiram-se as características e qualidades necessárias ao
projeto.
Ao todo, participaram 06 usuários da avaliação das alternativas geradas que
trouxeram grandes contribuições de forma descritiva, ao fim do questionário proposto.
O conteúdo completo pode ser observado no “apêndice E” deste projeto.
As decisões são tomadas ponto a ponto, à luz dos elementos do design editorial,
descritos no tópico 2.1 deste projeto (pg. 24 em diante)

4.6.1 Formato
Definido pela manutenção do formato de folha de papel formato A4, tendo em
vista que a preocupação com a impressão do documento não pode ser
desconsiderada, necessidade ratificada nas pesquisas com os usuários.
A disposição escolhida foi “retrato”, para aproximação com revistas e jornais
digitais, que possuem grande volume de texto mas que, através de seu grid com
múltiplas colunas, conferem ótimos ritmo e fluxo de leitura ao produto, assunto
abordado no próximo subtópico.

4.6.2. Grid
Pensando na necessidade de impressão e encadernação do documento, fez-se
borda lateral esquerda de 3cm. As demais restando definidas em superior e lateral
direita em 1,8cm e inferior em 2,1cm.
DESENVOLVIMENTO
97

O grid escolhido foi o de 4 colunas, aproximando-se tanto de revistas quanto de


websites, conforme ensina Toundreau (2009). O entrelinhas manteve-se em 17 pt
pensando no corpo de texto de 13pt e alinhamento à esquerda com finalidade de evitar
o efeito de estiramento da linha de texto que o alinhamento justificado pode trazer. Já
a família tipográfica escolhida pode ser conferida no próximo subtópico A configuração
completa do grid pode ser visualizada na figura 40, abaixo.

Figura 40: Grid do protótipo final.

Fonte: Autora (2021)


DESENVOLVIMENTO
98

4.6.3 Tipografia
Para tipografia foi mantida a família tipográfica IBM Plex Sans, uma vez que a
fonte se mostrou legível, com boa adaptabilidade e flexibilidade conforme ensina
Woloszyn (2018) e conforme validado pelos usuários. A fonte também provou ser
competente quanto a sua composição formal, uma vez possuindo família extensa,
com diversos pesos e tamanhos a serem explorados na anatomia editorial, tópico
abordado no próximo subtópico. A fonte de apoio foi definida IBM Plex Serif.

4.6.4 Anatomia editorial


A anatomia editorial escolhida obedeceu a classificação hierárquica contida no
quadro 15 a seguir.

Quadro 15: Hierarquia da anatomia editorial da solução proposta

Fonte: Autora (2021).

Complementando a anatomia editorial, foram definidos os espaçamentos entre


os elementos do texto, conforme ilustra figura 41, na próxima página.
DESENVOLVIMENTO
99

Quadro 16: Espaçamento dos elementos da anatomia editorial.

Fonte: Autora (2021).

Esse planejamento entre tamanhos e espaçamentos entre os elementos, é o que


cria um layout harmônico ou desarmônico. Para ter ideia desse ritmo da composição,
faz-se uso flatplan (para design editorial) ou protótipo (para design de interfaces). Essa
composição é abordada no próximo subtópico.

4.6.5 Layout
O Layout é composto por além da área de texto, compreende a página como um
todo. Além dos elementos textuais e imagens que compõem a área de trabalho, são
apresentados créditos de autoria e numeração de páginas. Os créditos de autoria
foram posicionados a lateral esquerda das fotos, como visto em pesquisa bibliográfica,
e a numeração fica uma linha e meia de afastamento do fim da página e ultrapassa
0,6cm da margem lateral direita, com alinhamento centralizado na sua caixa de texto.
A navbar lateral direita foi trazida mais para baixo, alinhada a primeira linha de
texto depois do espaço do título. A decisão amparou-se no fato do recurso ter ganho
coluna dentro da área de trabalho, ganhando assim o destaque necessário. Os
números de páginas antes contidos na navbar lateral direita também foram
suprimidos, uma vez que, como destacado por uma usuária, nessa posição geravam
certa confusão. Por maioria, o modelo de maior preferência pelos usuários foi o
modelo darkmode, ainda assim refinou-se o modelo light considerando a necessidade
DESENVOLVIMENTO
100

ocasional de impressão. Os demais aspectos avaliados obtiveram notas medianas,


sendo destacado o “número de passos para execução da tarefa” com nota máxima,
também por maioria
A ideia da composição do layout pode ser visualizada na figura 41, a seguir, que
traz flatplan de parte da solução final, o protótipo final pode ser visualizado no
apêndice F deste projeto.

Figura 41: Flatpaln de parte da solução final.

Fonte: Autora (2021).


DESENVOLVIMENTO
101

Dando seguimento ao fechamento da proposta de projeto, foi retomado quadro


12 (p.71 deste projeto), que define as características e qualidades pensadas, com
finalidade de traçar quais são as necessárias para o atendimento dos requisitos.
O resultado da análise é mostrado no quadro 17, a seguir:

Quadro 17: Definição das características e qualidades necessárias para a solução.

Fonte: Autora (2021).

Ainda, importante destacar que ainda que a característica/qualidade pensada


não tenha sido implementada, o requisito gerador da definição resta atendido, à
exceção do RP3NF-B.
Feita a análise de aparência, requisitos e desemprenho da solução, foram
tecidas as considerações finais, no próximo capítulo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta de projeto foi válida desde o princípio, já no momento de pesquisa


sobre as boas práticas para ambos os meios, digital e tradicional impresso, as
similaridades entre técnicas ficam evidentes, expressas, por exemplo, pelas
ferramentas de criação utilizadas, que do lado do design editorial utiliza o flatplan e do
lado do design de interfaces utiliza o wireframe.
Soma-se a isso, as similaridades entre as práticas metodológicas quando, para
os dois lados, o ponto de partida é o mesmo, a definição estratégica que a solução
proposta pretende empregar. Tanto Hsuan-Na (2018) quanto Garrett (2011) definem
que essa estratégia, entre outros aspectos, nasce do entendimento das necessidades
do usuário e objetivo do produto, com a definição precisa de qual problema se tenta
resolver.
A similaridade entre os meios é mais uma vez expressada quando os usuários
entendem os mecanismos de links de texto PDF ainda que não tenham recebido
instruções sobre como usar o produto, expressando claramente que quando a
heurística de Nielsen que define a “correspondência do sistema com o mundo real” é
seguida, o usuário obtém sucesso de forma intuitiva. Para isso, basta o designer
inserir um sublinhado a caixa de texto posicionada em local semelhante a uma navbar.
Os testes também mostraram que sem instruções de uso do sistema, alguns
usuários podem não usufruir dos benefícios que o produto possui. Em um caso, nem
os recursos de navegação interna de links de texto, nem os de navegação externa de
marcadores PDF foram percebidos.
A importância da escolha tipográfica também ficou evidenciada, não só para
produtos text-based, mas também para interfaces digitais que devido ao efeito de
DESENVOLVIMENTO
103

luminescência das telas pode trazer um alto nível de desconforto ao usuário. Outro
fator tipográfico a ser considerado é o tamanho da fonte, em especial do corpo de
texto, caso o projetista considere apenas o meio impresso pode escolher uma fonte
em tamanho inadequado às telas.
Nesse quesito, o sugerido pela Human Interface Guidelines mostrou-se
suficiente, sendo que a solução final do projeto adequou o espaço de entrelinhas
sugerido pela guia de estilos.
Os recursos de navegação PDF também mostraram ser de grande valia no
auxílio de navegação do usuário, não só de links de texto, mas também os marcadores
aplicados.
Do projeto ainda surgem um ponto sugerido como proposição de novas
pesquisas: aprofundar pesquisas e desenvolvimentos explorando os benefícios das
funcionalidades do formato PDF interativo, atendendo aos requisitos de documentos
destinados à impressão, mas que igualmente possam ser lidos e estudados em telas
digitais.
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TRIZ. Disponível em <http://trizonline.com/#!projects/project-11.html>. Acesso em 15


de março de 2021.

Wikipedia. Hipótese de Gaia. Disponível em


<https://pt.wikipedia.org/wiki/Hipótese_de_Gaia>. Acesso em 01 de março de 2021.

Woloszyn, Maiara. Dimensões e fatores de aplicação da tipografia em livros


digitais. Disponível em
<https://www.academia.edu/37762354/Dimensões_e_fatores_de_aplicação_da_tipo
grafia_em_livros_digitais?email_work_card=title>. Acesso 25 de fevereiro de 2021.

72
APÊNDICES

APÊNDICE A - Relatório de impacto ambiental da Unidade de Tratamento Térmico


de Resíduos de Saúde

APÊNDICE B - Autorização de uso do Relatório de impacto ambiental da Unidade de


Tratamento Térmico de Resíduos de Saúde

APÊNDICE C - Alternativa light

APÊNDICE D - Alternativa darkmode

APÊNDICE E- Respostas completas dos questionários

APÊNDICE F - Protótipo Final

73
APÊNDICE A

Relatório de Impacto Ambiental da Unidade de Tratamento Térmico de


Resíduos de Saúde
RELATORIO DE IMPACTO AMBIENTAL - RIMA
Unidade de Tratamento Térmico de Resíduos

RIMA
RELATORIO DE IMPACTO
AMBIENTAL
UNIDADE DE TRATAMENTO TÉRMICO DE RESÍDUOS DE SAÚDE

Outubro de 2008

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RELATORIO DE IMPACTO AMBIENTAL - RIMA
Unidade de Tratamento Térmico de Resíduos

Apresentação
A AMS Consultoria e Assessoria Ltda apresenta o presente estudo denominado
RELATORIO DE IMPACTO AMBIENTAL - Da Unidade de Tratamento Térmico
de Resíduos de Saúde do Grupo Atento, que pretende ser instalado no
município de Moreno na Região Metropolitana de Recife.
O documento RIMA, é um resumo não técnico do estudo, ou seja, deve ser
escrito em uma linguagem menos técnica que o EIA, de forma a permitir o
entendimento de leitores não familiarizados com o assunto. Espera-se ter
cumprido com esse objetivo, e que as informações consignadas neste
documento sejam facilmente assimiláveis pelos interessados no tema.
O empreendimento está sendo proposto para ser implantado na margem
direita da BR-232 (km 21) no município de Moreno, 500m após a entrada para
Matriz da Luz.

O Grupo Atento não é da área de segurança?


Na verdade, a vocação do Grupo Atento é a prestação de serviços através de
investimentos em diversos campos, dentre os quais o segmento de segurança
é o mais conhecido.
A empresa entrou no tema da gestão ambientalmente correta de resíduos de
saúde perante o panorama do Estado e do Nordeste, no qual, face á crescente
demanda só existe uma empresa prestadora de serviço licenciada pelo órgão
ambiental.
Desde esse ponto de vista a iniciativa do Grupo Atento e do mesmo
empreendimento é clara. A concorrência de mercado é saudável, abre as
portas para uma melhoria na qualidade de prestação do serviço, abre o leque
de possibilidades para os geradores deste tipo de resíduo, podendo mesmo
desencadear uma diminuição da política tarifária com benefícios para as
prefeituras e geradores particulares, facilitando o enquadramento dos
geradores dentro da legislação ambiental em vigor.
Visto assim, fica evidente que a ATENTO Soluções Ambientais vem somar
esforços por melhorar a qualidade ambiental do Estado de Pernambuco,
disponibilizando tecnologia de ponta e preços competitivos.

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RELATORIO DE IMPACTO AMBIENTAL - RIMA
Unidade de Tratamento Térmico de Resíduos

Figura 1. Localização do empreendimento na margem direita da BR-232 (km 21) no


município de Moreno, 500m após a entrada para Matriz da Luz.

Constituem-se em objetivos do empreendimento:

 Disponibilizar no mercado uma alternativa de tratamento de RSS com


tecnologia de ponta a preços de mercado competitivos;

 Auxiliar no enquadramento dos geradores de RSS aos preceitos da


proteção ambiental;

 Impulsionar um aumento na quantidade de RSS que são tratados


adequadamente no Estado de Pernambuco;

 Prestar um serviço de qualidade e de interação permanente com o


órgão ambiental;

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RELATORIO DE IMPACTO AMBIENTAL - RIMA
Unidade de Tratamento Térmico de Resíduos

O Que exactamente é o tratamento térmico de


Resíduos?
A resolução CONAMA nº 283/01 define um sistema de tratamento de Resíduos
de Saúde como o conjunto de unidades, processos e procedimentos que
alteram as características físicas, físico-químicas e biológicas dos resíduos e
conduzem à minimização do risco à saúde pública e à qualidade do meio
ambiente.
O Tratamento Térmico de resíduos mais conhecido como Incineração, é um
desses tratamentos e consiste tecnicamente em destruir os resíduos
(biológicos e químicos) mediante um processo de combustão no qual estes
são reduzidos a cinzas.

Queimar resíduos é igual que incinerar?


De forma alguma. A queima normal de qualquer substancia em uma fogueira,
por exemplo, produz uma combustão incompleta, ou seja, as condições de
temperatura, oxigênio e de controle mesmo do processo são insuficientes para
impedir que vários poluentes sejam lançados para a atmosfera junto com a
fumaça.

Foto 1 - Queima de resíduos em lixão

Já a incineração é uma tecnologia que vem sendo estudada desde há mais de


40 anos, apresentando uma evolução tecnológica notória.

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Unidade de Tratamento Térmico de Resíduos

Os incineradores modernos são equipados com duas câmaras de combustão


(primária e secundária) providas de queimadores capazes de alcançar a
combustão completa dos resíduos e uma ampla destruição das substâncias
químicas nocivas e tóxicas (dioxinas, furanos, etc.). Na câmara de combustão
secundária se alcançam temperaturas em torno de 1.100ºC, adicionalmente se
opera com um tempo de permanência suficiente para permitir a destruição
total dos poluentes. Para tratar o fluxo de gases e as partículas arrastadas,
antes de serem liberadas na atmosfera, são agregadas torres de lavagem
química, ciclones, filtros, etc.

Incinerar os resíduos é obrigatório ?


Não. Obrigatório é o tratamento antes da disposição final no meio ambiente,
no entanto, existem vários procedimentos de tratamento dos RSS, estando
estes associados aos diversos grupos de resíduos conforme apresentado na
tabela a seguir:

Tabela 1 – Tratamento adequado para cada grupo de RSS

GRUPOS DE RSS
Tipo de Grupo A Grupo B Grupo C
Tratamento Risco Biológico Risco Químico Risco Radioativo
Incineração  
Autoclave 
Tratamento Químico 
Microondas 
Ionização 
Decaimento 
Fonte: Gerenciamento de RSS- Ministério de Saúde – REFORSUS,2001

Dos métodos de tratamento listados na tabela acima, apenas dois se


constituem em verdadeiras alternativas tecnológicas para tratamento de
resíduos no estado de Pernambuco: a incineração e a autoclavagem.
A autoclavagem ou esterilização a vapor, amplamente utilizado em
laboratórios consiste na eliminação dos microrganismos patogênicos, através
da exposição da massa de resíduos ao vapor saturado, por um período de
tempo pré-determinado em condições controladas de temperatura e pressão.

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RELATORIO DE IMPACTO AMBIENTAL - RIMA
Unidade de Tratamento Térmico de Resíduos

Por que foi escolhido o processo de incineração ?


A incineração apresenta varias vantagens, a principal delas refere-se ao fato
de poder tratar todas as classes de resíduos gerados em centros de saúde, a
diferença de outros processos que tem aplicabilidade limitada.

A tabela a seguir compara as duas tecnologias em termos das suas vantagens


e desvantagens.

Tabela 2 – Comparativo das tecnologias de Incineração


Alto custo de implantação, operação e Não há redução de volume e nem
Desvantagens (-)

manutenção, incluindo as análises das descaracterização dos resíduos


emissões gasosas. tratados
Potencial emissão atmosférica de compostos
Baixa capacidade de tratamento
perigosos.
Possível presença de metais pesados no Limitação quanto aos tipos de
produto resultante da incineração, as cinzas. resíduos a serem tratados

Incineração Autoclavagem
Alto poder de redução do volume dos
resíduos (em torno de 90%),
conseqüentemente menor volume de Facilidade de operação
Vantagens ()

resíduos a ser disposto em solo, ampliando


a vida útil do aterro sanitário.
Baixo custo de operação e
Elevada capacidade de tratamento.
manutenção
Eficácia na descaracterização física dos Pequena área física necessária a
resíduos. implantação do sistema

O empreendimento vai atender só o município de


Moreno ?
Não, o empreendimento terá uma abrangência regional. Dentro da gestão de
resíduos sólidos como um todo, as unidades de tratamento de resíduos de
saúde são diferenciadas, tendo em vista que não objetivam o atendimento de
um único município, o que seria inviável economicamente. Muito pelo
contrário, os incineradores são equipamentos de alto custo que para serem
viabilizados precisam abranger um grande volume de resíduos proveniente de
uma área de influência que, em alguns casos, pode ter abrangência mais do
que regional.
A Unidade de Tratamento Térmico de Resíduos do Grupo Atento tem uma
expectativa inicial nessa linha de abrangência. A sua localização estratégica na

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RELATORIO DE IMPACTO AMBIENTAL - RIMA
Unidade de Tratamento Térmico de Resíduos

BR-232 deixa visualizar uma clara possibilidade de captar uma parcela do


mercado crescente da cidade do Recife e da RMR em geral, bem como da
zona da mata e a região do Agreste.
Antecipando um pouco o que será a descrição do empreendimento, menciona-
se que o projeto considera a instalação de dois (2) incineradores com
capacidade total do sistema de 220 kg/hora, funcionando 16 horas por dia, ou
seja, com capacidade de atender 3,5 t/dia de resíduos RSS.
Para adquirir uma ordem de grandeza sobre a capacidade de incineração da
unidade, observa-se o caso do município de Moreno, sede do
empreendimento. A geração de resíduos de saúde está na faixa de 263,0
kg/dia, dos quais 66,0 kg/dia correspondem à parcela perigosa encaminhada
para incineração. Por sua vez, os dois equipamentos do Grupo Atento,
possuem capacidade para atender uma demanda de 3.500 kg/dia, 13 vezes
maior que a produção de Moreno.

Qual foi o critério que determinou a escolha da


área?
Vários foram os critérios que levaram a propor a referida área como sede do
empreendimento. Sem dúvida nenhuma a localização estratégica na BR-232
aproxima o empreendimento do Agreste, da Mata Sul, da RMR, dos novos
empreendimentos como a SADIA de Vitória, do Porto de Suape que ficará
ainda mais accessível com a construção da chamada Perimetral Oeste, eixo
viário planejado que ligará a BR-408 com a BR-101.
A área escolhida é ideal em termos topográficos uma vez que abrange cotas
elevadas e contornos de vegetação de mata atlântica que a deixam
praticamente imperceptível para quem transita pela BR-232.
Pesou também na escolha o fato da área pertencer ao grupo desde há mais
de 15 anos, ou seja, antes de ter interesse no negocio do tratamento de
resíduos. Com efeito, a área de 2,012 hectares faz parte de um terreno de
aproximadamente 17,0 hectares que foi desmembrado em 7 chácaras. A
Chácara F de 2,012 hectares pertence ao GRUPO ATENTO Soluções
Ambientais Ltda. O título de propriedade está registrado no cartório, Livro n°
84 folhas 7 registro R- 4 -3634 Livro. 2– t. folhas Quat. 20 Matricula sob n°
3634. Registros de imóvel. N°14287.
No entanto, isso foi uma situação meramente ocasional, não tendo sido o
critério definitivo para a tomada da decisão.
Todo o processo de análise de alternativas foi conduzido tecnicamente sendo
evidente a dificuldade por se encontrar um terreno que não apresentasse
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Unidade de Tratamento Térmico de Resíduos

algum tipo de restrição, especialmente no concernente à oposição das


comunidades.
Cabe anotar que o temor das comunidades vem motivado, em parte, pelo
desconhecimento e desinformação dos processos desenvolvidos neste tipo de
empreendimentos. No imaginário popular a conotação de estar-se trabalhando
com resíduos considerados perigosos pelo seu risco de contaminação
biológica, além do impacto cultural e até religioso do manuseio de partes
humanas, induz à comunidade a imaginar um cenário de altíssimo risco, o que
hoje em dia, não pode ser considerado como certo.

Existe alguma restrição legal para a implantação


do empreendimento na área apontada?
Não, porém, dois fatores devem ser ressaltados:
 De acordo com o Plano Diretor Participativo do Moreno Lei nº 343/06 a
localidade da área do empreendimento denomina-se de zona urbana 3 (ZU-3)
dentro da macrozona urbana, pois a mesma encontra-se na faixa de 700
metros da rodovia federal BR-232, área esta que deve ter sua ocupação
controlada, potencializando sua utilização de forma condizente com a
qualificação desejada para esse eixo viário estruturador. Não estão inseridos
na ZU-3 o loteamento Nossa Senhora das Graças e os núcleos urbanos de
Bonança e da Sede e os assentamentos rurais.
 A lei 9860/86 que delimita as áreas necessárias à proteção dos mananciais
coloca grande parte do município de Moreno (cerca de 70% de sua área)
como Área de Proteção de Manancial, estando o empreendimento inserido
dentro deste perímetro.
Assim, a área do empreendimento é considerada ao mesmo tempo como
urbana e como de proteção de mananciais.
Estes dois aspectos foram profundamente analizados no EIA por jurista
especializado, e demonstrado à luz da legislação que não se constituem em
impedimento para a instalação do empreendimento.
Já em termos de criterios técnicos ou normas reguladoras que definam
restrições para a instalação deste tipo de empreendimentos, destaca-se a
resolução CONAMA 316 de 2002, quiçá o único regulamento que cita algum
tipo de critério de localização do empreendimento. O artigo 9° da citada
Resolução menciona que incineradores de resíduos hospitalares não poderão
ser instalados em áreas residenciais.
A área escolhida para implantação do empreendimento não é residencial,
embora esteja inserida dentro do perímetro urbano do município de Moreno.
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O uso do solo atual é predominantemente Rural, ainda com um amplo


remanescente de mata atlântica que contorna o terreno do Grupo Atento pelos
lados norte e oeste e leste em menor proporção.
Verifica-se ainda um uso misto de pequenas chácaras, equipamentos de lazer,
cultivo de cana de açúcar e inclusive outros empreendimentos comerciais. Este
confinamento com mata é certamente uma potencialidade da área.
A ocupação humana residencial verifica-se em sentido sudeste com o
loteamento Nossa Senhora das Graças, localizado aproximadamente a 600m
do empreendimento do outro lado da BR-232, sendo a relativa proximidade
desta comunidade a principal restrição da área.

Tabela 3 – Resumo do uso e ocupação do solo dentro da AID

Uso (ha) (%)


Agua 2,90 0,93
Cana 3,41 1,10
Capoeira 32,08 10,32
Constr Rural 2,80 0,90
Estradas 4,73 1,52
Industria 0,49 0,16
Mata 108,12 34,80
Pasto 148,12 47,67
Solo Exposto 8,06 2,59
Total 310,69 100,00

Por que não no Distrito Industrial de Moreno?


Este citado distrito consiste de um recorte de terreno de 26,0 hectares
localizado a uma distância de 3km do empreendimento na margem norte da
BR-232, que, outrossim, ocupa a Faixa de domínio da BR-232.
A alternativa de implantar o empreendimento neste setor do município,
embora seu caráter industrial, apresenta varias incertezas, senão vejamos:

1. O distrito industrial corresponde a uma “Ilha” de 26 hectares, mergulhada


em uma grande mancha definida como perímetro urbano, deixando-o
igualmente suscetível a ser abraçado pela ocupação urbana.
2. O Vetor de crescimento de Moreno aponta justamente na direção do
Distrito Industrial, já que este avança em faixas paralelas à BR-232, assim,
a possibilidade de em um futuro próximo a comunidade ocupar a margem
da BR-232 aproximando-se do empreendimento é grande.

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3. Verificam-se grandes industrias de produção de ovos do lado norte e


noroeste do distrito industrial, o que de fato seria um empecilho para a
instalação nas proximidades de um empreendimento das características do
proposto, muito embora, a tecnologia adotada pelo empreendedor garante
as emissões das chaminés dentro dos padrões estabelecidos pela
Resolução CONAMA N° 316.

4. A topografia abrupta do Distrito Industrial vem sendo um empecilho para a


instalação de novos empreendimentos, tanto é que neste momento só
comporta duas indústrias.

5. O Distrito Industrial faz vizinhança com a Mata do Engenho Moreninha,


decretada como Reserva Ecológica pela Lei Estadual N° 9989/87.

As considerações acima citadas não são novidade para a Prefeitura de


Moreno, muito pelo contrario, atualmente se pleiteia junto à Secretaria de
Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco uma mudança do
Distrito Industrial. A área proposta para sediar o novo Distrito Industrial, situa-
se às margens da BR-232 nas proximidades do Distrito de Matriz da Luz, no
município vizinho de São Lourenço da Mata, em terras do Engenho Pocinho.

Grupo Atento

Ind. Ovos

Ind. Ovos
Distrito Industrial
Distrito Industrial

Figura 2. Localização do distrito Industrial e Vetor de Crescimento

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A PROPOSTA DO GRUPO ATENTO !

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O lay-out do projeto.

O projeto consiste na instalação de uma Unidade de tratamento por destruição


térmica de Resíduos de Serviços de Saúde, utilizando para isso dois (2)
incineradores novos de alta tecnologia com capacidade para incinerar resíduos
sólidos e semi-sólidos resultantes de atividades de saúde.
A capacidade instalada total, somando-se os dois incineradores é de 220
kg/hora (3,52 t/dia) no regime de trabalho de 16 horas por dia, das 07:00h às
23:00h, seis dias por semana.
A área a ser ocupada com a unidade de incineração e seus periféricos totaliza
9.352m², sendo que os restantes 10.648m² que complementam o terreno do
Grupo Atento ficarão como reserva, uma vez que estão ocupados, ora com
remanescente de Mata Atlântica, ora com gramíneas.
A distribuição de unidades dentro do terreno a ser ocupado pode ser
observada no quadro a seguir.

Guarita de controle de acesso


Prédio de alvenaria de aproximadamente 25,0m² composto por uma sala e um
banheiro onde será realizado o controle de entrada e saída de veículos.

Bloco administrativo
Prédio de alvenaria de 195,0m² com dimensões de 5,0 x 13,0m composto por 3
salas administrativas, 2 salas de diretoria (uma com banheiro), 1 sala de reunião, 2
banheiros, recepção, depósito e copa.

Bloco de serviços

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Prédio de alvenaria de 116,0m² composto por vestiários, refeitório, cozinha,


depósito e salão de jogos.

Bloco de banheiros para funcionários


Bloco de alvenaria de 3,90 x 3,00m com 2 sanitários masculinos e 2 sanitários
femininos.

Galpões de Incineração
Dois (2) galpões de Incineração com dimensões de 38,0 x 16,0 perfazendo uma
área coberta de 608,0 m². construídos em estrutura metálica com pé direito de
6,0m, cobertura de zinco a duas águas e paredes de alvenaria levantadas só a uma
altura de 1,80m para permitir uma grande circulação de ar.
Cada galpão estará composto pelos seguintes setores:

Com dimensões aproximadas de 3,85 x 2,75 será construída


em concreto e elevada do nível da rua para facilitar o
Área de descarrego das bombonas. Toda a unidade estará contornada
descarga por valetas de concreto com grades para evitar vazamentos da
de resíduos porção líquida dos RSS. Ditos efluentes serão descarregados
no reservatório de lavagem de gases que trabalha em circuito
fechado com reaproveitamento de água.

Cada galpão estará dotado de dois depósitos de resíduos


consistentes em plataformas de 4,35 x 2,75m com piso e
mureta lateral revestidos em cerâmica conformando uma bacia
Depósito de contenção, onde os resíduos descarregados em bombonas,
de resíduos serão re-acondicionados em bombonas de volumetria
adequada à capacidade de alimentação do incinerador.
Cada bacia terá uma única saída de drenagem que conduzirá
os efluentes para o sistema de tratamento.

Área para Uma faixa lateral do galpão será utilizada para a estocagem de
depósito de bombonas vazias.
bombonas
A área de incineração terá aproximadamente 300 m² com
capacidade para receber 2 incineradores e um lavador de
Área de gases.
Incineração Salienta-se novamente que nesta primeira etapa de
licenciamento só está prevista a instalação de um único
incinerador.

Os galpões foram dimensionados para terem áreas de


Área de circulação e escape que atendam as normas de segurança do
Circulação trabalho.

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Demanda de Mão de Obra


Durante operação do empreendimento, trabalhar-se-á em dois turnos, com
funcionários distribuídos nas seguintes funções:

Qtde Descrição
Quadro Administrativo
01 Gerente da unidade
01 Secretaria
04 Assistente administrativo
Turno 1 (7:00 – 14:30hr)
01 Vigias
01 Supervisor de turno
02 Recepção de resíduos
01 Limpeza de bombonas
02 Incineração de Resíduos
01 Serviços Gerais
Turno 2 (14:30hr – 22:00 hr)
01 Vigias
01 Supervisor de turno
02 Recepção de resíduos
01 Limpeza de bombonas
02 Incineração de Resíduos
Total empregos diretos: 21

Demanda de serviços públicos


A área de implantação é atendida com rede elétrica da CELPE, coleta de lixo e
acesso através da BR-232.
Destaca-se a não existência do serviço de água da COMPESA. Os moradores
do entorno relatam a utilização de carros pipas. Água de poço não é comum
na região em função das características hidrogeológicas.

Características dos equipamentos de incineração


Dois incineradores novos de tecnologia avançada e fornecidos por empresas
reconhecidas no mercado trabalharão de forma paralela:

o Incinerador de autocombustão marca LUFTECH com capacidade de


incineração de 100kg/hora. (Informações adicionais do equipamento no
site: http://www.luftech.com.br/).
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Unidade de Tratamento Térmico de Resíduos

o Incinerador alimentado com gás natural da empresa ENGEAPLIC com


capacidade de incineração de 120 kg/hora. (Informações adicionais do
equipamento podem ser consultadas no site
http://www.engeaplic.com.br).

Cada uma das unidades estará composta por:

(i) Incinerador multicâmeras propriamente dito;


(ii) Lavadores de Gases para controle da poluição ambiental.

A. Unidade de autocombustão da Empresa Luftech

a. Incinerador
O equipamento de incineração a ser utilizado é o modelo RGL 350 SE de
Autocombustão tecnologia alemã da empresa LUFTECH, multi-câmaras, com
capacidade de incineração de 100 kg/hora gerando energia em torno de 350
kw (300.000 Kcal/h), com alimentação semi- automática por bateladas com
acionamento pneumático.

b. Lavador de gases
Composto de: Resfriador adiabático, sistema de exaustão, lavador venturi,
lavador separador hidrodinâmico, tanque decantador, tanque de água de
processo, bombas, filtro, torre de resfriamento de água, vaso para mistura e
dosagem de reagentes, chaminé e equipamento de monitoramento contínuo.

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Emissão
Atmosférica

Q1

T5

Solução
T4 Alcalina

Água
Lavador Lavador
Venturi Venturi
2 1
T1 °C 800
T2 °C 1.000
Lodo T3 °C 600
Descarrego de T4 °C 80
Resíduos T5 °C 60
T1 Q1 Nm3/h 1.400
T2 T3
Q1 m3/h 1.800

Câmara Câmara
Ciclone
Primária Secundaria

Cinza Cinza

Figura 3. Esquema de funcionamento do incinerador LUFTECH

B. Incinerador MODELO IEN-120.RH(WM)-LG da Empresa ENGEAPLIC

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a. Incinerador (Tipo Retorta)


Forno incinerador para resíduos institucionais e hospitalares com capacidade
de 120 kg/hora, projetado e construído de acordo com as exigências e
regulamentações da Lei 997, Legislação federal do CONAMA 5 e CONAMA 316
e conforme recomendações da Organização Mundial de Saúde.
O incinerador utiliza a tecnologia tipo retorta câmeras múltiplas ou câmaras
em “U”, apropriados a unidades de tratamento de resíduos de pequeno e
médio porte.
A construção do equipamento é em estrutura de perfis de Aço Carbono
laminados e fechamento em chapas de aço compondo um conjunto que é
transportável montado pronto, depois de refratado.
O incinerador possui 4 câmaras , cada uma cumprindo um objetivo
específico, obtendo - se ao final uma incineração isenta de poluentes ,
resultando gases inertes no chaminé, dentro dos padrões dos Orgãos
de Controle Ambiental.

b. Lavador de gases
O sistema lavador é instalado imediatamente após o flange de saída do forno
incinerador, na passagem entre o forno e a chaminé. Dessa forma a corrente
de gases saídos do incinerador, sofre a ação da grade liquida formada, com
conseqüente retenção dos particulados no espelho de água do lavador.
O equipamento permite através de portas de limpeza, retirar a lama ou lodo
eventualmente formado depois de determinado tempo de operação, e que
por sua vez é novamente incinerada, nas câmaras do forno incinerador.
A água necessária é constantemente renovada para repor a parte evaporada,
e o sistema não apresenta portanto resíduos líquidos.
É um sistema de circuito fechado; a água deverá ser tratada de forma a
neutralizar a sua acidez pela alteração do pH, periodicamente verificado.

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Emissão
Atmosférica

Q1

Reposição e
Correção de T4
pH

T3

Água
Lavador
de gases

T1 °C 800
Lodo T2 °C 1.000
Câmara de T3 °C 500
Extensão T4 °C 80
Descarrego de
T1 Q1 Nm3/h 1.900 -2.300
Resíduos Queimador Q1 Queimador Q2 T2 (Asegura o
tempo dos
gases em alta
Câmara Câmara temperatura)
Primária Secundaria
r al ral
atu Início da Natu Pós
sN Gá
s Combustão
Gá Combustão

Figura 4. Esquema de funcionamento do incinerador ENGE-APLIC

Os Sub-Produtos do Processo de Incineração

A. Emissões Gasosas
As especificações dos incineradores adquiridos pelo Grupo Atento mencionam
uma liberação de emissões atmosféricas da ordem de 1.400 Nm³/hora para o
caso da unidade da LUFTECH e de 1900 Nm³/hora para o caso do
equipamento da ENGEAPLIC.
Conforme os fabricantes os padrões de lançamento de poluentes do
equipamento com o lavador de gases são inferiores aos máximos
especificados na Resolução CONAMA conforme apresentado na Tabela 4.

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Tabela 4 – Padrões de Emissão dos Incineradores Adquiridos


Parâmetro Unidade CONAMA LUFTECH ENGEAPLIC
CO ppm 100 10,1 0,05
SO2 mg/Nm3 208 1,4 39,5
NOx mg/Nm3 560 56,8 72,1
MP mg/Nm3 70 40 68,53
HCI mg/Nm3 80 14,4 72,73
HF mg/Nm3 5 n.m. 4,66
Dioxinas e Furanos Ng/Nm3 TEQ 0,5 0,033 -
Metais Classe 1 mg/Nm3 0,28 0,002137 -
Metais Classe 2 mg/Nm3 1,4 0,002773 -
Metais Classe 3 mg/Nm3 7 0,049192 -
Fonte: Empresas LUFTECH e ENGEAPLIC, fabricantes dos equipamentos.

B. Efluentes do sistema de lavagem de gases


Os efluentes resultantes da lavagem de gases nos dois incineradores, que em
essência correspondem a uma água ácida, serão recirculados em sistema
fechado, não tendo descarte para o meio ambiente.
A água de lavagem de bombonas, estimada em 1720 litros/dia, será
armazenada e encaminhada para o sistema de lavagem de gases, tampouco
prevendo-se descarte deste efluente, que outrossim, apresenta uma melhor
qualidade que o proveniente da lavagem de gases.

C. Geração de Resíduos Sólidos


O processo de incineração reduzirá em torno de 90% o volume dos resíduos
que adentram o local, assim estima-se que serão geradas durante operação a
capacidade plena da unidade da ordem de 350 litros de cinzas diariamente.
O material será acondicionado em contêiner metálico de 6m³ protegido com
lona e a destinação final será um Aterro Sanitário com licença de operação
vigente.
Salienta-se que a bibliografia especializada registra que as análises de
classificação efetuadas sobre amostras de cinza denotam não periculosidade
do material, ou seja, enquadramento como resíduo Classe IIA da NBR
10.004/04, contudo, o empreendedor deverá caracterizar o resíduo para dar-
lhe destinação final conforme legislação.
O sistema de lavagem de gases sedimentará partículas em um tanque
decantador, sendo requerida a remoção periódica do material como parte do
programa de manutenção da unidade.

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Deverão ser executados ensaios de classificação (NBR 10.005 – lixiviação e


NBR 10.006 solubilização) sobre o resíduo para confirmar a classe do mesmo.
De ser classificado como Classe I – perigoso, poderá ser incinerado no mesmo
local, após aprovação da CPRH e após secagem.

A Operação da Unidade
b. Transporte

A equipe de coleta deve receber treinamento adequado e ser submetida a


exames médicos pré-admissionais e periódicos, de acordo com o estabelecido
na Portaria 3.214/78 do Ministério do Trabalho.
O veículo coletor deve atender aos seguintes critérios:

a. não permitir vazamento de líquido, e ser provido de ventilação


adequada;
b. o veículo coletor deve contar com os seguintes equipamentos
auxiliares: pá, rodo, saco plástico (ver NBR 9190) de reserva, solução
desinfetante;
c. devem constar em local visível o nome da municipalidade, o nome da
empresa coletora (endereço e telefone), a especificação dos resíduos
transportáveis, com o número ou código estabelecido na NBR 10004, e
número do veículo coletor;
d. ser de cor branca;
e. ostentar a simbologia para o transporte rodoviário (ver NBR 7500),
procedendo-se de acordo com a NBR 8286.

Os veículos utilizados para a coleta e transporte dos resíduos poderão ser:

 Bombonas de 200 litros: Caminhão tipo baú;


 Bombonas de 50 e 20 litros: Furgonete;

c. Recepção e acondicionamento

Na chegada à unidade os veículos da empresa serão direcionados para a


plataforma de descarrego correspondente. O pessoal que manuseará as
bombonas estará devidamente treinado munido das EPI’s adequadas para
lidarem com segurança com resíduos de saúde.

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As bombonas descarregadas na unidade de tratamento serão pesadas e


catalogadas, sendo preenchido formulário de cadeia de custodia do material,
que deverá vir relacionando a origem e os detalhes de coleta de cada
bombona.

As bombonas serão esvaziadas nos setores de depósito de resíduos para


alimentação de cada um dos incineradores em função do tipo e umidade do
resíduo contido.

d. Alimentação dos incineradores

A alimentação dos incineradores será manual em um primeiro momento,


aproveitando as características de segurança que oferece o equipamento. Os
gases são removidos por ventiladores que os enviam para o reator de
oxidação, desta forma o modulo de alimentação opera com pressão negativa,
evitando a fuga de gases, protegendo a saúde do operador.

e. Manejo de bombonas

O manejo de bombonas será o mais asséptico possível evitando ao máximo o


contato dos operadores com os RSS.
O número de bombonas na unidade varia em função da capacidade
volumétrica das mesmas. Uma análise de sensibilidade mostra que se fossem
utilizadas somente bombonas de 50 litros a quantidade diária seria de 64. Já
no caso da utilização só de bombonas de 200 litros o número cai para 16.
As bombonas depois de esvaziadas serão lavadas com jato de água a pressão
e desinfetante, evitando o contato com o operador.
Depois de limpas serão submetidas a secagem natural ou com jato de ar,
ensacamento e estocadas na área correspondente do galpão de incineração.

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A Área de Implantação e seu


Entorno !

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As áreas de Influência

O empreendimento ficará localizado ao norte do município de Moreno em


limites com São Lourenço da Mata, em terras do Engenho Pocinho.

As áreas de influência definidas para o estudo podem ser observadas na


Figura ao lado.

ADA – Área diretamente Afetada


Correspondente aos dois (2) hectares que compõem a propriedade.

AID – Área Influência Direta


Definiu-se um raio de 1km do entorno do empreendimento, abrangendo assim
a comunidade de Nossa Senhora das Graças e uma Parcela do Reservatório
Duas Unas.

AII – Área Influência Indireta


Considerou-se para os meios físico – biótico o reservatório de Duas Unas,
enquanto que para o meio socioeconômico os limites foram ampliados para o
Município de Moreno.

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Figura 3. Áreas de Influência do Empreendimento

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Características da ADA
A área proposta para implantação do empreendimento apresenta uma
conformação retangular com dimensões médias de 376,50 x 55,0m
perfazendo uma área em projeção horizontal de 20.946 m².

Figura 5. Uso do solo na área do empreendimento

Morfologicamente, o terreno corresponde a um pequeno morro de


aproximadamente 20,0m de altura que foi cortado pelo seu lado sul quando
da construção da BR-232, gerando um talude viário de pouca altura. No
perímetro imediato, bem como no interior da área, não foi verificada nenhuma
ocupação humana. A presença humana começa a se insinuar em um raio de
300m, com chácaras e fazendas isoladas.
Nos 2,012 hectares podem ser identificadas três tipologias de cobertura
vegetal. Do lado sul da área que limita com a BR-232, a cobertura
remanescente evidencia que a Mata foi suprimida dando origem a uma
vegetação rasa com arbustos esparsos.
Ao que tudo indica, a terraplenagem realizada na área foi realizada neste setor
“A.

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O setor “B” da área está ocupado com remanescente de mata atlântica,


enquanto que o setor “C” tem sua superfície coberta com gramíneas.

Características da AII
A. Aspectos Físicos
De acordo com a classificação de Köppen, o clima da área em estudo é quente
e úmido, com os tipos Ams´ e As, predominando o primeiro, com chuvas
concentradas nos meses de março a julho.
A precipitação media anual no município segundo dois (2) postos
pluviométricos localizados em Vitória de Santo Antão, um da SUDENE (1920 –
1991) e outro do IPA (1952-1999), registram valores em torno de 1000 mm,
sendo que de março a julho se concentra 70% da precipitação anual conforme
pode ser apreciado na Figura a seguir.

175
150
Pluviometria (mm)

125
100
75
50
25
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Dados Sudene Dados IPA

No tocante à temperatura, observam-se temperaturas máximas de cerca de 30


ºC nos meses de novembro a abril; as mínimas, próximas de 20 ºC, nos
meses de julho a setembro. A temperatura média ao longo dos anos ficou em
torno de 25 ºC.
Para a caracterização da variável vento, principal elemento climatológico para
análise do empreendimento em termos de dispersão de poluentes, foram
obtidos dados dos relatórios do INMET. Segundo dito órgão, predominam na
região os ventos S e SE nos meses de maio a setembro, e E e SE, nos meses
de outubro a abril. Em todo o período, são registrados ventos com velocidade
variável entre 2 e 3 m/s, 38 % do tempo, ventos com velocidades entre 3 e 4
m/s; e, apenas 7 % do tempo, ventos com velocidades acima de 4m/s. No
período de dez anos, conforme dados, a direção predominante do vento de
Sudeste (SE) foi de 84 %, variação em média entre 5 e 11% nas direções
Leste (E) e Sul (S) respectivamente.

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Já a umidade relativa do ar revela média superior a 80 %, com intervalo de


variação de 72-86% correspondente aos meses de janeiro e junho
respectivamente.
A área de estudo apresenta um relevo dominado por serras, morros, e colinas
expressos por formas topográficas bem definidas. As formas de relevo, dentro
desses domínios, resultaram de uma série de acontecimentos geológicos,
relacionados às atividades tectônicas e ao comportamento diferencial das
rochas.

Foto 2 - Panorâmica do Local de Implantação

No entorno da área o relevo pode ser considerado como ondulado, estando


conformado por uma seqüência de morros arredondados tabulares
contornados por vertentes de declividade moderada.

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Foto 3 – Solo avermelhado na terraplenagem da área

Esta conformação morfológica é governada pelo contexto geológico, uma vez


que as áreas de influência encontram-se inseridas na Província da Borborema
que segundo Almeida et alli (1977) coincide com a Região de Dobramento
Nordeste, desenvolvida durante o Ciclo Brasiliano. A Província da Borborema,
possui uma superfície de cerca de 380.000 km2. Trata-se de um cinturão
orogenético meso/neoproterozóico que se estende por grande parte do
nordeste.
Mais especificamente, as áreas estão encaixadas no contexto litológico do
Maciço Pernambuco-Alagoas, como parte de um complexo migmatítico-
granítico (Correia, 1979). Isso significa a presença marcante de maciços
graníticos constituídos pelos minerais essenciais quartzo, feldspatos potássicos
e biotita, além de alguns minerais acessórios, que resultam sob as condições
climáticas locais, em solos areno-argilosos a argilo-arenosos.
Justamente essa foi a situação detectada com a sondagem de 25m executada
na parte alta do terreno, que evidenciou um horizonte profundo de solo de
alteração descrito como um silte arenoso cor avermelhado de pouco a
medianamente compacto com valores de N (ensaio de SPT) variando em torno
dos 10 golpes. Os ensaios granulométricos indicam um solo fino com 65% dos
seus grãos passando através da peneira 200, com condutividade hidráulica
natural na faixa de 3,80 x 10-7 m/s, confirma de se tratar de um material
siltoso de permeabilidade moderada a baixa.

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Este espesso manto de alteração diminui a infiltração da água, resultando em


um baixo potencial hidrogeológico no entorno. De fato, um estudo geofísico
preliminar executado na área para avaliar a possibilidade de construir um poço
artesiano, trouxe um resultado negativo.

Foto 4 – Açude dentro da AID

Já em termos de recursos hídricos superficiais, A AII do projeto está inserida


na Bacia Hidrográfica do Rio Jaboatão, cujo tributário o Rio Duas Unas,
abrange a AID.
No entorno do empreendimento não foi detectado nenhum outro corpo
hídrico, mas somente pequenos barreiros construídos nas chácaras do entorno
com alimentação de água de chuva.
Dados sobre o monitoramento e avaliação da qualidade do ar no município de
Moreno, não existem. A Estação mais próxima de monitoramento instalada e
operada pela Companhia Pernambucana de Meio Ambiente –CPRH, localizada
no município de Jaboatão dos Guararapes (em frente a Prefeitura Municipal)
foi desativada , desde o ano de 2001 e ainda os dados anteriores a esta data ,
referem-se somente a Material Particulado Total (PTS), Dióxido de enxofre
(SO2) , Óxidos de nitrogênio (NOx). Desse modo, não há como caracterizar a
qualidade do ar na área e definir o incremento de determinado poluente ,
considerando a existência de outras fontes na área e os limites máximos
exigidos pela Legislação.
No entanto, as observações levantadas no entorno da área, indicam que a
principal fonte de poluição é a proveniente dos veículos que transitam pela
BR-232. Igualmente as atividades de cana desenvolvidas no entorno lançam
uma enorme quantidade de material particulado para a atmosfera afetando os
moradores mais próximos.

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Foto 5 – Material Particulado na AID

B. Aspectos Bióticos
O cenário que apresenta a AID em termos de cobertura vegetal não é muito
diferente do cenário verificado em toda a Zona da Mata de Pernambuco, onde
a exuberante cobertura vegetal de Mata Atlântica vem sendo totalmente
devastada desde o século XVI, quando da introdução da monocultura da cana-
de-açúcar, avançando inclusive sobre as encostas, ocupando inteiramente as
colinas, e deixando somente remanescentes de bosques no topo das
elevações.
Hoje dentro da AID a paisagem remanescente destas agressões conforma um
mosaico de fragmentos remanescentes de mata atlântica mergulhados entre
cultivos de cana e de pasto.
O remanescente de vegetação de 8 hectares que contorna a área de
implantação e inclusive cobre uma parte da área de 2,012 hectares de
propriedade do Grupo Atento, bem como outros fragmentos remanescentes
dentro da AID, apresentam duas situações díspares: do lado do norte e do
poente existe um remanescente da mata nativa de outrora, como se vê pela
lista de espécies encontradas, enquanto do lado do sul e do nascente as obras
de construção da rodovia do passado e da atual BR-232, que a ela se veio
sobrepor, alteraram nesse passado algo remoto a cobertura vegetal anterior.

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Pode-se considerar, portanto, como área antropizada, apresentando raras


evidências da mata do passado remoto que, certamente, era também do tipo
da mata atlântica.

Figura 6. Remanescente de 8 hectares no entorno do empreendimento

Foto 6 – Remanescente de Mata na encosta do lado sul (Lado oposto da BR-232)

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As vistorias efetuadas no local mostram que se trata de mata ombrófila


perenifólia, algo perturbada pelo corte eventual e furtivo de algumas árvores,
o que não se nota, no entanto, a uma inspeção através de imagens aéreas ou
de incursões superficiais pela sua periferia.
Penetrando nesses trechos de mata algo preservada, foi possível identificar
árvores e arbustos típicos da chamada “mata atlântica”. Ao todo foram
identificadas, 29 espécies típicas da mata ombrófila perenifólia, além de
espécies botânicas de palmeiras, de ervas e pteridófitas herbáceas.
Curiosidades, como a presença de árvore australiana do gênero Acacia, com
folhas jovens do seedling compostas e pequeninas, e folhas adultas reduzidas
apenas aos filódios que imitam folhas simples é notável na área, e essas
árvores exóticas se reproduzem bem, como se já adaptadas ao local, sendo
surpreendente a presença aqui dessa espécie australiana.

Foto 7 – Bico-de-osso (Cacicus solitarius), nidificando na orla da


mata, sobre o açude. Foto arquivo Galileu Coelho.

O padrão faunístico observado na área, em especial no que diz respeito aos


ambientes preferidos pelas espécies de vertebrados terrestres, possibilita a
classificação ecológica da vegetação em três categorias principais, quais
sejam: formações abertas, nas quais a maior parte da luz solar atinge o solo,
representadas pela vegetação de pequeno porte e arbustivas; formações
fechadas, representadas por pequenos trechos de mata mais alta, com árvores
agregadas, sob a forma de capoeiras e capoeirões; e a vegetação ribeirinha,
compreendendo áreas alagadas ou encharcadas, geralmente com vegetação
herbácea, composta principalmente por gramíneas e ciperáceas.

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Na AID, por conta da ação antrópica (desmatamento, terraplenagens e


apanha de animais), grande parte das espécies da fauna de vertebrados
encontra-se hoje distribuída principalmente nos diversos tipos de ambientes
abertos. Tais formações, bastante variegadas, são predominantes, e fazem
limites com aglomerados de árvores mais altas. Algumas espécies animais
acham-se também restritas às áreas de vegetação ribeirinha e aquática.
Por conta da necessidade de se utilizar espécies ou grupos de animais que
possam representar bem as condições dos ambientais em que vivem, deu-se
ênfase a classe das aves, grupo reconhecidamente bioindicador (WORLD
BIRDWATCH, 1999; VIELLIARD, 2000).
A presença de trechos florestados, em estágio médio de degradação,
localizados nas proximidades da área diretamente afetada (ADA) do
empreendimento certamente explica a presença, especialmente no período
noturno, de exemplares de médio porte, particularmente de mamíferos,
provenientes das mesmas e que esporadicamente são registrados nas áreas
contíguas à área do projeto.
Além dessas áreas cobertas por pequenos fragmentos de Mata Atlântica, o
padrão faunístico observado é semelhante àquele verificado em outros sítios
periurbanos, nos quais se instalou uma vegetação variegada, aberta, com
muitas plantas ruderais, resultantes das ações antrópicas na cobertura vegetal
primitiva.
Dentre aquelas espécies animais que são comumente observadas, nos
diversos ambientes acima descritos, destacamos as seguintes:

Foto 8 - Cascudo (Hypostomus sp) comum nas lagoas


e barragens. Foto arquivo Galileu Coelho, 2007.

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Foto 9 - Teju (Tupinambis merianae)


freqüenta formações abertas e fechadas.
Foto: Arquivo Galileu Coelho.

Foto 10 - Cobra-de-duas-cabeças
(Amphisbaena sp), espécie de atividade
noturna, no sobosque de uma formação
fechada. Foto: Arquivo Galileu Coelho.

Foto 11 - Guriatã (Euphonia violacea),


comum nas copas da mata e nas áreas
abertas.

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Dentre os vertebrados terrestres, aparentemente é também uma classe bem


representada na área da Unidade de Tratamento Térmico de Resíduos.
O tembu ou cassaco (Didelphis cf. albiventris), espécie frugívora, é freqüente
nas edificações e nas árvores frutíferas; a raposa (Cerdocyon thous), noturna,
que aparece esporadicamente, em especial por entre a vegetação arbustiva,
muito provavelmente advinda de fragmentos florestados maiores localizados
nas proximidades. Dentre os mamíferos, juntamente com o sagui é a espécie
mais comum e abundante (MONTEIRO DE CRUZ et alli, 1998).
O rato-de-casa (Rattus rattus), bem adaptado ao meio antrópico, e o
morcego-de-telhado (Molossus molossus), são comuns nas habitações
próximas ao ambiente prospectado, enquanto outros (Artibeus sp; Carollia sp),
têm ocorrência ocasional nas copas das árvores frutíferas. Todas essas
espécies têm hábito noturno. O preá (Galea spixii) (MONTEIRO DA CRUZ et
al., 1998), é freqüentemente avistado na região (juntamente com o teju),
sendo comum a presença de locais onde se abrigam: pequenas áreas de solo
varrido, por entre a vegetação arbustiva, protegidas do sol, com alguma
quantidade de fezes, características da espécie, no seu entorno.
Cutias (Dasyprocta prymnolopha) e preguiças (Bradypus variegatus) são de
ocorrência ocasional nas matas, sendo a cutia mais comum. Duas preguiças
foram recentemente introduzidas na área por moradores.
Um mateiro, e antigo caçador, nos mostrou vestígios da presença de pacas
(Agouti paca), em áreas onde se alimentaram com frutos do dendê. É espécie
de hábito noturno e vive nas proximidades da água, local onde se refugia
quando acossada. É das mais perseguidas pelos caçadores, devido ao valor de
sua carne.

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C. Aspectos sócio-econômicos

A Lei Estadual nº 1.931 de 11 de setembro de 1928, criou o município de


Moreno, desmembrado de Jaboatão dos Guararapes, São Lourenço da Mata e
Vitória de Santo Antão, tendo sido instalado de 01 de janeiro de 1929.
O Município ocupa 191,3 Km² de superfície territorial, sendo que 178,7 Km²
(93,4% do total) são de área rural, enquanto que 12,4 Km² (6,6% do total)
são de área urbana. Dispõe da rodovia BR- 232 (federal) e da PE- 07
(estadual) como vias de acesso.
A economia formal do município de Moreno se compõe basicamente da
indústria de transformação, gerando 214 empregos em 15 estabelecimentos,
da construção civil gerando 11 empregos em 03 estabelecimentos, do setor de
serviços, com 556 empregos em 41 estabelecimentos, do setor de comércio
que gera 276 empregos em 67 estabelecimentos, do setor de Administração
Pública, com 711 empregos em 05 estabelecimento e os setores de
Agropecuária, Extrativismo Vegetal, Caça e Pesca, que geram 965 empregos
em 34 estabelecimentos.

Contexto histórico e populacional

A origem de Moreno remonta ao ano de 1616, mas foi no início do século XX


que obteve sua emancipação através da Lei 1.931 de 11 de setembro de
1928. A ocupação do territorial do Moreno teve como característica a
economia açucareira e têxtil.

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De acordo com o Censo do IBGE (2000), Moreno possui uma população de


49.205 habitantes, sendo 38.294 residentes em área urbana (77,8% do total)
e 10.911 em área rural (22,2% do total), distribuída pelo seu Distrito de
Bonança e pelos núcleos urbanos de Massaranduba e Nossa Senhora das
Graças (Inab), perfazendo uma taxa de urbanização de 77,8% (FIDEM, 2000).
A densidade demográfica do Moreno é de aproximadamente 236,8 hab/km2 e
a taxa de crescimento no período de 1991/2000 foi de 2,68% ao ano.
Verifica-se que nos últimos trinta anos a população urbana do município
cresceu linearmente com uma taxa média aproximada de 1,7%, um pouco
inferior à registrada na RMR de 1,85%.

Aspectos Socioeconômicos

O Índice de Desenvolvimento Humano – IDH-M em Moreno é de 0,693,


considerada de médio desenvolvimento humano, encontrando-se em 22° lugar
no ranking estadual. Neste requisito, apresenta valor considerável, quando
comparado ao índice da média do Estado de Pernambuco, igual a 0,705.
Entretanto, verifica-se que ocupa o 12° lugar entre os Municípios da Região
Metropolitana do Recife (FIDEM, 2000).
A agropecuária, administração pública, serviços e comércio são os setores que
se destacam em Moreno como atividades produtivas. Além, de possuir
vocação turística no segmento do agro-ecoturismo, devido ao potencial das
reservas, através de trilhas e dos assentamentos de agricultura familiar.
Outra oportunidade consiste em instalações de empreendimentos, pois as
condições de acesso ao município e sua localização em relação à Recife
facilitam a implantação de indústrias e empresas.
No tocante à distribuição de renda, as estatísticas de 2000 do IBGE e da
FIDEM retratam a seguinte realidade: a renda per capita mensal, no Município,
é de aproximadamente R$ 100,34. Os chefes de famílias que possuem renda,
52,09% têm rendimentos até 1 um salário mínimo e 47,91% têm renda acima
de 01 salário mínimo. Por outro lado 12,73% do total de chefes de família,
não possui rendimentos. A renda média de um chefe de família é de 2,88
salários mínimos.

A ocupação de Moreno

A ocupação urbana de Moreno apresenta duas características quanto a


densidade, áreas com alta ou baixa densidade. As áreas de alta densidade são
constituídas por lotes que têm em média 250m², mas possuem uma elevada
taxa de ocupação, em muitos casos um lote é ocupado por mais de uma

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edificação. São exemplos os bairros de João Paulo II, Vila Liberdade, Alto da
Liberdade, Alto da Maternidade, Alto de Sto. Antônio, Nossa Senhora de
Fátima. Nas áreas de baixa densidade formada pelos bairros, Mangueira,
Pedreiras, Parque dos Eucaliptos e Cercado Grande, os terrenos variam entre
250m² a 500m² apresentando recuos frontais e laterais e áreas verdes.
Por ser uma cidade que se originou de um latifúndio urbano, Moreno suporta
uma escassez de ofertas de terras, principalmente no que diz respeito a lotes
destinados a moradia popular, gerando um grande déficit habitacional que por
sua vez, acelera a ocupação desordenada em áreas públicas, formando os
assentamentos subnormais, com baixa qualidade de vida e moradia precária,
além de degradar o espaço urbano. Atualmente, a cidade possui 13 áreas de
ocupação irregular, com grande parte das moradias construídas em taipa, em
alguns casos estão em áreas de riscos.

A ocupação na AID

A AID do empreendimento possui como característica uma ambiência rural e


comercial. Nas ocupações do seu entorno predominam: granjas de lazer;
granjas com culturas agrícolas e pecuárias; terrenos e empreendimentos
comerciais, além de um Assentamento Rural do Cotonifício Moreno.

Figura 7. Uso do solo no entorno do empreendimento

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Não constam informações no Plano Diretor nem na Secretaria de


Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente – SEDEMA do município do Moreno
referente a aprovação de projetos de novos loteamentos, fábricas e estradas
no local ou próximo a área em análise.
A ocupação da área pode ser considerada de baixa densidade, pois as
edificações encontram-se dispersas, caracterizando uma população
predominante de granjeiros, com ressalva do bairro de Nossa Senhora das
Graças (INAB) que dista aproximadamente 0,66 km da área do
empreendimento, que possui duas escolas de ensino fundamental – Escola
Municipal João de Souza Veras e Escola Assembléia de Deus, um posto de
saúde (PSF- Nossa Senhora das Graças) e uma estimativa de 100 residências.
Cabe destacar, também, o Assentamento Rural do Cotonifício Moreno que
localiza-se por trás das granjas e do Bairro de Nossa Senhora das Graças, que
possui características semelhantes, mas é considerada área rural.
Observa-se que na área em frente, na BR 232 existe a Granja São José onde
predomina a criação de bovino com presença de eqüídeos, pastagem e
exploração de cana-de-açúcar e granjas de lazer com cultivo de banana, coco
e milho, tendo árvores frutíferas de manga, jambo, jaca, caju, acerola, entre
outras.

Foto 12 – Panorâmica da Granja São João

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Do lado oeste da BR-232 verificam-se as ocupações mais próximas, porém,


em cotas mais baixas, sendo inicialmente a industria Ki-kaldo de
empacotamento de Feijão localizada aproximadamente a 500m e
posteriormente o denominado Ecoparque Pocinho, empreendimento privado
que promove o turismo ecológico com trilhas, açudes, pescaria, e outras
atividades.

Foto 13 – Eco Parque Pocinho

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D. Patrimônio Histórico e Cultural

Capela Eng Pocinho

A história do município de Moreno está intimamente vinculada com o contexto


histórico do litoral, tanto do sul como do norte do estado de Pernambuco. Esta
história, especialmente ligada à zona da mata, relaciona-se ao ciclo econômico
da cana-de-açúcar, iniciada no litoral sul a partir da segunda metade do século
XVI, período em que a implantação dos engenhos era realizada nas terras
baixas e nas áreas de várzeas. Verifica-se que os núcleos urbanos nesta área
sugiram de diversas formas através de portos fluviais localizados em fundo de
estuário, nos locais onde os rios deixavam de ser navegáveis; das edificações
religiosas, em alguns casos, erigidas em sede de engenho; dos engenhos; das
fazendas de coco; das vilas de pescadores e dos portos litorâneos (FIAM,
1982).
Na cidade é possível resgatar a história do Estado através das construções
seculares. Encontram-se 39 (trinta e nove) engenhos que revelam e
representam a ascensão e a decadência da cultura canavieira pernambucana,
tendo como destaque o Casarão do Engenho Moreno que em 1859 serviu de
hospedagem para o Imperador D. Pedro II.

A Pesquisa Arqueológica na ADA

O levantamento de possíveis indicadores de registro arqueológico, através da


inspeção visual de superfície, abrangeu a Área Diretamente Afetada - ADA do
empreendimento. Contemplou assim todos os compartimentos ambientais da

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área a ser implantada, conforme preconiza o Art 2º da Portaria IPHAN nº 230,


de 17 de dezembro de 2002, publicada no D.O.U. de 18/12/02.
A área foi percorrida a pé pela equipe nas áreas possíveis de realizar
prospecção de superfície. Em alguns trechos da área do empreendimento a
visibilidade da superfície do terreno foi dificultada pela vegetação existente.
Durante a prospecção de superfície a área foi georreferenciada e fotografada.
Cada compartimentação geomorfológica foi vistoriada e em cada uma delas
foram assinalados pontos que foram documentados fotograficamente.

Figura 8. Nuvem de pontos da pesquisa arqueológica

A prospecção realizada nesta primeira etapa não evidenciou a presença de


material arqueológico em superfície.

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A Pesquisa Histórica na AID

Dentro do raio de 1km definido como AID, verifica-se a presença do Engenho


Pocinho, localizado a aproximadamente 500m do empreendimento na direção
norte (Coordenadas Geográficas (UTM): 25L 270003, 942 / 9105211, 194). A
pesquisa neste engenho envolveu depoimentos orais e registro fotográfico
Atualmente o Engenho encontra-se desativado, existindo apenas a Capela e a
Casa-Grande. Em ambos os lados da Casa existem várias outras construções
mais recentes. A capela data do ano de 1840, data esta contida em sua
fachada seguida pelo ano de 1990 ou 1920 (não se sabe ao certo). A capela é
dedicada a São Vicente Férrer. Seu frontão é triangular e rodeado por
pináculos. A torre localiza-se ao lado do corpo da capela, nela encontra-se um
sino de bronze com a seguinte inscrição em relevo: “1838 JOZE”. Na igreja
existem várias lápides com restos mortais dos proprietários. A fachada da
casa-grande contém a inscrição do ano de 1905. Trata-se de uma casa de
base retangular com varandas estreitas rodeando 3 lados da casa e telhado de
duas águas. Na varanda da casa, que se encontra desativada, existe uma pilha
de vários tijolos batidos com dimensões de 30X15cm. O piso da varanda é de
tijoleira quadrada. A capela encontra-se em bom estado de conservação e a
casa-grande em estado regular.

Foto 14 – Sino do Engenho Pocinho

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OS POTENCIAIS IMPACTOS
AMBIENTAIS

s
vento
h
H Área com baixa
h alteração
y
z

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O Futuro da área e seu entorno com o


empreendimento.

O empreendimento vai prejudicar à comunidade? Vou adoecer? Vai ter


fumaça? Alguém vai monitorar? Será que as áreas vizinhas vão ser invadidas?
Meu terreno vai perder valor comercial? Vai ter emprego para mim? Vai feder?
Todos esses questionamentos são só alguns dos que podem surgir para um
leitor interessado no assunto. Infelizmente nem todas essas respostas podem
ser fornecidas por um EIA/RIMA.
Esse exercício mental de pensar como será o futuro com o empreendimento
denomina-se prognóstico ambiental.
Agora, a criação de um cenário ambiental que consiga representar a realidade
de um território em um tempo futuro é uma tarefa complexa, intimamente
vinculada com experiências de projetos similares já implantados e
monitorados. A construção de um prognostico será tanto mais complexa,
como sensível for a área de implantação e mais singular for o projeto a ser
implantado.
Neste caso em particular da Unidade de Incineração do Grupo Atento,
observa-se um projeto relativamente simples em termos de infra-estrutura
instalada e até de operação rotineira, porém, altamente complexo nas suas
interações com o componente socioeconômico do meio ambiente.
Assim, as análises da equipe técnica e as conclusões do estudo, têm que estar
baseadas em fatos ou em técnicas de prognóstico reconhecidas, como
modelos matemáticos, curvas de tendências, experiências de projetos
similares com uso da mesma tecnologia.
Em se tratando este documento de um resumo não técnico, se direcionará a
discussão diretamente para os aspectos chaves do empreendimento: As
emissões atmosféricas e o uso futuro do solo.

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Todos os demais impactos podem ser considerados como menos relevantes.


Em termos da implantação das obras, destaca-se que o terreno já está
escavado e não haverá supressão de vegetação. As árvores que foram
afetadas no contato com a mata serão compensadas com um reflorestamento
com espécies nativas na parte norte do terreno, hoje ocupada com gramíneas.
Impactos do canteiro de obra relacionados com o lançamento de esgoto, lixo,
queimadas dentre outras, podem ser relativamente simples de controlar,
inclusive foi recomendado á CPRH a exigência do relatório de controle de
obra, com o registro da destinação final de resíduos como requisito para
obtenção da LO.

Foto 15 – Cruzamento de Gasoduto no Acesso ao empreendimento

O acesso ao empreendimento cita-se como aspecto a ser considerado durante


a etapa de implantação pelo fato da presença do gasoduto que passa paralelo
à BR – 232.
O empreendedor deverá tomar as medidas e fazer as consultas cabíveis para
efetuar as escavações do aceso, tendentes a garantir a circulação de veículos
sobre a tubulação sem danificá-la.

A. A rejeição do empreendimento
O anuncio da instalação de um empreendimento destas características,
associado no imaginário popular a um alto risco biológico, é natural que cause
rejeição e incertezas nas comunidades do entorno, mais ainda quando
paralelamente uma segunda empresa anuncia a instalação de mais um
equipamento de incineração de resíduos hospitalares no mesmo setor, como
vem acontecendo nas proximidades da comunidade de Nossa Senhora das
Graças com as empresas ATENTO e SANEAPE.

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Este tipo de problema, muito comum na gestão de resíduos sólidos gerado


pela falta de informação adequada, é o chamado fenômeno NIMBY - Not In
My Backyard (não no meu quintal), quando se propõe a instalação de um
equipamento de tratamento de resíduos sólidos o qual é rejeitado pela
sociedade, ainda que este venha a trazer benefícios à maioria (SANTOS,
2007).
Neste caso, torna-se muito evidente a necessidade de divulgar o projeto na
comunidade, inseri-la no processo, criar se for o casso uma liderança que
acompanhe o processo, que cobre do empreendedor, da prefeitura e dos
órgãos de controle ambiental como a CPRH e o ministério público.
Da transparência com que seja apresentado o projeto e das garantias que se
dêem de que a operação será conduzida dentro dos mais altos padrões de
qualidade dependerá a permanência do equipamento no local escolhido.
Um aspecto que deve ser aqui ressaltado refere-se à necessidade do
nivelamento e compatibilidade entre as duas empresas empreendedoras que
esperam instalar-se em Moreno. O plano de informação para a comunidade e
em geral qualquer ação de monitoramento e acompanhamento que seja
empreendido deverá ser feito em completa concordância entre ambas
empresas, tendo em vista que em termos de impactos a proximidade entre as
duas equivale em termos práticos a uma única empresa com capacidade
instalada sendo a soma das duas.

B. O Uso do Solo Futuro


Como será o futuro da área em termos do uso do solo?

Este é um dos aspectos que só pode ser analisado com base na tendência
atual.

A situação atual mostra uma indefinição do uso do solo na faixa de terreno


aferente à BR-232, especialmente na margem direita, onde se aprecia um uso
misto entre lazer, turismo, industria de cana de açúcar e atividade industrial
propriamente dita. Por outro lado, ressaltou-se como importante a localização
inadequada do distrito industrial com rebatimento no cenário tendencial, que
mostra uma iniciativa de transferência do parque industrial para terras do
Engenho Pocinho, justamente onde se localiza o incinerador do Grupo Atento.
Neste cenário tendencial teriam que ser também incorporadas as
potencialidades e restrições da área.
Como potencialidades destaca-se o fato de estar contornada por vegetação de
mata atlântica nos seus lados leste, norte e oeste, o que de por si lhe garanta
um cordão de isolamento que dificilmente será removido por algum

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loteamento ou projeto urbanístico. Da mesma forma a condição topográfica do


entorno imediato, dominada por vertentes de declividade acentuada é um
fator que inibe uma ocupação formal. Em termos de uma possível ocupação
informal, caberá ao empreendedor agir no controle urbano do entorno,
alertando a prefeitura e aos órgãos de controle, ao menor indício de ocupação
de áreas de forma irregular no entorno do empreendimento.
A principal restrição da área está na frente sul que faz limite com a BR-232.
Com efeito, toda a encosta do terreno, frontal ao empreendimento na margem
esquerda da BR é susceptível de ser ocupada, mesmo apresentando ainda
fragmentos de mata. Uma eventual comunidade ficaria de frente com o
empreendimento a uma distancia menor ainda que Nossa Senhora das Graças.
O empreendedor não tem nenhum controle por essa situação, caberia à
Prefeitura de Moreno, rigor no seu controle urbano, mais ainda quando é
ciente das restrições de uso do solo no entorno de um sistema de tratamento
de RSS por incineração.
Mais uma vez salienta-se aqui a importância de cada ator envolvido conhecer
suas responsabilidades no processo.
Destaque-se que esta encosta às margens da BR-232 não está inserida dentro
do vetor de crescimento da cidade, como nenhuma área no entorno do
empreendimento.

C. Emissões Atmosféricas

Emissões Atmosféricas são inevitáveis em um processo de incineração e não


será diferente no caso da unidade do grupo atento, sendo aqui pertinente
esclarecer um ponto. A tecnologia de ponta proposta pelo empreendedor
garanta que as emissões terão concentrações de poluentes abaixo do
permitido pela legislação ambiental, porém, isto não significa que não existirá
saída de gases pelas chaminés, muito pelo contrario, esta será permanente e
contínua.

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Ditos gases terão diversos poluentes na sua composição, embora abaixo do


padrão, destacando-se os cinco que significam mais de 90% dos problemas da
contaminação atmosférica advindos de qualquer fonte:

1. Monoxidos de carbono (CO);


2. Óxidos de nitrogênio (NOx);
3. Hidrocarbonetos (HC);
4. Óxidos de enxofre (Sox);
5. Material Particulado.

As emissões atmosféricas de resíduos hospitalares estão completamente


desassociadas da condição patogênica ou infectante dos resíduos que se
incineram. Com efeito, a patogenicidade vem de micro-organismos como
bactérias, vírus, fungos, protozoários,
helmintos e alguns tipos de vermes, ou seja,
de seres vivos que como tal, são destruídos
completamente no processo de incineração a
temperaturas inferiores às máximas atingidas
pelo processo de incineração.
O maior risco das emissões atmosféricas
provindas de incineradores está na formação
de sub-produtos da família dos organo-
clorados, notadamente as dioxinas e furanos.
A dioxina é um poluente encontrado naturalmente no ambiente, porém, o
aumento nas concentrações e a exposição prolongada é causadora de uma
série de graves adversidades na saúde, aplicando isto para seres humanos e
animais.
A dioxina não é produzida deliberadamente. Entretanto é um subproduto não
intencional de processos industriais em que se verifica cloro, matéria orgânica
e oxigênio em determinadas condições de temperatura como pode chegar a
ser o caso de um incinerador de resíduo hospitalar mal operado.
A relevância de mencionar, mesmo que brevemente, os poluentes presentes
nas emissões advindas do processo de incineração, é deixar clara a
importância da correta operação dos equipamentos como principal medida
mitigadora para prevenir impactos na saúde da população em decorrência da
formação de Dioxinas e Furanos no processo. Esta transparência de informar
os riscos existentes é uma obrigação do EIA, mas também é a atitude que
vem adotando os fabricantes de incineradores como o caso da LUFTECH, que

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no seu site reserva um espaço para informar sobre o tema das dioxinas de
forma clara e realista.
A LUFTECH menciona fatos importantes, como é que a incineração de resíduos
é geradora de dioxinas e furanos, mas também menciona um aspecto
incontestável. A tecnologia de incineração evoluiu muito, e hoje as emissões
dos equipamentos se enquadram com folga dentro dos limites máximos
estabelecidos nas legislações mais restritivas.

A Regulamentação da Qualidade do Ar no Brasil

No Brasil a qualidade do ar foi regulamentada pelo Programa Nacional de


Controle de Qualidade do Ar – PRONAR, através da Resolução CONAMA nº
05/89, com o objetivo de definir estratégias para controlar, preservar e
recuperar a qualidade do ar, em todo território nacional, estabelecendo
definições e critérios para gerenciamento.A Resolução CONAMA nº 03/90, de
08/06/90, estabelece as concentrações máximas de poluentes no ar (padrão
de imissão), que,se excedidas, podem afetar a saúde, a segurança e o bem
estar da população , bem como causar danos à flora , a fauna e aos materiais
em geral.

A Avaliação do Impacto

O critério para avaliar os impactos para atmosfera das emissões da chaminé


dos incineradores , consiste na comparação das concentrações estimadas pelo
Modelo de Dispersão e os Padrões de Qualidade do Ar estabelecidos pela
legislação (Resolução CONAMA N0 03/90).
Para avaliar esses impactos é necessário estimar como as emissões na
chaminé e/ou a dispersão da pluma gasosa ocorre devido aos efeitos
operacionais do equipamento e das condições meteorológica locais.
Os dados para aplicação dos modelos matemáticos de dispersão incluem:

o Condições meteorológicas locais;


o Parâmetros operacionais – temperatura dos gases na chaminé;
o Altura da chaminé;
o Diâmetro da chaminé;
o Velocidade dos gases na chaminé;
o Temperatura ambiente;
o Topografia do terreno;
o Emissão do poluente na chaminé em g/s.

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O modelo de dispersão atmosférica recomendado pela Agência de Proteção


Ambiental dos Estados Unidos da América – EPA – SCREEN 3 foi usado para
avaliação dos impactos sobre a qualidade devido à operação do incinerador na
área de influência direta do empreendimento num raio de 3 km.
O modelo permite ainda examinar a faixa completa de variações
metereológicas, incluindo todas as classes de estabilidade, e velocidade do
vento ao nível do solo. Examina também as piores condições metereológicas
resultantes da condição de velocidade do vento e estabilidade atmosférica,
indicando o máximo de concentração de poluente ao nível do solo.

Pontos de interesse analisados

Como dados de entrada do modelo foi feito um levantamento dos potenciais


receptores do entorno, identificando a distancia, cota do terreno e orientação
em função da posição do empreendimento.
Ditos receptores discretos aparecem relacionados na Tabela a seguir.

Tabela 5 – Receptores Difusos Considerados


Localização em
Receptor
Nº torno do Distância km Cota m
Discreto
empreendimento
1 Ki-Caldo Oeste 0,35 98,0
2 Granja São João S 44º O 0,26 95,0
Loteamento Nsa
3 S 88º E 0,66 110,0
Sra. Das Graças
4 Moreno sede S 16º E 2,39 100,0
Espelho de água
5 N 37º E 1,14 90,0
Duas Unas
6 Loteamentos N 56º O 1,00 100,0
Ovos Santo
6 S 78º O 2,6 100,0
Antônio

Seqüência da emissão

A seqüência do processo se relaciona a seguir:

1. O processo de incineração deve gerar um volume de gases com uma vazão


em torno de 2.800 Nm³/hora.

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2. Na saída da chaminé a concentração de poluentes já estaria abaixo dos


padrões especificados na Resolução do CONAMA 316/2002, segundo dados
fornecidos pelos mesmos fabricantes conforme se relaciona na Tabela 4.
3. Os gases emitidos pela chaminé seriam transportados pelo vento formando
uma pluma que se dispersaria obedecendo uma tendência gaussiana
(conforme modelo matemático adotado), ou seja, maiores concentrações
no centro e menores nas laterais.
4. A pluma atingiria a comunidade de Nossa Senhora das Graças e outros
receptores difusos com uma concentração de poluentes inferior à
verificada na chaminé por efeitos da dispersão.

5. Os resultados da modelagem têm como conclusão principal a confirmação


que as emissões geradas serão de baixo porte e não representarão riscos
para a saúde da população, tendo em vista que os valores obtidos de
aporte de poluentes estão muito abaixo dos mínimos estabelecidos pela
Resolução do CONAMA Nº 03/90.
6. A concentração de poluentes é baixa, quase inexistente no entorno
imediato do empreendimento, tendo em vista que o lançamento efeito em
uma cota alta descrevendo uma trajetória de cone, ou seja, precisa
avançar horizontalmente para poder ganhar em diâmetro e atingir o solo.
7. O modelo apontou que a uma distancia de 511m se verifica a maior
concentração de poluentes, mas que mesmo assim, estes estão dentro do
padrão.

Discussão de Resultados

Os resultados obtidos podem ser Observados na Tabela 6 a seguir:

Tabela 6 – Emissão Total na área de influência direta devido aos Incineradores


da Luftech e ENGE – APLIC
Incinerador Emissão Total
Parâmetro Imissão em ug/m3 (24h)
Luftech ENGE-APLIC
MP 0,069 0,0089 0,0779
NOx 0,56 0,088 (1) 0,6480
HF 0,0032 0,0006 0,0038
HCl 0,008 0,092 0,1000
SOx 0,008 0,0049 0,0570
CO 0,024 0,062 (2) 0,0860
-10
Dióxinas/ Furano 0,53 x 10 - 0,53 x 10-10

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Os resultados mostram que que as concentrações de poluentes no ar são


insignificantes, e que contribuem com menos de 0,1 mg/Nm3 de incremento
para os poluentes com período de dispersão de 24 horas (MP, SOx, ) e de
menos 0,6 μg/Nm3 para os poluentes com período de dispersão de 1 hora
(NOx e CO).
Em termos da emissão de dioxinas e furanos a abordagem de análise foi feita
através de uma análise de risco.
Um incremento de concentração no ar correspondente a dióxinas e furanos de
1 g/Nm3 /ano , corresponde a um risco de um individuo contrair câncer de
um para um milhão (risco 10-6) durante um período de vida de 70 anos
constantemente exposto a essa concentração.
A concentração de dioxina no ar definida pela aplicação do Modelo de
Dispersão foi de 0,532 x 10-10 g/Nm3 em 24 horas ou 0,12 x10-10 g/ano ,
correspondente a um risco de 1,21 x 10-17 valor significantemente menor do
que o risco aceitável de 1 /1.000.000 (um indivíduo em um milhão) durante 70
anos de exposição constante a essa concentração no ar.
Portanto, considerando que as emissões mais críticas correspondem a metais
e dióxinas , não se constata nenhum efeito adverso durante a vida útil de
operação do incinerador ao meio ambiente e a saúde dos indivíduos exposto
no mesmo período, desde que seguidas as recomendações de operação dos
equipamentos.
O modelo apontou que a uma distância de 511m verifica-se a máxima
concentração de poluentes, crescendo a partir da fonte e decrescendo a partir
deste ponto, significando que o incremento das concentrações de poluentes
sobre a qualidade do ar (a jusante ou a montante) é menor do que o valor de
1 g/Nm3 , para qualquer receptor difuso e principalmente sobre o espelho de
água da barragem de Duas Unas, (a jusante) e portanto impacto considerado
desprezível, sobre a qualidade da água do reservatório.
O efeito topográfico influencia nos resultados. Receptores discretos localizados
muito próximos do empreendimento e em uma cota notadamente menor
como são A Granja São João, Ki-caldo, Engenho Pocinho terão uma alteração
na qualidade do ar ainda menor por efeitos da operação rotineira.

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511,0m

Figura 9. Efeito topográfico na dispersão de poluentes

Nenhum receptor localizado nessa área sofrerá influência negativa da


operação do incinerador, tendo em vista, sua posição geográfica em relação a
fonte; elevação da base da chaminé acima da cota dos receptores ;
concentração máxima num raio de 511 m da fonte, incremento de
concentração na qualidade do ar na área, menor do que 1 g/Nm3 .
Em Nossa Senhora das Graças ainda caberia ressaltar mais um efeito
topográfico. A comunidade está resguardada por um morro distanciado
curiosamente 500m da emissão, que se antepõe entre ela e o
empreendimento, o que de certa forma aporta um Fator de segurança
adicional a um cenário que já se apresentava favorável segundo a abordagem
teórica. Mais uma vez ressalta-se aqui a importância de controle do uso do
solo futuro no entorno do empreendimento. A ocupação da referida encosta
deve ser evitada para evitar ficar de frente ao empreendimento.

Foto 16 – Barreira topográfica entre o empreendimento e Nossa Sra das Graças

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Se o empreendimento não for construído, como


será o futuro da área e seu entorno ?
Para todo EIA/RIMA é exigido comparar a situação futura considerando o
empreendimento com a situação futura na hipótese de não implantação.
Como será a Área de Influência Direta (AID) daqui a 1 ano, daqui a 5 anos a
10 anos se o empreendimento não for construído?.
Isso é uma questão relativamente simples de responder. Se não acontecer
nada extraordinário, a área continuará transformando-se lentamente, de
forma imperceptível para curtos períodos de tempo. A ocupação de chácaras e
casas de lazer se intensificará, a extração de madeira nos remanescentes de
mata também continuará e a exploração da faixa da BR-232 possivelmente
continue atraindo industrias de transformação e de serviços.
O que seria um fato extraordinário? Para entender isso é preciso entender o
passado da área, quando foi submetida a intensas transformações, que hoje
estabilizadas, parecem normais, parte integrante da paisagem e do dia a dia.
Com efeito, na bacia do Rio Duas Unas podem ser observadas profundas
modificações da paisagem ocorridas no passado, iniciando de fato pela
característica mais marcante que corresponde à devastação da Mata Atlântica
e sua substituição pela monocultura da Cana de Açúcar. Da mesma forma,
caberia destacar o represamento do rio Duas Unas que formou o reservatório
homônimo, modificado o uso do solo, eliminando a vegetação ciliar que por
ventura existisse nas margens do curso de água. Uma terceira modificação da
paisagem na área corresponde ao eixo viário da BR-232. Dito corredor
secionou a paisagem eliminando a ligação entre os diversos remanescentes
vegetais de Mata Atlântica.
O rebatimento no cenário atual dessas transformações profundas se observa
nitidamente no território de estudo pela carência de uma vocação plenamente
definida. Com efeito, hoje o uso do solo da bacia do Rio Duas Unas a
montante da barragem apresenta uma interação de varias atividades e
potencialidades nenhuma delas profundamente explorada. No entorno do
reservatório verifica-se hoje uma tentativa de explorar o turismo ecológico
com chácaras e segundas moradias para turistas. Esta atividade que ainda é
incipiente se mistura com as extensas áreas de cultivo da cana de açúcar
verificadas na região, mistura-se também com projetos que pretendem
explorar o turismo ecológico aproveitando os remanescentes de Mata
Atlântica. A estes usos múltiplos do solo acrescenta-se mais uma variável
representada pela faixa lateral da BR-232 definida como parte do perímetro
urbano do município de Moreno. Nesta faixa de terreno observa-se um uso
difuso e incipiente, na margem direita, a atividade industrial e de serviços

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como postos de combustível e galpões vem se consolidando e poderia ser


considerada como uma tendência.
A introdução de um evento extraordinário causará uma perturbação no
cenário futuro. Este evento não precisa ser tão drástico como os que já
enfrentou a área, bastaria, por exemplo, uma mudança no plano diretor de
Moreno, a Transferência do Distrito Industrial para o Engenho Pocinho, a
instalação de uma outra empresa no setor por citar algumas.
Nessa linha de raciocínio é possível comparar os dois cenários. O cenário de
implantação do empreendimento representa a introdução de uma variável que
causa uma perturbação no equilíbrio atual do território, em um curto período
de tempo e atuando em uma área circular com raio de 1km. Por outro lado, o
cenário tendencial caracteriza uma área muito maior, onde as perturbações
relevantes já aconteceram e as mudanças adicionais ainda verificadas estão
acontecendo com velocidades mínimas e quase imperceptíveis em curtos
períodos de tempo.
Em um período de um (1) ano os dois cenários são completamente
divergentes, enquanto que em um cenário de não implantação isto significa
permanecer igual, no cenário de implantação significa a ocorrência da maioria
dos impactos referidos no Estudo.
Já considerando um horizonte de 10 anos, por exemplo, os dois cenários se
aproximam. No cenário de implantação, o efeito da perturbação estará
dissipado e uma nova realidade existirá na AID. Uma nova realidade onde as
mudanças são imperceptíveis em curtos períodos de tempo, como será o caso
também do cenário tendencial.

Recomendações do Estudo
Para cada um dos 17 impactos negativos identificados para o estudo foi
proposta uma medida mitigadora ou compensadora, das quais destacamos as
seguintes:

A. Informação às Comunidades

 Elaboração de um folder explicativo e uma abordagem porta a porta nas


granjas próximas, e principalmente, no loteamento Nossa Senhora das
Graças para explicar do que se trata o empreendimento e entregar o
folder.

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O folder deve ser redigido com linguagem simples e uso de figuras para
facilitar a compreensão do funcionamento do empreendimento, assim como
informar que não haverá prejuízos para a saúde da população.

 Criação de uma comissão de moradores que se encarregaria de efetuar os


contatos com o empreendedor, cobrar o atendimento dos compromissos
ambientais, receber os relatórios de monitoramento dentre outras
atribuições.

B. Arqueologia
Implantação de um Programa de Resgate Arqueológico, em atendimento às
exigências do IPHAN para acompanhar o que resta de obra de implantação,
além do reflorestamento projetado.

C. Emissões Atmosféricas
Os níveis de emissões e as concentrações na comunidade deverão ser
confirmados na escala real antes do equipamento entrar em funcionamento de
forma comercial.

 Para isso, deverá atender a Resolução CONAMA 316/02, no sentido de


apresentar e executar:

I - Análise de Risco;
II - Plano do Teste de Queima;
III - Plano de Contingência;
IV - Plano de Emergência.
Outras medidas Recomendadas são:

 Plano de Monitoramento, prevendo a medição contínua de O2 , CO, CO2 ,


NOx , Cloro, HCl, Material particulado, SOx. Adicionalmente deve-se garantir a
medição no mínimo anual de Dioxinas & Furanos, bem como de Metais
pesados.

 Recomenda-se que o empreendedor crie uma cartilha orientadora para os


centros geradores de resíduos que fechem negocio com o grupo Atento, de
forma a orientar sobre os procedimentos de separação de resíduos na fonte e
principalmente na identificação daqueles resíduos que mesmo perigosos não
são recomendados para incinerar por efeitos da sua composição química.

RIMA - 57 de 63
RELATORIO DE IMPACTO AMBIENTAL - RIMA
Unidade de Tratamento Térmico de Resíduos

A cartilha deverá ir acompanhada de um treinamento fornecido pelo setor


técnico do Grupo Atento.

 A correta capacitação dos operários que trabalharão diariamente na


unidade deve ficar registrada, sendo apresentado à CPRH o plano de
capacitação com a carga horária e metodologia a ser aplicada. Isso como
requisito de obtenção da LO.

D. Recomposição paisagística
Elaborar e implantar um programa de reflorestamento com espécies nativas
no setor norte da área.

PBAs Propostos
A maior parte das medidas mitigadoras de controle foram agrupadas em
Programas de forma a torná-las mais eficientes. Assim, foram considerados
como necessários os seguintes PBAs a serem elaborados pelo empreendedor
como requisito da obtenção da LO.

 PBA de Gestão Ambiental;


 PBA de Comunicação Social;
 PBA Monitoramento de Emissões Atmosféricas;
 PBA de Gerenciamento e Operação da Unidade;
 PBA de Capacitação de Operários e Clientes;
 PBA de Reflorestamento;
 PBA de Monitoramento e Resgate Arqueológico;

RIMA - 58 de 63
RELATORIO DE IMPACTO AMBIENTAL - RIMA
Unidade de Tratamento Térmico de Resíduos

Conclusões do Estudo

Do Projeto de Engenharia e dos Equipamentos Previstos

As unidades previstas serão fornecidas por empresas reconhecidas no


mercado, com mais de 40 anos de serviço. Os equipamentos adquiridos são
novos, de última tecnologia, dispõem de sistemas de controle da poluição.

Da Avaliação de Impactos Ambientais e suas Limitações

Os resultados modelados, mesmo considerando a situação mais crítica, ou


seja, a não utilização de equipamentos de controle da poluição, notadamente
os lavadores de gases, mostram que as emissões de todos os poluentes
apresentam concentrações muito abaixo das máximas permitidas para
qualquer um dos receptores discretos considerados no estudo.
Adicionalmente observou-se que as emissões não apresentam nenhum tipo de
risco patogênico, biológico, tendo em vista que os microorganismos são
totalmente destruídos no processo de incineração.

Das Considerações Finais

A equipe elaboradora do EIA, baseada na análise multidisciplinar de todos os


documentos que compõem o processo, com ênfase principal nos pontos
resgatados nos parágrafos acima, considera:

▪ Que o empreendimento se insere dentro da categoria de equipamentos


que visam a proteção do meio ambiente, tão requisitada no Estado
especialmente no tocante a resíduos sólidos hospitalares.

▪ Que a existência de uma segunda empresa no mercado trará


alternativas de mercado, livre concorrência e possivelmente diminuição
de custos para prefeituras e empresas privadas do ramo da saúde.

▪ Que o tratamento adequado de resíduos hospitalares traz inegáveis


benefícios ao meio ambiente, soma nos esforços de proteção da saúde e
a qualidade de vida do coletivo.

▪ Que os resultados teóricos obtidos da modelagem em condições mais


adversas que as esperadas para operação, registram um cenário
tolerável de baixo risco para a população.

RIMA - 59 de 63
RELATORIO DE IMPACTO AMBIENTAL - RIMA
Unidade de Tratamento Térmico de Resíduos

▪ Que o empreendimento, ao igual que o processo de licenciamento, vem


atendendo as normas ambientais Federais, Estaduais e Municipais em
vigor, não havendo sido detectado nenhum impedimento intransponível
que inviabilize a implantação do projeto.

▪ Que se a operação do empreendimento é feita de forma rigorosa,


atendendo as recomendações dos fabricantes dos equipamentos,
manutenção, reposição e atualização contínua de tecnologia e ainda são
observadas as medidas mitigadoras, compensatórias, assim como os
Planos Ambientais propostos, nos prazos certos e de maneira oportuna,
os impactos ambientais que viessem a ocorrer teriam uma intensidade
tolerável e compatível com as características do meio ambiente do
entorno.

RIMA - 60 de 63
RELATORIO DE IMPACTO AMBIENTAL - RIMA
Unidade de Tratamento Térmico de Resíduos

A Equipe Elaboradora !

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL - EIA

UNIDADE DE TRATAMENTO TÉRMICO DE RESÍDUOS DE SAÚDE

RIMA - 61 de 63
RELATORIO DE IMPACTO AMBIENTAL - RIMA
Unidade de Tratamento Térmico de Resíduos

As Empresas Envolvidas

Empreendedor
a) Razão Social ATENTO Soluções Ambientais
Incineração e Destinação Final de Resíduos de
b) Atividade
serviços de Saúde
c) Telefone (81) 3428-5237/ 8773-0221
d) CNPJ / M.F 00.812.377/0001-45
Rua Mirandópolis n° 82, Ilha de Joana Bezerra
e) Endereço Comercial
Bairro de São José Recife-PE
f) Endereço do projeto RDV. BR 232 KM 21,5 CEP 54.800-000
g) Representante Legal João Carlos Marques
Empresa responsável pela
elaboração do EIA/RIMA
a) Razão Social AMS - Assessoria e Consultoria Ltda
b) Atividade Consultoria Ambiental
c) Telefone (81) 3222.2915
d) CNPJ / M.F 00539464/0001-70
Avenida Agamenon Magalhães, 2936, sl 1101 e
e) Endereço Comercial
1102, Espinheiro (Recife)
g) Responsável Técnico José Anchieta dos Santos

RIMA - 62 de 63
RELATORIO DE IMPACTO AMBIENTAL - RIMA
Unidade de Tratamento Térmico de Resíduos

A Equipe Técnica do EIA

José de Anchieta dos Santos


Coordenação Geral Engenheiro Elétrico
CREA: 032827-D
Tiago Andrade Lima
Aspectos Jurídicos Advogado
OAB/PE: 21596-D
Marcílio Augusto Duque Pacheco
Geologia / Geotecnia /
Geólogo
Hidrogeologia
CREA: 14.132 D
Artur Galileu de Miranda Coelho
Aspectos Bióticos (Fauna) Biólogo
CRBio: 2774-5
Sergio Tavares
Engenheiro Agrônomo Doutorado em
Aspectos Bióticos (Flora)
Zoologia e Botânica Tecnológicas
CREA: 2992 - D/PE
Anastásia Brandão de Melo Santos
Aspectos Socioeconômicos Veterinária – Zootecnia
CRMV – 0439-Z
Ana Paula Francelino Lira
Planos Co-localizados Arquiteta – Urbanista
CREA: 030889 D
Sandro Barbosa Figueira
Engenheiro Agrônomo
CREA: 034404 D/PE
Cartografia e Geoprocesamento
Gustavo Sobral da Silva
Engenheiro Florestal
CREA: 037822 D/PE
Marcos Albuquerque.
Arqueólogo

Veleda Lucena.
Arqueologia
Arqueólogo

Rúbia Nogueira.
Arqueólogo

RIMA - 63 de 63
APÊNDICE B

Autorização de uso do Relatório de Impacto Ambiental da Unidade de


Tratamento Térmico de Resíduos de Saúde
Gmail - Re: Fwd: Autorização de uso https://mail.google.com/mail/u/0?ik=46a5678de2&view=pt&search=all...

Laura Prates <laurapratesdesign@gmail.com>

Re: Fwd: Autorização de uso


6 messages

Francicleide Palhano de Oliveira <franci@cprh.pe.gov.br> Mon, Apr 27, 2020 at 11:02 AM


To: laurapratesdesign@gmail.com

Bom-dia, Laura
Por gentileza, comunique-se com o setor de análise dos EIAs/RIMAs, na pessoa de Danusa Ferraz
danusa.ferraz@cprh.pe.gov.br
Francicleide Palhano
Chefe do Núcleo de Comunicação Social e Educação Ambiental
(81) 3182 8816

Em 24/04/2020 às 16:30 horas, "Patrícia Correia" <patriciacorreiasemas@gmail.com> escreveu:


Boa tarde CPRH!
Esse email chegou para a gente no imprensa semas , mas é para vocês.

Atenciosamente,
Patrícia Correia

---------- Forwarded message ---------


De: Imprensa Semas PE <imprensasemaspe@gmail.com>
Date: qua., 22 de abr. de 2020 às 21:38
Subject: Fwd: Autorização de uso
To: <patriciacorreiasemas@gmail.com>

---------- Forwarded message ---------


De: Laura Prates <laurapratesdesign@gmail.com>
Date: qua., 22 de abr. de 2020 às 18:02
Subject: Autorização de uso
To: <imprensasemaspe@gmail.com>

Boa tarde,

Me chamo Laura e estou me formando no curso de design visual pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Como objeto de estudo do meu TCC, proporei a criação de um RIMA em versão HTML e procederei a análise de
usabilidade em ambos os formatos (PDF e website).

Encontrei em busca google o RIMA do estado do PE, por isso escrevo a vocês pedindo autorização de uso do
documento como exemplo do meu trabalho (preciso de um RIMA para poder fazer a transposição das
plataformas), o link é este abaixo:
www.cprh.pe.gov.br/downloads/rima_atento.pdf

Não será feito nada com o RIMA, apenas pedirei aos usuários analisados que cumpram algumas tarefas (como
achar alguma informação) no formato PDF e depois no formato de website para traçar comparativos de tempo,
satisfação, entre outros.

Desde já grata pela atenção,

1 of 3 4/28/2020, 12:31 PM
Gmail - Re: Fwd: Autorização de uso https://mail.google.com/mail/u/0?ik=46a5678de2&view=pt&search=all...

Laura Prates.
(+55 51) 992572992

--
Patrícia Correia
Analista de Comunicação e Redes Sociais
Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco
(81) 3184.7912 / (81) 9.9965.1501
site: www.semas.pe.gov.br
Facebook:semas pernambuco

Laura Prates <laurapratesdesign@gmail.com> Mon, Apr 27, 2020 at 12:12 PM


To: Francicleide Palhano de Oliveira <franci@cprh.pe.gov.br>

Certo obrigada!
Boa semana!
[Quoted text hidden]

Laura Prates <laurapratesdesign@gmail.com> Mon, Apr 27, 2020 at 12:17 PM


To: danusa.ferraz@cprh.pe.gov.br

Bom dia Danusa,

Conforme orientação da Francicleide, te encaminho pedido de autorização o qual reescrevo abaixo:

"Boa tarde,
Me chamo Laura e estou me formando no curso de design visual pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Como objeto de estudo do meu TCC, proporei a criação de um RIMA em versão HTML e procederei a análise de
usabilidade em ambos os formatos (PDF e website).
Encontrei em busca google o RIMA do estado do PE, por isso escrevo a vocês pedindo autorização de uso do
documento como exemplo do meu trabalho (preciso de um RIMA para poder fazer a transposição das plataformas),
o link é este abaixo:
www.cprh.pe.gov.br/downloads/rima_atento.pdf
Não será feito nada com o RIMA, apenas pedirei aos usuários analisados que cumpram algumas tarefas (como achar
alguma informação) no formato PDF e depois no formato de website para traçar comparativos de tempo, satisfação,
entre outros.
Desde já grata pela atenção"

Att,
Laura Prates
(+55 51) 992572992
[Quoted text hidden]

Danusa Kelly Calado Ferraz Cruz <danusa.ferraz@cprh.pe.gov.br> Mon, Apr 27, 2020 at 1:57 PM
To: Laura Prates <laurapratesdesign@gmail.com>

Bom dia, Laura!

Por ser o Rima um documento público, destinado, exatamente, a dar conhecimento à população e a todos os
interessados do empreendimento que pretende ser instalado por uma empresa ou instituição pública, autorizamos o
uso do documento para a realização do seu trabalho de conclusão de curso.

2 of 3 4/28/2020, 12:31 PM
Gmail - Re: Fwd: Autorização de uso https://mail.google.com/mail/u/0?ik=46a5678de2&view=pt&search=all...

Ressalto, para seu conhecimento, que o Rima em questão teve como objeto um empreendimento que não foi
instalado no estado de Pernambuco.

Desejo a você um bom trabalho !

Atenciosamente,
Danusa Ferraz
Chefe do Núcleo de Avaliação de Impacto Ambiental - NAIA
(81) 3182-9001
[Quoted text hidden]

Laura Prates <laurapratesdesign@gmail.com> Mon, Apr 27, 2020 at 1:58 PM


To: Danusa Kelly Calado Ferraz Cruz <danusa.ferraz@cprh.pe.gov.br>

Bom dia Danuza!

Muito obrigada!

Att,
Laura Prates
(+55 51) 992572992
[Quoted text hidden]

Laura Prates <laurapratesdesign@gmail.com> Mon, Apr 27, 2020 at 2:08 PM


To: Danusa Kelly Calado Ferraz Cruz <danusa.ferraz@cprh.pe.gov.br>

*Danusa
[Quoted text hidden]

3 of 3 4/28/2020, 12:31 PM
APÊNDICE C

Alternativa light
Capa Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe técnica

unidade de
tratamento térmico
de resíduos de saúde.

Relatório de Impacto de Meio Ambiente


Outubro de 2008
Capa Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe técnica

sumário

apresentação
03 do RIMA
04 da constução
04 localização e objetivo
05 funcionamento

proposta
00 layout
00 recursos necessários
00 funcionamento

área
00 diretamente afetada
00 de influência indireta
00 extensão 00 biota
00 solo 00 socioeconômico
00 aspectos físicos

impactos
00 população 05 plano de contenção
00 solo 05 comunidade
06 arqueologia e atmosfera
00 gases 00 paisagem
00 avaliação

conclusão

equipe técnica
Capa Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe técnica

sobre o rima. apresentação


03 do RIMA
A AMS Consultoria e Assessoria Ltda apresenta o presente 04 da constução
04 localização e objetivo
estudo denominado Relatorio de Impacto de Meio Ambiente 05 funcionamento
da Unidade de Tratamento Térmico de Resíduos de Saúde
do Grupo Atento, que pretende ser instalado no município
de Moreno na Região Metropolitana de Recife.
O documento RIMA é um resumo não técnico do estudo, ou
seja, deve ser escrito em uma linguagem menos técnica que
o EIA, de forma a permitir o entendimento de leitores não
familiarizados com o assunto. Espera-se ter cumprido com esse
objetivo, e que as informações consignadas neste documento
sejam facilmente assimiláveis pelos interessados no tema.
Capa Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe técnica

local da construção. apresentação


03 do RIMA
O empreendimento está sendo proposto para para ser 04 da constução
implantado na margem direita da BR-232 (km 21) no município 04 localização e objetivo
05 funcionamento
de Moreno, 500m após a entrada para Matriz da Luz.

Figura 1: Localização
do empreendimento
na margem direita da
BR-232 (km21) no
município de Moreno,
500m após a entrada
para Matriz da Luz.

objetivos da construção.
Disponibilizar no Auxiliar no
mercado uma alternativa enquadramento dos
de tratamento de RSS com geradores de RSS aos
tecnologia de ponta a preços preceitos da proteção
de mercado competitivos. ambiental.

Impulsionar um aumento Prestar um serviço de


na quantidade de RSS que qualidade e de interação
são tratados adequadamente permanente com o
no Estado de Pernambuco. órgão ambiental.
Capa Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe técnica

funcionamento. apresentação
03 do RIMA
O que exactamente é o tratamento térmico de Resíduos? 04 da constução
04 localização e objetivo
A resolução CONAMA nº 283/01 define um sistema de tratamento 05 funcionamento
de resíduos de saúde como o conjunto de unidades, processos
e procedimentos que alteram as características físicas, físico-
químicas e biológicas dos resíduos e conduzem à minimização
do risco à saúde pública e à qualidade do meio ambiente.
O tratamento térmico de resíduos mais conhecido como
Incineração, é um desses tratamentos e consiste tecnicamente
em destruir os resíduos (biológicos e químicos) mediante um
processo de combustão no qual estes são reduzidos a cinzas.

Queimar resíduos é igual a incinerar?


De forma alguma. A queima normal de qualquer substancia em
uma fogueira, por exemplo, produz uma combustão incompleta,
ou seja, as condições de temperatura, oxigênio e de controle
mesmo do processo são insuficientes para impedir que vários
poluentes sejam lançados para a atmosfera junto com a fumaça.
Já a incineração é uma tecnologia que vem sendo estudada desde
há mais de 40 anos, apresentando uma evolução tecnológica notória.
Os incineradores modernos são equipados com duas câmaras
de combustão (primária e secundária) providas de queimadores
capazes de alcançar a combustão completa dos resíduos e uma
ampla destruição das substâncias químicas nocivas e tóxicas
(dioxinas, furanos, etc.). Na câmara de combustão secundária se
alcançam temperaturas em torno de 1.100ºC, adicionalmente se
opera com um tempo de permanência suficiente para permitir a
destruição total dos poluentes. Para tratar o fluxo de gases e as
partículas arrastadas, antes de serem liberadas na atmosfera,
são agregadas torres de lavagem química, ciclones, filtros, etc.
Capa Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe técnica

plano de contenção. impactos


00 população
Para cada um dos 17 impactos negativos 00 solo
00 gases
identificados para o estudo foi proposta 00 avaliação

uma medida mitigadora ou compensadora, 05 plano de contençao


05 comunidade

das quais destacamos as seguintes: 06 arqueologia e atmosfera


00 paisagem

comunidade

1 Elaboração de um
folder explicativo
e uma abordagem
porta a porta nas
granjas próximas,
e principalmente, no
loteamento Nossa
Senhora das Graças
para distribuir o
documento e explicar
do que se trata o empreendimento. O folder deve ser redigido com
linguagem simples e uso de figuras para facilitar a compreensão
do funcionamento do empreendimento, assim como informar
que não haverá prejuízos para a saúde da população.
2 Criação de uma comissão de moradores que se encarregaria
de efetuar os contatos com o empreendedor, cobrar o
atendimento dos compromissos ambientais, receber os
relatórios de monitoramento dentre outras atribuições.
Capa Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe técnica

plano de contenção. impactos


00 população
00 solo
arqueologia 00 gases
00 avaliação
05 plano de contençao
Implantação de 05 comunidade
um Programa 06 arqueologia e atmosfera
00 paisagem
de Resgate
Arqueológico,
em atendimento
às exigências
do IPHAN para
acompanhar o que
resta de obra de
implantação, além
do reflorestamento
projetado.

emissões atmosféricas

Os níveis de emissões e as concentrações na comunidade deverão


ser confirmados na escala real antes do equipamento entrar em
funcionamento de forma comercial. Para isso, deverá atender a
Resolução CONAMA 316/02, no sentido de apresentar e executar:
análise de risco, plano do teste de queima, plano de contingência
e plano de emergência. Outras medidas Recomendadas são:
1 Plano de Monitoramento 2 Recomenda-se que o 3 A correta capacitação dos
prevendo a medição empreendedor crie uma operários que trabalharão
contínua de O2, CO, cartilha orientadora para diariamente na unidade
CO2, NOx, Cloro, HCl, os centros geradores deve ficar registrada, sendo
Material particulado, SOx. de resíduos que fechem apresentado à CPRH o plano
de capacitação com a carga
Adicionalmente deve-se negocio com o grupo
horária e metodologia a
garantir a medição no Atento, de forma a orientar
ser aplicada. Isso como
mínimo anual de Dioxinas sobre os procedimentos
requisito de obtenção da LO.
& Furanos, bem como de separação de resíduos
de Metais pesados. na fonte e principalmente
na identificação daqueles
resíduos que mesmo
perigosos não são
recomendados para
incinerar por efeitos da
sua composição química.
APÊNDICE D

Alternativa darkmode
Capa Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe técnica

unidade de
tratamento térmico
de resíduos de saúde.

Relatório de Impacto de Meio Ambiente


Outubro de 2008
Capa Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe técnica

sumário

apresentação
03 do RIMA
04 da constução
04 localização e objetivo
05 funcionamento

proposta
00 layout
00 recursos necessários
00 funcionamento

área
00 diretamente afetada
00 de influência indireta
00 extensão 00 biota
00 solo 00 socioeconômico
00 aspectos físicos

impactos
00 população 05 plano de contenção
00 solo 05 comunidade
06 arqueologia e atmosfera
00 gases 00 paisagem
00 avaliação

conclusão

equipe técnica
Capa Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe técnica

sobre o rima
rima.. apresentação
03 do RIMA
A AMS Consultoria e Assessoria Ltda apresenta o presente 04 da constução
04 localização e objetivo
estudo denominado Relatorio de Impacto de Meio Ambiente 05 funcionamento
da Unidade de Tratamento Térmico de Resíduos de Saúde
do Grupo Atento, que pretende ser instalado no município
de Moreno na Região Metropolitana de Recife.
O documento RIMA é um resumo não técnico do estudo, ou
seja, deve ser escrito em uma linguagem menos técnica que
o EIA, de forma a permitir o entendimento de leitores não
familiarizados com o assunto. Espera-se ter cumprido com esse
objetivo, e que as informações consignadas neste documento
sejam facilmente assimiláveis pelos interessados no tema.
Capa Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe técnica

local da construção.
construção. apresentação
03 do RIMA
O empreendimento está sendo proposto para para ser 04 da constução
implantado na margem direita da BR-232 (km 21) no município 04 localização e objetivo
05 funcionamento
de Moreno, 500m após a entrada para Matriz da Luz.

Figura 1:
1: Localização
do empreendimento
na margem direita da
BR-232 (km21) no
município de Moreno,
500m após a entrada
para Matriz da Luz.

objetivos da construção.
construção.
Disponibilizar no Auxiliar no
mercado uma alternativa enquadramento dos
de tratamento de RSS com geradores de RSS aos
tecnologia de ponta a preços preceitos da proteção
de mercado competitivos. ambiental.

Impulsionar um aumento Prestar um serviço de


na quantidade de RSS que qualidade e de interação
são tratados adequadamente permanente com o
no Estado de Pernambuco. órgão ambiental.
Capa Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe técnica

funcionamento..
funcionamento apresentação
03 do RIMA
O que exactamente é o tratamento térmico de Resíduos? 04 da constução
04 localização e objetivo
A resolução CONAMA nº 283/01 define um sistema de tratamento 05 funcionamento
de resíduos de saúde como o conjunto de unidades, processos
e procedimentos que alteram as características físicas, físico-
químicas e biológicas dos resíduos e conduzem à minimização
do risco à saúde pública e à qualidade do meio ambiente.
O tratamento térmico de resíduos mais conhecido como
Incineração, é um desses tratamentos e consiste tecnicamente
em destruir os resíduos (biológicos e químicos) mediante um
processo de combustão no qual estes são reduzidos a cinzas.

Queimar resíduos é igual a incinerar?


De forma alguma. A queima normal de qualquer substancia em
uma fogueira, por exemplo, produz uma combustão incompleta,
ou seja, as condições de temperatura, oxigênio e de controle
mesmo do processo são insuficientes para impedir que vários
poluentes sejam lançados para a atmosfera junto com a fumaça.
Já a incineração é uma tecnologia que vem sendo estudada desde
há mais de 40 anos, apresentando uma evolução tecnológica notória.
Os incineradores modernos são equipados com duas câmaras
de combustão (primária e secundária) providas de queimadores
capazes de alcançar a combustão completa dos resíduos e uma
ampla destruição das substâncias químicas nocivas e tóxicas
(dioxinas, furanos, etc.). Na câmara de combustão secundária se
alcançam temperaturas em torno de 1.100ºC, adicionalmente se
opera com um tempo de permanência suficiente para permitir a
destruição total dos poluentes. Para tratar o fluxo de gases e as
partículas arrastadas, antes de serem liberadas na atmosfera,
são agregadas torres de lavagem química, ciclones, filtros, etc.
Capa Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe técnica

plano de contenção.
contenção. impactos
00 população
Para cada um dos 17 impactos negativos 00 solo
00 gases
identificados para o estudo foi proposta 00 avaliação

uma medida mitigadora ou compensadora, 05 plano de contençao


05 comunidade

das quais destacamos as seguintes: 06 arqueologia e atmosfera


00 paisagem

comunidade

1 Elaboração de um
folder explicativo
e uma abordagem
porta a porta nas
granjas próximas,
e principalmente, no
loteamento Nossa
Senhora das Graças
para distribuir o
documento e explicar
do que se trata o empreendimento. O folder deve ser redigido com
linguagem simples e uso de figuras para facilitar a compreensão
do funcionamento do empreendimento, assim como informar
que não haverá prejuízos para a saúde da população.
2 Criação de uma comissão de moradores que se encarregaria
de efetuar os contatos com o empreendedor, cobrar o
atendimento dos compromissos ambientais, receber os
relatórios de monitoramento dentre outras atribuições.
Capa Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe técnica

plano de contenção.
contenção. impactos
00 população
00 solo
arqueologia 00 gases
00 avaliação
05 plano de contençao
Implantação de 05 comunidade
um Programa 06 arqueologia e atmosfera
00 paisagem
de Resgate
Arqueológico,
em atendimento
às exigências
do IPHAN para
acompanhar o que
resta de obra de
implantação, além
do reflorestamento
projetado.

emissões atmosféricas

Os níveis de emissões e as concentrações na comunidade deverão


ser confirmados na escala real antes do equipamento entrar em
funcionamento de forma comercial. Para isso, deverá atender a
Resolução CONAMA 316/02, no sentido de apresentar e executar:
análise de risco, plano do teste de queima, plano de contingência
e plano de emergência. Outras medidas Recomendadas são:
1 Plano de Monitoramento 2 Recomenda-se que o 3 A correta capacitação dos
prevendo a medição empreendedor crie uma operários que trabalharão
contínua de O2, CO, cartilha orientadora para diariamente na unidade
CO2, NOx, Cloro, HCl, os centros geradores deve ficar registrada, sendo
Material particulado, SOx. de resíduos que fechem apresentado à CPRH o plano
de capacitação com a carga
Adicionalmente deve-se negocio com o grupo
horária e metodologia a
garantir a medição no Atento, de forma a orientar
ser aplicada. Isso como
mínimo anual de Dioxinas sobre os procedimentos
requisito de obtenção da LO.
& Furanos, bem como de separação de resíduos
de Metais pesados. na fonte e principalmente
na identificação daqueles
resíduos que mesmo
perigosos não são
recomendados para
incinerar por efeitos da
sua composição química.
APÊNDICE E

Respostas completas dos questionários


APÊNDICE F

Protótipo Final
Unidade
de tratamento
térmico de
resíduos
de saúde.

1
Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe Técnica

Sumário
APRESENTAÇÃO
03 O RIMA
04 A construção
04 Localização e objetivo
05 Funcionamento

PROPOSTA
06 Layout
08 Recursos necessários

ÁREA
09 Diretamente afetada 23 Socioeconômico
11 De influência indireta
11 Aspectos físicos
16 Biota

IMPACTOS
05 Plano de contenção
25 Comunidade
26 Arqueologia
27 atmosfera

28 CONCLUSÃO

29 EQUIPE TÉCNICA

2
Sumário  Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe Técnica

O Rima.
A AMS Consultoria e Assessoria Ltda apresenta o pre- O RIMA
sente estudo denominado Relatorio de Impacto de Meio A construção
Ambiente da Unidade de Tratamento Térmico de Resíduos Localização e objetivo
de Saúde do Grupo Atento, que pretende ser instalado no Funcionamento
município de Moreno na Região Metropolitana de Recife.
O documento RIMA é um resumo não técnico do estudo,
ou seja, deve ser escrito em uma linguagem menos técnica
que o EIA, de forma a permitir o entendimento de leitores
não familiarizados com o assunto. Espera-se ter cumprido
com esse objetivo, e que as informações consignadas
neste documento sejam facilmente assimiláveis pelos inte-
ressados no tema.

3
Sumário  Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe Técnica

Local da construção.
O empreendimento é proposto para para ser implantado O RIMA
na margem direita da BR-232 (km 21) no município de A Construção
Moreno, 500m após a entrada para Matriz da Luz. Localização e objetivo
Funcionamento

Figura 01: Localização


do empreendimento
na margem direita da
BR-232 (km21) no
município de Moreno,
500m após a entrada
para Matriz da Luz.

Objetivos
da construção.
 Disponibilizar no mercado uma  Auxiliar no enquadramento dos
alternativa de tratamento de RSS geradores de RSS aos preceitos da
com tecnologia de ponta a preços proteção ambiental.
de mercado competitivos.

 Impulsionar um aumento na  Prestar um serviço de qualidade


quantidade de RSS que são e de interação permanente com o
tratados adequadamente no órgão ambiental.
Estado de Pernambuco.

4
Sumário  Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe Técnica

Funcionamento.
O que é o tratamento térmico de Resíduos? O RIMA
A resolução CONAMA nº 283/01 define um sistema de A construção
tratamento de resíduos de saúde como o conjunto de uni- Localização e objetivo
dades, processos e procedimentos que alteram as carac- Funcionamento
terísticas físicas, físico-químicas e biológicas dos resíduos
e conduzem à minimização do risco à saúde pública e à
qualidade do meio ambiente.
O tratamento térmico de resíduos, mais conhecido
como Incineração, é um desses tratamentos e consiste
tecnicamente em destruir os resíduos (biológicos e quími-
cos) mediante um processo de combustão no qual estes
são reduzidos a cinzas.

Queimar resíduos é igual a incinerar?


De forma alguma. A queima normal de qualquer substan-
cia em uma fogueira, por exemplo, produz uma combustão
incompleta, ou seja, as condições de temperatura, oxi-
gênio e de controle mesmo do processo são insuficientes
para impedir que vários poluentes sejam lançados para a
atmosfera junto com a fumaça.
Já a incineração é uma tecnologia que vem sendo
estudada há mais de 40 anos, apresentando uma evolução
tecnológica notória.
Os incineradores modernos são equipados com duas
câmaras de combustão (primária e secundária) providas
de queimadores capazes de alcançar a combustão com-
pleta dos resíduos e uma ampla destruição das substân-
cias químicas nocivas e tóxicas (dioxinas, furanos, etc.).
Na câmara de combustão secundária se alcançam tem-
peraturas em torno de 1.100ºC, adicionalmente se opera
com um tempo de permanência suficiente para permitir
a destruição total dos poluentes. Para tratar o fluxo de
gases e as partículas arrastadas, antes de serem liberadas
na atmosfera, são agregadas torres de lavagem química,
ciclones, filtros, etc.

5
Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe Técnica

Layout.
O projeto consiste na instalação de uma Unidade de tra- Layout
tamento por destruição térmica de Resíduos de Serviços Recursos
de Saúde, utilizando para isso dois (2) incineradores novos
de alta tecnologia com capacidade para incinerar resíduos
sólidos e semi-sólidos resultantes de atividades de saúde.
A capacidade instalada total, somando-se os dois
incineradores é de 220kg/hora (3,52 t/dia) no regime de
trabalho de 16 horas por dia, das 07:00h às 23:00h, seis
dias por semana.
A área a ser ocupada com a unidade de incineração e
seus periféricos totaliza 9.352m², sendo que os restantes
10.648m² que complementam o terreno do Grupo Atento
ficarão como reserva, uma vez que estão ocupados, ora
com remanescente de Mata Atlântica, ora com gramíneas.

Figura 02: Layout da proposta para a incineradora.

6
Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe Técnica

A distribuição de unidades dentro do terreno a ser Layout


ocupado pode ser observada no quadro a seguir. Recursos

Guarita de controle Prédio de alvenaria de aproximadamente 25,0m²


de acesso composto por uma sala e um banheiro onde será
realizado o controle de entrada e saída de veículos.

Bloco administrativo Prédio de alvenaria de 195,0m² com dimensões de


5,0x13,0m composto por 3 salas administrativas,
2 salas de diretoria (uma com banheiro), 1 sala de
reunião, 2 banheiros, recepção, depósito e copa.

Bloco de serviço Prédio de alvenaria de 116,0m² composto por


vestiários, refeitório, cozinha, depósito e salão de
jogos.

Bloco de banheiro Bloco de alvenaria de 3,90x3,00m com 2


para funcionário sanitários masculinos e 2 sanitários femininos.

Galpões de Dois (2) galpões de Incineração com dimensões


incineração de 38,0x16,0 perfazendo uma área coberta de
608,0m². construídos em estrutura metálica com
pé direito de 6,0m, cobertura de zinco a duas águas
e paredes de alvenaria levantadas só a uma altura
de 1,80m para permitir uma grande circulação de
ar. Cada galpão estará composto pelos seguintes
setores:

Descarga de resíduos: dimensão aproximada 3,85x2,75. Em concreto e elevada do nível da rua


para facilitar o descarrego das bombonas. A unidade será contornada por valetas de concreto com
grades para evitar vazamento da porção líquida. Efluentes serão descarregados no reservatório de
lavagem de gases que trabalha em circuito fechado com reaproveitamento de água.

Depósito de resíduos: cada galpão terá dois depósitos de resíduos consistentes em plataformas
de 4,35x2,75m com piso e mureta lateral revestidos em cerâmica conformando uma bacia
de contenção, onde os resíduos descarregados em bombonas serão re-acondicionados em
bombonas de volumetria adequada à capacidade de alimentação do incinerador. Cada bacia terá
uma única saída de drenagem que conduzirá os efluentes para o sistema de tratamento.

Depósito de bombonas: uma faixa lateral do galpão será utilizada para estocar bombonas vazias.

Área de incineração: a área de incineração terá aproximadamente 300m² com capacidade para
receber 2 incineradores e um lavador de gases. Salienta-se novamente que nesta primeira etapa
de licenciamento só está prevista a instalação de um único incinerador.

Área de circulação: os galpões foram dimensionados para ter áreas de


circulação e escape que atendam as normas de segurança do trabalho.

7
Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe Técnica

Recursos necessários.
mão-de-obra Layout
Durante a operação do empreendimento, terão dois turnos Recursos
de trabalho, com funcionários distribuídos nas seguintes
funções:

Administrativo 01 gerente da unidade, 01 secretaria,


04 assistente administrativo.

Vigias turno 1 01 vigia, 01 supervisor de turno, 02 recepção de


(7:00 – 14:30hr) resíduos, 01 limpeza de bombonas,
02 incineração de resíduos, 01 serviços gerais.

Vigias turno 2 01 vigia, 01 supervisor de turno,


(14:30hr – 22:00hr) 02 recepção de resíduos, 01 limpeza de
bombonas, 02 incineração de resíduos.

total de empregos diretos: 21

serviço público
A área de implantação é atendida com rede elétrica da
CELPE, coleta de lixo e acesso através da BR-232.
Destaca-se a não existência do serviço de água da
COMPESA. Os moradores do entorno relatam a utilização
de carros pipas. Água de poço não é comum na região em
função das características hidrogeológicas.

8
Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe Técnica

Tipos de áreas.
O empreendimento ficará localizado ao Diretamente afetada

norte do município de Moreno em limites Influência indireta

com São Lourenço da Mata, em terras do Aspectos físicos


Biota
Engenho Pocinho. As áreas de influência Socioeconômico
definidas para o estudo podem ser obser-
vadas na figura ao fim da página.

Área diretamente Afetada (ADA): correspondente aos


dois (2) hectares que compõem a propriedade.
Área Influência Direta (AID): definiu-se um raio de 1km
do entorno do empreendimento, abrangendo assim a
comunidade de Nossa Senhora das Graças e uma Parcela
do Reservatório Duas Unas.
Área Influência Indireta (AII): considerou-se para
os meios físico – biótico o reservatório de Duas Unas,
enquanto que para o meio socioeconômico os limites
foram ampliados para o Município de Moreno.

Figura 03: Áreas de influência do empreendimento.

9
Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe Técnica

Diretamente afetada.
Características Diretamente afetada
A área proposta para implantação do empreendimento Influência indireta
apresenta uma conformação retangular com dimensões Aspectos físicos
médias de 376,50x55,0m perfazendo uma área em proje- Biota
ção horizontal de 20.946m². Socioeconômico

Figura 04: Uso do


solo na área do
empreendimento.

Morfologicamente, o terreno corresponde a um pequeno morro de apro-


ximadamente 20,0m de altura que foi cortado pelo seu lado sul quando
da construção da BR-232, gerando um talude viário de pouca altura.
No perímetro imediato, bem como no interior da área, não foi verificada
nenhuma ocupação humana. A presença humana começa a se insinuar
em um raio de 300m, com chácaras e fazendas isoladas.Nos 2.012
hectares podem ser identificadas três tipologias de cobertura vegetal.
Do lado sul da área que limita com a BR-232, a cobertura remanescente
evidencia que a Mata foi suprimida dando origem a uma vegetação rasa
com arbustos esparsos.
Ao que tudo indica, a terraplenagem realizada na área foi realizada
neste setor “A”. O setor “B” da área está ocupado com remanescente
de mata atlântica, enquanto que o setor “C” tem sua superfície coberta
com gramíneas.

10
Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe Técnica

De influência indireta.
Aspectos físicos Diretamente afetada
De acordo com a classificação de Köppen, o clima da Influência indireta
área em estudo é quente e úmido, com os tipos Ams e As, Aspectos físicos
predominando o primeiro, com chuvas concentradas nos Biota
meses de março a julho.A precipitação media anual no Socioeconômico
município segundo dois (2) postos pluviométricos locali-
zados em Vitória de Santo Antão, um da SUDENE (1920
–1991) e outro do IPA (1952-1999), registram valores em
torno de 1000mm, sendo que de março a julho se concen-
tra 70% da precipitação anual conforme pode ser apreci-
ado na gráfico a seguir.

175

150

125
Pluviometria (mm)

100

75

50

25

0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

dados sudene dados IPA

Gráfico 01: Precipitação média anual em Vitória de Santo Antão.

Sobre à temperatura, observam-se temperaturas máximas de cerca de 30ºC


nos meses de novembro a abril; as mínimas, próximas de 20ºC, nos meses de
julho a setembro. A temperatura média ficou em torno de 25ºC.

11
Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe Técnica

Para a caracterização da variável vento, principal elemento Diretamente afetada


climatológico para análise do empreendimento em ter- Influência indireta
mos de dispersão de poluentes, foram obtidos dados dos Aspectos físicos
relatórios do INMET. Segundo dito órgão, predominam na Biota
região os ventos S e SE nos meses de maio a setembro, e E Socioeconômico
e SE, nos meses de outubro a abril. Em todo o período, são
registrados ventos com velocidade variável entre 2 e 3m/s,
38% do tempo, ventos com velocidades entre 3 e 4m/s; e,
apenas 7% do tempo, ventos com velocidades acima de
4m/s. No período de dez anos, conforme dados, a direção
predominante do vento de Sudeste (SE) foi de 84%, varia-
ção em média entre 5 e 11% nas direções Leste (E) e Sul
(S) respectivamente.
Já a umidade relativa do ar revela média superior a 80
%, com intervalo de variação de 72-86% correspondente
aos meses de janeiro e junho respectivamente.
A área de estudo apresenta um relevo dominado por
serras, morros, e colinas expressos por formas topográ-
ficas bem definidas. As formas de relevo, dentro desses
domínios, resultaram de uma série de acontecimentos
geológicos, relacionados às atividades tectônicas e ao
comportamento diferencial das rochas.

Foto 01: Foto panorâmica do local de instalação.

12
Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe Técnica

No entorno da área o relevo pode ser considerado Diretamente afetada


como ondulado, estando conformado por uma Influência indireta
seqüência de morros arredondados tabulares contor- Aspectos físicos
nados por vertentes de declividade moderada. Biota
Socioeconômico

Foto 02: Solo avermelhado na terraplanagem da obra.

Esta conformação morfológica é governada pelo con-


texto geológico, uma vez que as áreas de influência
encontram-se inseridas na Província da Borborema
que segundo Almeida et alli (1977) coincide com a
Região de Dobramento Nordeste, desenvolvida durante
o Ciclo Brasiliano. A Província da Borborema, possui
uma superfície de cerca de 380.000 km2. Trata-se de
um cinturão orogenético meso/neoproterozóico que se
estende por grande parte do nordeste.
Mais especificamente, as áreas estão encaixadas no
contexto litológico do Maciço Pernambuco-Alagoas, como
parte de um complexo migmatíticogranítico (Correia,
1979). Isso significa a presença marcante de maciços
graníticos constituídos pelos minerais essenciais quartzo,
feldspatos potássicos e biotita, além de alguns minerais
acessórios, que resultam sob as condições climáticas
locais, em solos areno-argilosos a argilo-arenosos.
Justamente essa foi a situação detectada com a son-
dagem de 25m executada na parte alta do terreno, que
evidenciou um horizonte profundo de solo de alteração
13
Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe Técnica

descrito como um silte arenoso cor avermelhado de pouco Diretamente afetada


a medianamente compacto com valores de N (ensaio de Influência indireta
SPT) variando em torno dos 10 golpes. Os ensaios granu- Aspectos físicos
lométricos indicam um solo fino com 65% dos seus grãos Biota
passando através da peneira 200, com condutividade Socioeconômico
hidráulica natural na faixa de 3,80x10-7 m/s, confirma de
se tratar de um material siltoso de permeabilidade mode-
rada a baixa.
Este espesso manto de alteração diminui a infiltração
da água, resultando em um baixo potencial hidrogeológico
no entorno. De fato, um estudo geofísico preliminar execu-
tado na área para avaliar a possibilidade de construir um
poço artesiano, trouxe um resultado negativo.

Foto 03: Açude dentro da AID.

Já em termos de recursos hídricos superficiais, a AII


do projeto está inserida na Bacia Hidrográfica do Rio
Jaboatão, cujo tributário o Rio Duas Unas, abrange a AID.
No entorno do empreendimento não foi detectado
nenhum outro corpo hídrico, mas somente pequenos bar-
reiros construídos nas chácaras do entorno com alimenta-
ção de água de chuva.
Dados sobre o monitoramento e avaliação da qualidade
do ar no município de Moreno não existem. A Estação
mais próxima de monitoramento instalada e operada pela

14
Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe Técnica

Companhia Pernambucana de Meio Ambiente –CPRH, Diretamente afetada


localizada no município de Jaboatão dos Guararapes (em Influência indireta
frente a Prefeitura Municipal) foi desativada , desde o ano Aspectos físicos
de 2001 e ainda os dados anteriores a esta data, referem- Biota
-se somente a Material Particulado Total (PTS), Dióxido de Socioeconômico
enxofre (SO2), Óxidos de nitrogênio (NOx). Desse modo,
não há como caracterizar a qualidade do ar na área e defi-
nir o incremento de determinado poluente, considerando
a existência de outras fontes na área e os limites máximos
exigidos pela Legislação.
No entanto, as observações levantadas no entorno da
área, indicam que a principal fonte de poluição é a prove-
niente dos veículos que transitam pela BR-232. Igualmente
as atividades de cana desenvolvidas no entorno lançam
uma enorme quantidade de material particulado para a
atmosfera afetando os moradores mais próximos.

Foto 04: Material particulado na AID.

15
Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe Técnica

Aspectos bióticos Diretamente afetada


O cenário que apresenta a AID em termos de cobertura Influência indireta
vegetal não é muito diferente do cenário verificado em Aspectos físicos
toda a Zona da Mata de Pernambuco, onde a exube- Biota
rante cobertura vegetal de Mata Atlântica vem sendo Socioeconômico
totalmente devastada desde o século XVI, quando da
introdução da monocultura da cana-de-açúcar, avan-
çando inclusive sobre as encostas, ocupando inteira-
mente as colinas, e deixando somente remanescentes
de bosques no topo das elevações.
Hoje dentro da AID a paisagem remanescente destas
agressões conforma um mosaico de fragmentos remanes-
centes de mata atlântica mergulhados entre cultivos de
cana e de pasto.
O remanescente de vegetação de 8 hectares que con-
torna a área de implantação e inclusive cobre uma parte da
área de 2,012 hectares de propriedade do Grupo Atento,
bem como outros fragmentos remanescentes dentro da
AID, apresentam duas situações díspares: do lado do norte
e do poente existe um remanescente da mata nativa de
outrora, como se vê pela lista de espécies encontradas,
enquanto do lado do sul e do nascente as obras de cons-
trução da rodovia do passado e da atual BR-232, que a ela
se veio sobrepor, alteraram nesse passado algo remoto a
cobertura vegetal anterior.
Pode-se considerar, portanto, como área antropizada,
apresentando raras evidências da mata do passado
remoto que, certamente, era também do tipo da mata
atlântica.

16
Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe Técnica

Diretamente afetada
Influência indireta
Aspectos físicos
Biota
Socioeconômico

Figura 05: Remanescente de 8 hectares no entorno do empreendimento.

Foto 05: Remanescente de Mata na encosta do lado sul (lado oposto da BR-232).

17
Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe Técnica

As vistorias efetuadas no local mostram que se trata de Diretamente afetada


mata ombrófila perenifólia, algo perturbada pelo corte Influência indireta
eventual e furtivo de algumas árvores, o que não se nota, Aspectos físicos
no entanto, a uma inspeção através de imagens aéreas ou Biota
de incursões superficiais pela sua periferia. Socioeconômico
Penetrando nesses trechos de mata algo preservada,
foi possível identificar árvores e arbustos típicos da
chamada “mata atlântica”. Ao todo, foram identificadas
29 espécies típicas da mata ombrófila perenifólia, além
de espécies botânicas de palmeiras, de ervas e pteridó-
fitas herbáceas.
Curiosidades, como a presença de árvore austra-
liana do gênero Acacia, com folhas jovens do seedling
compostas e pequeninas, e folhas adultas reduzidas
apenas aos filódios que imitam folhas simples é notável
na área, e essas árvores exóticas se reproduzem bem,
como se já adaptadas ao local, sendo surpreendente a
presença aqui dessa espécie australiana.
Foto arquivo Galileu Coelho.

Foto 06: Bico-de-osso (Cacicus solitarius), nidificando na orla da mata, sobre o açude.

18
Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe Técnica

O padrão faunístico observado na área, em especial no Diretamente afetada


que diz respeito aos ambientes preferidos pelas espécies Influência indireta
de vertebrados terrestres, possibilita a classificação Aspectos físicos
ecológica da vegetação em três categorias principais, Biota
quais sejam: formações abertas, nas quais a maior parte Socioeconômico
da luz solar atinge o solo, representadas pela vegetação
de pequeno porte e arbustivas; formações fechadas,
representadas por pequenos trechos de mata mais alta,
com árvores agregadas, sob a forma de capoeiras e capo-
eirões; e a vegetação ribeirinha, compreendendo áreas
alagadas ou encharcadas, geralmente com vegetação
herbácea, composta principalmente por gramíneas e
ciperáceas.
Na AID, por conta da ação antrópica (desmatamento,
terraplenagens e apanha de animais), grande parte das
espécies da fauna de vertebrados encontra-se hoje dis-
tribuída principalmente nos diversos tipos de ambientes
abertos. Tais formações, bastante variegadas, são predo-
minantes, e fazem limites com aglomerados de árvores
mais altas. Algumas espécies animais acham-se também
restritas às áreas de vegetação ribeirinha e aquática.
Por conta da necessidade de se utilizar espécies ou
grupos de animais que possam representar bem as condi-
ções dos ambientais em que vivem, deu-se ênfase a classe
das aves, grupo reconhecidamente bioindicador (WORLD
BIRDWATCH, 1999; VIELLIARD, 2000).
A presença de trechos florestados, em estágio médio
de degradação, localizados nas proximidades da área dire-
tamente afetada (ADA) do empreendimento certamente
explica a presença, especialmente no período noturno, de
exemplares de médio porte, particularmente de mamífe-
ros, provenientes das mesmas e que esporadicamente são
registrados nas áreas contíguas à área do projeto.
Além dessas áreas cobertas por pequenos fragmentos
de Mata Atlântica, o padrão faunístico observado é seme-
lhante àquele verificado em outros sítios periurbanos, nos
quais se instalou uma vegetação variegada, aberta, com

19
Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe Técnica

muitas plantas ruderais, resultantes das ações antrópicas Diretamente afetada


na cobertura vegetal primitiva. Dentre aquelas espécies Influência indireta
animais que são comumente observadas, nos diversos Aspectos físicos
ambientes acima descritos, destacamos as seguintes: Biota
Socioeconômico
Foto arquivo Galileu Coelho, 2007.

Foto 07: Cascudo (Hypostomus sp), comum nas lagoas e barragens.


Foto arquivo Galileu Coelho.

Foto 08: Teju (Tupinambis merianae) freqüenta formações abertas e fechadas.

20
Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe Técnica

Diretamente afetada
Influência indireta
Aspectos físicos
Biota
Foto arquivo Galileu Coelho.

Socioeconômico

Foto 09: Cobra-de-duas-cabeças (Amphisbaena sp), espécie de


atividade noturna, no sobosque de uma formação fechada.

Foto 10 - Guriatã (Euphonia violacea), comum nas


copas da mata e nas áreas abertas.

Dentre os vertebrados terrestres, aparentemente é tam-


bém uma classe bem representada na área da Unidade de
Tratamento Térmico de Resíduos.
O tembu ou cassaco (Didelphis cf. albiventris), espécie

21
Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe Técnica

frugívora, é freqüente nas edificações e nas árvores frutí- Diretamente afetada


feras; a raposa (Cerdocyon thous), noturna, que aparece Influência indireta
esporadicamente, em especial por entre a vegetação Aspectos físicos
arbustiva, muito provavelmente advinda de fragmentos Biota
florestados maiores localizados nas proximidades. Dentre Socioeconômico
os mamíferos, juntamente com o sagui é a espécie mais
comum e abundante (MONTEIRO DE CRUZ et. al., 1998).
O rato-de-casa (Rattus rattus), bem adaptado ao meio
antrópico, e o morcego-de-telhado (Molossus molossus),
são comuns nas habitações próximas ao ambiente pros-
pectado, enquanto outros (Artibeus sp; Carollia sp), têm
ocorrência ocasional nas copas das árvores frutíferas.
Todas essas espécies têm hábito noturno. O preá (Galea
spixii) (MONTEIRO DA CRUZ et.al., 1998), é freqüente-
mente avistado na região (juntamente com o teju), sendo
comum a presença de locais onde se abrigam: pequenas
áreas de solo varrido, por entre a vegetação arbustiva,
protegidas do sol, com alguma quantidade de fezes, carac-
terísticas da espécie, no seu entorno.
Cutias (Dasyprocta prymnolopha) e preguiças
(Bradypus variegatus) são de ocorrência ocasional nas
matas, sendo a cutia mais comum. Duas preguiças foram
recentemente introduzidas na área por moradores.
Um mateiro, e antigo caçador, nos mostrou vestígios
da presença de pacas (Agouti paca), em áreas onde se
alimentaram com frutos do dendê. É espécie de hábito
noturno e vive nas proximidades da água, local onde se
refugia quando acossada. É das mais perseguidas pelos
caçadores, devido ao valor de sua carne.

22
Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe Técnica

Socioeconômico Diretamente afetada


A Lei Estadual nº 1.931 de 11 de setembro de Influência indireta
1928, criou o município de Moreno, desmembrado Aspectos físicos
de Jaboatão dos Guararapes, São Lourenço da Biota
Mata e Vitória de Santo Antão, tendo sido instalado Socioeconômico
de 01 de janeiro de 1929.
O Município ocupa 191,3 Km² de superfície
territorial, sendo que 178,7 Km² (93,4% do total)
são de área rural, enquanto que 12,4 Km² (6,6% do
total) são de área urbana. Dispõe da rodovia BR-
232 (federal) e da PE- 07 (estadual) como vias de
acesso.
A economia formal do município de Moreno se
compõe basicamente da indústria de transformação,
gerando 214 empregos em 15 estabelecimentos, da
construção civil gerando 11 empregos em 03 esta-
belecimentos, do setor de serviços, com 556 empre-
gos em 41 estabelecimentos, do setor de comércio
que gera 276 empregos em 67 estabelecimentos,
do setor de Administração Pública, com 711
empregos em 05 estabelecimento e os setores de
Agropecuária, Extrativismo Vegetal, Caça e Pesca,
que geram 965 empregos em 34 estabelecimentos.

Contexto histórico e populacional


A origem de Moreno remonta ao ano de 1616, mas
foi no início do século XX que obteve sua emanci-
pação através da Lei 1.931 de 11 de setembro de
1928. A ocupação do territorial do Moreno teve
como característica a economia açucareira e têxtil.
De acordo com o Censo do IBGE (2000),
Moreno possui uma população de 49.205 habi-
tantes, sendo 38.294 residentes em área urbana
(77,8% do total) e 10.911 em área rural (22,2% do
total), distribuída pelo seu Distrito de Bonança e
pelos núcleos urbanos de Massaranduba e Nossa
Senhora das Graças (Inab), perfazendo uma taxa

23
Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe Técnica

de urbanização de 77,8% (FIDEM, 2000). A den- Diretamente afetada


sidade demográfica do Moreno é de aproximada- Influência indireta
mente 236,8 hab/km2 e a taxa de crescimento no Aspectos físicos
período de 1991/2000 foi de 2,68% ao ano. Biota
Verifica-se que nos últimos trinta anos a popula- Socioeconômico
ção urbana do município cresceu linearmente com
uma taxa média aproximada de 1,7%, um pouco
inferior à registrada na RMR de 1,85%.

Aspectos econômicos
O Índice de Desenvolvimento Humano – IDH-M em
Moreno é de 0,693, considerada de médio desenvol-
vimento humano, encontrando-se em 22° lugar no
ranking estadual. Neste requisito, apresenta valor
considerável, quando comparado ao índice da média
do Estado de Pernambuco, igual a 0,705. Entretanto,
verifica-se que ocupa o 12° lugar entre os Municípios
da Região Metropolitana do Recife (FIDEM, 2000).
A agropecuária, administração pública, serviços e
comércio são os setores que se destacam em Moreno
como atividades produtivas. Além, de possuir vocação
turística no segmento do agro-ecoturismo, devido ao
potencial das reservas, através de trilhas e dos assen-
tamentos de agricultura familiar.
Outra oportunidade consiste em instalações de
empreendimentos, pois as condições de acesso ao
município e sua localização em relação à Recife facili-
tam a implantação de indústrias e empresas.
No tocante à distribuição de renda, as estatísticas
de 2000 do IBGE e da FIDEM retratam a seguinte
realidade: a renda per capita mensal, no Município, é
de aproximadamente R$ 100,34. Os chefes de famílias
que possuem renda, 52,09% têm rendimentos até 1
um salário mínimo e 47,91% têm renda acima de 01
salário mínimo. Por outro lado, 12,73% do total de che-
fes de família não possui rendimentos. A renda média
de um chefe de família é de 2,88 salários mínimos.

24
Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe Técnica

Plano de contenção.
Para cada um dos 17 impactos negativos Plano de contenção

identificados para o estudo foi proposta Comunidade

uma medida mitigadora ou compensa- Arqueologia


Atmosfera
dora, das quais destacamos as seguintes:

Comunidade

1. Elaboração de um folder explicativo e uma abordagem porta a


porta nas granjas próximas, e principalmente, no loteamento
Nossa Senhora das Graças para distribuir o documento e
explicar do que se trata o empreendimento. O folder deve ser
redigido com linguagem simples e uso de figuras para facilitar
a compreensão do funcionamento do empreendimento, assim
como informar que não haverá prejuízos para a saúde da
população.
2. Criação de uma comissão de moradores que se encarregaria de
efetuar os contatos com o empreendedor, cobrar o atendimento
dos compromissos ambientais, receber os relatórios de
monitoramento dentre outras atribuições.

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Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão Equipe Técnica

Arqueologia Plano de contenção


Implantação de um Programa de Resgate Arqueológico, Comunidade
em atendimento às exigências do IPHAN para acompanhar Arqueologia
o que resta de obra de implantação, além do refloresta- Atmosfera
mento projetado.

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Atmosfera Plano de contenção


Os níveis de emissões e as concentrações na comunidade Comunidade
deverão ser confirmados na escala real antes do equipa- Arqueologia
mento entrar em funcionamento de forma comercial. Para Atmosfera
isso, deverá atender a Resolução CONAMA 316/02, no
sentido de apresentar e executar: análise de risco, plano
do teste de queima, plano de contingência e plano de
emergência. Outras medidas recomendadas são:

1. Plano de Monitoramento prevendo a medição contínua de


O2, CO, CO2, NOx, Cloro, HCl, Material particulado, SOx
Adicionalmente deve-se garantir a medição no mínimo anual
de Dioxinas & Furanos, bem como de Metais pesados.
2. Recomenda-se que o empreendedor crie uma cartilha
orientadora para os centros geradores de resíduos que
fechem negocio com o grupo Atento, de forma a orientar
sobre os procedimentos de separação de resíduos na fonte
e principalmente na identificação daqueles resíduos que
mesmo perigosos não são recomendados para incinerar por
efeitos da sua composição química.
3. A correta capacitação dos operários que trabalharão
diariamente na unidade deve ficar registrada, sendo
apresentado à CPRH o plano de capacitação com a carga
horária e metodologia a ser aplicada. Isso como requisito de
obtenção da LO.

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Sumário Apresentação Proposta Área Impactos Conclusão  Equipe Técnica

Conclusão.
Do projeto de engenharia
e dos equipamentos previstos.
As unidades previstas serão fornecidas por empresas reconhecidas no
mercado, com mais de 40 anos de serviço. Os equipamentos adquiridos são
novos, de última tecnologia, dispõem de sistemas de controle da poluição.

Da avaliação de impactos
ambientais e suas limitações.
Os resultados modelados, mesmo considerando a situação mais crítica, ou
seja, a não utilização de equipamentos de controle da poluição, notadamente
os lavadores de gases, mostram que as emissões de todos os poluentes
apresentam concentrações muito abaixo das máximas permitidas para qual-
quer um dos receptores discretos considerados no estudo.
Adicionalmente observou-se que as emissões não apresentam nenhum tipo
derisco patogênico, biológico, tendo em vista que os microorganismos são
totalmente destruídos no processo de incineração.

Das considerações finais.


A equipe elaboradora do EIA, baseada na análise multidisciplinar de todos
os documentos que compõem o processo, com ênfase principal nos pontos
resgatados nos parágrafos acima, considera:

Que o empreendimento se insere dentro da categoria de equipamentos que visam a proteção do meio
ambiente, tão requisitada no Estado, especialmente no tocante a resíduos sólidos hospitalares.

Que a existência de uma segunda empresa no mercado trará alternativas de mercado, livre concorrência
e possivelmente diminuição de custos para prefeituras e empresas privadas do ramo da saúde.

Que o tratamento adequado de resíduos hospitalares traz inegáveis benefícios ao meio


ambiente, soma nos esforços de proteção da saúde e a qualidade de vida do coletivo.

Que os resultados teóricos obtidos da modelagem em condições mais adversas que as


esperadas para operação, registram um cenário tolerável de baixo risco para a população.

Que o empreendimento, ao igual que o processo de licenciamento, vem atendendo as


normas ambientais Federais, Estaduais e Municipais em vigor, não havendo sido detectado
nenhum impedimento intransponível que inviabilize a implantação do projeto.

Que se a operação do empreendimento é feita de forma rigorosa, atendendo as recomendações


dos fabricantes dos equipamentos, manutenção, reposição e atualização contínua de tecnologia e
ainda são observadas as medidas mitigadoras, compensatórias, assim como os Planos Ambientais
propostos, nos prazos certos e de maneira oportuna, os impactos ambientais que viessem a ocorrer
teriam uma intensidade tolerável e compatível com as características do meio ambiente do entorno.

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Equipe técnica.
Empreendedor
Razão Social ATENTO Soluções Ambientais
Atividade Incineração e Destinação Final de Resíduos de erviços de Saúde
Telefone (81) 3428-5237/ 8773-0221, CNPJ / M.F 00.812.377/0001-45
Endereço Comercial Rua Mirandópolis n° 82, Ilha de Joana Bezerra, Bairro
de São José Recife-PE
Endereço do projeto RDV. BR 232 KM 21,5 CEP 54.800-000
Representante Legal João Carlos Marques

Empresa responsável pela elaboração do EIA/RIMA


Razão Social AMS - Assessoria e Consultoria Ltda
Atividade Consultoria Ambiental
Telefone (81) 3222.2915, CNPJ / M.F 00539464/0001-70
Endereço Comercial Avenida Agamenon Magalhães, 2936,
sl 1101 e1102, Espinheiro (Recife)
Responsável Técnico José Anchieta dos Santos

A Equipe Técnica do EIA


Coordenação Geral: José de Anchieta dos Santos. Engenheiro Elétrico, CREA: 032827-D
Aspectos Jurídicos: Tiago Andrade Lima. Advogado, OAB/PE: 21596-D
Geologia / Geotecnia / Hidrogeologia: Marcílio Augusto Duque Pacheco. Geólogo, CREA: 14.132 D
Aspectos Bióticos (Fauna): Artur Galileu de Miranda Coelho. Biólogo CRBio:2774-5
Aspectos Bióticos (Flora): Sergio Tavares. Engenheiro Agrônomo Doutorado em Zoologia e Botânica
Tecnológicas, CREA: 2992 - D/PE.
Aspectos Socioeconômicos: Anastásia Brandão de Melo Santos. Veterinária – Zootecnia, CRMV – 0439-Z
Planos Co-localizados: Ana Paula Francelino Lira. Arquiteta – Urbanista, CREA:030889 D
Cartografia e Geoprocesamento: Sandro Barbosa Figueira. Engenheiro Agrônomo, CREA: 034404 D/PE /
Gustavo Sobral da Silva. Engenheiro Florestal, CREA: 037822 D/PE
Arqueologia: Marcos Albuquerque. Arqueólogo / Veleda Lucena. Arqueólogo / Rúbia Nogueira. Arqueólogo.

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