Avaliação de Resultado Regulatório

Avaliação de Resultado
Regulatório
Regulação; Gestão Pública.

Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
Conteudista/s
Michelle Holperin (conteudista, 2023).
Enap, 2023
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Sumário
Módulo 1: Conheça a Avaliação de Resultado Regulatório (ARR)....................... 5
Unidade 1: Conceito, Contexto e Diretrizes para a Avaliação de Resultado
Regulatório (ARR) ..................................................................................................... 5
1.1 O que é a ARR, em que Contexto se Insere e quais as Diretrizes que Norteiam a
Avaliação? ............................................................................................................................ 5
Referências ........................................................................................................................ 11
Unidade 2: AIR, ARR e o Ciclo Regulatório ........................................................... 12

Referências ........................................................................................................................ 19
Módulo2: Planejando a Avaliação de Resultado Regulatório (ARR) ................. 20

Unidade 1: Como e porque Planejar a ARR? ....................................................... 20
1.1 A Estratégia de Implementação, Monitoramento e Avaliação ............................ 22
1.2 Agenda de ARR ........................................................................................................... 22
1.3 Monitoramento ......................................................................................................... 25
1.4 Plano de ARR ............................................................................................................... 25
Referências ........................................................................................................................ 27
Módulo 3: O Relatório de Avaliação de Resultado Regulatório (ARR).............. 28

Unidade 1: Itens do Relatório de ARR .................................................................. 28
Referências ........................................................................................................................ 31
Unidade 2: Elementos Iniciais da ARR ................................................................. 32

Referências ........................................................................................................................ 40
Unidade 3: Tipos de ARR......................................................................................... 41

Referências ........................................................................................................................ 45
Módulo 4: Integrando a Avaliação de Resultado Regulatório (ARR) na Rotina

Regulatória ............................................................................................................. 46
Unidade 1: Processo Regulatório e a ARR ........................................................... 46
Referências ........................................................................................................................ 53
Apresentação e Boas-vindas
Seja bem-vindo(a) ao curso Avaliação de Resultado Regulatório.
Neste curso, você aprenderá sobre a Avaliação de Resultado Regulatório (ARR) e

como essa ferramenta foi incorporada no contexto brasileiro. Você entenderá o papel
que a ARR desempenha no ciclo regulatório e como iniciar o processo de avaliação.
Além disso, serão abordados os principais aspectos que precisam ser considerados
durante a condução da avaliação. Você também entenderá a importância do
planejamento prévio e da divulgação dos resultados após a realização da ARR.
Este é um curso introdutório, que busca auxiliar reguladores federais no

desenvolvimento de seus primeiros relatórios de ARR. O curso também pode ser
aproveitado por tomadores de decisão e demais atores da sociedade que têm
interesse em saber o que esperar de um relatório de ARR.
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública

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Módulo
1 Conheça a Avaliação de
Resultado Regulatório (ARR)
Neste módulo você irá compreender o que é a Avaliação de Resultado Regulatório
(ARR), em que contexto ela se insere e quais são as diretrizes que devem nortear a
sua aplicação. Também irá aprender sobre o seu papel no ciclo regulatório e a sua
relação com Análise de Impacto Regulatório (AIR).
Unidade 1: Conceito, Contexto e Diretrizes para a

Avaliação de Resultado Regulatório (ARR)
Objetivo de aprendizagem
Ao final dos seus estudos, você terá clareza sobre o que é a Avaliação de Resultado
Regulatório, em que contexto ela se insere e quais são as diretrizes que devem nortear a
sua aplicação.
1.1 O que é a ARR, em que Contexto se Insere e quais as Diretrizes

que Norteiam a Avaliação?
Afinal, o que é a Avaliação de

Resultado Regulatório (ARR)?
O que é a ARR?
Freepik (2023).
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 5

A ARR foi formalmente definida pelo Decreto nº 10.411, de 30 de junho de 2020. Em
seu art. 2º, inciso III, o Decreto define a ARR como a:
verificação dos efeitos decorrentes da edição de ato

normativo, considerados o alcance dos objetivos
originalmente pretendidos e os demais impactos
observados sobre o mercado e a sociedade, em
decorrência de sua implementação (BRASIL, 2020,
grifo meu)
A definição da ARR do Decreto nº 10.411 seguiu a definição dada anteriormente

pelo Guia Orientativo para a Elaboração da Análise de Impacto Regulatório, o Guia
de AIR, definição esta que já era considerada pelos órgãos reguladores que haviam
institucionalizado a ARR. No AIR a ARR foi definida como:
um instrumento de avaliação do desempenho do

ato normativo adotado ou alterado, considerando o
atingimento dos objetivos e resultados originalmente
pretendidos, bem como demais impactos observados
sobre o mercado e a sociedade, em decorrência de
sua implementação. (CASA CIVIL, 2018, p.94)
Quer saber mais sobre a experiência nacional com a ARR antes

da publicação do Decreto nº 10.411/2020? Veja o relatório, feito
pelo UERJ Reg., com o levantamento da experiência das agências
reguladoras federais, clicando aqui.
No cenário internacional, no entanto, não é comum o uso do

termo ARR. Não se assuste! A ARR equivale ao que a OCDE chama
de ex post Regulatory Evaluation (avaliação regulatória ex post,
em tradução livre).

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Desde 2012, a OCDE recomenda que avaliações ex post sejam conduzidas para
garantir que as regulações se mantenham efetivas e eficientes (OCDE, 2012).
No mesmo relatório, a OCDE (2012, p. 26), sugere que avaliações ex post podem ser
mais efetivas em informar o debate sobre determinada política do que avaliações ex
ante (como a análise de impacto regulatório, “AIR”).
Neste estudo, portanto, serão utilizados os termos ARR e avaliações regulatórias ex

post de forma intercambiável.
Mas, em qual contexto deve

ocorrer a Avaliação de Resultado
Regulatório (ARR)?
Em qual contexto ocorre a ARR?

Freepik (2023).
A ARR é uma das principais ferramentas que compõe uma agenda de melhoria
regulatória. A agenda de melhoria regulatória se refere ao conjunto de iniciativas
cujo objetivo é assegurar um processo de elaboração normativa transparente e
baseado em evidências, suportado pela visão das partes potencialmente afetadas
(COMISSÃO EUROPEIA, s.d.).
São três as principais ferramentas de uma agenda de melhoria regulatória:
• a análise de impacto regulatório (AIR);

• o engajamento de stakeholders; e
• a avaliação ex post, ou a ARR (OECD, 2021).
A AIR e a ARR são ferramentas irmãs: ambas têm como objetivo

trazer a racionalidade e uso de evidências para o centro da
decisão regulatória.

A principal diferença entre elas é o momento do ciclo regulatório em que se inserem:
• a AIR é utilizada para fundamentar decisões regulatórias futuras; e

• a ARR para avaliar o desempenho de uma regulação vigente.
O engajamento dos stakeholders (i.e., a participação social), por sua vez, ocorre ao
longo do ciclo de vida da regulação, sendo recomendado tanto durante a elaboração
da AIR como da ARR. O seu objetivo é obter informações relevantes para a tomada
de decisão e aumentar a legitimidade do processo decisório.
Relação das Ferramentas.

Elaboração: CEPED/UFSC (2023).
Diretrizes para uma boa ARR?
Como a ARR é uma ferramenta de melhoria regulatória, alguns princípios devem

nortear a sua adoção e introdução na rotina regulatória do seu órgão ou entidade.
O Guia Orientativo para a Elaboração da Avaliação de Resultado Regulatório, o Guia de
ARR, elenca cinco princípios para uma boa avaliação.
São eles (GUIA DE ARR, 2022, p. 23):
1 Integração entre AIR e a ARR

Um dos principais benefícios da integração entre ARR e AIR são as lições aprendidas
ao longo da avaliação. Essas lições podem ser absorvidas tanto nas técnicas de
mensuração de impactos adotadas – como, por exemplo, utilizar os resultados de
uma Análise Custo-Benefício (ACB) ex post para aperfeiçoar estimativas em ACBs
de AIRs futuras – como na identificação dos comportamentos compensatórios
adotados pelos agentes regulados em resposta à regulação.

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2 Flexibilidade Metodológica
É importante criar um leque de ARRs possíveis, que permitam flexibilidade no uso
de métodos analíticos e que se adequem às necessidades em cada caso, incluindo
o tempo decorrido da edição do ato normativo sob análise e os diferentes tipos
de objetivos regulatórios.
3 Monitoramento como gatilho para a ARR

O monitoramento periódico de indicadores relevantes sobre a regulação
(idealmente apontados no relatório de AIR quando da sua elaboração) facilita
a identificação precoce de problemas e progressos, indicando quando a ARR
precisa ser conduzida.
A consulta às partes afetadas ao longo do monitoramento também permite

identificar a ocorrência de consequências negativas (e positivas) não intencionais
da regulação.
4 Incorporação da ARR à atividade regulatória

Uma das formas de institucionalizar a ARR é por meio da adoção de instrumentos
de avaliação programada. Dessa forma, é possível:
• determinar, no relatório de AIR ou no ato normativo, o prazo em que

se espera que os efeitos pretendidos já tenham se materializado,
para que, então, a ARR ocorra em momento oportuno;
• estabelecer uma agenda de ARR, que, embora deva ser elaborada

e concluída a cada mandato presidencial, dispõe de maior liberdade
e flexibilidade quanto à definição dos atos normativos que serão
submetidos à ARR.
Avaliações com o objetivo de mapear o custo acumulado imposto pelo estoque

regulatório também podem ser adotadas de forma complementar, como parte
de uma estratégia de redução dos custos regulatórios.
O uso de um mecanismo de avaliação contínua pode ser previsto por meio da

regulação setorial complementar à regulação geral (no caso da Administração
Federal, em complemento ao Decreto nº 10.411/2020).
5 Planejamento da ARR
O planejamento da ARR é fundamental para sua boa execução. Recomenda-
se iniciar o planejamento o quanto antes, idealmente no desenho da própria
intervenção. Um dos principais motivos para tanto diz respeito aos dados

necessários para responder às perguntas que se deseja endereçar na avaliação.
Além disso, é preciso garantir a viabilidade da ARR, em termos de orçamento,
tempo, informações e recursos humanos necessários para sua execução.
Pensando sobre cada um desses princípios é possível perceber que eles ressaltam a
importância em assegurar a qualidade regulatória ao longo do ciclo de vida de uma
regulação. A busca pela qualidade regulatória não ocorre apenas no desenho da
regulação - ou seja, na AIR – mas perpassa as diferentes etapas da sua vida.
Além disso, esses princípios reconhecem que a ARR é aplicada

no “mundo real”, no qual há diferentes níveis de maturidade
regulatória entre reguladores, diferentes objetivos regulatórios
e recursos humanos limitados.
Você chegou ao final desta Unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o
conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima! 

10
Referências
BRASIL. Decreto nº 10.411, de 30 de junho de 2020. Regulamenta a análise de impacto
regulatório, de que tratam o art. 5º da Lei nº 13.874, de 20 de setembro de 2019, e o
art. 6º da Lei nº 13.848, de 25 de junho de 2019. Brasília, DF: Presidência da República,
2020.
CASA CIVIL. Diretrizes gerais e guia orientativo para elaboração de análise de

impacto regulatório – AIR. Subchefia de Análise e Acompanhamento de Políticas
Governamentais et al. Brasília, DF: Presidência da República, 2018.
COMISSÃO EUROPEIA. Better Regulation: Why and How. European Commission,

[s.l.], [s.d.]. Disponível em: https://commission.europa.eu/law/law-making-process/
planning-and-proposing-law/better-regulation_en. Acesso em: 19 abr. 2023.
FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Freepik, Málaga, 2023. Disponível em: https://
www.freepik.com/. Acesso em: 19 abr. 2023.
OECD. Recommendation of the Council on Regulatory Policy and Governance, Paris:

OECD Publishing, 2012. Disponível em: https://doi.org/10.1787/9789264209022-en.
Acesso em: 19 abr. 2023.
OECD. OECD/LEGAL/0464 - Recommendation of the Council for Agile Regulatory

Governance to Harness Innovation, Paris, 2021. Disponível em: https://
legalinstruments.oecd.org/en/instruments/OECD-LEGAL-0464. Acesso em: 19 abr.
2023.
MINISTÉRIO DA ECONOMIA; UERJ REG. Guia Orientativo para Elaboração de Avaliação

de Resultado Regulatório – ARR. Brasília, DF: Governo Federal, 2022. Disponível
em: https://www.gov.br/mme/pt-br/assuntos/analise-de-impacto-regulatorio-air-e-
avaliacao-de-resultado-regulatorio-arr/o-que-e-arr/guiaarrverso5.pdf. Acesso em: 19
abr. 2023.

Unidade 2: AIR, ARR e o Ciclo Regulatório
Ao final dos seus estudos você será capaz de identificar o papel da Avaliação de Impacto
Regulatório (AIR) e da Avaliação de Resultado Regulatório (ARR) no ciclo regulatório.
É importante que você entenda que a Análise de Impacto Regulatório (AIR)

e Avaliação de Resultado Regulatório (ARR) são ferramentas de melhoria
regulatória que buscam trazer a racionalidade e uso de evidências para o centro
da decisão regulatória.
Idealmente, uma regulação “nasce” como resultado de um processo investigativo
motivado por um problema.
Para facilitar o entendimento, o ciclo regulatório pode ser dividido em 4 grandes

etapas e 9 etapas menores. Analise cada uma delas na figura a seguir.
Ciclo Regulatório.
Fonte: Ministério da Economia e UERJ Reg. (2022). Elaboração: CEPED/UFSC (2023).

12
Agora, veja suas especificidades.
Etapa de Desenho da Regulação
Nesta etapa, o regulador analisa o problema extensivamente, estuda alternativas

para mitigá-lo ou resolvê-lo, avalia os impactos potenciais dessas diferentes
alternativas e compara-as sistematicamente. Por fim, sugere-se a melhor
alternativa de ação de acordo com critérios técnicos transparentes (como, por
exemplo, benefício líquido). Uma minuta de ato normativo é então submetida à
consulta pública e, em seguida, a autoridade máxima do órgão decide quanto à
sua publicação.
Esta é uma simplificação do processo de AIR e não corresponde

aos itens necessários de um relatório, conforme estabelecido no
artigo 6º do Decreto nº 10.411/2022. Além disso, o relatório de
AIR tem como objetivo subsidiar a tomada de decisão, sendo a
autoridade do órgão ou entidade reguladora a responsável pela
decisão de editar, alterar ou revogar ato normativo.

Etapa de Aplicação da Regulação
Uma vez publicada a regulação, o ciclo caminha para implementação, fiscalização

e monitoramento. Esta etapa pode ser chamada de aplicação da regulação, e
sua duração, em geral, acompanha a duração da regulação. Isso porque a regula-
ção, enquanto vigente, precisa ser fiscalizada e monitorada, para que seja possível
atingir os objetivos pretendidos.
Etapa de Avaliação da Regulação

14
Quando a regulação está vigente há tempo razoável, em especial quando há
evidências de problemas associados a ela, é necessário conduzir uma avaliação
para verificar o seu desempenho. Isso é feito por meio da ARR e se refere à etapa
de avaliação da regulação.
Etapa de Revisão da Regulação
Esta etapa pode ocorrer após a etapa de avaliação da regulação, a depender das
recomendações feitas pela ARR.
Ou seja, antes da revisão de uma regulação deve-se, idealmente, avaliar o seu

desempenho atual em uma ARR. Da mesma forma, é a ARR que traz subsídios com
relação à necessidade, ou não, de revisão de uma regulação vigente. Quando a sua
recomendação é por uma revisão da regulação, a ARR “encerra provisoriamente”
o ciclo regulatório, que (re)começará com a identificação de um problema e a
condução de uma AIR, nos casos aplicáveis. A etapa de revisão pode, portanto,
começar na ARR e terminar apenas com a decisão da autoridade decisória.

Agora, observando novamente o ciclo regulatório completo, é preciso falar
especificamente sobre o monitoramento.
Ciclo Regulatório.
Fonte: Ministério da Economia e UERJ Reg. (2022). Elaboração: CEPED/UFSC (2023).
Ao analisar com cuidado, você pode notar que o monitoramento é parte das
etapas de aplicação e avaliação. Por ser uma atividade contínua e sistemática de
coleta de dados sobre a regulação (MINISTÉRIO DA ECONOMIA; UERJ Reg., 2022),
o monitoramento é realizado durante a aplicação da regulação, mas também é
utilizado na etapa de avaliação. É preciso ter em mente que um dos princípios
a nortear a adoção da ARR e a sua introdução na rotina regulatória é utilizar o
monitoramento como gatilho para a ARR.
Por fim, reforça-se aqui a observação feita pelo Ministério da Economia e UERJ
Reg. (2022, p. 14):
“o ciclo regulatório é utilizado para reforçar o aspecto

de integração e continuidade entre as diferentes
etapas da vida de uma regulação. Embora a sequência
seja importante, na prática, algumas das etapas
costumam ocorrer de forma concomitante [...]”.

16
Esse aspecto também é destacado pela Anvisa (2020, p. 13):
“A ideia de que as etapas são interligadas e

complementares está evidenciada no ciclo regulatório,
cada uma fornecendo subsídios para orientar a ação
nas demais.”.
Qual é então a relação

entre a AIR e a ARR?
Relação entre AIR e ARR

Freepik (2023).
A AIR inicia o ciclo de vida de uma regulação, é por meio do exercício da AIR que
o desenho da regulação é estudado e proposto. A ARR “encerra provisoriamente”
esse ciclo, pois é na ARR que a regulação é avaliada, de modo a verificar se o
desenho proposto conseguiu mitigar ou solucionar o problema regulatório
identificado. Se a recomendação for pela manutenção da regulação sem ajustes,
pode-se continuar com a fiscalização e monitoramento até que seja necessário
conduzir uma nova ARR.
E o que acontece quando a

ARR recomenda pela revisão
de uma regulação?
Revisão de regulação.
Freepik (2023).

Quando isso ocorre, o ciclo regulatório se reinicia. A ARR não contém identificação
de alternativas de ação, mensuração dos seus impactos potenciais, comparação e
seleção e estratégia de implementação, monitoramento e avaliação. Esse exercício
prospectivo é feito na AIR.
Que bom que você chegou até aqui! Agora é hora de você testar seus conhecimentos.
Então, acesse o exercício avaliativo que está disponível no ambiente virtual. Bons
estudos!  

18
Referências
ANVISA - AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Monitoramento e Avaliação
de Resultado Regulatório (M&ARR) Diretrizes para a implementação de M&ARR
na Anvisa. Brasília, DF: Anvisa, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-
br/assuntos/regulamentacao/avaliacao-do-resultado-regulatorio/diretrizes-para-
implementacao-de-m-arr-na-anvisa-com-logo.pdf. Acesso em: 19 abr. 2023.
BRASIL. Decreto nº 10.411, de 30 de junho de 2020. Regulamenta a análise de

impacto regulatório, de que tratam o art. 5º da Lei nº 13.874, de 20 de setembro de
2019, e o art. 6º da Lei nº 13.848, de 25 de junho de 2019. Brasília, DF: Presidência
da República, 2020.
COMISSÃO EUROPEIA. Better Regulation Toolbox, [s. l.]: Comissão Europeia, 2021.
Disponível em: https://commission.europa.eu/system/files/2023-02/br_toolbox-
nov_2021_en.pdf. Acesso em: 19 abr. 2023.
FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Freepik, Málaga, 2023. Disponível em:

https://www.freepik.com/. Acesso em: 19 abr. 2023.
MINISTÉRIO DA ECONOMIA; UERJ REG.. Guia Orientativo para Elaboração de

Avaliação de Resultado Regulatório – ARR. Brasília, DF: Governo Federal, 2022.
Disponível em: https://www.gov.br/mme/pt-br/assuntos/analise-de-impacto-
regulatorio-air-e-avaliacao-de-resultado-regulatorio-arr/o-que-e-arr/guiaarrverso5.
pdf. Acesso em: 19 abr. 2023.

Módulo
2 Planejando a Avaliação de
Olá! Neste módulo, você irá aprender sobre a relevância do planejamento para
uma adequada execução da ARR, conhecerá os quatro principais instrumentos para
planejar uma avaliação e verá que este planejamento começa ainda na AIR.
Unidade 1: Como e porque Planejar a ARR?

Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer os principais instrumentos de

planejamento da ARR e a sua importância.
Um dos principais objetivos do planejamento da ARR é garantir que a avaliação

seja possível de ser executada, em termos de orçamento, disponibilidade de dados,
restrições de tempo e recursos humanos (CASA CIVIL, 2018b, p. 243).
O Guia de ARR traz o planejamento como um dos princípios de uma boa ARR.
Segundo o Guia (2022, p. 23):
O planejamento da ARR é fundamental para sua boa

execução. Recomenda-se iniciar o planejamento o
quanto antes, idealmente no desenho da própria
intervenção. Um dos principais motivos para tanto
diz respeito aos dados necessários para responder
às perguntas que se deseja endereçar na avaliação.
Além disso, é preciso garantir a viabilidade da ARR, em
termos de orçamento, tempo, informações e recursos
humanos necessários para a sua execução.

20
Sendo o planejamento
fundamental para a boa execução
da ARR, como fazê-lo?
O planejamento é fundamental
para boa execução da ARR.
Freepik (2023).
Quais são os instrumentos disponíveis para planejar uma ARR?
Há quatro instrumentos de planejamento da ARR, conforme figura a seguir, cuja

utilização depende do momento do ciclo regulatório em que serão elaborados.
Instrumento de Planejamento da ARR.

Elaboração: CEPED/UFSC (2023)
Observe que dois dos quatro instrumentos de planejamento da ARR listados na

figura precisam ser elaborados, por força do Decreto nº 10.411/2020. São eles: a
estratégia de implementação, monitoramento e avaliação e a Agenda de ARR. Os
outros dois, o monitoramento e o plano de ARR, embora não obrigatórios, são

recomendados como boa prática e facilitam a condução da ARR. Você verá cada
instrumento separadamente, a seguir.
1.1 A Estratégia de Implementação, Monitoramento e Avaliação
A estratégia de implementação, monitoramento e avaliação é o último item do

relatório de AIR, conforme artigo 6º do Decreto 10.411.
É importante frisar que o desenho da regulação é feito na AIR. É a AIR que estuda o
problema regulatório, possíveis soluções de mitigação e seus potenciais impactos.
Neste item, o regulador irá:
1 planejar a estratégia de implementação; e
2 a forma de monitoramento e avaliação da regulação.
A estratégia de implementação é crucial, uma vez que a publicação da regulação

no Diário Oficial, ou a sua divulgação, em casos de regulação não-normativa, não
implica em observância imediata pelo mercado regulado. Muitas vezes, o regulador
precisa comunicar ou até mesmo orientar o mercado sobre as novas regras que
estes precisam cumprir.
A implementação pode incluir ações de fiscalização para avaliar a

observância pelo mercado, recompensas em caso de cumprimento
e penalidades em casos de descumprimento. (COGLIANESE, 2012).
Além de pensar a implementação, o regulador precisa indicar como poderá responder

a seguinte pergunta: “a regulação está funcionando?”, ou seja, “a regulação está
mitigando ou solucionando o problema regulatório que motivou a sua adoção?”.
Se há um problema que demanda a intervenção por parte do Estado, é necessário
que se acompanhe a sua evolução, mitigação e/ou resolução. É na estratégia de
monitoramento e avaliação que o regulador irá refletir sobre essas perguntas.
1.2 Agenda de ARR
A Agenda de ARR é um dos instrumentos de planejamento trazidos pelo Decreto

22
nº 10.411. A Agenda confere publicidade ao planejamento das ARRs do regulador,
expondo o que será avaliado, por que e quando.
A Agenda de ARR deve ser elaborada

e publicada no primeiro ano de cada
mandato presidencial e concluída
no último ano deste mandato, nos
termos do Decreto nº 10.411/2020.
A agenda de ARR.
Freepik (2023).
O Decreto, ao trazer os critérios que devem motivar a priorização e escolha das ARRs
que serão realizadas naquele quadriênio, reflete recomendações internacionais
quanto ao uso adequado dos limitados recursos humanos e financeiros dos órgãos
reguladores. De acordo com a OCDE (2021):
[...] dadas as limitações de recursos financeiros e

a disponibilidade de pessoas com as habilidades
necessárias – bem como a necessidade de evitar
a “fadiga da avaliação” – é importante que essas
avaliações sejam cuidadosamente escolhidas e
sequenciadas para maximizar os benefícios ao longo
do tempo.
Tendo em vista a importância da Agenda como instrumento de planejamento e

transparência, o Guia de ARR recomenda a participação social na sua elaboração.
A participação social pode trazer informação sobre regulações mais “problemáticas”

e auxiliar o regulador nos critérios de priorização. Além disso, dialogar com as partes
afetadas e interessadas pode evitar que ferramentas como a AIR e a ARR sejam
percebidas como mera formalidade, que pouco contribuem com a qualidade das
decisões tomadas pelo regulador.

Dessa forma, as etapas de identificação e seleção das intervenções que serão objeto
de ARR são as mais críticas do processo de elaboração da Agenda.
O Guia de ARR recomenda que a etapa de identificação utilize informações obtidas:
1 no monitoramento da regulação;
2 em consultas internas, tanto às áreas técnicas do órgão ou entidade

como consultas a outros órgãos ou entidades da Administração Pública com
competências transversais; e/ou
3 em consultas à sociedade, ou seja, por meio de instrumento de participação

social.
Quando esse levantamento retornar uma quantidade de ARRs superior à capacidade

de execução do órgão, é necessário que o regulador adote critérios de priorização.
Um dos critérios importantes é a existência de prazos para aquela ARR, como o
prazo de três anos nos casos em que houve dispensa de AIR por urgência ou outro
prazo estabelecido pelo próprio regulador.
Outro critério relevante é o planejamento do órgão com relação àquela regulação

ou tema. Caso o tema/regulação seja objeto de alteração – e, portanto, de AIR –
no futuro próximo, recomenda-se que seja feita a ARR antes, pois é na ARR que o
regulador investigará se, e em que medida, a regulação está funcionando e por quê.
Por fim, nota-se que o documento de divulgação da Agenda é simples, podendo

tomar o formato de um quadro, como o exemplo a seguir.
Exemplo de agenda de ARR.

Fonte: Adaptado de Ministério da Economia e UERJ Reg. (2022).

24
1.3 Monitoramento
É a atividade contínua e sistemática de coleta de dados de uma ação regulatória

(MINISTÉRIO DA ECONOMIA; UERJ REG., 2022).
É por meio do monitoramento que se obtém os dados e informações que serão

utilizados como evidências no exercício da AIR e da ARR. O monitoramento, portanto,
pode ser entendido como uma atividade que conecta a AIR e ARR, pois monitorar o
funcionamento de uma regulação vigente traz subsídios fundamentais para a sua
avaliação futura.
Embora o Decreto nº 10.411 não determine a sua obrigatoriedade, o monitoramento

pode ser uma estratégia para atender ao art. 17, que trata da coleta e tratamento
de dados:
Art. 17. Os órgãos e entidades implementarão

estratégias específicas de coleta e de tratamento de
dados, de forma a possibilitar a elaboração de análise
quantitativa e, quando for o caso, de análise de custo-
benefício.
A AIR e ARR são ferramentas que subsidiam a decisão regulatória especialmente por
trazerem evidências relevantes para a tomada de decisão. Uma forma sistemática
de obtenção de evidências é por meio do monitoramento.
1.4 Plano de ARR
O último dos instrumentos de planejamento da ARR é o Plano de ARR. O Plano de

ARR é o documento no qual o regulador indica como a ARR será feita. É, portanto,
complementar a Agenda de ARR, que contém o que será avaliado, por que e quando.
É no Plano de ARR que são elaboradas as perguntas avaliativas, ou seja, as perguntas

que a ARR buscará responder. As perguntas avaliativas possuem relação direta com
a finalidade pretendida da ARR, podendo ser agrupadas de acordo com cada macro
dimensão de avaliação, conforme você pode ver a seguir.

Macro dimensões da avaliação.
Fonte: Adaptado a partir de Comissão Europeia (2021). Elaboração: CEPED/UFSC (2023).
Além de definir as perguntas que a ARR buscará responder, é importante que

o plano de ARR também inclua as fontes de dados que serão utilizadas para
responder às perguntas de interesse do avaliador. Caso esses dados não estejam
disponíveis, é fundamental antecipar a sua estratégia de coleta e tratamento.
Adicionalmente, o conteúdo do Plano de ARR pode incluir o resgate do contexto
da regulação e a revisão da sua lógica.
Que bom que você chegou até aqui! Agora é hora de você testar seus
conhecimentos. Então, acesse o exercício avaliativo que está disponível no
ambiente virtual. Bons estudos! 

26
Referências
BRASIL. Decreto nº 10.411, de 30 de junho de 2020. Regulamenta a análise de
impacto regulatório, de que tratam o art. 5º da Lei nº 13.874, de 20 de setembro de
2019, e o art. 6º da Lei nº 13.848, de 25 de junho de 2019. Brasília, DF: Presidência
da República, 2020.
COGLIANESE, C. Measuring Regulatory Performance: evaluating the impact of

regulation and regulatory policy. Expert Paper, Paris, n. 1, p. 1-59, agosto, 2012.
Disponível em: https://www.oecd.org/gov/regulatory-policy/1_coglianese%20web.
COMISSÃO EUROPEIA. Better Regulation Toolbox, [s. l.]: Comissão Europeia, 2021.
Disponível em: https://commission.europa.eu/system/files/2023-02/br_toolbox-
nov_2021_en.pdf. Acesso em: 19 abr. 2023.
FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Freepik, Málaga, 2023. Disponível em:

https://www.freepik.com/. Acesso em: 19 abr. 2023.
MINISTÉRIO DA ECONOMIA; UERJ REG.. Guia Orientativo para Elaboração de

Avaliação de Resultado Regulatório – ARR. Brasília, DF: Governo Federal, 2022.
Disponível em: https://www.gov.br/mme/pt-br/assuntos/analise-de-impacto-
regulatorio-air-e-avaliacao-de-resultado-regulatorio-arr/o-que-e-arr/guiaarrverso5.
OECD. OECD/LEGAL/0464 - Recommendation of the Council for Agile Regulatory

Governance to Harness Innovation, Paris, 2021. Disponível em: https://
legalinstruments.oecd.org/en/instruments/OECD-LEGAL-0464. Acesso em: 19 abr.
2023.

Módulo
3 O Relatório de Avaliação de
Olá! Neste módulo você irá conhecer a estrutura sugerida para um relatório de
Avaliação de Resultado Regulatório (ARR) e o passo-a-passo para a sua execução.
Aprenderá sobre os elementos iniciais do relatório e a sua centralidade na avaliação.
Verá também que há diferentes abordagens possíveis para a ARR e é fundamental
que a finalidade pretendida, as perguntas desenhadas, os dados e técnicas de
análise utilizadas e as recomendações possíveis de serem feitas estejam alinhados.
Unidade 1: Itens do Relatório de ARR

Ao final dos seus estudos você será capaz de identificar os elementos de um relatório
de ARR.
O Decreto nº 10.411/2020 elenca, em seu art. 6º, os itens que um relatório de Análise
de Impacto Regulatório (AIR) deve conter. No entanto, não são oferecidas instruções
similares com relação à ARR. Uma das razões pelas quais isso ocorre é que, quando
o Decreto foi publicado, já havia certa experiência acumulada no Brasil com a AIR e
um entendimento comum com relação ao conteúdo esperado de um relatório.
Veja, em detalhes, o relatório técnico da UERJ Reg. (2020): Análise

de Impacto Regulatório, disponível aqui.
Em 2020, as agências reguladoras federais e o Inmetro, juntos, haviam produzido

mais de 600 relatórios de AIR.

28
O Levantamento feito pelo UERJ Reg. indicou que havia apenas 10
relatórios de ARR publicados até novembro de 2020 e que apenas
5 dos doze reguladores pesquisados já haviam regulamentado a
ARR. O levantamento pode ser acessado aqui.
Além disso, a Casa Civil da Presidência da República, em parceria com as agências

reguladoras federais e o Inmetro havia publicado, em 2018, o Guia Orientativo para a
Elaboração da AIR (“Guia de AIR”), com sugestão de roteiro básico e diretrizes a serem
observadas na sua elaboração. O Decreto nº 10.411 refletiu as diretrizes e roteiro
trazidos pelo Guia, inclusive ao elencar os elementos esperados de um relatório de AIR.
Nesse momento o cenário da ARR era distinto. A experiência nacional com a ferramenta
era ainda incipiente e não havia documento para subsidiar a sua realização. O Decreto
também não explicitou qual deveria ser o conteúdo esperado de um relatório de ARR.
Nesse contexto, foi construído o Guia para a Elaboração da Avaliação de Resultado

Regulatório (“Guia de ARR”), sob a coordenação da secretaria executiva do Ministério
da Economia, com a colaboração do Laboratório de Regulação Econômica da UERJ –
o UERJ Reg. –, das agências reguladoras federais e do Inmetro.
O Guia de ARR, assim como o de AIR, teve como objetivo

“subsidiar a elaboração da Avaliação de Resultado Regulatório”,
apresentando uma “sugestão de roteiro para a ARR e as diretrizes
a nortear a avaliação”. O Guia de ARR seguiu o objetivo, formato e
processo de construção do Guia de AIR.
O que devemos então esperar

de um relatório de ARR? Quais
os principais elementos que esse
relatório deve conter?
O que devemos esperar de um relatório de ARR?

Freepik (2023).

O Guia de ARR trouxe uma sugestão de roteiro para a ARR e diretrizes para nortear
a sua adoção na rotina regulatória. O Guia também trouxe uma sugestão de itens a
compor um relatório de AIR. São eles:
1 Sumário Executivo;
2 Justificativa e a Finalidade pretendida com a ARR;
3 Descrição da regulação e seu contexto;
4 Objetivos da regulação;
5 Avaliação dos resultados e demais impactos da regulação selecionada;
6 Discussão dos resultados e recomendações.
Para saber mais, você pode acessar o webinário de lançamento

do Guia Orientativo para elaboração de ARR, assista ao evento
completo aqui.
Se quiser verificar apenas o trecho que fala sobre o que se espera

de uma ARR, clique aqui e assista até o trecho final de 0h 1min 7s.
No Spotify, você encontra perguntas e respostas sobre o Guia

ARR. Para acessar, clique aqui e escute o conteúdo completo ou
apenas o trecho entre 0h 6min 2s e 0h 13min 2s
conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima!

30
Referências
AVALIAÇÃO de Resultado Regulatório - Perguntas e Respostas sobre o Guia de ARR.
[S. l.]: UERJ Reg., agosto 2022. Podcast. Disponível em: https://open.spotify.com/
episode/3PSh6XjtrBQ8pB3EfD8LjI. Acesso em: 19 abr. 2023.

2020.
2018 CASA CIVIL. Diretrizes gerais e guia orientativo para elaboração de análise
de impacto regulatório – AIR. Subchefia de Análise e Acompanhamento de Políticas

abr. 2023.
WEBINÁRIO de lançamento do Guia Orientativo para elaboração de ARR. [S. l.]: UERJ
Reg., 2022. 1 vídeo (124 minutos). Publicado pelo canal UERJ Reg. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=11zvZ_xnpEc. Acesso em: 19 abr. 2023.

Unidade 2: Elementos Iniciais da ARR
Ao final dos seus estudos você conseguirá identificar os elementos iniciais da

Avaliação de Resultado Regulatório (ARR) e reconhecer a sua importância.
O Guia de ARR sugere que as seguintes etapas sejam percorridas em uma ARR. São
elas:
Etapas sugeridas para ARR

Fonte: Ministério da Economia e UERJ Reg. (2022)
1 Descrição de Regulação e seu Contexto

A ARR se inicia com a descrição da regulação e seu contexto. Esta etapa possui dois
componentes, um formal e outro material. Formalmente, é necessário indicar qual
regulação será objeto da avaliação, lembrando que a regulação pode refletir:
• Um ato normativo em sua íntegra;

• Um ou mais dispositivos de um ato normativo;
• Um ou mais dispositivos de diferentes atos normativos;
• Uma intervenção direta e intencional não normativa.
Considerando essas diferentes possibilidades, é fundamental comunicar ao leitor

qual(is) ato(s) normativo(s) e/ou dispositivos serão avaliados na ARR. É nesta etapa,
portanto, que o escopo da ARR começa a ser definido.
Componente Material
O componente material diz respeito ao histórico e contexto no qual a regulação

foi desenhada. Para esta etapa, sugere-se que sejam levantados os materiais
que subsidiaram a tomada de decisão, tais como:

32
• notas técnicas;
• estudos;
• literatura técnica; e
• quaisquer outros documentos anexados e/ou referenciados ao longo
processo.
Histórico
No que diz respeito ao histórico, sugere-se informar outras regulações com
as quais a regulação sob análise interaja. Isso pode ser feito a partir de uma
descrição ao longo do texto e/ou inclusão de recursos visuais, como uma linha
do tempo.
A linha do tempo não precisa conter apenas o histórico de revisões de uma

regulação, mas pode conter informações sobre mudanças relevantes no setor
regulado e/ou no cenário macroeconômico.
As informações aqui incluídas devem estar diretamente relacionadas ao objeto da

ARR, devendo-se evitar trazer informações que não serão utilizadas, comentadas
e/ou avaliadas no relatório.
Especial atenção deve ser dada ao uso de evidências já nesta

etapa do relatório: dados e fontes de informação devem ser
sempre utilizados para suportar uma determinada afirmação.
Por exemplo, se for afirmado que “na época ocorriam muitos acidentes com o
produto ou serviço X”, deve-se incluir os dados ou a fonte que fundamentou essa
afirmação (e.g., “De acordo com dados da fiscalização” ou “Segundo levantamento
conduzido pela instituição X”).
No quadro a seguir foram extraídos trechos de AIRs e ARRs já elaboradas no Brasil,

apenas para ilustrar essa recomendação.

Trechos de AIRs e ARRs.
Fonte: Ancine (2020) e ANP (2021).
Explorar o contexto no qual a regulação foi elaborada é importante para obter subsídios
quanto aos objetivos originalmente pretendidos. Este item, na prática, pode antecipar
quais eram esses objetivos ao resgatar o problema que motivou a ação regulatória.

34
2 Identificação dos Objetivos da Regulação
A identificação, ou o resgate, dos objetivos originalmente pretendidos com a
regulação é uma das etapas mais importantes em uma ARR. Nesta etapa, há dois
cenários possíveis:
• A regulação foi precedida por uma AIR ou documento equivalente que

inclui, de forma clara e direta, qual era o objetivo pretendido com a
regulação; ou
• Não há nenhum documento de apoio à decisão que mencione, de

forma clara e direta, qual era o objetivo originalmente pretendido
com a regulação.
Nos casos em que há um documento que indique, de forma clara e direta, qual
era o objetivo originalmente pretendido com a regulação, esse objetivo precisa
ser considerado na ARR. Com isso, busca-se evitar que um efeito positivo não
pretendido substitua um objetivo originalmente pretendido não alcançado.
Nos casos em que não há um documento que indique, de forma clara e direta, qual
era o objetivo originalmente pretendido com a regulação, é necessário inferir esse(s)
objetivo(s). Este processo deve ser feito de forma transparente e sistemática, para
evitar o mesmo problema mencionado no parágrafo anterior.
E como fazer isso?
• Pode-se começar pelo levantamento dos

documentos do processo que possam con-
ter informações relevantes sobre o contex-
to daquela regulação. Esse é, inclusive, o
primeiro item sugerido do relatório de ARR;
• De forma complementar, pode-se conver-

sar com técnicos que estiveram envolvidos
na elaboração da regulação, para verificar
se há documentação adicional ainda não
identificada e/ou localizada ou mesmo para
utilizar o seu testemunho como fontes de
Qual o objetivo pretendido da regulação? dados qualitativos (por exemplo, ao entre-
Freepik (2023). vistá-los). A literatura técnica especializada
também pode ser rica fonte informação.

A ARR avalia uma regulação já existente, parte do estoque regulatório do órgão ou
entidade. Assim, para inferir os objetivos pretendidos, parte-se do conteúdo desta
regulação, somado aos documentos disponíveis e literatura especializada, para construir
o caminho pelo qual se esperava que a regulação atingisse determinado resultado.
Uma forma de construir esse caminho é por meio de um modelo lógico.
Modelos lógicos são uma forma gráfica de organizar

informações e exibir o raciocínio. São abordagens
visuais dos mapas implícitos que todos carregamos
em nossas mentes sobre como o mundo funciona ou
deveria funcionar.
Modelos lógicos são ferramentas que transmitem um

esquema, programa ou projeto em um formato visual
simples. Os modelos lógicos descrevem a ação planejada
e seus resultados esperados. Um modelo lógico é um
retrato atual dos pressupostos de um indivíduo
ou grupo sobre como sua ideia ou programa pode
funcionar.” (PHILLIPS; WYATT KNOWLTON, 2012, p. 3).
São dois os principais tipos de modelos lógicos: teoria da mudança e teoria do

programa. Embora possuam usos e níveis de detalhamento distintos, eles seguem
uma mesma lógica. Phillips e Wyatt (2012) as descrevem da seguinte forma:
Teoria da Mudança
Um modelo de teoria da mudança é conceitual, e oferece uma representação
geral de como o regulador acredita que a mudança ocorrerá.
Teoria do Programa
Modelos de teoria do programa são operacionais, e detalham os recursos,
atividades planejadas e produtos que refletem os resultados pretendidos.
Modelos operacionais e com detalhamento dos recursos, atividades e produtos,

como é o caso da teoria do programa, são mais adequados para a estratégia de
implementação, monitoramento e avaliação da AIR, posto que o foco maior é nos
elementos que estão “dentro do controle” do regulador.

36
Para a ARR, é oportuno adotar modelos conceituais, como a teoria da mudança,
que expõem com clareza os pressupostos do regulador sobre como a regulação
deveria funcionar.
Em geral, sugere-se que a construção da teoria da mudança seja conduzida em três

etapas, começando pelos resultados.
Etapas para a aplicação da teoria da mudança

Fonte: Elaborado a partir de Phillips e Wyatt Knowlton (2012, p. 22).
Como este item do relatório busca justamente identificar os objetivos pretendidos

para conseguir avaliá-los, sugere-se começar pela regulação que está sendo avaliada.
O conteúdo da regulação deve ser utilizado como ponto de partida e deve ser
associado a:
• documentos de apoio;
• entrevistas com técnicos;
• notícias publicadas em jornais e revistas de grande circulação; e
• literatura técnico-científica.
Esses elementos servem para inferir os objetivos pretendidos e os pressupostos do

regulador sobre como eles seriam atingidos.

Quer um exemplo prático?
Regulação de trânsito.
Freepik (2023).
Pense, por exemplo, em uma regulação de trânsito que determine que motoristas
precisam utilizar farol baixo durante o dia em rodovias.
Imagine que não há qualquer documento anexado ao processo – ou seja, não há

nenhum documento de apoio à decisão que mencione, de forma clara e direta, qual
era o objetivo originalmente pretendido com a regulação.
O uso do farol é a estratégia regulatória adotada. Como não há documento, é possível

recorrer à literatura e identificar que, à época em que foi proposta a regulação,
grande parte dos estudos apontava para os benefícios do uso de farol baixo durante
o dia, em especial a redução no número de acidentes com pedestres e ciclistas,
a redução de acidentes envolvendo outros veículos automotores e a redução de
mortes por acidentes.
Portanto, pensando na aplicação da teoria das mudanças, seria possível organizar a

informação da seguinte maneira.
Exemplo elaborado a partir da notícia publicada no Portal do Trânsito

Fonte: Machado (2021). Elaboração: CEPED/UFSC.

38
Modelos conceituais, como a teoria da mudança, são, idealmente, fundamentados
no melhor conhecimento técnico-científico disponível no momento da tomada de
decisão. Por isso, a (re)construção de um modelo lógico é recomendada nesta etapa
da ARR. Em alguns casos, em especial quando a regulação estiver vigente há muitos
anos, é possível que na (re)construção de sua teoria já se verifique a ausência de
fundamento técnico-científico que possibilite conectar a estratégia adotada ao
resultado pretendido. Esta é uma das finalidades possíveis da ARR, como citado no
Guia de ARR:
A ARR também pode ter outras finalidades, a depender do caso concreto e do

momento em que a avaliação é conduzida. Outros possíveis objetivos da ARR são:
Avaliar se novas descobertas científicas afetam a

base da intervenção regulatória; [...] (GUIA DE ARR,
2022, p.51).
Os elementos iniciais da ARR delimitam o escopo da avaliação. É por meio da

compreensão da regulação, do seu contexto de elaboração e implementação, da
identificação ou resgate dos objetivos pretendidos e da lógica subjacente à regulação
que se pode caminhar para a seção empírica do relatório, que é a “Avaliação dos
Resultados e demais impactos”. Para avaliar um fenômeno, é necessário delimitá-lo
e compreendê-lo primeiro.
conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima!

Referências
ANCINE. Análise de Impacto Regulatório - AIR nº 01-E/2020/DIR-LR. Processo
nº: 01416.003444/2020-30, de 21 de maio de 2020. Brasília, DF: Agência Nacional
do Cinema, 2020. Disponível em: https://antigo.ancine.gov.br/sites/default/files/
consultas-publicas/analise_de_impacto_regulatorio_meia_entrada.pdf. Acesso em: 19
abr. 2023.
ANP - Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. NOTA TÉCNICA

Nº 10/2021/SBQ-CPT-CQC/SBQ/ANP-DF. Assunto: Análise de impacto regulatório -
Especificações Nacionais do Biodiesel (B100). Brasília, DF: Agência Nacional de Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/anp/pt-
br/assuntos/analise-de-impacto-regulatorio-air/arquivos/1607120-especificacoes-
nacionais-do-biodiesel-b100.pdf. Acesso em: 19 abr. 2023.

2020.

KNOWLTON, L. W.; PHILLIPS, C. C. The Logic Model Guidebook Better Strategies for

Great Results. Singapura: SAGE Publications, 2012.
MACHADO, Pauline. Nova lei de trânsito: uso do farol baixo durante o dia em rodovias
vai mudar a partir da semana que vem. Portal do Trânsito & Mobilidade, [s. l.], 7,
abril, 2021. Disponível em: https://www.portaldotransito.com.br/noticias/nova-lei-de-
transito-uso-do-farol-baixo-durante-o-dia-em-rodovias-vai-mudar-em-abril/. Acesso
em: 19 abr. 2023.

abr. 2023.

40
Unidade 3: Tipos de ARR
Ao final dos seus estudos você terá clareza sobre as diferentes abordagens de uma
Avaliação de Resultado Regulatório (ARR).
O Guia de ARR sugere que ao menos três perspectivas podem ser adotadas em
uma ARR.
A primeira é a avaliação de processo, que tem como foco o processo de

implementação de uma regulação.
A segunda é a avaliação de impacto, que se preocupa com a relação de causa

e efeito entre a regulação e o(s) resultado(s) de interesse que está(ão) sendo
avaliado(s).
A terceira e última listada no Guia é a avaliação econômica, que se concentra

nos custos e benefícios associados à regulação.
O Guia também sugere que outras abordagens podem ser adotadas, a depender
do caso concreto. Uma delas é a avaliação executiva, que possibilita traçar um
panorama geral da regulação e identificar possibilidades de aperfeiçoamento
(CASA CIVIL, 2018; MINISTÉRIO DA ECONOMIA; UERJ Reg., 2022).
Outra é a própria avaliação de resultados, como entendida no Guia Prático de

análise ex post da Casa Civil (2018). De acordo com o Guia, a avaliação de resultados
é uma abordagem que estuda de forma exploratória os indicadores relevantes
de uma determinada intervenção, por meio de metodologias tanto quantitativas
como qualitativas. A avaliação de resultados é, portanto, um exercício pontual e
mais abrangente que o monitoramento.
A flexibilidade na escolha da abordagem é uma das diretrizes trazidas pelo Guia

de ARR. Essa recomendação considera que o desenho da ARR deve atender à
sua finalidade pretendida e que o tempo de vigência da regulação pode levar a
conclusões equivocadas sobre o desempenho da regulação, em especial a relação
entre os custos e benefícios observados.
Na prática, as diferentes abordagens que podem ser adotadas em uma ARR variam
principalmente com relação:

Ao que a ARR quer explicar
Ou seja, se a ARR irá analisar indicadores de efetividade da regulação e/ou
outros indicadores de interesse (como a carga administrativa de uma regulação
ou efeitos sobre o comércio internacional, por exemplo).
Isso porque a ARR pode avaliar:
• O(s) objetivo(s) pretendido(s) com a regulação;
• Outro(s) impacto(s) decorrente(s) de sua implementação, como

custos acumulados sobre microempresas e empresas de pequeno
porte, sobre o comércio internacional, criação de barreiras à
entrada, dentre outros.
A que tipo de inferência a ARR poderá fazer

Ou seja, se a ARR buscará avaliar se, e em que medida, determinado
resultado foi causado pela regulação.
Isso porque uma ARR pode ou não ser capaz de atribuir o resultado
avaliado à regulação. O Guia de ARR chama de ARRs descritivas aquelas
avaliações que buscam detectar e descrever padrões nas evidências
coletadas, levantando possíveis explicações sobre o motivo pelo qual a
variável de interesse está apresentando as variações observadas.
Em contrapartida, ARRs atribucionais buscam avaliar se, e em que medida,

a regulação causou um determinado resultado.
Se há diferentes abordagens
para uma ARR, como escolher?
Qual é a abordagem mais
adequada para a minha ARR?
Como escolher a melhor

abordagem para uma ARR?
Freepik (2023).

42
A abordagem mais adequada é aquela que possibilita responder às questões
avaliativas colocadas.
Por exemplo, se uma das perguntas que a ARR busca responder é “a regulação
foi implementada adequadamente?”, a ARR seguirá, ao menos parcialmente, uma
avaliação de processo.
Além disso, uma avaliação econômica ou de impacto pode mostrar-se menos

adequada quando, por exemplo, a ARR precisa ser concluída no terceiro ano de
vigência da regulação, mas o regulador espera que sua intervenção vá gerar benefícios
apenas a partir do quinto ano. Em resumo, a escolha pelo tipo de abordagem possui
relação direta com o que se pretende responder com a ARR.
As perguntas avaliativas, ou seja, as perguntas que a ARR buscará responder são, em

geral, desenhadas no planejamento da avaliação. Para planejar a avaliação e garantir
a sua viabilidade, em termos de tempo, recursos humanos e dados, é importante
que se tenha clareza com relação às perguntas relevantes a serem exploradas e as
fontes de dados disponíveis para a sua avaliação.
Assim, caso o regulador tenha elaborado o plano de ARR, a abordagem terá sido
parcialmente escolhida no planejamento.
Dizemos parcialmente porque:
1 o regulador pode acrescentar ou modificar as perguntas ao longo da avaliação,

motivado pelos achados que obtém ao longo do processo; e
2 a análise pode revelar a impossibilidade de conduzir uma avaliação de impacto.
Para guiar a escolha da abordagem mais adequada para a sua ARR, considere as
seguintes questões:
• É caso de ARR por dispensa de AIR por urgência? Se sim, quais

resultados podem ser observados no momento da avaliação?
• Há evidências de problemas relevantes na implementação da

regulação que possam comprometer a sua efetividade?
• Ainda é razoável esperar, com base nas evidências mais recentes, que
a regulação possa atingir os objetivos pretendidos?
• Quão forte é a relação entre a regulação e o objetivo pretendido?

Refletir sobre essas questões pode auxiliar na escolha da abordagem mais adequada
para o caso concreto. Além disso, mais importante que o enquadramento da ARR
em uma abordagem ou outra é o alinhamento entre a finalidade pretendida, as
perguntas desenhadas, os dados e técnicas de análise utilizadas e as recomendações
possíveis de serem feitas.

44
Referências
2020.

MINISTÉRIO DA ECONOMIA; UERJ REG.. Guia Orientativo para Elaboração de Avaliação

abr. 2023.

Módulo
4 Integrando a Avaliação de
Resultado Regulatório (ARR) na
Rotina Regulatória
Olá! Neste módulo você aprenderá sobre as quatro medidas recomendadas para
integrar a ARR na rotina regulatória e observará alguns exemplos de implementação.
Você também irá reconhecer a importância de elaborar um plano para uso e
disseminação dos resultados da avaliação.
Unidade 1: Processo Regulatório e a ARR

Ao final dos seus estudos você conseguirá reconhecer as possibilidades de integração

da ARR na rotina regulatória do órgão.
Agora você verá como introduzir a ARR na rotina do seu órgão ou entidade e refletirá
sobre por que isso é importante.
O Guia de ARR sugere quatro medidas para facilitar a integração da ARR na rotina
regulatória de um órgão ou entidade.
São elas:
• Medida 1: Definir a(s) área(s) responsável pela condução da ARR;

• Medida 2: Desenvolver mecanismos de micro gestão das ARRs;
• Medida 3: Desenvolver mecanismos de macro gestão das ARRs; e
• Medida 4: Disponibilizar recursos para suprir a demanda por ARRs.
A definição das competências (medida um) e procedimentos (medida dois) são um

primeiro passo necessário para a internalização da ARR.

46
Em primeiro lugar, é preciso indicar qual área será responsável pela elaboração e
divulgação da Agenda de ARR e do relatório de ARR. Em segundo lugar, é importante
que o processo interno esteja claro para as áreas envolvidas.
Estas duas medidas buscam responder às seguintes perguntas:
Qual é a área ou unidade

responsável pela elaboração
da ARR no órgão?
Quais são as etapas do

processo da ARR?
Como será o acompanhamento

de cada ARR?
Etapas do processo da ARR?

Freepik (2023).
Vejam, a seguir, dois exemplos de definição de competências e procedimentos feitos

por agências reguladoras federais.
Definição de competências e procedimentos

Fonte: Aneel (2021) e Anvisa (2021). Elaboração: CEPED (2023).

Tanto na Aneel como na Anvisa, a responsabilidade pela condução da ARR foi
atribuída à unidade organizacional responsável pela matéria. No caso da Anvisa, há
ainda a previsão de acompanhamento e apoio técnico e metodológico pela unidade
organizacional de melhoria da qualidade regulatória.
Com relação à definição do processo, observe na figura a seguir o exemplo da Anvisa.
Processo de ARR na Anvisa.

Fonte: Elaboração própria a partir de Anvisa (2021). Elaboração: CEPED (2023).
Na Anvisa, o processo foi dividido em 06 etapas, que vão desde a inclusão do

instrumento regulatório na Agenda de M&ARR à divulgação dos resultados da ARR.
Para cada etapa, são sugeridos os conteúdos e/ou procedimentos adequados. Por
exemplo, a realização da ARR deve conter a análise e avaliação dos dados obtidos
no monitoramento. A condução do monitoramento, por sua vez, deve compreender
a coleta periódica de indicadores definidos no Plano de Monitoramento e Avaliação
de Resultado Regulatório (Plano de M&ARR). Ou seja, além de estruturar o processo
de ARR em 06 etapas, a agência define como cada etapa deve ser executada.
A Anvisa também prevê o acompanhamento individual das ARRs. Na agência,

cabe à unidade organizacional responsável pela promoção de ações de melhoria
da qualidade regulatória acompanhar os processos de AIR e ARR, prestando apoio
técnico e metodológico às unidades organizacionais responsáveis por sua condução.
Além disso, a agência também previu a contratação ad hoc de estudos para subsidiar
a ARR, quando for necessário.

48
Nesse sentido, é importante lembrar a recomendação da OCDE (2020) para que
reguladores considerem uma avaliação independente quando o tema objeto da ARR
for “sensível” e/ou os impactos socioeconômicos forem elevados.
Destaca-se que isso deve ocorrer apenas nos casos em que a relevância da matéria
justifique os custos a serem despendidos com a avaliação. Segundo a organização,
na maioria dos casos, é adequado que as avaliações sejam conduzidas pelos órgãos
que detém responsabilidade pelo tema, posto que possuem maior conhecimento
do assunto, familiaridade com o histórico da regulação e habilidades técnicas para
conduzir avaliações a um custo relativamente baixo.
A terceira medida recomendada pelo Guia de ARR é o desenvolvimento de mecanismos

de macrogestão das ARRs. Macrogestão diz respeito às práticas que buscam a adequada
condução e uso da ARR no ciclo regulatório. Essas práticas estão relacionadas ao
planejamento das etapas anteriores e posteriores da avaliação, como a elaboração
de um plano de ARR e de um plano de uso e disseminação dos resultados.
Mas, uma vez concluído o

relatório, o que fazer com ele?
O que fazer com o relatório concluído?

Freepik (2023).
O Guia de ARR ratifica a importância desta etapa, enfatizando que o “o valor das
avaliações é alcançado por seu uso e pela influência de seus resultados na tomada
de decisão dos reguladores e de outros agentes relevantes [...]”. Os resultados
obtidos podem trazer subsídios não apenas para a regulação sob análise, mas para
outras regulações que busquem modificar o comportamento dos mesmos atores
ou que utilizem instrumentos similares, cujo aprendizado possa ser compartilhado.
O Guia também sugere a elaboração de um plano de uso e disseminação dos

resultados, que pode incluir respostas às seguintes perguntas:

Essa pergunta serve para:
Plano de uso e disseminação dos resultados.

Fonte: Elaboração própria a partir de Ministério da Economia e UERJ Reg. (2021). Elaboração: CEPED (2023).
Um aspecto de macrogestão a ser considerado é a submissão da ARR à deliberação da

diretoria colegiada e/ou autoridade máxima do órgão regulador. Ao mesmo tempo
em que essa decisão impõe um custo sobre o órgão e pode atrasar a divulgação
da ARR, a ciência da alta administração com relação aos resultados encontrados é
importante no seu efetivo uso e na integração do aprendizado ao ciclo regulatório.
Quer ver um exemplo de desenho de macrogestão da ARR?

50
Exemplo de Macrogestão de ARR.
Fonte: Ministério da Economia (2021).

Observe como o modelo de governança da ARR elaborado pelo Ministério da Economia
identifica claramente os principais atores internos envolvidos e a distribuição de
responsabilidades ao longo da condução da ARR. O documento também prevê o “pós-
ARR”, ou seja, o que se espera que aconteça uma vez concluído o relatório de ARR.
O documento pode ser acessado também aqui.
Por fim, a quarta e última medida recomendada se refere aos recursos necessários
para conduzir uma ARR. Como reforça a OCDE, as avaliações devem ser proporcionais
e adequadas ao objetivo pretendido, uma vez que elas têm um custo.
Como já mencionado, para temas sensíveis e/ou de alto impacto, há a necessidade

em prever recursos suficientes para realizar análises rigorosas – e independentes –
e amplos processos de participação social.
Para as demais regulações, pode-se prever a necessidade de recursos a ser suprida

internamente. A recomendação da OCDE é que as áreas responsáveis disponham
de previsões orçamentárias explícitas para as ARRs.

52
Referências
ANVISA - AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Portaria nº 162, de 12 de
março de 2021. Dispõe sobre as diretrizes e os procedimentos para a melhoria da
qualidade regulatória na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Brasília,
DF: Ministério da Saúde/Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2021. Disponível
em: http://antigo.anvisa.gov.br/documents/10181/6242211/PRT_162_2021_.
pdf/43a711e9-4d53-4496-afc5-6eb3d7287a07. Acesso em: 19 abr. 2023.
ANEEL - AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Resolução Normativa Aneel

nº 941, de 6 de julho de 2021. Aprova a revisão da Norma de Organização ANEEL
no 40, de 12 de março de 2013, que dispõe sobre a realização de Análise de Impacto
Regulatório (AIR) no âmbito da Agência. Brasília, DF: Agência Nacional de Energia
Elétrica, 2021. Disponível em: https://www.editoraroncarati.com.br/v2/Diario-Oficial/
Diario-Oficial/RESOLUCAO-NORMATIVA-ANEEL-N%C2%BA-941-DE-06-07-2021.html.
Acesso em: 19 abr. 2023.

2020.

MINISTÉRIO DA ECONOMIA; UERJ REG.. Guia Orientativo para Elaboração de Avaliação

abr. 2023.
OECD. Regulatory Impact Assessment. In: OECD. OECD Best Practice Principles for
Regulatory Policy. Paris: OECD Publishing, 2020. [s.p.]. Disponível em: https://doi.
org/10.1787/7a9638cb-en. Acesso em: 19 abr. 2023.

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