Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução
Machado (2012) destaca que o nível de qualidade que se almeja alcançar com um produto
deve estar conforme com o mercado pretendido. Sendo que um produto com qualidade deve
mostrar um desempenho que reúna: durabilidade, confiabilidade, precisão, facilidade de
operação e manutenção. Logo, produtos com alta qualidade geram uma vantagem competitiva
com a redução dos custos de retrabalho, devoluções, descarte e reclamações. E,
consequentemente, garantem consumidores satisfeitos na maioria, ou até, em todos os casos
(SLACK, 2006).
Entretanto, dada à série de variáveis incluídas no processo, desde a concepção do produto até
a sua produção final, é impossível garantir um procedimento totalmente conforme, assim, as
empresas geram resultados indesejados. Deste modo, existe uma série de métodos e
ferramentas para garantir a identificação das oportunidades de melhoria e solução dos
problemas. Um método muito utilizado, segundo Werkema (2006), é o Método de Análise e
Solução de Problemas (MASP) baseado no ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act), que atua
rastreando as causas primárias e secundárias, identificando a causa raiz e, por fim,
solucionando os problemas. Garantindo, assim, o alcance de objetivos e metas com base em
dados coletados e comprovados durante toda a análise da situação.
2. Conceito de qualidade
Ao longo dos anos, a qualidade foi conceituada de diversas formas, em que cada definição é
relacionada a diferentes aspectos e contextos. Carpinetti (2012) citando trabalhos de Shiba,
Grahan e Walden (1993) diz que a evolução desse conceito passou pelos seguintes estágios:
1.) adequação das especificações; 2.) adequação do uso; 3.) adequação ao custo e 4.)
adequação aos requisitos latentes. Segundo Carpinetti (2012), Juran propôs a metodologia
denominada Trilogia de Controle da Qualidade que se tratatava de um processo cíclico de
gerenciamento composto de Planejamento, Controle e Melhoria da Qualidade. Deming, por
sua vez, juntamente com Walter Shewhart criou o ciclo Deming-Shewhart ou, como se tornou
mundialmente conhecido, ciclo P(Plan), D(Do), C(Control) e A(Act).
Assim, teve uma série de outros estudiosos sobre o assunto, em que cada um fundou o seu
próprio conceito e filosofia sobre a qualidade, de forma a buscar tornar a definição da
qualidade algo simples e abrangente a todos os níveis da organização. Uma explicação atual e
que integra todas estas definições ao longo dos anos encontra-se na Figura 1, que caracteriza o
conceito de Gestão da Qualidade Total (RIBEIRO, 2018).
Nota-se que a qualidade não é apenas a ausência de defeitos. Logo, fabricar um produto
totalmente sem defeitos, mas com alto valor agregado não irá gerar vendas, da mesma forma
que, um produto com defeitos ou não adequado ao uso também não será aceitável, mesmo que
o seu preço seja o mais baixo do mercado (ABQ, 2015).
Segundo Bauer et. al. (2006), as ferramentas da qualidade começaram a ser desenvolvidos por
Shewhart e Deming entre as décadas de 30 e 40. Entretanto, foi com a sua utilização pelos
japoneses a partir de 1960, amparado pelos estudos da Kaoru Ishikawa, que as ferramentas
foram difundidas e resultaram no conjunto de sete ferramentas básicas do controle de
qualidade.
Para Campos (1992), no Brasil dá-se muita ênfase nas ferramentas e pouca importância ao
método, gerando ótimos conhecedores do ferramental, mas que não conseguem utiliza-los em
conjunto. As ferramentas da qualidade podem ser utilizadas em diferentes propósitos e em
vários estágios no processo de solução de problemas.
A folha de verificação é uma ferramenta utilizada para quantificar a frequência com que
alguns eventos ocorrem em determinado período de tempo. Sendo constituída de formulários
previamente planejados, em que os dados coletados são preenchidos de forma clara e concisa
garantindo uma rápida interpretação da situação (ROTH, 2004). As folhas de verificação
podem ser de quatro tipos, dentre eles:
O Princípio de Pareto estabelece que a maior parte das perdas decorrentes dos problemas
relacionados à qualidade é advinda de alguns poucos mas vitais problemas. Deste modo, entre
todas as causas de um problema, algumas poucas são as grandes responsáveis pelos efeitos
indesejáveis do problema. Logo, se forem identificadas as poucas causas vitais dos poucos
problemas vitais enfrentados pela empresa, será possível eliminar quase todas as perdas por
meio de um pequeno número de ações (CARPINETTI, 2012).
Segundo Roth (2004), este gráfico atua coletando os dados, listando-os na ordem decrescente
e ilustrando-os em um gráfico que lista as quantidades em unidades e porcentagem
acumulada. Esta disposição do gráfico permite uma rápida visualização da maior parte das
causas, em que geralmente 80% dos problemas estão em 20% das causas, proporcionando,
assim, o início da construção de soluções.
2.1.3. Brainstorming
A ideia básica da ferramenta de Brainstorming é reunir um grupo de pessoas com um tema em
comum e obter a maior quantidade de ideias possíveis, sem a ocorrência de sugestões ou
críticas durante a sua exposição, para posteriormente ser realizado o julgamento. Logo, esta
ferramenta não determina uma solução, mas propõe muitas outras (ROTH, 2004).
Segundo Roth (2004), esta disposição permite a atuação de modo mais específico e
direcionado no detalhamento das causas possíveis. Em que, dependendo da complexidade do
diagrama, podem-se desdobrar algumas causas em um novo e mais aprofundado diagrama a
fim de permitir uma abordagem mais minuciosa.
2.1.5. Fluxograma
2.1.6. 5W1H
Segundo Junior et. al. (2010), o 5W1H é uma forma de identificar as ações e as
responsabilidades, através de questionamentos que auxiliam na definição das ações a serem
realizadas. Esta ferramenta é utilizada principalmente no mapeamento e padronização de
processos, na elaboração de planos de ação e no estabelecimento de procedimentos associados
a indicadores. É de cunho basicamente gerencial e busca o fácil entendimento através da
definição de responsabilidades, métodos, prazos, objetivos e recursos associados. Segundo
Roth (2004), a ferramenta deve ser estruturada para permitir uma rápida identificação dos
elementos necessários à implantação do projeto, que são:
O ciclo PDCA para melhorar os resultados é colocado em prática pelo QC-Story, conhecido
no Brasil por MASP – Método de Análise e Solução de Problemas. Ele deve ser realizado
quando há o estabelecimento de uma nova diretriz de controle e novos níveis de controle, ou
seja, quando se chega à conclusão de que a organização possui um problema que precisa ser
resolvido (CAMPOS, 1992).
Com intuito de melhorar os resultados utiliza-se o MASP para garantir a resolução dos
problemas e criação de uma padronização, que será independente das pessoas envolvidas
garantindo a mesma qualidade no produto final.
3. A Empresa
Quanto à sua produção dos equipamentos de solda, a principal matéria prima utilizada em seu
processo produtivo são as chaparias de aço. Esta matéria prima é utilizada para caracterizar,
servir de apoio e garantir resistência aos equipamentos, sendo utilizada nas tampas, laterais,
para dar suporte a cilindros de gás e transformadores entre outras aplicações (Figura 4).
Desta forma, com base na Tabela 1 foi possível traçar o Diagrama de Pareto, conforme a
Figura 7.
Figura 7 – Diagrama de Pareto
Conforme Diagrama de Pareto a principal causa, que representa 68% das ocorrências de falta
de chaparias na produção é a falta de cumprimento de prazos pelo fornecedor de chaparias.
5. Análise do problema
Relacionados diretamente a entrega das matérias primas e as suas condições têm-se quatro
setores: Sourcing, Qualidade, Supply Chain e Almoxarifado, conforme o fluxograma da
Figura 8.
Este é um ponto de destaque, visto que a empresa possui um único fornecedor para estas
chaparias, tornando-se refém dos prazos de execução do fornecedor. Prazos estes que estão
sujeitos a um fornecedor com pequena capacidade de estoque, equipe com alta rotatividade,
falta de espaço para pintura das peças no próprio fornecedor devendo esta ser realizada fora e
depois entregue de volta ao fornecedor, sistema limitado de controle dos pedidos e com
poucos equipamentos.
6. Plano de ação
Com base na análise nota-se que o principal fator do alto lead time das chaparias é a
existência de um único fornecedor para a empresa. Dentro de uma visão estratégica, o
conceito de Compras, segundo Neves e Hamacher (2004), é entendido como um processo de
identificação, avaliação, negociação e contratação das fontes de fornecimento para produtos
necessários para o funcionamento da organização, visando maximizar os resultados dentro de
um cenário competitivo. Deste modo, o envolvimento do setor de Sourcing na solução do
problema é altamente estratégico pois deverá ser analisado o impacto deste fornecedor no
produto final da empresa.
Assim, utilizando a ferramenta 5W1H foi elaborado um plano de ação com o intuito de
fornecer informações para eliminar o problema principal do estudo. Através da Tabela 2 é
possível visualizar todo roteiro de execução:
Tabela 2 – Plano de Ação
7. Considerações finais
Este artigo teve como objetivo analisar a falta de chaparias de aço no processo produtivo de
uma empresa de soldagem e corte pela aplicação da etapa PLANEJAR do Método de Análise
e Solução de Problemas. O método possibilitou a identificação do problema, a análise e
realização de um plano de ação com base na coleta de dados e uso de ferramentas da
qualidade, tais como: folha de verificação, diagrama de Ishikawa, gráfico de Pareto entre
outras.
Foi observado que a empresa não apresentava uma estratégia de compras adequada para o
item chaparia de aço com a dependência de um único fornecedor que não cumpre os prazos e
tem alto impacto no produto final. Quando o fornecedor não atendia o acordado, a empresa
não conseguia seguir com seu planejamento de produção e entregar os produtos dentro do
prazo esperado pelo cliente. Assim, o plano de ação visa propor alternativas que garantissem
uma segurança à empresa seja pelo desenvolvimento de mais um fornecedor e o
monitoramento do atual contrato de fornecimento.
É recomendada uma análise mais aprofundada a respeito das chaparias de aço, visto que são
itens críticos que representam a mais volumosa matéria prima dos equipamentos e é a mais
instável devido as extremas exigências de qualidade quanto a não possuir empenos, furos
inadequados, dobras erradas, corrosão ou qualquer fator que prejudique o seu uso final. Logo,
as propostas sugeridas neste estudo procuram solucionar o problema respeitando a gestão
atual e instituída na empresa, mas outra alternativa que dever analisada diz respeito à
produção interna destas chaparias. A revisão na estratégia de compra pela empresa faz-se
necessário já que a o item chaparia tem grande impacto no produto final e tem demonstrado a
vulnerabilidade do comprador frente ao vendedor e deste modo, deve-se ser definido a relação
entre custo e risco para a produção interna e produção externa deste material.
REFERÊNCIAS
Associação Brasileira de Qualidade (ABQ). Contribuições acadêmicas à qualidade. 2015. Disponível em: <
http://www.abqualidade.org.br/artigos-destaque-abq.php?id=44>. Acesso: em 04 de maio de 2018.
BAUER, J.E.; DUFFY, G.L.; WESTCORT, R, T. The Quality Improvement Handbook. EUA: ASQ, 2006.
CARPINETTI, Luiz Cesar Ribeiro. Gestão da Qualidade: Conceitos e Técnicas. São Paulo: Atlas, 2012.
Escola Nacional de Administração Pública (ENAP). Análise e Melhoria de Processos Metodologia MASP.
2015. Disponível em: < http://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/2174/1/MASP%20-
%20M%C3%B3dulo%20%281%29.pdf >. Acesso: em 05 de maio de 2018.
JUNIOR, I.; CIERCO, A. A.; ROCHA, A. V.; MOTA, E. B.; LEUSIN, S. Gestão da Qualidade. Rio de
Janeiro: FGV, 2010.
MACHADO, Simone S. Gestão da qualidade. Inhumas: IFG. Santa Maria: Universidade Federal de Santa
Maria. 2012.
NEVES, Lincoln Wolf de Almeida; HAMACHER, Sílvio. O processo de compras e a logística integrada.
Revista Tecnologística: Publicare Editora (São Paulo), pp.145-145, jun. 2004
RIBEIRO, Clariana. Tudo que você precisa saber sobre a gestão da qualidade total de modo que nunca
mais irá esquecer. Disponível em: < http://blog.maxieduca.com.br/gestao-qualidade-total/>. Acesso: em 04 de
maio de 2018.
ROTH, ANA LUCIA. Dissertação: Metódos E Ferramentas De Qualidade. FACCAT, Taquará, 2004.
SLACK, N. et al. Administração da Produção. 1. Ed. São Paulo: Atlas, 2006.
WERKEMA, Maria C.C. Ferramentas estatísticas básicas para o gerenciamento de processos. Belo
Horizonte: Werkema Editora, 2006.