Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo: este artigo visa mostrar a necessidade de adequar as organizações ao cenário glo-
bal atual, relacionado às questões de competitividade, ambientais e sociais que têm afetado
significativamente a maneira de agir das empresas. O objetivo geral é analisar a viabilidade
de implementação de um Sistema de Gestão Integrado (SGI) entre as normas de gestão e
identificar as dificuldades e benefícios que podem proporcionar as organizações que possu-
em dois ou mais sistemas de gestão que podem ser integrados a um único procedimento.
Através da literatura, alguns pontos positivos e negativos foram identificados para a imple-
mentação de um SGI. Dessa forma, a busca por uma unificação dos sistemas de gestão per-
mite um processo de tomada de decisões mais claro e eficiente, facilitando o desenvolvimento
de um sistema de gestão integrado, transparente e consistente. Conclui-se que a implantação
de um SGI é viável e as vantagens da integração de sistemas de gestão tornam o processo de
interação entre as normas uma regra para as empresas que, cada vez mais, sentem a necessi-
dade de implementar diferentes sistemas de gestão para atender a requisitos de diversas par-
tes interessadas.
1 INTRODUÇÃO
O mundo está passando por muitas transformações no cenário social, político e econômi-
co. A globalização entre os países é uma alavancadora deste processo e a livre concorrência
faz as empresas apostarem na implementação de novas normas de gestão.
As normas de gestão podem promover a sustentabilidade, permitindo ao mesmo tempo, a
sobrevivência das empresas em mercados exigentes, a geração de empregos, de renda e a mu-
dança dos padrões de produção e consumo da sociedade. Precisa-se saber usar normas e en-
tender os diferenciais positivos das indústrias. Assim, esta pesquisa parte da seguinte pergun-
ta: Quais os impactos da implantação de um Sistema de Gestão Integrado?
De acordo com Chaib (2005) alguns dos aspectos positivos para implantação de um SGI
podem ser: diferencial competitivo, fortalecimento da imagem no mercado e nas comunida-
des, prática da excelência gerencial por padrões internacionais de gestão, atendimento às de-
mandas do mercado e da sociedade em geral, melhoria organizacional; reconhecimento da
gestão sistematizada por entidades externas, maior conscientização das partes interessadas,
atuação pró-ativa, evitando-se danos ambientais e acidentes no trabalho, melhoria do clima
organizacional, maior capacitação e educação dos empregados, redução do tempo e de inves-
timentos em auditorias internas e externas.
Conforme Souza e Cutrim (2014) dentre os aspectos negativos para a implementação de
um SGI estão a conscientização, o nível cultural e educacional e o nivelamento da percepção
de risco, todos esses fatores relacionados ao fator humano.
Os avanços tecnológicos estão evoluindo de forma acelerada e o desenvolvimento de uma
organização depende do quanto ela está preparada para estas mudanças. Em conjunto com o
desenvolvimento tecnológico, existe a preocupação dos impactos para as gerações futuras
caso não sejam tomadas ações necessárias nos dias atuais, principalmente relacionado ao
bem-estar das pessoas e suas relações com o meio ambiente. Os gestores precisam se preocu-
1
Pós-graduando em Engenharia da Qualidade pelo Centro Universitário SOCIESC - UNISOCIESC. E-mail:
aurelio.torquato@gmail.com
2
Professor nos cursos de graduação e pós-graduação do Centro Universitário SOCIESC - UNISOCIESC. E-
mail: simone.angelica@sociesc.com.br
par não só com a qualidade dos produtos, mas com o bem-estar dos funcionários, sua saúde e
segurança e proporcionar um ambiente harmonioso.
Os gestores estão sendo cada vez mais pressionados para reduzir custos, atender aos re-
quisitos da qualidade dos produtos, melhorar o atendimento as partes interessadas no negócio
e ser flexíveis para as novas tecnologias que o mercado exige (CERQUEIRA, 2006). O custo
para manter estes sistemas separados é alto, portanto, na busca por redução destes custos as
organizações estão buscando a implantação de um Sistema de Gestão Integrado (SGI).
O objetivo geral deste artigo é analisar a viabilidade de implantação de um sistema de
gestão integrado entre as normas ISO 9001, ISO 14001, OHSAS 18001 e SA 8000 nas orga-
nizações de bens e serviços que possuem um ou mais sistemas de gestão. Para atingir o obje-
tivo geral, formularam-se os seguintes objetivos específicos: conceituar o SGI; apresentar as
normas de Gestão; identificar os requisitos e as similaridades entre as normas; e identificar a
viabilidade de implantação.
A metodologia empregada neste artigo é uma pesquisa de caráter descritivo, com pesqui-
sa bibliográfica sobre o tema, e a estratégia será identificar os benefícios e as mudanças que
poderão ocorrer nas organizações que desejam implantar o SGI.
As normas de sistema de gestão do futuro serão baseadas no anexo SL com o texto prin-
cipal idêntico, bem como termos e definições comuns. A estrutura de alto nível não possa ser
modificada, mas podem ser acrescentadas subcláusulas e texto específico para a disciplina. A
estrutura de alto nível também ajudará os auditores de sistema de gestão, pois, utilizarão um
conjunto principal de requisitos genéricos através de setores de indústria e disciplinas (BSI,
2015a).
A norma ABNT NBR ISO 9001 trata dos requisitos dos sistemas de gestão da qualidade e
conforme Cerqueira (2006) foi elaborada a partir de um conjunto de premissas que não eram
cumpridas pelos gestores, tais como: o não monitoramento e controle dos processos, não con-
formidades aparentes sem atuação na causa do problema, falta de conhecimento de como es-
tava a qualidade e produtividade por toda a organização, falta de comprometimento em aten-
der os requisitos dos clientes e regulamentares relacionado ao produto, falta de treinamento
para realização das tarefas, os processos não eram executados com previsão de resultados, são
algumas das evidências encontradas para elaboração da norma.
Pode ser uma decisão estratégica para uma organização melhorar seu desempenho global
e prover uma base sólida para o desenvolvimento sustentável. Por meio de princípios que bus-
cam avaliar: o foco no cliente, a liderança, o engajamento das pessoas, a abordagem por pro-
cessos, a melhoria, a tomada de decisões baseada em evidências e a gestão de relacionamento
(Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), 2015a). A norma especifica os requisi-
tos necessários para a implantação, acompanhamento de processo de produção e de satisfação
do cliente em termos de prevenção quanto a não conformidades em todas as etapas de elabo-
ração do produto, tendo como base principal a melhoria contínua da organização.
A ABNT NBR ISO 9001 utiliza o ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Action), como base pa-
ra a implantação do sistema de gestão da qualidade em todos os processos. A figura 2 ilustra
como as seções 4 a 10 da norma podem ser agrupadas utilizando o PDCA.
Figura 2: Representação da estrutura da norma ABNT NBR ISO 9001 no ciclo PDCA
Por meio do PDCA, a organização pode realizar a abordagem por processos interagindo
entre eles de acordo com a política da qualidade e a estratégia definida pela alta direção. A
abordagem por processos proporciona entendimento e consistência para atender os requisitos,
o valor agregado dos processos, atingir o desempenho em cada processo para que se torne
eficaz e melhorar os processos por meio da avaliação e dados de informações (ABNT, 2015a).
Os requisitos da ABNT NBR ISO 9001 são focados na eficácia do sistema de gestão da
qualidade e não incluem nenhum outro requisito relacionado à gestão ambiental, com a gestão
de segurança e saúde do trabalho, com a gestão de responsabilidade social ou com qualquer
outro sistema de gestão, porém, a sua estrutura permite construir um SGI com estas normas de
gestão.
Diferente da norma de sistema de gestão da qualidade que aplica o PDCA nos processos,
a ABNT NBR ISO 14001 utiliza a abordagem por sistemas que se caracterizam com os obje-
tivos de proteger o meio ambiente por meio da prevenção ou mitigação dos impactos ambien-
tais, mitigar os efeitos das condições ambientais na organização, auxiliar no atendimento aos
requisitos legais, aumentar o desempenho ambiental, controlar o ciclo de vida dos materiais
(fabricação, distribuição, consumo e descarte), alcançar os objetivos financeiros para imple-
mentar novas melhorias ambientais e a comunicação às partes interessadas (ABNT, 2015b).
A maioria das organizações atua em suas operações por meio da aplicação de um sistema
de processos e respectivas interações, o que pode ser designado como a abordagem por pro-
cessos. Para a SST, o ciclo PDCA pode ser aplicado a todos os processos, e no planejamento,
a organização deve estabelecer os objetivos e os processos necessários para atingir os resulta-
dos de acordo com a política de SST. O próximo passo é a execução dos processos definidos
no planejamento. A seguir, a fase mais importante do ciclo é a verificação, na qual deve ser
realizado o monitoramento e a medição dos processos de acordo com a política, objetivos,
requisitos legais e outros requisitos, relatar os resultados. E por último, empreender as ações
para melhorar continuamente o desempenho da SST (BSI, 2007).
A norma OHSAS 18001 está sendo substituída pela norma ISO 45001 que é uma norma
baseada no Anexo SL. Esta nova estrutura ajuda a manter a consistência, alinha diferentes
normas de sistema de gestão, oferece sub-cláusulas correspondentes em relação à estrutura de
alto nível e aplica uma linguagem comum a todos as normas (BSI, 2015b). A figura 5 ilustra
como as cláusulas 4 a 10 se agrupam em relação ao ciclo PDCA.
Figura 5: Modelo de gestão da ISO 45001
Com a nova norma implantada, as organizações terão facilidade para incorporar o sistema
de gestão SST em todos os processos obtendo um maior envolvimento da alta administração,
pois, traz a gestão de saúde e segurança ocupacional e a melhoria contínua para o centro de
uma organização.
3 IMPLEMENTANDO UM SGI
Com a crescente pressão para que as organizações racionalizem seus processos de gestão,
várias delas veem no SGI uma excelente oportunidade para reduzir custos relacionados, por
exemplo, à manutenção de diferentes estruturas de controle de documentos, auditorias, regis-
tros, dentre outros (CHAIB, 2005).
Uma organização para garantir a execução correta das ações e atingir os resultados pre-
vistos necessita ser sustentado por uma política, definindo o seu compromisso com a qualida-
de, meio ambiente, segurança e saúde ocupacional. A organização deve manter as condições
de trabalho dos colaboradores em um ambiente seguro, saudável e produtivo, sendo que a
política a ser adotada será por meio de planos de ações e estratégias realizadas com os colabo-
radores por meio de treinamentos e capacitação (EDUARDO, 2012).
Calixto e Quelhas (2005) alegam que a adoção de um SGI é uma maneira de reduzir gas-
tos com manutenção, programas de ações e desenvolvimentos de sistemas separados, por
exemplo, se uma organização possui o sistema de gestão da qualidade implantado e precisa
implantar outro sistema de gestão, poderá otimizar os recursos disponíveis para unificar do-
cumentos em um mesmo procedimento. Chiavenato (2000 apud CHAIB, 2005, p. 10) concei-
tua o SGI como sendo “um conjunto de dados interdependentes, cujo resultado obtido com a
soma de todos os processos aplicados é maior que se estivem atuando separadamente”.
Para Chaib (2005), conforme as características da empresa que está implementando o
SGI, diferentes caminhos podem ser percorridos durante as etapas de implementação. Diver-
sos fatores influenciam na decisão de como a mesma será conduzida, como a existência ou
não de sistemas de gestão já implantados, sejam quais for, a cultura de gestão em vigor na
empresa, o planejamento da direção, considerando objetivos, prazos e motivações. Os recur-
sos financeiros e humanos também têm grande influência neste processo.
Cerqueira (2006) propõe uma estrutura para o plano de implementação do SGI, que inicia
com os (1) objetivos do SGI, (2) a pesquisa dos documentos de referência, (3) definições e
siglas, (4) escopo do SGI, (5) realizar os treinamentos necessários aos colaboradores envolvi-
dos, (6) definir autoridades e responsabilidades, (7) realizar a estrutura da documentação do
SGI, (8) etapas de implementação, (9) avaliação do processo de implementação e (10) crono-
grama de atividades.
Cerqueira (2006) ressalta ainda que este planejamento deve ser realizado de forma parti-
cipativa por um colegiado de pessoas que pode ser denominado Conselho ou Comitê de Ges-
tão, sendo importante ter diretrizes a serem cumpridas em todos os níveis da organização. É
imprescindível o acompanhamento das ações ao longo de todo o processo de implantação do
SGI, tomando as ações corretivas em todos os desdobramentos quando necessário, para evitar
problemas futuros.
4 CONCLUSÃO
Realizou-se por meio deste artigo, uma pesquisa bibliográfica para mostrar os benefícios
e as dificuldades para a implementação de um Sistema de Gestão Integrado em qualquer or-
ganização que possuem dois ou mais sistemas de gestão.
O anexo SL desenvolvido pela ISO que tem o propósito de estruturar as novas normas e
revisar as existentes para os termos e definições comuns, pode ser a oportunidade que as or-
ganizações estavam aguardando, pois, a principal expectativa é a compatibilidade entre as
normas de gestão e como facilitará a implementação de um SGI.
Conclui-se que é viável para uma organização implementar um SGI entre dois ou mais
sistemas de gestão, pois, possibilita agrupar os requisitos em comum que cada norma de ges-
tão apresenta. As dificuldades encontradas estão ligadas diretamente ao fator humano como
conscientização e treinamentos. A implantação e manutenção, seguidas de uma política ade-
quada de um Sistema de Gestão Integrado pode ajudar as empresas que sentem a necessidade
de cada vez mais melhorar o seu desempenho perante os requisitos dos investidores, clientes e
outras partes interessadas.
REFERÊNCIAS
ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 9001: 2015 – Sistema de ges-
tão da qualidade – Requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015a.
ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14001: 2015 – Sistema de ges-
tão ambiental – Especificações e diretrizes para uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2015b.
BSI (São Paulo). Apresentando o anexo SL: A nova estrutura de alto nível para todas as
normas de sistema de gestão do futuro. 2015a. Disponível em: <http://www.bsigroup.com>.
Acesso em: 06 nov. 2016.
BSI (São Paulo). Guia DIS/ISO 45001: Compreendendo a nova norma internacional para a
saúde e segurança no trabalho. 2015b. Disponível em: <http://www.bsigroup.com>. Acesso
em: 06 nov. 2016.
CERQUEIRA, Jorge P.. Sistemas de Gestão Integrados. 1ª ed. Rio de Janeiro. Qualitymark,
2006.
CERQUEIRA, Jorge P.; MARTINS, Marcia C.. Auditorias de Sistemas de Gestão ISO
9001 – ISO 14001 – OHSAS 18001 – ISO/IEC 17025 – SA 8000 – ISO 19011. Rio de Ja-
neiro, 2005.
ROSA, Germano Mendes; TOLEDO, José Carlos de. A nova estrutura de alto nível das
futuras normas ISO: expectativas de seu impacto no processo de integração de sistemas de
gestão. 2015. 11 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia de Produção, V Congresso Brasi-
leiro de Engenharia de ProduÇÃo, Ponta Grossa, 2015. Disponível em:
<www.aprepro.org.br/conbrepro/2015/down.php?id=1203&q=1>. Acesso em: 06 nov. 2016.
SOUSA, Fabiano Monteles; CUTRIM, Sergio Sampaio. Análise do sistema de gestão inte-
grado de uma empresa do setor de armazenagem e distribuição combustíveis. 2014. Dis-
ponível em: <http://www.simpoi.fgvsp.br>. Acesso em: 28 nov. 2016.
Abstract: this article aims to show the need to adapt organizations to the current global sce-
nario, related to competitiveness, environmental and social issues that have significantly af-
fected the way companies act. The overall objective is to analyze the feasibility of implement-
ing an Integrated Management System (IMS) between management standards and identify the
difficulties and benefits that can be provided by organizations that have two or more man-
agement systems that can be integrated into a single procedure . Through the literature, some
positives and negatives have been identified for the implementation of an SGI. In this way, the
search for a unification of the management systems allows for a clearer and more efficient
decision-making process, facilitating the development of an integrated, transparent and con-
sistent management system. It is concluded that the implementation of an SGI is feasible and
the advantages of integrating management systems make the process of interaction between
standards a rule for companies that increasingly feel the need to implement different man-
agement systems To meet the requirements of various stakeholders.