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09/11/2015 Revista 

Meio Filtrante:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

Data da impressão: 9/11/2015 08:38:26

A tecnologia dos filtros para salas limpas

Pode­se dizer que sala limpa é aquela que contém sistema de manutenção da qualidade do ar interior, apresentando
os níveis de contaminantes e particulados dentro dos limites estabelecidos pelas normas para a atividade exercida.
Mesmo que todos os fatores ligados ao conforto e segurança de uma sala limpa ainda não sejam completamente
conhecidos, a limpeza está diretamente influenciada pela temperatura, umidade, movimentação do ar, bem como a
radiação térmica proveniente das áreas ao redor. Odor, poeira e ruído são fatores adicionais que podem causar um
sentimento de desconforto. No projeto de sistemas é preciso manter estas variáveis dentro dos limites especificados,
tanto para o consumidor como para as normas de engenharia e saúde. E para que essas variáveis estejam sempre
dentro do padrão preconizado pelas normas, há necessidade de utilização dos chamados filtros de salas limpas.
Devido  às  reduções  na  quantidade  de  ar  exterior  insuflado  ao  ambiente,  diversos  problemas  de  saúde  foram
levantados  e  associados  a  ambientes  fechados  com  ar  condicionado.  Em  1987,  a  Organização  Mundial  de  Saúde
enumerou  diversas  doenças  causadas,  ou  mesmo  desencadeadas  em  ambientes  fechados,  como  doenças
respiratórias (tuberculose, pneumonia, alveolite, asma etc).
Muitos  locais  necessitam  de  condicionamento  do  ar  especial,
principalmente  na  qualidade  requerida.  No  caso  de  hospitais,
principalmente em salas de operações, centros de terapia intensiva e
de  doenças  infectocontagiosas.  A  indústria  farmacêutica  também
necessita  de  excelente  qualidade  do  ar  para  seus  processos  de
fabricação de remédios. A indústria microeletrônica é a mais exigente
no que diz respeito à quantidade de partículas, pois durante o processo
de circuitos miniaturizados, uma simples partícula de pó pode danificar
componentes, ou mesmo placas­problemas que a má qualidade do ar
interior vem causando aos sistemas eletrônicos, devido à proliferação
de  microorganismos  em  placas  e  chips.  Existe  a  necessidade  de  se
manter áreas limpas, tanto na indústria eletrônica, como em outras em
que  o  ar  é  o  principal  e  maior  meio  de  contaminação.  Sistemas  de
monitoramento em salas de injetáveis visam minimizar problemas na indústria farmacêutica.
Fatores  sérios  combinados  produziram  esta  advertência:  a  contaminação  do  ar  interior  por  uma  variedade  de
poluentes tóxicos e perigosos, nesta última década, veio só acentuar e reconhecer o sério problema em potencial de
risco à saúde pública.
O  codinome  Síndrome  do  Prédio  Doente  é  aplicado  para  a  ocorrência  de  uma  variedade  de  sintomas  de  doenças
relatadas por ocupantes de grandes escritórios e outros prédios públicos. Este problema também tem sido chamado
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de  “Relato  de  Prédios  Doentes”  e  “Síndrome  dos  Ambientes  Fechados”.  Nos
ambientes com as características citadas, há um grande número de pessoas (em
muitos casos mais que 30% da população do prédio) que reclamam de doenças
não específicas, com os seguintes sintomas: dores de cabeça, fadiga, irritação
nos olhos, nariz e garganta, além de falta de ar. Ou sintomas mais específicos
como febre e dor de cabeça.

O que representam os filtros para salas limpas 
Mas,  na  realidade,  o  que  representam  os  filtros  para  salas  limpas?  Com  a
naturalidade  daqueles  que  sabem  do  que  estão  falando,  o  engenheiro  Gastão
Martins,  da  Engenharia  de  Aplicação  da  Linter  Filtros,  não  titubeia  ao  afirmar
que “são os elementos que garantem a pureza do ar insuflado e recirculado nas
salas. A seleção de filtros depende das características do projeto e do processo
produtivo, ou seja qual a classificação da sala que pretendemos atingir”, diz.
Para esses tipos de ambiente, normalmente são utilizados filtros grossos descartáveis, finos e absolutos tipo HEPA.
Mas  quais  seriam  as  classes  de  filtragem?  O  engenheiro  Gastão  explica:
“Depende da classe da sala. Temos vários ranges de classificação para os
filtros. Desde os grossos G3/G4; finos F8/F9 e HEPA (absolutos) H13 a U16.
O primeiro estágio é composto de pré­filtros responsáveis pela captação
de  partículas  grossas  (como  indicativo  poderíamos  dizer  >  5  micra).  O
segundo  estágio  é  formado  pelos  filtros  finos  do  tipo  bolsa  rígida  (com
elemento filtrante em papel plissado) ou bolsa com manta sintética para
retenção de partículas finas (entre 
1 a 5 micra ­ indicativo). O último estágio é composto pelos filtros HEPA ou
ULPA, responsáveis pela retenção de microorganismos (< 1 micron)”.
O  engenheiro  afirma  que  existem  classificações  específicas  para  a
utilização  das  normas:  “A  classificação  de  filtros  grosso  e  finos  segue  a  norma  ABNT  NBR16401;  e  para  filtros
absolutos a norma Européia EN1822. As normas utilizadas para classificação de salas limpas: NBR ISO 16644 partes
1 a 8”.
Ele também fala sobre a importância de um sistema para sala limpa: “É o sistema que garante a vazão de ar mínima
e constante para a sala, assim como a pressurização e o grau de pureza do ar através dos filtros”.
Mas  Gastão  faz  uma  ressalva  importante  em  casos  de  erro  de
dimensionamento ou saturação do filtro: “O mau dimensionamento
dos filtros pode gerar uma sobrecarga nos ventiladores bem como
risco de ruptura dos filtros, trazendo consequências desastrosas e
prejuízos ao sistema e ao processo. 
O  monitoramento  de  ambientes  garante  a  integridade  dos
produtos”, afirma.
O  engenheiro  da  Linter  Filtros  explica  que  o  mercado  está  em
expansão: “Com o advento de novas tecnologias principalmente nas
áreas  de  microeletrônica  e  biomédica,  podemos  dizer  que  o
mercado se encontra em expansão”.
Gastão explica que o conceito de salas limpas realmente teve seu
surgimento dentro dos hospitais.
Ao  finalizar,  o  engenheiro  explicou  como  funciona  o  sistema  de
insuflação:  “O  insuflamento  é  feito  através  de  dutos  e  de  caixas
terminais filtrantes. O ar é tratado em uma Unidade de Tramento
de  Ar  (UTA)  composta  por  filtros  grossos,  serpentinas  de
resfriamento e de aquecimento do ar, ventilador, filtragem fina e
filtragem absoluta HEPA. A UTA garante a vazão necessária à classe da sala, bem como a sua pressurização e pureza
do ar”, afirma.

Barreiras para manter qualidade do ar 
“Os  filtros  nas  salas  limpas  representam  as  barreiras  que  garantem  a  qualidade  do  ar  no  seu  interior,  sendo
classificadas  conforme  a  pureza  do  ar  desejado,  possibilitando  assim  a  utilização  dos  diferentes  tipos  de  filtros”.
Quem fala com propriedade sobre o assunto é Wilson Ferreira, responsável técnico­comercial da Camfil Farr. Aos 27
anos, Wilson se dedica à área de filtragem de ar para Indústria Farmacêutica, Automotiva, e Turbinas a Gás, entre
outras.
Wilson explica que os filtros utilizados para salas limpas são de alta eficiência: “Este tipo de ambiente requer filtros
de alta eficiência, também conhecidos com Filtros HEPA (High Efficiency Particulate Air) e Filtros ULPA (Ultra Low
Particulate  Air).  Também  se  utilizam  filtros  grossos  e  finos  para  preservação  e  aumento  da  durabilidade  dos
mesmos”.

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Mas esses filtros são divididos por classes e existem diferenças entre eles:
“No  Brasil,  os  trabalhos  da  norma  brasileira  de  filtros  de  ar  seguem  as
classificações européias, sendo assim podem ser classificados em famílias:
1) Filtros Grossos (G) – G0, G1, G2, G3, G4; 2) Filtros Finos (F) – F5, F6, F7,
F8,  F9;  3)  Filtros  Alta  Eficiência  (H)  –  H10,  H11,  H12,  H13,  H14;  4)  Filtros
Alta Eficiência (U) – U15, U16, U17”.
O Brasil obedece uma norma de referência e Wilson explica qual é : “Aqui
utilizamos  a  NBR16401­que  trata  de  ar  condicionado  basicamente  e
qualidade do ar interior, mas já há um grupo de trabalho desenvolvendo uma
norma  brasileira  de  filtros  que  acreditamos  dentro  de  18  e  36  meses,
liberem normas completas só sobre esses filtros de ar. Ainda se utilizam no
Brasil a NBR7256 (de hospitais), além das européias EN779 (grossos e finos,
citada  na  NBR16401),  EN1822  (de  filtros  HEPA  e  ULPA)  e  as  americanas
ASHRAE  52.1  e  Mil  STD  282,  para  grossos/finos  e  HEPA/ULPA
respectivamente”, fala.
O sistema para salas limpas tem uma importância que está justamente no
seu dimensionamento: “A importância do sistema está na definição e no dimensionamento dos filtros. Um sistema de
filtragem  é  formado  geralmente  por  três  estágios,  sendo  eles:  1)  Pré­Filtragem,  2)  Filtros  Finos,  3)  Filtros
Hepa/Ulpa”, explica Wilson.
Mas o que pode acontecer a produtos (ou pessoas) se o
filtro não estiver bem dimensionado ou saturado? Wilson
afirma  que  são  vários:  “Diversos  problemas  podem
derivar  do  mau  dimensionamento;  sejam  físicos
(contaminação, desbalanceamento de ar, vazamentos no
sistema,  consumo  de  energia  elevado  até  mesmo  a
problemas  virtuais  (documentação  equivocada,  falta  de
evidências dos dados, dados diferentes para auditorias).
Todos são preocupantes e podem levar a não obtenção
da sala desenhada inicialmente pelo projetista”.
Com sua experiência na Camfill Farr, Wilson afirma, com
convicção, que o mercado está em expansão: 
“É  um  mercado,  na  realidade,  em  constante  expansão.
Posso  citar  como  exemplo,  o  mercado  de  vacinas  que
está crescendo quase 20% ao ano”, diz.
“Nos anos 50, com o desenvolvimento da tecnologia de
filtragem  de  ar,  entre  outras,  tornou­se  possível  a
configuração das salas limpas como as conhecemos, através do conceito e execução de confinamento com barreiras”,
complementa Wilson. 

Como surgiram as primeiras salas limpas
As primeiras salas limpas surgiram em hospitais. O trabalho de Pasteur, Koch, Lister e outros pioneiros e cirurgiões,
descobriu  que  bactérias  causariam  infeções.  Lister  substancialmente  reduziu  as  infecções  operando  na  sala  da
Royal Infirmary, utilizando como antisséptico solução de ácido fênico em instrumentos, nas mãos dos cirurgiões, e
espirrando­o no ar. 
Embora as salas limpas de ontem fossem similares às de hoje, a principal omissão estava na ventilação positiva,
através  da  limpeza  do  ar.  A  utilização  do  ar  exterior  também  mostrou­se  muito  importante,  reduzindo  a
concentração dos contaminantes.
John Charnley, no início da década de 60, inseriu a técnica de uma junta artificial tipo bacia. Esta é extremamente
efetiva na operação, mas as taxas de assepsia nas junções, nos casos estudados, foi de quase 9%. Este método foi
um desastre para os pacientes porque com o tempo, os métodos usados no tratamento das infeções não foram
muito efetivos e a junção artificial teve de ser removida.
Em  1966,  a  utilização  do  fluxo  laminar  durante  operações,  reduziu  de  9  para  1,3%  as  infecções  durante  as
operações.  O  processo  foi  aperfeiçoado  em  1980,  com  o  Ultraclean  com  sistema  de  fluxo  laminar:  realizou­se  a
limpeza dos ambientes de produção, para a fabricação de sistemas de precisão. Assim criou­se o conceito “Livre de
Bactéria” e não apenas livre da poeira.
Depois da guerra, com desenvolvimento de armazenamentos nucleares bem como a utilização de armas químicas e
biológicas, produziu­se os filtros High Effciency Particulate Air (HEPA), filtros que foram necessários para conter
micróbios perigosos e contaminantes radioativos. 

Classificação das Salas Limpas
As  salas  limpas  são  classificadas  pela  pureza  de  seu  ar.  O  método  mais  facilmente  conhecido  e  universalmente
aplicado é sugerido pela Federal Standard 209, em que o número de partículas igual ou maior que 0,5 mm é medido
em um pé cúbico e esta contagem é usada para classificar a sala.
Na classificação requerida para diferentes indústrias, temos seus níveis de partículas, em função do tipo de atividade
e grau de concentração:
Classe  1  ­  estas  salas  são  somente  usadas  para  manufatura  de  circuitos  integrados  com  desenvolvimento  de
geometrias sub­mícron.
Classe 10 ­ salas usadas para manufatura de semicondutores produzidos em larga escala, circuitos integrados com
linhas menores que 2 micra.
Classe  100  ­  Usado  quando  se  deseja  ambiente  livre  de  partículas  e  bactérias.  É  requerida  na  manufatura  de
produtos  médicos  injetáveis;  para  operações  de  implantes  ou  transplantes  cirúrgicos;  fabricação  de  circuitos
integrados; isolamento de pacientes imonudeprimidos e pacientes com operações ortopédicas.
Classe  1.000  ­  Fabricação  de  equipamento  de  alta  qualidade;  montagem  e  teste  de  giroscópios  de  precisão;
montagem de mancais miniaturizados.
Classe 10.000  ­  Montagem  de  equipamentos  hidráulicos  e  pneumáticos  de  precisão,  válvulas  servo­controladas,
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dispositivos de relógios de precisão, engrenamento de alto grau.
Classe 100.000 ­ Trabalhos óticos em geral, montagem de componentes eletroeletrônicos, montagem hidráulica e
pneumática.

Tipos de Salas Limpas
As  salas  limpas  envolvem  dois  grandes  tipos,  que  são  diferenciados  pelos  seus  métodos  de  ventilação;  de  fluxo
convencional ou unidirecional. Salas limpas convencionais são também conhecidas como salas limpas de ventilação
turbulenta  ou  (no  Federal  Standard  209)  não  unidirecional.  Salas  limpas  de  fluxo  unidirecional  são  também
conhecidas como de fluxo laminar ou salas ultra­limpas.
As salas limpas são construídas com materiais que não geram partículas e são facilmente limpas. A limpeza do ar
transportado  de  uma  sala  limpa  convencionalmente  ventilada  depende  da  quantidade  e  qualidade  do  ar  de
insuflamento e a boa mistura com o ar exterior devidamente filtrados.
As salas limpas dependem também da quantidade de geração interna
de  contaminantes,  quantidade  de  pessoas,  grau  de  atividade,  tipo  de
vestimenta.  Pessoas  movimentando­se  com  uma  vestimenta  pouco
limpa, assim como avental ou guarda­pó irão gerar, em média, entre 2
milhões de partículas³ de 0,5mm. e 
300 mil partículas³ de 0,5mm. e 160 bactérias carregadas por minuto.
Se  uma  pessoa  veste  roupas  projetadas,  feitas  para  redução  de
partículas  e  bactérias,  os  níveis  são  reduzidos  em  50  a  92%,
respectivamente.
Se  a  eficiência  dos  filtros  pode  ser  assumida  como  100%,  então  a
quantidade  de  partículas  para  a  sala  limpa  convencionalmente
ventilada pode ser determinada seguindo a equação: concentração no
fluxo de ar = (número de partículas geradas por minuto/ volume de ar de insuflamento).

Salas limpas com fluxo unidirecional do ar
O  fluxo  de  ar  unidirecional  é  usado  quando  transporte  de  baixas  concentrações  de  partículas  ou  bactérias  é
requerido. Esse tipo de sala limpa foi anteriormente citada como “fluxo laminar”, e ambos conceitos descrevem o
fluxo do ar. Este fluxo é usualmente na direção horizontal ou vertical, a uma velocidade uniforme entre 0,3 e 0,45
m/s e entrada de ar por toda parte.
A velocidade é suficiente para remover relativamente grande quantidade de partículas das áreas. O fluxo de ar é
insuflado diretamente sobre o objeto desejado, ou mesmo sobre o paciente, fazendo uma cortina de ar com alto grau
de pureza, mantendo as partículas longe pelos princípios do escoamento laminar. 
O volume de ar de insuflamento de fluxo unidirecional está muitas vezes (10­100) a mais que o insuflamento em uma
sala limpa convencionalmente ventilada. Existem custos muito altos nesta operação.
As salas limpas com fluxo unidirecional mais construídas são as verticais, onde o insuflamento superior facilita a
rápida retirada das partículas pelo piso.
O  menos  popular  é  o  horizontal,  devido  ao  fato  que  durante  as  limpezas  (varredura),  as  partículas  ainda  são
arrastadas contaminando todo resto do processo, enquanto que no de fluxo vertical as partículas rapidamente são
retiradas do ambiente. 

Vicente de Aquino

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