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QUALIDADE DO AR INTERNO RESPIRADO

Texto integrante do Capítulo 3 da dissertação de mestrado: “Diretrizes para Alta Qualidade Ambiental
de Fóruns Judiciários de 1ª e 2ª entrâncias em Região de Clima Quente e úmido. PROARQ/UFRJ,
2008, Profª Orientadora: Drª Claudia Barroso-Krause.

Adilson José de Oliveira Lima, Msc.

A Qualidade do Ar Interno respirado

A promoção da QAI1 é de extrema importância, pois impacta diretamente na


manutenção da saúde e bem estar dos usuários nos ambientes internos.
Funcionários de empresas – públicas ou privadas, na fase ativa, passam
aproximadamente 1/3 do tempo de suas vidas confinados nos interiores do edifício.
Uma das definições mais importantes envolvendo a QAI é dada pela ANVISA –
AGENCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA:

Ambientes aceitáveis são aqueles ambientes livres de contaminantes em


concentrações potencialmente perigosas à saúde dos ocupantes ou que
apresentem um mínimo de 80% dos ocupantes destes ambientes sem
queixas ou sintomatologia de desconforto (AGÊNCIA NACIONAL DE
VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2003).

O ar interior é constituído pelo ar respirável (N2, O2, CO2, H2O, outros gases,
odores, poeiras e bactérias) e pelas evaporações existentes no ambiente interno.
Estudos realizados pela agência norte-americana Environmental Protection Agency
(EPA) indicam que os níveis de poluentes interiores podem ser muito mais elevados
do que os níveis exteriores (ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, 2006).
Nos ambientes internos, os poluentes podem surgir como poeira, fibras
desprendidas de móveis, mofo, pó de traças, que podem acumular-se em móveis,
carpetes, cortinas, papéis velhos, sendo espalhados posteriormente pelo ar interno.
Também compostos orgânicos voláteis, desprendidos de pinturas, vernizes,
produtos de limpeza, além da fumaça do tabaco, comuns em ambientes de
circulação, podem causar diversas doenças, além de mal-estar aos usuários.
Alguns contaminantes aéreos podem causar reações alérgicas, incluindo rinite
alérgica, alguns tipos de asma e pneumonia. Os sintomas podem ser: coriza
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Qualidade do Ar Interno respirado.
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constante, olhos lacrimejantes, tosse, letargia, febre e problemas digestivos.


Pessoas com problemas respiratórios ou alergias estão particularmente susceptíveis
à contaminação por agentes biológicos através do ar interior 2.

A “Síndrome do Edifício Doente”

A partir da década de 70, o maior incremento de instalações de aparelhos de ar


condicionado nos edifícios - e os conseqüentes problemas de má ventilação e
contaminação interior decorrentes da aplicação inadequada destes novos sistemas,
tornaram crescentes as queixas de usuários quanto ao mal-estar nestes ambientes.
“Síndrome do Edifício Doente” - SED é o termo cada vez mais utilizado por
organismos oficiais - entre eles a ANVISA, como sendo um conjunto de reações que
os ocupantes de um edifício podem apresentar, quando expostos a situações
específicas de contaminação, tais como dor de cabeça, irritação nos olhos, nariz ou
garganta, náusea, fadiga mental e física (ANVISA, 1998). Não há uma doença
específica, mas sim um número considerável de reclamações diretamente ligadas ao
tempo que as pessoas passam no interior da edificação.

Para a EPA, a principal causa da SED é uma combinação de vários fatores tais
como ventilação inadequada, poluentes do ar interior e do ar exterior, combinados a
umidade, temperatura e iluminação inadequadas, entre outros (ENVIRONMENTAL
PROTECTION AGENCY, 2006). Para os arquitetos, vale lembrar a importância da
escolha da correta implantação do edifício no sítio, buscando conhecer previamente
o lugar. Disto dependerá o bom posicionamento do edifício, de forma a explorar a
ventilação cruzada, para a renovação do ar viciado do interior do ambiente.

Os sistemas de condicionamento de ar e a importância da Manutenção Predial

Normalmente o objetivo do aparelho de ar-condicionado é oferecer conforto térmico


e boa qualidade de ar para os ocupantes de um espaço, porém em muitos casos
este objetivo não é atingido. Um dos seus grandes problemas é o acúmulo de
partículas poluentes, provenientes do ar exterior ou do ar interno re-circulado, nas

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A este respeito, é grande o número de funcionários públicos que solicitam licença médica para se
ausentar do trabalho por problemas respiratórios relacionados a alergias.
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bandejas de água de condensação mal drenada e nas superfícies molhadas das


serpentinas de resfriamento, formando limo e lodo. Com a proliferação de fungos e
bactérias, estes são disseminados nos interiores por ventiladores (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE VENTILAÇÃO E AR CONDICIONADO, 2003).

Uma das soluções para este problema é a melhoria das condições de manutenção
predial, que possui papel estratégico na melhoria da QAI. Neste sentido, deve-se
destacar a importância da Manutenção para o controle, cada vez mais necessário,
das condições ambientais internas em edifícios com longo tempo de uso. Certos
hábitos de manutenção e limpeza podem ser desastrosos para a qualidade do ar. É
recomendável, portanto, preparar um manual de manutenção da futura edificação, a
ser entregue junto ao projeto, visando adoção de procedimentos não poluentes.

BIBLIOGRAFIA

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Portaria GM/MS nº. 3.523/98,


de 28 de agosto de 1998. Ministério da Saúde. Brasília, 1998. Disponível em:
http://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/3523_98.htm. Acesso em: 5 abr. 2007.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE VENTILAÇÃO E AR CONDICIONADO. Resolução


– RE nº 02, de novembro de 2003. Disponível em:
<http://www.abrava.com.br.html>. Acesso em: 21 nov. 2006.

ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. Indoor Air Polution. Whashington,


DC. Out 2006. Disponível em: <http://www.epa/indoorairquality.html>. Acesso em:
out. 2006.

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