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I. INTRODUÇÃO:
* Aspergillus sp
Microepidemias de aspergilose invasiva têm sido relatadas como produto de inalação do ar
contaminado pelos esporos do gênero Aspergillus (LENTINO, 1982). O Aspergillus fumigatus é o
principal agente etiológico responsável pelas infecções descritas e trata-se de um gênero fúngico muito
comum em ambientes externos. Seus esporos abundantemente propagados pelo ar, têm entre 2 e 3µm
de diâmetro o que lhes permite penetrar no sistema respiratório profundo até os alvéolos pulmonares.
Em pacientes imunossuprimidos, a doença causada pelo Aspergillus muitas vezes é fatal.
A maioria dos surtos de aspergilose descritos na literatura está associada com obras próximas ao
Hospital, de reformas internas ou de problemas no sistema de ar condicionado (dutos e filtros). As
atividades como manutenção de ar condicionado, manipulação de materiais de isolamento fibroso, de
forros falsos, a limpeza ou aspiração de superfícies ou qualquer atividade capaz de produzir partículas
em suspensão podem provocar estes surtos.
* Leggionela sp.
Outro agente etiológico de origem ambiental encontrado repetidamente em hospitais é a
Legionella (FRASER, 1997). Este é um microrganismo freqüente em ambiente externo em lagos e rios,
frequentemente encontrado em sistemas de climatização e rede de distribuição de água de hospitais. A
explicação para este fato se dá pela interação do bacilo com as amebas de vida livre como
Acanthamoeba onde fica protegido do ataque de desinfetantes como o cloro na concentração de
50mg/L. A doença dos legionários causada pela Legionella é uma doença transmitida pelo ambiente e
não há casos de transmissão de pessoa a pessoa. A pneumonia por Legionella em pacientes de risco
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como idosos e indivíduos com doenças debilitantes é de mau prognóstico e causa óbito em 15 a 20%
dos casos.
* Mycobacterium tuberculosis
A tuberculose é uma doença de transmissão aérea, sendo o meio ambiente um fator importante
na transmissão da mesma. Antes de 1989 a transmissão nosocomial era incomum, porém na década de
80/90 houve aumento dos casos de TB e vários surtos nosocomiais foram detectados, principalmente
nos EUA (JARVIS, 1995). A transmissão da TB se dá de duas formas: por meio de aerossóis primários
expelidos diretamente da cavidade oronasal (gotículas de Flügger) e aerossóis secundários originados
das gotículas que caem no chão ressecam e são envolvidas por microparticulas de poeira formando o
núcleo de Wells (< que 5 µ). Estes, devido ao seu tamanho, permanecem em suspensão no ar. Em
ambientes climatizados artificialmente as micobacterias típicas e atípicas podem ser recirculadas e se
perpetuar no ambiente. Em alguns sistemas de ar condicionado algumas espécies podem se multiplicar
no meio liquido.
Este deve levar em consideração em hospitais, as particularidades dos locais e vários níveis de
exigência, que não somente o conforto. A sua população de pacientes com mecanismos de defesa
comprometidos e fonte importante de microorganismos. Os trabalhadores são submetidos a carga
importante de poluentes químicos, físicos e biológicos.
A localização das tomadas de ar externo dessas áreas deve ser muito bem analisada, para não
permitir que a mesma fique próxima de fontes poluentes, como a descarga de ar do centro cirúrgico,
lavanderia, docas de carga e descarga e torres de resfriamento. Pode-se instalar na cobertura do prédio
com ductos até a casa de máquinas.
O ar externo nos grandes centros apresenta grande carga de material particulado. Mas a filtragem
somente do ar externo no ambiente hospitalar é insuficiente, uma vez que os microorganismos estão no
próprio ambiente do hospital. Assim além dos pré-filtros e filtros nas tomadas de ar externo e no
retorno do ar à casa de máquinas, qualquer que seja a sua concepção, é necessário prever filtros finos
na entrada do condicionador e filtros acoplados nas bocas de insufla mento.
A instalação de filtros absolutos na saída dos condicionadores, após os filtros finos, deve ser
evitada, pois geralmente a concepção dos dutos de insufla mento permite a aspiração de ar por indução,
carreando o material particulado existente sobre o forro. Mesmo que os dutos sejam estanques ainda
existe o efeito de bombeamento do ar no momento em que se desliga o equipamento, induzindo o
particulado do ambiente para o interior dos dutos de insufla mento. Assim a localização terminal dos
filtros garante que todo o ar insuflado foi filtrado.
É fundamental também a observação dos níveis de pressão nos ambientes visando que o ar de
uma área não seja aspirada para outra área, ou seja observar que o fluxo de ar seja dirigido da área
limpa para a área suja.
Em geral há uma exigência para paramentação das pessoas para entrar em ambientes críticos e
semi-críticos, mas que máquinas, ferramentas, macas e outros equipamentos entram sem passar por
qualquer tipo de assepsia, e podendo constitui-se em fonte de contaminação.
Assim estes materiais que transitam entre áreas de diferentes riscos devem sofrer um processo
de higienização entre as áreas de maior risco para menor risco, para maior beneficio dos sistemas de
ventilação e ar-condicionado.
Segundo Art. 5º do regulamento proposto pela Portaria GM 3523/98 “os sistemas de climatização
devem estar em condições de limpeza, manutenção, operação e controle, observadas as determinações,
abaixo relacionados, visando a prevenção de riscos à saúde dos ocupantes”:
• manter limpos os componentes do sistema de climatização, tais como: bandejas, serpentinas,
umidificadores, ventiladores e dutos, de forma a evitar a difusão ou multiplicação de agentes nocivos à
saúde humana e manter boa qualidade do ar interno;
• utilizar, na limpeza dos componentes do sistema de do sistema de climatização, produtos
biodegradáveis devidamente registrados no Ministério da Saúde para este fim;
• verificar periodicamente as condições físicas dos filtros e mantê-los em condições de operação.
Promover a sua substituição quando necessária;
• restringir a utilização do compartimento onde está instalada a caixa de mistura do ar de retorno e
ar de renovação, ao uso exclusivo do sistema de climatização. É proibido manter no mesmo
compartimento materiais, produtos e utensílios;
• preservar a captação de ar externo livre de possíveis fontes poluentes externas que apresentam
riscos à saúde humana e dota-la no mínimo de filtro classe G1( um) conforme especificações do anexo
II;
• garantir a adequada renovação do ar de interior dos ambientes climatizados, ou seja no mínimo de
27m 3 /h/pessoa;
• descartar as sujidades sólidas, retiradas do sistema de climatização após a limpeza,
acondicionadas em sacos de material resistente e porosidade adequada, para evitar o espalhamento de
partículas “inaláveis”.
A Portaria 3523 também estabelece que os responsáveis por sistemas de climatização com
capacidade acima de 5TR deverão manter um responsável técnico habilitado e implantar e manter
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disponível um Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC) e garantir a sua execução e
manter disponível o registro de execução do mesmo.
O Anexo II de que trata esta portaria é um roteiro para a elaboração do (PMOC) e encontra-
se em anexo à portaria.
Na Resolução RE nº 9, de 16 de janeiro de 2003 a ANVISA revisa e atualiza a RE 176, 24 de
outubro de 2000, e publica a Orientação Técnica Elaborada por Grupo Técnico Assessor, sobre
Padrões Referenciais de Qualidade do Ar Interior, em ambientes de uso público e coletivo. Para os
ambientes climatizados de uso restrito, com exigência de filtros absolutos, ou instalações especiais tais
como instalações hospitalares, determina sejam aplicadas normas e regulamentos específicos.
Componente Periodicidade
Tomada de Ar Externa Mensal ou até sua obliteração se descartável (máx 3
meses)
Unidade filtrante Mensal ou até sua obliteração se descartável (máx 3
meses)
Bandeja de Condensado Mensal
Serpentina de aquecimento Desencrustração semestral e limpeza trimestral
Serpentina de resfriamento Desencrustração semestral e limpeza trimestral
Umidificador Desencrustração semestral e limpeza trimestral
Ventilador Semestral
Plenum de Mistura / casa de Máquinas Semestral
05. INSPEÇÃO
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Recomenda-se que componentes da Vigilância Sanitária utilizem esta Orientação Técnica como
referencial para inspeção.
V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
01. American Society of Heating, Refrigerating and Air Condioning Engineers. ANSI/ ASHRAE 62-
1989. Ventilation for Accetable Indoor Air Quality, Atlanta, 1989.
02. Brasil, Ministério da Saúde, Portaria Ministerial 3523, de 28.8.98. Dispõe sobre Ar Condicionado.
Diário Oficial da União, Brasília, 31 Ago.1998, Seção I, P40-42.
03. Brasil, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Resolução RE 9 de 16.01.2003.
Dispõe sobre padrões referenciais de qualidade do ar interior, em ambientes de uso público e coletivo.
04. Diário Oficial da União, Brasília, 20.01.2003.
05. Dantas, E; Ricard, I; Camargos, LC.; Controle do Ar no Ambiente Hospitalar. In Martins, MA.
Manual de Infecção Hospitalar: Epidemiologia, Prevenção e Controle. 2ª Edição, Rio de Janeiro:
MEDSI, 2001, 793- 815.
06. Fraser, DW. Legionaires Disease : description of an epidemic of pneumoniae. N Eng J Med 1997;
297:97-1187
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07. Jarvis, WR. Nosocomial transmission of multidrug-resistant Mycobacterium tuberculosis Am J
Infect Control. 1995; 23:51-146.
08. Lentino, JR; Rosenkranz, MA; Michaels, JA et al. Nosocomial aspergillosis. A retrospective review
of airborne disease secondary to road construction and contaminated air conditioners. Amer J
Epidemiol 1982; 116: 430-7
09. Siqueira, LFG. O meio ambiente e a infecção hospitalar. In: Fernandes AP. Infecção Hospitalar e
suas interfaces na área de Saúde. São Paulo. Atheneu, 2000:307-322.
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Dra. Flávia Valério de L. Gomes Dra. Luciana Augusta A. Mariano
Enfermeira SCIH / CCIH Enfermeira SCIH / CCIH
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Dra. Mônica Ribeiro Costa
Infectologista da C.C.I.H. /S.C.I.H.