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área de saúde, nos seus vários âmbitos, quer estejam em
centros de saúde, hospitais, laboratórios, necrotérios,
e os profissionais de saúde que realizam investigações
de campo – vigilância da saúde, controle de vetores, e
aqueles que lidam com animais, mantêm contato direto
com pacientes ou vetores transmissores de moléstias
infecciosas. Em se tratando de organismos cuja trans-
missão se faz através de aerossóis, o risco de contrair
a doença é várias vezes maior para o trabalhador da
área de saúde do que para a população geral. O risco
também é grande no tocante à manipulação de material
perfurocortante e no ato de procedimentos invasivos.
Neste cenário, torna-se importante redobrar a atenção
quanto às precauções universais, imunizações, manipu-
lação de material contaminado e perfurocortante, e ao
hábito de lavar as mãos antes e após cada exame. (8)
Os trabalhadores que mantêm contato ou mani-
pulam animais também possuem risco aumentado para
contrair certas infecções, principalmente os trabalhado-
res na agricultura, as pessoas que trabalham em habitat
silvestre (silvicultura), em atividades de pesca, produção
e manipulação de produtos animais – abatedouros, cur-
tumes, frigoríficos, indústria alimentícia, de carnes, pes-
cados, zoológicos e clínicas veterinárias, além dos que
lidam com pesquisas científicas em espécies animais. (8)
É importante destacar que além das infecções
propriamente ditas, algumas proteínas lideradas através
da urina, pela e outros tecidos animais, podem ser car-
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readas como aerossóis, causando erupções, sintomas
alérgicos ou até mesmo asma ocupacional. (8)
Os trabalhadores que lidam com dejetos de
esgoto ou lixo, principalmente onde não há condições
de sanitarismo e proteção adequadas, estão também
expostos a vários riscos biológicos. (8)
A suspeita clínica de possível doença ocupacio-
nal deve ser valorizada sempre que um paciente perten-
cer a um grupo onde o risco de exposição a patógenos
biológicos é aumentado. A avaliação mais específica
dependerá muito da apresentação clínica e dos diagnós-
ticos diferenciais. Quando se cogitar em origem ocupa-
cional, a história detalhada deve ser tomada no sentido
de elucidar precisamente como a exposição ocorreu. A
avaliação do local de trabalho através da visita/inspeção
ao espaço físico é mandatória para se compreender o
ambiente, as funções e as atividades cotidianas, deter-
minando com mais clareza os riscos aos quais os traba-
lhadores estão expostos. Dependendo das circunstân-
cias e dos recursos disponíveis, uma equipe composta
por médico e enfermeiro do trabalho, engenheiro e
higienista industrial, e até um especialista em biossegu-
rança, deverá determinar a necessidade de desencadear
uma série de ações a nível individual e coletivo. Deve-se
lembrar sempre da notificação compulsória de determi-
nadas doenças para a vigilância sanitária local. (8)
Mesmo para doenças comuns na sociedade,
não há um parâmetro limítrofe bem estabelecido de
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quando se deve iniciar uma investigação para explicar
o surgimento simultâneo de alguns problemas médicos
dentre uma comunidade de trabalhadores. A natureza
da doença, sua prevalência na população de trabalhado-
res sob risco, e o padrão de desenvolvimento de surto
são critérios importantes para avaliar tais situações. (8)
Em síntese, a relação com o trabalho pode ser
estabelecida através de:
raiva, histoplasmose
Leishmaniose, Malária
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Processamento de alimentos Tularemia, Salmonelose, Triquinose
Ancilostomíase
míase, Esquistossomose
Estafilococcias
Lavadeira Dermatofitoses
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1.2 – PRINCIPAIS DOENÇAS
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Tuberculose
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O conceito que dominou a medicina até o iní-
cio do século XX foi o de ausência de risco de infecção
para profissionais de saúde e para outras pessoas em con-
tato com pacientes tuberculosos. A partir da década de
1920, vários estudos demonstraram maior incidência de
tuberculose entre enfermeiras, médicos e estudantes de
medicina. Aos poucos, foram surgindo relatos de tuber-
culose em outros membros da equipe de saúde, como
técnicos de laboratório e de anatomia patológica, mos-
trando que o risco de infecção é diretamente proporcio-
nal ao contato do profissional com o paciente. (8)
Em determinados trabalhadores, a tubercu-
lose pode ser considerada “doença relacionada com o
trabalho”, do Grupo II da Classificação de Schilling,
posto que as condições de trabalho podem favorecer
a exposição a Mycobacterium tuberculosis ou a Myco-
bacterium bovis, como no caso de trabalhadores em
laboratórios de biologia, e em atividades que propiciam
contato direto com produtos contaminados ou com
doentes bacilíferos.(9)
Em trabalhadores expostos a poeiras de sílica ou
portadores de silicose, a tuberculose e a sílico-tubercu-
lose deverão ser consideradas como “doenças relaciona-
das com o trabalho”, do Grupo III da Classificação de
Schilling, uma vez que a exposição à sílica pode favorecer
a reativação da infecção tuberculosa latente, pois os cristais
de sílica no interior dos macrófagos alveolares deprimem
sua função fagocitária e aumentam sua destruição. (9)
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A tuberculose representa também risco ocupacio-
nal para trabalhadores em laboratórios e salas de necropsia.
Os riscos para pessoal de laboratório incluem a manipu-
lação de recipientes contaminados, escarros mal fixados,
geração de aerossol. Durante a realização de exames. Para
os trabalhadores em sala de necropsia, o exame em cadá-
veres de pacientes com tuberculose não diagnosticada em
vida constitui o principal risco. O risco estimado destes
profissionais adquirirem tuberculose é de 100 a 200 vezes
maior do que o da população geral na Inglaterra (Collins
& Grange, 1999). (8)
O risco de dentistas contraírem tuberculose de
SUS pacientes é relativo ao ambiente de trabalho, e mais
diretamente relacionado ao perfil sócio econômico dos
seus pacientes. Este risco pode ser reduzido através de
vigilância, educação e atenção ao perfil do paciente aten-
dido (Anders e cols., 1998). (8)
Carbúnculo
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bacilo, em atividades industriais, artesanais, na agricul-
tura ou em laboratórios, estando, portanto, associada ao
trabalho, como, por exemplo, pelo contato direto das
pessoas com pelos de carneiro, lã, couro, pele e ossos,
em especial de animais originários da África e Ásia. Nas
atividades agrícolas, ocorre no contato do homem com
gato, porco, cavalo doente ou com partes, derivados e
produtos de animais contaminados. (9)
Os principais grupos de risco são os tratadores
de animais, pecuaristas, trabalhadores em matadouros,
curtumes, moagem de ossos, tosa de ovinos, manipula-
dores de lã crua, veterinários e seus auxiliares. Por sua
raridade e quase especificidade em determinados traba-
lhadores, pode ser considerada doença profissional ou
doença relacionada ao trabalho, do Grupo I da Classifi-
cação de Schilling. (9)
Leptospirose
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período de incubação é variável, de 3 a 13 dias, podendo
chegar a 24 dias. (9)
As leptospiroses constituem verdadeiras zoo-
noses. Os roedores são os principais reservatórios da
doença, principalmente os domésticos. Atuam como
portadores os bovinos, ovinos e caprinos. A transmis-
são é realizada pelo contato com água ou solo conta-
minados pela urina dos animais portadores, mais rara-
mente pelo contato direto com sangue, tecido, órgão e
urina destes animais. Não há transmissão inter-humana,
exceto a intrauterina para o feto. (9)
A leptospirose relacionada ao trabalho tem sido
descrita em trabalhadores que exercem atividades em
contato direto com águas contaminadas ou em locais
com dejetos de animais portadores de germes, como
nos trabalhos efetuados dentro de minas, túneis, gale-
rias e esgoto; em cursos d’água e drenagem; contato
com roedores e com animais domésticos; preparação
de alimentos de origem animal, de peixes, de laticínios e
em outras atividades assemelhadas. (9)
Em determinados trabalhadores, a leptospirose
pode ser considerada como doença relacionada ao tra-
balho, do Grupo II da Classificação de Schilling, posto
que as circunstâncias ocupacionais da exposição à Lep-
tospira podem ser consideradas como contribuintes, no
conjunto de fatores associados com a etiologia desta
doença infecciosa. (9)
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Tétano
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de trajeto. A doença em trabalhadores decorrente de
acidente de trabalho poderá ser considerada como
doença relacionada ao trabalho, do Grupo I da Classi-
ficação de Schilling. (9)
A psitacose ou ornitose é uma doença infecciosa
aguda produzida por clamídias (C. psittaci e C. pneumoniae).
A enfermidade, em geral, é leve ou moderada, podendo ser
grave em idosos sem tratamento adequado. (9)
A psitacose é quase sempre transmitida aos
seres humanos por via respiratória. Em raras ocasiões
a doença pode ser contraída através da bicada de um
pássaro. O contato prolongado não é essencial para a
transmissão da doença. Alguns minutos passados no
ambiente previamente ocupado por uma ave infectada
tem resultado em infecção humana. (8)
O período de incubação varia de uma a quatro
semanas, e a transmissibilidade dura semanas ou meses. (8)
As fontes mais frequentes de infecção da C.
psittaci são periquitos, papagaios, pombos, patos, perus,
canários, entre outros, que transmitem a infecção por
meio de suas fezes dessecadas e disseminadas com a
poeira, sendo aspiradas pelos pacientes. Apesar de rara,
é possível a transmissão via respiratória, de pessoa a
pessoa, na fase aguda da doença. É uma zoonose que
acomete trabalhadores de criadouros de aves, clínicas
veterinárias, zoológicos e de laboratórios biológicos.
A C. pneumoniae infecta somente seres humanos,
sendo transmitida de pessoa a pessoa. Por sua raridade
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e relativa especificidade, a psitacose/ornitose poderá
ser considerada como doença profissional ou doença
relacionada ao trabalho, do Grupo I da Classificação de
Schilling, nos trabalhadores de granjas e criadores de
aves (patos, gansos, periquitos, pombos, etc.), emprega-
dos de casas de comércio desses animais, veterinários,
guardas florestais e outros em que se confirme as cir-
cunstâncias de exposição ocupacional. (9)
Dengue
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