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e relativa especificidade, a psitacose/ornitose poderá

ser considerada como doença profissional ou doença


relacionada ao trabalho, do Grupo I da Classificação de
Schilling, nos trabalhadores de granjas e criadores de
aves (patos, gansos, periquitos, pombos, etc.), emprega-
dos de casas de comércio desses animais, veterinários,
guardas florestais e outros em que se confirme as cir-
cunstâncias de exposição ocupacional. (9)

Dengue

É uma doença aguda febril, endemo-epidêmica,


causada por um dos Flavivírus do dengue (família Toga-
viridae), com quatro tipos sorológicos (1, 2, 3 e 4). Os
seres humanos são reservatórios e a transmissão ocorre
pela picada dos mosquitos Aedes aegypti, A. albopictus
e o A. scutellaris. Após repasto de sangue infectado, o
mosquito estará apto a transmitir o vírus após 8 a 12
dias de incubação extrínseca. A transmissão mecânica
também é possível, quando o repasto é interrompido
e o mosquito, imediatamente, alimenta-se num hospe-
deiro suscetível próximo. Não há transmissão por con-
tato direto de um doente ou de suas secreções para uma
pessoa sadia, nem por fontes de água ou alimento. (9)
O período de incubação da doença é de 3 a 15
dias, em média de 5 a 6 dias. O período de transmissibi-
lidade ocorre durante o período de viremia, que começa
um dia antes da febre até o sexto dia da doença. Quando

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o agente etiológico for conhecido, o nome completo
da doença será dengue por vírus tipo 1 ou dengue por
vírus tipo 2, etc. (9)
O dengue pode ser considerado como doença
relacionada ao trabalho, do Grupo II da Classificação
de Schilling, uma vez que as circunstâncias ocupacio-
nais da exposição aos mosquitos vetores (Aedes) e/ou
aos agentes infecciosos (Flavivírus) podem ser consi-
deradas como fatores de risco, no conjunto de fatores
associados com a etiologia desta doença infecciosa. (9)
O dengue relacionado ao trabalho tem sido
descrito em trabalhadores que exercem atividades em
zonas endêmicas, em trabalhos de saúde pública e em
laboratórios de pesquisa, entre outras atividades em que
a exposição ocupacional pode ser identificada. (9)

Febre amarela

É uma doença febril aguda causada pelo Flavivírus


da febre amarela (família Togaviridae), com quadro clínico
variável, desde formas inaparentes até as graves e fatais. A
transmissão se faz pela picada dos mosquitos infectados
A. aegypti na febre amarela urbana (FAU) e Haemagogus
na febre amarela silvestre (FAS). O período de incubação
é de 3 a 6 dias, após a picada do mosquito infectado, e o
período de transmissibilidade é de 24 a 48 horas, antes do
aparecimento dos sintomas de 3 a 5 dias após. (9)
A febre amarela persiste na América do Sul

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apenas como enzootia de macacos, tendo por trans-
missores mosquitos dos gêneros Haemagogus e Aedes.
Os casos humanos, pouco numerosos, incidem entre
as pessoas que trabalham ou mantêm contato com as
florestas. A febre amarela urbana teve o homem como
único reservatório e o A. aegypti como transmissor, na
América do Sul. Outros trabalhadores eventualmente
expostos, por acidente, incluem os que exercem ativida-
des de saúde pública e que trabalham em laboratórios
de pesquisa, agricultores, trabalhadores florestais, em
extração de madeira, em áreas e regiões afetadas. (9)
Por sua raridade e por sua relativa especifici-
dade, a febre amarela em determinados trabalhadores
poderá ser considerada como doença profissional ou
doença relacionada ao trabalho, do Grupo I da Classifi-
cação de Schilling. (9)

Hepatite

É termo genérico para inflamação do fígado


que, convencionalmente, designa alterações degene-
rativas ou necróticas dos hepatócitos. Pode ser aguda
ou crônica e ter como causa uma variedade de agentes
infecciosos ou de outra natureza. O processo inflamató-
rio do fígado é caracterizado pela necrose hepatocelular
difusa ou irregular, afetando todos os ácinos. Suas cau-
sas principais são as viroses devidas ao vírus da hepatite
A (HAV), ao vírus da hepatite B (HBV), ao vírus da

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hepatite C (HCV), ao vírus da hepatite D (HDV) e ao
vírus da hepatite E (HEV). (9)
Na hepatite viral A, a fonte de infecção é o
próprio homem (raramente os macacos) e a transmis-
são é direta, por mãos sujas (circuito fecal-oral) ou por
água (hepatite dos trabalhadores por águas usadas) ou
por alimentos contaminados. Vários surtos têm sido
descritos em creches, escolas, enfermarias e unidades
de pediatria e neonatologia, com taxas de transmissão
que giram em torno de 20% em trabalhadores sus-
cetíveis. Nos EUA, a prevalência em trabalhadores
da saúde varia de 35 a 54% (comparado com 38% da
população geral). (9)
A maioria dos dados estatísticos que se refe-
rem à hepatite A em trabalhadores da saúde aponta
os enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem
como principal grupo acometido ou em risco. Dentre
os médicos e dentistas, aqueles que lidam com crian-
ças estão mais expostos. (8)
Os trabalhadores do setor de lavanderia hospi-
talar, especialmente os manipuladores de tecidos antes
de serem lavados, apresentam taxa elevada de anticor-
pos IgC para o VHA (Borg & Portelli 1999). (8)
Os trabalhadores responsáveis pela coleta de
lixo estão entre os grupos ocupacionais de risco, na
dependência direta de suas condições de trabalho. (8)
Na hepatite viral B o vírus é encontrado em
todas as secreções e excreções do corpo, mas, apa-

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rentemente, apenas o sangue, o esperma e a saliva
são capazes de transmiti-lo. A infecção é adquirida,
em geral, por ocasião de transfusões, de injeções per-
cutâneas com derivados de sangue ou uso de agulhas e
seringas contaminadas ou, ainda, por relações sexuais,
homossexuais masculinas ou heterossexuais. Nos traba-
lhadores da saúde, a soroprevalência de HBV é de 2 a 4
vezes maior e a incidência anual é de 5 a 10 vezes maior
do que na população em geral. (9)
Na hepatite viral C a soroprevalência em tra-
balhadores da saúde parece ser similar à da popula-
ção geral. A soroconversão dos trabalhadores que se
acidentam com material contaminado ocorre em 1,2
a 10% dos trabalhadores acidentados. Estima-se que
2% dos casos devem-se à exposição ocupacional. (9)
A hepatite viral D é endêmica na Amazônia
Ocidental, onde, em associação com o vírus da hepa-
tite B, é o agente etiológico da chamada febre negra
de Lábrea, de evolução fulminante. (9)
Portanto, em determinados trabalhadores,
as hepatites virais podem ser consideradas como
doenças relacionadas ao trabalho, do Grupo II da
Classificação de Schilling, posto que as circunstân-
cias ocupacionais da exposição aos vírus podem ser
consideradas como fatores de risco, no conjunto
de fatores de risco associados com a etiologia desta
doença infecciosa. (9)

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HIV

Vírus da imunodeficiência humana (HIV) é um


distúrbio da imunidade mediada por célula, causado por
um vírus da subfamília Lentivirinae (família Retroviri-
dae), caracterizada por infecções oportunistas, doenças
malignas (como o sarcoma de Kaposi e o linfoma não
-Hodgkin), disfunções neurológicas e uma variedade
de outras síndromes. A síndrome da imunodeficiência
adquirida (AIDS ou SIDA) é a mais grave manifestação
de um espectro de condições HIV-relacionadas. O risco
de que pessoas infectadas, não tratadas, desenvolvam
a AIDS é de 1 a 2% por ano nos primeiros anos após
a infecção e cerca de 5% nos anos seguintes. O risco
acumulado de desenvolvimento da síndrome em infec-
tados não tratados é de cerca de 50%. (9)
Os profissionais de saúde constituem um grupo
com características especiais de exposição ao HIV,
devido às suas possibilidades de infectar-se durante as
atividades do trabalho cotidiano. O número de situa-
ções de contato com sangue, secreções e fluidos orgâ-
nicos no trabalho, na área da saúde, é muito grande. (8)
Desde o início da epidemia, a possibilidade
de contaminação dos profissionais de saúde motivou
investigações dirigidas à quantificação deste risco, e des-
pertou os órgãos oficiais para a necessidade de medidas
voltadas a sua redução. (8)
O primeiro caso confirmado de contaminação

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ocupacional pelo vírus HIV ocorreu em 1984, na Ingla-
terra. Uma enfermeira sofreu acidente pefurocortante
por agulha contendo sangue de uma paciente que se
encontrava internada com pneumonia e era portadora
do vírus HIV. Duas semanas após o acidente, a enfer-
meira apresentou os sintomas de infecção aguda pelo
HIV (febre, cefaleia, mialgia etc.). No segundo mês
o seu soro revelava positividade para o vírus. Houve
confirmação da transmissão ocupacional do HIV da
paciente para a enfermeira. (8)
A taxa de soroconversão pós-exposição ocupa-
cional por ferimento percutâneo tem variado entre 0,1
e 0,4%, sendo maior em função do tamanho do inó-
culo, da duração do contato e da extensão do ferimento.
A literatura científica internacional registra cerca de 55
casos, confirmados até 1999, decorrentes de exposição
ocupacional em trabalhadores de saúde, em decorrência
de acidentes perfurocortantes com agulhas ou material
cirúrgico contaminado, manipulação, acondicionamento
ou emprego de sangue ou de seus derivados e contato
com materiais provenientes de pacientes infectados. (9)
Assim, em determinados trabalhadores, a doença
pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) pode ser
considerada como doença relacionada ao trabalho, do
Grupo I da Classificação de Schilling, posto que as circuns-
tâncias ocupacionais da exposição ao vírus são acidentais
ou ocorrem em condições específicas de trabalho, se bem
documentadas e excluídos outros fatores de risco. (9)

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Dermatofitose

É o termo geral para infecções micóticas que afe-


tam a superfície epidérmica, devido a fungos dermatófi-
tos. Atacam tecidos queratinizados (unhas, pelos e estrato
córneo da epiderme). As principais dermatofitoses são:
Tinea capitis (Tinha tonsurante); Tinea favosa (Favo);
Tinea barbae (Sicose); Tinea corporis; Tinea manuum;
Tinea cruris; Tinea imbricata (Tinha escamosa); Tinea
pedis e Tinea unguium, causadas por espécies dos gêne-
ros Epidermophyton, Microsporum e Trichophyton. (9)
Em determinados trabalhadores, a dermatofi-
tose e outras micoses superficiais podem ser considera-
das como doenças relacionadas ao trabalho, do Grupo
II da Classificação de Schilling, posto que as circuns-
tâncias ocupacionais da exposição aos fungos dermató-
fitos podem ser consideradas como fatores de risco, no
conjunto de fatores de risco associados com a etiologia
desta doença infecciosa. (9)
A dermatofitose relacionada ao trabalho tem sido
descrita em trabalhadores que exercem atividades em con-
dições de temperatura elevada e umidade (cozinhas, giná-
sios, piscinas, etc.) e em outras situações específicas. (9)

Candidíase

Infecção provocada por fungo da classe Saccha-


romycetes leveduriformes do gênero Candida, sobre-

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tudo pela Candida albicans. A transmissão é feita pelo
contato com secreções originadas da boca, pele, vagina e
dejetos de portadores ou doentes. A transmissão vertical
se dá da mãe para o recém-nascido, durante o parto. Pode
ocorrer disseminação endógena. O período de transmis-
sibilidade dura enquanto houver lesões. (9)

A candidíase relacionada ao trabalho poderá ser


verificada em trabalhadores que exercem atividades que
requerem longas imersões das mãos em água e irritação
mecânica das mãos, tais como trabalhadores de lim-
peza, lavadeiras, cozinheiras, entre outros, com exposi-
ção ocupacional claramente caracterizada por meio de
história laborativa e de inspeção em ambiente de traba-
lho. Nesses casos, a candidíase poderá ser considerada
como doença relacionada ao trabalho, do Grupo II da
Classificação de Schilling. (9)

Paracoccidioidomicose

Infecção fúngica sistêmica, micose causada


pelo fungo Paracoccidioides brasiliensis. A infec-
ção dá-se por inalação de conídios em poeiras, em
ambientes quentes e úmidos, com formação de foco
primário pulmonar (assintomático) e posterior dis-
seminação. Em pacientes com grande resistência
imunológica, as formas são localizadas, com reação
granulomatosa e poucos parasitos. Nos demais, os

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parasitos são abundantes, os processos são predomi-
nantemente exsudativos e as formas disseminadas predo-
minam, com variados graus clínicos. (9)
O trabalho com o solo e vegetais em área rural,
a exemplo dos lavradores e operadores de máquinas
agrícolas, é fator predisponente importante da paracoc-
cidioidomicose. Inquérito epidemiológico realizado em
417 trabalhadores da mina Morro Velho em Nova Lima
– MG detectou 13,4% de positividade em teste cutâneo
para paracoccidioidomicose. (8)
Portanto, em determinados trabalhadores, a para-
coccidiodomicose pode ser considerada como doença
relacionada ao trabalho, do Grupo II da Classificação
de Schilling, posto que as circunstâncias ocupacionais da
exposição ao fungo podem ser consideradas como fato-
res de risco, no conjunto de fatores de risco associados
com a etiologia desta grave doença infecciosa. (9)

Malária

Doença infecciosa febril aguda, causada por


parasitas do gênero Plasmodium (vivax, malariae, fal-
ciparum, ovale), caracterizada por febre alta acom-
panhada de calafrios, sudorese e cefaleia, que ocorre
em padrões cíclicos, a depender da espécie do para-
sito infectante. (9)
A transmissão da doença é realizada por
intermédio dos esporozoítas, formas infectantes do

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parasita, inoculados no homem pela saliva da fêmea
anofelina infectante. (9)
Esses mosquitos, ao se alimentarem em indiví-
duos infectados, ingerem as formas sexuadas do para-
sita – gametócitos – que se reproduzem no interior do
hospedeiro invertebrado, durante 8 a 35 dias, eliminando
esporozoítas, durante a picada. A transmissão também
ocorre por meio de transfusões sanguíneas, compartilha-
mento de seringas, contaminação de soluções de conti-
nuidade da pele e, mais raramente, por via congênita. (9)
A transmissibilidade da infecção ocorre do
homem para o mosquito enquanto houver gametócitos
em seu sangue. O homem, quando não tratado, poderá
ser fonte de infecção durante mais de 3 anos da malária
por P. malariae, de 1 a 3 anos da malária por P. vivax e
menos de 1 ano da malária por P. falciparum. (9)
O período de incubação é, em média, de 7 a 14
dias para o P. falciparum, de 8 a 14 dias para o P. vivax e
de 7 a 30 dias para o P. malariae. (9)
A malária tem sido descrita em garimpeiros, agri-
cultores, lenhadores, motoristas de caminhão, em trabalha-
dores que exercem atividades em mineração, construção de
barragens ou rodovias, extração de petróleo, e em outras
atividades que obrigam a presença em zonas endêmica. (8)
A malária pode ser considerada como doença
relacionada ao trabalho, do Grupo II da Classificação
de Schilling, posto que as circunstâncias ocupacionais da
exposição aos anofelinos transmissores podem ser consi-

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deradas como fatores de risco, no conjunto de fatores de
risco associados com a etiologia da doença. (9)
A malária relacionada ao trabalho tem sido des-
crita em trabalhadores que exercem atividades em mine-
ração, construção de barragens ou rodovias, em extração
de petróleo e outras atividades que obrigam à presença
dos trabalhadores em zonas endêmicas. (9)

Leishmaniose

Leishmaniose ou leshmaníase por Leishmania


braziliensis é zoonose do continente americano que
apresenta, nos seres humanos, duas formas clínicas: a
leishmaniose cutânea, relativamente benigna, e a leishma-
niose cutaneomucosa, mais grave. É uma doença para-
sitária da pele e mucosas, de caráter pleomórfico, trans-
mitida pela picada de insetos flebotomíneos do gênero
Lutzomia. Período de incubação: pode variar de 2 sema-
nas a 12 meses, com média de um mês. (9)
A leishmaniose comporta-se geralmente como
doença profissional, ocorrendo em áreas onde se pro-
cessam desmatamentos para a colonização de novas
terras, construção de estradas e instalação de fren-
tes de trabalho para garimpo, mineração, extração de
madeira e carvão vegetal. Também estão expostos os
profissionais que trabalham sob as matas nas planta-
ções de cacau, extração de látex da seringueira. Outras
atividades de risco são o treinamento militar nas selvas,

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as expedições científicas e incursões de caçadores em
áreas florestais. (8)
Em determinados trabalhadores, a leishma-
niose cutânea ou a cutaneomucosa pode ser conside-
rada como doença relacionada ao trabalho, do Grupo
II da Classificação de Schilling, posto que as circunstân-
cias ocupacionais da exposição ao mosquito transmis-
sor podem ser consideradas como fatores de risco, no
conjunto de fatores de risco associados com a etiologia
desta doença infecciosa. (9)

1.3 - PREVENÇÃO

A prevenção de doenças infecciosas e parasitá-


rias relacionadas com o trabalho inclui medidas de edu-
cação e informação sobre os efeitos e riscos à saúde,
sobre os modos de transmissão e controle, pelo reco-
nhecimento prévio das atividades e locais de trabalho
onde existam agentes biológicos. (8)
São medidas preventivas muito eficazes para
ambientes onde há exposição prolongada ou poten-
cialmente grave. O controle do ambiente visa conter os
riscos biológicos em sua fonte, reduzir a concentração
de aerossóis e limitar seu movimento pela atmosfera
do trabalho. Sistemas de ventilação, ar condicionado e
aquecimento devem ser adequadamente projetados e
periodicamente vistoriados para prevenir a contamina-
ção por fungos ou bactérias. Para ambientes fechados,

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tais como hospitais e laboratórios de pesquisa, a venti-
lação deve ser projetada de modo a proporcionar fluxo
unidirecional e dirigido. O ar proveniente de áreas com
alto risco de contaminação por agentes infecciosos tais
como enfermarias de pacientes isolados, pode ser des-
contaminado através de filtração. (8)
O uso de equipamentos de proteção individual
está indicado toda vez que os riscos não forem total-
mente eliminados através das medidas anteriores. Deve-
se sempre calçar luvas quando em contato com secreções
biológicas de qualquer tipo. O uso de aventais ou capo-
tes, gorros, óculos especiais de proteção, devem sempre
fazer parte dos cuidados dos que lidam com materiais,
animais ou indivíduos potencialmente infectados. Deve-
se salientar que máscaras cirúrgicas ordinárias somente
protegem o paciente, o animal ou o produto, da exposi-
ção de organismos exalados pelo trabalhador. Para que o
trabalhador seja protegido de patógenos provenientes do
ambiente é necessário que ele utilize máscaras especiais
ou até respiradores específicos. (8)
A manipulação, descontaminação ou arma-
zenamento apropriados dos dejetos biológicos são
importantes medidas de controle de infecção em qual-
quer ambiente de trabalho. Em hospitais e laboratórios,
os dejetos potencialmente infectados devem ser inicial-
mente segregados dos outros dejetos e adequadamente
identificados em embalagens próprias para resíduos bio-
lógicos. Todas as lâminas e agulhas devem ser colocadas

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em contêineres seguros e à prova de furos. Agulhas nunca
devem ser encapadas ou cortadas antes de serem despre-
zadas. A descontaminação pode ser alcançada através da
esterilização, desinfecção ou antissepsia. (8)
Para exposição a atentes patógenos de trans-
missão sanguínea estão prescritas numa série de normas
conhecidas como “Normas de Biossegurança ou Pres-
crições Universais”, detalhadas na tabela 1.4. (8)

1. Evitar contato direto com fluidos orgânicos: sangue, fluido cérebro-espinhal,

sêmen, secreções vaginais, leite materno. Os demais como saliva, lágrima, suor,

urina e líquido amniótico não são considerados meios de transmissão.

* Colocar luva quando da presença de qualquer desses fluidos. A utilização de

luvas é obrigatória quando da execução de punções venosas, em razão do extra-

vasamento de sangue ser muito grande.

* Se houver contato da boca com esses fluidos, lavar e fazer bochechos com

água oxigenada a 3%.

* Se houver contato com a pele, remover os fluidos cuidadosamente, lavar com

água e sabão degermante; não usar escovinhas devido à escarifação da pele, a

fim de evitar porta de entrada. A pele deve estar íntegra, sem abrasão ou cortes.

* Usar máscaras durante os procedimentos em que exista a possibilidade de san-

gue e outros fluidos corpóreos atingirem as mucosas da boca e nariz."27"

* Usar óculos durante os procedimentos em que houver a possibilidade de que

sangue e fluidos corpóreos atinjam os olhos, principalmente em procedimentos

cirúrgicos, endoscópicos e em hemodiálise.

* Usar aventais protetores durante procedimentos em que exista a possibilidade de

contaminação das roupas dos trabalhadores de saúde com sangue ou fluidos corpóreos.

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2. Quando tiver alguma lesão de pele, tampá-la bem com curativo impermeável.

3. Evitar picada de agulhas e lesões que provoquem solução de continuidade.

* Não recapar as agulhas, pois esse é procedimento de risco.

* Recolher as agulhas em local apropriado com solução de Hipoclorito de Sódio a

0,5%, e só depois colocá-las no lixo.

* Caso haja picada de agulhas, pressionar imediatamente para expelir o sangue,

lavar com água e sabão degermante e fazer curativo oclusivo.

* Sempre usar luvas para procedimentos invasivos: injeção endovenosa, intramus-

cular, colher sangue, passar sonda vesical, nasogástrica e traqueostomia.

4. Lavar sempre as mãos com água e sabão e secá-las após atendimentos de cada

paciente, inclusive ao se administrar cuidados no leito.

5. Cuidados com o lixo e seu destino.

* O lixo hospitalar deve ser coletado em saco plástico, amarrado e acondicionado

em um novo saco mais resistente, amarrado e encaminhado para incineração.

* A pessoa que coleta o lixo deve estar paramentada com luvas, avental e botas.

6. Cuidados na limpeza com a unidade, utensílios e roupas de cama.

* Fluido corpóreo no chão, bancada, mesa: jogar Hipoclorito de Sódio a 1% no local,

por 30 minutos.

* Manipular as roupas sem agitação. Recolhê-las e rotular “contaminado”.

* Para lavar as roupas com fluidos contaminantes: detergente mais água a 71°C

por 25 minutos; com temperatura inferior: deixar e molho em Hipoclorito de Sódio

a 0,5% por 30 minutos.

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A vacinação nos ambientes de trabalho é rea-
lizada de acordo com indicações específicas. Existem
algumas indicações gerais:

• Os trabalhadores podem ser vacinados


visando à proteção a organismos infecciosos tais como
agentes do tétano e hepatite B;
• Os profissionais de saúde podem ser vacina-
dos, por exemplo, contra Influenza para evitar que con-
taminem inadvertidamente algum paciente;
• Algumas vacinas como a da febre amarela
são recomendadas para trabalhadores em viagens a
áreas endêmicas.

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