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Métodos e agentes de

limpeza, desinfecção e
esterilização
PGRSS

Diogo Sousa Lemos


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Prof. Biossegurança - UNIPLAN
Mestre em Ciências e Tecnologias em Saúde - UNB/FCE
Espec. em Vigilância Sanitária
Farmacêutico
Analista de Políticas Públicas SES/DF
Roteiro da aula
1) Contextualização sobre o tema;
2) Terminologias
3) Métodos e agentes físicos
4) Métodos e agente químicos
5) Biossegurança
6) Validação e controle de qualidade da limpeza

Brasília, 26 de Julho de 2016


MINAS GERAIS – JULHO 2015

Fonte: http://g1.globo.com/minas-gerais/noticia/hc-ufu-interdita-leitos-apos-detectar-infeccao-por-bacteria-em-uti-neonatal.html
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UM POUCO SOBRE A EPIDEMIOLOGIA DAS I.H.

 Segundo dados da OMS:


 14% das internações/ano

 234 milhões de pacientes operados/ano com 1 milhão de mortes decorrentes de


infecção hospitalar/ano.
 Infecção hospitalar  Grande vilã da segurança do paciente

 Meta da ANVISA entre 2013 e 2015  redução das infecções hospitalares (IH) em
30%
 Uma limpeza feita com técnicas e agente adequados pode, de fato,
interferir na redução da infecção hospitalar?
 Redução de 85% na incidência de IH por clostridium difficile usando hipoclorito de
sódio a 0,55% (Orenstein et al, 2011).
 Existe uma clara relação entre o ambiente, a rotina de higiene e a infecção hospitalar
(Eckstein, 2007).
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UM POUCO DE HISTÓRIA...

 Citações bíblicas  uso do fogo e água fervente para tratar vestimentas e


materiais de soldados que voltavam das guerras.
 Grécia antiga  Aristóteles instrui oferecer somente água fervida e ferver o
uniforme dos soldados.
 800 a.C  Homero cita em A Odisséia o uso do enxofre como desinfetante.
 1438  Veneza, pioneira no controle sanitário, instituiu fumigação de cargas de
navios e da correspondência.
1676  Anton van Leeuwenhook,
fabricante amador de microscópios ,
observou e efeito letal que o vinagre e
outras substâncias tinham sobre
“pequenos animais”.

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UM POUCO DE HISTÓRIA...

 Séc. XVIII  Descoberta do cloro em 1774 pelo químico suéco Scheele e dos
hipocloritos em 1789 pelo químico francês Bertholet.
 Séc. XIX  Lister e Semmelweis demonstraram que agentes químicos
poderiam prevenir doenças pós cirúrgicas. Fenol como antisséptico pré-cirúrgico e
água clorada para lavagem de mãos antes de trabalhos em obstetrícia, resultado:
 na mortalidade neonatos por febre puerperal.
 Ainda no séc. XIX  Louis Pasteur demonstra que são microorganismos os
responsáveis por doenças infecciosas. Desenvolveu a pasteurização.
 1881  Roberth Koch examinou a capacidade de 70 substâncias de destruir
microorganimos (MO), através do teste de diferentes concentrações e diluições.
 1897  Kroning e Paul introduzem conhecimento científico moderno sobre a
dinâmica da infecção química, fundamentando os princípios da avaliação da
atividade dos desinfetantes.
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TERMINOLOGIAS

 Limpeza  processo pelo qual são removidos


materiais estranhos (matéria orgânica, sujidades) de
superfícies e objetos. Aplicação de água + sabão (ou
detergente desincrostante ou enzimático) + ação
manual (fricção) ou mecânica (termodesinfectora)
 Desinfecção processo físico ou químico que
destrói MO presente em superfícies e objetos.
 alto (destrói quase todos os tipos de microrganismos);
 intermediário (não possui ação contra esporos, mas
destrói vírus e micobactérias);
 baixo (não possui ação contra esporos, vírus não
lipídicos e micobactérias).

 Esterilização  processo físico ou químico onde


são destruídas todas as formas microbianas.
Probabilidade de achados  1:1.000.000
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TERMINOLOGIAS

 Descontaminação  processo de desinfecção


ou esterilização terminal de objetos e superfícies
contaminados com MO patogênicos, de forma a
torná-lo seguros para a manipulação.
 Antissepsia  procedimento através do qual
MO presentes em tecidos vivos são eliminados ou
destruídos após a aplicação de agentes
antimicrobianos.
 Biocidas  agente químico ou físico utilizado
para destruir, neutralizar, impedir ou prevenir a
ação de organismos vivos indesejados ou nocivos.

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TERMINOLOGIAS – ARTIGOS X SUPERFÍCIES
ARTIGOS SUPERFÍCIES
Devem ser esterilizados; Penetram Ambientes com risco aumentado de
nos tecidos estéreis/sistema vascular; infecção, onde se realizam procedimentos
Estão envolvidos em alto risco de de risco ou apresentem pacientes
Críticos aquisição de IH (instrumentais imunodeprimidos (UTI, CC, banco de
cirúrgicos) sangue, CME)

Devem receber desinfecção; Entram Ambientes ocupados por pacientes com


em contato com mucosas íntegras ou doenças infecciosas de baixa
com a pele não intacta; Envolvidos transmissibilidade e não infecciosas
Semi- em risco intermediário de transmissão (enfermarias, ambulatório, elevador,
críticos de IH (endoscópio digestivo, corredor, posto de enfermagem).
nebulizador)

Devem receber limpeza ou Todos os demais locais do


desinfecção; Entram em contato com estabelecimento de saúde não ocupados
Não a pele íntegra do paciente ou não por pacientes e onde não se realizam
-críticos entram em contato com paciente procedimentos de risco (áreas
(estetoscópio, balança, administrativas, copa, vestiário)
comadres/papagaios)

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FATORES QUE INTERFEREM NA EFICÁCIA DOS
PROCESSOS DE LIMPEZA, DESINFECÇÃO E
ESTERILIZAÇÃO
 Natureza dos MO: os métodos e agentes variam consideravelmente de acordo
com a susceptibilidade e constituição dos MO

Fonte: Teixeira e Vale, 2011 10


FATORES QUE INTERFEREM NA EFICÁCIA DOS
PROCESSOS DE LIMPEZA, DESINFECÇÃO E
ESTERILIZAÇÃO
 Número e localização do MO: quanto  a carga microbiana,  tempo de
exposição; limpeza prévia detalhada deve ser feita para reduzir o número de
MO; Equipamentos com múltiplas peças devem ser desmontados e imersos
completamente no agente químico, impedindo a formação de bolhas.

 Concentração e potência do agente químico: quanto  a concentração,  o


tempo de exposição; utilizar as diluições recomendadas pelos fabricantes ou por
órgãos oficiais (Ministério da Saúde).

 Tempo de exposição: a ação antimicrobiana é diretamente relacionada ao


tempo de exposição; Deve ser rigorosamente obedecido. 1) desinfecção de
superfícies: 10 a 30 min.; 2) desinfecção de artigos: mínimo 30 min.; 3)
esterilização de artigos: variável de acordo com o produto e método usado.

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FATORES QUE INTERFEREM NA EFICÁCIA DOS
PROCESSOS DE LIMPEZA, DESINFECÇÃO E
ESTERILIZAÇÃO
 Matéria orgânica: pode ocorrer uma reação entre o composto químico e o
material orgânico; o material orgânico pode funcionar como uma “barreira
física” isolado o MO.
 Fatores físicos e químicos:
 Temperatura: da temperatura culmina em:  do processos esterilizante ou  da
atividade dos desinfetantes.
 pH: pode influenciar na ação antimicrobiana de algumas substâncias. Glutaraldeído é
estável em pH ácido, porém é mais efetivo em pH alcalino.
 Dureza da água: indica presença de muitos íons cálcio e magnésio na água; ocorre
interação destes com os sabões e são formados precipitados insolúveis.
 Umidade relativa: afeta diretamente a atividade de compostos na forma gasosa como
o óxido de etileno.

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FATORES QUE INTERFEREM NA EFICÁCIA DOS
PROCESSOS DE LIMPEZA, DESINFECÇÃO E
ESTERILIZAÇÃO

Células de Escherichia coli


expostas à várias
concentrações de fenol a 35ºC

Decréscimo do número de esporos


de Bacillus subtilis com 1200mg/L
de óxido de etileno e 40% de
umidade 13
MÉTODOS FÍSICOS DE DESINFECÇÃO/ESTERILIZAÇÃO

 Calor: atua promovendo a desnaturação de proteínas estruturais e enzimas,


levando a perda da integridade celular; sua eficiência  a medida que a
temperatura . Pode ser divido em calor seco (estufas, flambagem) e calor
úmido (fervura, pasteurização, autoclaves).
 Vantagens: seguro, barato e não forma produtos tóxicos (seco); tempo, uso de
embalagens no material utilizado, maior penetração do calor (úmido)
 Desvantagens: impossibilidade de esterilização de materiais termossensíveis, pequena
penetração de calor (seco); perda de corte e corrosão (úmido)
 Radiação ionizante: atua ionizando moléculas do DNA; formação de radicais
livres e lesão do DNA.
 Vantagens: livre de resíduos; penetração em todos os tipos de materias;
compatibilidade com produtos termo sensíveis
• Desvantagem: muito caro,
pouco acesso.

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MÉTODOS QUÍMICOS DE DESINFECÇÃO/ESTERILIZAÇÃO

 Profissional precisa ter noções sobre a regulamentação dos produtos;


 O uso de produtos para desinfecção deve ser utilizado após a redução
da carga microbiana com produtos saneantes (sabão).
 Não existe um desinfetante que contemple todas as situações e atenda a
todas as necessidades encontradas.
 Conhecimento das características do produto evita: custos excessivos e uso
inadequado.
 Deve ser realizado controle de qualidade dos processos e resultados.
 Mecanismos de ação:
 Desnaturação das proteínas.

 Inativação de enzimas

 Ruptura da membrana com precipitação do conteúdo celular.


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MÉTODOS QUÍMICOS DE DESINFECÇÃO/ESTERILIZAÇÃO

 Detergentes (enzimáticos): próprio para a limpeza. Remove tanto sujeiras


hidrossolúveis, quanto as lipossolúveis.
 Álcool: etílico e isopropílico; principais desinfetantes em serviços de saúde;
aplicado em superfícies (mobiliário e utensílios em geral) ou artigos por meio
de fricção; fácil aplicação e ação imediata. Desvantagens: inflamável, volátil,
opacifica acrílico, resseca plástico, borracha e a pele. C = 60 a 90% v/v
 Compostos liberadores de cloro ativo: hipoclorito de sódio ou cálcio;
aplicado em superfícies ou artigos; permanência de atividade residual.
Desvantagens: instável (luz, > 25ºC, pH ácido), inativa-se rapidamente em
presença de matéria orgânica; corrosivo para metais; causa irritação das vias
respiratórias superiores e olhos. C = 0,2 a 1% (desinfecção)

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MÉTODOS QUÍMICOS DE DESINFECÇÃO/ESTERILIZAÇÃO

Compostos quarternário de amônio: cloreto de alquildimetilbenzilamônio;


apropriados para desinfecção de superfícies não críticas como piso, mobiliário
e paredes; possuem efeito residual e apresentam baixa toxicidade
Desvantagens: inativado na presença de matéria orgânica e de água dura. C
= 1000 a 5000 ppm
 Agentes alquilantes: glutaraldeído e formaldeído; desinfetantes e
esterilizantes; recomendados para artigos semi-críticos sensíveis (drenos,
tubos de borracha endoscopia) com uso por imersão; não recomendado para
superfícies . Desvantagens: muito tóxicos, carcinogênicos, exige processo
manual, fixa sujidade residual, difícil enxague. C = 2% (G) e 8% (F).
 Ácido peracético: desinfetante para superfícies fixas e artigos semicríticos,
efetivo em presença de matéria orgânica e apresenta baixa toxicidade.
Desvantagens: instável quando diluído, corrosivo para metais, causa irritação
mucosa ocular e respiratória. C = 0,5%
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PGRSS

https://www.youtube.com/watch?v=8YRl79CcVBo&t=82s

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REFERÊNCIAS
 A Targeted Strategy to Wipe Out Clostridium difficile - Robert Orenstein et
al - Infection control and hospital epidemiology – 2011

 Reduction of Clostridium difficile and vancomycin resistant enterococcus


contamination of environmental surfaces na intervention to improve
cleaning methods. Eckstein BC et al BMC Infect Dis - 2007

 Biossegurança, uma abordagem multidisciplinar – Teixeira, Pedro; Valle,


Silvio. FIOCRUZ – 2011

 Limpeza e desinfecção de superfícies, Segurança do Paciente em Serviços


de Saúde – ANVISA – Min. Da Saúde – 2012

 Manual de Prevenção e Controle de Infecção Relacionada à Assistência à


Saúde – Secretaria de Saúde do DF – 2014.

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