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Controle da população

microbiana
Um pouco de história...

A Microbiologia como conhecemos nos dias atuais só


foi possível quando no ano de 1674 o alemão Antony
Van Leeuwenhoek criou o primeiro microscópio. Ele
usou este pequeno equipamento criado por ele para
observar pequenos seres, em amostras de solo, rio,
saliva e fezes, dos quais ele nomeou como
“animálculos”.
Dessecação, Fogo, Salga, Frio
Egípcios: Embalsamento
A técnica de mumificação mais comum começava com a
retirada do cérebro, pelo nariz ou por uma abertura no
crânio. Depois, era feito um corte na virilha esquerda, onde
o embalsamador enfiava a mão para retirar todos os órgãos.
O coração raramente era extraído, mas quando isso
acontecia, ele era substituído por um amuleto em forma de
escaravelho. Os órgãos ficavam guardados em um vaso
chamado canopo, colocado perto da múmia. O corpo era,
então, lavado com substâncias aromáticas e seu interior
forrado com sachês de sal grosso, para sugar toda a
umidade. Após um mês com esses sachês, o corpo era
lavado com óleos e recheado. Faraós e pessoas ricas eram
estofados com tecidos virgens.
abiogênese x biogênese
Joseph Lister: Técnicas anti-séptica em operações cirúrgicas
No ano de 1860 surgiu, Joseph Lister um médico inglês
nascido ano de 1827, que compartilhava os mesmos
pensamentos de Pasteur e acreditava que os micróbios que
estavam presentes no ar, eram os responsáveis pelos mais
diversos processos infecciosos. Lister, então voltou à sua
atenção para a criação de um método de desinfecção do
campo operatório e propôs que durante a realização da
cirurgia fosse vaporizado ácido fênico, sobre a região que
fosse ser realizado o ato cirúrgico. Este método foi realizado
pela primeira vez no ano de 1865, durante a operação de um
menino que tinha sofrido uma fratura exposta. Após a adoção
deste método por diversos profissionais da saúde diminuiu
muito o número de mortes por infecção pós-operatória.
Controle da população microbiana

O controle microbiológico pode ser realizado :

INIBIÇÃO: Bloqueio da multiplicação –


ação microbiostática
(MO vivo não multiplica)

MORTE: Perda irreversível da capacidade de


reprodução – ação microbiocida
(morte rápida do microrganismo)
Ação dos agentes de controle
microbiano

Estrutura da célula bacteriana. A- Pili. B- Ribossomas (danos às proteínas: produtos químicos, calor); C-
Cápsula; D- Parede celular; E- Flagelo; F- Citoplasma; G- Vacúolo; H- Plasmídeo; I- DNA (danos aos ácidos
nucléicos: radiação, calor, produtos químicos); J-Membrana plasmática (alteração na permeabilidade:
hipoclorito, iodóforos, quaternário de amônio)
Como escolher o melhor método/agente de
controle microbiano?

1. Objetivo que se deseja alcançar:

• Destruir ou remover todos os micro-organismos presentes


• Destruir somente certos tipos de microrganismos
• Prevenir a multiplicação de microrganismos já presentes

2. Tipo de material que será alvo do tratamento:

• Meio de cultura; produtos farmacêuticos, superfície de


instrumentos cirúrgicos,
• Alimentos de consumo humano e animal
• Tecidos vivos
CONCEITOS

ESTERILIZAÇÃO

Destruição de todas as formas de


vida microbiana, incluindo os
esporos.

Vapor sob pressão (autoclave)

Gás esterilizante (óxido de etileno)


DESINFECÇÃO

Destruição da maioria dos


patógenos vegetativos em
matéria inanimada.

Pode utilizar métodos físicos (UV,


água fervente ou vapor) ou
químicos (desinfetantes).

Não inativa formas esporuladas.


https://www.youtube.com/watch?v=FLsmnK7zVOk
https://www.youtube.com/watch?v=1kLLIRqAObI
ANTISSEPSIA

Destruição da maioria dos


patógenos vegetativos em tecidos
vivos pela inibição do seu
crescimento ou atividade.

Antimicrobianos químicos
(antissépticos).
DEGERMAÇÃO

Remoção mecânica dos microrganismos


de uma área limitada, como o local em
torno de uma injeção na pele (ex.:
algodão embebido em álcool)

SANITIZAÇÃO

Redução de microrganismos em
utensílios para fins alimentares,
equipamentos industriais e ambientes
hospitalares até níveis seguros de saúde
pública (lavagem com alta temperatura,
uso de sanitizantes).
ASSEPSIA

Conjunto de medidas utilizadas para prevenir a


contaminação microbiana num material (vivo ou não) ou
reduzir o números de microrganismos já presentes.

A assepsia deve ser mantida após a utilização de métodos,


técnicas e rotinas de controle de população microbiana.
Controle da
população
microbiana

Destruir, inibir ou remover


microrganismos

Agentes físicos Agentes químicos

Microrganismos em nos aceitáveis ou ausência


Agentes físicos usados no controle
microbiano

FILTRAÇÃO
Líquidos com constituintes que seriam inativados pelo calor

• Filtros de membrana: compostos de substâncias como


ésteres de celulose ou polímeros plásticos, tornaram-se
populares para uso industrial e laboratorial.
Agentes físicos usados no controle
microbiano

FILTRAÇÃO de AR
• Filtros HEPA (high efficiency particulate air): removem
quase todos os microrganismos maiores que cerca de
0,3 micrometros de diâmetro. (sistemas de ar)
Agentes físicos usados no controle microbiano

BAIXAS TEMPERATURAS

Bacteriostático

Refrigeração: 1 a 10°C

Congelamento rápido profundo:


Conservação de culturas (- 80 °C)

Liofilização: Água removida por


alto vácuo em baixa temperatura
(- 50 °C)
Agentes físicos usados no controle microbiano

ALTAS TEMPERATURAS
Calor úmido
Fervura (100 °C) – desnaturação protéica

Autoclave ( 121ºC) - aumento da temperatura em alta pressão.


Usada para esterelizar meios de cultura, soluções, utensílios, etc.
Autoclave: temperaturas acima da água
fervente (121ºC/15min) em um sistema
fechado de volume constante, um aumento
da pressão permitirá um aumento da
temperatura.

Usada para esterilizar: meios de cultura,


soluções, utensílios, etc.

https://www.youtube.com/watch?v=zY8Zj_ryeKk
Agentes físicos usados no controle microbiano

ALTAS TEMPERATURAS

Pasteurização rápida (HTST - High Temperature and Short Time)

UHT (ultra high temperature)


PASTEURIZAÇÃO X UHT

São processos de esterilização diferentes.

Na pasteurização a alimento é aquecido a mais de 70 °C por até


20 segundos, e então resfriado muito rapidamente a -4 °C. Esse
método, chamado pasteurização, mata apenas as bactérias que
causam doenças – e conserva o alimento por um período
aproximado de sete à dez dias (leite de saquinho)

Já o processo UHT (ultra high temperature, em inglês) é um


processo de esterilização mais radical: o alimento é aquecido a
140°C por 3 segundos, seguido por resfriamento em uma câmara
à vácuo.Como praticamente nenhuma bactéria sobrevive, ele dura
até quatro meses em temperatura ambiente (leite de caixinha)
Agentes físicos usados no controle microbiano

CALOR SECO

Chama direta: queima de


contaminantes até tornarem cinzas (ex.:
alças).

Incineração: copos de papel, curativos


contaminados, carcaças de animais,
sacos e panos de limpeza.

Esterilização com ar quente: vidros


vazios, agulhas, instrumentos, seringas
de vidro – Forno de Pasteur (180º C
por 2 horas)
Agentes físicos usados no controle microbiano

Ressecamento
Remoção de água dos microrganismos .
Efeito bacteriostático.

Pressão osmótica ambiente hipertônico


ocasiona saída de água da célula

Radiação
❖ Não Ionizantes (Ultra-Violeta) => baixo poder de penetração
❖ Ionizantes (Beta, Gama, Raio X) => Grande poder de penetração
Agentes químicos usados no controle microbiano

Fenol e agentes fenólicos:


– Antisséptico ou desinfetante
– Promovem ruptura de membrana
plasmática, desnaturação de
enzimas. Fenol é raramente usado
(padrão de comparação).
– Hexaclorofeno: derivado do fenol.
Ativo em presença de matéria
orgânica

Biguanidas:
– Ruptura de membrana plasmática;
– Antissepsia da pele e mucosas
(clorexidina);
– Bactericida, fungicida, não
esporocida, atóxico.
Iodo: Antisséptico efetivo – tintura e
iodóforos (bactericida e irritante das
mucosas).

Cloro: desinfetantes de cloro na forma de


hipoclorito de sódio (NaClO) e cloraminas
(cloro e amônia). Desinfecção de água e
utensílios.

Álcoois: antisséptico ou desinfetante


Ruptura da membrana, desnaturação de
proteínas e dissolução de lipídeos. Mais
efetivo em 70%. Ação depende da
retirada da sujidade.
AGENTES DE SUPERFÍCIE

Sabões e detergentes não iônicos:


Remoção mecânica dos microrganismos
Alguns podem ter antimicrobianos (Triclosan)

Detergentes aniônicos:
Lauril sulfato de sódio, inativação ou ruptura
de enzimas

Detergentes catiônicos:
Quaternário de amônio, inibição enzimática,
desnaturação protéica e ruptura da membrana
plasmática. Cepacol- cloreto de
cetilpiridínio/cloreto de benzalcônio
Aldeídos (Gluteraldeído e
formaldeído)
Desnaturação protéica;
Desinfecção de equipamentos
médicos (2 % por 30 min).

Peroxigênios
O3 usado para auxiliar na cloração
H2O2 – antisséptico fraco, bom
desinfetante.
METAIS E SEUS COMPOSTOS

Desnaturação protéica, bactericidas,


antissépticos ou desinfetantes;

AgNO3: pode ser usado para


prevenir infecções gonocócicas
oculares.

Cloreto de mercúrio: ação lenta.


Antissepsia de pele e mucosa.
Tóxico (uso não recomendado).

CuSO4: algicida; ativo mesmo em


baixa concentração de matéria
orgânica.
Quimioterápicos

Para o controle de doenças infecciosas. Uso interno.

Principal propriedade: Toxicidade seletiva – mata o agente


infecciososem causar dano ao hospedeiro.

Podem ser antibióticos ou agentes sintéticos


Características de um agente químico ideal

• Amplo espectro;
• Toxicidade seletiva;
• Solubilidade, estabilidade, odor relativo;
• Não corrosivo, não deve corar;
• Poder de penetração e poder residual;
• Não combinar com substâncias orgânicas;
• Disponibilidade e preço razoável;
• Não poluir o meio ambiente.
Fatores que influenciam a efetividade dos tratamentos

Tamanho da população microbiana: quanto maior a carga


microbiana, maior o período de tempo para eliminar todos os micro-
organismos.

Intensidade ou concentração do método/agente microbicida:


quanto menor a intensidade ou concentração do agente microbicida,
maior o período de tempo para eliminar toda a população microbiana

Tempo de exposição ao agente microbicida: quanto maior o tempo


de exposição ao agente, maior será o número de células microbianas
mortas;

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