Você está na página 1de 80

3

Telma Regina Stroparo

1º Volume

PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS


SOCIAIS APLICADAS

1ª Edição

Belém-PA

2020
4

https://doi.org/10.46898/rfb.9786558890164.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP).

A154

Pesquisas em temas de ciências sociais aplicadas [recurso digital] / Telma


Regina Stroparo (Organizadora). -- 1. ed. 1 vol. -- Belém: RFB Editora,
2020.
2.867 kB; PDF: il.
Inclui Bibliografia.
Modo de acesso: www.rfbeditora.com.

ISBN: 978-65-5889-016-4.
DOI: 10.46898/rfb.9786558890164.

1. Ciências Sociais Aplicadas. 2. Pesquisa. 3. Estudo.


I. Título.

CDD 372.357

Elaborado por RFB Editora.


5

© 2020 Edição brasileira.


by RFB Editora.
© 2020 Texto.
by Os autores.

Todo o conteúdo apresentado neste livro, inclusive correção ortográ-


fica e gramatical, é de responsabilidade excluvisa do(s) autor(es).
Obra sob o selo Creative Commons-Atribuição 4.0 Internacional. Esta
licença permite que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a
partir do trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que lhe atri-
buam o devido crédito pela criação original.

Conselho Editorial:
Prof. Dr. Ednilson Sergio Ramalho de Souza - UFOPA (Editor-Chefe).
Prof.ª Drª. Roberta Modesto Braga - UFPA.
Prof. Me. Laecio Nobre de Macedo - UFMA.
Prof. Dr. Rodolfo Maduro Almeida - UFOPA.
Prof.ª Drª. Ana Angelica Mathias Macedo - IFMA.
Prof. Me. Francisco Robson Alves da Silva - IFPA.
Prof.ª Drª. Elizabeth Gomes Souza - UFPA.
Prof.ª Me. Neuma Teixeira dos Santos - UFRA.
Prof.ª Me. Antônia Edna Silva dos Santos - UEPA.
Prof. Dr. Carlos Erick Brito de Sousa - UFMA.
Prof. Dr. Orlando José de Almeida Filho - UFSJ.
Prof.ª Drª. Isabella Macário Ferro Cavalcanti - UFPE.

Diagramação e Arte da capa:


Pryscila Rosy Borges de Souza.

Revisão de texto:
Os autores.

Home Page: www.rfbeditora.com.


E-mail: adm@rfbeditora.com.
WhatsApp: (91)98885-7730.
Belém, Pará, Brasil.
CNPJ: 36.972.053/0001-11.
6

SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO...................................................................................................................7
Telma Regina Stroparo

CAPÍTULO 1
MERCADO DE PROTEÍNAS: REFLEXOS DOS ESCÂNDALOS DE 2017 NOS IN-
DICADORES DE ENDIVIDAMENTO...............................................................................9
OLIVEIRA, Natan de
STROPARO, Telma Regina
DOI: 10.46898/rfb.9786558890164.1

CAPÍTULO 2
“IMPORTÂNCIA DOS CONHECIMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO NA RECU-
PERAÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA NO IMPACTO DA PANDEMIA CORONA-
VÍRUS (COVID-19)”.............................................................................................................23
NASCIMENTO, Gicélia Lima Santos do
PIZOLATO, Celia de Lima
QUEIROZ, Fleuri Cândido
PERNICE, Michele Abib
DOI: 10.46898/rfb.9786558890164.2

CAPÍTULO 3
RECUPERAÇÃO JUDICIAL: O CASO DA EMPRESA OGX.......................................33
STROPARO, Marina
STROPARO, Telma Regina
DOI: 10.46898/rfb.9786558890164.3

CAPÍTULO 4
APLICAÇÃO DO CICLO PDCA NO SETOR DE LICITAÇÃO DA PREFEITURA
DE DOUTOR SEVERIANO/RN.........................................................................................49
BENTO, Francisca Joselânia da Silva
HOLANDA, João Clécio de Sousa
DOI: 10.46898/rfb.9786558890164.4

CAPÍTULO 5
ADMISSÃO DO DOCUMENTO ELETRÔNICO COMO MEIO DE PROVA NO
PROCESSO CIVIL: ASPECTOS DE VALIDADE E SEGURANÇA............................61
OLIVEIRA, Diego Bianchi
DOI: 10.46898/rfb.9786558890164.5

ÍNDICE REMISSIVO............................................................................................................78
7

APRESENTAÇÃO
É com muita satisfação que apresento aos leitores a obra intitulada PESQUISAS
EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS, Vol 1, composta por uma cole-
tânia de artigos científicos, abrangendo as áreas de Administração, Contabilidade e
Direito, cujo objetivo é dar publicidade e divulgar importantes estudos desenvolvidos
no âmbito de universidades brasileiras e, dessa forma, contribuir para o incremento e
melhoria da ciência.

O Capítulo 1 intitulado “Mercado de Proteínas: reflexos dos escândalos de


2017 nos indicadores de endividamento”, de autoria de Natan de Oliveira e Telma
Regina Stroparo analisa, por meio de indicadores contábeis, se há relação entre os
escândalos financeiros e endividamentos em empresas exportadoras de carne bovina.

Os autores Gicélia Lima Santos do Nascimento, Celia de Lima Pizolato, Fleuri


Cândido Queiroz e Michele Abib Pernice, no Capítulo 2, discorrem sobre a “Impor-
tância dos conhecimentos de Administração na recuperação social e econômica no
impacto da pandemia coronavírus (COVID-19)”. A pesquisa aborda tema atual e re-
levante para a sociedade brasileira e propõe a aplicação de conceitos da Administra-
ção para encontrar estratégias e soluções que propiciem superação social que surge
por meio de uma nova resiliência para todos.

O Capítulo 3 tem como tema: “Recuperação judicial: o caso da empresa OGX”,


proposto por Marina Stroparo e Telma Regina Stroparo e apresenta os aspectos con-
tábeis e repercussões advindas do processo de recuperação judicial da empresa OGX.
Os resultados corroboram a queda de liquidez e dificuldades de solvência verificados
posteriormente nos jornais, nas decisões empresarias publicizadas e nos desdobra-
mentos com vendas de ações e abertura de capital.

A “aplicação do ciclo PDCA no setor de licitação da Prefeitura de Doutor Se-


veriano/RN” é tema de estudo realizado por Francisca Joselânia da Silva Bento e João
Clécio de Sousa Holanda, no Capítulo 4. A pesquisa tem como proposta identificar
melhorias no processo licitatório para que o gasto público possa ser realizado com
qualidade e eficiência.

Por fim, o Capítulo 5 discorre sobre “Admissão do documento eletrônico como


meio de prova no processo civil: aspectos de validade e segurança”, de autoria de
Diego Bianchi Oliveira, apresenta uma interessante e importante discussão sobre a
era digital e os impactos no ordenamento jurídico brasileiro e esclarece questões que
permeiam a admissibilidade de documentos eletrônicos como meio de prova em pro-
cessos civis.
8

Trata se, portanto, de uma obra que abrange diversos aspectos e interfaces das
ciências sociais e suas relações com a sociedade, quer por meio de organizações priva-
das, entes públicos ou judiciário.

Outrossim, desejamos que nosso público leitor encontre subsídios e caminhos


para a reflexão acerca dos assuntos aqui debatidos de tal forma que possibilitem novos
estudos para o engrandecimento e aprofundamento da ciência.

Boa leitura!!

Me. Telma Regina Stroparo

Universidade Estadual do Centro Oeste – Unicentro


CAPÍTULO 1

MERCADO DE PROTEÍNAS: REFLEXOS DOS


ESCÂNDALOS DE 2017 NOS INDICADORES
DE ENDIVIDAMENTO

OLIVEIRA, Natan de1


STROPARO, Telma Regina2

DOI: 10.46898/rfb.9786558890164.1

1  Universidade Estadual do Centro Oeste - UNICENTRO. E-mail: nathan.lpstyle@gmail.com


2 Universidade Estadual do Centro Oeste - UNICENTRO. telma@unicentro.br. https://orcid.org/0000-0001-8446-
992X
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
10

Resumo

C om objetivo de analisar os indicadores de endividamento das empresas do


mercado de proteína animal exportadoras de carne bovina no período com-
preendido entre 2014 a 2018, a presente pesquisa classifica-se metodologicamente em
aplicada, com abordagem descritiva, bibliográfica, documental e quanto à abordagem
do problema caracteriza-se como pesquisa quantitativa e qualitativa. A população
abrange as empresas listadas no mercado de proteínas na Bolsa de Valores de São Pau-
lo (BM&F Bovespa) e a amostra restringe-se a duas empresas que enquadram-se nos
critérios definidos, por acessibilidade e conveniência, que são: (i) ser do ramo de mer-
cado de proteínas, (ii) trabalhar com a carne bovina, (iii) ter como atividade a expor-
tação de carne bovina in natura, (iv) não ter se envolvido nos escândalos ocorridos no
período. As empresas analisadas são MARFRIG GLOBAL FOODS S.A. e MINERVA
S.A. Após análises conclui se que não houve aumento do endividamento nas empre-
sas analisadas no período e, portanto, não há relação entre os escândalos financeiros e
endividamentos
Palavras-chave: Proteínas. Endividamento. Indicadores. Escândalos

1 Introdução

No início do ano de 2017, surgiram investigações (FONSECA, NUNES, KANIAK


et al., 2017) sobre um suposto esquema de adulteração no mercado frigorífico brasilei-
ro. As empresas denunciadas apresentaram parecer para os consumidores sobre todo
o ocorrido, mas as mesmas sofreram cortes na exportação de seus produtos (ALVA-
REZ, GOMES, BRASIL et al., 2017), cortes de funcionários (G1.COM, 2017) e perda de
muitos de seus produtos em estoque.

Após este escândalo, a empresa passou por uma investigação da Policia Federal,
sofrendo mais um escândalo envolvendo o banco BNDES (G1.COM, 2017), com isso,
seus sócios assinaram uma delação premiada, os quais cooperando com as investiga-
ções se livraram de algumas penas.

Logo após estes casos a empresa despencou no mercado de ações (TREVIZAN,


2017), perdendo força no mercado pela forma como a empresa é gerenciada e pelos
escândalos da qual está fazendo parte. Todo este caso, somado a queda no mercado de
ações podem impactar os resultados contábeis.

Por meio de análise contábil, o contador consegue índices que podem facilitar a
compreensão das demonstrações contábeis, Matarazzo (2010) descreve índice como
sendo uma relação das contas das Demonstrações Financeiras, o qual evidencia certos
aspectos sobre a situação econômica da empresa. O autor também reforça que para se

OLIVEIRA, Natan de
STROPARO, Telma Regina
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
11

fazer uma boa análise não é necessário um grande número de índices, mas sim de um
conjunto de índices que façam o gestor conhecer e analisar com mais clareza a situação
da empresa.

O impacto na mídia e o corte nas exportações das empresas, pode gerar grandes
quedas em suas demonstrações, fazendo com que o nível de endividamento aumente,
trazendo impactos nas tomadas de decisões das empresas.

Com eventos ocorridos no ano de 2017 no ramo de proteínas no país emerge a


questão que norteia a presente pesquisa: Houve piora nos indicadores de endivida-
mento nas empresas do segmento de proteínas após os escândalos ocorridos no ano
de 2017?

2 Referencial teórico

Nesta seção são apresentados os conceitos teóricos que fundamentam a pesquisa


e versam sobre escândalos financeiros; mercado da carne brasileira, análise das de-
monstrações contábeis e indicadores de endividamento.

2.1 Escândalos Corporativos

Divulgações de uma série de escândalos envolvendo as práticas contábeis de


grandes empresas são frequentes. Silva et al. (2012) apresentam cenários de escânda-
los corporativos, em países como Estados Unidos, onde empresas como a Enron e a
Worldcom manipularam os seus demonstrativos e resultados com o intuito de ludibriar
os usuários externos das informações contábeis. Já no Brasil, apesar de acontecerem
diversos casos de escândalos corporativos, é pouco noticiado pela imprensa brasileira
devido à terem efeitos muito limitados, no entanto, a imprensa americana dedica mui-
ta relevância ao gerenciamento de resultados, possivelmente, em razão de que esses
resultados trazem grandes prejuízos para a sociedade, visto que a mesma tem maior
hábito e potencial de investimento no mercado acionário (SILVA et al. 2012).

No último balanço publicado pela empresa Enron, a mesma superestimou os


lucros em quase 600 milhões de dólares e ocultou dívidas de quase 650 milhões de
dólares, e ainda, além de mascarar os passivos, a Enron também vendeu bens a diver-
sas outras empresas por preços sobrevalorizados, planejando falsificar receitas, o que
acabou por fazer com que a Enron fosse obrigada a corrigir o valor de seus resultados
de 1997 a 2000 diminuindo seu patrimônio em 1,25 bilhões de dólares (SOUZA; SCAR-
PIN, 2006).

Casos protagonizados por grandes corporações como a Enron vêm evidenciando


a dimensão do impacto que as grandes organizações exercem sobre a sociedade na

Capítulo 1
MERCADO DE PROTEÍNAS: REFLEXOS DOS ESCÂNDALOS DE 2017 NOS INDICADORES DE ENDIVIDAMENTO
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
12

era da globalização, ressaltando que debates específicos deveriam ser conduzidos nas
universidades no que diz respeito à possibilidade de as áreas de estratégia auxiliarem
de maneira expressiva no entendimento de como a sociedade contemporânea deve
progredir (BARTUNEK, 2002).

Segundo relatado por Silva et al (2012) casos de natureza fraudulenta nas corpo-
rações têm surgido com frequência, o que pode estar afetando a confiança dos investi-
dores, o desempenho no mercado de ações, e até mesmo influenciando nos índices de
liquidez. O que por conta de tais escândalos, têm gerado desconfiança sobre a qualida-
de e fidedignidade dos relatórios contábeis das empresas.

As privatizações e reformas do estado vêm tendo uma relação nos escândalos no


Brasil, o que por consequência impacta grandes instituições dedicadas ao fomento do
desenvolvimento do país, como o BNDES, e também afeta setores de telecomunica-
ções e energia, fazendo com que surgisse a premissa de que os escândalos corporativos
recentes desafiaram o conceito de que o mercado e as grandes corporações governam
o capitalismo (HELD; MCGREW, 2000).

Concomitantemente, algumas empresas europeias têm sistemas de administra-


ção corporativa parecidos com os sistemas brasileiros, contando com um grande nú-
mero de empresas familiares, ou seja, que são administradas por grupos familiares
havendo uma maior concentração na gestão, porém, por mais que haja semelhanças
entre diversas empresas, as motivações para práticas fraudulentas no âmbito contábil
nos países são distintas refletindo na forma como as fraudes contábeis ocorrem nos
países. (SILVA, et al. 2012).

Em decorrência de diversos escândalos, a contabilidade passou a ser referida


como a principal responsável pelo ocorrido, já que grande parte das fraudes foi reali-
zada mediante práticas contábeis questionáveis, permitindo a manipulação dos resul-
tados financeiros de grandes empresas por parte dos gestores de acordo com as suas
necessidades individuais. Ocasionando a divulgação no mercado de números total-
mente fictícios, fazendo com que os números impressionassem os investidores, fazen-
do-os acreditar que essas empresas eram uma excelente oportunidade de investimento
em virtude dos seus altos níveis de desempenho retratados (SOUZA; SCARPIN, 2006).

De acordo com Griffiths (1988), contabilidade fraudulenta são as demonstrações


contábeis e os resultados que são manipulados sutilmente com base em livros contá-
beis que foram retocados. Os valores demonstrados aos investidores são modificados
a fim de preservar o transgressor, tangido de meios que não infringem as normas,
sendo considerados amplamente legítimos.

OLIVEIRA, Natan de
STROPARO, Telma Regina
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
13

Diversos podem ser os motivos pelos quais uma empresa escolhe manipular seus
resultados. Consenza (2003), indica que os ganhos de uma empresa ao disfarçar seus
resultados podem ser significativos, principalmente para alguns gestores, que têm
seus rendimentos ligados à performance das ações da empresa na bolsa de valores. O
principal intuito da manipulação dos resultados é ludibriar o investidor, se valendo de
uma política contábil, que pode ser um tanto sutil, quanto mais agressiva (CONSEN-
ZA, 2003).

2.2 Mercado da Carne Brasileira

O rebanho bovino brasileiro, segundo dados de 2015, totalizou 209,13 milhões


de cabeças das quais 39,16 milhões se destinaram ao abate, impactando em cerca de
2,87% do Produto Interno Bruto (PIB) num montante da pecuária de corte de R$169,39
bilhões. (ESALQ/USP, 2015).

Segundo Souza (2008) o mercado de exportação de carne bovina no Brasil, tem


um grande salto a partir do ano de 2005, quando em países com maior expressão nas
exportações mundiais, começam a sofrer problemas com casos de doenças na criação
bovina.

No ano de 2007, segundo a ABIEC (2019) o Brasil já era o maior exportador de


carne bovina mundial, trazendo assim uma grande importância e por consequência
o mercado começou a ficar mais exigente, Perobelli (2007) aponta que começaram a
surgir acordos entre frigoríficos e grupos pecuaristas, para melhorar a qualidade dos
produtos, premiando pecuaristas que apresentem animais com melhor qualidade.

O crescimento da exportação da carne bovina fez com que no ano de 2017 o Bra-
sil atingisse a cifra de U$$ 6,3 bilhões em exportações de carne bovina, cujo principal
importador da carne brasileira é Hong Kong, importando mais de U$$ 1 bilhão, equi-
valente a 248 mil toneladas de carne bovina (ABIEC, 2019).

2.3 Análise das Demonstrações Contábeis

Os dados fornecidos pela análise das demonstrações contábeis são gerados pelos
registros das transações realizadas como: compra, venda, pagamento, recebimento,
despesas, depreciação, estoque, entre outras. Sendo que todas essas transações geram
números, que organizados pelo contador com ferramentas e técnicas originam dados
(MATARAZZO, 2010).

A Resolução CFC nº 1.121/2008 designa que o objetivo das demonstrações con-


tábeis é de fornecer informações acerca da posição patrimonial e financeira, como tam-
bém o comportamento, bem como as alterações na posição financeira da organização,

Capítulo 1
MERCADO DE PROTEÍNAS: REFLEXOS DOS ESCÂNDALOS DE 2017 NOS INDICADORES DE ENDIVIDAMENTO
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
14

precisando ser relevantes nas avaliações e tomadas de decisão econômica da empresa


(COSTA, 2010).

O principal propósito das demonstrações contábeis nas pequenas e médias em-


presas é a de oferecer informações sobre o posicionamento financeiro (balanço patri-
monial), o desenvolvimento (resultado e resultado abrangente) e fluxos de caixa da
entidade, que é importante para a tomada de decisão. Traz ainda que as informações
contidas nas demonstrações contábeis devem ser inteligíveis e entendíveis para aque-
les que não tem conhecimento algum sobre os negócios, práticas e técnicas de conta-
bilidade. Salientando que a informação deve ser consideravelmente importante para
a tomada de decisão dos usuários, facilitando no conhecimento do usuário ao consi-
derar e avaliar as situações passadas, presentes e futuras (CONSELHO FEDERAL DE
CONTABILIDADE, 2010).

A partir das demonstrações contábeis são aplicados índices financeiros que de-
monstrem, de forma relativa, o desempenho das organizações, sendo de interesse dos
acionistas, bem como de outras partes interessadas, como credores, fornecedores, fun-
cionários, entre outros (GITMAN, 2010)

Segundo Oliveira (2010) os índices confiáveis são obtidos através de algumas


precauções, ele ressalta que o índice obtido não é a análise em si, pois a análise se
dará a partir de um conjunto de índices em que possa se fazer uma interpretação da
demonstração analisada.

É importante enfatizar que a análise dos índices não deve ser feita de maneira
isolada. A análise dos indicadores é primordial nas decisões empresariais, constituída
basicamente de três pilares essenciais nas decisões empresariais, sendo: (i) Tripé deci-
sorial, que corresponde a situação financeira, ou seja, a capacidade de pagamento da
empresa; (ii) A estrutura do capital, que é o dinheiro dos proprietários ou de fornece-
dores, que equivale a entrada de recursos na empresa; e (iii) A posição econômica, que
é relativa ao lucro e a rentabilidade da empresa. (MARION, 2012).

Existem os índices de liquidez, que segundo Marion (2012) são utilizados a fim
de avaliar a capacidade de pagamento da empresa, ou seja, organizam um juízo sobre
a empresa para averiguar se a mesma tem potencial de saldo para quitar seus compro-
missos.

Os índices de rentabilidade são apontados por Hoji (2014) como a análise sob o
ponto de vista da empresa, mostrando o quanto é a taxa de retorno da empresa para
cada valor por ela investido em ativo total, ou seja, do ponto de vista do proprietário
retrata o quanto para cada valor que foi investido do capital próprio foi a sua taxa de

OLIVEIRA, Natan de
STROPARO, Telma Regina
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
15

retorno, são divididos em Giro do Ativo, Margem líquida, Margem bruta e Margem
operacional.

2.4 Indicadores de Endividamento

É por meio desse indicador que averiguamos o nível de endividamento da em-


presa, compreendendo que o ativo é atendido por capitais de terceiros que é o passivo
circulante somado ao exigível a longo prazo, e por capitais próprios, que é o patrimô-
nio líquido. Assim, sabe-se que a origem dos recursos da empresa é do capital próprio
e do capital de terceiros (IUDICÍBUS, 2012).

Na Tabela 1 é possível verificar os indicadores de endividamento usualmente


utilizados:
Tabela 1 – Indicadores de Endividamento
Siglas Índice Fórmula

Capital de Terceiros / Patrimônio


EG Endividamento Geral
Líquido x 100

Composição do Passivo Circulante / Capital de


CI
Endividamento Terceiros x 100
Índices de
Endividamento
Ativo Permanente / Patrimônio
IP Imobilização do PL
Líquido x 100

Imobilização de Ativo Permanente / Patrimônio


INC
Recursos não Correntes Líquido + Exigível a Longo Prazo x 100

Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010)


Conforme verifica-se na tabela acima, os indicadores de endividamento usual-
mente aceitos nos meios empresariais e acadêmicos são quatro: endividamento geral;
composição do endividamento; imobilização do Patrimônio Líquido e Imobilização de
recursos não correntes.

O indicador endividamento geral demonstra o quanto a empresa depende dos


capitais de terceiros para financiar o seu ativo. Quanto menor o valor deste índice me-
lhor para a empresa, pois representa que ela depende menos dos recursos de terceiros
Silva (2015).

O índice de composição do endividamento Segundo Silva (2015) irá demonstrar


a participação de dívidas a curto prazo em relação ao total do capital de terceiros. Para
definir as dívidas a curto prazo, são aquelas em que o vencimento ocorre dentro do
exercício subsequente

Capítulo 1
MERCADO DE PROTEÍNAS: REFLEXOS DOS ESCÂNDALOS DE 2017 NOS INDICADORES DE ENDIVIDAMENTO
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
16

Na imobilização do patrimônio líquido conseguimos visualizar o quanto do pa-


trimônio líquido foi investido no ativo permanente Silva (2015), o ativo permanente é
definido pelas contas de Investimentos, Imobilizado e Intangíveis.

A imobilização de recursos não correntes mostra o quanto de recursos não-cor-


rentes compõem o Ativo permanente, recursos não-correntes é definido pelo Exigível
a longo prazo + Patrimônio Líquido da empresa Silva (2015).

3 Metodologia

A presente pesquisa classifica-se como uma pesquisa aplicada, descritiva, com


abordagem quantitativa, bibliográfica, documental, com amostragem não-probabilís-
tica, intencional e por conveniência. (CRESWELL, 2007; COOPER; SCHINDLER, 2011;
GRAY, 2012; MARTINS; THEÓPHILO, 2007).

A população da pesquisa abrange as companhias brasileiras de capital aberto


com ações para negociações na B3. A amostra restringe-se ao segmento de proteínas
que se compõe de seis empresas que são: BRF S.A, EXCELSIOR ALIMENTOS S.A., JBS
S.A, MARFRIG GLOBAL FOODS S.A., MINERVA FOODS S.A E MINUPAR PARTI-
CIPAÇÕES S.A.,

No entanto, visando a comparabilidade dos resultados a amostra foi redefinida


segundo os critérios: (i) ser do ramo de mercado de proteínas, (ii) trabalhar com a car-
ne bovina, (iii) ter como atividade a exportação de carne bovina in natura, (iv) não ter
se envolvido nos escândalos ocorridos no período.

Dessa forma, a amostra da pesquisa é composta pelas empresas MARFRIG GLO-


BAL FOODS S.A. e MINERVA FOODS S.A.

Foram coletados dados relativos ao período compreendido entre 2014-2018. As


demonstrações contábeis foram padronizadas e aplicados os indicadores de endivida-
mento.

4 Resultados e discussões

Nesta seção são apresentados os dados coletados, os indicadores encontrados e a


análise da relação endividamento x escândalos financeiros.

Os dados foram coletados conforme quadro 1 e quadro 2, sendo estes da MAR-


GRIG S.A e da MINERVA FODDS, respectivamente.

OLIVEIRA, Natan de
STROPARO, Telma Regina
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
17

Tabela 2 – Demonstrações Financeiras MARFIG S.A – 2014 a 2018


MARFIG S.A.

Conta 2014 2015 2016 2017 2018

Ativo Total 20.185.908 20.603.479 20.258.803 21.301.799 26.504.272

Capital de Terceiros 18.114.183 19.759.847 19.158.001 18.667.089 22.492.715

Passivo a Curto Prazo 4.662.465 5.406.649 7.382.969 6.021.169 8.646.390

Passivo a Longo Prazo 13.451.718 14.353.198 11.775.032 12.645.920 13.846.325

Patrimônio Líquido 2.071.725 843.632 1.100.802 2.634.710 4.011.557

Ativo Permanente 8.145.406 7.042.361 6.892.031 7.354.405 11.830.816

Fonte: Dados da Pesquisa (2019).

Tabela 3 Demonstrações Financeiras da Empresa MINERVA FOODS S.A - 2014-2018.


MINERVA FOODS

Conta 2014 2015 2016 2017 2018

Ativo Total 7.247.358 8.312.048 8.886.186 11.905.325 12.824.421

Capital de 6.766.805 8.694.795 8.364.119 11.834.248 13.125.535


Terceiros

Passivo a Curto 1.971.436 3.043.383 2.811.028 3.947.230 5.988.619


Prazo

Passivo a Longo 4.795.369 5.651.412 5.553.091 7.887.018 7.136.916


Prazo

Patrimônio 480.553 -382.747 522.067 71.077 -301.114


Líquido

Ativo 2.433.567 2.718.745 2.796.075 4.224.273 4.281.356


Permanente

Fonte: Dados da Pesquisa (2019).


Após a coleta de dados, as demonstrações financeiras foram sintetizadas e agru-
padas aplicou se os indicadores conforme Tabelas 3 e 4:

Capítulo 1
MERCADO DE PROTEÍNAS: REFLEXOS DOS ESCÂNDALOS DE 2017 NOS INDICADORES DE ENDIVIDAMENTO
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
18

Tabela 3. Indicadores de endividamento da empresa MARFRIG S.A - 2014-2018.


MARFIG S.A.

Conta 2014 2015 2016 2017 2018

Endividamento Geral 8,74% 23,42% 17,40% 7,09% 5,61%

Composição do 0,26% 0,27% 0,39% 0,32% 0,38%


Endividamento

Imobilização do 3,93% 8,35% 6,26% 2,79% 2,95%


Patrimônio Líquido

Imobilização de Recursos 0,52% 0,46% 0,54% 0,48% 0,66%


não Correntes

Fonte: Dados da Pesquisa (2019).


Tabela 4. Indicadores de Endividamento da empresa MINERVA FODDS - 2014-2018.
MINERVA FOODS

Conta 2014 2015 2016 2017 2018

Endividamento Geral 1,51% 1,47% 1,60% 1,51% 1,80%

Composição do
0,93% 1,05% 0,94% 0,99% 1,02%
Endividamento

Imobilização do
0,10% -0,07% 0,09% 0,01% -0,04%
Patrimônio Líquido

Imobilização de Recursos
0,07% -0,04% 0,06% 0,01% -0,02%
não Correntes

Fonte: Dados da Pesquisa (2019).


No Gráfico 1, abaixo, verificam se os indicadores de endividamento da empresa
Marfrig S.A.:
Gráfico 1. Indicadores de Endividamento da Empresa MARFRIG S.A. - 2014-2018

Fonte: Dados da Pesquisa (2019).

OLIVEIRA, Natan de
STROPARO, Telma Regina
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
19

Conforme observa se no Gráfico 1, os indicadores de endividamento da Empresa


MARFRIG S.A. diminuíram no período que coincide com os escândalos financeiros de
2017. O indicador endividamento geral passou de 7,09 % em 2017 para 5,61% em 2018,
tendo pico de 23,42% em 2015.

Com relação ao indicador composição do endividamento, verifica-se que a em-


presa manteve suas dívidas de curto prazo em dia, pois o índice se manteve constante
durante todo o período estudado.

Outrossim, o indicador imobilização do PL mostrou uma mudança juntamente


com o índice de endividamento geral, no ano de 2015 onde pode se observar o pico de
8,35%, onde a empresa mais investiu seu Patrimônio Líquido em ativo permanente.

O índice de imobilização de recursos não correntes apresenta-se estável, com bai-


xa variação sendo assim, podemos afirmar que o giro das dívidas de longo prazo per-
maneceu constante confrontado com o ativo permanente, então os investimentos em
ativos permanentes não contraíram dividas de longo prazo.

No Gráfico 2, abaixo, verificam se os indicadores de endividamento da empresa


Minerva Foods.
Gráfico 2. Indicadores de Endividamento da Empresa MARFRIG FOODS - 2014-2018

Fonte: Dados da Pesquisa, (2019)


Conforme observa se no Gráfico 2, o indicador de endividamento geral da Em-
presa MINERVA FOODS se manteve constante no período que coincide com os escân-
dalos financeiros de 2017. O indicador endividamento geral passou de 1,51% em 2017
para 1,80% em 2018, uma diferença muito pouco relevante, pois observa se que du-
rante todo o período estudado e empresa não aumentou seu grau de endividamento.

Com relação ao indicador composição do endividamento, verifica-se que a em-


presa manteve suas dívidas de curto prazo em dia, pois o índice se manteve constante
durante todo o período estudado.

Capítulo 1
MERCADO DE PROTEÍNAS: REFLEXOS DOS ESCÂNDALOS DE 2017 NOS INDICADORES DE ENDIVIDAMENTO
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
20

Destarte, os indicadores de imobilização do PL e de imobilização de recursos não


correntes apresentam se estáveis, com baixa variação sendo assim, a justificativa para
isso ocorre devido empresa não contrair dívidas de longo para aumentar seu ativo
permanente.

5. Considerações Finais

Notícias de escândalos financeiros são frequentes no meio empresarial e normal-


mente deixam consequências nas finanças das empresas envolvidas.

De modo específico, em 2017 as empresas do mercado da carne foram denun-


ciadas em escândalos de adulteração e apresentaram diminuição nos quantitativos de
exportação de seus produtos.

Dessa forma, visando analisar os indicadores de endividamento das empresas


do mercado de proteína animal exportadoras de carne bovina no período compreen-
dido entre 2014 a 2018, a presente pesquisa parte do pressuposto que os indicadores
analisados deveriam, em tese, apresentar piora significativa em virtude da diminuição
de exportações e em consequência da crise enfrentada. No entanto, os indicadores não
traduzem se em piora. Ao contrário, há indícios de que a situação geral das empresas
analisadas apresentam melhorias no período analisado.

Dado ao exposto, não é possível afirmar que há relação entre escândalos financei-
ros e piora nos indicadores de endividamento.

Sugere se como novas pesquisas que a análise seja realizada contemplando se


todos os indicadores usualmente utilizados para que os resultados apresentem mais
confiabilidade, bem como verificar em outros segmentos que possuem empresas en-
volvidas em escândalos financeiros.

Referências
ABIEC. Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne. 2019. Disponível em:
<http://www.abiec.com.br/ExportacoesPorAno.aspx>. Acesso em 27 mai. 2019.

ALVAREZ, Rodrigo. ; GOMES, Márcio. ; BRASIL, Gioconda. ; AZEVEDO, Graziela. Ope-


ração Carne Fraca tem impacto mundial. G1.com, São Paulo, 20 mar. 2017. Disponível em:
<http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2017/03/operacao-carne-fraca-tem-impacto-
-mundial.html> Acesso em : 06 abr. 2017.

BARTUNEK, J. The proper place of organizational scholarship: a comment on Hinings and


Greenwood. Administrative Science Quarterly, n. 47, p. 422-427, 2002.

BRUNI, Adriano Leal. Análise contábil e financeira. 2 ed., São Paulo, Atlas, 2011.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Contabilidade para pequenas e médias em-

OLIVEIRA, Natan de
STROPARO, Telma Regina
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
21

presas: Normas Brasileiras de Contabilidade. NBC T 19.41 / Conselho Federal de Contabili-


dade. Brasília: CFC, 2010.

Cooper, D.R., & Schindler, P.S. Métodos de pesquisa em administração 10a.ed. Porto Ale-
gre: Bookman, 2011

COSENZA, J. P. Contabilidade criativa, em que nem sempre dois mais dois são quatro. Re-
vista Contabilidade e Informação: conhecimento e aprendizagem. Editora UNIJUI – Univer-
sidade Regional do Nordeste do Estado do Rio Grande do Sul – IJUÍ – RS.,Ano VI, n. 17, p.
29-38, abr./jun./2003 .

COSTA, Rodrigo Simão da. Contabilidade para iniciantes em ciências contábeis e cursos
afins. São Paulo: editora Senac São Paulo, 2010.

Creswell, J.W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto (2a. ed.). Porto
Alegre: Artmed, 2007.

FONSECA, Alana; NUNES, Samuel. ; KANIAK, Thais. ; JORDAN, Marçal Dias. Polícia Fe-
deral deflagra operação de combate a venda ilegal de carnes. G1.com, Curitiba, 17 mar 2017.
Disponível em: <http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2017/03/policia-federal-deflagra-
-operacao-de-combate-venda-ilegal-de-carnes.html> Acesso em: 06 abr. 2017.

G1. Funcionários da Peccin de Jaragua do Sul recebem aviso prévio. G1.com, Florianópolis,
27 mar. 2017. Disponível em: <http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2017/03/
funcionarios-da-peccin-de-jaragua-do-sul-recebem-aviso-previo.html> Acesso em: 08 abr.
2017.

G1. JBS é investigada em cinco operações da Polícia Federal. G1.com, São Paulo, 18 mai.
2017. Disponível em: <http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2017/05/jbs-e-investi-
gada-em-cinco-operacoes-da-policia-federal.html> Acesso em: 07 jun. 2017.

GRAY, D. E. Pesquisa no mundo real. 2. Ed. Porto Alegre: Penso, 2012.

GRIFFITHS, I. Contabilidad creativa: cómo hacer que los beneficios aparezcan del modo
más favorable. Bilbao: Ediciones Deusto, 1988.

GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2010.

HELD, D.; MCGREW, A. An introduction to the globalization debate. Cambridge: Polity


Press, 2000.

IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de Balanços. 10. ed. São Paulo. Atlas, 2009.

MARION, José Carlos. Análise das Demonstrações Contábeis. 7. ed. São Paulo Atlas, 2012.

MARTINS, Gilberto de Andrade. THEÓPHILO, Carlos Renato. Metodologia da investigação


científica para ciências sociais aplicadas, v. 2, 2007.

MATARAZZO, Dante C. Análise financeira de balanços: Abordagem Gerencial. 7° edição.


São Paulo. Atlas, 2010.

OLIVEIRA, Alessandro Aristides de et al. A análise das Demonstrações Contábeis e sua

Capítulo 1
MERCADO DE PROTEÍNAS: REFLEXOS DOS ESCÂNDALOS DE 2017 NOS INDICADORES DE ENDIVIDAMENTO
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
22

importância para evidenciar a situação econômica e financeira das organizações. Revista


Eletrônica: Gestão e Negócios, 2010.

PEROBELLI, Fernando Salgueiro et al. Produtividade do setor agrícola brasileiro (1991-


2003): uma análise espacial. Nova economia, v. 17, n. 1, p. 65-91, 2007.

SILVA, A. H. C. SANCOVSCHI, M. CARDOZO, J. S. S. CONDÉ, R. A. D.Teoria dos Escânda-


los Corporativos: Uma Análise Comparativa de Casos Brasileiros e Norteamericanos. Revis-
ta de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da Uerj (Online), Rio De Janeiro,
V. 17, N. 1, P. 93 - P. 108, Jan./Abril, 2012. Issn 1984-3291.

SILVA, Anderson Soares; CORDEIRO FILHO, Antonio. Contabilidade. Revista Brasileira


De Previdência, v. 4, p. x-x, 2015.

SILVA, B. A. DE O.; KRAUTER, E. Indicadores Financeiros e Governança Corporativa de


Companhias Brasileiras. Management in Perspective, v. 1, n. 1, p. 9-33, 1 maio 2020

SOUZA, Felipe Pohl. O mercado da carne bovina no brasil. Revista Acadêmica: Ciência Ani-
mal, v. 6, n. 3, p. 427-434, 2008.

SOUZA, J. C.; SCARPIN, J. E. Fraudes Contábeis: As respostas da contabilidade nos Esta-


dos Unidos e na Europa. III Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia. Blumenau:
FURB. 2006. p. 1-12

TREVIZAN, Karina. Com Carne Fraca e delação, JBS perde R$16 bilhões em valor de mer-
cado em 2 meses. G1.com, São Paulo, 22 mai. 2017. Disponível em : <http://g1.globo.com/
economia/mercados/noticia/com-carne-fraca-e-delacao-jbs-perde-r-16-bilhoes-em-valor-
-de-mercado-2-meses.ghtml> Acesso em : 07 jun. 2017.

OLIVEIRA, Natan de
STROPARO, Telma Regina
CAPÍTULO 2

“IMPORTÂNCIA DOS CONHECIMENTOS


DE ADMINISTRAÇÃO NA RECUPERAÇÃO
SOCIAL E ECONÔMICA NO IMPACTO DA
PANDEMIA CORONAVÍRUS (COVID-19)”.

NASCIMENTO, Gicélia Lima Santos do


PIZOLATO, Celia de Lima
QUEIROZ, Fleuri Cândido
PERNICE, Michele Abib

DOI: 10.46898/rfb.9786558890164.2
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
24

Resumo

A dministração oferece aos gestores a oportunidade de tomar decisões mais


eficientes com ferramentas de planejamentos estratégicos, pois se baseia em
métodos da administração que corrobora para atingir um determinado objetivo, e aju-
da a evidenciar o plano de contingência como forte aliada para superação da crise.
Nos últimos meses o mundo foi surpreendido por um vírus que se expandiu pelas
nações e acarretaram várias mortes: Pandemia do “Coronavírus (COVID-19)”. Diante
desse contexto, o presente estudo tem como objetivo a aplicação da administração,
para encontrar estratégias e soluções administrativas, para evitar maximização dos
problemas. O Brasil também está sofrendo com os impactos da pandemia. Para tanto,
os procedimentos de pesquisa adotados foram o estudo de pesquisas e exemplos de
situações reais. Através dos resultados observa-se que os impactos da recessão eco-
nômica, empresas, sociedades e governos terão como alicerce os conhecimentos da
administração e tomada de decisão dos líderes que corroboram com os conhecimen-
tos, habilidades e atitudes para que a sinergia da vida humana se engaje novamente
com a qualidade de vida, e a economia prospere em processos de triunfo. A realização
do estudo certifica que os conhecimentos e a capacidade da gestão de qualidade da
administração, são metodologias proficientes na solução de problemas. A resiliência
brasileira deve prevalecer em parceria com os lideres no impacto decisório de forma
eficiente e eficaz que traga a efetividade para a nação brasileira.
Palavras-chave: Pandemia; Conhecimento; Administração; Impactos.

1. Introdução

Atualmente o mundo em especial o Brasil caminham para uma das piores re-
cessões econômica da história, devido a Pandemia provocado pelo novo Coronavírus
(COVID-19). As equipes econômicas estão divulgando a diminuição do PIB (produto
interno bruto) Brasileiro. O impacto ocorre com o problema social, econômico e gover-
namental enfrentados em fatos reais no ano de 2020.

1.2 Problema de pesquisa

a). Quais são as competências e habilidades da Administração na contribuição


em período de crise em decorrência da Pandemia do Coronavírus, instalada no Brasil
para intervir de forma eficaz e eficiente diante das novas exigências, em defesa da re-
cuperação de vidas e da retomada da economia?

b) Administração tem contribuição a dar na recuperação social e econômica do


Brasil decorrente da Pandemia do novo Coronavírus?

NASCIMENTO, Gicélia Lima Santos do


PIZOLATO, Celia de Lima
QUEIROZ, Fleuri Cândido
PERNICE, Michele Abib
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
25

De acordo com Lakatos(1993:127-128), uma vez formulados os problemas com


certeza de serem cientificamente válidos, propõem-se respostas “supostas, prováveis
e provisórias”, isto é, hipóteses. Ambos, problemas e hipóteses, são enunciados de re-
lações entre variáveis, ou seja, fatos, fenômenos.

Entretanto, na pesquisa os problemas constituem sentenças interrogativas e hi-


póteses, sentenças afirmativas mais detalhadas. Assim temos como hipótese, a afirma-
tiva: Administração tem contribuição a dar na recuperação social e econômica decor-
rente da Pandemia do novo Coronavírus (COVID-19).

1.3 Objetivos

Procura-se neste projeto de iniciação científica, evidenciar o papel da Adminis-


tração com ferramentas que fomentam melhorias e benefícios estratégicos, na capta-
ção, armazenamento e aproveitamento logísticos contribuindo para a preservação da
vida humana e recuperação econômica.

1.4 Justificativa

Aplicar-se os estudos do projeto de iniciação científica de Administração nas em-


presas públicas e privadas como mecanismos de recuperação econômica do Brasil de-
corrente da Pandemia do Coronavírus.

O Coronavírus (COVID-19) uma bactéria que surgiu na China e se alastrou


por outras nações, trouxeram grandes impactos na vida humana causando mortes e
grande queda na economia brasileira, com a paralisação que afetou toda a nação como
pessoas: físicas, jurídicas e governos. O estudo mostra uma reflexão sobre a tomada de
decisão em um processo rápido sobre uma administração estratégica e transparente
com fortes impactos assertivos, para eliminação de grandes pusilanimidades diante
de uma nação brasileira.

Planejamento Estratégico envolve todos os aspectos da empresa: físicos, culturais,


aspectos interno e ambientais. Esses fatores são considerados dentro de metodologias que
oferecem um passo a passo, com delimitação de critérios de análise para tomada de deci-
sões (ATAMANCZUK; KOVALESKI, 2008).

É considerado como ferramenta que fomenta uma etapa da gestão por processos
e ressalta a importância da realização do planejamento estratégico Institucional como
ferramenta para obtenção de resultados mais qualificados na aplicação da gestão por
processos de forma clara e proficiente.

Capítulo 2
“IMPORTÂNCIA DOS CONHECIMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO NA RECUPERAÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA NO IMPAC-
TO DA PANDEMIA CORONAVÍRUS (COVID-19)”.
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
26

O desenvolvimento de estratégias como definição do modelo de gestão institu-


cional, que prevê a definição e a compreensão de questões estratégicas, objetivos e
metas do topo para a base da pirâmide hierárquica em todos os níveis da estrutura or-
ganizacional, faz-se extremamente necessário para a instituição. Além disso, é também
importante para o desdobramento dessas diretrizes nas diversas áreas/processos, que
derivam em Planos de Ação Local (LIMA et al; 2003).

A definição de novas estratégias a serem adotadas pelas empresas seja qual for
o seu ramo de atuação, poderá diferencia-la dos concorrentes. Se for bem articulada,
o plano de ação estratégico, corroborará para favorecer a situação da empresa em re-
lação aos concorrentes e também estabelecer uma vantagem competitiva. Estratégias
podem ser conceituadas como o caminho a ser seguido no intuito de alcançar os obje-
tivos definidos por uma organização.

Ansoff e McDonnell (1993) afirmam que existem quatro tipos distintos de abor-
dagens que devem ser consideradas na definição de estratégia.

A Fundação Nacional da Qualidade – FNQ é um centro brasileiro de estudo,


debate e irradiação de conhecimento sobre excelência em gestão. Criada em 1991, a
FNQ é uma instituição sem fins lucrativos, cujo objetivo é disseminar amplamente os
Fundamentos da Excelência em Gestão para organizações de todos os setores e portes,
contribuindo para o aperfeiçoamento da gestão, para o aumento da competitividade
das organizações e, consequentemente, para a melhoria da qualidade de vida do povo
brasileiro. A instituição é responsável pela organização, promoção e avaliação do Prê-
mio Nacional da Qualidade – PNQ, que reconhece anualmente as melhores práticas de
excelência em gestão do País. O estudo corrobora para uma transparência de conheci-
mentos administrativos aplicados na prática com métodos de soluções através de pla-
nos de planejamento estratégicos e plano de contingências, trazendo para as empresas
inovações e competitividade no cenário brasileiro.

Segundo Maximiano (2004, p. 131) “[...] Planejamento é o processo de tomar deci-


sões sobre o futuro. As decisões que procuram, de alguma forma, influenciar o futuro,
ou que serão colocadas em práticas no futuro, são decisões de planejamento. [...]”.

Muitas empresas buscaram a alternativa de trabalharem como “Home Office”


utilizando a tecnologia como ferramenta aliada para estudar e trabalhar sem sair de
casa. O home office está sendo bem reconhecido como trabalho remoto, e expandiu
em crescimento para manter as empresas com os empreendedores, que apenas utili-
zaram algumas definições de regras de acordo com o ramo e seguimento da empresa.
O home office está sendo uma estratégia tecnológica utilizada por diversas empresas,
que buscaram saídas através da crise econômica brasileira sem sair de casa. Outras
NASCIMENTO, Gicélia Lima Santos do
PIZOLATO, Celia de Lima
QUEIROZ, Fleuri Cândido
PERNICE, Michele Abib
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
27

empresas não conseguem trabalhar com home office, devido o seguimento da empresa
ser somente comercio presencial no atendimento ao cliente.

2. Referencial Teórico
2.1 Recessão

Diante do cenário Brasileiro, o Coronavírus (COVID-19) faz refletir um marco


na história mundial entre as nações, as recessões que diminuirão as produtividades
dos bens e serviços, ocorrendo o aumento de desempregos nos setores produtivos e
diminuirão as rendas financeiras das famílias e impactou negativamente os níveis de
investimentos. As consequências desta Pandemia já está em agravo de uma recessão
da economia global e brasileira, devido às medidas para conter a expansão do vírus e
das perdas de vidas humanas. Os conhecimentos das ciências sociais da Administra-
ção, através da aplicação do planejamento estratégico de todos os setores produtivos
possibilitará a retomada da economia.

Chiavenato (2007, p.4) “O sucesso de uma organização não é fruto exclusivo da


sorte, mas de uma série infindável e articulada de decisões, aglutinação de recursos,
competências, estratégias e uma busca permanente de objetivos para alcançar resul-
tados cada vez melhores”. Para tanto, o conjunto de esforços será necessário para a
superação da economia em forma vertical.

2.2 Pandemia

De acordo com a situação epidemiológica no mundo o ministro da saúde man-


tém a atualização os dados e números de casos confirmados do Coronavírus, através
da plataforma informativa que é engajada com a vigilância da saúde através da comu-
nicação via internet pelo endereço disponível no site: http://bit.ly/PlataformaIVIS_
novo Coronavírus. A pandemia se alastrou e a forma de comunicação mais eficaz se
torna por meio da comunicação via internet, rádio, televisão e redes sociais sem conta-
to com a sociedade.

2.3 Isolamento Social

Segundo informativos da área da saúde, houve o feedback global que a melhor


forma de prevenção seria o isolamento social, para que o vírus não se alastra- se no
Brasil. A Forma seria o isolamento domiciliar, não tendo contato social com as pessoas,
evitando total contato e cumprimentos, mantendo-se em distância para não haver a
manifestação da transmissão do vírus.

Capítulo 2
“IMPORTÂNCIA DOS CONHECIMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO NA RECUPERAÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA NO IMPAC-
TO DA PANDEMIA CORONAVÍRUS (COVID-19)”.
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
28

2.4 Coronavírus

Segundo especialistas da área da saúde e sugestões recebidas pelo Estado e Mu-


nicípios houve algumas medidas coletivas para prevenção do vírus para lavar bem
as mãos e higieniza-las com álcool em gel e manter-se a higiene constantemente. A
transmissão do vírus podem causar possíveis sintomas:
• Dor de garganta
• Tosse
• Febre

Dificuldades para respirar (em casos mais agravantes). Em alguns casos pode
agir de forma fatal.

2.5 Fundamentos da Excelência da Gestão

Os oito fundamentos da excelência da gestão estabelecido pela Fundação Nacio-


nal da qualidade contribui ao atual cenário do Coronavírus, a cada um dos oito funda-
mentos da excelência, foi acrescentado uma adequação ao momento:

1- Pensamento Sistêmico: Compreensão e tratamento das relações de interde-


pendência e seus efeitos entre os diversos componentes que formam a organização,
bem como entre estes e o ambiente com o qual interagem. Este momento crítico será
estudado consequências e soluções;

2- Compromisso com as partes interessadas: Estabelecimento de pactos com as


partes interessadas e suas inter-relações com as estratégias e processos numa perspec-
tiva de curto e longo prazo. O compromisso em situação é dever de todos os envolvi-
dos (internos e externos das organizações);

3- Aprendizado Organizacional e Inovação: Busca e alcance de novos patamares


de competência para a organização e sua força de trabalho, por meio da percepção,
reflexão, avaliação e compartilhamento de conhecimentos, promovendo um ambiente
favorável à criatividade, experimentação e implementação de novas ideias capazes de
gerar ganhos sustentáveis para as partes interessadas. Neste momento a criatividade
associada a inovação fará todas diferenças para minimizar a situação do Coronavírus;

4- Adaptabilidade: Flexibilidade e capacidade de mudança em tempo hábil fren-


te a novas demandas das partes interessadas e alterações no contexto. As relações
empregador e empregados aliado as medidas de políticas públicas e engajamento da
sociedade terão que adequar aos sacrifícios impostos (exemplo isolamento social) e
setores que não podem parar;

NASCIMENTO, Gicélia Lima Santos do


PIZOLATO, Celia de Lima
QUEIROZ, Fleuri Cândido
PERNICE, Michele Abib
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
29

5- Liderança transformadora: Atuação dos líderes de forma ética, inspiradora,


exemplar e comprometida com a excelência, compreendendo os cenários e tendências
prováveis do ambiente e dos possíveis efeitos sobre a organização e suas partes interes-
sadas, no curto e longo prazo, mobilizando as pessoas em torno de valores, princípios
e objetivos da organização, explorando as potencialidades das culturas presentes, pre-
parando líderes e pessoas e interagindo com as partes interessadas. Este fundamento
em muito fará a diferença em situação de crise na Pandemia Coronavírus (COVID-19).

6- Desenvolvimento Sustentável: Compromisso da organização em responder


pelos impactos de suas decisões e atividades, na sociedade e no meio ambiente, e de
contribuir para a melhoria das condições de vida, tanto atuais quanto para as gerações
futuras, por meio de um comportamento ético e transparente. Fazer novas produções
e serviços que serão colocados para sociedade de forma sustentável;

7- Orientação por Processos: Reconhecimento de que as organizações são um


conjunto de processos que precisam ser entendidos de ponta a ponta e considerados
na definição das estruturas: organizacional, de trabalho e de gestão. Os processos de-
vem ser gerenciados visando à busca da eficiência e eficácia das atividades de forma a
agregar valor para a organização e partes interessadas. Os recursos do país são escas-
sos e o pouco disponíveis deverão ser aplicados eticamente em atendimento em salvar
vidas;

8- Geração de Valor: Alcance de resultados econômicos, sociais e ambientais, bem


como de resultados dos processos que os potencializam, em níveis de excelência e que
atendam às necessidades e expectativas das partes interessadas. A ciência será o maior
aliado em salvar vidas, com suas tecnologias, criação de novas vacinas e ações concre-
tas contra o Coronavírus (COVD-19). A economia irá superar e retornar o crescimento.

3. Metodologia da Pesquisa

O método aplicado neste estudo foi ferramentas da administração engajada a


planejamentos estratégicos através de dados coletados junto aos sites, revistas, refe-
rências bibliográficas e atualidade em fatos reais no ano 2020 pela calamidade enfren-
tada pela nação brasileira.

O estudo aponta soluções estratégicas da administração no problema nacional


brasileiro do Coronavírus (COVID-19).

O gráfico a seguir aponta que a taxa de mortalidade é variada de acordo com a


idade, gênero e condições de saúde conforme a fonte consultada:

Capítulo 2
“IMPORTÂNCIA DOS CONHECIMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO NA RECUPERAÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA NO IMPAC-
TO DA PANDEMIA CORONAVÍRUS (COVID-19)”.
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
30

Figura 1: Gráfico de Taxa de mortalidade

Podemos testificar que a parada nacional econômica pode acarretar um forte im-
pacto, através das necessidades sociais que os indivíduos necessitam, através da visua-
lização da pirâmide de Maslow que apresentam 05 categorias de necessidades huma-
nas: fisiológicas, segurança, social, estima e realizações pessoais. A pirâmide corrobora
para uma nova visão diante dos fatos sociais e econômicos apresentados nesse estudo,
engajados nas ferramentas da administração com uma visão linear.
Figura 2: Pirâmide de Maslow

https://blog.opinionbox.com/piramide-de-maslow/ (fonte consultada 29-03-20)


A situação provocada pela Pandemia do Coronavírus acarretará um esforço mui-
to grande da sociedade civil, do poder público, do mundo corporativo, da solidarieda-
de de todos em assegurar as necessidades essenciais das pessoas, principalmente das
mais vulneráveis do Brasil.

4. Resultados e Discussão

A pesquisa evidenciará no período de 12 meses estudo através dos acontecimen-


tos globais baseado em fatos reais no ano 2020. A causa de um vírus que parou o Brasil
pela Pandemia Coronavírus (COVID-19). Outros fatos impactantes serão investigados,
que estão marcando a sociedade que se recuou em determinado momento o que deter-
NASCIMENTO, Gicélia Lima Santos do
PIZOLATO, Celia de Lima
QUEIROZ, Fleuri Cândido
PERNICE, Michele Abib
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
31

mina a OMS- ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÙDE com o impacto na saúde e na


economia brasileira. A pesquisa iniciada mostra que existem apenas alguns grupos de
riscos com o vírus, relata também que todos estão sujeitos a riscos da bactéria causada
pela pandemia, e que todo indivíduo tem suas necessidades humanas. Com algumas
precauções e medidas de prevenção, podemos descartar as contaminações do vírus. O
planejamento estratégico aplicável na administração visa dar continuidade em traba-
lhos de empresas, e separar o grupo de risco. Gestor da saúde pblica e privada, assim
como empresas, já estão adotando medidas preventivas para que o vírus não venha se
prorrogar. A economia brasileira precisa de um alicerce que se chama: “Administra-
ção”. A administração embasada com o plano estratégico, corroboram para eliminar os
riscos da economia brasileira, porém todos nós somos dependentes de recursos para
sobreviver, e o mercado e a economia brasileira não podem parar. A administração é
feita para alavancar seus liderados, de forma estratégica concatenado com a sinergia e
o bem star de toda nação brasileira, assim como foi apontado o Brasil nesse estudo de
caso. A superação para alguns já iniciou com o trabalho home office. Mas a Adminis-
tração do planejamento estratégico corrobora com a solução da economia e superação
social que surge através de uma nova resiliência para todos.

5. Considerações Finais

O presente estudo atestou a aplicação da administração inovadora de forma cien-


tificamente estudada utilizando as ferramentas que fomentam a solução, em um estu-
do de caso de uma nação. Uma tomada de decisão de um gestor pode alavancar um
país na economia de forma estratégica, concatenado com a visão da sociedade que tem
capacidade de corroborar com a positividade da economia brasileira e poupando o
grupo de risco, visando a sociedade como um todo.

Os liderados aguardam uma tomada de decisão de forma assertiva, que engaje a


sinergia brasileira e alavanque a economia brasileira através de uma tomada de deci-
são do gestor que fica a frente de decisões como planejar, organizar, dirigir e controlar.
A administração que assume uma alta reponsabilidade de atingir um determinado
objetivo, para direcionar e utilizar os recursos disponíveis através da gestão adminis-
trativa econômica e social.

Embasados nesse contexto a sociedade possui suas necessidades, assim como a


economia também depende desse fomento. Esse artigo encontra-se em andamento e se
engajou em algumas ferramentas da administração, e poderá haver alterações em prol
do aprofundamento da pesquisa.

Capítulo 2
“IMPORTÂNCIA DOS CONHECIMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO NA RECUPERAÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA NO IMPAC-
TO DA PANDEMIA CORONAVÍRUS (COVID-19)”.
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
32

Referências
BRESSER-PEREIRA, L. C.; OREIRO, J. L.; MARCONI, N. Macroeconomia desenvol-
vimentista. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.

CHIAVENATO, Adalberto. Administração: Teoria, processo e pratica. 4º ed. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2007.

CODACE. Comunicado de início de recessão, Agosto 2015. Comitê de Datação de


Ciclos Econômicos

https://blog.opinionbox.com/piramide-de-maslow/ (acesso em, 29 de março 2020)

https://www.bbc.com/portuguese/amp/brasil-51673933 (acesso em, 28 de março


2020)

https://www.eosconsultores.com.br/8-fundamentos-da-excelencia-em-gestao/
(acesso em, 12 de março de 2020).

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Metodologia do Trabalho Científico. 3ª Ed.


São Paulo: Atlas, 1993. 214p.

MAXIMIANO, Antonio César Amaru, Fundamentos de administração, São Paulo:


Atlas, 2004.

SANCHES VÁSQUEZ, Adolfo. Ètica. 16º ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1996.

NASCIMENTO, Gicélia Lima Santos do


PIZOLATO, Celia de Lima
QUEIROZ, Fleuri Cândido
PERNICE, Michele Abib
CAPÍTULO 3

RECUPERAÇÃO JUDICIAL: O CASO DA


EMPRESA OGX

STROPARO, Marina1
STROPARO, Telma Regina2

DOI: 10.46898/rfb.9786558890164.3

1  Universidade Estadual do Centro Oeste - UNICENTRO. E-mail: marinastroparo@hotmail.com


2 Universidade Estadual do Centro Oeste - UNICENTRO. telma@unicentro.br. https://orcid.org/0000-0001-8446-
992X
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
34

Resumo

C om objetivo apresentar os aspectos contábeis e repercussões advindas do


processo de recuperação judicial da empresa OGX, a presente pesquisa
analisa os dados fornecidos pela Bovespa em busca da visualização estado financeiro
em que a mesma se encontrava. A pesquisa caracteriza-se, quanto à abordagem ao
problema, como descritiva e quanto aos procedimentos é bibliográfica, documental e
estudo de caso. Foram analisados os demonstrativos contábeis do período compreen-
dido entre 2012 e 2014. Como resultados, a pesquisa apresenta endividamento geral
85,56% aproximadamente, demonstrando forte dependência de recursos de terceiros
o que pode expressar gastos em excesso e valores insuficientes para o andamento da
empresa. Os resultados apontam também para o fato de que os indicadores de liqui-
dez apresentam-se em queda acentuada, refletindo-se negativamente em aumento de
endividamento.
Palavras-chave: Recuperação Judicial. Análise Contábil. Empresa OGX

1 Introdução

Tratar de Recuperação Judicial de per si consiste em assunto complexo, consi-


derando a necessidade e a sensibilidade de ser um instituto que conglomera diversas
áreas do conhecimento: contabilidade, administração, economia e direito (SANTOS,
Assione et al, 2020)

Quando a empresa começa a passar por dificuldades em exercer suas atividades


e que se percebe um desalinhamento entre o plano idealizado e o cenário empresarial,
há o processo de recuperação judicial em que há a prioridade da manutenção da em-
presa como também dos serviços realizados pela mesma. Pela Lei 11.101/05, é explici-
tada a negociação informal entre o grupo de credores e o devedor, em que o segundo
apresenta uma proposta de recuperação e que cabe aos credores, aceita-la ou rejeitá-la.

Juridicamente, a Lei nº 11.101, de fevereiro de 2005, denominada Lei de Falências


e Recuperação Judicial (LFRE) regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência
do empresário e da sociedade empresária, citando quem pode requerer o instituto da
recuperação judicial.

O mau planejamento financeiro, a não observância dos demonstrativos contábeis


ou ainda, uma diversificação de produtos ou serviços ofertados em um curto período,
sem o devido estudo pode incutir em uma derrocada empresarial, como foi o caso da
OGX por extensão do grupo EBX, do empresário Eike Batista.

STROPARO, Marina
STROPARO, Telma Regina
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
35

Em outubro de 2013, a OGX, empresa do grupo EBX, entrou com o pedido de


recuperação judicial, sendo este o maior processo desse gênero realizado no Brasil e
engloba atividades desde mineração, energia elétrica, entretenimento entre outras.

Em sete anos, o grupo “X” acumulou o montante de setenta e cinco bilhões de


dólares. No entanto, em outubro de 2013, o grupo fez o pedido de recuperação judicial,
após meses de negociações com os credores. Tal recurso precisou ter aprovação da
justiça e também de 50% dos credores, caso contrário poder-se-ia decretar a falência.

Os erros de gestão da OGX são inúmeros. O investimento altíssimo em algo tão


incerto, a diversificação de setores em curto prazo sem o devido planejamento, são
apontados como alguns dos motivos da queda.

Diante do contexto a presente pesquisa tem como objetivo apresentar os aspectos


da contabilidade no processo de recuperação judicial da empresa OGX, bem como
analisar os dados fornecidos pela Bovespa para que se possa visualizar os indicadores
financeiros, notadamente de endividamento, objeto deste estudo.

2 Referencial teórico

Nesta seção são apresentados os conceitos teóricos que fundamentam a pesquisa


e versam sobre, observações da Lei 11.101/2005, suas principais alterações e uma aná-
lise do Decreto Lei 7.661/45, bem como a participação da contabilidade nos processos
de recuperação judicial.

2.1 Lei nº 11.101/2005 - Os Processos de Recuperações

A atual legislação foi aprovada já sob a égide do Código Civil de 2002, adotando
a teoria italiana inspirada no Codice Civille de 1942. Introduziu no sistema legislativo
brasileiro o conceito de empresa em substituição à teoria dos atos de comércio inspira-
dora do Código Comercial de 1850. (CALÇAS & GARCIA, 2020)

A Lei n. 11.101 de 2005 instituiu o processo de recuperação judicial que foi conce-
bido e merece ser compreendido como uma espécie de favor legal em que a devedora
busca saldar e repactuar seus créditos mediante condições diferenciadas e prazos alar-
gados. (DE ANDRADE & CAVALCANTI, 2020)

O ordenamento jurídico supracitado representa uma evolução conceitual no que


concerne às práticas de recuperação do patrimônio empresarial seja porque reelabo-
rou-se o instituto da falência ou porque criou-se a recuperação judicial, distinguindo-
-se o conceito de empresa e empresário (CALÇAS, & GARCIA, 2020).

Capítulo 3
RECUPERAÇÃO JUDICIAL: O CASO DA EMPRESA OGX
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
36

A recuperação parece fornecer uma boa alternativa para empresas em má situa-


ção, possibilitando preservar os valores organizacionais e permitindo que empresas
com dificuldades financeiras aproveitem oportunidades de crescimento após um fra-
casso. (SILVA & SAITO, 2020)

Saliente se que muda-se o foco de ação. Anteriormente, com o Decreto Lei n.


7.661/45 buscava-se evitar que se decretasse a falência, ou então que a fizesse parar.
(OLIVEIRA, 2005). Atualmente, o contexto é o da proteção, trazendo à tona a questões
como continuidade da empresa e de suas atividades econômicas e questões sociais
com geração de emprego e renda, atribuindo à empresa a responsabilidade que lhe
cabe como geradora de riquezas e ao desenvolvimento da economia no país. (CAVA-
LAZZI FILHO, 2006).

Outra mudança foi a documentação que era necessária para a concretização do


pedido tanto da falência como no pedido de recuperação judicial. No primeiro caso,
pedia-se os demonstrativos contábeis e a relação de credores e na recuperação judicial,
pede-se o plano detalhado das ações que a empresa seguirá no desenvolvimento da
recuperação judicial, alem dos demonstrativos contábeis como a relação dos credores.
SOUZA & KUHN, 2014; COSTA, 2015;

No que tange aos créditos que seriam atingidos, o Decreto-lei estabelecia que
apenas os créditos quirografários teriam análise no processo. Tais créditos são os que
possuem maior número de credores. Se a excussão da garantia real não foi suficiente
para cobrir o valor integral do crédito, o saldo se inclui entre os quirografários. (FAZ-
ZIO JUNIOR, 2008, p.82)

Os créditos quirografários são, certamente, os representados por maior número


de credores e Gonçalves (2011), classifica-os como sendo aqueles em que estão os cre-
dores em que tiveram seus negócios realizados através de títulos de créditos, tais como
notas promissórias, duplicatas, cheques, entre outros.

O prazo estabelecido para a realização também foi alterado, antes o empresário


possuía o prazo de dois anos para que pudesse reerguer-se e, com a nova Lei, o plano
de recuperação judicial não possui prazo determinado, podendo este ser realizado
conforme delimite as ações de seu desenvolvimento.

Como afirma Oliveira (2005, p. 250) “Trata-se de uma forma de beneficiar a em-
presa em dificuldade econômica, com a abertura de prazos e de condições especiais e
facilitadoras para o pagamento de suas obrigações”.

A antiga lei de falências adotava medidas que raramente poderiam tirar a em-
presa da insolvência, como afirma Coelho (2005): O processo falimentar configurado
STROPARO, Marina
STROPARO, Telma Regina
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
37

no Decreto Lei n. 7.661/45 comportava duas fases bem marcadas. Na primeira, desen-
volvia-se processo de conhecimento, cujos objetivos eram os de definir o ativo e o pas-
sivo do falido e investigar a ocorrência de eventual crime falimentar. Somente depois
de concluída essa fase, tinha início a liquidação, isto é, a venda dos bens da massa e o
pagamento dos credores.

Como a primeira fase se alastrava por anos, no momento da realização do ativo,


os bens acaso conservados (a custo que a massa muitas vezes não podia suportar) já
não tinham mais valor. Raramente se levantavam recursos para a satisfação dos credo-
res. (COELHO, 2005).

O Decreto Lei n° 7.661/45, não atendia mais às tendências da nova economia


brasileira, pois este havia sido formulado quando, no país havia a predominância de
empresas familiares.

Oliveira (2005) cita um importante estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de


Gestão e Turnaround (IBGT) apontando que se a Lei 11.101/05 já existisse em 2002,
90% das empresas que foram à falência não fechariam suas portas.

A presente Lei compreende todos os portes de empresas, porém exclui, segundo


Minichiello (2012, p.29) “as que são de economia mista, públicas, instituições financei-
ras, consórcios, previdência complementar, planos de saúde, seguradoras e sociedades
de capitalização”.

Segundo Oliveira (2005), esta lei deu espaço para que as empresas economica-
mente viáveis, que estejam passando por dificuldades financeiras, possam ser reestru-
turadas.

2.2 Papel da Contabilidade no Processo de Recuperação Judicial

Inúmeros pontos de intersecção entre disciplinas provam a impossibilidade de


segregação entre as áreas de direito e contabilidade. (CASTRO, 2006, p.188).

A LFRE cita que o contador é um dos profissionais que poderá dar o respaldo
necessário ao processo de recuperação judicial. Segundo o artigo da referida Lei em
seu Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente ad-
vogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica espe-
cializada. (BRASIL, 2005).

O contador apresenta-se como profissional indispensável tanto no processo de


falência, como também no processo de recuperação judicial. A contabilidade na fa-
lência é um instrumento fundamental. Na própria recuperação para dar credibilidade

Capítulo 3
RECUPERAÇÃO JUDICIAL: O CASO DA EMPRESA OGX
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
38

aos credores, se não tiver uma contabilidade boa, se o administrador judicial não tiver
credibilidade já é um ponto muito falho na recuperação. Torna-se evidente, portanto,
a participação do contador no processo de recuperação judicial, para alicerçar o plano
de recuperação com a análise financeira da empresa por meio de seus relatórios e/
ou demonstrativos, facilitando uma analise mais critica para os outros profissionais
envolvidos no processo (UESSLER, 2012)

2.3 Processo de Recuperação

O instituto da recuperação judicial, que passou a substituir o processo de con-


cordata, é considerado pelos doutrinadores da área como um dos maiores avanços
idealizados pela LFRE.

Como descrito por Gonçalves (2011, p. 57): A criação do instituto da recupera-


ção judicial é um importantíssimo avanço trazido pela Lei nº 11.101/2005. Trata-se de
instituto que busca viabilizar a reestruturação da empresa em crise, pois nem sempre
soluções existentes no próprio mercado mostram-se suficientes para auxiliá-la na su-
peração desse mal momento.

De acordo com a Lei nº11.101/2005, a empresa que requere recuperação judicial,


possui o prazo de até 60 (sessenta) dias para apresentação do plano de recuperação,
demonstrando suas estratégias e intenções para o soerguimento da empresa. O plano
será apresentado à Assembleia de Credores que poderá aprová-lo ou rejeitá-lo. Além
disso, a mesma pode fazer alterações e modificações.

Para se realizar a recuperação judicial o devedor deverá apresentar seu pedido


de recuperação judicial, que deverá obter o plano de pagamento aos credores e a esti-
mativa econômica da empresa. (AGUIAR, 2006)

O plano de recuperação será aprovado se tiver votos de pelo menos, dois terços
de todos os credores.

A operacionalização é descrita por Oliveira (2005) que explica o papel do admi-


nistrador judicial no processo: deverá enviar cartas aos credores, demonstrando entre
outras informações, como estão, a classificação e o valor de seus créditos de forma
atualizada.

3 Procedimentos metodológicos

A presente pesquisa classifica-se como uma pesquisa aplicada, descritiva, com


abordagem quantitativa, bibliográfica, documental e estudo de caso. CRESWELL,
2007; MARTINS & THEÓPHILO, 2007 COOPER; SCHINDLER, 2011; GRAY, 2012;)

STROPARO, Marina
STROPARO, Telma Regina
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
39

Fez se o levantamento da teoria já existente sobre os temas da pesquisa: LFRF,


recuperação judicial, indicadores financeiros e contábeis.

Os dados utilizados são públicos, fornecidos pela empresa e disponíveis para


acesso na BM&F e referem se ao período compreendido entre os anos de 2012 e 2014.
Para análise dos dados da empresa OGX, foram estudados os demonstrativos contá-
beis dos meses que antecederam o pedido de recuperação judicial e também os apre-
sentados no decorrer do período em questão.

Na Tabela 1 é possível verificar os indicadores de endividamento utilizados na


pesquisa:
Tabela 1 – Indicadores Contábeis e Financeiros
Siglas Índice Fórmula

Ativo Circulante + Realizável a Longo


LG Liquidez Geral Prazo / Passivo Circulante + Elegível a
Longo prazo X100
Índices de
LC Liquidez Corrente Ativo Circulante / Passivo Circulante X 100
Liquidez

Disponível + Aplicações Financeira +


LS Liquidez Seca Clientes de rápida conversibilidade em
dinheiro / Passivo Circulante X100

GA Giro do Ativo Vendas Líquidas / Ativo Total X 100

Rentabilidade CG Capital de Giro Vendas Líquidas / Ativo Médio x 100

ML Margem Líquida Lucro Líquido / Vendas Líquidas X 100

Imobilização do Ativo Não Circulante / Patrimônio


IP
Patrimônio Líquido x 100
Estrutura de
Capital
Composição do Passivo Circulante / Capital de Terceiros x
CI
Endividamento 100

Endividamento
Endividamento EG Capital de Terceiros/ Ativo Total x 100
Geral
Fonte: Adaptado de Matarazzo (2017)
Para uma melhor compreensão da situação financeira da empresa OGX, buscou-
-se analisar os demonstrativos financeiros para assim quantificar sua liquidez ou sol-
vência. Para tanto, foram realizados os cálculos dos índices de: Endividamento Geral,
Liquidez Corrente e Liquidez Geral. O Indicador de Endividamento Geral é respon-

Capítulo 3
RECUPERAÇÃO JUDICIAL: O CASO DA EMPRESA OGX
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
40

sável por demonstrar qual o comprometimento do capital da empresa em relação a


terceiros.

4 Descrição e análise dos resultados

A OGX Petróleo e Gás S.A (OGX), é uma das empresas pertencentes ao grupo
EBX do empresário Eike Batista. Com sua formação em 2007, possuía blocos de ex-
ploração de petróleo nas Bacias de Campos, Espírito Santo, Santos, Pará-Maranhão
e Parnaíba, além dessas bacias localizadas em território brasileiro, era do controle da
OGX, as bacias de Cesar – Ranchería, localizadas na Colômbia.

Com crescimento acelerado e projetos altamente viáveis, a OGX firmou-se no


mercado e atraiu investidores do mundo todo. Com isso, a empresa lançou em 2008
a Oferta Pública de Ações, obteve-se recursos na ordem de 6,7 bilhões, tornando-se a
maior já engendrada no país. Com o capital resultante desta operação, desenvolveu-se
planos de exploração e captação de petróleo nas bacias de seu controle.

Como forma de expansão de seus negócios, em 2009, a OGX comprou 70% de


participação acionária em sete blocos exploratórios na bacia de Parnaíba, e ainda ad-
quiriu mais 50% de participação em outro bloco da mesma companhia. Atrelado a isso,
a empresa firmou acordo com a Eneva S.A, tendo como foco a concessão de negociar o
gás a ser fabricado, como também a transferência da participação da empresa do gru-
po EBX para uma sociedade de fim específico, para separação das funções, que antes
possuía 66,7% do controle acionário.

Entre 2011 e 2012, a empresa adquiriu oito blocos exploratórios na Colômbia,


chegando a atingir capitais exorbitantes e que se comparava a Petrobrás em estimati-
vas de produção de barris de petróleo. Consubstanciando-se a isso, a OGX firmou um
contrato com a Petrobrás, tendo como foco a aquisição e detenção de 40% de partici-
pação no Bloco BS – 4.

Em 2013, a Companhia assinou contratos com mais quatro blocos, estes situados
nas bacias do Ceará e de Potiguar, com parcerias com empresas de renome no merca-
do, como a Exxon Mobil, QGEP e E&P.

Com altos investimentos e fusões vantajosas, em outubro de 2013, a companhia


apresentou um desequilíbrio de capital, caracterizando uma discrepância entre a ima-
gem que passava e a real situação econômica – financeira. Em 2010, apresentava er-
roneamente os índices avaliativos de reservas petrolíferas de 11 bilhões de barris, ou
seja, praticamente 80% do que a Petrobrás desenvolveu em mais de sessenta anos. No
entanto, após sua derrocada, sabe-se que esse percentual não chegava a 2%.

STROPARO, Marina
STROPARO, Telma Regina
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
41

Para alinhar seu plano econômico e reestruturar seu capital, a OGX implementou
medidas para evitar a insolvência eminente a que estava destinada. Institui-se o “Plan
Support Agreement”, em que os credores que possuíam a maioria dos títulos de dívi-
da, dentre outras questões, concordavam e apoiavam o Plano de Recuperação Judicial.

Após a divulgação do desiquilíbrio econômico que a OGX passava, muitos inves-


tidores decidiram retirar seu capital do controle acionário da companhia, bem como
a OGX, em virtude da nulidade de boas perspectivas em relação as suas atividades,
realizou-se inúmeros desinvestimentos, dentre estes: A devolução das áreas de explo-
ração de Viedma, Itacoatira, Tulum e Vesúvio, situados na Bacia de Campos; áreas de
Curitiba, Belém e Natal, situados na Bacia de Santos e também a devolução do Campo
de Rêmora. Todos os projetos que apresentavam inviabilidade ou retorno financeiro
incerto, foram encerrados.

Com a não concretização das metas desenvolvidas no plano proposto, a empresa


propôs aos investidores que haviam aplicado mais de US$ 500 milhões para que se
efetivasse a construção das plataformas petrolíferas, que seria responsável por mais
de 80% da produção total dos barris de petróleo até o momento de venda. Porém, não
cumpriu-se o idealizado pela empresa, contando com dívidas de US$ 500 milhões e
ainda os encargos sobre tal valor.

Em setembro de 2015, a OGX já estava tecnicamente falida, pois não possuía re-
cursos suficientes para manter sua produção e possuía dividas infindáveis, com forne-
cedores e investidores.

5 Indicadores contábeis

A partir da obtenção dos demonstrativos financeiros da empresa OGX, dos anos


2012, 2013, 2014 e 2015, através da BOVESPA, realizou-se a aplicação de índices exis-
tentes da área para uma melhor visualização do cenário econômico que a empresa
apresentava antes do pedido de recuperação judicial, bem como o cenário que esta
apresentava e que propiciou o pedido.

Os índices de liquidez são utilizados para medir a capacidade da empresa de


pagar suas dívidas em curto prazo. Analisa o grau de solvência e o nível de conversão
imediata em dinheiro. Para tanto, classificam-se entre liquidez geral, corrente e seca.

Capítulo 3
RECUPERAÇÃO JUDICIAL: O CASO DA EMPRESA OGX
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
42

Tabela 2 – Indicadores Contábeis e Financeiros - 2013-2014

Indicadores Siglas 2012 2013 2014

LG 52,55% 8,22% 95,91%

Liquidez LC 299,98% 1,88% 37,85%

LS 288,19% 1,75% 35,27%

GA 0% -23,99% 21,77%

Rentabilidade CG 0% 5,26% 12,08%

ML 0% 13,42% 10,03%

IP 131,97% 29,59% 177,47%


Estrutura de
Capital
CI 58,08 % 145,31% 107,55%

Endividamento EG 54,26% 342,66% 94,99%

Fonte: Os autores
Evidencia- se, na Tabela 2, em 2012 apresentava 52,55% de liquidez geral, o que
indicava que um ano antes de entrar em recuperação judicial, a empresa possuía uma
margem de sobra suficiente para saldar suas dívidas, pois nesse índice quanto maior
o resultado, melhor.

Em 2013, o ano em que iniciou-se a recuperação judicial, a empresa decresceu,


apresentando um resultado de 8,22%, ou seja, a liquidez geral diminuiu 44,33%. Ainda
apresentando, teoricamente, um índice capaz de saldar as dívidas em curto prazo.

Em 2015, com investidores do setor petrolífero e consequente um maior giro de


estoques, o resultado colaborou para um cenário mais otimista, atingindo 95,91%; po-
rém em 2015, evidenciou-se que nem altos investimentos foram capazes de suprir as
desvantagens econômico-financeiras que a OGX estava submetida, atingindo 6,97%.

O índice de liquidez corrente, indica a capacidade da empresa de saldar suas


dívidas em curto prazo; os valores aceitos para analise nesse índice, variam conforme
o setor de atuação da empresa; quanto mais incerto o setor, maior pode ser o índice.
Tendo-se por escopo, a incerteza do setor petrolífero, que estima-se que a cada cem
prospecções de petróleo, apenas uma seja rentável, conclui-se que valores mais altos
são aceitáveis. Em 2012, obteve-se 299,98%; em 2013, esse resultado decaiu abrupta-
mente, atingindo 1,88%, o que indica o forte declínio que se apresentava no ano em

STROPARO, Marina
STROPARO, Telma Regina
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
43

questão; em 2014, em consequência de grandes investimentos, como já citado, o índice


passou para 37,85%; porém, em 2015, como analisou-se no índice de liquidez geral,
houve uma diminuição acentuada, chegando a 0,69%.

Diferindo-se dos índices citados anteriormente, a liquidez seca desconsidera os


estoques, evidenciando qual o real valor em caixa. Tendo-se em vista, investimentos e
por consequência aumento dos estoques, este índice apresenta, dentre os três perten-
centes ao grupo de liquidez, a real situação econômica da OGX. Em 2012, obteve-se o
resultado de 288,19%, o que indica que a empresa lidava com margem de sobra para
saldar suas dívidas, sem que precisasse vender seus estoques; em 2013, obteve-se o
resultado de 1,75%, ou seja, no ano do pedido de recuperação judicial, os resultados de
liquidez decresceram abruptamente. No entanto, em 2014, chegou-se a 35,27% e 2015,
0,69%.

Com a análise dos três índices pertencentes ao grupo de liquidez, evidenciou-se


que em 2012, um ano antes do pedido de recuperação judicial, a OGX, trabalhava com
bons resultados e possuía condições de saldar suas dívidas a curto prazo. O ano de
2013, caracterizou-se como o mais importante em questão de análise, pois através dele,
demonstrou-se o cenário catastrófico em que se encontrava. Os altos investimentos
realizados em 2014, com o intuito de alugar máquinas e adquirir novas plataformas
de petróleo, acarretou em um cenário mais otimista, porém, não conseguiu-se obter os
resultados esperados e em 2015, a empresa reafirmava sua insolvência.

O índice denominado Giro de Estoques, indica a capacidade da empresa em


adquirir dinheiro remanescente de sua produção imediata. Tal índice carece de inter-
pretação, pois como mencionado anteriormente, os resultados medem-se por área de
atuação.

Ressaltando-se que no ano de 2012 a empresa ainda trabalhava com boas mar-
gens de sobra, como constata-se no grupo de liquidez, no índice de giro de ativo, os
resultados não eram otimistas, apresentando nulidade, ou seja, 0%. Em 2013, em de-
corrência do baixo resultado do ano anterior e não possuindo estoque suficiente para
comercialização, o resultado obtido foi de aproximadamente - 23,99%, passando em
2014 para – 21,77% e 0 % em 2015.

O índice de endividamento geral demonstra qual a proporção dos ativos que é


proporcionada por capital de terceiros. Quanto maior o resultado, maior a proporção
de ativos relacionados a investidores.

Em 2013, a OGX possuía 54,26% de ativos financiados por terceiros; tal resultado
apresenta-se como razoável, tendo-se em vista que percentuais próximos a 50% ou que

Capítulo 3
RECUPERAÇÃO JUDICIAL: O CASO DA EMPRESA OGX
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
44

ultrapassem até 5%, são aceitáveis. No entanto, houve uma guinada no que concernen-
te a este índice, pois no ano seguinte a empresa apresentou 342,66% de comprometi-
mento com terceiros e em 2014, houve uma variação positiva, que resultou em 94,99%.
Consoante a isto, ressalta-se que variações positivas não garantem constância de bons
resultados, pois em 2015 o grau de comprometimento com terceiros atingiu seu ápice,
passando para 1420%.

O índice denominado Imobilização do Patrimônio Líquido, tem por objetivo de-


monstrar o quanto de ativos próprios estão investidos no ativo imobilizado, ou seja,
quanto menor a parcela dos investimentos dos sócios, aplicados no imobilizado, me-
lhor a margem de folga da empresa. Consubstanciando a isso, a OGX apresentou re-
sultados que demonstram fortes oscilações, chegando a apresentar em 2012, 131,97%,
29,59% em 2013 e em 2014, o ano em que houve maior comprometimento, 177,47%. O
ano de 2015 houve uma diminuição, pois sabe-se que a empresa já não operava suas
funções essenciais, atingindo 0,08%.

Como já mencionado, a interpretação de indicadores requer análise minuciosa e


conhecimento de tudo que concerne a empresa; atrelando-se a isso, ressalta-se o índice
encontrado em 2015, o que a primeira vista, levaria a crer em um bom desempenho,
no entanto, esse valor apenas indica que as atividades estavam beirando a inexistência.

A composição do endividamento, tem por premissa, analisar em que grupos es-


tão o maior comprometimento que possa acarretar negativamente a estrutura de ca-
pitais da empresa. Quanto menor for o valor, melhor. Nos quatro anos analisados,
obteve-se: 58,08%, -145,31%, 107,55% e o exorbitante índice de 496%.

A conclusão obtida através desse índice é que: Em 2012, ano que ainda traba-
lhava-se com boa margem de folga, a empresa apresentou índice aceitável, porém, os
anos que se seguem indicam que a referida empresa estava eminentemente insolvente.

O índice de capital de giro, estabelece qual a parcela de capital próprio está apli-
cada no ativo circulante. A OGX, caracterizada por trabalhar com investimentos de
terceiros, expressou resultados que apenas reafirmou seu cenário de crise. Em 2012,
2013, 2014 e 2015, os resultados foram: 0%, 5,26%, 12,08% e 0%, consecutivamente.

O índice de margem líquida, indica qual o valor de lucro, obtido através da ven-
da de mercadoria em determinado período. Em empresas, de ramos incertos, em que
variações são aceitáveis, conclui-se que não houve nesse índice, possibilidade de uma
análise mais enfática. Nos anos estudados, chegou-se aos seguintes resultados: 0%,
13,42%, 10,03% e 0%.

STROPARO, Marina
STROPARO, Telma Regina
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
45

6 Conclusões

Com objetivo apresentar os aspectos da contabilidade no processo de recupera-


ção judicial da empresa OGX, a presente pesquisa analisa os dados fornecidos pela Bo-
vespa em busca da visualização do real estado financeiro em que a mesma se encontra.

Os erros de gestão da OGX são inúmeros. O investimento altíssimo em algo tão


incerto, a diversificação de setores em curto prazo sem o devido planejamento, são
apontados como alguns dos motivos da queda.

Em outubro de 2013, a OGX entrou com o pedido de recuperação judicial com


objetivo de garantir a continuidade da empresa que vinha apresentando desde o pri-
meiro semestre de 2012, uma queda em comparação com semestres anteriores e conse-
quentemente diminuindo seu capital para transações financeiras.

Foram analisados os indicadores financeiros dos anos de 2012 e 2014 e os resulta-


dos apontam que a empresa estava com 85,56% de seu capital comprometido a tercei-
ros, ou seja, quando esse índice ultrapassa 70 % ,diz-se que a empresa está com gastos
excessivos e não está conseguindo equilibrar seus ativos e passivos.

Considerando os indicadores analisados, notadamente o endividamento, que se-


gue uma escala de 19,82 % por semestre, resulta um prognostico para os períodos vin-
douros de incapacidade de arcar com as necessidades financeiras básicas da empresa,
dificuldades que se confirmaram.

Reafirma se, dessa forma, a relevância do instrumento de recuperação judicial


como forma de estimular a continuidade das atividades empresariais, enquanto busca
se a melhoria a melhoria dos indicadores financeiros.

Referências
BATISTA, E.; D’AVILA, R. O X da questão. Rio de Janeiro; Sextante, 2011.

BM&FBOVESPA. Disponível em <http://www.bmfbovespa.com.br/home.aspx?i-


dioma=pt-br.

BRASIL. Decreto-lei n° 7.661, de 21 de junho de 1945. Disponível em:<http://www.


planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del7661.htm.

BRASIL. Lei n.11.101 de 9 de fevereiro de 2005. Regula a recuperação judicial, a


extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm.

CALÇAS, M. D. Q. P., de Andrade Pereira, R. M. J., & GARCIA, T. M. (2020). A LIMI-


TAÇÃO DA REMUNERAÇÃO DO ADMINISTRADOR JUDICIAL DA FALÊNCIA
E RECUPERAÇÃO JUDICIAL NA PERSPECTIVA DA PRESERVAÇÃO DA EMPRE-
Capítulo 3
RECUPERAÇÃO JUDICIAL: O CASO DA EMPRESA OGX
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
46

SA. Revista Juridica, 1(58), 544-572.

COELHO, Fábio Ulhoa. Falências: Principais alterações. Disponível em: http://


www.ulhoacoelho.com.br/site/pt/artigos/doutrina/50-falencias-principais-altera-
coes.html.

COSTA, D. C. Reflexões sobre processos de insolvência: Divisão equilibrada de ônus,


superação do dualismo pendular e gestão democrática de processos. Cadernos Jurí-
dicos Escola Paulista da Magistratura, n. 39, ano 16, pp. 59-77, 2005. Disponível em
http://www.tjsp.jus.br/download/EPM/Publicacoes/CadernosJuridicos/37de%20
04.pdf?d=636688261614679211

COOPER, D.R., & SCHINDLER, P.S. Métodos de pesquisa em administração 10a.ed.


Porto Alegre: Bookman, 2011

CRESWELL, J.W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto (2a.


ed.). Porto Alegre: Artmed, 2007.

DE ANDRADE, Danielle Souza; CAVALCANTI, Silva. A EXECUÇÃO FISCAL E A


PENHORA DE BENS DE EMPRESAS EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Revista Jurí-
dica da Seção Judiciária de Pernambuco, n. 12, p. 65-87, 2020.

CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de contabilidade: resumo da teoria aten-


dendo ás novas demandas de gestão empresarial, exercícios e questões com respos-
tas. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2010.

FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Lei de falências e recuperação de empresas. 4.ed. São


Paulo: Atlas 2008.

FELDMANN, Paulo. Entrevista concedida á Mônica Waldvogel para o programa


“Entre Asapas” da emissora Globo New. São Paulo, outubro de 2013. Entrevista.

GRAY, D. E. Pesquisa no mundo real. 2. Ed. Porto Alegre: Penso, 2012.

IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de Balanços. 10. ed. São Paulo. Atlas, 2009.

MARION, José Carlos. Análise das Demonstrações Contábeis. 7. ed. São Paulo
Atlas, 2012.

MARTINS, Gilberto de Andrade. THEÓPHILO, Carlos Renato. Metodologia da in-


vestigação científica para ciências sociais aplicadas, v. 2, 2007.

MATARAZZO, Dante C. Análise financeira de balanços: Abordagem Gerencial. São


Paulo. Atlas, 2017

MARTINS, G. de A. Manual para elaboração de monografias e dissertações. 2. Ed, 8.


tir. São Paulo; Atlas, 2000.

MINICHIELLO, Michel de Oliveira. Lei de falências e recuperação de empresas:


A importância da contabilidade no processo de recuperação judicial. Florianópolis:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA, 2011.

MORO JÚNIOR, Sérgio. A contabilidade nos processos de recuperação judicial:


STROPARO, Marina
STROPARO, Telma Regina
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
47

Análise na comarca de São Paulo. São Paulo: FECAP, 2011.

OLIVEIRA, Celso Marcelo. Comentários a Nova Lei de Falências. São Paulo: IOB
Thompson, 2005.

OLIVEIRA, Alessandro Aristides de et al. A análise das Demonstrações Contábeis e


sua importância para evidenciar a situação econômica e financeira das organizações.
Revista Eletrônica: Gestão e Negócios, 2010.

OLIVEIRA, M. S de; MOREIRA, S. C; Noções de contabilidade básica para cursos


técnicos. Brasília – DF: Editora IFB, 2013.

.SANTOS, Assione; FLORENTIN, Luis Miguel Roa. Effects of judicial reorganization


with regard to guarantees under a tripartite approach: processing stage, granting sta-
ge and judicial reorganization plan Revista de Direito Privado, vol. 103, p. 241 – 263
- Jan – Fev. 2020

SILVA, B. A. DE O.; KRAUTER, E. Indicadores Financeiros e Governança Corporati-


va de Companhias Brasileiras. Management in Perspective, v. 1, n. 1, p. 9-33, 1 maio
2020

SILVA, Marise Borba de; GRIGOLO, Tânia Maris. Metodologia para iniciação cien-
tífica à prática da pesquisa e da extensão II. Caderno Pedagógico. Florianópolis:
UDESC, 2002.

SILVA. José p. Análise Financeira de Empresas. São Paulo: Atlas, 8 ed. 2001

SILVA, Vinicius Augusto Brunassi; SAITO, Richard. Dificuldade financeira e recupe-


ração de empresas: uma pesquisa de contribuições teóricas e empíricas. Revista Bra-
sileira de Gestão de Negócios, v. 22, n. SPE, p. 401-420, 2020.

SOUZA, D., & KUHN, V. F. O uso de metodologias contábeis para mensurar o valor
da empresa em recuperação judicial ou falência. Revista de Administração, n. 22,
v.12, pp. 106-127. 2014. Disponível em http://revistas.fw.uri.br/index.php/revista-
deadm/article/view/1481

THÉOPHILO, C. R. Metodologia da investigação Científica para Ciências Sociais


Aplicadas. São Paulo; Atlas, 2007.

UESSLER, Rainoldo. Entrevista concedida a Michel de Oliveira Minichiello. Join-


ville, 11 de out. de 2012. Entrevista.

VIRI, Natalia. OGX sai da bancarrota. O que sobrou? Quase nada. Brazil Journal.
2017. Disponível em https://braziljournal.com/ogx-sai-da-bancarrota-o-que-sobrou-
-quase-nada

Capítulo 3
RECUPERAÇÃO JUDICIAL: O CASO DA EMPRESA OGX
48
CAPÍTULO 4

APLICAÇÃO DO CICLO PDCA NO SETOR DE


LICITAÇÃO DA PREFEITURA DE DOUTOR
SEVERIANO/RN

BENTO, Francisca Joselânia da Silva 1


HOLANDA, João Clécio de Sousa2

DOI: 10.46898/rfb.9786558890164.4

1 joselaniabento@gmail.com
2 joaoclecio11@hotmail.com
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
50

Resumo

N o âmbito público a licitação é o meio pelo qual se realiza as compras públi-


cas, funcionando também como um mecanismo de controle dos recursos
públicos, tornando-se de suma importância avaliar constantemente o ciclo do processo
licitatório no qual possa identificar possíveis melhorias para que o gasto público possa
ser realizado com qualidade e eficiência. Diante disso, o objetivo desta pesquisa consis-
te em analisar os benefícios gerados para a gestão pública da Prefeitura Municipal de
Doutor Severiano/RN a partir da aplicação do Ciclo PDCA. A pesquisa caracteriza-se
como um estudo de caso de caráter exploratório e descritivo, com a abordagem quali-
tativa. O universo da pesquisa foram os servidores que compõem a Comissão Perma-
nente de Licitação (CPL). A coleta de dados se deu através da aplicação de entrevistas.
Diante dos dados analisados, constatou-se que o ciclo PDCA contribui significativa-
mente na identificação, com mais facilidade, dos problemas inerentes ao processo de
licitações e na promoção de melhorias contínuas, possibilitando detectar e analisar
os gargalos que impedem que os objetivos traçados pela gestão sejam alcançados, e
que ao solucioná-los poderá gerar a otimização dos recursos financeiros e intelectuais
para a entidade e para os munícipes. Mediante isso, conclui-se que é importante que a
Administração Municipal em estudo adote iniciativas que busquem contribuir para a
melhoria do desempenho e alcance de resultados positivos na área da licitação.

Palavras-chave:Administração pública. Ciclo PDCA. Licitação. Prefeitura Municipal


de Doutor Severiano/RN.

1 Introdução

“A gestão pública se fundamenta na excelência de valores e de resultados orien-


tados para o cidadão” (LIMA, 2006 p.8). Seus cinco principais princípios norteadores
são: o princípio da legalidade, da impessoalidade, da moralidade administrativa, pu-
blicidade e eficiência, diante disso um gestor público só pode fazer aquilo que a lei
autorizar.

No âmbito público a licitação é o meio pelo qual se realiza as compras públicas,


funcionando também como um mecanismo de controle dos recursos públicos. No tex-
to da Lei das Licitações, a Lei Federal 8.666/93, é possível perceber com clareza o dever
de se fazer uso do princípio constitucional da isonomia, ou seja, selecionar a proposta
mais vantajosa para a administração, ao mesmo tempo em que objetiva dar oportuni-
dades iguais àqueles que desejam contrato com o órgão público.

Desse modo, é importante avaliar constantemente o ciclo do processo licitatório


objetivando identificar possíveis melhorias, na qual o gasto público possa ser reali-

BENTO, Francisca Joselânia da Silva


HOLANDA, João Clécio de Sousa
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
51

zado com qualidade e eficiência. Com isso, este estudo buscou responder a seguinte
pergunta: Aplicar o Ciclo PDCA no setor de licitação traz benefícios para a gestão
pública da Prefeitura Municipal de Doutor Severiano/RN?

Considerando que o departamento de licitação é responsável pela compra de


bens e serviços voltados a atender os interesses públicos, seguindo os preceitos dos
princípios da legalidade, impessoalidade, transparência e publicidade, o processo do
diagnóstico organizacional neste setor possibilitará detectar e analisar as dificuldades
e as falhas, que impedem que os objetivos traçados pelo gestor municipal sejam alcan-
çados, o que poderá gerar a otimização dos recursos financeiros e intelectuais para a
entidade. Dessa forma, o objetivo desta pesquisa consiste em analisar os benefícios ge-
rados para a gestão pública da Prefeitura Municipal de Doutor Severiano/RN a partir
da aplicação do Ciclo PDCA.

2 Referencial teórico
2.1 Licitação pública

A Licitação é o meio pelo qual a Administração Pública convoca, através de con-


dições estabelecidas no edital ou convite, empresas interessadas na apresentação de
propostas para o oferecimento de bens e serviços (BRASIL, 2010). A Licitação pode ser
definida como o procedimento administrativo que possibilita a contratação de pessoas
interessadas a prestar serviços à Administração, sendo assegurado tanto o direito dos
interessados à disputa como a seleção do beneficiário mais adequado ao interesse pú-
blico (SUNDFELD, 1994).

A Lei nº 8.666/1993, ao regulamentar o artigo 37, inciso XXI, da Constituição Fe-


deral, estabeleceu normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinen-
tes a compras, obras, serviços, inclusive de publicidade, alienações e locações no âmbi-
to dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (BRASIL,
2010). Posteriormente, a Lei Federal 10.520 /2002 institui a modalidade de licitação
denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns. Os agentes públicos
encarregados de realizar esses procedimentos formam uma Comissão Permanente de
Licitação (CPL) que, nos termos do art. 51 da Lei 8.666/93, deve ser formada por, no
mínimo, três membros, sendo pelo menos dois deles servidores qualificados perten-
centes aos quadros permanentes dos órgãos da Administração responsáveis pela lici-
tação.

O principal objetivo da licitação é a observância do princípio constitucional da


isonomia, definido pela Constituição Federal de 1988 como o princípio da igualdade
entre os licitantes; e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração, de

Capítulo 4
APLICAÇÃO DO CICLO PDCA NO SETOR DE LICITAÇÃO DA PREFEITURA DE DOUTOR SEVERIANO/RN
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
52

maneira a assegurar oportunidade igual a todos os interessados e a possibilitar o com-


parecimento ao certame do maior número possível de concorrentes (BRASIL, 2010).

Para Meirelles (2006, p. 303) “a proposta mais vantajosa é a que melhor atende ao
interesse da Administração, aquela que melhor servir aos objetivos da licitação, den-
tro do critério de julgamento estabelecido no edital ou convite”. O inciso 1º, do artigo
45, da Lei de Licitações nº 8.666/93, estabelece para os tipos licitatórios, com exceção
da modalidade concurso, que a seleção da proposta mais vantajosa se dá a partir de
quatro tipos de licitação: de menor preço, de melhor técnica, de técnica e preço e de
maior lance ou oferta, discorridos no Quadro 1, com base nos pensamentos de Mei-
relles (2006).
Quadro 1 – Tipos de Licitação
A licitação de menor preço é a mais comum. Nesse tipo, o fator
Menor Preço
decisivo, é o menor preço, por mínima que seja a diferença.
Na licitação da melhor técnica o que a administração pretende é a
obra, o serviço, o equipamento ou o material mais eficiente, mais
Melhor técnica
durável, mais aperfeiçoado, mais rápido, mais rentável, mais
adequado.
Na licitação de técnica e preço combinam-se estes dois fatores para a
Técnica e preço escolha final da proposta que apresente técnica satisfatória e preço
mais vantajoso.
Maior lance ou Nos casos de alienação de bens ou concessão de direito real de uso.
oferta
Fonte: Elaborado pelos autores (2020), adaptado do texto de Meirelles (2006, p. 303-304).
Resumidamente, a licitação consiste em uma série de atividades e atos ordena-
dos que visa alcançar um único resultado: o de escolher a melhor proposta para um
contrato de interesse da administração, dando a oportunidade a todos os interessados
(MADEIRA, 2008).

2.2 Prefeitura Municipal de Doutor Severiano/RN

A Constituição Federal de 1988 determina que, os funcionários que fazem parte


do quadro funcional de um órgão público, recebam o nome de servidor público. No
caso da prefeitura de Doutor Severiano/RN, o quadro de servidores é composto por
2 agentes políticos, 264 efetivos, 45 temporários, 6 eletivos e 24 comissionados. Totali-
zando 341 servidores à serviço do município.

A Prefeitura Municipal de Doutor Severiano/RN teve seu atual prédio inaugu-


rado no dia 05 de setembro de 2011, e pode ser considerado um dos mais modernos
centros administrativos do Estado do Rio grande Norte. Contando com uma estrutura

BENTO, Francisca Joselânia da Silva


HOLANDA, João Clécio de Sousa
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
53

ampla e organizada, o local é sediado pelo gabinete do prefeito, controladoria, assesso-


ria jurídica, secretaria de administração, secretaria de educação e a secretaria de saúde.

A estrutura organizacional da prefeitura se divide entre a controladoria, asses-


soria jurídica e cinco secretarias com seus departamentos. Para melhor representar as
relações hierárquicas e posições dos cargos a Figura 1 apresenta o organograma da
organização que, como explica Chiavenato (2001, p. 251), “organograma é o gráfico
que representa estrutura formal da empresa”.
Figura 1 - Organograma da Prefeitura Municipal de Doutor Severiano/RN

Fonte: Elaborado pelos autores com base em documentos disponibilizadas pela prefeitura (2020).
Como pode-se observar no organograma a secretaria de administração, finanças
e tesouraria é uma só, tendo os departamentos de Licitação, Tributação, Recursos Hu-
manos e a Contabilidade como seus subordinados.

Setor de licitação

O departamento de licitação é responsável por realizar as compras de todas as se-


cretarias que compõem a prefeitura, exigindo muita responsabilidade, compromisso e
ética dos funcionários. A licitação é regra para aquisição de bens e serviços nos órgãos
públicos e possui seis modalidades: Concorrência, tomada de preços, convite, concur-
so, leilão e pregão, disciplinadas pelas leis federal 8.666/93 e 10.520 /2002.

Neste setor estão os agentes públicos encarregados de realizar procedimentos


administrativos que visam a formalização e a legalidade de contratação de empresas/
pessoas, que pretendem fornecer e/ou prestar serviços para a Administração Pública
mediante sua necessidade. Esse procedimento é realizado por uma Comissão Perma-
nente de Licitação (CPL).

A CPL é criada pela Administração com a função de receber, examinar e julgar


todos os documentos e procedimentos relativos ao cadastramento de licitantes e às

Capítulo 4
APLICAÇÃO DO CICLO PDCA NO SETOR DE LICITAÇÃO DA PREFEITURA DE DOUTOR SEVERIANO/RN
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
54

licitações nas modalidades concorrência, tomada de preços, convite, etc. A CPL da


prefeitura municipal de Doutor Severiano/RN é composta por um presidente e dois
membros. É atribuição da comissão de licitação a condução do procedimento licitató-
rio, mediante o recebimento, exame e julgamento dos documentos e propostas apre-
sentados pelos licitantes.

2.3 Ferramenta de diagnóstico organizacional – Ciclo PDCA

O diagnóstico organizacional é o processo de avaliar o funcionamento de uma


empresa, é um mecanismo para colher informações, visando conhecer a realidade in-
terna e externa, traçar o perfil da organização, para que o gestor tome conhecimento de
todas as dimensões envolvidas, buscando descobrir a atual situação da empresa para
então recomendar ao tomador de decisão, estratégias adequadas para melhoria dos
resultados (GOMES et al., 2007).

Lima (2010) compara o diagnóstico organizacional com uma radiografia, o qual


mostra como a empresa e seu sistema de gestão se encontram. Podendo ser realizado
de duas maneiras, uma com um olhar mais amplo visando toda gestão da empresa e
outra a partir de enfoques específicos. Nesta concepção, o diagnóstico permite ao ges-
tor ter um olhar mais amplo e integral de sua organização, facilitando o encaminha-
mento e soluções dos problemas (ROSA, 2001).

O ciclo de Deming, amplamente conhecido como ciclo PDCA, é uma ferramenta


de gestão que visualiza a melhoria contínua da organização, é um ciclo que não pos-
sui intervalos, se repete e gira constantemente. O objetivo principal dessa ferramenta
é tornar os processos de uma organização mais ágeis, claro e objetivos, podendo ser
utilizada tanto por empresa pública como privada.

Esse Ciclo pode ser utilizado como um método para estruturar projetos de me-
lhoria. Refere a uma etapa lógica de quatro etapas repetitivas para melhoria contínua
e aprendizagem: planejar, realizar, controlar e agir (ASSEN et al., 2010).

O ciclo PDCA tem como estágio inicial o planejamento da ação, em seguida tudo


o que foi planejado é executado, gerando, posteriormente, a necessidade de checa-
gem constante destas ações implementadas. Com base nesta análise e comparação das
ações com aquilo que foi planejado, o gestor começa então a implantar medidas para
correção das falhas que surgiram no processo ou produto (PERIARD, 2011).

3 Metodologia

A pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso sobre a aplicação do Ciclo


PDCA e seus benefícios para a gestão pública da Prefeitura Municipal de Doutor Seve-

BENTO, Francisca Joselânia da Silva


HOLANDA, João Clécio de Sousa
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
55

riano/RN. Na visão de Yin (2010), um estudo de caso contribui para a compreensão de


fenômenos sociais complexos, permitindo ao pesquisador preservar as características
holísticas e significativas de acontecimentos reais.

Quanto ao caráter da pesquisa, é do tipo exploratória descritiva, objetivando ana-


lisar os benefícios gerados para a gestão pública da Prefeitura Municipal de Doutor
Severiano/RN a partir da aplicação do Ciclo PDCA, visando a identificação e a explo-
ração do problema, tornando-o explícito (GIL, 2010).

O universo da pesquisa foram os servidores que compõem a Comissão Perma-


nente de Licitação (CPL), caracterizando uma pesquisa censitária. Segundo Gil (2008),
quando o levantamento recolhe informações de todos os integrantes do universo pes-
quisado, tem-se um censo.

Concernente a natureza, a pesquisa é classificada como qualitativa. Silva e Me-


nezes (2005) afirmam que, na pesquisa qualitativa, há uma relação dinâmica entre o
mundo real e o sujeito, no qual a interpretação dos fenômenos e a atribuição de signifi-
cados não podem ser traduzidas em números e, portanto, não requer o uso de métodos
e técnicas estatísticas.

A coleta de dados se deu através de entrevistas, realizadas no período de 3 de


fevereiro a 10 de março de 2020. Para Marconi e Lakatos (2003), a entrevista é um en-
contro entre duas pessoas, a fim de que o entrevistador obtenha informações a respeito
de determinado assunto, mediante uma conversação efetuada face a face.

Diante das respostas obtidas, foi utilizada a análise de conteúdo, de modo a ex-
pressar os resultados obtidos, cuja análise permite a descrição sistemática e objetiva do
conteúdo da comunicação (LAKATOS; MARCONI, 2003).

4 Resultados e discussões

A licitação não é um sistema, é um meio técnico-legal para a realização das com-


pras públicas e para o controle dos recursos públicos, um procedimento administrati-
vo que se realiza com uma sucessão de etapas ordenadas. Daí decorre a importância
de se visualizar o ciclo do processo licitatório, apresentando cada etapa de sua gestão
para que se obtenha um entendimento sobre todo o processo, identificando onde se
deve atuar e de que forma. As etapas desse procedimento perpassam um trajeto muito
similar ao ciclo PDCA.

Assim, a Figura 2 apresenta a partir da visão do ciclo PDCA, uma perspectiva das
etapas que constituem o processo de licitação na Prefeitura Municipal de Doutor Seve-

Capítulo 4
APLICAÇÃO DO CICLO PDCA NO SETOR DE LICITAÇÃO DA PREFEITURA DE DOUTOR SEVERIANO/RN
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
56

Figura 2 – Ciclo PDCA do Setor de Licitação da Prefeitura Municipal de Doutor Severiano/


RN

Fonte: Elaborado pelos autores com base nas informações coletas durante a pesquisa (2020)
riano/RN, objetivando obter uma melhoria contínua em todas as etapas do processo,
compreendendo a operacionalização, controle e planejamento.

Como observado na Figura 2 o ciclo do processo de licitação, baseado no ciclo


PDCA, tem seu desenvolvimento detalhado na sequência:
• Planejar: Receber as solicitações de compras e identificar se há necessida-
de de contratação, elaborar o termo de referência, verificar se há reserva
orçamentária disponível frente às prioridades estabelecidas, escolher em
qual modalidade se encaixa, elaborar as minutas de edital e de contrato.
Essa etapa abrange o plano de compra, a análise da demanda e escolha de
solução, e a especificação dos requisitos. Essa fase exige uma maior atenção
dentro do ciclo processo de licitação, pois é aqui onde se pode traçar metas
e objetivos que gerem de ganhos efetivos no uso dos recursos públicos.
• Realizar: Publicar o edital de contratação, analisar as propostas dos lici-
tantes, realizar a licitação, escolher a proposta mais vantajosa para a admi-
nistração. Nessa etapa é importante notar que na lei 8.666/93 não se fala
em “menor preço” como sinônimo de proposta mais vantajosa, pois nem
sempre é o melhor caminho para obter a otimização dos gastos públicos,
deve-se ter pensamento crítico, visão integrada e sistêmica por parte dos
integrantes da Comissão Permanente de Licitação (CPL) ao escolher a pro-
posta que melhor se adeque as necessidades da administração, visando
sempre a melhor utilização dos recursos.
• Controlar: Controle do processo licitatório (fase interna e externa), gerir
os contratos e atas, acompanhar a execução dos contratos. Essa etapa apre-
senta um alto nível de importância na aplicação dos recursos públicos, é
importante que seja feita uma boa gestão dos contratos com a formação
adequada das pessoas responsáveis pela atividade, para que seja possível
identificar se a execução dos contratos está dentro dos termos da lei e ge-

BENTO, Francisca Joselânia da Silva


HOLANDA, João Clécio de Sousa
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
57

rando resultados positivos para aqueles que estão adquirindo os serviços.


Ferrer (2015) diz que, uma das fases mais críticas é a gestão dos contra-
tos, em que apesar da utilização de sistemas, ocorre inúmeras falhas, onde
ocorre boa parte dos desvios.
• Agir: Padronização dos procedimentos, ações corretivas, avaliação e revi-
são do processo. Nessa fase é o momento de rever todo o processo e anali-
sar se as atitudes tomadas nas fases anteriores trouxeram resultados espe-
rados e usar como experiência para determinar onde aplicar as mudanças
para novas tentativas de melhoria do processo.

Diante disso, nota-se que, o ciclo PDCA contribui significativamente na identi-


ficação, com mais facilidade, dos problemas inerentes ao processo de licitações e na
promoção de melhorias contínuas. A partir de um bom desenvolvimento das quatro
etapas que compõem o ciclo, o Setor de Licitação da Prefeitura Municipal de Doutor
Severiano/RN poderá tornar suas aquisições mais eficientes, contribuindo diretamen-
te para o alcance das políticas públicas, tais como o desenvolvimento socioeconômico
local e a melhoria dos serviços prestados à população. É importante que a Adminis-
tração Pública Municipal em estudo, adote iniciativas que busquem contribuir para a
melhoria do desempenho e alcance de resultados positivos na área da licitação.

5 Considerações finais

A pesquisa teve como objetivo analisar os benefícios gerados para a gestão pú-
blica da Prefeitura Municipal de Doutor Severiano/RN a partir da aplicação do Ciclo
PDCA. Entende-se que o objetivo proposto foi alcançado, na medida em que os dados
evidenciam os benefícios em haver melhoria contínua nos processos de compras pú-
blicas.

O Ciclo PDCA tem como objetivo proporcionar a melhoria contínua da organi-


zação, a partir de quatro etapas: planejar, realizar, controlar e agir. O foco desta fer-
ramenta no Setor de Licitação foi observar o ciclo de gestão do processo de licitação e
as dimensões que envolvem essa área, melhorando a tomada de decisão. Observou-se
que o ciclo PDCA contribui significativamente na identificação, com mais facilidade,
dos problemas inerentes ao processo de licitações e na promoção de melhorias contí-
nuas. Dessa forma, o Setor de Licitação da Prefeitura Municipal de Doutor Severiano/
RN poderá tornar suas aquisições mais eficientes, melhorando os serviços prestados à
entidade e à sociedade.

Com base nas informações elencadas, conclui-se que o diagnóstico organizacio-


nal é de grande importância para o setor público. No Setor de Licitação da Prefeitura
Municipal de Doutor Severiano/RN que é responsável pela compra de bens e serviços
voltados a atender os interesses públicos, o Ciclo PDCA possibilita detectar e analisar
os gargalos que impedem que os objetivos traçados pelo gestor municipal sejam al-

Capítulo 4
APLICAÇÃO DO CICLO PDCA NO SETOR DE LICITAÇÃO DA PREFEITURA DE DOUTOR SEVERIANO/RN
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
58

cançados, e que ao solucioná-los poderá gerar a otimização dos recursos financeiros e


intelectuais para o órgãos e para os munícipes.

Referências
ASSEN, Marcel Van; BERG, Gerben; PIETERSMA, Paul. Modelos de gestão: os 60
modelos que todo gestor deve conhecer. 2010.

BRASIL. Congresso Nacional. Lei n.º 8.666 de 21 de junho de 1993. Regulamenta o


art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e con-
tratos da Administração Pública e dá outras providências. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm>. Acesso em 06 de abril de 2020.

BRASIL, Lei. 10.520, de 17 de julho de 2002–. Institui, no âmbito da União, Estados,


Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição
Federal, modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e ser-
viços comuns, e dá outras providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/2002/l10520.htm>. Acesso em: 06 de abril 2020.

BRASIL, T. C. U. Licitações e contratos : orientações e jurisprudência do TCU / Tri-


bunal de Contas da União. – 4. ed. rev., atual. e ampl. – Brasília : TCU, 2010.

CHIAVENATO, Idalberto. Teoria Geral da Administração. Rio de Janeiro: Campus,


2001.

FERRER, Florencia. Diagnóstico da situação das compras públicas no Brasil. IN:


FERRER, Florencia; SANTANA, Jair Eduardo. (Coord.) Compras Públicas Brasil. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2015.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

_______. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

GOMES. E. L et al. Diagnóstico Organizacional. 2007. Projeto de Pesquisa – Admi-


nistração com Habilitação em Logística, Faculdade Novos Horizontes, Minas Gerais.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos da metodologia científica. 5. ed.


São Paulo: Atlas, 2003.

LIMA, L.F. De. Diagnóstico Organizacional: Uma análise em uma empresa de em-
préstimos e créditos no norte pioneiro. 2010. Trabalho de Conclusão de Curso - Gra-
duação em Administração, Universidade Norte do Paraná (UNOPAR).

LIMA, Paulo Daniel Barreto. Excelência em Gestão Pública. Recife: Fórum Nacional


de Qualidade, 2006.

MADEIRA, J. M. P. Administração pública. 10 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

MEIRELLES, H. L. Direito Administrativo Brasileiro. 32 ed. São Paulo: Malheiros,


2006.

PERIARD, Gustavo. O ciclo PDCA e a melhoria contínua. Disponível em <http://


www.sobreadministracao.com/o-ciclo-pdca-deming-e-a-melhoria-continua/> Aces-
BENTO, Francisca Joselânia da Silva
HOLANDA, João Clécio de Sousa
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
59

so em 18 de abril de 2020.

ROSA, J. A. Roteiro para análise e diagnóstico da empresa. São Paulo: STS, 2001.

SILVA, E. L. MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de disserta-


ção. 4. ed. rev. atual. Florianópolis: UFSC, 2005.

SUNDFELD, Carlos Ari. Licitação e Contrato administrativo. São Paulo: Malheiros,


1994.

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e método. 4.ed. Porto Alegre: Bookman,


2010.

Capítulo 4
APLICAÇÃO DO CICLO PDCA NO SETOR DE LICITAÇÃO DA PREFEITURA DE DOUTOR SEVERIANO/RN
60
CAPÍTULO 5

ADMISSÃO DO DOCUMENTO ELETRÔNICO


COMO MEIO DE PROVA NO PROCESSO
CIVIL: ASPECTOS DE VALIDADE E
SEGURANÇA

OLIVEIRA, Diego Bianchi1

DOI: 10.46898/rfb.9786558890164.5

1  Mestre em Direito. Especialista em Direito Imobiliário. Graduado em Direito e em Administração. Professor dos
cursos de Direito e Administração. Advogado. E-mail: diegobianchi@hotmail.com.br
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
62

Resumo

A chegada da era digital transformou a forma como o homem se relaciona,


exigindo respostas por parte do ordenamento jurídico brasileiro. Foi neces-
sário demonstrar o encolhimento entre a diferença do documento tradicional (de pa-
pel) para o documento eletrônico (digital). Essa análise teve como objetivo esclarecer
as questões que permeiam a admissibilidade do documento eletrônico como meio de
prova no processo civil. Para enfrentar a questão, optou-se pelo método de abordagem
dedutivo e método procedimental hermenêutico, realizado a partir de uma pesquisa
bibliográfica e documental para avaliar todos os requisitos de validade e os meios
tecnológicos de segurança que se encontram a disposição, e que são necessários para
demonstrar a força probante dos documentos produzidos em ambientes virtuais.

Palavras-chave: Documento eletrônico. Processo civil. Direito probatório.

1 Introdução

A era digital trouxe a informatização das relações e dos objetos ao meio social,
e logo que a sociedade percebeu as facilidades e conveniências trazidas pelas novas
tecnologias informáticas, tratou logo de modernizar até mesmos os hábitos mais corri-
queiros. Os novos meios de comunicação, notadamente a Internet, mudaram a forma
como o homem se comunica e interage, dando vida ao que se chama de Sociedade da
Informação.

Trata-se de desenvolvimento social caracterizado pela capacidade de seus mem-


bros de obter e compartilhar qualquer informação, instantânea de qualquer lugar e da
maneira mais adequada. Sendo o Direito o principal instrumento de harmonização
das relações, as mudanças sociais promovem também a necessidade de adequação
jurídica.

No direito pós-moderno, as novas tecnologias geram discussões e impõem desa-


fios, a Internet promoveu a quebra de barreiras físicas, exigindo uma nova forma de
pensar, passando dos papéis tradicionais da justiça para uma mudança inequívoca de
paradigmas.

Logo, um dos primeiros desafios jurídicos na era digital é a desmaterizalização


do suporte físico das relações: o documento. Diante da aparente insegurança trazida
pelos novos meios, surgem questões que serão enfrentadas neste trabalho: compara-
do ao documento tradicional, o documento eletrônico é válido? É possível identificar
a sua autoria? Pode ser facilmente alterado ou destruído? Ele é seguro? Ele pode ser
usado como meio de prova no processo civil?

OLIVEIRA, Diego Bianchi


PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
63

Por meio do método dedutivo e hermenêutico, além de uma extensa pesquisa


bibliográfica, buscar-se-á trazer a lume todos os aspectos de validade e segurança do
documento eletrônico e como este pode ser utilizado como meio de prova no processo
civil brasileiro.

Para tanto, será discutido num primeiro momento quanto à extensão do conceito
de documento para o mundo digital. Em seguida far-se-á algumas considerações acer-
ca do direito probatório e a apresentação dos requisitos de validade e segurança do
documento eletrônico.

2 Do documento eletrônico: do conceito físico ao digital

Documento – palavra derivada do latim documentum – constitui “qualquer texto


ou registro gráfico que sirva para certificar ou comprovar um assunto, uma pesquisa,
um fato, um processo etc”1. Paolo Guidi2 conceitua documento como sendo “objeto
corpóreo, produto da atividade humana da qual conserva traços, o qual, por intermé-
dio da percepção dos sinais sobre ele impressos, [...], é capaz de representar, de modo
permanente, a quem observa, um fato exterior a esse documento”.

Pôde-se notar que a “ideia central de documento se consubstancia numa coisa,


fixada materialmente; por essa razão, muitos entendem que o elemento-conteúdo é
inseparável de seu suporte físico”. Em que pese conceito tradicional de documento
esteja intrinsicamente relacionado ao papel escrito, Bill Gates3 revela que sua impor-
tância como meio de encontrar, preservar e distribuir informações já está diminuindo,
mesmo que embora o papel ainda esteja presente por tempo indeterminado.

Assim, na medida em que a definição tradicionalista de documento se restringe a


sua representação à forma escrita, essa acepção não mais se coaduna com a realidade
fática. Considerando o dinamismo da sociedade e os avanços tecnológicos é preciso
refletir acerca de uma redefinição do documento em si.

Nesse sentido, Gates4 destaca que “um documento pode ser qualquer corpo de
informação. Um artigo de jornal é um documento, mas a definição mais ampla inclui
também um programa de televisão, uma canção ou um vídeo game interativo”.

Desse modo, de acordo com Marques5, o documento eletrônico – também chama-


do de documento informático ou documento digital – não se prende ao meio físico em
que está gravado, tendo em vista ser constituído por uma sequencia de bits.
1  MARQUES, A. T. G. L. A prova documental na internet: validade e eficácia do documento eletrônico. Curitiba: Juruá, 2011, p.
123.
2  GUIDI, P. Teoria Giuridica del Documento. Milão: Giuffrè, 1950, p. 46, apud LUCCA, N.. Títulos e contratos eletrônicos: o
advento da informática e seu impacto no mundo jurídico. In: LUCCA, N.; SIMÃO FILHO, A. (coord.). Direito e Internet: aspectos
jurídicos relevantes. Bauru: Edipro, 2000, p. 43.
3  GATES, B.; et. al. A estrada do futuro. Tradução: Beth Vieira et. al. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 145.
4  Ibid., p. 146.
5  MARQUES, C. L. Contratos no código de defesa do consumidor: o novo regime das relações contratuais. 7. ed. São Paulo:

Capítulo 5
ADMISSÃO DO DOCUMENTO ELETRÔNICO COMO MEIO DE PROVA NO PROCESSO CIVIL: ASPECTOS DE VALIDADE E
SEGURANÇA
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
64

O documento em formato eletrônico é, portanto “uma sequência de bits, intangí-


vel, que pode ser infinitamente reproduzido”6. E, havendo esta autonomia em relação
ao meio físico, se exige um suporte material, como um determinado programa de com-
putador, que seja capaz de representar o fato7.

Entendendo que o conceito de documento eletrônico deve abranger outros meios


de comunicação, como o fax, Almeida Filho e Castro8 conceituam de maneira mais
ampla o documento eletrônico como “qualquer representação de um fato, decodifi-
cada por meios utilizados na informática, nas telecomunicações e demais formas de
produção cibernética, não perecível e que possa ser traduzido por meios idôneos de
reprodução [...]”.

De qualquer maneira, Marques9 verifica que “ontologicamente, não existe uma


diferença entre a noção tradicional de documento e a nova noção de documento ele-
trônico, porque o ciberdocumento também será meio real de representação de um fato”.
E conclui, evidenciando que a “diferença reside, tão somente, no meio real utilizado,
não mais representado pelo papel e sim, por disquetes, cd roms, discos rígidos etc”.

3 Do Direito Probatório: considerações necessárias

Inicialmente é preciso ressaltar que o instituto da prova não está ligado unica-
mente ao direito processual. De acordo com Carnelutti10 a prova não é apenas o objeto
que serve para o conhecimento de um fato, mas também o próprio conhecimento for-
necido por tal objeto. Tanto a atividade judicial quanto a atividade jurídica são desen-
volvidas por meio de provas, razão pela qual não se encontra disciplinada apenas no
Código de Processo Civil (arts. 369 e ss.), mas no próprio Código Civil (arts. 212 e ss.).

A prova é o meio que se permite persuadir alguém a respeito de algo, isto é, tra-
ta-se da demonstração da verdade de determinado fato. Deveras, apesar da prova ter
como destinatário o juiz, justificando o tratamento preferencialmente processual, não
se pode ignorar “que os elementos substanciais da materialização dos fatos, atos, atos-
-fatos e negócios jurídicos pode ser disciplinada pelo código civil, o que não prejudica
o tratamento da matéria e a sua transposição para o processo civil”11.

Em âmbito processual, conforme explica Câmara12, a prova refere-se a qualquer


elemento que contribui para formação da convicção do juiz a respeito da existência de

Revista dos Tribunais, 2014, p. 126-127.


6  OTONI, M. B. Certificação digital. In: BLUM, R. O. et. al. (org.). Manual de direito eletrônico e internet. São Paulo: Lex, 2006,
p. 245.
7  MARQUES, op. cit., p. 127.
8  ALMEIDA FILHO, J. C. de A.; CASTRO, A. A. Manual de informática jurídica e direito da informática. Rio de Janeiro: Forense,
2005, p. 172.
9  MARQUES, op. cit., p. 130.
10  CARNELUTTI, F. Instituições do processo civil. v. I, Campinas: Servanda, 1999, p. 307.
11  MEDINA, J. M. G.; ARAÚJO, F. C. de. Código civil comentado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 252.
12  CÂMARA, A. F. Lições de direito processual civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 1999, p. 339.

OLIVEIRA, Diego Bianchi


PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
65

determinado fato, isto é, tudo aquilo que for levado aos autos com o fim de convencer
o juiz de que determinado fato ocorreu será chamado de prova.

A palavra “prova” pode ter mais de um significado. Segundo explica Cambi13,


juridicamente a expressão possui mais de um sentido referindo-se, por vezes, “ao fato
representado, à atividade probatória, ao meio ou fonte de prova, ao procedimento
pelo qual os sujeitos processuais obtêm o meio de prova ou, ainda, ao resultado do
procedimento, isto é, à representação que dele deriva” – notadamente a convicção do
juiz.

Em sentido objetivo o vocábulo prova designa a atividade probatória ou os


meios com que ela se desenvolve. Noutra via, em sentido subjetivo, ele é utilizado
para designar a convicção que as provas produzidas no processo geram no íntimo do
julgador, ou seja, significa o resultado que a atividade e os meios probatórios induzem
no espírito do juiz14.

Com o exposto, resta claro a noção tripartida ensinada por Cambi15, já que dentro
dessa concepção plural a prova é ora atividade – conjunto de atos, realizados pelo juiz
e pelas partes, com a finalidade de reconstrução dos fatos –, ora meio – vista como um
instrumento pelo qual as informações sobre os fatos são introduzidas no processo – e
ora resultado – sinônimo de êxito ou de valoração, consubstanciado na convicção do
juiz.

Porquanto, é adequado destacar que “o juiz, na atividade cognitiva do processo,


tradicionalmente é visto como alguém que tem por função precípua a reconstrução
dos fatos a ele narrados, aplicando sobre esses a regra jurídica abstrata contemplada
pelo ordenamento positivo”16. Sem dúvida, as “provas fornecem ao juiz os elementos
necessários para a reconstrução, em juízo, de acontecimentos passados, com a finalida-
de de que ele possa formar o seu próprio convencimento sobre a verdade ou não dos
fatos históricos alegados pelas partes”17.

Ressalta-se, no entanto, que “o objeto da prova é limitado às alegações sobre fa-


tos. Não é, porém, qualquer alegação sobre fato que integra o objeto da prova. Impen-
de que tal alegação seja relevante e controvertida”18. Portanto, o que deve ser provado
é o conjunto de alegações controvertidas das partes em relação aos fatos relevantes,
excluindo-se àqueles considerados notórios ou presumidos. Fazem parte do objeto da
prova as alegações relativas dos fatos pertinentes à causa e não os fatos em si mesmos19.
13  CAMBI, op. cit., p. 47.
14  DIDIER JUNIOR, F.; et. al. Curso de direito processual civil: teoria da prova, direito probatório, ações probatórias, decisão,
precedente, coisa julgada e antecipação dos efeitos da tutela. v. 2. 10. ed. Salvador: JusPodivm, 2015, p. 39.
15  CAMBI, op. cit., p. 48.
16  MARINONI, L. G.; et. al. Novo curso de processo civil: tutela dos direitos mediante procedimento comum. v.2. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, p. 243.
17  CAMBI, op. cit., p. 49.
18  CÂMARA, op. cit., p. 223.
19  DINAMARCO, C. R. Instituições de direito processual civil. v. III. São Paulo: Malheiros, 2001., p. 58.

Capítulo 5
ADMISSÃO DO DOCUMENTO ELETRÔNICO COMO MEIO DE PROVA NO PROCESSO CIVIL: ASPECTOS DE VALIDADE E
SEGURANÇA
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
66

Sabe-se que o destinatário da prova é o juiz, porém, as provas são produzidas


para o processo, não para um determinado magistrado. Considerando que o proces-
so – incluindo inúmeras mudanças de juízes e a fase recursal – geralmente passa por
mais de um julgador, é necessário que nos autos haja prova necessária para persuadir
o órgão judicial competente para o julgamento20.

A essa altura faz-se então necessário esclarecer quais instrumentos disponíveis


as partes tem para persuadir o juiz, que procura a fazer seu juízo de valor, acerca da
veracidade dos fatos. Ressalta-se que “meios de prova são os mecanismos através dos
quais a prova é levada para o processo”21. Isto é, “são as técnicas desenvolvidas para
se extrair prova de onde ela jorra (ou seja, da fonte). São fontes de prova as coisas, as
pessoas e os fenômenos”22.

Os meios de prova típicos são: o depoimento pessoal (art. 385 e ss.), a confissão
(art. 389 e ss.), a prova documental (art. 405 e ss.), a prova testemunhal (art. 442 e ss.),
a prova pericial (art. 464 e ss.), a inspeção judicial (art. 481 e ss.), a prova emprestada
(art. 372), e a ata notarial (art. 384) – todos previstos no Código de Processo Civil. No
entanto, a mesma codificação (art. 369) autoriza as partes empregar todos os meios le-
gais e moralmente legítimos para provar a verdade dos fatos, ainda que não previstos
na lei, admitindo-se meios de provas atípicos.

A admissibilidade de meios de prova atípicos segue de encontro à ideia de efe-


tividade do direito à prova. Sob esse enfoque, o direito à prova significa a ampliação
de oportunidade para as partes demonstrarem os fatos que alegam, podendo influir
no convencimento do juiz, valendo-se de todos os meios de prova considerados úteis
e idôneos para demonstrar a existência e a eficácia dos fatos pertinentes e relevantes
da causa23.

As provas típicas podem ser classificadas em: orais, documentais e técnicas. A


prova oral é a que se produz através de um depoimento falado (o depoimento pessoal
e a prova testemunhal). As provas documentais são os registros gravados de fatos
(prova documental stricto sensu – aqui incluída a prova produzida através de docu-
mento eletrônico – e a ata notarial). As provas técnicas são os meios de prova que são
produzidos através da análise que alguém faz de um objeto ou pessoa, valendo-se de
seu conhecimento especializado (a prova pericial e a inspeção judicial). E, por fim,
classifica-se a confissão como meio de prova que pode manifestar-se como prova oral
ou como prova documental, conforme o modo como tenha sido produzido24.

20  CAMBI, op. cit., p. 54.


21  CÂMARA, A. F. O novo processo civil brasileiro. São Paulo: Atlas, 2015, p. 233.
22  DIDIER JUNIOR, op. cit., p. 39.
23  CAMBI, op. cit., p. 170.
24  CÂMARA, op. cit., p. 235.

OLIVEIRA, Diego Bianchi


PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
67

Os meios probatórios são, portanto, os instrumentos utilizados pelo julgador


para reconstituição dos fatos em busca da verdade que seja mais próxima daquilo que
efetivamente ocorreu. Entretanto, Cambi25 adverte que “o magistrado não é livre para
dar razão àquele que deseje, mas à parte que melhor lhe convença da existência dos
fatos que vão tornar possível a tutela jurisdicional”.

A doutrina ainda versa sobre a dinâmica que permite identificar cada um dos
momentos da prova no processo. De modo que, em geral, o procedimento probatório
passa por quatro estágios: proposição, admissão, produção e valoração da prova.

Trata-se a proposição ou requerimento da “fase inicial, em que se pleiteia ao ór-


gão judiciário – que tem o poder de controle sobre a prova, permitindo ou não o re-
curso a certo meio de prova no processo – a produção de determinada prova, a fim
de influir no convencimento do juiz”26. “Requeridas as provas, o juiz deverá resolver
sobre a sua admissibilidade, na chamada fase de admissão, quando passarão as provas
por um juízo de avaliação preventiva de sua necessidade, utilidade e cabimento”27.
Depois de admitida, a prova deverá ser produzida, via de regra, na audiência de ins-
trução e julgamento (art. 358 do CPC). Eventualmente a produção pode se dar em
outro momento e em outro lugar, como no caso da prova documental, cuja parte que
requer a produção de prova documental já deve juntar aos autos o documento a ser
utilizado, onde a admissibilidade ocorrerá em ocasião posterior, após o contraditório
(art. 437 do CPC), e com a decisão do magistrado, quando então será efetivamente tida
por produzida28.

Por fim, a valoração das provas será feita na decisão, quando o órgão julgador
demonstrará que papel teve a prova na formação do seu convencimento29. Frisa-se
que o direito processual brasileiro se sujeita ao princípio da persuasão racional do
juiz, uma vez que, em regra, as provas não possuem valor preestabelecido. Portanto,
pode o magistrado convencer-se livremente com qualquer das evidências presentes
nos autos, desde que justifique os motivos pelos quais entende que certa prova gera
convencimento, ou as razões para que certa prova se sobreponha a outra30.

Feito tais apontamentos, infere-se que a prova “é todo meio retórico, regulado
pela lei, e dirigido a, dentro dos parâmetros fixados pelo direito e de critérios racio-
nais, convencer o Estado-juiz da validade das proposições, objeto de impugnação, fei-
tas no processo”31. Vale, ainda, dizer que “o juiz deve comparar aquilo que foi alegado

25  CAMBI, op. cit., p. 79.


26  MARINONI, op. cit., p. 289.
27  DIDIER JUNIOR, op. cit., p. 78.
28  MARINONI, op. cit., p. 290.
29  DIDIER JUNIOR, op. cit., p. 79.
30  MARINONI, op. cit., loc. cit.
31  Ibid., p. 251.

Capítulo 5
ADMISSÃO DO DOCUMENTO ELETRÔNICO COMO MEIO DE PROVA NO PROCESSO CIVIL: ASPECTOS DE VALIDADE E
SEGURANÇA
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
68

com aquilo que foi provado, a fim de poder motivar a sua decisão, quando do exercício
da atividade de valoração da prova”32.

4 Da validade e a eficácia dos documentos produzidos digitalmente

Compete, agora, investigar de que forma ou meio os Tribunais podem admitir


como prova o documento que se encontra em suporte eletrônico (desmaterializado), e
como se dá a sua valoração e eficácia probante.

Como já visto o conceito tradicional de documento o relaciona intrinsicamente


ao papel escrito. De Plácido e Silva33 assevera ainda que a prova documental “é a pro-
va que se estrutura por documento, ou a demonstração do fato alegado por meio de
documento, isto é, um papel escrito, onde o mesmo se mostra materializado” (grifo
nosso). Atualmente o documento não é apenas concebido em seu clássico suporte de
papel, mas também pode ser representado em um suporte digital.

A concepção de documento deve abranger além daquilo que a ciência atualmen-


te conhece, isto é, tudo o que possa vir a ser inventado capaz de conter a expressão de
um pensamento. A holografia, a transmissão eletrônica de dados (via internet) tam-
bém são documentos hábeis a demonstrar a ocorrência de fatos relevantes para o pro-
cesso34.

Entretanto, surge uma série de dúvidas quanto à origem e materialidade dos do-
cumentos produzidos em plataformas digitais, tendo em vista o receio de serem susce-
tíveis de manipulação, e, em consequência, possuir valoração diminuída ou desconsi-
derando-se seu critério-peso. No mesmo sentido, Dinamarco35 lembra que à época do
Código de Processo Civil de 1939 surgiram, igualmente, dúvidas quanto à validade e
eficácia dos documentos elaborados através da maquina de escrever, já que houve o
abandono dos documentos elaborados a próprio punho.

O “Código Civil de 2002 não auxilia muito, já que, embora preveja tal espécie de
documento (art. 225), exige, para seu valor probante, a ausência de impugnação de
exatidão pela parte contra quem seja ele utilizado, o que, normalmente, não ocorre”36.

O novo Código de Processo Civil “trata dos documentos eletrônicos de forma


bastante sucinta e evasiva, tanto que se recomenda a verificação da legislação própria
a respeito, que atualmente é a Lei n. 11.419/06”37. Apesar da legislação dispor que os
documentos produzidos eletronicamente e juntados aos processos eletrônicos com ga-

32  MARQUES, op. cit., p. 57.


33  SILVA, D. P. e. Vocabulário jurídico. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1973, p. 1.255.
34  WAMBIER, L. R.; TALAMINI, E. Curso avançado de processo civil: teoria geral do processo e processo do conhecimento. v. 1.
13. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 483.
35  DINAMARCO, op. cit., p. 07.
36  MARINONI, op. cit., p. 367.
37  HARTMANN, R. K. Curso completo de processo civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2015, p. 815.

OLIVEIRA, Diego Bianchi


PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
69

rantia da origem e de seu signatário serão considerados originais para todos os efeitos
legais (art. 11), ainda pairam muitas dúvidas acerca de sua segurança jurídica.

A insegurança diante dessa espécie de documento se deve a fatores de risco para


sua genuidade. São dois os principais fatores: erros, devido a atuações humanas invo-
luntárias, falhas técnicas ou fatores externos; e as conhecidas fraudes, isto é, atuações
humanas intencionais38.

Todavia, não se pode olvidar que mesmo o documento tradicional – de papel –


não esta isento de possíveis fraudes ou falhas humanas na sua confecção. Ocorre que a
“inexistência de um registro físico dos dados e a facilidade de manipulação das infor-
mações armazenadas tornam extremamente ‘volátil’ a documentação e, no mais das
vezes, imprestável o meio para a fixação de fatos e a representação de ideias”39.

De qualquer modo, para que o documento eletrônico tenha força juridicamente


probante, “é fundamental avaliar o grau de segurança e de certeza que se pode ter,
sobretudo quanto à sua autenticidade, que permite identificar a sua autoria, e à sua
integridade, que permite garantir a inalterabilidade do seu conteúdo”40. São indispen-
sáveis: a autenticidade e a integridade – já mencionados –, além da perenidade do
conteúdo, que diz respeito à preservação temporal da informação ao longo do tempo.

Em ambientes virtuais uma das principais dificuldades está em identificar as


pessoas nas transações eletrônicas (despersonalizado), de modo que “a autenticidade
implica a autoria identificável, a possibilidade de se identificar, com elevado grau de
certeza, a autoria da manifestação de vontade representada no documento digital”41.

É relevante notar que maior parte da problemática da prova documental se “as-


senta-se na questão da ‘paternidade do documento’; e, em não se podendo determinar,
com certeza, a autoria do documento, que valor terá a informação transmitida por
telegrama, por telex ou por outro meio semelhante?”42

Usualmente, a autoria de um documento tradicional, isto é, o que demonstra sua


paternidade é a assinatura lançada no suporte físico; em se tratando de documento
eletrônico, é a assinatura digital que tem a função de autenticação43. Logo, assinar algo
em nada tem a ver com a forma, mas sim com o seu objetivo que é depositar um sinal,
marca ou símbolo pessoal com o fim de dar-lhe segurança e confirmação.

38  BLUM, R. O. O processo eletrônico: assinaturas, provas, documentos e instrumentos digitais. In: BLUM, R. O. (coord.). Direito
Eletrônico: a internet e os tribunais. Bauru: Edipro, 2001, p. 44.
39  MARINONI, op. cit., p. 368-369.
40  DIDIER JUNIOR, op. cit., p. 216.
41  MARQUES, op. cit., p. 133.
42  MARINONI, op. cit., p. 367.
43  MARQUES, op. cit., loc. cit.

Capítulo 5
ADMISSÃO DO DOCUMENTO ELETRÔNICO COMO MEIO DE PROVA NO PROCESSO CIVIL: ASPECTOS DE VALIDADE E
SEGURANÇA
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
70

Ambas as formas estão sujeitas a imprecisões. No documento que contém uma


assinatura eletrônica, presume-se que somente o sujeito que estiver de posse da chave
privada tem condições técnicas de gerar tal assinatura, mas nada impede que outro
indivíduo aproprie-se indevidamente e use a referida chave, exigindo perícias na fon-
te onde se originou o documento. Do mesmo modo, a assinatura manuscrita não está
imune, podendo ser falsificada ou negada pelo autor do documento, o que geraria a
necessidade de análise grafotécnica ou grafológica.

De qualquer forma, “com a evolução tecnológica, permite-se que uma assinatura


eletrônica, possuindo estas mesmas características, seja possível dar-lhe o mesmo sig-
nificado e eficácia jurídica da assinatura manual”44.

Além da autoria, para que o documento eletrônico possa servir de suporte pro-
batório é preciso conferir-lhe a sua integridade, isto é, ele não pode ser passível de
alteração após sua confecção. Quaisquer documentos – sejam físicos ou digitais –, “de-
vem, além da originalidade, possuir determinadas qualidades que não permitam que
sejam, totalmente ou em parte modificados, alterados, ou suprimidos sem que tal fato
não possa ser descoberto”.45

A integridade busca saber seguramente se mensagens enviadas coincidem ou


não com as mensagens recebidas. Refere-se à veracidade do documento, isto é, dis-
cute-se se houve o corrompimento das informações durante sua transmissão46. Deste
modo o documento assinado digitalmente e gerado por uma Autoridade Certificadora
recebe um certificado eletrônico, cuja função será garantir a autenticidade e integrida-
de e o não repúdio do arquivo recebido.

Para tanto, utiliza-se ainda de uma antiga ferramenta: a criptografia – que se trata
de “um processo matemático para embaralhar uma mensagem digital, tornando sua
leitura incompreensível por pessoas que não possuam a chave (código) para desemba-
ralhar a mensagem”47.

O software que permite a utilização dessa técnica, confere a assinatura com a se-
quencia de bits do documento digital, a fim de acusar a adulteração do mesmo, pro-
vando, desta sorte, a incongruência de informações entre a assinatura e o ciberdocu-
mento. De modo que, o documento assinado eletronicamente por meio da criptografia
assimétrica, será muito mais confiável que o documento tradicional ou físico48.

44  MARQUES, op. cit., p. 134.


45  BLUM, op. cit., p. 44
46  MARQUES, op. cit., loc.cit.
47  NOGUEIRA, S. D. Manual de direito eletrônico. Leme: BH, 2009, p. 28.
48  MARQUES, op. cit., p. 140-141.

OLIVEIRA, Diego Bianchi


PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
71

O terceiro e último requisito refere-se à perenidade do conteúdo, ou seja, trata


da validade da informação ou conteúdo ao longo do tempo49. Em se tratando de docu-
mentos físicos normais, a segurança costuma ser atestada pelo uso de papéis especiais,
selos e outros meios específicos, já para os documentos eletrônicos existem outras ma-
neiras de preservação do conteúdo, tais como: cd rom, pen drive, recursos interno do
computador ou qualquer outro tipo de mídia50.

Atendendo aos requisitos ora mencionados, não há razão para que o documento
eletrônico assinado e certificado digitalmente não tenha força probante. Nos termos
do atual Código de Processo Civil (art. 439 e ss.), Medina51 explica que o juiz deverá,
atentando ao princípio do contraditório e às cautelas imprescindíveis no trato de tais
documentos, viabilizar a produção da prova por meio eletrônico. Contudo, adverte
que caso a ação tramite em forma tradicional (autos físicos), o documento deverá ser
convertido em forma impressa.

Visando a validade jurídica de documentos em forma eletrônica, o Código de


Processo Civil ainda dispõe que apenas serão admitidos documentos eletrônicos pro-
duzidos e conservados com a observância da legislação específica (art. 441) – em espe-
cial o art. 11 da Lei n. 11.419/06 e a Medida Provisória n. 2.200-1/2001.

No intuito de garantir os requisitos de “validade jurídica de documentos em


forma eletrônica, das aplicações de suporte e das aplicações habilitadas que utilizem
certificados digitais, bem como a realização de transações eletrônicas seguras, foi ins-
tituída a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP-Brasil”52.

Caso não seja possível que o documento gerado em ambiente virtual seja certifi-
cado digitalmente, o novo Código de Processo Civil permite que a existência e o modo
de existir de algum fato ser atestados ou documentados, a requerimento do interessa-
do, mediante ata lavrada por tabelião (art. 384). Nesse sentido “mostra-se ao tabelião o
conteúdo disponibilizado na internet para que ele, a partir do que vê e constata, redija
a correspondente descrição em seus livros e lavre a ata notarial respectiva”53.

Ademais, a valoração da credibilidade e da eficácia da prova produzida em am-


bientes virtuais depende dos mecanismos de segurança nela empregados. Pois estes,
além de permitirem que as pessoas realizem negociações no meio eletrônico com con-
fiabilidade de que as informações transmitidas estão seguras, autorizam o juiz a con-

49  Ibid., p. 137.


50  BLUM, R. op. cit., p. 46.
51  MEDINA, J. M. G. Novo código de processo civil comentado: com remissões e notas comparativas ao CPC/1973. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, p. 437.
52  MEDINA, op. cit., p. 438.
53  TEIXEIRA, T. Curso de direito eletrônico e processo eletrônico: doutrina, jurisprudência e prática. São Paulo: Saraiva, 2013,
p. 109.

Capítulo 5
ADMISSÃO DO DOCUMENTO ELETRÔNICO COMO MEIO DE PROVA NO PROCESSO CIVIL: ASPECTOS DE VALIDADE E
SEGURANÇA
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
72

siderar todos os elementos aptos para decidir e para justificar racionalmente a sua
decisão.

5 Dos mecanismos de segurança dos documentos digitais

Considerando o exposto no item anterior, cabe, neste momento, fazer alguns


apontamentos acerca dos principais mecanismos tecnológicos de segurança, não ig-
norando o fato de que a tecnologia em constante desenvolvimento será capaz de criar
novos instrumentos que proporcionam segurança aos documentos realizados em am-
bientes virtuais.

Em razão da dinamicidade e do grande número de relações travadas dentro do


espaço virtual – transações comerciais, celebração de negócios e até mesmo a simples
comunicação – emergiu a necessidade do envio e recebimento de mensagens de forma
segura nas relações estabelecidas com suporte eletrônico. Diante disso, “surgiram mo-
dos ou técnicas de cifrar e decifrar as mensagens, de forma que apenas o remetente e
o destinatário possam ter acesso ao conteúdo dos documentos envolvidos, através de
um suporte técnico pessoal, que garanta o sucesso da relação”54.

Conforme ensina Teixeira55, “tendo em vista a desmaterialização dos instrumen-


tos negociais (notadamente o papel), criou-se um sistema de assinatura digital e certi-
ficação eletrônica de documentos, por meio da criptografia, com o fim de evitar frau-
des”.

A criptografia “trata dos princípios, dos meios e dos métodos de transformação


de documentos com o objetivo de mascarar seu conteúdo, impedir modificações, uso
não autorizado e dar segurança à confidência e autenticação de dados”56. Moderna-
mente, explica Marques57 que o sistema criptográfico emprega processos matemáticos
avançados e abstratos, que servem como padrão para a cifragem, conhecidos como
algoritmos. Estes são utilizados não para embaralhar as palavras das frases ou as pró-
prias letras das palavras, mas sim, os próprios bits do documento eletrônico.

Para cifrar ou decifrar mensagens criptografadas é preciso saber o cálculo cripto-


gráfico padrão, normalmente chamado de chave. Nessa seara a criptografia é classifi-
cada em simétrica (chave privada) ou assimétrica (chave pública).

A criptografia com chave privada – simétrica – “é baseada em algoritmos que


dependem de uma mesma chave, denominada chave secreta, que é usada tanto no
processo de cifrar quanto no de decifrar o texto cifrado”58. Portanto, “funciona a partir

54  MARQUES, op. cit., p. 151.


55  TEIXEIRA, op. cit., p. 110.
56  NOGUEIRA, op. cit., p. 27.
57  MARQUES, op. cit., p. 158-159.
58  NOGUEIRA, op. cit., p. 31.

OLIVEIRA, Diego Bianchi


PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
73

de uma mesma chave possuída pelo emitente e pelo receptor da mensagem e que ser-
ve, simultaneamente, para codifica-la e descodifica-la”59.

Na criptografia com chave pública – assimétrica – “são utilizadas duas chaves


distintas, todavia matematicamente vinculadas entre si, uma para cifrar mensagem, e
outra para decifrá-la”60. Deste modo, a “chave pública está disponível para todos que
queiram cifrar informações para o dono da chave privada ou para verificação de uma
assinatura digital criada com a chave privada correspondente”61.

Importante salientar que a criptografia simétrica apresenta alguns problemas


quanto ao seu manejo, uma vez que “necessita passar a chave que gera mensagens
para todos que precisam lê-la e assim, estes também podem alterá-la ou mesmo criar
documentos em nome do dono da chave”62. De modo que em razão da segurança a
criptografia assimétrica é a mais utilizada, pois a criptografia simétrica “depende da
garantia de segredo da chave secreta, que só deve ser de conhecimento do emissor e o
receptor”63.

A assinatura digital ou eletrônica, apesar de se basear na criptografia assimétrica,


com ela não se confunde. Não se confunde, também, com a digitalização da assinatura
feita de próprio punho e sua inserção no documento eletrônico. “Ela é, na verdade, um
sistema de códigos para identificação e autenticação dos signatários, que é tratado por
um software especialmente desenvolvido para essa finalidade”64.

A autoria é demonstrada tradicionalmente através da assinatura grafada a pró-


prio punho pelos signatários. Sabe-se que “um documento digital não pode, evidente-
mente, ser assinado como ocorre com o documento físico, cartáceo, já que não há uma
assinatura manuscrita do autor”65. Mas, a evolução tecnológica proporcionou às men-
sagens que trafegam na internet a possibilidade de identificação da autoria através de
uma marca digital.

A assinatura digital permite a comprovação da autoria de um determinado con-


junto de dados – seja um arquivo, um e-mail ou uma transação – através de um código
anexado ou logicamente associado a uma mensagem eletrônica. Tal como a assinatura
de próprio punho comprova a autoria de um documento escrito, a assinatura digital
comprova que a pessoa que criou o concorda com um documento assinada digital-
mente.

59  BLUM, op. cit., p. 49.


60  MARQUES, op. cit., p. 161.
61  NOGUEIRA, op. cit., p. 30.
62  BLUM, op. cit., loc. cit.
63  NOGUEIRA, op. cit., p. 31.
64  Ibid., p. 35.
65  MARQUES, op. cit., p. 166-167.

Capítulo 5
ADMISSÃO DO DOCUMENTO ELETRÔNICO COMO MEIO DE PROVA NO PROCESSO CIVIL: ASPECTOS DE VALIDADE E
SEGURANÇA
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
74

A verificação da origem do dado é feita com a chave pública do remetente – utili-


za-se de uma base criptográfica de chaves. Nesse sentido, Almeida Filho66 leciona que
“através de um sistema de codificação e, posteriormente decodificação, pelas denomi-
nadas chaves simétricas e assimétricas, se pode verificar a autenticidade da assinatura.
Acaso não haja a decodificação de forma correta, o sistema identifica e o documento é
rejeitado”.

Diante da autenticação e confiabilidade de dados conferidas pela assinatura di-


gital com a utilização de chaves públicas (criptografia assimétrica), verifica-se uma
convergência a validade e eficácia probatória do documento eletrônico. Não obstante,
no fito de garantir ainda mais credibilidade e no intuito de se evitar fraudes, criou-se
o processo de certificação digital.

A certificação digital, por sua vez, “tem por finalidade atestar a titularidade de
uma chave pública e é realizada por uma entidade conhecida como Autoridade Certi-
ficadora, responsável pela emissão, renovação e revogação de certificados digitais”67.

Trata-se do reconhecimento do proprietário das chaves através de uma “terceira


entidade de confiança dos interlocutores, que terá a incumbência de certificar a ligação
entre a chave pública e a pessoa que emitiu, como também a sua validade”68.

Os certificados, dependendo do regulamento da respectiva Política de Segurança


da sua Autoridade Certificadora, contêm dados do seu titular, como nome, números
de documentos identificadores, entre outros. Ao tentar ilustrar, Nogueira69 compara
o certificado digital a uma carteira de identidade virtual que permite a identificação
segura de uma mensagem ou transação em rede de computadores por meio de proce-
dimentos lógicos e matemáticos para assegurar a confidencialidade, integridade das
informações e confirmação de autoria.

No Brasil, a Autoridade Certificadora competente para estabelecer políticas de


segurança é o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação – ITI. De acordo com
Araújo70 trata-se de uma autarquia federal que assume a responsabilidade pela guarda
e conservação da integridade das Chaves Públicas do Brasil. O ITI é a autoridade cer-
tificadora raiz, ou seja, a autarquia será responsável por cadastrar as demais entidades
que emitirão os certificados digitais.

O ITI é responsável por manter a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira –


ICP-Brasil –, cuja finalidade é regular autenticidade, integridade e validade jurídica de

66  ALMEIDA FILHO, J. C. de A. Processo eletrônico e teoria geral do processo eletrônico: a informatização judicial no Brasil. 5.
ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, p.
67  LEAL, S. R. C. S. Contratos eletrônicos: validade jurídica dos contratos via internet. São Paulo: Atlas, 2007, p. 166.
68  MARQUES, op. cit., p. 174.
69  NOGUEIRA, op. cit., p. 39.
70  ARAÚJO, F. C. de. Curso de direito processual civil: parte geral. São Paulo: Malheiros, 2016, p. 737.

OLIVEIRA, Diego Bianchi


PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
75

documentos em forma eletrônica. Instituída pela Medida Provisória n. 2.200-1/2001,


a ICP-Brasil cuidou de designar o Comitê-Gestor de Políticas apto a fornecer os certi-
ficados eletrônicos, que irão assegurar a segurança e a confiabilidade dos documentos
eletrônicos.

Ressalta-se que por mais que a assinatura digital e a certificação eletrônica,


respaldadas pela criptografia, confiram ao documento eletrônico ampla segurança,
acredita-se que jamais se alcançará “a certeza inequívoca de confiabilidade, tanto no
sistema eletrônico quanto no tradicional, ou em outro qualquer, mas, ainda assim, é
possível imprimir uma confiabilidade necessária para a concretização de negócios ju-
rídicos nesses meios”71.

No entanto, diante de todas essas ferramentas tecnológicas, somadas a tantas


outras técnicas de segurança, o documento eletrônico, é, por vezes, mais seguro que os
documentos físicos, o que concorre para sua validade jurídica e a eficácia probatória
dentro do processo civil brasileiro.

Considerações finais

É possível notar durante a redação deste trabalho, a necessidade do Direito bus-


car sempre acompanhar o desenvolvimento da tecnologia, ainda mais aqueles que
influenciam e modificam as relações sociais. O Direito precisa se adaptar a realidade
social em constante transformação, senão, como afirma Pinheiro72, estaremos todos
vivendo de certo modo como “foras da lei”.

Para a sociedade da informação, o primeiro passo da ciência jurídica foi a am-


pliação conceitual de documento, de modo que os documentos gerados ou arquivados
através de um computador, resultando na desmaterialização do documento físico, que
deixa de ser representado no suporte clássico de papel e passa a ser representado em
um suporte digital.

Em seguida, ainda que de maneira acanhada, o tratamento do documento ele-


trônico pelo Código de Processo Civil abre caminho para sua admissibilidade como
meio de prova. Para tanto, foi preciso verificar que o documento eletrônico será ad-
mitido no processo, desde que preenchido alguns requisitos de validade e segurança.

Para validade do documento eletrônico é preciso garantir a sua autenticidade – a


identificação da sua autoria; a integridade – ou seja, garantir a inalterabilidade do seu
conteúdo; e a perenidade do conteúdo – preservação temporal da informação ao longo
do tempo.

71  PINHEIRO, P. P. Direito digital. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.


72 Ibid.

Capítulo 5
ADMISSÃO DO DOCUMENTO ELETRÔNICO COMO MEIO DE PROVA NO PROCESSO CIVIL: ASPECTOS DE VALIDADE E
SEGURANÇA
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
76

A segurança do documento eletrônico deve ser garantida por meios criptográfi-


cos, tal como a assinatura digital – fazendo uso de chaves públicas (criptografia assi-
métrica); e os certificados digitais – que quando realizados pela Autoridade Certifica-
dora competente, é possível atestar a titularidade de uma chave pública.

Enfim, conclui-se que cumprindo os requisitos de validade por meios de segu-


rança idôneos, não pairarão dúvidas a respeito da força juridicamente probante dos
documentos eletrônicos.

Referências
ALMEIDA FILHO, José Carlos de Araújo. Processo eletrônico e teoria geral do processo
eletrônico: a informatização judicial no Brasil. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015.

______; CASTRO, Aldemario Araújo. Manual de informática jurídica e direito da


informática. Rio de Janeiro: Forense, 2005.

ARAÚJO, Fábio Caldas de. Curso de direito processual civil: parte geral. São Paulo:
Malheiros, 2016.

BLUM, Renato Opice. O processo eletrônico: assinaturas, provas, documentos e ins-


trumentos digitais. In: BLUM, R. O. (coord.). Direito Eletrônico: a internet e os tribu-
nais. Bauru: Edipro, 2001

CÂMARA, Alexandre Freitas. O novo processo civil brasileiro. São Paulo: Atlas,
2015.

______. Lições de direito processual civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 1999.

CAMBI, Eduardo. Direito constitucional à prova no processo civil. São Paulo: Re-
vista dos Tribunais, 2001.

CARNELUTTI, Francesco. Instituições do processo civil. v. I, Campinas: Servanda,


1999.

DIDIER JUNIOR, Fredie; et. al. Curso de direito processual civil: teoria da prova,
direito probatório, ações probatórias, decisão, precedente, coisa julgada e antecipação
dos efeitos da tutela. v. 2. 10. ed. Salvador: JusPodivm, 2015.

DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. v. III. São


Paulo: Malheiros, 2001.

GATES, Bill; et. al. A estrada do futuro. Tradução: Beth Vieira et. al. São Paulo: Com-
panhia das Letras, 1995.

GUIDI, Paolo. Teoria Giuridica del Documento. Milão: Giuffrè, 1950, p. 46, apud
LUCCA, Newton. Títulos e contratos eletrônicos: o advento da informática e seu im-
pacto no mundo jurídico. In: LUCCA, N.; SIMÃO FILHO, A. (coord.). Direito e In-
ternet: aspectos jurídicos relevantes. Bauru: Edipro, 2000.

HARTMANN, Rodolfo Kronemberg. Curso completo de processo civil. 2. ed. Rio de


OLIVEIRA, Diego Bianchi
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
77

Janeiro: Impetus, 2015.

LEAL, Sheila do Rocio Cercal Santos. Contratos eletrônicos: validade jurídica dos
contratos via internet. São Paulo: Atlas, 2007.

MARINONI, Luiz Guilherme; et. al. Novo curso de processo civil: tutela dos direitos
mediante procedimento comum. v.2. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.

MARQUES, Antônio Terêncio G. L. A prova documental na internet: validade e efi-


cácia do documento eletrônico. Curitiba: Juruá, 2011.

MARQUES, Cláudia de Lima. Contratos no código de defesa do consumidor: o


novo regime das relações contratuais. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.

MEDINA, José Miguel Garcia. Novo código de processo civil comentado: com re-
missões e notas comparativas ao CPC/1973. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.

______; ARAÚJO, Fábio Caldas de. Código civil comentado. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2014.

NOGUEIRA, Sando D’amato. Manual de direito eletrônico. Leme: BH, 2009.

OTONI, Marcia Benedicto. Certificação digital. In: BLUM, R. O. et. al. (org.). Manual
de direito eletrônico e internet. São Paulo: Lex, 2006.

PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito digital. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1973.

TEIXEIRA, Tarcísio. Curso de direito eletrônico e processo eletrônico: doutrina, ju-


risprudência e prática. São Paulo: Saraiva, 2013.

WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI, Eduardo. Curso avançado de processo


civil: teoria geral do processo e processo do conhecimento. v. 1. 13. ed. São Paulo: Re-
vista dos Tribunais, 2013.

Capítulo 5
ADMISSÃO DO DOCUMENTO ELETRÔNICO COMO MEIO DE PROVA NO PROCESSO CIVIL: ASPECTOS DE VALIDADE E
SEGURANÇA
PESQUISAS EM TEMAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
VOLUME 1
78

ÍNDICE REMISSIVO Jurídica 46

L
A
Lei 36, 37, 45, 50, 56, 66, 67, 75
Administração 12, 21, 24, 25, 29, 30, 31, 32, 34, 46,
50, 52, 53, 56 Licitação 6, 49, 51, 53, 55, 57, 59
Aplicação 7, 24, 25, 27, 31, 41, 50, 51, 54, 55, 56, 57 Liquidez 7, 12, 14, 34, 39, 41, 42, 43
Ativo 14, 15, 16, 19, 20, 37, 43, 44 M
C Mercado 6, 9, 11, 13, 15, 17, 19, 21
Capital 7, 14, 15, 16, 40, 41, 43, 44, 45 Municipal 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57
Civil 7, 30, 62, 63, 64, 65, 66, 68, 71, 74, 75, 76, 77 O
Contábeis 7, 10, 11, 12, 13, 14, 16, 21, 34, 36, 39,
41, 47 Organização 13, 26, 27, 28, 29, 53, 54, 57
Credores 14, 34, 35, 36, 37, 38, 41 P
D Patrimônio 11, 15, 16, 35
Direito 34, 37, 51, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 70, 71, 74, Processo 7, 25, 26, 32, 34, 35, 36, 37, 38, 45, 46, 50,
76, 77 51, 54, 55, 56, 57, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69,
70, 71, 72, 74, 75, 76, 77
Documental 10, 16, 34, 38, 62, 63, 66, 67, 68, 69, 77
Prova 7, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 71, 75, 76, 77
Documento 7, 62, 63, 64, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72,
73, 74, 75, 76, 77 Pública 50, 51, 54, 55, 57, 58, 72, 73, 74, 76

E R

Econômica 7, 10, 14, 22, 24, 25, 26, 30, 31, 36, 38, Recuperação 7, 24, 25, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 41, 42,
40, 43, 47 43, 45, 46, 47
Empresa 7, 10, 11, 13, 14, 15, 16, 18, 19, 20, 25, 26, Recursos 14, 15, 16, 19, 20, 27, 29, 31, 34, 37, 40,
27, 34, 35, 36, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 47, 41, 50, 51, 55, 56, 58, 71
53, 54, 58, 59 Relação 7, 10, 12, 15, 16, 19, 20, 26, 36, 40, 41, 55,
Endividamento 7, 10, 11, 15, 16, 18, 19, 20, 34, 35, 64, 65, 72
39, 43, 44, 45 Resultados 7, 10, 11, 12, 13, 16, 20, 24, 25, 27, 29,
34, 40, 43, 44, 45, 50, 54, 55, 57
F
S
Fatos 24, 25, 29, 30, 64, 65, 66, 67, 68, 69
Financeiros 7, 10, 11, 12, 14, 16, 19, 20, 35, 39, 41, Serviços 27, 29, 34, 51, 53, 57, 58
45, 50, 51, 58 Sociedade 62
Fins 5
T
G
Tribunais 64, 65, 68, 71, 76, 77
Gestão 12, 24, 25, 26, 28, 29, 31, 35, 45, 46, 50, 51,
54, 55, 56, 57, 58 V

I Validade 7, 62, 63, 67, 68, 71, 74, 75, 76, 77

Indicadores 7, 10, 11, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 34,
35, 39, 44, 45
Informações 11, 13, 14, 38, 54, 55, 56, 57, 63, 65,
69, 70, 71, 73, 74

Judicial 7, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 41, 42, 43, 45, 46,
47, 64, 66, 74, 76

Você também pode gostar