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Alexandre José Barboza dos Santos


(Organizador)

GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS

2ª Edição

Belém-PA

2020
4

https://doi.org/10.46898/rfb.9786599152498.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP).

G393

Gestão pública: ensaios teóricos [recurso digital] / Alexandre José Barboza


dos Santos (Organizador).-- 2. ed.-- Belém: Rfb Editora, 2020.
2.350 kB; PDF: il.
Inclui Bibliografia.
Modo de acesso: www.rfbeditora.com.

ISBN: 978-65-991524-9-8.
DOI: 10.46898/rfb.9786599152498.

1. Gestão Pública. 2. Pesquisa. 3 Estudo.


I. Título.
CDD 300.7

Elaborado por Rfb Editora.


5

Copyright © 2020 edição brasileira.


by Rfb Editora.
Copyright © 2020 texto.
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SUMÁRIO
PREFÁCIO.................................................................................................................................8

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................11

CAPÍTULO 1
INDICADORES SOCIAIS APLICADOS NA GESTÃO PÚBLICA: UM ESTUDO
SOBRE OS AVANÇOS E RETROCESSOS NO BRASIL..............................................13
JUSTINO, Gildeci José.
FARIAS, Carolina Juliana Lindbergh.
DOI: 10.46898/rfb.9786599152498.1.

CAPÍTULO 2
ANÁLISE DE MEIOS PARA INCREMENTAR A RECEITA A PARTIR DE
RECUROS PRÓPRIOS DO MUNICÍPIO DE TIMBAÚBA..........................................35
SOUZA, Guilherme Alexandre Xavier de.
CRUZ, José Humberto Nascimento.
DOI: 10.46898/rfb.9786599152498.2.

CAPÍTULO 3
CINE TEATRO RECREIOS BENJAMIN: ESTIGMA CULTURAL DA CIDADE DE
TIMBAÚBA-PE......................................................................................................................53
SANTOS, Alexandre José Barboza dos.
DOI: 10.46898/rfb.9786599152498.3.

CAPÍTULO 4
PROGRAMA HABITACIONAL “MINHA CASA MINHA VIDA”: IMPACTOS
SOCIAIS NO MUNICÍPIO DE TIMBAÚBA-PE.............................................................67
SILVA, Carlos Claudino Ferreira da.
LUNA, Adriana Dornelas de.
DOI: 10.46898/rfb.9786599152498.4.

CAPÍTULO 5
FUNDO MUNICIPAL PREVIDÊNCIARIO DE TIMBAÚBA: UMA ANÁLISE DO
GRAU DE SATISFAÇÃO DOS BENEFICIARIOS NOS ATENDIMENTOS...........85
SILVA, Eliane Pereira da.
SANTOS, Alexandre José Barboza dos.
DOI: 10.46898/rfb.9786599152498.5.

CAPÍTULO 6
AUDITORIA GOVERNAMENTAL: UM ESTUDO SOBRE TÉCNICAS E
FISCALIZAÇÃO NA CIDADE DE MACAPARANA-PE............................................111
SILVA, Jucelo do Nascimento.
FARIAS, Carolina Juliana Lindbergh.
DOI: 10.46898/rfb.9786599152498.6.
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CAPÍTULO 7
O IMPACTO FINANCEIRO NA ARRECADAÇÃO DO IMPOSTO SOBRE
SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA (ISSQN) SOBRE OS SERVIÇOS
NOTARIAIS E DE REGISTROS PÚBLICOS NO MUNICÍPIO DE TIMBAÚBA-PE
.................................................................................................................................................129
FERREIRA, Ana Cláudia Correia.
ALVES, Maria do Carmo Maracajá.
DOI: 10.46898/rfb.9786599152498.7.

CAPÍTULO 8
CONTROLE INTERNO: O CERNE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA................149
SILVA, Madelon Cristiany da.
LUNA, Adriana Dornelas de.
DOI: 10.46898/rfb.9786599152498.8.

CAPÍTULO 9
DIREITOS FUNDAMENTAIS DO IDOSO CONSTITUÍDO SOB A LEI 10.741/2003
E AS GARANTIAS DE SUA EFETIVAÇÃO..................................................................161
SOUZA, Margareth Nascimento de.
LUNA, Adriana Dornelas de.
DOI: 10.46898/rfb.9786599152498.9.

CAPÍTULO 10
DO PATRIMONIALISMO A GESTÃO PÚBLICA GERENCIAL: A EVOLUÇÃO
NECESSÁRIA.......................................................................................................................175
ALMEIDA, Matheus Coelho de Lucena.
SANTOS, Alexandre José Barboza dos.
DOI: 10.46898/rfb.9786599152498.10.

CAPÍTULO 11
PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO NA GESTÃO MUNICIPAL..........................189
SILVA, Danilo Braz da Cunha e.
DOI: 10.46898/rfb.9786599152498.11.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

PREFÁCIO
Um dos principais pontos que caracteriza a humanidade, e que a distingue das
demais espécies, é a capacidade de gerar conhecimento. Não apenas de adquiri-lo,
ou de conseguir acessá-lo, mas de ser capaz de gerar e difundir esse conhecimento. É
o conhecimento, antes de qualquer coisa, que permite a evolução humana. Diferente
dos animais, que em sua maioria transmitem apenas instinto aos seus descendentes, o
gênero humano se diferencia por criar teorias, pensar sua realidade, tentar explicá-la,
gerando conhecimento, que será analisado, testado e validado por outros, permitindo
a evolução do próprio pensar e da explicação da realidade que se descortina. E esse
conhecimento pode ser transmitido às gerações seguintes. A catalogação, registro e
análise do conhecimento desenvolvido é fundamental, pois facilita o acesso a ele, a
sua difusão e perpetuação, além da possibilidade de crítica e ajustes, correções ou,
até, comprovação de que aquele conhecimento é ultrapassado ou necessita de com-
plementos.

Diversas civilizações se destacaram pela utilização do conhecimento para so-


brepujar seus adversários, ressaltando a importância dele em sentido prático. Não à
toa, sabe-se que a biblioteca de Alexandria reunia documentos de várias civilizações,
chegando a possuir, segundo se consta, mais de um milhão de documentos, em seu
tempo áureo. A preocupação com o registro do conhecimento, e com o seu uso, era por
demais importante.

A humanidade sempre deu importância em deter conhecimento, e a despeito


dos diversos tipos ou níveis de conhecimento, abrangendo o empírico, o teológico, o
filosófico, um dos que mais se destacou, a partir do desenvolvimento da escrita, foi o
conhecimento científico, pois com o uso da escrita foi possível gravar as observações
acerca do mundo, seja a partir de dados numéricos ou do desenvolvimento do pensa-
mento e do raciocínio, da própria reflexão humana. O conhecimento científico passou
a ter muita importância no sentido de que ele é verificável, explica, de certa forma, a
realidade, de uma forma padronizada, sendo racional, objetivo e facilmente comuni-
cável. A ciência se desenvolveu a partir do estudo metódico, seguindo procedimentos
que podem ser replicados ou analisados, verificados e testados.

Da observação da própria realidade, ou de fatos reais do dia a dia, é possível


gerar conhecimento para explicá-la. É a discussão da realidade, sua análise e esqua-
drinhamento, que fornecerão insumos ao processo do conhecimento, que permitirá o
estudo, melhorias e alterações da própria realidade. Em outras palavras, o homem é o
único ser que altera seu ambiente em função do que pensa, estuda e desenvolve.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

A presente obra nasceu dessa necessidade de desenvolvimento do conhecimen-


to. A partir do estudo de temas reais ligados à administração pública, foi feito um
compilado de vários autores, de áreas acadêmicas diversas, com diferentes níveis de
formação, aí incluindo professores, alunos e vários colaboradores, dotados de níveis
de conhecimento diversos, porém, apesar de toda essa diversidade, com temas con-
vergentes, que muitas vezes se complementam, e que explicam ou trazem à reflexão a
realidade que os cerca.

Apesar de essa obra trazer várias pesquisas, todas relacionadas à administração


pública, sobre diferentes temas, pode-se dizer que eles podem ser divididos por abran-
gência. Uma primeira divisão seria a dos trabalhos que tratam da análise ou aplicação
do tema voltado ao indivíduo que pode ser beneficiado por ele, como é o caso da pes-
quisa sobre indicadores sociais, que trata dos avanços e retrocessos conseguidos por
eles na gestão pública, a pesquisa sobre os impactos sociais do programa “Minha Casa
Minha Vida”, no município de Timbaúba, os trabalhos sobre a satisfação com o aten-
dimento dos beneficiários do fundo municipal previdenciário de Timbaúba, e sobre os
direitos fundamentas do idoso, que são tratados na Lei 10.741/2003, pesquisas essas
que mostram resultados reais de temas relacionados ao indivíduo e seu uso ou relação
com as políticas públicas. Uma segunda divisão seria a dos trabalhos que tratam da
análise ou aplicação de ferramentas e soluções para a gestão pública, ou seja, temas
voltados ao ente público e ao benefício que ele pode ter a partir do uso dessas ferra-
mentas e soluções, como é o caso da pesquisa sobre meios para incrementar a receita
a partir recursos próprios, e da pesquisa sobre impacto financeiro na arrecadação do
ISSQN sobre serviços notariais e de registros públicos, que, apesar de tratarem especi-
ficamente sobre Timbaúba, podem ter seus conceitos abstraídos e aplicados a qualquer
município; bem como as pesquisas sobre auditoria governamental, controle interno e
planejamento, essas três que podem ser voltadas ao ente público, de forma geral. Há,
ainda, nessa divisão que faço, mais dois trabalhos, que seriam a pesquisa que trata
do patrimonialismo à gestão pública gerencial (que se compõe de uma análise dos
modelos de gestão da administração pública, focando em seu processo evolutivo), e a
pesquisa sobre o Cine Teatro Recreios Benjamin, de Timbaúba, tratando, entre outras
coisas, da importância do mesmo como identidade cultural da cidade.

É possível ver a dedicação e empenho dos autores em retratar de forma fiel a


realidade analisada, demonstrando esmero e preocupação em suas pesquisas, as quais
trarão benefícios não apenas para si, mas para todos que puderem acessar o resultado
dos seus trabalhos.

Em outras palavras, há temas para todos os gostos, para aqueles que se interes-
sam pela administração pública, e que, com certeza, encontrarão no conhecimento de-
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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senvolvido pela presente obra uma importante contribuição para a própria formação
e para complementar o próprio cabedal do saber, já que o indivíduo se destaca por
aquilo que ele é e pelo que possui de conhecimento.

Desejo a todos que lerão a presente obra a grata aquisição do saber, e que esse sa-
ber possa ser aplicado para benefício da realidade e de melhoria da sociedade, fazendo
com que o conhecimento gerado seja transmitido a outras gerações, e o trabalho dos
que o produziram seja perpetuado nos que o lerem. E que jamais esqueçam a impor-
tância do conhecimento, pois, como disse Francis Bacon, “A soberania do homem está
oculta em seu conhecimento”.

Richard Holland Silva, M.Sc.


Timbaúba-PE
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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APRESENTAÇÃO
Gestão Pública: ensaios teóricos, destaca aspectos instrumentais da gestão públi-
ca, especialmente ferramentas e soluções a ela relacionadas. Assim sendo, o mesmo
foi escrito por várias mãos, onde os escritos foram realizados por professores, alunos
e outros colaboradores. Todos esses possuem em comum a interação com ações e
atividades na área de gestão pública. Na sua grande maioria, a cerne da obra foi de-
senvolvida com alicerce em pesquisas realizadas em vários cursos das áreas de Gestão
Pública pelos autores.

Neste sentido, surgiu a ideia de unir por meio de uma obra literária, todas essas
valiosas pesquisas que estavam fragmentadas, com o intuito de contribuir para o estu-
do e construção de conhecimento científico no contexto da gestão pública.

O respectivo material, faz alusão a diversas áreas da gestão pública, com apre-
sentação de estudos de casos concretos pesquisados pelos autores. Assim sendo, esse
material pode ser muito útil a pesquisadores e demais estudiosos da área.

Sob o ponto de vista metodológico, a obra apresenta uma linguagem acessível a


academia bem como ao público em geral.

Boa leitura!

Prof. Ms. Alexandre José Barboza dos Santos


Autor/Coautor
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CAPÍTULO 1

INDICADORES SOCIAIS APLICADOS NA


GESTÃO PÚBLICA: UM ESTUDO SOBRE OS
AVANÇOS E RETROCESSOS NO BRASIL

JUSTINO, Gildeci José.1


FARIAS, Carolina Juliana Lindbergh.2

DOI: 10.46898/rfb.9786599152498.1.

1  Mestre em Matemática pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB); Especialista em Ensino da Matemática pela
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE); Especialista em Gestão Pública pela Universidade Federal
Rural de Pernambuco (UFRPE); graduado em Matemática pela Universidade de Pernambuco (UPE). Professor
da Faculdade de Timbaúba (FACET) nas disciplinas de Gestão Municipal, Administração Financeira, Gestão de
Finanças Corporativas, Análise de Projetos e Orçamento empresarial, Estatística, Bioestatística, Análise Financeira e
investimento, Matemática Discreta, Gestão Financeira, Introdução à Ciência Atuarial, Finanças Empresariais. Professor
da Pós-graduação em Psicopedagogia. Professor da Escola Santa Maria - Timbaúba e Professor efetivo do Estado de
Pernambuco.
2  Possui Mestrado em Ciências Contábeis (UNB), Especialização em Auditoria Fiscal e Tributária(UFPE), Graduação
em Ciências Contábeis (UFMT) e Curso de Contabilidade Internacional no setor Público e Privado pelo CFC/UNB(2008
e 2009).
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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A importância do tema

E ste capítulo tem como tema central Indicadores Sociais e como eles ganharam
um papel de suma relevância a partir de 1988 e sua contribuição na elabora-
ção de políticas sociais. Para isso, por meio de levantamento bibliográfico de estudos
anteriores, apresenta-se inicialmente a história dos indicadores sociais, aspectos im-
portantes da sua coleta e construção, fontes de dados, conceituação e sua importância
na formulação, implementação e avaliação de políticas públicas. Por fim, mostra-se a
sua utilidade nas diversas áreas da administração e políticas públicas bem como suas
potencialidades e limitações. O capítulo está estruturado da seguinte forma:
• Introdução
• Uma breve história sobre o surgimento dos Indicadores Sociais
-Indicadores Sociais na Gestão Pública
• Aspectos Conceituais para a Construção de Indicadores Sociais na Gestão
Pública
• Análise e conclusão
• Considerações finais
• Questões para análise e discussão
• Referências

1 Introdução

O interesse em entender os indicadores sociais e suas aplicações no planejamento


governamental e na avaliação de políticas públicas vem crescendo muito no Brasil.
Deve-se, tal fato, a crescente busca por informações mais estruturadas e organizadas
com métodos estatísticos e de natureza administrativa que, explicassem de forma es-
truturada as avaliações realizadas na temática.

Também colaboraram para divulgação dos indicadores sociais, os meios de co-


municação como, jornais, revistas e televisão que constantemente têm mostrado o re-
sultado de pesquisas socioeconômicas, eleitorais, realizadas por muitos institutos e
agências.

É bastante complexa a tarefa de elaborar um diagnóstico da realidade social de


uma comunidade, bairro, município ou estado a partir de medidas quantitativas e
qualitativas ou implantar indicadores sociais para identificar problemas e implantar
políticas públicas que venham corroborar para solucioná-los.

Os indicadores sociais passaram, a partir da constituição de 1988, a fazer parte do


vocabulário dos agentes políticos e da mídia, de uma forma geral, visto que começa-
ram a apresentar pesquisas e dados divulgados pelas agências estatísticas, núcleos de
pesquisa, institutos como o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), IPEA
JUSTINO, Gildeci José.
FARIAS, Carolina Juliana Lindbergh.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), entre outros, fazendo com que a socieda-
de se interessasse pelos indicadores e, assim, compreendê-los é de suma importância.

De acordo com Jannuzzi (2017), “este interesse crescente pelo uso de indicadores
na Administração Pública também está relacionado ao aprimoramento do controle
social do estado brasileiro no final da década de 80. Isto significa que a sociedade, os
meios de comunicação, os sindicatos, entre outras instituições, tiveram maior poder
de fiscalização dos gastos públicos. Dessa forma, pôde-se exigir o uso mais eficiente e
eficaz dos indicadores, através de dados que dessem respaldo para um planejamento
melhor de questões sociais e políticas.

De acordo com Gracioso (2004) é necessário mencionar que a consolidação do


sistema estatístico nacional no Brasil foi evidenciada nos últimos anos através do cres-
cente uso dos produtos e serviços por ele desenvolvidos e apresentados à mídia e, por
consequência, a uma grande parcela da população brasileira que passou a procurar
por essas informações.

Segundo Jannuzzi (2017) para que essas ideias sejam entendidas e aplicadas pre-
cisa utilizar medidas que vão traduzir de forma eficaz conceitos abstratos. Essas me-
didas são os indicadores sociais, que podem ser representados por fotografias que vão
retratar a realidade social de uma comunidade, município ou estado.

Atualmente, no Fórum de Davos 2019, conferência que reúne os principais líderes


mundiais e grandes empresários na Suíça, na cidade de Davos, com objetivo de propor
ações para melhorar o mundo, foi proposto um novo índice para medir a qualidade
de vida das pessoas IDI (Índice de Desenvolvimento Inclusivo), o índice é apresentado
como uma alternativa ao PIB (Produto interno Bruto), ele mede o bem-estar econômico
da população a partir dos pilares do crescimento, desenvolvimento e inclusão.

Segundo Jannuzzi (2017) o crescimento do (PIB) é necessário, mas não é mais


considerado por si só um indicador suficiente para um aumento robusto no padrão
de qualidade de vida das pessoas, sendo preciso existir um indicador mais inclusivo e
sustentável de crescimento e desenvolvimento.

De acordo com Almeida (2012) a análise da qualidade de vida aborda uma repre-
sentação social criada a partir de parâmetros subjetivos (bem-estar, felicidade, amor,
prazer, realização pessoal) e objetivos, cujas referências são a satisfação das necessi-
dades básicas e das necessidades criadas pelo grau de desenvolvimento econômico e
social de determinada sociedade.

CAPÍTULO 1
INDICADORES SOCIAIS APLICADOS NA GESTÃO PÚBLICA: UM ESTUDO SOBRE OS AVANÇOS E RETROCESSOS NO
BRASIL.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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Um dos grandes desafios, para a gestão pública em todo Brasil, é melhorar os pa-
drões de vida da população com programas que priorizem a educação, a infraestrutu-
ra e a saúde, para fornecer maiores oportunidades na melhoria da qualidade de vida.
Qualidade de vida é uma ideia largamente difundida na sociedade, correndo-se o
risco de haver uma banalização do assunto pelo seu uso ambíguo, indiscriminado
ou oportunista como acontece, por exemplo, com muitos textos que prometem ele-
var a qualidade de vida do indivíduo lançando mão de estatísticas muitas vezes ir-
reais para comprovar suas afirmações. De um lado, se tem a exploração oportunista
de um conceito o que resulta na sua depreciação e, de outro, o reconhecimento de
que esse conceito exprime uma meta nobre a ser perseguida, o que resulta na preser-
vação de seu significado e valor. (ALMEIDA,2012, p.63)

Sendo assim, é importante investigar como os indicadores podem melhorar e


aperfeiçoar as práticas da gestão pública nas suas mais diversas esferas, municipal, es-
tadual e federal, possibilitando a visão geral da situação social de uma comunidade ou
região de interesse fazendo com que os agentes públicos elejam prioridades e aloquem
da melhor maneira os recursos públicos.

Entende-se que a construção de um indicador social, ou seja, de um sistema de


indicadores sociais se dá a partir da escolha de um conceito que se quer estudar ou
medir e a busca por dados nos meios de produção científica.
Precisamos construir indicadores sociais referidos aos distintos aspectos da realida-
de social de interesse. É importante também você lembrar que a construção de um
indicador social – ou melhor, de um Sistema de Indicadores Sociais –para elaboração
de diagnósticos propositivos em Políticas Públicas se dá a partir da explicitação do
conceito de interesse programático que se quer investigar ou mensurar objetivamen-
te. (RUA,2009, p.23)

Segundo Rua (2009) supondo a necessidade de avaliar as condições de vida de


uma comunidade, para propor um conjunto de ações governamentais que melhorem
a qualidade de vida dessas pessoas. Pode-se olhar para vários fatores, tais como, con-
dições de moradia, situação de saúde, perfil educacional, inserção ocupacional, entre
outros.

De acordo com Jannuzzi (2017), análogos às fotografias, os indicadores sociais


permitem reconstituir uma visão aproximada de determinadas dimensões da reali-
dade social e que quando coletados de forma periódica podem permitir a análise da
mudança social. Enfim, traz facilidade tanto para os agentes públicos quanto para a
sociedade.

Segundo Soligo (2012), para entender a conjuntura social, sabe-se da importância


de identificar as potencialidades e as limitações do uso dos indicadores na elaboração
de estudos de condições de vida, desenvolvimento social, econômico e político e na
formulação de programas públicos que venham minimizar desigualdades sociais.

JUSTINO, Gildeci José.


FARIAS, Carolina Juliana Lindbergh.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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A objetividade absoluta, neutra, imparcial não existe; ela é socialmente construída.


A realidade não é dada; é interpretada. Assim, indicadores são ‘modelos’ de repre-
sentação; não são a realidade em si! Ajudam, contudo, a apontar nela iniquidades
sociais, a dimensioná-las segundo um mesmo padrão técnico, a buscar soluções de
políticas e programas para sua mitigação. (JANNUZZI,2017, p.15)

De acordo com Almeida (2012) a qualidade de vida, de uma população, depende


de vários indicadores que expressam serviços públicos básicos. Dentre eles, destaca-
mos a oferta de rede geral de água, de rede sanitária, coleta de lixo, de eletrificação
residencial e de estabelecimentos de saúde e médicos por mil habitantes.

Deve-se também entender que sozinhos os indicadores não resolvem o problema,


pois é de fundamental importância a utilização da ética e da moral, para que se possa
tomar decisões acertadas para todos. Também não descartar a interferência de valores
ideológicos ou políticos que podem, com certeza, afetar e interferir nos resultados.

De acordo com Jannuzzi (2017), os indicadores sociais servem para retratar a rea-
lidade social; tal como medidores, são instrumentos que permitem avaliar a medida
do ambiente social. De forma mais clara, um indicador social é uma medida, dotada
de significado social, que vai facilitar o entendimento de determinado conceito social
abstrato. Sendo assim, emergiu a seguinte pergunta de pesquisa: como devem ser uti-
lizados os indicadores sociais para melhorar a gestão pública?

É numa perspectiva de contribuição para uma gestão pública eficaz que os in-
dicadores sociais são elos entre modelos explicativos da teoria social e a evidência
cotidiana, empírica, dos fenômenos sociais observados. Geralmente, prestam-se a sub-
sidiar as atividades de planejamento governamental nas esferas municipal, estadual e
federal.

O objetivo central desse trabalho é conceituar os indicadores sociais e explicar


como ganharam um papel de suma relevância, a partir da constituição de 1988, nas
arenas político-social da sociedade brasileira e sua contribuição na elaboração de po-
líticas públicas. Assim faz-se necessário enunciar o processo histórico dos indicadores
sociais no Brasil para o entendimento da administração pública, identificando os indi-
cadores sociais que contribuem para uma gestão pública eficaz, bem como entender as
metodologias de coleta de dados e construção dos mesmos.

A pesquisa foi realizada através de um levantamento bibliográfico a respeito da


história dos indicadores sociais, um mapeamento exploratório através de um processo
interativo de coleta, análise e síntese de informações relevantes, utilizando a análise
de conteúdo que segundo Prodanov (2013) proporciona não só a ampliação de conhe-
cimentos, como também a compreensão de certas questões.

CAPÍTULO 1
INDICADORES SOCIAIS APLICADOS NA GESTÃO PÚBLICA: UM ESTUDO SOBRE OS AVANÇOS E RETROCESSOS NO
BRASIL.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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O presente trabalho foi organizado em partes, a serem abordadas de forma que


seu entendimento seja progressivo e harmonioso desde o resumo até as referências
bibliográficas.

Na introdução consta a delimitação do tema, problema de pesquisa, justificativa,


hipótese e objetivos. Na segunda parte temos um pouco da história dos indicadores
sociais e seu desenvolvimento. Na terceira parte temos aspectos conceituais e fontes
de dados para construção de indicadores. Na quarta parte, coloca-se a metodologia e
estratégia ação utilizada para alcançar o resultado pretendido. Foram empregadas as
pesquisas aplicada, explicativa e bibliográfica, e a abordagem qualitativa, sendo explo-
rados artigos científicos, livros e sites sobre o assunto, que permitiram o tratamento e
a compreensão das informações. Na quinta parte temos o resultado da pesquisa. Na
sexta parte, situam-se as considerações finais sobre o tema, relacionando-o aos objeti-
vos e hipóteses levantadas.

2 Uma breve história sobre o surgimento dos indicadores sociais

Segundo Jannuzzi (2017), indicador social trata-se de uma ferramenta metodo-


lógica, empiricamente referida, que informa algo sobre um aspecto da realidade so-
cial ou a respeito de mudanças que nela estão se processando. Rendimento médio de
trabalho, taxas de analfabetismo, de mortalidade infantil, de desemprego, índices de
Gini, proporção de crianças matriculadas em escolas são, alguns exemplos de indica-
dores sociais que ao converterem-se em números registram a realidade desses dados.

O desenvolvimento sobre os indicadores sociais está ligado diretamente ao sur-


gimento oficial do Estado de Bem-Estar Social (EBES) em 1942, Coelho(2014) que ape-
sar de receber intensas críticas nos últimos anos, ainda não foi descontruído, também
conhecido como Welfare State (DELGADO apud ANDRADE, 2007) e a organização e
amadurecimento das atividades de planejamento do setor público.
O Estado de Bem-Estar Social é uma forma específica de relação do Estado com o
mercado que iria suceder o Estado Liberal e que usaria a força estatal, por meio da
implementação de políticas públicas, visando intervir nas leis de mercado e asse-
gurar para os seus cidadãos um patamar mínimo de igualdade social e um padrão
mínimo de bem-estar.(COELHO,2014, p.86)

Segundo Coelho (2014), esta forma de Estado começou a aparecer após a crise
econômica de 1929, a queda da bolsa de valores de New York, para garantir o mínimo
possível de igualdade social. A mudança ocorreu de forma lenta a partir da percepção
de que o crescimento industrial, o livre mercado e o crescimento econômico nas so-
ciedades capitalistas, não estavam se traduzindo em melhores condições de vida para
população, e sim em aumento da pobreza.

JUSTINO, Gildeci José.


FARIAS, Carolina Juliana Lindbergh.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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De acordo com Jannuzzi (2017), o indicador PIB (Produto Interno Bruto) per ca-
pita até agora usado como medida do nível de desenvolvimento socioeconômico pelos
países, mostrava-se desapropriado para mensurar o estado de bem-estar social, pois
em vários países, o aumento do PIB, continuavam altos os índices de pobreza e inten-
sificavam-se as desigualdades sociais.
Nos países centrais, tal medida tampouco se prestava aos objetivos de monitora-
mento efetivo da mudança social em seus múltiplos aspectos ou de subsidiar a for-
mulação de políticas sociais nas diversas áreas. A gestão de novas políticas públi-
cas, que caracterizavam a estruturação do estado de Bem-Estar Social, demandava
a produção de outros indicadores mais específicos e referidos a outros aspectos da
realidade socioeconômica. (JANNUZZI,2017, p.18)

Segundo Jannuzzi (2017), empreendeu-se um grande esforço para procurar con-


ceitos e métodos que fossem capazes de desenvolver e mensurar o bem-estar social,
gerando um movimento que viria se chamar, na época, de Movimento de Indicadores
Sociais.

Conforme Simões (2017), o pontapé inicial do referido movimento foi o seminá-


rio Social Indicator, organizado pela American Academy of Arts and Science, na década
de 1960 sob a coordenação da Agência Espacial Americana (NASA), algo aparente-
mente novo, mas que fazia parte do conjunto de projetos que integravam o programa
espacial americano. O objetivo, neste caso, era avaliar os impactos do referido progra-
ma sobre as condições de vida da população dos Estados Unidos. Segundo Santagada
(2007) nesse mesmo ano de 1966, o pesquisador Daniel Bell, em relatório da National
Comission on Technology and the American Economy (capítulo IX), fez proposições re-
lativas à elaboração de uma “contabilidade social”; isto é, sem falar diretamente em
indicadores sociais.

Segundo Jannuzzi (2017), com esse movimento houve a disseminação de siste-


mas de produção de estatísticas, para o desenvolvimento de instrumentos de mensu-
ração do bem-estar e da mudança social nas agências estatísticas dos diversos países,
tais como:
1. Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
2. Divisão de Estatísticas das Nações Unidas (UNSD)
3. Publicação dos livros: Social Indicators e toward a social report, elaborados
pelo governo americano em meados de 1960.

No Brasil, em 1934, foi criado o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-


tica) com a missão de obter e fornecer informações estatísticas e mapear o território
nacional (Jannuzzi,2017).
As origens da área de indicadores sociais no IBGE remontam ao início dos anos de
1970, mais especificamente a 1973, quando o então presidente do Instituto, o econo-
mista Isaac Kerstenetzky, criou o Grupo Projeto de Indicadores Sociais — GPIS. Esta
iniciativa, que fazia parte da estratégia brasileira de subsidiar o país com informa-

CAPÍTULO 1
INDICADORES SOCIAIS APLICADOS NA GESTÃO PÚBLICA: UM ESTUDO SOBRE OS AVANÇOS E RETROCESSOS NO
BRASIL.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

20

ções sociais necessárias ao planejamento estatal, deve ser entendida em um contex-


to relacionado às transformações ocorridas ao longo dos anos de 1960 nos Estados
Unidos, originárias do chamado movimento de indicadores sociais. (SIMÕES,2017.
p.18)

Foi a partir do desenvolvimento, pelo IBGE, das técnicas de coleta e divulgação


das informações que os indicadores sociais foram sendo criados e aperfeiçoados.

Segundo Malavota (2017) o IBGE é uma instituição pública, voltada ao atendi-


mento dos interesses nacionais e sustentada pelos recursos do contribuinte que tem
como função a produção de informações estatísticas e geocientíficas.
Figura1- Sistemas de estatísticas públicas IBGE

Fonte: Jannuzzi (2017)


Com a necessidade de disseminação de informações, o Brasil em 1973, criou no
IBGE um grupo de trabalho multidisciplinar para organizar um sistema de indicado-
res sociais que pudessem dar condições de pesquisa e publicações de trabalhos cientí-
ficos na área.
Com a organização de sistemas abrangentes de Indicadores Sociais e a publicação
de balanços anuais sobre o assunto e sua disseminação pela Administração Pública,
havia grandes esperanças de que os governos nacionais pudessem orientar melhor
suas ações, a fim de proporcionar níveis crescentes de bem-estar social, redistribuir
melhor as riquezas geradas e superar as iniquidades do desenvolvimento econômi-
co acelerado. (JANNUZZI, 2017, p.19)

Em 1979, foi publicado o primeiro trabalho mais estruturado do grupo, intitulado


Indicadores sociais: composto por 450 páginas de análises e tabelas dividido em oito
temas, população e família, divisão do trabalho, mobilidade ocupacional, distribuição
de renda, despesa familiar, habitação, educação e saúde (Januzzy, 2017).

Todos estes assuntos foram tratados com base em pesquisas realizadas pelo IBGE
que acabou tendo uma periodicidade irregular até 1998, quando se criou a Síntese de
Indicadores sociais, publicada anualmente desde então.
No plano interno a instituição procurou incorporar as novas recomendações inter-
nacionais ao seu processo de trabalho, adaptando-a ao plano de trabalho do grupo,
que estava voltado à apreensão dos fenômenos sociais em sua totalidade. Tal proce-

JUSTINO, Gildeci José.


FARIAS, Carolina Juliana Lindbergh.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

21

dimento implicava no desenvolvimento de abordagens teóricas originais, expressas


em artigos e relatórios — como o de 1979 —, onde eram explicitados os pilares con-
ceituais e analíticos que fundamentavam o processo de trabalho desenvolvido pelos
pesquisadores. (SIMÕES, 2017, p.20)

De acordo com Simões (2017) naturalmente com a periodicidade destas publica-


ções, havia uma grande esperança de que os governantes pudessem orientar melhor
suas ações e assim propiciar níveis crescentes de bem-estar social.

Para Milléo (2005) os indicadores sociais foram construídos a partir das seguintes
concepções: primeiro a ideia de que é possível repartir e estudar o social mediante o
uso de “conceitos substitutos”; segundo a ideia de que se pode, através destes subs-
titutos, construir equivalências matemáticas ao que é, por princípio, descontínuo e
movediço.

Portanto, percebe-se que a utilização da informação para a leitura da realidade


social requer meios de quantificação de forma clara, podendo a estatística ser uma
ferramenta importante para a avaliação e interpretação dessas informações, bem como
para a criação e implantação de políticas públicas que serão utilizadas pelo gestor pú-
blico.

2.1 Indicadores Sociais na Gestão Pública

Os indicadores sociais são matéria prima indispensáveis em todas as fases do


processo de formulação, de implementação e de avaliação das políticas públicas e pro-
gramas públicos. Esses indicadores estão de forma muito frequente nos jornais, rádios,
na internet ou em conversas entre amigos, por isso é de suma importância seu enten-
dimento.
A fim de promover uma determinada questão social na agenda prioritária de políti-
cas, primeira etapa do ciclo de políticas e programas, é necessário dispor de indica-
dores sociais que dimensionem e caracterizem o fenômeno. A fome, a pobreza, o bai-
xo desempenho escolar, os problemas no acesso a serviços de saúde, a drogadição, a
violência e várias outras iniquidades disputam as prioridades em qualquer agenda
governamental no país. (JANNUZZI, 2017, p.149)

Segundo Jannuzzi (2017), para se promover uma determinada questão social na


agenda de um gestor público, a primeira etapa é dispor de indicadores sociais que
dimensionem e caracterizem o fenômeno. Escolher prioridades na agenda social e alo-
cação de recursos requer um conhecimento muito grande por parte dos gestores e pela
sociedade que vai argumentar sobre qual problema será primeiro atacado e solucio-
nado.
Na etapa de formulação da política ou programa social, são necessários indicadores
de boa confiabilidade, validade e desagregabilidade, que cubram diversas temáticas
da realidade social. Afinal, é preciso ter um diagnóstico multifacetado acerca da
situação vivenciada pela população para orientar, posteriormente, as questões prio-

CAPÍTULO 1
INDICADORES SOCIAIS APLICADOS NA GESTÃO PÚBLICA: UM ESTUDO SOBRE OS AVANÇOS E RETROCESSOS NO
BRASIL.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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ritárias a atender, os formatos dos programas a serem implementados, as estratégias


e ações a desenvolver.( JANNUZZI,2017, P.150)

É preciso observar que deve ser fiscalizado e acompanhado a aplicação nas de-
cisões tomadas, dependendo do tipo de intervenção, podem-se utilizar dados levan-
tados em pesquisas anteriores; em outras situações, pode ser necessário efetuar um
levantamento particular, de natureza quantitativa ou qualitativa.

Segundo Jannuzzi (2017) é preciso ter um diagnóstico multifacetado acerca da


situação vivenciada pela população para orientar, posteriormente, as questões priori-
tárias a atender, os formatos dos programas a serem implementados, as estratégias e
ações a desenvolver.

Segundo Garcia (2001) a avaliação será um elemento fundamental na condução


de políticas, programas e projetos se, ao lado de outras fontes de informação de mes-
ma natureza, integrar-se no processo decisório. A figura 2 de referência abaixo ajuda a
compreender a estrutura de definição e organização de etapas para melhor escolha de
indicadores nas políticas públicas.
Figura 2: Indicadores no ciclo de políticas e programas sociais

Fonte: Jannuzzi (2017)


O esquema apresentado acima ajuda a entender como são usados os elementos
para discussão dos problemas, a partir da elaboração de diagnósticos até os indica-
dores de monitoramento e avaliação, ou seja, os indicadores no ciclo de políticas e
programas sociais.
Na tomada de decisão sobre a implementação da política e programa — terceira eta-
pa do ciclo — é requerido um conjunto mais específico de indicadores, selecionados
com base na orientação político-governamental, a natureza dos programas, as ques-
tões sociais prioritárias a enfrentar, os públicos-alvo a atender.(SIMÕES, 2017, p.31)

É importante ressaltar que, segundo Barbieri (2010) na sociedade atual, os valo-


res ligados ao desenvolvimento sustentável e ao respeito às políticas ambientais têm
sido institucionalizados em maior ou menor grau nos diversos países pela mídia, pelos

JUSTINO, Gildeci José.


FARIAS, Carolina Juliana Lindbergh.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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movimentos sociais e ambientalistas e pelos governos. Naturalmente o surgimento de


indicadores que sirvam de parâmetro é de suma importância, tais como os indicadores
Ethos.

Segundo Barbieri (2010), estes Indicadores têm como foco avaliar o quanto a sus-
tentabilidade e a responsabilidade social têm sido incorporadas nos negócios, auxi-
liando a definição de estratégias, políticas e processos.

O conhecimento sobre os limites e potencialidades dos indicadores sociais é de


grande utilidade para os agentes e Instituições envolvidas, pois eles podem contribuir
para a tomada de decisões mais acertadas, elegendo prioridades e alocando os recur-
sos da melhor forma.

Entende-se também que se bem empregados, os indicadores enriquecem a inter-


pretação comum da realidade social e orientam de forma mais competente a análise, a
formulação e implementação de políticas sociais. Não esquecendo de que mesmo co-
nhecendo bem a realidade social, os encaminhamentos de qualquer programa público
dependem, basicamente, de decisões de natureza política.

3 Aspectos conceituais para a construção de indicadores sociais na gestão


pública

É preciso observar que para uma gestão pública de qualidade, interpretar um


indicador social é um recurso de suma importância que leva a fazer conclusões acerta-
das. De acordo com Jannuzzi (2017) ele vai subsidiar as possíveis decisões que venham
ser tomadas.

De acordo com Costa (1975), todo problema consiste em determinar um indica-


dor que efetivamente “simbolize” o conceito a ser estudado.

Para Jannuzzi (2017), percebe-se que, se apoderar de estatísticas públicas, levan-


tadas nos Censos Demográficos, ou seja, dados brutos não contextualizados para cons-
truirmos os indicadores sociais é uma forma eficiente de resolver os problemas sociais.

Os indicadores sociais contribuem para identificar o tipo de problema social a


ser analisado, para isso devem ser formulados na pesquisa de forma que representem
diversas esferas, considerando-se por exemplo: clima, cultura, projetos sociais, saúde,
segurança, responsabilidade social da comunidade, treinamentos e práticas de apoio
ao trabalho, apoio a diversidade entre outros. (FARIAS E MORAES FILHO, 2014).

Segundo Jannuzzi (2017), no Brasil, os Censos Demográficos foram implantados


no final do Império e realizados com regularidade a partir do período republicano. O

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Censo de 1940 é tomado como o primeiro recenseamento moderno no Brasil, a partir


do qual se procurou seguir as recomendações dos organismos internacionais no sen-
tido de garantir melhor coleta de dados e comparação dos resultados. Desde então,
parcela da população passou a responder um questionário bem detalhado sobre várias
características.

De acordo com a constituição, as estatísticas sociais, econômicas e demográficas


utilizadas para construção dos indicadores são produzidas, organizadas e dissemi-
nadas por diferentes agências, situadas nos municípios, nos estados ou no governo
federal. O IBGE cumpre o papel de agente coordenador do Sistema Estatístico nacio-
nal, como produtor de dados primários, organizador de informações provenientes de
Ministérios e como agente disseminador de estatísticas. Os ministérios através dos
seus órgãos também produzem e organizam seus dados primários provenientes de
pesquisas amostrais. (JANNUZZI, 2017).
As estatísticas públicas, dados censitários, estimativas amostrais e registros admi-
nistrativos, constituem a matéria prima para a construção de indicadores sociais. O
que os diferencia delas é o conteúdo informacional presente, isto é, o valor contex-
tual da informação neles disponível. (JANNUZZI, 2017, p.23)

Abaixo temos um esquema do processo de agregação de valor informacional no


indicador proposto por Jannuzzi (2017).
Figura 3: Processo de agregação de valor informacional do indicador

Fonte: Jannuzzi (2017)


Conforme, Jannuzzi (2017), além da descrição e referência constitutiva de uma
dimensão da realidade social ou constructo sociológico, os indicadores requerem ou-
tros atributos básicos para sua definição mais precisa, como uma unidade de medida,
unidade de análise, referência temporal, fontes de dados, método de cálculo, conside-
rações sobre seus usos, limitações e possíveis significados.

Como exemplo, temos a esperança de vida que é medida em anos, a escolaridade


que é medida em anos concluídos no sistema de ensino, etc.

Os indicadores sociais podem ser classificados de acordo com suas áreas temáti-
cas, segundo Jannuzzi (2017), temos:

JUSTINO, Gildeci José.


FARIAS, Carolina Juliana Lindbergh.
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Tabela 1: Áreas temáticas de alguns sistemas de indicadores

Fonte: Jannuzzi (2017)

De acordo com Jannuzzi (2017), esses indicadores podem ser classificados em


mais de uma temática conforme ele for se enquadrando nas propriedades do tema
abordado. Dentro de muitas lógicas de classificação, outra interessante de se usar no
monitoramento de políticas e programas sociais, é a diferenciação entre indicador in-
sumo, indicador processo, indicador produto, indicador resultado e indicador impac-
to.
A relevância social da temática à qual o indicador se refere é, com certeza, um atri-
buto fundamental para justificar sua produção e legitimar seu emprego no processo
de análise, de formulação e de implementação de políticas. Nos países em desen-
volvimento, a persistência dos problemas seculares de exclusão e de desigualdade
social, em um contexto de restrição de recurso públicos, tem levado ao levantamento
de estatísticas públicas e à construção de indicadores mais específicos. (JANNUZZI,
2017, p.35)

Os Manuais de Metodologia da Pesquisa ensinam que todo indicador deve gozar


de duas outras propriedades básicas, segundo Jannuzzi (2017), são elas a validade de
construção e a confiabilidade.

Conforme Jannuzzi (2017), a validade de um indicador corresponde ao grau de


aproximação entre o conceito e a medida, ou seja, a sua capacidade de refletir, de fato,
o conceito abstrato a que ele se refere. Já a confiabilidade está relacionada a qualidade
do levantamento dos dados usados, ou seja, os dados são coletados de forma padroni-
zada, por técnicos qualificados.

Para Parahos (2013), os indicadores sociais tem um papel fundamental no dese-


nho, na implementação e na avaliação de políticas públicas. Os indicadores informa-

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rão ao gestor a respeito da quantidade de alunos por escola/sala de aula, do número


de detentos por presídio/sela, do número de homicídios por esta/cidade/bairro, do
número de desempregados, etc. Ou seja, toda vez que existir um interesse programáti-
co em uma área específica, haverá a necessidade de utilizar indicadores sociais.

Segundo Torres, Ferreira e Dini (2003) a utilização de informações e resultados


estatísticos, tanto na definição de metas como na priorização e direcionamento das
intervenções, possibilitariam mais rapidez e eficiência ao gestor público para atingir
seus diferentes objetivos. As estatísticas garantem uma melhor aplicação das políticas
sociais, permitindo um acompanhamento e uma avaliação adequadas.

Para Van Bellen (2015) os indicadores podem comunicar ou informar sobre o


progresso em direção a uma determinada meta, como, por exemplo, o desenvolvimen-
to sustentável. Os indicadores de sustentabilidade podem permitir aos países que de-
finam o modelo ideal de uma sociedade futura, bem como relatar onde tem sido feito
progresso em relação à sustentabilidade.

De acordo com Guimarães, Feichas (2009) para que indicadores sejam instrumen-
tos de um processo de mudança rumo ao conceito de desenvolvimento sustentável,
eles devem ter características que permitam: mensurar diferentes dimensões de forma
a apreender a complexidade dos fenômenos sociais; possibilitar a participação da so-
ciedade no processo de definição do desenvolvimento; comunicar tendências, subsi-
diando o processo de tomada de decisões; e relacionar variáveis, já que a realidade não
é linear nem unidimensional.

É fundamental observar que a construção de um indicador social, ou seja, de um


sistema de Indicadores Sociais para elaboração de Políticas Públicas se dá a partir da
explicitação do conceito de interesse programático que se quer estudar ou mensurar.
Conforme figura 4 proposto por Jannuzzi (2017).

Portanto, a construção de indicadores de qualidade deriva, em boa parte, das


características das fontes, levantamento dos censos demográficos, pesquisas amostrais
e dados colocados em registros administrativos e cadastros públicos de onde são reti-
rados os dados usados para confeccioná-los.

Segundo Barreto (1994) a informação, quando adequadamente assimilada pro-


duz conhecimento modifica o estoque mental do indivíduo e traz benefícios para ele e
a sociedade que está inserido.

Para Simões (2017), indicadores sociais cumprem papel fundamental no dimen-


sionamento de questões sociais latentes na sociedade que, vocalizadas adequadamen-
te podem entrar na agenda prioritária de governo. De um lado, indicadores instru-
JUSTINO, Gildeci José.
FARIAS, Carolina Juliana Lindbergh.
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Figura 4: Do conceito de interesse programático aos indicadores sociais

Fonte: Jannuzzi (2017)

mentalizam as demandas de grupos organizados em partidos políticos, sindicatos,


associações patronais, imprensa e outras instituições; de outro, oferecem aos técnicos
e gestores uma representação estruturada passível de ser avaliada comparativamente
com outras demandas concorrentes.

Quando se tem conhecimento adequado e sistematizado sobre os indicadores


sociais, mais argumentos constroem-se para fazer pressão e indicar prioridades nos
projetos apresentados e na alocação de recursos para o orçamento público.

Portanto, a construção de indicadores de qualidade deriva, em boa parte, das


características das fontes, levantamento dos censos demográficos, pesquisas amostrais
e dados colocados em registros administrativos e cadastros públicos de onde são reti-
rados os dados usados para confeccioná-los.

Segundo Barreto (1994) a informação, quando adequadamente assimilada pro-


duz conhecimento modifica o estoque mental do indivíduo e traz benefícios para ele e
a sociedade que está inserido.

Para Simões (2017), indicadores sociais cumprem papel fundamental no dimen-


sionamento de questões sociais latentes na sociedade que, vocalizadas adequadamen-
te podem entrar na agenda prioritária de governo. De um lado, indicadores instru-
mentalizam as demandas de grupos organizados em partidos políticos, sindicatos,
associações patronais, imprensa e outras instituições; de outro, oferecem aos técnicos
e gestores uma representação estruturada passível de ser avaliada comparativamente
com outras demandas concorrentes.

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BRASIL.
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Quando se tem conhecimento adequado e sistematizado sobre os indicadores


sociais, mais argumentos constroem-se para fazer pressão e indicar prioridades nos
projetos apresentados e na alocação de recursos para o orçamento público.

4 Metodologia e estratégia de ação

A pesquisa realizada se classifica quanto à natureza em pesquisa básica, que se-


gundo Gil (2018) é caracterizada por reunir estudos que tem como propósito preen-
cher uma lacuna no conhecimento.

Quanto aos objetivos a pesquisa voltou-se para a realização de levantamento


bibliográfico a respeito da história dos indicadores sociais, um mapeamento explo-
ratório através de um processo interativo de coleta, análise e síntese de informações
relevantes, utilizando a análise de conteúdo.
Pode-se dizer que a análise de conteúdo compreende três etapas básicas: a) pré-aná-
lise; b) exploração do material; c) tratamento dos dados e interpretação. A pré-análi-
se refere-se à seleção do material e à definição dos procedimentos a serem seguidos.
A exploração do material diz respeito à implementação destes procedimentos. O
tratamento e a interpretação, por sua vez, referem-se à geração de inferências e dos
resultados da investigação. Nesta última fase, suposições poderão ser confirmadas
ou não. (VERGARA, 2015, p.10).

O presente estudo desenvolvido aborda um breve histórico sobre a temática, em


seguida apresenta aspectos conceituais do significado, da construção, dos critérios uti-
lizados e das propriedades dos Indicadores sociais.

A partir do embasamento teórico estudado buscou-se identificar as principais


fontes de dados para a construção de Indicadores Sociais no Brasil.

Quanto ao procedimento utilizado na análise, foi utilizada a pesquisa bibliográ-


fica, que, de acordo com Lakatos (2007), em relação às fontes utilizadas para a investi-
gação do objeto, a pesquisa pode ser bibliográfica, de laboratório e de campo.

Foi observado em sites, artigos, livros, dados que comprovem a importância dos
indicadores sociais para uma gestão pública de qualidade, bem como sua contribuição
na interpretação da realidade social.

Por fim, apresenta-se, de forma sucinta, a importância dos indicadores sociais,


que quando usados de forma responsável, transparente e adequada, podem direcionar
as atividades do poder público.

Os principais autores e suas obras pesquisadas foram:

JUSTINO, Gildeci José.


FARIAS, Carolina Juliana Lindbergh.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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Quadro 1: Principais autores pesquisados

Fonte: O autor
Por fim, apresenta-se, de forma sucinta, a importância dos indicadores sociais,
que quando usados de forma responsável, transparente e adequada, podem direcionar
as atividades do poder público.

5 Análise e discussão

Atendendo ao objetivo proposto foi conceituado os indicadores sociais pelos


seguintes autores Jannuzzi (2017), Van Bellen (2005), Farias e Moraes Filho (2014), Si-
mões (2017), Milléo (2005), Barbieri (2010) e outros.

Levando em consideração a explicação de como os indicadores ganharam papel


de suma relevância a partir da constituição de 1988, pode-se considerar que a junção
dos indicadores sociais como ferramentas e medidas para a mensuração das ações na
gestão pública trazem consigo maiores transformações políticas, como o avanço da de-
mocratização, permitindo maior participação social, de modo que o acesso à informa-
ção, a organização social por meio de instituições e a pressão popular por transparên-
cia, contribuíram para legitimidade dos indicadores sociais como forma de controle e
de melhoria social.

Além disso, a constituição de 1988 perpassa a evolução das políticas públicas e


a estruturação de um sistema de proteção social no Brasil, visto que contribuiu para o
aumento do interesse nos indicadores sociais nas mais diversas esferas. Segundo Roes-
ch (2013) a análise propicia a identificação da problemática existente.

CAPÍTULO 1
INDICADORES SOCIAIS APLICADOS NA GESTÃO PÚBLICA: UM ESTUDO SOBRE OS AVANÇOS E RETROCESSOS NO
BRASIL.
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Na análise de documentos realizado no período de setembro de 2019 a abril de


2020, foi visto que apesar de possuir diversos autores que observam a importância dos
indicadores sociais, ainda assim não se pode considerar um fato que está em constante
mudança, dentre os principais autores e pensamentos identificados pode-se conside-
rar a alta complexidade dos diagnósticos e as limitações dos dados coletados sem pa-
dronização e por técnicos sem qualificação adequada.

Portanto, é válido afirmar que o uso crescente desses indicadores atua potenciali-
zando a efetividade de políticas públicas desde que tenham a capacidade de refletir o
conceito abstrato a que se referem e a qualidade dos dados usados.

6 Considerações finais

O foco principal desse trabalho foi oferecer uma introdução ao estudo dos indi-
cadores sociais e como eles ganharam um papel de suma importância, a partir de 1988,
bem como sua contribuição na elaboração de políticas sociais. Apresenta-se a defini-
ção do conceito, a construção, as propriedades desejáveis dos indicadores e alguns
critérios para classificá-los. Depois disso, o foco recaiu sobre a observação de como os
indicadores sociais são utilizados para orientação das políticas públicas, tornando-as
mais eficientes.

Ressaltamos que os indicadores sociais têm um papel primordial na formulação,


implementação e avaliação de políticas públicas. São os indicadores que informam a
taxa de evasão escolar, a desigualdade de renda de um país, o grau de violência de
um estado e a taxa de desemprego do município, por exemplo. São eles que permitem
estimar a efetividade das ações governamentais, ajudam na formação de consensos
sobre quais demandas devem ser priorizadas e avaliam em que medida o dinheiro
público está sendo eficientemente empregado. Os meios de comunicação utilizam os
indicadores sociais para descrever as várias atividades realizadas e verificar o sucesso
ou insucesso dessas atividades realizadas e a sociedade civil que pode acompanhar e
fiscalizar as políticas governamentais.

Contudo, os indicadores apenas podem cumprir seu papel de registrar o presen-


te, recordar o passado e alcançar um futuro de justiça social se forem bem formulados
com dados válidos e confiáveis, o que é uma tarefa complexa pois são muitos fatores
que interferem na aplicação responsável desses índices.

JUSTINO, Gildeci José.


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VAN BELLEN, H. M. Indicadores de sustentabilidade: uma análise comparativa.


Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2005.

CAPÍTULO 1
INDICADORES SOCIAIS APLICADOS NA GESTÃO PÚBLICA: UM ESTUDO SOBRE OS AVANÇOS E RETROCESSOS NO
BRASIL.
34
CAPÍTULO 2

ANÁLISE DE MEIOS PARA INCREMENTAR A


RECEITA A PARTIR DE RECUROS PRÓPRIOS
DO MUNICÍPIO DE TIMBAÚBA

SOUZA, Guilherme Alexandre Xavier de.1


CRUZ, José Humberto Nascimento.2

DOI: 10.46898/rfb.9786599152498.2.

1  Graduado em Ciências Contábeis pela Faculdade de Ciências de Timbaúba (FACET). Especialização em Gestão
Pública pelo Instituto Federal de Pernambuco (IFPE).
2 Possui Mestrado em Ciências Contábeis (UNB), Especialização em Auditoria Fiscal e Tributária(UFPE), Graduação
em Ciências Contábeis (UFMT) e Curso de Contabilidade Internacional no setor Público e Privado pelo CFC/UNB(2008
e 2009).
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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Resumo

E ste artigo teve como objetivo principal descobrir maneiras de como incre-
mentar a receita pública no município de Timbaúba para que o mesmo não
fique dependendo apenas dos repasses do Governo Federal e do Governo Estadual.
Executando uma pesquisa bibliográfica e fazendo uma análise documental nos balan-
cetes da receita dos últimos três anos do município de Timbaúba foi observado que a
arrecadação das receitas tributárias vem melhorando, mas que podem melhorar mais
ainda para custear as despesas do município e oferecer melhoras nos serviços ofere-
cidos a população. Para resolver o problema foram apresentadas boas práticas que
podem ser utilizadas para melhorar a previsão e execução da receita pública, boas prá-
ticas para melhorar a arrecadação de ISS, IPTU, ITR e outras receitas diversas. Diante
das técnicas apresentadas as quais já foram utilizadas em outras cidades foi concluído
que se o gestor do município de Timbaúba aplica-las vai obter uma grande melhora na
previsão e arrecadação de receitas próprias.

Palavras-chave: Boas práticas na previsão e arrecadação de receitas; Contabilidade


Pública; Orçamento Público; Receitas públicas próprias.

Abstract

This article had as main objective to discover ways of increasing the public reve-
nue in the municipality of Timbaúba so that it does not depend only on the passings
of the Federal Government and the State Government. Carrying out a bibliographical
research and doing a documentary analysis in the balance sheets of the last three years
revenue of the municipality of Timbaúba, it was observed that the collection of tax
revenues has been improving, but that can improve even more to defray the expenses
of the municipality and offer improvements in the services offered the population. To
solve the problem, good practices have been presented that can be used to improve
public revenue forecasting and execution, good practices to improve the collection of
ISS, IPTU, ITR and other miscellaneous income. In view of the techniques presented,
which have already been used in other cities, it was concluded that if the manager of
the municipality of Timbaúba applies them, a great improvement in the forecasting
and collection of own revenues will be obtained.

Key words: Good practices in forecasting and collecting revenues; Public Accounting;
Public budget; Proposed public revenues.

1. Introdução

Sabe-se que o Brasil se encontra atualmente em um momento bastante delicado


devido à crise financeira. Essa crise vem afetando diversos setores da administração
SOUZA, Guilherme Alexandre Xavier de.
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GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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pública e privada, gerando assim uma bola de neve que cada vez mais vem aumentan-
do. Muitas empresas privadas estão fechando as portas ou reduzindo o seu quadro de
funcionários. Consequentemente, com o fechamento de empresas o governo arrecada
menos impostos, aumenta o número de desempregados e dependentes dos programas
sociais.

A maioria dos municípios do Brasil possui uma arrecadação própria muito pe-
quena e dependem quase que exclusivamente dos repasses do FPM (Fundo de Par-
ticipação dos Municípios) do Governo Federal, do ICMS (Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços) do Governo Estadual e do FPE (Fundo de Participação
dos Estados) do Governo Estadual. Esses repasses são usados para pagar a folha de
pagamento, manter a cidade limpa, oferecer os serviços básicos de educação, saúde,
segurança, entre outros, ou seja, manter a “máquina funcionando”.

De acordo com o Art. 18º da Constituição Federal de 1988, a organização políti-


co-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios. Todas essas esferas de governo têm sua própria au-
tonomia política, administrativa e financeira para oferecer serviços públicos visando
atender as necessidades da população. Quando o Gestor Público Municipal quer fazer
alguma coisa a mais na cidade, a solução é ir atrás de uma parceria ou convênio com
órgãos do Governo Federal e/ou Estadual para que os mesmos repassem uma verba
para custear os projetos os quais o prefeito está querendo implantar.

Diante do exposto surgiu a questão-problema desta pesquisa: Como incrementar a


receita pública própria municipal?

Portanto para responder a questão acima o objetivo é identificar as boas práticas


na previsão e execução da receita pública própria municipal, onde serão apresentadas
possíveis soluções que o gestor público poderá adotar para aumentar a arrecadação de
impostos fazendo com que a receita própria do município seja incrementada de forma
relevante.

Para delimitar a obtenção de dados para a realização dessa pesquisa, foi esco-
lhido o município de Timbaúba - PE, cidade da Zona da Mata Norte de Pernambuco,
onde segundo o último censo realizado em 2017 pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) possui 53.825 habitantes.

Este trabalho contém, além dessa introdução: referencial teórico abordando o


conceito de orçamento público, Lei 4.320/64, Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO), Lei Orçamentária Anual (LOA), Lei de Responsabilidade Fiscal
(LRF), receita pública, metodologia, boas práticas na previsão e execução da receita

CAPÍTULO 2
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pública própria municipal, boas práticas para melhorar a arrecadação de IPTU, boas
práticas para melhorar a arrecadação de ISS, boas práticas para melhorar a arrecada-
ção de ITR, outras boas práticas para melhorar a arrecadação, análise dos dados apre-
sentados e a conclusão.

2. Referencial teórico
2.1.Orçamento Público

Conforme Pires (2006), orçamento público é um processo de planejamento con-


tínuo e dinâmico de que o Estado se utiliza para demonstrar seus planos e programas
de trabalho, para determinado período. O orçamento abrange a manutenção das ativi-
dades do Estado, o planejamento e a execução dos projetos estabelecidos nos planos e
programas de governo.

Segundo FILHO (2010, P. 05), orçamento público é uma ferramenta legal de pla-
nejamento das entidades de Administração Pública onde são apresentadas as receitas
previstas e despesas fixadas que serão realizadas pelo ente, em um determinado perío-
do, objetivando a execução de programas de governo, bem como as transferências, os
pagamentos de dívidas, etc.

Para Slomski (2003), orçamento público é:


Uma lei de iniciativa do Poder Executivo que estabelece as políticas públicas para
o exercício a que se referir; terá como base o plano plurianual e será elaborado res-
peitando-se a lei de diretrizes orçamentárias aprovada pelo Poder Legislativo. E seu
conteúdo básico será a estimativa da receita e a autorização (fixação) da despesa.

Existem vários tipos de orçamento público, o utilizado atualmente é o orçamen-


to-programa. O orçamento-programa é um instrumento de ação do governo que per-
mite a identificação dos seus programas de trabalho, projetos e atividades que o go-
verno pretende trabalhar, além de estabelecer objetivos e metas a serem postas em
prática, prevendo os custos e os resultados esperados, oferecendo maior transparência
dos gastos públicos. O orçamento evoluiu ao longo da história, deixando de ser orça-
mento tradicional com ênfase nos gastos, passando ao orçamento desempenho que é
denominado hoje de orçamento programa, com ênfase nas realizações.

A seguir apresentaremos o que é receita pública, como é feita a elaboração do


orçamento, classificação das despesas e receitas. Todas essas etapas são executadas
de acordo com o que preceitua a Lei nº 4.320 de 17 de março de 1964. Em seu Art. 1º,
a Lei 4.320 estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos
orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, de
acordo com o disposto no Art. 5º, inciso XV, letra b, da Constituição Federal.

SOUZA, Guilherme Alexandre Xavier de.


CRUZ, José Humberto Nascimento.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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Para poder responder melhor a questão-problema precisamos saber a definição


do que é receita pública própria como veremos a seguir.
Lei 4.320/64

A Lei 4.320 de 17 de março de 1964 conhecida também como Lei do Orçamento


estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamen-
tos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Portanto
esta Lei tem como objetivo o controle sistemático dos recursos econômico-financeiros
do Governo, utilizando ações administrativas da União, dos Estados, dos Municípios
e do Distrito Federal.

De acordo com a Lei 4.320 a Contabilidade Pública é a parte da contabilidade que


coleta, registra, controla e analisa os atos e os fatos da Fazenda Pública, acompanha e
demonstra a execução do orçamento, como também, verifica as variações do Patrimô-
nio Público.

A contabilização dos atos e fatos da administração pública, como também a ela-


boração dos balanços e dos vários demonstrativos contábeis seguem os modelos e nor-
mas definidos pela Lei 4.320/64.

Podemos dizer que a Lei 4.320/64 anda em conjunto com o Plano Plurianual
(PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA)
que estão previstas no Art. 165 da Constituição Federal de 1988.
Plano Plurianual (PPA)

O PPA está previsto no Art. 165 da Constituição Federal de 1988 e trata-se de


uma lei orçamentária que serve de instrumento de planejamento onde são definidas
as metas, objetivos e ações do governo para um período de quatro anos. Sua vigência
inicia-se no segundo ano de mandato do prefeito e vai até o término do primeiro ano
de mandato seguinte.

Segundo Santos (2010), o PPA define estratégias, diretrizes e metas do governo


para o médio prazo instituindo assim um plano de ação partindo de um planejamento
estratégico. Todas as metas e programas contidos no PPA são executadas anualmente
através da Lei Orçamentária Anual (LOA).
Lei Orçamentária Anual (LOA)

A Lei Orçamentária Anual (LOA) terá que vir acompanhada do demonstrativo


da compatibilidade da programação dos orçamentos, com os objetivos e metas cons-
tantes do Anexo de Metas Fiscais; demonstrativo regionalizado do efeito sobre as re-
ceitas e despesas decorrentes de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios

CAPÍTULO 2
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de natureza financeira, tributária e creditícia; medidas de compensação a renúncias de


receitas e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado, conforme espe-
cificado no Art. 165 §5º da Constituição Federal de 1988.

Apenas programas existentes no PPA serão permitidos na LOA, pelo fato de que
acompanhando a execução da LOA poderemos verificar o cumprimento das metas
estabelecidas no PPA.

Atendendo o inciso II do Art. 165 da CF, temos a Lei de Diretrizes Orçamentárias


(LDO) que faz a ligação entre o PPA e a LOA. Vejamos então a definição e a finalidade
da LDO.
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)

A Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO, vai definir como será elaborada a Lei
Orçamentária Anual, como também as metas e prioridades para aquele o período de
um ano. A LDO é elaborada pelo Ministério do Planejamento com apoio técnico do
Ministério da Fazenda. Após a sua elaboração, o Presidente da República tem até dia
quinze de abril (15/04) de cada ano para enviar o projeto ao congresso nacional. Che-
gando no Congresso, o projeto é discutido e alterado na comissão Mista de Orçamento
e depois será votado no Plenário do Congresso até o dia dezessete de julho (17/07). O
Projeto de lei da LDO é o único que se não for votado impede o congresso de entrar
em recesso.

Em seu Art. 165, a Constituição Federal de 1988 define a LDO como:


§ 2º A Lei de Diretrizes Orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da
administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício fi-
nanceiro subsequente, orientará a elaboração da Lei Orçamentária Anual, disporá
sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das
agências financeiras oficiais de fomento. (BRASIL, 1998).

A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) trouxe um reforço para a LDO imple-


mentando novas atribuições além das impostas pela Constituição de 1988, como a de-
finição de metas e riscos fiscais, limitação de empenho e movimentação financeira,
transferências de recursos para entidades públicas e privadas, etc. conforme segue
abaixo.

2.2 Receita Pública

De acordo com o Receitas Públicas - Manual de Procedimentos (BRASIL, 2006),


receita pública são todos os ingressos de caráter não devolutivo auferidas pelo poder
público, em qualquer esfera governamental, ou seja, é toda entrada de numerário nos
cofres públicos de maneira definitiva.

SOUZA, Guilherme Alexandre Xavier de.


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Bezerra Filho (2008) explica que Receita Pública são todos os ingressos auferidos
pelo poder público, em qualquer esfera governamental, para alocação e cobertura das
despesas públicas.

Ainda sobre o conceito de receita pública, a Secretaria de Orçamento Federal a


define como:
Disponibilidade de recursos financeiros que ingressam durante o exercício e cons-
tituem elemento novo para o patrimônio público. Instrumento por meio do qual se
viabiliza a execução das políticas públicas, a receita orçamentária é fonte de recursos
utilizada pelo Estado em programas e ações cuja finalidade precípua é atender às
necessidades públicas e demandas da sociedade (BRASIL, 2015).

Conforme a Lei 4.320/64 a entrada de receita pública pode ser do tipo orçamen-
tária extraorçamentária, onde as receitas orçamentárias são aquelas previstas no orça-
mento e as extraorçamentárias não possuem previsão orçamentária.

Receita extraorçamentária é aquela que ingressa nos cofres públicos, mas não é
de propriedade do Governo segundo Bezerra Filho (2008).

O gestor não pode contar com as receitas extraorçamentárias para custear des-
pesas públicas previstas no orçamento, pois o ingresso dessas receitas proverá futuras
despesas extraorçamentárias que podem ser valores consignáveis, títulos de fiança,
repasses financeiros, caução, etc. As receitas podem ser divididas em receitas correntes
e receitas de capital.
§ 1º “São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições, patrimonial,
agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos
financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando des-
tinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes.”
§ 2o “São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos financeiros
oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos;
os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados
a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do
Orçamento Corrente.” (Lei nº 4.320/64).

Dentro das receitas correntes ainda temos as receitas tributárias as quais serão
o foco para a nossa pesquisa, visto que um município com uma boa arrecadação tri-
butária terá mais recursos disponíveis para melhorar o funcionamento da máquina
pública.

A partir da Constituição de 1988 os municípios passaram a ser entes federativos


da União possuindo autonomia municipal para instituir, fiscalizar, arrecadar e admi-
nistrar tributos de sua própria competência aliada a uma dependência de transferên-
cias de recursos vindos da União e em seu artigo 156 a Constituição Federal determina
os impostos de competência municipal, entre os mais comuns temos: Imposto sobre
a Propriedade e Territorial Urbana - IPTU, Imposto sobre Transmissão Inter vivos –
ITBI, Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN, entre outras.

CAPÍTULO 2
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Além da Constituição Federal de 1988 e da Lei 4.320/64 que definem e regula-


mentam a receita pública existe o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orça-
mentárias (LDO), a Lei Orçamentária anual (LOA) e a Lei de Responsabilidade Fiscal
(LRF) que trabalham em conjunto para que o município possa fazer da melhor manei-
ra possível a previsão e a execução da receita pública.

2.3 Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) - Lei Complementar nº 101/2000.

É uma lei que veio para tentar controlar os gastos dos Estados e Municípios, ten-
tando por condições na arrecadação de tributos desses entes públicos. Esta lei também
veio promovendo a transparência dos gastos públicos. A lei obriga que os entes pú-
blicos apresentem detalhadamente suas finanças ao Tribunal de Contas (da União dos
Estados ou dos Municípios), onde esses órgãos podem aprovar ou não as contas, se
caso a conta for reprovada, será instaurada uma investigação em relação ao poder Exe-
cutivo, gerando multa ou a proibição de poder disputar nova eleição. A LRF estabelece
normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, tendo
como amparo o Capítulo II, do Título VI, da Constituição Federal. Portanto conforme
Freitas (2013), a LRF veio para estabelecer normas de orientação das finanças públicas,

Embora seja o Poder Executivo o principal agente responsável pelas finanças pú-
blicas e, por isso, o foco da Lei de Responsabilidade Fiscal, os Poderes Legislativo e
Judiciário também são submetidos à referida norma.

Essa lei veio para renovar a contabilidade e a execução do Orçamento Público, à


medida que estabelece limites de gastos, seja para as despesas do exercício, ou para o
grau de endividamento.

Santos e Alves (2011) explicam que a LRF direciona aos municípios um espírito
inovador da gestão responsável, evitando um déficit ocasionado pela superestimação
da receita no orçamento.

Criada no governo de Fernando Henrique Cardoso, a LRF provocou uma mu-


dança fundamental na maneira de como a gestão financeira se conduzia dos três ní-
veis de governo, sabendo planejar antes o que será executado, controlando os custos
envolvidos, cumprindo com o programa dentro deste custo previsto, onde sua criação
foi promovida pelo governo Federal para estabilizar a economia brasileira a partir do
plano Real.

O objetivo da LRF é melhorar a administração das contas públicas no Brasil fi-


xando limites para despesas com pessoal, dívida pública e ainda criando metas para
controlar receitas e despesas. Outro ponto importante da LRF é que nenhum gover-
nante pode criar uma nova despesa por mais de dois anos, sem indicar a origem de sua
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CRUZ, José Humberto Nascimento.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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receita ou sem reduzir outras despesas já existentes. Com isso o governante consegue
sempre pagar suas despesas sem comprometer o orçamento do ente público.

Segundo Scarpin e Slomski (2005), defendem em sua pesquisa que após o surgi-
mento da Lei de Responsabilidade Fiscal houve uma melhora no relacionamento entre
as receitas previstas e as realizadas.

3. Metodologia

Para poder responder a questão-problema será preciso entender como funciona


a previsão e arrecadação da receita pública municipal, portanto em relação aos obje-
tivos o processo que será utilizado nesta pesquisa pode ser caracterizado como uma
Pesquisa Explicativa que segundo Almeida (2011) foca na identificação de fatores que
determinam ou contribuem para a ocorrência de determinados resultados, explicando
a razão de tal ocorrência.

Em relação a abordagem a pesquisa é qualitativa, pois como define Almeida


(2011) esse tipo de estudo utiliza um enfoque indutivo na análise de dados e dá maior
importância aos significados atribuídos pelas pessoas às coisas e à vida e não utiliza
ferramentas estatísticas de análise de dados.

Quanto aos procedimentos essa pesquisa é bibliográfica porque toma como obje-
to apenas livros e artigos científicos, buscando relações entre conceitos, características
e ideias conforme conceitua Almeida (2011). Gil (2009) também afirma que a pesquisa
bibliográfica é importante para o trabalho, pois sua principal vantagem reside no fato
de que permite ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais
ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente.

Trata-se também de uma análise documental onde o universo utilizado para esse
artigo foi a Prefeitura Municipal de Timbaúba – PE, através da análise dos balanços
e relatórios contábeis disponibilizados no portal da transparência do município e dos
Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREO) referentes aos anos de 2015,
2016 e 2017.

Será realizada também uma entrevista informal junto ao Secretário de Finanças


do Município com a finalidade obter informações acerca do uso das boas práticas apre-
sentadas nesse artigo.

4. Ressultados e discussão
4.1Análise documental dos dados orçamentários do município de Timbaúba

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O município de Timbaúba, o qual foi escolhido para essa pesquisa, fica localiza-
do na região da Zona da Mata Norte de Pernambuco e possui uma população estima-
da em 53.083 pessoas em uma área de 292.985 km2 de acordo com o IBGE.

Acessando o site do Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público


Brasileiro (SICONFI) e consultando os Relatórios Resumidos da Execução Orçamentá-
ria (RREO) dos anos de 2015, 2016 e 2017 do município de Timbaúba foi verificado o
seguinte quadro:

Tabela 6 (Elaborada pelo autor)


Analisando a tabela 1 podemos perceber que no ano de 2015 a previsão de arre-
cadação para o município de Timbaúba foi de R$ 110.000.000,00 (Cento e dez milhões
de reais) e a arrecadação foi de R$ 92.200.062,50 (Noventa e dois milhões duzentos mil
e sessenta e dois reais e cinquenta centavos) ficando uma diferença de R$ 17.799.937,50
(Dezessete milhões setecentos e noventa e nove mil novecentos e trinta e sete reais e
cinquenta centavos). Para o ano de 2016 a previsão de arrecadação para o município
de Timbaúba foi de R$ 116.191.000,00 (Cento e dezesseis milhões cento e noventa e um
mil reais) e a arrecadação foi de R$ 106.402.758,57 (Cento e seis milhões quatrocentos
e dois mil setecentos e cinquenta e oito reais e cinquenta e sete centavos) ficando uma
diferença de R$ 9.788.241,43 (Nove milhões setecentos e oitenta e oito mil duzentos
e quarenta e um reais e quarenta e três centavos). Para o ano de 2017 a previsão de
arrecadação para o município de Timbaúba foi de R$ 130.714.885,00 (Cento e trinta
milhões setecentos e quatorze mil oitocentos e oitenta e cinco reais) e a arrecadação foi
de R$ 105.438.948,59 (Cento e cinco milhões quatrocentos e trinta e oito mil novecen-
tos e quarenta e oito reais e cinquenta e nove centavos) ficando uma diferença de R$
25.275.936,41 (Vinte e cinco milhões duzentos e setenta e cinco mil novecentos e trinta
e seis reais e quarenta e um centavos). Diante dessas informações percebe-se que a di-
ferença entre receita orçada e receita arrecadada diminuiu de 2015 para 2016 e aumen-
tou de 2016 para 2017, mas em nenhum dos períodos analisados o valor arrecadado foi
superior a 95% do valor previsto. Segundo Zonatto e Hein (2013) quando o município
arrecada menos do que o previsto haverá uma queda na realização de investimentos,
como também uma diminuição na qualidade da manutenção dos serviços públicos
oferecidos e ainda fere o equilíbrio orçamentário estabelecido pela Lei de Responsabi-
lidade Fiscal.

SOUZA, Guilherme Alexandre Xavier de.


CRUZ, José Humberto Nascimento.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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Continuando com a análise dos Relatórios extraídos do SICONFI, foi elaborada


a tabela abaixo:

Tabela 7 (Elaborada pelo autor)

Analisando os dados da Tabela 2 constatamos que a receita tributária vem au-


mentando de 2015 em diante, apesar das receitas com impostos terem diminuído de
2016 para 2017, a arrecadação com taxas teve um aumento de 53,51% referente ao
mesmo período.

4.2 Análise bibliográfica de Boas práticas na previsão e execução da receita pública


própria municipal

Os artigos 29 e 30 da Lei nº 4.320/1964 determinam as regras de como os órgãos


públicos podem elaborar suas estimativas das receitas orçamentárias para o exercício
seguinte.
Art. 29. Caberá aos órgãos de contabilidade ou de arrecadação organizar demons-
trações mensais da receita arrecadada, segundo as rubricas, para servirem de base à
estimativa da receita, na proposta orçamentária.
Parágrafo único. Quando houver órgão central de orçamento, essas demonstrações
ser-lhe-ão remetidas mensalmente.
Art. 30. A estimativa da receita terá por base as demonstrações a que se refere o
artigo anterior, à arrecadação dos três últimos exercícios, pelo menos, bem como as
circunstâncias de ordem conjuntural e outras, que possam afetar a produtividade de
cada fonte de receita.

Com o surgimento da Lei de Responsabilidade Fiscal essas regras foram reforça-


das como mostra os parágrafos 1º, 2º e 3º do Art. 12 da LRF (2000):
Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão
os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do cresci-
mento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de de-
monstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguin-
tes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas.
§ 1º Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só será admitida se com-
provado erro ou omissão de ordem técnica ou legal.
§ 2º O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser
superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei orçamentária.
§ 3º O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos demais Poderes e do
Ministério Público, no mínimo trinta dias antes do prazo final para encaminhamen-
to de suas propostas orçamentárias, os estudos e as estimativas das receitas para o
exercício subsequente, inclusive da corrente líquida, e as respectivas memórias de
cálculo.

Scarpin e Slomski (2005), mostram em sua pesquisa que desde que a Lei de Res-
ponsabilidade Fiscal entrou em vigor, os procedimentos de natureza orçamentária co-
meçaram a ser influenciados de forma positiva pois passou-se a ter mais planejamento,

CAPÍTULO 2
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controle, transparência e responsabilização sobre os mesmos. Dessa forma foi compro-


vado também que os métodos de previsão de receita melhoraram bastante fazendo
com que o valor da receita prevista ficasse próximo da receita realizada.

Com uma previsão eficaz de acordo com a realidade do município, o gestor é be-
neficiado com o aumento das receitas tributárias e controle das despesas ocasionando
um equilíbrio nas contas públicas viabilizando a realização de novos investimentos e
o atendimento as demandas locais maximizando a aplicação dos recursos disponíveis
(ZONATTO; HEIN, 2013).

De acordo com Fiirst et al. (2015), uma previsão de receita eficaz é de suma im-
portância para as atividades de planejamento, avaliação e controle no que se refere a
arrecadação e aplicação de recursos públicos.

4.2.1 Boas práticas para melhorar a arrecadação de IPTU

Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), conforme o


Sistema Tributário Nacional (1966), é um imposto de competência dos Municípios e
tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por
natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana
do Município.

Conforme relatos de funcionários do setor tributário do município de Timbaúba


o cadastro imobiliário e mercantil já é informatizado, mas há muito tempo que não se
faz uma atualização cadastral no mesmo tornando um sistema um mero emissor de
DAMs. Atualmente em Timbaúba existem vários imóveis que não possuem cadastro
no sistema imobiliário, como também existem vários profissionais liberais que não
constam no cadastro no sistema mercantil. Com isso o município deixa de arrecadar
IPTU, ISS, taxas de licença de funcionamento, construção, etc.

Atualmente temos tecnologia suficiente para fazer um trabalho bem feito no sen-
tido de reforçar o monitoramento dos contribuintes inadimplentes de IPTU. Um bom
exemplo do uso da tecnologia são os serviços de geoprocessamento, esses serviços são
perfeitos para fazer uma atualização cadastral nos imóveis da cidade, visto que, na
maioria das cidades o cadastro imobiliário está desatualizado.

Segundo Andrade et al. (2007), com o avanço na tecnologia da informação permi-


te viabilizar ferramentas para que o gestor público saiba com precisão onde e de que
maneira deve intervir nos problemas municipais. Atualmente com o auxílio de dados
específicos de caracterização municipal, como informações relativas a setores censitá-
rios, imagens obtidas de satélite, fotos aéreas e base de dados geográficos processados
por empresas especializadas, possibilitam a identificação de vários problemas no mu-
SOUZA, Guilherme Alexandre Xavier de.
CRUZ, José Humberto Nascimento.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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nicípio como falta de infraestrutura básica, crescimento urbano desordenado, zonas de


risco para construção de edificações.

Com o cadastro imobiliário atualizado é possível cobrar os tributos de quem não


está cadastrado no sistema, como também oferecer um atendimento melhor, para de-
terminados locais que antes eram desconhecidos pelos agentes públicos.

Conforme Borges (2000), com o advento dos Sistemas de Informação Geográficos


(SIG), as aplicações voltadas para as áreas urbanas adquiriram uma nova perspectiva.
Esses sistemas surgiram para facilitar o trabalho de análise geográfica automatizan-
do o processamento dos dados obtidos. A demanda por integração dos processos de
coleta de dados e pela integração e georreferenciamento destas informações é sempre
crescente na administração municipal. A consolidação dos dados geográficos, carto-
grafia convencional e dados alfanuméricos são fundamentais na formulação de políti-
cas públicas.

Nascimento (2016) afirma que o conhecimento do território associado ao uso da


ferramenta eficiente para a gestão dos dados e das informações é que são capazes
de subsidiar as políticas públicas adequadas ao desenvolvimento social, condizente
com a realidade da sociedade. O SIG pode ser utilizado em várias áreas, inclusive em
um sistema tributário onde irá unificar e fazer o georreferenciamento do cadastro de
contribuintes, efetivo controle da arrecadação de taxas (IPTU, ISS, etc), estabelecer e
controlar roteiros para fiscalização otimizados.

Nascimento (2016) relata também na sua pesquisa que:


No caso das Prefeituras Municipais, a ferramenta de T. I. é ainda mais evidente e
forte aliada para uma arrecadação em potencial.
Cita-se o auxílio do Geoprocessamento na gestão tributária de um Município, por
exemplo, no cadastramento de imóveis no território municipal. Com isso, o bom
cadastramento com base em verificações de cartografia virtual, aérea e digital possi-
bilita o melhor gerenciamento do espaço urbano cumprindo, o Município, uma pos-
sível e melhor execução da Política de Desenvolvimento Urbano, conforme previsto
no artigo 182 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Consequentemente, atingindo a finalidade executiva do Planejamento Territorial,
ou ainda, do Plano Diretor, como disposto na Lei Federal nº 10.257/01 (Estatuto da
Cidade), mais apto estará o Município para fiscalizar o seu cadastro imobiliário e
retificar ou instituir as cobranças do IPTU (Imposto sobre a Propriedade Territorial
e Urbana). Ademais, o Estatuto da Cidade prevê expressamente que a cobrança do
IPTU poderá ser progressivo sobre terrenos ociosos, cumprindo o Estado, a chama-
da “função social da propriedade”.

4.2.2. Boas práticas para melhorar a arrecadação de ISSQN

De acordo com o Art. 1º da Lei Complementar nº 116 de 31 de julho de 2003, o


Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), é de competência dos Municí-
pios e do Distrito Federal e seu fato gerador do ISS é a prestação de serviços.

CAPÍTULO 2
ANÁLISE DE MEIOS PARA INCREMENTAR A RECEITA A PARTIR DE RECUROS PRÓPRIOS DO MUNICÍPIO DE TIM-
BAÚBA
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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Marchezin, Azevedo e Concordia (2012) explicam que para que o serviço se sujei-
te à cobrança do ISS deve constar na lista de atividades previstas na Lei Complemen-
tar e cabe a cada município, através de lei ordinária, discriminar sua lista de serviços
usando como a base a lista já existente na Lei Complementar nº 116/2003.

Segundo Silva (2017) são boas práticas para melhorar a arrecadação de ISS: im-
plantação de um núcleo de inteligência e planejamento fiscal; gestão e fiscalização dos
contribuintes optantes pelo Simples Nacional; criação de uma central de cobrança de
débitos; instituição da nota fiscal incentivada/premiada e revisão anual dos contri-
buintes estimados, fixos, isentos e imunes. Dentre as boas práticas citadas acima pode-
mos destacar a gestão e fiscalização dos contribuintes optantes pelo simples nacional,
pois desde que o regime foi criado em 2007, alguns gestores pensam que o Simples
Nacional não tem representatividade na arrecadação. Diversas análises e amostras
realizadas nos municípios constataram que esse é um nicho onde ocorrem as maiores
sonegações fiscais devido à fala de lastro das informações prestadas pelos contribuin-
tes (SILVA, 2017). Utilizando ferramentas de controle e cruzamentos de declarações
por intermédio de sistemas informatizados é possível gerir o ISS de forma eficiente.

4.2.3 Boas práticas para melhorar a arrecadação de ITR

O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) é um imposto federal pre-


visto no inciso VI do artigo 153 da Constituição Federal, mas nesse mesmo artigo no
parágrafo 4º, inciso III, determina que o ITR será fiscalizado e cobrado pelos municí-
pios que assim optarem. No inciso II do art. 158 da Constituição Federal determina que
50% do produto da arrecadação do ITR, pertencem aos municípios.

Segundo Brasília (2009), uma boa prática para o município aumentar a arrecada-
ção de ITR é fazer um convênio para fiscalização e lançamento de créditos tributários
do ITR. Esse convênio está regulamentado pelo Decreto Federal nº 6.433/2008 onde
instituiu o Comitê Gestor do ITR – CGITR. O município que assinar esse convênio pas-
sará a receber um repasse de 100% da arrecadação do ITR, ou seja, o valor repassado
que era de 50% passará a ser de 100% aumentando consideravelmente a arrecadação
desse imposto.

Consultando o Balancete da Receita do ano de 2017 da Prefeitura Municipal de


Timbaúba o valor recebido durante esse ano foi de R$ 10.971,28 (Dez mil novecentos
e setenta e um reais e vinte e oito centavos) e percebemos que foi um valor pequeno
para um período de 12 meses, mas com a adesão ao Decreto 6.433 esse valor arrecada-
do teria um acréscimo de 100%, podendo ser utilizado para pagar pequenas despesas
por exemplo.

SOUZA, Guilherme Alexandre Xavier de.


CRUZ, José Humberto Nascimento.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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4.2.4 Outras boas práticas para melhorar a arrecadação

Uma prática que está acontecendo com frequência em vários municípios é a Li-
citação para gerenciamento da folha de pagamento que segundo Brasília (2009) o Su-
premo Tribunal Federal – STF já analisou o tema e deu total liberdade para os Entes
Públicos realizem esse procedimento.
A possibilidade de realizar a licitação dessa operação traz benefícios ao Ente Muni-
cipal, tendo em vista que o banco, ao obter a concessão do gerenciamento, paga ao
Município valores para realizar a administração da folha de pagamento.
Isso pode ser mais uma alternativa para o Ente Público incrementar sua receita na
tentativa de buscar soluções viáveis para o atual momento de crise (BRASÍLIA,
2009).

Essas receitas provenientes da concessão do direito de administração da folha de


pagamento, de acordo com Brasília (2012), serão classificadas como Receitas patrimo-
niais.

Tabela 1 (Elaborada pelo autor)


5. Considerações finais

De acordo com os dados apresentados foi verificado que o município de Tim-


baúba ainda precisa melhorar bastante no que diz respeito a elaboração da Lei Or-
çamentária Anual (LOA). A média dos últimos três anos da Receita Arrecadada em
relação a Receita Prevista é de 85,35% onde o percentual ideal deve ficar acima de 95%.
Como vimos anteriormente quando o município arrecada menos do que o previsto
haverá uma queda na realização de investimentos, como também uma diminuição na
qualidade da manutenção dos serviços públicos oferecidos e ainda fere o equilíbrio or-
çamentário estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Apesar da arrecadação

CAPÍTULO 2
ANÁLISE DE MEIOS PARA INCREMENTAR A RECEITA A PARTIR DE RECUROS PRÓPRIOS DO MUNICÍPIO DE TIM-
BAÚBA
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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ter sido bem inferior a previsão, a mesma obteve uma melhora nos últimos 3 anos. Mas
para um município com mais de 50 mil habitantes esses números ainda são pequenos
se forem comparados a outros municípios de mesmo porte que já vêm aplicando vá-
rias boas práticas para melhorarem suas arrecadações.

O Município de Timbaúba precisa melhorar bastante e sua administração deverá


nortear-se dessas boas práticas apresentadas unidas a outras existentes para melhorar
esse processo de elaboração de se orçamento. Apesar dos dados obtidos não serem
satisfatórios, o município está aparentemente indo no caminho certo, pois conforme
nos foi relatado em entrevista realizada com o Secretário de Finanças do município, a
administração atual do município de Timbaúba vem implantando boas práticas para
melhorar a arrecadação e inclusive no dia 12 de maio de 2018, aconteceu a licitação
para concessão do gerenciamento da folha de pagamento, onde já foi explicado neste
artigo que é uma prática que diversos municípios brasileiros estão fazendo uso para
melhorar a arrecadação. O município também está seguindo o que precede a Lei de
Responsabilidade Fiscal para melhorar os métodos de previsão de receita e realização
de despesas. Também estão sendo melhorados os sistemas de cobrança de IPTU e ISS-
QN para tentar aumentar arrecadação.

Para obter mais informações para saber se essas boas práticas que estão sendo
aplicadas atualmente nessa gestão irão realmente incrementar a receita pública no mu-
nicípio de Timbaúba, será necessário realizar uma outra pesquisa para poder compa-
rar os números da arrecadação antes de depois da implantação dessas ações.

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CAPÍTULO 2
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SOUZA, Guilherme Alexandre Xavier de.


CRUZ, José Humberto Nascimento.
CAPÍTULO 3

CINE TEATRO RECREIOS BENJAMIN:


ESTIGMA CULTURAL DA CIDADE DE
TIMBAÚBA-PE

SANTOS, Alexandre José Barboza dos.1

DOI: 10.46898/rfb.9786599152498.3.

1  Bacharel em Ciências Contábeis (FACET); Especialista em Auditoria Fiscal e Tributária (UFPE); Mestre em Gestão
Pública (UFPE)
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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Resumo

E ste artigo tem por objetivo apresentar o Cine Teatro Recreios Benjamin, como
templo Cultural da cidade de Timbaúba-PE, onde o mesmo marcou profun-
damente várias gerações por haver concentrado uma vivência cultural, passando a
ser considerado como um bem de valor coletivo. Sendo este detentor de um valor
arquitetônico, contudo ele é bem mais que apenas uma construção, é um titular de um
valor cultural, é um lugar de memórias de vários gêneros artísticos do município de
Timbaúba. O espaço foi tombado pelo patrimônio histórico do estado de Pernambuco
por meio do decreto nº 8.444 em 28/02/1983. Tal ato foi encarado como uma grande
conquista para o município timbaubense por se reconhecer o valor expressivo deste
imóvel na conjuntura urbana. No entanto, o ato do tombamento não causou efeito
estabilizador no sentido de conservação, pois a situação do imóvel hoje é deplorável
com preservação precaríssima, carecendo urgentemente de passar por um restauro,
caso contrário corre o risco de desabar. Diante desta o presente artigo descreve sobre
seu histórico, o tombamento e seus efeitos.

Palavras-chave: Patrimônio Cultural; Cine Teatro Recreios Benjamin; Tombamento.

Abstract

This article presents the Cine Teatro Recreios Benjamin, as the cultural temple
of, Timbaúba, Pernambuco, where it has deeply marked may generations for have
concentrated a great cultural experience, being considered an asset of collective value.
It is the owner of an architectural value, however it is much more than just a single
building, it is a holder of a cultural value, a place of memories of various artistic genres
in the county. The same became cultural heritage of Pernambuco by the decree No.
8444 in 02/28/1983, and such act was seen as an excellent achievement to timbaubense
people for recognize the significant value provided in the urban property. Meanwhile
this act of putting under governmental trust did not cause stabilizing effect in the line
of the conservation, because the situation of the property today is deplorable with an
extremely precarious preservation, needing to be repaired otherwise it runs the risk of
collapse. Then this article describes its history, property and the effects.

Keywords: Cultural Heritage, Cine Teatro Recreios Benjamin; Governmental trust.

1. Introdução

O Cine Teatro Recreios Benjamin está localizado na cidade Timbaúba-PE, a cerca


98 Km, da capital Pernambucana, compondo um expressivo exemplar do gênero no
interior do Estado. O mesmo consagrou-se como local de aglomeração de indivíduos
interessados em teatro, música, encontros dançantes e recreativos, de conferências lite-
SANTOS, Alexandre José Barboza dos.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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rárias e ainda de movimentos filantrópicos e espetáculos beneficentes. Constitui-se em


um marco de várias gerações por haver concentrado uma vivência cultural, sendo até
apelidado carinhosamente pelos timbaubenses como “O Cacareco”.

O presente artigo pretende descrever os aspectos relacionados a cultura que o


caracterizaram como um bem constituído pela identidade de uma coletividade, res-
gata através de um breve histórico a sua era de glória que o consagrou como estigma
cultural. Apresenta também os aspectos relacionados ao Tombamento bem como seus
efeitos e a conjuntura atual de inatividade e abandono que e o mesmo se encontra.

O artigo classifica-se metodologicamente como pesquisa qualitativa que de


acordo com Gil (2006, p. 15): esse tipo de pesquisa pode descrever a complexidade de
determinado problema, analisar a interação de determinadas variáveis e compreender
e classificar processos dinâmicos. Quanto aos meios essa pesquisa caracteriza-se como
sendo bibliográfica, pois utiliza diversas fontes elaboradas anteriormente e teorias já
existentes, conforme afirma Gil (2006, p. 15): “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida
através do material já elaborado anteriormente, constituído principalmente de livros e
artigos científicos”.

2. Aspectos culturais x identidade cultural

A cultura é algo peculiar às sociedades humanas, isto se dá pelo fato de que pa-
drões, condutas, formas de organização política ou econômica, e o relacionamento dos
próprios grupos humanos estarem atrelados ao aspecto cultural.

A definição da palavra cultura possui uma infinidade de significados. O conhe-


cimento antropológico entende por cultura tudo aquilo que é constituído pela humani-
dade, desde artefatos e objetos até ideais e crenças. Além disso, é todo o comportamen-
to adquirido pelo indivíduo, independente de seu legado biológico. Cultura, logo é a
forma pela qual o homem vive e transforma o mundo ao seu redor, criando e recriando
formas de viver e conviver. (Patrimônios de Pernambuco, 2009)

Cada sociedade possui sua realidade cultural de forma bem particularizada, isto
justifica o fato das culturas e sociedades humanas se relacionarem de modo desigual.
No entanto, da mesma forma que a diversidade cultural proporciona um relaciona-
mento desigual entre culturas e sociedades humanas ela aproxima de forma bastante
significativa os grupos sociais que compartilham da mesma conduta cultural, é assim
que surge a identidade cultural de um determinado povo.

A identidade cultural é um sistema de representações das relações entre indiví-


duos e grupos, que compartilham de uma mesma característica cultural como a língua,
a religião, as artes, o trabalho, os esportes, as festas, entre outros. (OLIVEIRA, 2010)
CAPÍTULO 3
CINE TEATRO RECREIOS BENJAMIN: ESTIGMA CULTURAL DA CIDADE DE TIMBAÚBA-PE
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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Impulsionados por esta forma de compartilhamento por interesses culturais


comuns, associada a falta de lazer de uma cidade interiorana pernambucana no ano
1912, começou a florescer o interesse da sociedade timbaubense pelas projeções cine-
matográficas.

3. Breve histórico do cine teatro recreios bejamin

Em meados de 1912 até 1920 o cinema brasileiro possuía uma expressão relati-
vamente lenta onde as exibições predominantes eram de cinejornal e documentários
institucionais sobre empresas, ou ainda as importantes famílias encomendavam o re-
gistro de casamentos ou batizados. Os filmes desse tempo destacam-se as obras céle-
bres da literatura brasileira, principalmente as do período romântico. (MIUCCI, 2009)

De acordo com Suna (1992, p. 134): “As primeiras projeções cinematográficas


realizadas em Timbaúba foram em um salão adaptado; localizado na rua da Constitui-
ção (atual Marechal Dantas Barreto) e os espectadores levavam de casa suas próprias
cadeiras.

Além das manifestações artísticas como música, pintura e escultura, a cultura


esta identificada também com os meios de comunicação de massa como rádio e o cine-
ma. (SANTOS, 2004)

Com o desejo de se criar um núcleo que intensificasse a cultura local com uma
edificação fixa, surge a iniciativa particular do Jornalista Jader de Andrade2 em 1913,
onde ele cria “Cinema Timbaúba”, posteriormente denominado de o “Excelsior” e,
por fim em 1916, o Cine Teatro Recreios Benjamin. (SUNA, 1992). Este recebe tal nome
para homenagear o sobrinho do seu fundador que se chamava “Benjamin” cujo tio o
tinha com muito apreço. O mesmo situa-se em uma das principais ruas, hoje denomi-
nada de Dr. Alcebíades n° 17, ou seja, “na principal artéria da cidade”.

Surge um templo cultural para os amantes das artes sejam cênicas, cinematográ-
ficas ou musicais, um ponto de recreios e entretenimento com encontros dançantes e
conferências literárias que consequentemente exalava cultura. Como o cinema desen-
volvia-se lentamente nesse espaço de tempo, o teatro como arte tão antiga fomenta-
va-se em terras timbaubenses onde gente da terra esmerava-se em espetáculos locais.

A revista comemorativa do centenário publicada pela Prefeitura Municipal em


fevereiro de 1982, descreve sobre o primeiro espetáculo apresentado pelo Cine Re-
creios Benjamin:
inaugurado em 05 de março de 1916, já em 12 de maio daquele ano era apresentada
sua primeira peça artística: “Terra dos Mocós”, em 3 atos, com 6 quadros, 3 apoteo-
2  Poeta e Jornalista onde foi redator chefe do Diário de Pernambuco. Como Político foi Prefeito de Timbaúba entre 1919 a 1922,
sendo também Deputado Federal e Senador.

SANTOS, Alexandre José Barboza dos.


GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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ses, 30 números de músicas e 30 declamações, tendo com autor do texto o próprio


Jader de Andrade, com músicas do maestro Manoel Marinho.

Em 08 de dezembro de 1916, apresentou-se a opereta “A Princesa de Monte


Azul”, do paraibano Camilo Ribeiro, com elenco constituído por Jovens da sociedade
local. Em março de 1917, ocorre a reapresentação da opereta “A Princesa de Monte
Azul” e na mesma noite a apresentação do “Concerto Instrumental” pelo Club Sym-
phonico. E em meados de novembro de 1918 a Trope “Cora Costa” do Rio de Janeiro,
veio a Timbaúba onde encenaram no palco do Recreios Benjamin a revista: “Por causa
da Espanhola” e as peças: “Os dois Sargentos e o Dote” (SUNA, 1992).

O Cine Recreios Benjamin passou por uma primeira reforma e foi reinaugurado
em 07 de setembro de 1924, posteriormente em 1926 foi efetuada uma nova reforma.
Suas dimensões de palco são assentadas no tamanho do Teatro Santa Isabel da capital
pernambucana; sua estrutura é composta de colunas de metal artisticamente trabalha-
das, servindo de apoio a cobertura; conta com um fosso para orquestra e oito camarins
para atores, sua fachada de inspiração eclética, ostenta cinco largas pontas protegidas
por um alpendre. (REVISTA DO CENTENÁRIO, 1982)

No primeiro ano de funcionamento houve 306 sessões, e frequentaram o Cine


Teatro Recreios Benjamin, para assistirem filmes, peças, operetas e musicais, 55.787 es-
pectadores. As exibições cinematográficas aconteciam diariamente, interrompendo-se
apenas para as temporadas teatrais. Exibiam-se filmes como: “Tapete Sagrado, Judeu
Errante, mais forte que o ódio é o amor, Estrada proibida e Rapariga a La mode”, com
Charles Chaplin, fazendo grande sucesso. (REVISTA BANCO NO NORDESTE, 1983)

A partir de 1925, houve um progresso significativo na produção cinematográfica


nacional (MIUCCI, 2009). Contudo o Cine contava com apresentações cinematográfi-
cas de diversos filmes internacionais europeus e norte-americanos.

Isnar Moura3, escrevendo o artigo “Timbaúba na Saudade” (ACIAT, 1987, p. 21)


descreve:
a sua lotação, podendo acolher milhares de expectadores. Tendo ainda o privilégio
de apresentar programa diferente cada noite. Assim os melhores filmes passados
em Recife – europeus e norte – americanos, eram vistos por timbaubenses frequen-
tadores da casa.

Nos meados de 1926, foram apresentados vários espetáculos pelo “GRUPO RO-
SAS”, constituído por alunos da Professora Ana Eufrásia4 , em maio de 1928, exibiu-se
o “QUARTETO MUSICAL DE GOIANA”, com pianista recém chegado de Paris, em
novembro do mesmo ano a “TUNA PORTUGUESA” do Recife, nos anos de 1929 a

3  2 Professora, escritora, jornalista, poetiza e pesquisadora educacional. Manteve coluna nos seguintes jornais: Jornal do Comércio,
Folha da Manhã e Diário da Noite
4  Professora, que educou várias gerações timbaubenses, em sua homenagem existe uma escola estadual que carrega o seu nome.

CAPÍTULO 3
CINE TEATRO RECREIOS BENJAMIN: ESTIGMA CULTURAL DA CIDADE DE TIMBAÚBA-PE
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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1933 não encontra-se registros das apresentações, contudo nesse período não ocorriam
interrupção nas programações ora teatro, ora filmes e até mesmo bailes. Já em 1934 foi
encenado o drama: “BEIJO DE JUDAS”, com integrantes do Centro Dramático de Tim-
baúba, o qual era constituído por Jovens da sociedade local. No mesmo ano a comédia:
“O BOMBOZINHO” foi apresentado pelo Centro Dramático de Viriato Correia. De
1935 a 1937, outro período que não se sabe ao certo quais foram as programações, po-
rém já em 1938 foi apresentada a peça “EVA NA POLÍTICA”, pelo Centro Dramático
Valdemar de Oliveira, no ano seguinte a comédia “COMPRA-SE UM MARIDO” de
José Wanderley. (SUNA, 1992)

O Tradicional Colégio Normal Santa Maria, fundado em 1938 por freiras alemãs,
utilizava o Cine Teatro Recreios Benjamin para uma infinidade de eventos escolares
inclusive as suas formaturas. Como nos afirma Costa (2003, 152.):
As alunas consideravam uma importante singular, porque apresentavam peças com
instrumentos, dramatizações, músicas e danças no Cine Teatro Recreios Benjamin,
com público pagante. Havia polcas, cantigas e danças de Portugal, marchas, sonatas,
coros orfeônicos escolares, partituras de autores alemães...

Para o teatro, a alunas do Colégio Normal Santa Maria apresentavam peças como
“Theatro Infantil”, composta por versos do Prof. Américo G. Costa, com música de
Francisco, “Sangue que Ora”, em três atos “Ondas do Danúbio Azul”; “O Gazeteiro”,
“Os Morangos” em 2 atos, entre outras. Algumas apresentações para público pagante,
a arrecadação era destinada as obras de caridade ou para as missões cristãs católicas.
(COSTA, 2003)

Em 14 de fevereiro de 1943, estreou-se a comédia “A DITADURA” de Paulo Gui-


marães, no mesmo ano “TEM DE CASAR, CASA!” de Waldemar de Oliveira, pos-
teriormente em 1947 ocorre a encenação da cômica “A CIGANA ME ENGANOU”,
de Paulo Magalhães e no início da década de 1950, apresentam-se as Companhias de
Procópio Ferreira e Barreto Júnior. (SUNA, 1992)

Já no final da década 1950 se inicia o período de declínio de espetáculos teatrais,


posteriormente este passou a limitar-se apenas a apresentação de filmes de baixa qua-
lidade, no entanto estes gêneros atraiam um vasto público de camadas mais populares
da sociedade.

Nos anos 70, o Cine Teatro Recreios Benjamin passou pela sua última reforma.
Foram instalados novos projetores, substituídos os bancos por cadeiras, e a substitui-
ção da tela de projeção por outra de maiores dimensões e construído o piso em declive
para dar maior visibilidade aos espectadores, (em razão do piso não ser mais nivela-
do, deixou-se de ocorrer os bailes que eram realizados em suas dependências), porém
as reformas não alteraram a sua arquitetura original. (REVISTA DO CENTENÁRIO,

SANTOS, Alexandre José Barboza dos.


GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

59

1982) Ainda na década de 1970, as apresentações cinematográficas que se constituíam


no período as únicas apresentações no Cine Teatro Recreios Benjamin ganharam a con-
corrência de outros tipos de entretenimento como os programas televisivos.

O Cine Teatro Recreios Benjamin consagrou-se como local de aglomeração de


indivíduos interessados em teatro música, encontros dançantes e recreativos, de con-
ferências literárias e ainda de movimentos filantrópicos e espetáculos beneficentes. O
mesmo marcou profundamente várias gerações por haver concentrado uma vivência
cultural, passando a ser considerado com um bem de valor coletivo, sendo até apeli-
dado carinhosamente pelos timbaubenses como “O Cacareco”.

Podemos dizer que o valor das coisas, além do aspecto monetário, é continua-
mente uma construção subjetiva. É apurado pelos indivíduos por meio do uso, da
apreciação estética ou por questões afetivas como identificação no objeto de parte da
história da sua vida, da identidade de sua comunidade. (Patrimônios de Pernambuco,
2009) O Cine Teatro Recreios Benjamin além de ser detentor de um valor arquitetôni-
co, é bem mais que apenas uma construção é titular de um valor cultural, é um lugar
de memórias de vários gêneros artísticos do município de Timbaúba.

Categoricamente podemos afirmar que o Cine Teatro Recreios Benjamin é um


bem cultural, por se constituir uma herança coletiva, pois é representante de uma his-
tória compondo também a identidade de uma coletividade.

O patrimônio cultural expõe diversos aspectos da cultura de uma sociedade,


sendo possuidor de valores históricos, arquitetônicos ou etnográficos se portando
como referência à identidade, à ação e à memória de cada um dos diferentes grupos
formadores da sociedade. (TELLES, 2010)

4. O tombamento

Nos meados de 1980 surge a notícia da possibilidade deste templo cultural tor-
nar-se um bem tombado pelo patrimônio histórico estadual. Devido este rumor, em
14 de dezembro de 1980, seu palco voltou a vida com a apresentação da peça: “UM
SÁBADO EM 30”, pelo teatro de amadores de Pernambuco, espetáculo de autoria de
Luiz Marinho Falcão5 , timbaubense que, ainda de calças curtas fez sua estreia no palco
do Recreios. Já em 1981, a 1º de agosto, mais uma peça de Luiz Marinho foi apresen-
tada desta vez, “VIVA O CORDÃO ENCARNADO”, também com o Grupo de Teatro
de Pernambuco, sob a direção de Leandro Filho, peça que valeu ao autor o PRÊMIO
MOLIERE da França em 1978. (REVISTA DO CENTENÁRIO, 1982)

5  Nascido em Timbaúba em 1926, Teatrólogo de projeção nacional e internacional, autor de várias obras e detentor de vários
prêmios, entre eles da Academia Pernambucana de Letras e o prêmio Moliere na França em 1978.

CAPÍTULO 3
CINE TEATRO RECREIOS BENJAMIN: ESTIGMA CULTURAL DA CIDADE DE TIMBAÚBA-PE
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

60

Aurélio Buarque de Holanda, no seu mini dicionário da língua portuguesa (2010,


p. 744) descreve: “Tombar, como derrubar; fazer cair; deitar no chão. Fazer o tombo
de; arrolar; inventariar.” Estas terminologias são dúbias, descrevendo dois sentidos
aparentemente distintos, no primeiro de destruição, no segundo de salvaguarda. No
entanto, sob o aspecto do patrimônio cultural o sentido mais adequado é o segundo, é
bom frisar que o incita este último é justamente a constante ameaça do primeiro.

No Brasil a promulgação do Decreto Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, insti-


tuiu a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional e estabeleceu o instrumen-
to do tombamento.

O Cine Teatro Recreios Benjamin, foi tombado pelo patrimônio histórico do esta-
do de Pernambuco por meio do decreto nº 8.444 em 28/02/1983, e tal ato foi encarado
como uma grande conquista para o município timbaubense por se reconhecer o valor
expressivo desde imóvel na conjuntura urbana. Contudo o ato do tombamento foi
interpretado por parte da comunidade com um teor de equívoco, uma vez que a di-
vulgação da revista comemorativa do centenário publicada pela Prefeitura Municipal
em fevereiro de 1982, na página 32 descreve:
caso se concretize o tombamento, poderá o Recreios Benjamin reviver seus áureos
tempos, se tiver ajuda do Serviço Nacional de Teatro e de outras entidades simila-
res, bem como dos poderes públicos de âmbito Federal, Estadual e Municipal, para
mantê-lo, conservá-lo e administrá-lo.

Na realidade o processo de tombamento não possui a atribuição de manutenção,


conservação e administração. Como Fonseca (1997, p. 115) descreve:
o ato do tombamento é uma prerrogativa do poder Executivo, não implica desapro-
priação e nem determina o uso, tratando-se sim de uma fórmula realista de com-
promisso entre o direito individual à propriedade e a defesa do interesse público
relativamente à preservação de valores culturais

Já Silva (2007, p.42) descreve o processo de tombamento como:


uma operação complexa, com implicações econômicas, sociais e simbólicas. Nestes
termos o tombamento pode ser visto como um processo de deslocamento, como um
rito de passagem. É um ato de consagração do valor cultural de um bem, retirando-o
das retóricas do cotidiano e inserindo-o numa narrativa de grupo e/ou nação, trans-
cendendo o fluxo geracional. Constitui-se num ato colecionista.

Uma característica da prática de tombamento no Brasil se configura no marco


jurídico como uma medida de cunho preservacionista por meio de um registro de um
bem em um ou mais livros de tombo.

O tombamento pode incidir tanto nos bens de propriedade pública ou privada,


sendo voluntário, quando constatado o valor de interesses coletivos ou compulsórios,
quando há oposição por parte do seu detentor. (SILVA, 2007)

SANTOS, Alexandre José Barboza dos.


GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

61

À medida que a propriedade de bens culturais está sob a tutela da propriedade


privada sem qualquer medida de proteção constitui-se um risco para o determinado
bem. No caso do Cine Recreios Benjamin, sendo imóvel de propriedade privada, per-
tencente ao espólio da senhora Adélia Nadja Pedroza Ferreira, o ato de tombamento
não altera a propriedade do bem, apenas proíbe que o mesmo venha ser destruído,
descaracterizado e cria a principal obrigação do proprietário que é de conservá-lo.

O desfecho final do Cine Teatro Recreios Benjamin ocorreu em março 1991, onde
parou de funcionar, exceto com realização esporádica de alguns shows musicais com
artistas locais. (SUNA, 1992)

Sem dúvida alguma o Tombamento do Cine Teatro Recreios Benjamin foi uma
grande conquista para a cidade, no entanto essa conquista, não provocou um efeito
estabilizador esperado. Pois se tratando de um bem de propriedade privada, o Tomba-
mento não suscitou nenhuma atitude dos proprietários no sentido de sua manutenção.

5. A necessidade imprescindível de restauro

A situação do imóvel hoje é deplorável, condição esta que vem se arrastando


desde 1991 quando o mesmo se tornou inoperante e está fechado há mais de dez anos.
Na verdade, a preservação do Cine Teatro é precaríssima. Em suma, o marco de uma
época de glórias da cidade está carecendo urgentemente de passar por um restauro
caso contrário o mesmo corre o risco de desabar. Na verdade, não precisa demolir o
bem tombado para derrubá-lo, basta apenas abandoná-lo que isto ocorrerá de forma
gradativa.

Diante desta problemática, nasceu um grupo constituído por escolas privadas e


públicas que tomaram a coordenação de um projeto denominado de Lágrimas do Cine
Teatro Recreios Benjamin, comprometendo-se em sensibilizar a sociedade em geral
para entrarem na luta pela revitalização do mesmo.

Em 09 de agosto do corrente ano de 2011, pondo em prática uma das inúmeras


estratégias definidas pelo projeto supracitado, centenas de estudantes de escolas pú-
blicas e particulares timbaubenses foram as ruas como forma de ato público clamando
por providências por partes das autoridades para que a situação atual do Cine Teatro
Recreios Benjamin fosse revertida através do restauro do imóvel com intuito de evitar
o seu desabamento.

O Jornal do Comércio em 15 de agosto de 2011 fez o seguinte comentário:


O Cine Teatro Recreios Benjamin é personagem de uma situação atípica que se ar-
rasta há anos. Carecendo de uma restauração urgente, a fim de não desabar, não
foi desapropriado, pertencente a terceiros e está alugado a Prefeitura Municipal de
Timbaúba. A Fundarpe declara que tem o maior interesse em restaurar o imóvel,

CAPÍTULO 3
CINE TEATRO RECREIOS BENJAMIN: ESTIGMA CULTURAL DA CIDADE DE TIMBAÚBA-PE
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

62

todavia declara que o assunto esbarra no fato de o mesmo não ao pertencer ao mu-
nicípio ou estado.

No entanto, a citação acima contraria o Decreto lei nº 25, de 30 de novembro de


1937, em seu Artigo 19, onde afirma que:
o proprietário de coisa tombada, que não dispuser de recursos para proceder às
obras de conservação e reparação que a mesma requerer, levará ao conhecimento do
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e necessidade das menciona-
das obras, sob pena de multa correspondente ao dobro da importância em que for
avaliado o dano sofrido pela mesma coisa.

Assim percebe-se que o empecilho não é o imóvel ser de propriedade privada,


pois no mesmo Decreto lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, também no Artigo 19, e
no § 3º afirma:
uma vez que verifique haver urgência na realização de obras e conservação ou re-
paração em qualquer coisa tombada, poderá o Serviço de Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional tomar por iniciativa de projetá-las e executá-las, a expensas da
União, independentemente da comunicação a que alude este artigo, por parte do
proprietário.

Contudo é bom ressaltar que a relação entre grupos envolvidos com as políticas
de patrimônio é, frequentemente, conflituosa. Neste contexto: “a antinomia entre o
público e posse exprime a dificuldade de pensar o patrimônio histórico como um bem
coletivo numa sociedade que privilegia a propriedade privada”. O Bem tombado fica
submetido a uma posição ambígua na qual a “coisa” recebe a tutela do Estado que
pretende com isso proteger o “valor cultural” que a coisa expressa. O proprietário tem
a posse da “coisa” e é a “coisa” que lhe interessa. O estado se interessa pelo “valor cul-
tural”, o qual somente pode ser protegido se a “coisa” estiver preservada. (TAMASO,
2007)

A tensão entre proprietários e o poder público pode ser dirimida com a aplicação
do aparato legal, até parcialmente já citado neste trabalho. A Fundação do Patrimônio
Histórico e Artístico de Pernambuco, através de parecer de 04/2011, afirma:
convém salientar a importância da recuperação e preservação do Cine Teatro Re-
creios Benjamin, anseio de toda a sociedade timbaubense, para cultura pernambuca-
na. O imóvel, que teve seu valor cultural reconhecido pelo Estado através do Tom-
bamento homologado em 1983 constitui ao lado do Cine Teatro Guarani em Triunfo,
do Politheama, em Goiana e do Apolo, em Palmares, os mais expressivos exempla-
res do gênero do interior do Estado. Sua recuperação e revitalização em muito con-
tribuirá para o fortalecimento da nossa cultura, sendo de bom alvitre o compromisso
assumido pelo governador para reabilitação desta Casa de Espetáculos.

Em nota através do seu site a Prefeitura Municipal da cidade diz que tem feito
todos os esforços para que este espaço cultural volte a ter o público em suas cadeiras,
afirmando que já existe um projeto elaborado pela Prefeitura com a FUNDARPE na
possibilidade de ocorrer o restauro. Até porque o mesmo sendo de propriedade parti-
cular estar sob a administração da prefeitura local há muitos anos.

SANTOS, Alexandre José Barboza dos.


GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

63

Cabe então aguardar os trâmites burocráticos e legais desse pleito social, pois a
sociedade anseia e faz votos de que as providências não ocorram tarde demais, para
que as gerações futuras não corram o risco de chegar a conhecer o seu passado exclu-
sivamente por meio de um álbum de fotografias.

6. Considerações finais

Os argumentos empregados neste trabalho serviram para legitimar o Cine Teatro


Recreios Benjamin, como um bem cultural, de herança coletiva, por ser representante
de uma história componente de uma identidade cultural, de valor imensurável.

O Tombamento constituiu-se em uma grande vitória, contudo este não gerou um


efeito esperado. O restauro é algo imprescindível, caso contrário o mesmo poderá vir
a desabar. E para que este restauro aconteça se faz necessário transpor os obstáculos
burocráticos e legais, quiçá isto acorra com brevidade, caso contrário poderá ser tarde
demais.

O restauro precisa ocorrer por três motivos, por este ser um espaço cultural do
qual a cidade carece, também pelas origens culturais que ele revela e em fim pela gran-
de afeição que o povo a ele devota. Pois, sem demasia, o Cine Teatro Recreios Benja-
min é um estigma cultural da cidade de Timbaúba.

No entanto, os possíveis esforços das autoridades governamentais, fomentada


pelas diversas manifestações da população em relação ao restauro não foram suficien-
tes para alcançar o restauro. Onde fez com que o Cine Teatro chegasse em sua data
comemorativa de 100 anos nas suas precárias condições.

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CAPÍTULO 3
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GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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CAPÍTULO 3
CINE TEATRO RECREIOS BENJAMIN: ESTIGMA CULTURAL DA CIDADE DE TIMBAÚBA-PE
66
CAPÍTULO 4

PROGRAMA HABITACIONAL “MINHA CASA


MINHA VIDA”: IMPACTOS SOCIAIS NO
MUNICÍPIO DE TIMBAÚBA-PE

SILVA, Carlos Claudino Ferreira da.1


LUNA, Adriana Dornelas de.2

DOI: 10.46898/rfb.9786599152498.4.

1  Bacharel em Direito (FACET); Especialista em Gestão Pública (UFRPE).


2 Mestrado em Administração e Desenvolvimento Rural (UFRPE); Especialização em Política, Gestão e Educação
Ambiental (UFRPE). Graduação em Engenharia Agronômica (UFRPE).
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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Resumo

E ste estudo tem como objetivo principal analisar de forma clara a satisfação
dos moradores contemplados pelo programa habitacional do Governo Fede-
ral “Minha Casa Minha Vida” como alternativa eficaz contra o déficit populacional. O
estudo também analisa as condições da qualidade de vida, no que tange aos serviços
públicos básicos oferecidos pelo Município de Timbaúba-PE, na localidade onde foi
desenvolvido o projeto habitacional. Aponta estatísticas produzidas por meio de cole-
ta de dados primários junto aos moradores contemplados após alguns anos da entrega
dos domicílios, e revela os pontos positivos e negativos do programa por perspectiva
dos moradores. O trabalho evidencia as estratégias utilizadas pelo Programa Habita-
cional, os meios que tornaram o projeto realidade, as condições oferecidas e o desen-
volvimento do projeto. O desenvolvimento do trabalho promoveu uma visualização
básica sobre os conceitos e fundamentos do Programa Minha Casa Minha Vida assim
como sua finalidade primária para minimizar o déficit populacional. Diferentes aspec-
tos foram incorporados neste trabalho revelando assim importância imensurável uma
vez que analisa a consolidação das informações por meio do levantamento de dados
junto aos moradores residentes.

Palavras-chave: Habitação; Programa habitacional; Administração de recursos; Ges-


tão Federal.

Abstract

This study contemplated by the Federal Government has as main objective to


clearly analyze the satisfaction of the residents housing program “My home, My life”
as an effective alternative against the population deficit. The study also analyzes the
conditions of quality of life, with regard to basic public services offered by the Muni-
cipality of Timbaúba-PE, in the location where the housing project was developed. It
points out statistics produced by collecting primary data from the contemplated resi-
dents after a few years of the delivery of the households, and reveals the positive and
negative points of the program from the perspective of the residents. The work highli-
ghts the strategies used by the Housing Program, the means that made the project a
reality, the conditions offered and the development of the project. The development of
the work promoted a basic visualization about the concepts and fundamentals of the
My home, My life Program as well as its primary purpose to minimize the population
deficit. Different aspects were incorporated in this work, thus revealing immeasurable
importance since it analyzes the consolidation of information through data collection
with resident residents.

Keywords: Housing; Housing program; Resource management; Federal Management.

SILVA, Carlos Claudino Ferreira da.


LUNA, Adriana Dornelas de.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

69

1. Introdução

Segundo Carvalho (2016) o programa habitacional criado pelo governo federal


no ano de 2009, teve como metas impactar o déficit habitacional que existia na época
entre a população de baixa renda projetando um ciclo de estruturação e condições fa-
voráveis à população carente e por consequência a diminuição do déficit habitacional
do país. É inegável que o programa foi um marco histórico entre os projetos voltados
as políticas públicas, sendo mais de 250 bilhões de reais investidos apresentando cer-
ca de 2,5 milhões de moradias construídas e milhares de famílias beneficiadas. No
entanto, muitos projetos desenvolvidos pelo programa apresentam certas falhas na
execução do seu planejamento em relação ao não atendimento das necessidades co-
muns dos moradores. Pode-se citar a deficiência de mobilidade, acessibilidade para
os moradores, saneamento básico uma vez que muitos projetos são construídos em
zonas periféricas o qual apresentam dificuldade de acesso para as famílias residentes.
Além destes fatores, pode-se enumerar outras carências comuns a estes locais como a
falta de hospitais, emprego e comércio. Este problema eleva diversas outras situações
desconfortáveis, por exemplo, a evasão de famílias após aquisição do imóvel.

Conforme Böhm (2018) é perceptível o esforço do Governo Federal através do


Programa Minha Casa Minha Vida – PMCMV em combater os indicares habitacionais,
porém a sua eficácia reside em produzir uma reestruturação aprimorada da alocação
de famílias nessas zonas de habitação, ou seja, é preciso refletir sobre as condições de
vida que as famílias encontrarão nessas regiões.

O programa desenvolveu no município de Timbaúba, localizado na Zona da


Mata Norte do estado de Pernambuco um projeto entregando em sua totalidade 487
moradias em no ano de 2013 contemplando assim centenas de famílias e alocando
mais de 18 milhões de reais em recursos federais no bairro Coronel Maranhão, Zona
Oeste do Município de Timbaúba. Há questões a verificar, são elas: as estruturas de-
senvolvidas para a alocação dessas famílias foram feitas de forma correta, o entorno
foi estruturado para que essas famílias possam se estabelecer, essas famílias foram
preparadas para terem suas moradias e mantê-las. Essas questões precisam ser vistas,
pois o empreendimento em si não resolve o déficit habitacional e muito menos subtrai
pessoas da marginalidade. Uma das questões a serem debatidas é a visão macro do
programa, uma vez que há recursos suficientes para implantação de projetos mais bem
elaborados e estruturados visando não apenas atingir a população carente mais sim a
sustentabilidade do local onde essas famílias serão alocadas (PROJETO DE TRABA-
LHO TÉCNICO SOCIAL-PTTS, 2013).

CAPÍTULO 4
PROGRAMA HABITACIONAL “MINHA CASA MINHA VIDA”: IMPACTOS SOCIAIS NO MUNICÍPIO DE TIMBAÚBA-PE
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

70

2. O Programa Minha Casa Minha Vida – PMCMV

O Programa Minha Casa Minha Vida é um programa habitacional criado em


2009 pelo Governo Federal para atender a demanda do setor a famílias alocadas nos
indicadores deficitários quantitativos do setor habitacional (CARVALHO, 2016).

O Manual do Programa Minha Casa Minha Vida publicado pela Caixa Econômi-
ca Federal (2014), afirma que:
O Programa Minha Casa Minha Vida — tem como objetivo atender às necessidades
de habitação da população de baixa renda nas áreas urbanas, garantindo o acesso à
moradia digna com padrões mínimos de sustentabilidade, segurança e habitabilida-
de. O programa concede financiamento diretamente aos beneficiários (Pessoa Física)
ou à Entidade Organizadora (Pessoa Jurídica), que reúne os beneficiários, utilizando
recursos provenientes do Orçamento Geral da União — OGU, depositados no Fun-
do de Desenvolvimento Social — FDS. Conforme Decreto nº 103, de 22 de abril de
1991*, o Fundo de Desenvolvimento Social é destinado ao financiamento de projetos
de investimentos de relevante interesse social nas áreas de habitação popular, sanea-
mento básico, infraestrutura urbana e equipamentos comunitários.

A partir da aprovação da Medida Provisória n° 459, em março de 2009 o Pro-


grama passa a ser implantados com investimentos iniciais acima dos R$ 34 bilhões de
reais oriundos do Orçamento Geral da União, recursos do FGTS e incentivos do BN-
DES. O programa alcançou grande sucesso devido ao atendimento a famílias de baixa
renda atrelando taxas de juros mais atrativas e projeção de pagamento e subsídios
incentivados pelo próprio governo federal (BÖHM, 2018).

A relação entre o Programa Minha Casa Minha Vida e a lei nº 11.977 de 7 de julho
de 2009, na visão de Pacheco (2017), prevê:
[...] condições para a implementação do Subprograma de Habitação Urbana, entre
as quais a exigência de que os terrenos se localizem em áreas consolidadas da malha
urbana ou que estejam em expansão, que sua construção seja em áreas providas de
infraestrutura básica e que o projeto esteja adequado do ponto de vista ambiental.
Além disso, a portaria nº168, de 12 de abril 2013, que regulamenta o Programa Mi-
nha Casa, Minha Vida financiado, com recursos do Fundo Público de Arrendamento
Residencial (FAR), estabelece que no raio de 2,5 km da área de construção do terreno
existam equipamentos urbanos e socias.

De acordo com Romagnoli (2012) o programa insere-se dentro de um contex-


to para se tornar uma ferramenta essencial não só para minimizar a crise econômica
vivida pelo país como também atender a uma proposta social tendo como principal
objetivo impactar milhões de famílias carentes, aquecer o setor imobiliário, corroborar
com grandes empreendimentos no setor da construção civil e minimizar o déficit ha-
bitacional.

O grande aporte de recursos para a projeção, execução e entrega das moradias


reflete um efeito positivo dentro da sociedade brasileira uma vez que os indicadores
caminham para índices deficitários mais baixos. Apesar de o programa apresentar-

SILVA, Carlos Claudino Ferreira da.


LUNA, Adriana Dornelas de.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

71

-se eficiente para certos pontos como, desenvolvimento da economia, peca em outros
como, efetividade nos indicadores habitacionais e pouca eficácia na estratégia de ges-
tão utilizada mesmo com recursos disponíveis (MARQUES, 2016).

2.1 Impactos Sociais Oriundos Do Programa Minha Casa Minha Vida

O Programa Minha Casa Minha Vida precisa ser compreendido dentro de um


contexto mais amplo na visão econômica e política. Desde a criação da Constituição de
1988 até o ano de 2003 o país apresentou o vazio deixado pelo Banco Nacional de Ha-
bitação – BNH e pela ausência de um programa de interesse social na área destinada a
habitação popular. (PACHECO E ARAÚJO, 2017)

Com a criação do Ministério das Cidades em 1 de janeiro de 2003 pelo então


Presidente empossado Luiz Inácio Lula da Silva, teve como missão básica combater as
desigualdades sociais, transformando as cidades em espaços mais humanizados, am-
pliando o acesso da população à moradia, ao saneamento e ao transporte. Com a im-
plantação do ministério constituiu-se um fator inovador na adesão as novas ideologias
de implantação das políticas públicas no país e trouxe medidas para o planejamento e
estruturação de projetos voltados ao setor habitacional (BRASIL, 2018).

De acordo com Böhm (2018) com o advento ao programa, entre os anos de 2009
e 2017 mais de 3 milhões de famílias foram beneficiadas diretamente pelo programa
com investimento acima dos R$ 300 bilhões de reais por parte do governo federal.
Ao longo do ano de 2017, carregado pela forte crise que se alastrou por todo o país, o
governo não conseguiu dar continuidade ao programa em comparação a anos anterio-
res. O programa, de janeiro a abril de 2017, favoreceu a população de até 3 salários-
-mínimos em menos de 2 mil das mais de 110 mil unidades contratadas. Isso mostra
a necessidade de haver novos estudos e alternativas mais eficazes para promover a
reestruturação do programa.

A política habitacional brasileira, por intermédio do Ministério das Cidades, al-


cançou resultados significativos ao acesso da população em adquirir a casa própria,
resgatou o estímulo social para condições mais favoráveis a redução das desigualda-
des sociais e manter aquecido o setor da construção civil. No contexto da crise eco-
nômica vivida no ano de 2009, o país soube superar as dificuldades e promover uma
boa perspectiva na implantação do programa habitacional além da requalificação de
imóveis urbanos e da reforma de imóveis rurais (MARQUES, 2016).

3. Gestão do Programa Minha Casa Minha Vida

O programa habitacional Minha Casa Minha Vida – PMCMV apresenta grandes


impactos diante da sociedade brasileira mantendo aquecido o setor imobiliário e be-
CAPÍTULO 4
PROGRAMA HABITACIONAL “MINHA CASA MINHA VIDA”: IMPACTOS SOCIAIS NO MUNICÍPIO DE TIMBAÚBA-PE
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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neficiando principalmente as famílias carentes. O benefício se estende as classes mais


desfavorecidas como também famílias que possuam renda de até 5 mil reais mensais e
que se enquadrem nas exigências de protocolos dos agentes financiadores (MINISTÉ-
RIO DAS CIDADES, 2018).

Na visão de Marques (2016) a ideologia do projeto é de grande validade pois


impacta positivamente diversos setores da economia nacional, porém várias questões
ficam em aberto de forma relevante. As famílias beneficiadas possuem toda a estrutura
básica para viver nas regiões onde foram construídos os empreendimentos? Nessas
áreas, há condições favoráveis para que estas famílias decidam dar continuidade as
suas atividades diárias? Essas questões são de extrema importância, pois o programa
desemborca milhões de reais em recursos e que precisam ser geridos de forma mais
eficaz.

De acordo com Böhm (2018) estas questões podem ser respondidas de forma
bastante clara se observado os indicadores apresentados pelo programa. Segundo rela-
tório divulgado pelo Tribunal de Contas da União – TCU, segundo dados do processo
TC 034.402/2012-8, cerca de 60% dos empreendimentos construídos pelo programa
apresentam defeitos ou vícios construtivos ou inadequações nas dimensões, instala-
ções e matérias empregadas na residência e indisponibilidade de equipamentos de
lazer e uso comum. Estes dados são bastante preocupantes uma vez que estas famílias,
por sua vez, não encontram condições favoráveis a fixar residência, acarretando assim
no abandono das moradias voltando a marcar presença nos indicadores deficitários.

É importante estabelecer que o programa possui valor inestimável para a socie-


dade brasileira e principalmente para as famílias que se encontram na classe de baixa
renda. No entanto, uma reestruturação de projeto, execução e implantações de novos
projetos agregando as áreas do empreendimento pode estimular o melhoramento nos
indicadores do programa (ROMAGNOLI, 2012).

4. Vantagens e desvantagens do programa minha casa minha vida

Segundo Pacheco e Araújo (2017) sabe-se que o programa atingiu diretamente


milhares de famílias por todo o país e por consequência disso aquece a economia por
meio de incentivos atrelados ao setor da construção civil. O programa habitacional
dessa magnitude foi um marco histórico dos programas sociais populares do Brasil.
Sendo assim é difícil encontrar algum reflexo negativo gerado pelo programa. No en-
tanto, é importante destacar que há aspectos importantes para considerar desde a im-
plantação até a entrega das moradias.

SILVA, Carlos Claudino Ferreira da.


LUNA, Adriana Dornelas de.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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Dando início aos pontos negativos, é de grande validade refletir sobre todo o
planejamento que é feito em torno do empreendimento até a entrega às famílias con-
templadas.

A questão reside exatamente na entrega das moradias. Quando estas são reali-
zadas muitas não apresentam estruturas básicas mínimas para as novas famílias se
estabelecerem uma vez que se faz necessário haver um conjunto de incentivos para
que as famílias que estão a se deslocar para essas áreas continuem nelas. Falta de hos-
pitais, áreas de lazer, déficit de emprego e baixo poder atrativo do entorno onde são
construídas são exemplos da falta de estruturação de muitos projetos entregues (RO-
MAGNOLI, 2012).

Abordando os pontos positivos do programa têm-se a velocidade como é con-


duzido todo o projeto, ou seja, os empreendimentos são financiados e executados de
forma bastante compacta atrelando recursos da União. Ao longo de quase dez anos
do programa já foram investidos mais de R$ 300 bilhões de reais. Outro ponto im-
portante é a redução do déficit habitacional. Este indicador representa o quantitativo
de cidadãos sem moradia adequada numa determinada região. Este ponto é bastante
relevante uma vez que apresenta índices reais da situação de moradia do cidadão bra-
sileiro. Em 2016, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) mostrou
que entre 2010 e 2014, houve queda de 2,8% no déficit habitacional mesmo os índices
demográficos ainda em crescimento (MARQUES, 2016).

De acordo com Carvalho (2016) o impacto da crise econômica em 2009 foi mini-
mizado por causa do programa. O mundo vivia na época grande recessão econômica
e com o advento ao programa, o Brasil pôde sentir em menor escala os efeitos da crise
uma vez que o projeto recém-aprovado gerou incentiva a indústria da construção civil
além de grandes expectativas.

Atração em subsídios para as famílias mais carentes é um ponto bastante impor-


tante, pois o programa em si foi desenvolvido com o pensamento nas famílias mais
pobres que não apresentam condições econômicas para aquisição da casa própria. Na
prática, estes subsídios variam de acordo com a faixa de renda de cada família poden-
do chegar até 90% do valor do imóvel. Com isso agrega-se outro ponto positivo, taxas
de juros menores em relação ao praticado no mercado (PACHECO E ARAÚJO, 2017).

A seguir se pode visualizar um quadro com as principais características positivas


e negativas acerca do Programa Minha Casa Minha Vida – PMCMV.

CAPÍTULO 4
PROGRAMA HABITACIONAL “MINHA CASA MINHA VIDA”: IMPACTOS SOCIAIS NO MUNICÍPIO DE TIMBAÚBA-PE
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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Quadro 1: Vantagens e desvantagens do Programa

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2019.


5. A gestão do projeto minha casa minha vida após 10 anos de sua
implantação

Após 10 anos do início do projeto, o programa se vê margeado por incertezas


devido a situação econômica do país. A deterioração das contas públicas impede o
governo em realizar novas contratações e faz gerar certo nível de apreensão no setor
da construção civil (MENDHES, 2019).

Segundo Lauschner (2013) o problema habitacional do Brasil não é algo novo, re-
mota a décadas e que se intensificou com a Revolução Industrial acompanhado com a
aceleração de crescimento populacional principalmente na zona urbana. No entanto, é
importante destacar que o país criou o programa habitacional Minha Casa Minha Vida
pela medida provisória no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o
objetivo de diminuir o déficit habitacional no país e prospectar maior crescimento no
setor da construção civil gerando milhares de empregos diretos e indiretos. Isso pro-
moveria maior circulação de riqueza no país tornando a economia mais forte.

De acordo com José Carlos Martins, presidente da CBIC (Câmara Brasileira da


Indústria da Construção), o programa habitacional representa mais de dois terços do
mercado imobiliário do País. Essa declaração traduz a importância que o programa
tem no cenário nacional e para manutenção da economia ativa no setor. No entanto,
as novas contratações de unidades estão paradas, pois o Ministério das Cidades foi
incorporado ao Ministério do Desenvolvimento Regional e as medidas de contingen-
ciamento do governo para o início do ano. Contudo as incertezas no mercado e das

SILVA, Carlos Claudino Ferreira da.


LUNA, Adriana Dornelas de.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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contas públicas interferem diretamente na continuidade do programa uma vez que


sua execução depende do Orçamento feito pela União e utilização de parte dos recur-
sos provenientes do FGTS (JORNAL DO COMÉRCIO, 2019).

6. Procedimentos metodológicos

Quanto ao método de pesquisa empregado neste trabalho, conforme Gil (2008),


o método monográfico se enquadra pois baseia-se em um estudo específico sobre de-
terminado assunto.

Com relação ao nível de pesquisa, segundo Gil (2008) o trabalho é desenvolvido


por meio de uma pesquisa descritiva uma vez que tem por objetivo caracterizar um
fenômeno diante de certas variáveis e abordando informações sobre o que deseja pes-
quisar.

Segundo Gil (2008) a pesquisa, quanto aos procedimentos, é tanto de caráter bi-
bliográfico uma vez que para o desenvolvimento deste trabalho foi necessário estabe-
lecer critérios com base de informações em fontes bibliográficas destacando conceitos
e abordagens exploradas por diferentes autores quanto por levantamento de campo.
Por meio deste, houve necessidade de interrogação direta de uma amostra do quan-
titativo total de pessoas que residem em uma localidade do município de Timbaúba
para a coleta de informações.

Por meio de um levantamento de campo, o trabalho foi desenvolvido através da


coleta de informações por amostragem tendo como principal característica selecionar
temas específicos para a produção de dados estatísticos a fim de revelar o nível de
satisfação e condições de sobrevivência dos moradores na localidade. Os dados coleta-
dos foram dispostos de forma a realizar uma análise quali-quantitativa sobre o objeto
de estudo pois o pesquisador tanto recolhe os dados como desenvolve análises sobre
determinado problema (GIL, 2008).

Os temas chaves foram dispostos em perguntas objetivas, as quais visam obter


resultados precisos sobre a problemática e perguntas de satisfação, as que por sua vez
designam a percepção individual sobre o tema proposto.

Para maior compreensão e apresentação dos conceitos apresentados neste tra-


balho foram feitas buscas baseadas nos códigos e leis que estabelecem e regem o pro-
grama habitacional Minha Casa Minha Vida. Assim como relatórios sobre os recursos
destinados ao programa, unidades habitacionais entregues e processo de contempla-
ção.

CAPÍTULO 4
PROGRAMA HABITACIONAL “MINHA CASA MINHA VIDA”: IMPACTOS SOCIAIS NO MUNICÍPIO DE TIMBAÚBA-PE
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

76

Com o objetivo de retratar com maior fidelização a realidade, os dados primários


foram obtidos a partir da formulação de questionário contando oito perguntas. Em se-
guida, selecionada uma amostra de 80 domicílios, de um total de 300 domicílios cons-
truídos pelo Programa Habitacional, para aplicação da pesquisa de campo. Através
de questionário com oito perguntas com alternativas específicas para cada uma delas.
Estas perguntas tiveram como objetivo observar e discutir as condições de moradia no
que tange as condições sociais, econômicas e mobilidade.

7. Análise dos resultados


7.1. Concepções sobre os Pontos Negativos do Programa Minha Casa Minha Vida

Segundo Saporito (2015) nos últimos anos, o governo federal tem investido gran-
de volume de recursos destinado ao Programa Minha Casa Minha Vida para atender a
demanda da população para aquisição de empreendimentos habitacionais de interesse
social com o objetivo de minimizar o déficit habitacional manifestado principalmente
entre a população de baixa renda.

No entanto, os empreendimentos são planejados e construídos com certa falta


de eficácia por parte dos idealistas e gestores dos projetos, pois apesar de apresentar
significativa redução no índice que verifica o déficit habitacional por regiões do país,
a quantidade de recursos investidos deveria promover maior impacto diante dos pro-
jetos já entregues. Fica evidente que há falhas do planejamento à execução, da área
destinada até as famílias que serão alocadas (PACHECO e ARAÚJO, 2017).

De acordo com Böhm (2018) um dos motivos mais evidentes apontadas no relató-
rio elaborado pela auditoria do TCU é a falta de infraestrutura. Pode-se citar a inexis-
tência de escolas, creches, unidades básicas de saúde, comércio e transporte público no
entorno onde são construídas as unidades de moradia para o programa. Essa questão
reflete a falta de planejamento e estruturação do projeto que deveria atender os requi-
sitos mínimos de sobrevivência para os futuros moradores da região.

O fortalecimento da infraestrutura poderia ser promovido através de incentivos


fiscais, modernização da região e adequação básica das zonas onde serviriam os em-
preendimentos.

Grande parte da população contemplada pelo programa adere as percepções de


vida para realização do sonho da casa própria, porém a falta de estrutura e condições
básicas de vida são reduzidas pela ausência de políticas públicas acarretando a evasão
de grande parte das pessoas contempladas (SOUZA, 2018).

SILVA, Carlos Claudino Ferreira da.


LUNA, Adriana Dornelas de.
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7.2. Impactos sociais no Município de Timbaúba-PE gerados pelo programa

Conforme Pacheco (2017) é inegável que o programa contribuiu bastante para o


avanço da economia nacional, desenvolvimento social e melhoria no déficit habitacio-
nal impactando diretamente a economia dos municípios, no entanto, é preciso estabe-
lecer uma conexão importante do processo de contemplação ao de satisfação, ou seja,
é preciso entender que as famílias contempladas tenham condições humanas e sociais
de viver no local.

O objetivo do programa sempre entendeu o processo como algo para reduzir o


déficit habitacional e promover condições humanas as famílias a terem sua casa pró-
pria. Porém o desejo pode tornar um problema após a aquisição do imóvel uma vez
que mesmo pagando taxas de juros mais baixas que o mercado oferece, compromete a
renda do contemplado e o deixa refém do local onde foi construído o empreendimen-
to que em muitas situações sofre com falta de estruturas em seu entorno como, por
exemplo, falta de saneamento básico, abastecimento de água, distância para os centros
urbanos, ausência de linhas de transportes, entre outras (SAPORITO, 2015).

O município de Timbaúba localizado na Zona da Mata Norte de Pernambuco


foi contemplado pelo Programa Habitacional onde foram entregues 487 moradias e
beneficiou centenas de pessoas. O município ganha bastante com os recursos investi-
dos, no entanto, a gestão municipal precisa estar comprometida em destinar, até o lo-
cal, serviços básicos (saneamento no entorno, coleta de lixo, ruas asfaltadas, postos de
saúde) para manutenção das famílias no local. Do contrário, serão recursos investidos
de forma pouco eficaz o que gera falta de impacto do programa diante dos recursos
investidos (VOZ DO PLANALTO, 2013).

7.2.1. Análise da Pesquisa de Campo sobre as construções desenvolvidas


pelo PMCMV no município de Timbaúba-PE

Foi realizado um levantamento de coleta de informações por meio de perguntas


feitas a um morador residente de cada um destes 80 domicílios.

O questionário apresenta oito perguntas com alternativas específicas para cada


uma delas. Estas perguntas têm por objetivo observar e discutir as condições de mora-
dia no que tange as condições sociais, econômicas e mobilidade.

Os resultados abaixo mostram de forma detalhada o desenvolvimento do levan-


tamento de campo realizado com uma amostra de 80 domicílios pesquisados do Pro-
grama Minha Casa Minha Vida.

CAPÍTULO 4
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Resultado do Levantamento de campo

1. Porque você aderiu ao Programa Minha Casa Minha Vida?

2. Você gosta de morar neste local?

3. Qual o seu nível de satisfação com o abastecimento de água neste local?

SILVA, Carlos Claudino Ferreira da.


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4. Qual o seu nível de satisfação com a coleta de lixo neste local?

5. Qual o seu nível de satisfação com o saneamento básico neste local?

5. Qual o seu nível de satisfação na locomobilidade para outros bairros?

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PROGRAMA HABITACIONAL “MINHA CASA MINHA VIDA”: IMPACTOS SOCIAIS NO MUNICÍPIO DE TIMBAÚBA-PE
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7. Se tivesse possibilidade deixaria de morar neste local?

8. Qual o seu nível de satisfação de moradia neste local?

Conforme observado nos dados acima, o levantamento de campo exerceu papel


importante na determinação de informações tanto de cunho social como econômico.
Os conceitos empregados visaram coletar dados por meio de entrevista com o objetivo
de identificar estatisticamente as relações da população residente com o projeto Minha
Casa Minha Vida.

Na pesquisa realizada as perguntas 1, 2 e 7 apresentam caráter objetivo enquanto


as demais mostram de caráter de satisfação.

Pode-se visualizar com os dados, na pergunta 1, que 71,25% dos entrevistados


responderam que aderiram ao programa do Governo Federal por oportunidade de
moradia e facilidade de crédito. Isso mostra a relação intrínseca do projeto com fa-
mílias de baixo poder aquisitivo proporcionando condições de moradia a população
menos favorecida em termos econômicos. Já na pergunta 2, 66,25% dos entrevistados
responderam que não gostam de morar no local onde residem. É importante destacar
que há uma relação entre as perguntas 1 e 2 de modo que para a maioria dos entrevis-

SILVA, Carlos Claudino Ferreira da.


LUNA, Adriana Dornelas de.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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tados a adesão ao programa por facilidade de crédito e oportunidade não levaram a


satisfação de moradia.

Na pergunta 3 observou-se que 37,25% dos entrevistados estão pouco satisfeitos


e 36,25% estão insatisfeitos com o abastecimento de água no local. Percentual parecido
da pergunta 4 onde 43,75% se dizem pouco satisfeitos e 33,75% insatisfeitos com a co-
leta de lixo. Já na pergunta 5 fica claro que para 81,25% dos entrevistados a pouca ou a
inexistência de satisfação como saneamento básico. As três perguntas apresentam seus
conceitos ligados a satisfação com serviços públicos básicos que garantem a dignidade
e as condições de sobrevivência assim como a prevenção de doenças para a população
residente.

Na pergunta 6, há 47,50% dos entrevistados pouco satisfeitos com a locomobili-


dade do local, ou seja, a construção de suas casas serem em locais de periferia dificul-
tando assim a circulação dessas pessoas tanto no centro como em outros bairros. No
entanto, é visto que 33,75% se dizem satisfeitos com essas condições e não acham esse
fator um empecilho para moradia.

As perguntas 7 e 8 se relacionam devido ao caráter de complementação que uma


complementa a outra. Para 51,25% dos entrevistados deixariam de morar no local e
78,75% se dizem pouco satisfeitos ou insatisfeitos em residir no local. Fica evidente que
para um grande percentual a não satisfação de moradia poderia proporcionar a saída
de suas residências. Tal fato não acontece talvez devido as condições econômicas des-
favoráveis características de grande parte da população que adere ao Programa Minha
Casa Minha Vida.

O estudo mostrou que apesar de o programa carregar diversos benefícios sociais


e econômicos há falhas que por consequência atrapalham uma parcela significativa da
população contemplada com a casa própria. Seus aspectos deficientes se justificam por
não oferecer melhores condições estruturais de moradia, ou seja, a baixa eficiência dos
serviços básicos de saúde tais como: saneamento, coleta de lixo, abastecimento de água
e locomobilidade. A pesquisa estatística mostrou que mais de 70% dos entrevistados
afirmaram que estão pouco satisfeitos ou insatisfeitos com suas moradias. Já 87,50%
dos entrevistados afirmaram que desejariam sair do local onde residem se houvesse
possibilidade.

Junto aos fatores apresentados somam-se o baixo índice de satisfação com ser-
viços de saneamento básico, coleta de lixo e abastecimento de água os quais repre-
sentam, respectivamente os percentuais de 18,75%; 22,50% e 26,25%. Tais resultados
demonstram a ausência de condições básicas de sobrevivência para esta parcela da

CAPÍTULO 4
PROGRAMA HABITACIONAL “MINHA CASA MINHA VIDA”: IMPACTOS SOCIAIS NO MUNICÍPIO DE TIMBAÚBA-PE
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população timbaubense que por não apresentar situação econômica favorável se man-
têm no local.

Em observância aos dados coletados é possível perceber que as moradias /im-


plementadas pelo projeto Minha Casa Minha Vida não atendem ou não atendem sa-
tisfatoriamente as necessidades básicas da população que se desloca para esses locais.
Outro ponto de destaque observado é a adesão de famílias ao projeto acontecer por
não apresentar alternativas melhores. Este fato é visto uma vez que 20% dos entre-
vistados responderam que aderiram ao programa por falta de opções e 66,25% dos
entrevistados dizem não gostar do local de residência. O cruzamento dessas informa-
ções possibilitou identificar que apesar de muitos aderirem ao programa o fazem por
necessidade ou falta opções de mercado.

8. Considerações finais

Baseando-se no trabalho exposto, é possível enxergar que existem muitas famí-


lias que apresentam baixo poder econômico e a oferta de oportunidade da casa própria
através do programa popular Minha Casa Minha Vida coloca essas famílias como o
grande alvo do programa fazendo com que as mesmas se insiram no programa sem
avaliar as condições estruturais e de qualidade de vida presente na localidade após a
aquisição do imóvel.

É importante destacar que o programa não promove indicadores ruins ou apre-


sentam descasos com os projetos ou até mesmo servem como instrumento político.
O programa apresenta uma validade muito importante para a população oferecendo
empregos diretos e indiretos, estimulando a indústria da construção civil e garantindo
melhores condições a milhares de famílias carentes.

O que foi observado pelo estudo é o grande nível de insatisfação da parcela de


moradores residentes do programa habitacional uma vez que mais de 78% dos mora-
dores responderam que não estão satisfeitos em residir na localidade. Corroborando
com esta informação mais de 50% dos moradores responderam que se houvesse pos-
sibilidade deixariam de morar no local.

O cruzamento das informações obtidas pela pergunta objetiva “Se tivesse possi-
bilidade deixaria de morar neste local?” com a pergunta de satisfação “Qual o seu ní-
vel de satisfação de moradia neste local?” revela um grande percentual de moradores
insatisfeitos em continuar a residir na localidade. Concluindo assim, que a carência em
serviços públicos básicos, como saneamento, coleta de lixo e abastecimento de água
são deficientes na localidade provocando grande insatisfação dos moradores.

SILVA, Carlos Claudino Ferreira da.


LUNA, Adriana Dornelas de.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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Portanto, pode-se destacar que famílias estão aderindo ao programa não por
convicção de melhoria de suas vidas, mas por oportunidade de moradia. O obstá-
culo que diversas famílias enfrentam diariamente restringe a obtenção de melhores
condições tendo em vista que o projeto Minha Casa Minha Vida apresenta todos as
ferramentas para promover melhores situações para esta parcela carente sociedade, no
entanto as condições oferecidas no local de desenvolvimento do projeto precisam estar
adequadas as necessidades básicas da população residente.

Este trabalho não só pode ser encarado como um recurso para o estudo sobre as
condições em que foi idealizado o programa habitacional, mas também reflete sobre a
possibilidade de reaver sua aplicabilidade assim como a metodologia de alocação de
recursos para que seja melhor gerido.

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MENDHES, T. Mudanças no “Minha casa minha vida” em 2018. [2018]. Disponível

CAPÍTULO 4
PROGRAMA HABITACIONAL “MINHA CASA MINHA VIDA”: IMPACTOS SOCIAIS NO MUNICÍPIO DE TIMBAÚBA-PE
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

84

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Acessado em 10 de janeiro de 2018.

SILVA, Carlos Claudino Ferreira da.


LUNA, Adriana Dornelas de.
CAPÍTULO 5

FUNDO MUNICIPAL PREVIDÊNCIARIO DE


TIMBAÚBA: UMA ANÁLISE DO GRAU DE
SATISFAÇÃO DOS BENEFICIARIOS NOS
ATENDIMENTOS

SILVA, Eliane Pereira da.1


SANTOS, Alexandre José Barboza dos.2

DOI: 10.46898/rfb.9786599152498.5.

1  Bacharel em Administração (FACET).


2  Bacharel em Ciências Contábeis (FACET); Especialista em Auditoria Fiscal e Tributária (UFPE); Mestre em Gestão
Pública (UFPE).
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

86

Resumo

A previdência social tem como objetivo fornecer um amparo ao cidadão,


diante de alguma fatalidade que venha a lhe ocorrer. Esse artigo faz com-
preender um pouco da história e de como a previdência social sucedeu no Brasil. O
artigo explica como funcionam as políticas previdenciárias no país, como por exem-
plo, a seguridade social, e os pilares que a sustentam, onde um desses é justamente a
previdência social, juntamente com a saúde e assistência social. Buscando entender a
importância do atendimento, e como a eficiência, em tal serviço, afeta diretamente a
satisfação da população. De modo geral, este artigo tem como objetivo analisar o grau
de satisfação dos beneficiários do Fundo Municipal Previdenciário de Timbaúba. A
metodologia utilizada foi a de pesquisa de campo, na qual foi utilizado um questioná-
rio e aplicado aos beneficiários da instituição, com apoio na pesquisa bibliográfica, fei-
ta através de livros e pesquisas na internet e pesquisa de campo. Os resultados obtidos
revelaram o quanto a qualidade no atendimento afeta na satisfação das pessoas, e que
a instituição analisada oferece serviços bastante satisfatórios e eficazes.

Palavras-chave: Previdência Social, Satisfação, Atendimento.

Abstract

The social security has as objective to provide protection to the citizen, in the face
of some fatality that may occur to him. This paper makes us understand some of the
history and how social security happened in Brazil. The paper explains how social se-
curity policies work in the country, such as social security, and the pillars that support
it, where one of these is social security, along with health and social assistance. Unders-
tanding the importance of care, and how the efficiency, in such service, directly affects
the satisfaction of the population. In general, this paper aims to analyze the degree of
satisfaction of the beneficiaries of the Municipal Social Security Fund of Timbaúba.
The methodology used was the field research, in which a questionnaire was used and
applied to the beneficiaries of the institution, by support in the bibliographic research,
made through books and researches in the internet. The obtained results showed how
much the quality of care affects in the satisfaction of people, and that the institution
analyzed offers very satisfactory and effective services.

Keywords: Social Security, Satisfaction, Assistance.

1 Introdução

A história da previdência social no Brasil surgiu a partir do pressuposto de que o


indivíduo necessitaria de uma proteção, nos casos onde o mesmo não conseguisse, de-
vido a algum infortúnio social, continuar ativo, ou seja, não conseguisse desempenhar
SILVA, Eliane Pereira da.
SANTOS, Alexandre José Barboza dos.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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atividades realizadas anteriormente. E, ao longo dos anos, vários processos marcaram


a história da previdência no Brasil, até chegar nos dias de hoje.

Uma das políticas públicas, que tem como dever garantir o bem-estar dos ci-
dadãos, é a seguridade social, a qual dividida em três pilares, esses sendo: direito à
saúde, previdência, e assistência social. Este conjunto de políticas públicas é oferecido
aos cidadãos, para que esses se sintam protegidos e amparados ao longo de sua vida.

Dentre os regimes que compõem a previdência social, encontramos o Regime


Próprio de Previdência Social - RPPS, que é um regime voltado ao servidor público de
cargos efetivos, no qual cada município pode, se assim preferir, elaborar suas próprias
leis e regimentos.

Com base nisso, e levando em consideração a chegada da nova gestão pública,


faz-se importante analisar o tipo de tratamento que cada instituição oferece ao indiví-
duo, lembrando que a qualidade do atendimento afeta diretamente na satisfação dos
cidadãos.

Sendo assim, o tema do presente trabalho foi escolhido para analisar os atendi-
mentos prestados pelos agentes públicos, que, na atual situação do país, a população
tem cobrado cada vez mais qualidade em tais serviços. Sabe-se que, no Brasil, existe
uma precariedade relacionada ao atendimento de algumas instituições públicas, seja
pela falta de comprometimento dos agentes, ou pela falta de instruções partindo da
própria instituição. Então, a análise que foi feita teve como intuito, justamente, tentar
identificar os pontos que precisarão ser melhorados, para que as necessidades dos
cidadãos sejam supridas de maneira satisfatória. E, assim, respondendo à seguinte
problemática: Qual o grau de satisfação no atendimento dos beneficiários do Fundo
Municipal Previdenciário de Timbaúba? Julgando se a instituição realmente consegue
atingir um resultado positivo em relação à satisfação no atendimento de seus benefi-
ciários.

Tendo como objetivo geral, entrelaçar a revisão literária com pesquisa de campo,
evidenciando o grau de satisfação dos atendimentos dos beneficiários do Fundo Muni-
cipal Previdenciário de Timbaúba. Isto posto, os objetivos específicos serão: descrever
a criação e evolução histórica dos Fundos Previdenciários; evidenciar as características
peculiares; relacionar as políticas previdenciárias no Brasil; e, por fim, expor a análi-
se e interpretação relacionada ao grau de satisfação do atendimento dos usuários do
Fundo Municipal Previdenciário de Timbaúba, baseado nos dados obtidos por meio
da pesquisa em campo.

CAPÍTULO 5
FUNDO MUNICIPAL PREVIDÊNCIARIO DE TIMBAÚBA: UMA ANÁLISE DO GRAU DE SATISFAÇÃO DOS BENEFICIARIOS
NOS ATENDIMENTOS
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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O presente artigo está divido em sete partes, onde, no primeiro momento, será
contada uma breve história sobre o surgimento da previdência social no Brasil, junta-
mente com os principais períodos que representaram marcos em sua história.

Seguindo, são explicadas detalhadamente cada umas das políticas públicas pre-
videnciárias no Brasil, dando ênfase à previdência social, especificando cada um de
seus regimes.

Avançando, são evidenciadas as configurações da seguridade social, onde estão


os princípios que norteiam a seguridade, fazendo com que a mesma siga dentro da lei.

Em seguida, foi explorado, mais especificamente, o desenvolvimento dos Regi-


mes Próprios de Previdência, explanado, com mais detalhes, o Fundo Municipal de
Previdenciário de Timbaúba, incluindo informações sobre a administração do fundo,
estudo atuarial, entre outras.

Continuando, foram tratadas as práticas de atendimento, no contexto na nova


gestão pública, demonstrando a importância do atendimento de qualidade para a sa-
tisfação das pessoas, e o quão se faz importante para a imagem da instituição.

O penúltimo tópico explora um pouco da história do Fundo Previdenciário do


Município de Timbaúba – FUNPRETI, apresentando suas leis e seu processo adminis-
trativo, entre outras informações.

E, por fim, é exposto o resultado da pesquisa de campo realizada no Fundo Mu-


nicipal de Previdenciário de Timbaúba, como uma forma de medir o grau de satisfação
de seus beneficiários.

Em resposta à problemática, a hipótese da pesquisa baseia-se em que, aparente-


mente, os beneficiários do Fundo Municipal Previdenciário de Timbaúba encontram-
-se pouco satisfeitos com o atendimento oferecido pela instituição, devido ao horário
disponibilizado, localização e estrutura física da mesma, o que acaba dificultando e
comprometendo a qualidade no atendimento. O cenário ideal seria aquele onde a
instituição tivesse uma preocupação maior em satisfazer seus clientes (população) em
todos os aspectos, frisando a qualidade dos atendimentos prestados aos cidadãos, com
horários mais flexíveis, capacitando e incentivando os funcionários, além de investir
em infraestrutura, para o melhor conforto da população.

2 Breve história da previdência social no brasil

Apesar da primeira legislação, que cedia o direito à aposentadoria ao trabalha-


dor, ter sido decretada em 1888, antes disso, existiram algumas ações que indicavam

SILVA, Eliane Pereira da.


SANTOS, Alexandre José Barboza dos.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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a necessidade de um amparo ao cidadão. Portanto, os primeiros sinais de previdência


social no Brasil se deram desde os tempos coloniais.

No ano de 1543, Brás Cubas fundou a Santa Casa de Misericórdia, onde foi criado
um fundo de pensão como forma de proteção aos empregados da fundação. E, a partir
disso, foram criadas outras instituições, como por exemplo as Santas Casas de Salva-
dor e do Rio de Janeiro. (SOUSA, 2002).

Em 10 de janeiro de 1835, houve a criação do Mongeral – Montepio Geral dos


Servidores do Estado, que foi um grande marco para a previdência social brasileira, o
qual oferecia planos de aspectos alternativos e mutualismo. (AMARAL, 2013).

Com os anos, surgiram vários movimentos de proteção social no Brasil. Porém,


só em 26 de março de 1888, no Decreto n° 9.912-A, foi arregimentada a primeira lei que
deu direito à aposentadoria aos empregados dos correios, segundo a qual o emprega-
do precisava possuir 30 anos de servido efetivo e, no mínimo, 60 anos de idade. Esses
eram os requisitos básicos para conseguir a aposentadoria. Nesse mesmo ano, em 24
de novembro, foi decretada, pela Lei n° 3.397, a Caixa de Socorros, em cada uma das
Estradas de Ferro do Império. (MINISTÉRIO DA FAZENDA, 2012).

É importante salientar que, em 1891, foi decretada a primeira Constituição Repu-


blicana, que foi a pioneira na utilização da expressão “aposentadoria”, que era conce-
dida “aos funcionários públicos em casos de invalidez em serviço da Nação”. Art. 75
(BALEEIRO, 1891, p. 84).

Um dos principais marcos na história da previdência, foi a Lei criada pelo depu-
tado federal Elói de Chaves, em 1923, Lei n°. 4.682 de 24 de janeiro de 1923, recebendo
o nome do próprio deputado, a partir da qual foi criada a Caixa de Aposentadoria e
Pensões (CAP´s), na qual o principal alvo, na época, eram os trabalhadores ferroviá-
rios. E, futuramente, entre os anos 1926 e 1928, duas novas categorias também rece-
biam o benefício: portuários e marítimos, pela Lei n°. 5.109 de 20 de dezembro de 1926;
telégrafos e radiotelegráficos, pela Lei nº. 5.485 de 30 de junho de 1928. (MINISTÉRIO
DA FAZENDA, 2012)

Os trabalhadores pagavam uma pequena contribuição mensal, dando-lhes o di-


reito da aposentadoria, caso os mesmos tivessem a saúde comprometida, ou sofressem
algum acidente de trabalho, incapacitando-os a continuar trabalhando.

Ibrahim observou que:


Em verdade, a caixa não beneficiava todos que trabalhavam nas estradas de fer-
ro, mas apenas os empregados, que prestavam seus serviços, mediante ordenado
mensal, e os operários diaristas, que executavam serviços de caráter permanente.
(IBRAHIM, 2015, p. 55).
CAPÍTULO 5
FUNDO MUNICIPAL PREVIDÊNCIARIO DE TIMBAÚBA: UMA ANÁLISE DO GRAU DE SATISFAÇÃO DOS BENEFICIARIOS
NOS ATENDIMENTOS
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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Contudo, só eram vistos como empregados permanentes os que trabalhavam na


mesma empresa por no mínimo 06 meses consecutivos. (IBRAHIM, 2015).

No decorrer da Era Vargas, em 1930, foi criado o Ministério dos Negócios dos
Trabalhos, Indústrias e Comércios, com responsabilidades relacionadas à proteção do
trabalho e à previdência social. Com isso, foi extinto o sistema CAPs, e substituído
pelos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs). O primeiro IAP organizado foi o
dos marítimos, o IAPM, em 1933, que englobava os trabalhadores das empresas que
realizavam atividades de marinha mercante no Brasil. (ASSIS, 2012).

A Constituição Republicana, decretada em 16 de julho de 1934, tratou-se da pri-


meira a agregar os Direitos Sociais e a Ordem Econômica no Brasil, e assegurou um rol
de Direitos mínimos aos trabalhadores.

“Era assegurado ao funcionário público com mais de 30 anos de trabalho a apo-


sentadoria por invalidez, com salário integral; o funcionário público que se acidentas-
se tinha direitos a benefícios integrais” (MARTINS, 2005, p. 35).

A nova constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, promulgada em


10 de novembro de 1937, constituiu, dentre outros pontos, uma instituição de seguros
de velhice, de invalidez, de vida, e para os casos de acidentes do trabalho em que as
associações de trabalhadores possui o dever de conceder aos seus associados, auxílio
ou assistência, relacionados às práticas administrativas ou judiciais relativas aos segu-
ros de acidentes do trabalho e aos seguros sociais (GOES, 2013).

A Constituição Federal, promulgada em 18 de setembro de 1946, também abor-


dou sobre previdência social, dado que estabeleceu a aposentadoria compulsória aos
setenta anos de idade ou por invalidez comprovada, e facultativa após trinta anos de
serviço público, descrito na forma da lei. Segundo Goes (2013) a Constituição de 1946,
utilizou, de forma inédita, a expressão “previdência social” em seu texto.

Aprovada em 26 de agosto de 1960, nº 3.807, a Lei Orgânica da Previdência Social


(LOPS), onde o projeto de lei, que foi originado em 17 de julho de 1947, “só depois de
cinco reformulações substanciais e de centenas de emendas finalmente foi aprovado”
(MALLOY, 1986, p. 97). Buscava garantir, aos seus beneficiários, os meios obrigatórios
de manutenção, pelos motivos de velhice, inaptidão, tempo de trabalho, prisão ou
morte dos que precisavam economicamente, conforme ações que se destinem à prote-
ção de sua saúde e contribuam para o seu bem-estar (MALLOY, 1986).

No ano de 1977, foi fundado, pela lei nº 6.439/77, o Sistema Nacional de Previdên-
cia e Assistência Social (Sinpas). Esse sistema englobou vários institutos, e, entre eles, o
já existente Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que ficou responsável pela
SILVA, Eliane Pereira da.
SANTOS, Alexandre José Barboza dos.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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concessão e manutenção de benefícios previdenciários, e o Instituto de Administração


Financeira da Previdência e Assistência Social (IAPAS), onde sua responsabilidade era
cobrar e fiscalizar as contribuições previdenciárias.

Todavia, a real estruturação da proteção social brasileira ocorreu efetivamen-


te em 1988, que consiste na atual Constituição Brasileira, formando um conjunto de
ações, incluindo saúde, assistência social e previdência social, utilizando o termo Se-
guridade Social.

Em 27 de junho de 1990, mediante o Decreto n° 99.350, foi criado o Instituto Na-


cional e Seguro Social (INSS), através da fusão do Instituto de Administração Financei-
ra da Previdência e Assistência Social (IAPAS), e do Instituto Nacional de Previdência
Social (INPS), formando, assim, uma nova autarquia federal, na qual o INSS ficou
responsável pelas atribuições de ambos.

3 Políticas públicas previdenciárias no brasil

As Políticas Públicas Previdenciárias competem ao conjunto de ações sociais que


visam a proteção e assistência ao cidadão, garantem direitos no âmbito da seguridade
social, incluído o direito à saúde, assistência social e previdência social. Essas ações
acontecem de maneira integrada, e são de responsabilidades do Estado.
A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativas dos
Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saú-
de, à previdência social e assistência social. (art. 194 da CF/1988, p. 151).

O sistema de Seguridade Social tem por intuito garantir o bem-estar, justiça so-
cial, e assegurar que o cidadão se sinta amparado, em casos da ocorrência de infortú-
nios sociais, como acidentes de trabalho, invalidez, doença, idade avançada, causando
a incapacidade do cidadão em exercer o seu trabalho. O Estado tem o dever de oferecer
ao cidadão todo e qualquer direito referente ao bem-estar.

“A intervenção estatal, na composição da seguridade social, é obrigatória, por


mediação direta ou controle, a qual deve atender a toda e qualquer demanda referente
ao bem-estar da pessoa humana” (IBRAHIM, 2015, p. 5).

Então, dentre os três pilares que integram a seguridade social tem-se:


1)Saúde - De acordo com Constituição de 1988, a saúde, sendo um dos pila-
res da seguridade social, é um direito de todos que, independente de con-
tribuição, todos os cidadãos podem e devem ter acesso, e é dever do Estado
oferecê-la a todos, de maneira universal e igualitária.
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recupera-
ção. (art. 196 da CF/1988, p. 153).

CAPÍTULO 5
FUNDO MUNICIPAL PREVIDÊNCIARIO DE TIMBAÚBA: UMA ANÁLISE DO GRAU DE SATISFAÇÃO DOS BENEFICIARIOS
NOS ATENDIMENTOS
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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Essa política é representada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), criado pela Lei
n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, também chamada de “Lei Orgânica da Saúde”,
sendo de reponsabilidade do Ministério da Saúde. O SUS oferece ao cidadão consultas
médicas, tratamentos, exames, e todos os benefícios referentes à saúde da população.
2) Previdência Social – Previdência Social é um sistema de seguro social que
garante ao trabalhador uma aposentadoria, no caso de afastamento de suas
atividades, causado por ocorrências que o incapacitem de desenvolver o seu
trabalho.

Esse sistema, diferentemente do sistema de saúde, possui o caráter contributivo.


Isso significa que para o cidadão ter acesso é necessária uma contribuição mensal. Por-
tanto, quem não contribui, não tem acesso ao sistema de seguro previdenciário.

Então, de acordo com o artigo 201, da Constituição Federal:


A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter con-
tributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei. (art. 201 da CF/1988, p. 313).

Contudo, a previdência não se restringe apenas à aposentadoria, abrangendo ou-


tros benefícios, tais como:
• Pensão por morte;
• Auxílio-acidente;
• Auxílio-doença;
• Salário maternidade.

No Brasil, o sistema de previdência social é constituído por três regimes, com-


posto por dois regimes básicos, o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e Regi-
me Próprio de Previdência Social (RPPS), e o Regime de Previdência Complementar
(RPC).

O Regime Geral de Previdência Social (RGPS), possui o modelo de repartição


simples. Quer dizer que, os trabalhadores que estão na ativa, contribuindo para o sis-
tema, subsidiam os benefícios para os que já recebem tais benefícios. É administrado
pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), e possui filiação obrigatória. Este re-
gime engloba todos os trabalhadores do setor privado, registrados pela Consolidação
das Leis de Trabalho (CLT), trabalhadores autônomos, rurais, domésticos, e todos que
queiram se registrar como contribuinte facultativo. (SÁ, 2017). Logo, o regime geral
é organizado para atender toda a população economicamente ativa, ou seja, a grande
massa da população brasileira.

O Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), voltado para os servidores pú-


blicos, que possui o quadro efetivo na União, Distrito Federal, Estados, Municípios,
autarquias e fundações públicas. Assim como o RPGS, apresenta o modelo de repar-

SILVA, Eliane Pereira da.


SANTOS, Alexandre José Barboza dos.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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tição simples, igualmente de caráter contributivo. Cada um desses órgãos, pode insti-
tuir, por lei, seus regimes próprios de previdência social, com o intuito de atender os
servidores, desde que possuam cargos efetivos. Nos Municípios que não possuem seu
próprio regime, os servidores, neste caso, são amparados pelo regime geral de previ-
dência social. (MENEZES, 2016).

O Regime de Previdência Complementar (RPC), possui caráter facultativo, orga-


nizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, baseado
na constituição de reservas que garantem o benefício contratado, de acordo com o art.
202, da CF/88. Apresenta o modelo de capitalização, onde o indivíduo recebe de volta
o acúmulo dos anos em que contribuiu. Significa que o que o trabalhador contribui
hoje, futuramente receberá como pagamento de seu benefício.

Esse regime é organizado de duas formas: regime complementar aberto, e regime


complementar fechado.

O regime complementar aberto, administrado pelas Entidades Abertas de Previ-


dência Complementar (EAPC), possui o caráter individual, aberto a qualquer pessoa
que queira participar, desde que esteja ativo no RGPS, ou seja, toda e qualquer pessoa
que esteja economicamente ativa.

Já o regime complementar fechado, administrado pelas Entidades Fechadas de


Previdência Complementar (EFPC), e constituído por fundos de pensões, é criado por
empresas ou associações, onde normalmente são restritos para seu grupo de funcio-
nários ou associados, ou seja, diferentemente do regime aberto, este é destinado para
pessoas que fazem parte de um determinado conjunto.
3) Assistência Social – Assim como a saúde, a assistência social possui caráter
universal, portanto, é um direito de todos, sem necessidade de contribuição.
Todavia, ela é prestada às pessoas que dela precisar.

“A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente


de contribuição à seguridade social” (art. 203 da CF/1988, p. 159).

Nesse caso, todos os benefícios, programas e ações inclusos na política de assis-


tência social, serão ofertados para indivíduos em situações de riscos ou vulnerabilida-
de social.

De acordo com Ibrahim (2015), o seguimento de assistência social tem como obje-
tivo preencher as lacunas deixadas pela previdência social, visto que esta não abrange
todos os indivíduos, apenas os que contribuem para o sistema, juntamente com seus
dependentes.

CAPÍTULO 5
FUNDO MUNICIPAL PREVIDÊNCIARIO DE TIMBAÚBA: UMA ANÁLISE DO GRAU DE SATISFAÇÃO DOS BENEFICIARIOS
NOS ATENDIMENTOS
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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Além do benefício ofertado, conhecido como Benefício de Prestação Continuada,


instituído pela lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, intitulada pela Lei Orgânica de
Assistência Social – LOAS, o serviço de assistência social oferece programas de inclu-
são e apoio ao cidadão, com o intuito de assegurar direitos de assistência à população
desamparada, proporcionado justiça e diminuição nas desigualdades sociais.

4 Configurações da seguridade social

Princípios são um somatório de normas e regras que servem como base para todo
ordenamento jurídico.

Silva (1993, p. 447) define princípios como:

“No sentido jurídico, notadamente no plural, quer significar as normas elementa-


res ou os requisitos primordiais instituídos como base, como alicerce de alguma coisa
[...]”.

Então, no sistema de seguridade social, não poderia ser diferente.

Os princípios da seguridade norteiam e organizam o sistema para melhor cum-


primento da lei. Bem como previsto no art. 194 p. 151, inseridos no parágrafo único da
Constituição Federal.

Esses objetivos abrangem as três políticas da seguridade social: a saúde, assistên-


cia e previdência social. De forma resumida, estes são:
a) Universalidade de cobertura e do atendimento: significa que todos os indi-
víduos que necessitem dos serviços oferecidos pelo sistema de seguridade so-
cial podem ter acesso aos mesmos. No caso da previdência social, por possuir
caráter contributivo, há controvérsia, no que diz respeito da universalidade.
Porém, Tavares (2006), compreende que o sistema brasileiro é universal, visto
que a filiação é “possível até mesmo de forma facultativa para aqueles que
não exerçam atividade laboral”.
b) Uniformidade e equivalência dos benefícios: esse princípio tem como ob-
jetivo extinguir as dessemelhanças no valor dos benefícios dos trabalhadores
da zona rural e urbana. O trabalhador rural tinha um tratamento diferente,
antes da instituição a Constituição de 1988, que, logo após, todos os segura-
dos, sem distinção, não poderiam dispor de aposentadoria abaixo de um sa-
lário mínimo. (IBRAHIM, 2015).
c) Seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços: neste
princípio, é fundamental que haja uma seleção dos indivíduos que realmente
necessitem dos benefícios oferecidos pelo sistema de seguridade social. De
forma que venha a favorecer os mais carentes.
d) Irredutibilidade do valor dos benefícios: esse princípio assegura que, após
estabelecido o valor dos benefícios e aposentadorias, este valor não pode ser
reduzido. “Esse princípio visa manter o poder aquisitivo dos segurados que
recebem benefícios da Seguridade Social”. (TSUTIYA, 2013, p. 184).
e) Equidade na forma de participação e no custeio: Entende-se como justi-
ça social na forma de custeio. Denominado da seguinte forma:“Alíquotas
SILVA, Eliane Pereira da.
SANTOS, Alexandre José Barboza dos.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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desiguais para contribuintes em situação desigual. Os contribuintes que se


encontrarem na mesma situação fática deverão ser tributados da mesma for-
ma”. (TSUTIYA, 2013, p. 186).
f) Diversidade na base de financiamento: “o financiamento da Seguridade
Social compreende um conjunto de recursos que deverão ser buscados em
diversas fontes”. (TSUTIYA, 2013, p. 186). Então, estes recursos advêm de
toda sociedade, como por exemplo: folha de pagamento, dos empregadores,
empregados, COFINS, etc.
g) Caráter democrático e descentralizado da Administração: de acordo com
este princípio, a população tem poder de participação em decisões e no ge-
renciamento da seguridade social, por meio de uma gestão quadripartite, ou
seja, com a participação dos trabalhadores, empregadores, aposentados e go-
verno (IBRAHIM, 2015).

Assim sendo, o financiamento da seguridade social seria feito por toda socieda-
de, disposto no art. 195 da Constituição Federal.
Determina a Constituição que a seguridade social será financiada por toda a socie-
dade, de forma direta e indireta, mediante recursos provenientes dos orçamentos da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das contribuições sociais
(art. 195 da CF/1988, p. 152).

No entanto, para Ibrahim (2015), o financiamento da seguridade social não é feito


apenas pela sociedade, mesmo que as contribuições sociais sejam a principal fonte de
custeio. Os recursos necessários também virão de dotações orçamentárias de todos os
entes federativos.

5 Desenvolvimento dos regimes próprios de previdênca social nos


municípios

O Regime Próprio de Previdência Social, surgiu como forma de proteção dos


servidores públicos de cargos efetivos, diante de qualquer infortúnio social que viesse
a acontecer ao mesmo. Partia de um sistema de natureza assistencial onde não havia
obrigatoriedade de contribuição. Diferentemente dos dias atuais, no qual o RPPS pos-
sui caráter contributivo e filiação obrigatória. (TAVARES, IBRAHIM e VIEIRA, 2004,
apud BISPO, 2004)

Previsto no art. 40 da Constituição Federal Brasileira, o regime próprio está des-


crito da seguinte maneira (1998, p. 309):
Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Fede-
ral e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de
previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo
ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados crité-
rios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e o disposto neste artigo.

Segundo Nogueira (2012), o regime do sistema de previdência social dos servido-


res públicos passou por três períodos históricos:
a) No primeiro momento, antecedente à Constituição de 1988, o sistema
abrangia apenas uma parcela dos servidores, e não existia nenhuma regra

CAPÍTULO 5
FUNDO MUNICIPAL PREVIDÊNCIARIO DE TIMBAÚBA: UMA ANÁLISE DO GRAU DE SATISFAÇÃO DOS BENEFICIARIOS
NOS ATENDIMENTOS
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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que assegurava o equilíbrio financeiro do sistema.


b) Com o início da Constituição de 1988, não houve muitas mudanças quanto
ao período anterior, porém ocorreu uma ligeira ampliação do sistema.
c) Por último, com a reforma de 1998, surgiram princípios de caráter contri-
butivo e do equilíbrio financeiro atuarial.

É importante enfatizar que cada ente federativo dispõe do seu próprio regime.
Isto significa que cada Estado ou Município tem o poder de estabelecer suas próprias
leis dentro do Regime Próprio de Previdência Social.

Contudo, pode-se ressaltar que, apesar de todos os Municípios terem o poder de


constituir seu próprio regime de previdência, aos que não o fazem, seus servidores fi-
cam vinculados ao Regime Geral de Previdência Social, e o município passa a ser visto
como uma empresa privada, onde o mesmo terá que contribuir para o INSS.

6 Configurações do FUNPRETI – fundo previdenciário do municipio de


Timbaúba

Levando em consideração a Lei de nº. 9.717, de 27 de novembro de 1998, e a lei


complementar de nº 101 de 04 de maio de 2000, também conhecida como LRF (Lei de
Responsabilidade Fiscal).

Estes dois dispositivos legais dispõem sobre regras gerais para a organização
e funcionamento dos RPPS (Regimes Próprios de Previdência Social) dos servidores
públicos das esferas: federal, estadual e municipal.

Assim sendo, a Prefeitura Municipal de Timbaúba foi incitada a dar origem ao


seu fundo previdenciário próprio. De tal modo, o FUNPRETI (Fundo Previdenciário
do Município de Timbaúba) foi criado por meio da Lei Municipal de nº 2.450, de 11 de
janeiro de 2002. A respectiva lei traz, em seu bojo, o objeto do RPPS, sede e foro, prin-
cípios, gestão previdenciária, beneficiários, dos benefícios, a administração, do conse-
lho deliberativo, do conselho fiscal, do conselho previdenciário, das disposições gerais
da administração, dos atos normativos, do patrimônio e do exercício social, plano de
custeio, contribuições, sistemas de contas, divulgação dos dados e disposições gerais
e transitórias.

Em, 08 de novembro de 2011 a Lei de nº 2.743, reestrutura o FUNPRETI, revo-


gando, assim, a Lei de nº 2.450, de 11 de janeiro de 2002, que criou o respectivo fundo.

Com o intuito de aperfeiçoar a estrutura e redefinir as disposições preliminares


e dos objetivos, dos beneficiários dos segurados, dos dependentes, das inscrições, do
custeio, da organização do RPPS, do funcionamento do conselho municipal de previ-
dência, do funcionamento do conselho fiscal, da competência do Assistente Adminis-

SILVA, Eliane Pereira da.


SANTOS, Alexandre José Barboza dos.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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trativo-Financeiro, do plano de benefícios, da aposentadoria por invalidez, da aposen-


tadoria compulsória, da aposentadoria por idade e tempo de contribuição, do auxílio
doença, do salário maternidade, do salário família, da pensão de morte, do auxílio
reclusão, do abono anual, das regras de transição, do abono permanência, das regras
de cálculo dos proventos, reajustes dos benefícios, dos regimes financeiro e contábil,
do parcelamento de débitos e encontro de contas e das disposições gerais e finais.

O FUNPRETI (Fundo Previdenciário do Município de Timbaúba), possui sede


na Rua Dr. Alcebíades, nº 276, na cidade de Timbaúba-PE. Possuidor do CNPJ de nº.
04.857.891/0001-58, constituindo-se em uma fundação pública de direito público mu-
nicipal.

Dentre as inúmeras facetas que a Lei de nº 2.743/2011 apresenta em seu bojo, cabe
destacar o seu artigo 24, que compreende a estrutura organizacional do mesmo em: I
Conselho Municipal de Previdência; II Conselho Fiscal; e III Gerência Previdenciária.

O artigo 25 descreve as atribuições do Conselho Municipal de Previdência, consi-


derando este como órgão superior de deliberação colegiado, composto pelos seguintes
membros: 02 (dois) representantes do Poder Executivo; 01 (um) representante do Po-
der Legislativo; 02 (dois) representantes dos servidores ativos; e 01 (um) representante
dos inativos e pensionistas. Todos os membros que compõem o respectivo conselho
terão mandatos de 02 (dois) anos, e todos são nomeados pelo chefe poder executivo.
O Artigo 29 descreve as competências do supracitado conselho como: estabelecer e
normatizar diretrizes do fundo; apreciar e aprovar propostas orçamentárias; organizar
e definir a estrutura administrativa; financeira e técnica do Fundo; acompanhar e fis-
calizar a aplicação da legislação pertinente ao RPPS; manifestar-se sobre prestação de
contas anual a ser remetida ao Tribunal de Contas entre outras.

Já o artigo 30, apresenta as nuances referente ao Conselho Fiscal, que se cons-


titui em um órgão de fiscalização orçamentária financeira e contábil e é composto por
03 (três) membros efetivos, sendo 02 (dois) representantes dos servidores ativos e 01
(um) dos inativos e pensionistas. No Artigo 31, a Lei descreve as competências do res-
pectivo conselho: acompanhar a organização dos serviços técnicos; examinar e emitir
parecer sobre as prestações de contas efetivadas pelo fundo inclusive sobre inventá-
rio, balancetes e balanço anual, lavrando livros de atas os pareceres e resultados dos
exames procedidos; requisitar à Gerência Executiva e ao Presidente da CMP, as infor-
mações e diligências que julgar convenientes e necessárias ao desempenho de suas
atribuições e notificá-los para correção de irregularidades encontradas as providências
de regularização, entre outras.

CAPÍTULO 5
FUNDO MUNICIPAL PREVIDÊNCIARIO DE TIMBAÚBA: UMA ANÁLISE DO GRAU DE SATISFAÇÃO DOS BENEFICIARIOS
NOS ATENDIMENTOS
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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A Gerência Previdenciária do FUNPRETI é exercida por (02) dois membros in-


dicados e nomeados pelo Chefe do Poder Executivo, desde que oriundos do quadro
permanente de servidores efetivos do município. Assim considerado um Gerente Pre-
videnciário e um Assistente Administrativo-Financeiro, como descreve o Artigo 32.

A competência do Gerente Previdenciário é mencionada no Artigo 34, da refe-


rida Lei. Este deve representar o fundo em Juízo ou fora dele; gerir e administrar o
Fundo, em conjunto com o Assistente Administrativo-Financeiro; assinar e organizar
os cheques e documentos, aplicações financeiras; investimentos a serem efetuados, os
serviços de prestação previdenciária; praticar todos os demais atos para o bom e fiel
andamento dos trabalhos e pleno funcionamento do Fundo à luz da legislação aplicá-
vel à espécie, especialmente a expedição dos atos de concessão/revisão de benefícios
previdenciários entre outras.

Já no Artigo 34, a Lei apresenta a competência do Assistente Administrativo-


-Financeiro. Competindo a este: realizar coordenar e programar todas as atividades
administrativas financeiras, controle patrimonial; promover organização das pastas,
arquivos, contas, empenhos, além de outras tarefas correlatas que visem a organização
do fundo, entre outras.

O FUNPRETI descreve o plano de benefícios concedidos, inscritos no Artigo 36,


da supracitada Lei, quanto ao segurado: aposentadoria por invalidez, aposentadoria
compulsória, aposentadoria por idade e tempo de contribuição, aposentadoria por
idade, auxílio doença, salário maternidade e salário família. Quanto aos dependentes,
oferece: pensão de morte e auxilio reclusão.

O fundo realiza, anualmente, a avaliação atuarial do Regime Próprio de Previ-


dência do Município de Timbaúba. O mais recente foi realizado na competência base,
em 31/12/2017, pela Solvecy Consultoria e Assessoria Atuarial Ltda.

E, de acordo com essa avaliação, o número atual de servidores inativos é de 328,


com idade média de 67 anos.

A idade média entre o sexo feminino e masculino varia entre 66 e 72 anos, como
mostra o quadro a seguir.

SILVA, Eliane Pereira da.


SANTOS, Alexandre José Barboza dos.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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Fonte: Estudo atuarial do Regime Próprio Social dos Servidores Públicos do Município de Tim-
baúba - PE

7 Nuances práticas de atendimento no contexto de uma gestão pública


moderna

Ao longo dos anos, com as constantes mudanças do mercado, e os cidadãos se


tornando cada vez mais exigentes, a organização pública vem sendo reformulada. Isso
porque, como toda organização, a organização pública é um sistema social aberto que
está em constante interação com o meio ambiente e, por consequência, sendo influen-
ciada por ele (CARVALHO, 1995).

Para Corrêa (1993) a função das organizações públicas é prestar serviços de qua-
lidade, como por exemplo, no atendimento ao público, obedecendo os princípios fun-
damentais da Administração Pública, como a legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência.

Assim sendo, o foco principal do serviço público é o atendimento, que passa a ser
de suma importância para refletir a qualidade da organização.

A Emenda Constitucional nº 19, de 4 de junho de 1998, inseriu o princípio da


eficiência entre os princípios constitucionais da Administração Pública, previstos no
art 37, caput. (BRASIL, 1998a)

Moraes define o princípio da eficiência da seguinte forma:


É aquele que impõe à Administração direta e indireta e a seus agentes a persecução
do bem comum, por meio do exercício de suas competências de forma imparcial,
neutra, transparente, participativa, eficaz, sem burocracia e sempre em busca da qua-
lidade, primando pela adoção dos critérios legais e morais necessários para melhor
utilização possível dos recursos públicos, de maneira a evitarem-se desperdícios e
garantir-se uma maior rentabilidade social. Note-se que não se trata da consagração
da tecnocracia, muito pelo contrário, o princípio da eficiência dirige-se para a razão
e fim maior do Estado, a prestação dos serviços públicos essenciais à população, vi-
sando a adoção de todos os meios legais e morais possíveis para a satisfação do bem
comum (MORAES, 1999, p. 293).

CAPÍTULO 5
FUNDO MUNICIPAL PREVIDÊNCIARIO DE TIMBAÚBA: UMA ANÁLISE DO GRAU DE SATISFAÇÃO DOS BENEFICIARIOS
NOS ATENDIMENTOS
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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Um dos aspectos do princípio da eficiência refere-se ao comportamento do agen-


te público, onde se espera o melhor desempenho, para o alcance de melhores resulta-
dos, no que diz respeito à qualidade do atendimento ao cidadão.

No entanto, apenas a atuação do agente público não basta para que a eficiência
no atendimento seja alcançada. A Administração Pública precisa investir na estrutura
dos órgãos, e na desburocratização para melhor atuação do mesmo (CUNHA, 2009).

Apesar disso, pode-se afirmar o quão se faz necessário o treinamento e qualifi-


cação do funcionário público para melhorar o desempenho do atendimento, visando
cumprir não somente o princípio da eficiência como os demais princípios contidos na
Constituição.

As exigências dos cidadãos vêm sendo cada vez mais expressadas, na busca por
melhorias dos atendimentos nos setores públicos. Porém, a idealização do setor pú-
blico de servir a todos de forma igualitária acabou gerando margem a se servir mal a
quase todos, com raras exceções, em razão de que os indivíduos são diferentes e pos-
suem necessidades diferentes.

Partindo desse ponto, Cunha observa que:


Ainda de forma tímida o setor público começa a adotar práticas de governança já
consolidadas em organizações privadas, como eficiência e transparência. O resulta-
do é a oferta de serviços melhores e mais comprometidos com a sociedade (CUNHA,
2009, p. 9).

A Administração Pública Gerencial é um modelo que adota a ideia de que o


Estado atue como uma empresa privada, com o foco na eficiência dos serviços e dos
resultados, dos quais esses serviços sejam voltados para os cidadãos, com o intuito de
atender suas exigências.

Em resposta ao descontentamento da administração burocrática, a administração


gerencial surgiu, na segunda metade do século XIX, dando prioridade para o cidadão
e o alcance de resultados, que são algumas de suas características.

Bresser-Pereira afirma o seguinte sobre a administração gerencial:


(...) É orientanda para o cidadão e para a obtenção de resultado; pressupõe que os
políticos e os funcionários públicos são merecedores de grau limitado de confian-
ça; como estratégia, serve-se da descentralização e do incentivo à criatividade e à
inovação; e utiliza o contrato de gestão como instrumento de controle dos gestores
públicos (BRESSER-PEREIRA, 2003, p. 28).

De fato, faz-se necessária a aplicação de uma gestão pública moderna, para o


melhor atingimento de resultados positivos relacionados ao atendimento ao público,
visando não somente a satisfação, como também a valorização do mesmo, como cida-
dão que tem, por direito, receber um atendimento digno.

SILVA, Eliane Pereira da.


SANTOS, Alexandre José Barboza dos.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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8. Mensuração e evidenciação dos dados obtidos na pesquisa em campo

As informações usadas nesta pesquisa, tratadas a seguir, foram colhidas a partir


de perguntas feitas aos beneficiários do FUNPRETI (Fundo Previdenciário do Mu-
nicípio de Timbaúba), com uma amostra de 50 beneficiários, entre os dias 17 a 21 de
setembro de 2018.
Gráfico 01. Faixa etária dos beneficiários do FUNPRETI

Fonte: Elaboração própria

O gráfico 1 mostra que 20% dos beneficiários entrevistados possuem idade entre
00 a 59 anos, 30% encontram-se com idade entre 60 a 74, 34% com idade entre 75 a 84
anos, e 16%, de uma amostra de 50 pessoas, possuem idades entre 85 a 89 anos. Ou
seja, o maior percentual é de beneficiários entre 75 e 84 anos.

Gráfico 02. Beneficiários - classificação por sexo

Fonte: Elaboração própria

De acordo com o gráfico 02, pode-se observar que 24% dos beneficiários entre-
vistados são do sexo masculino, e 76% são do sexo feminino. Havendo, assim, uma
quantidade muito maior de mulheres do que de homens, nos dias que se seguiram às
entrevistas.

CAPÍTULO 5
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Gráfico 03. Renda salarial dos beneficiários

Fonte: Elaboração própria

Analisando o gráfico 03, consegue-se notar que 62% dos entrevistados (a maio-
ria), possui renda de 2 a 3 salários mínimos; 34% dos entrevistados recebem até 1 salá-
rio mínimo, e apenas 4% deles recebem de 3 a 5 salários mínimos.
Gráfico 04. Tipo de benefício

Fonte: Elaboração própria


O gráfico 04 mostra que, dentre todos os entrevistados, o número de beneficiários
aposentados por idade ou tempo de contribuição é de 74%, seguido dos aposentados
por pensão (12%). 10% compõem aposentadoria compulsória, e 4% são aposentados
por invalidez.
Tabela 1: Função dos beneficiários desempenhada anteriormente

Fonte: Elaboração própria

SILVA, Eliane Pereira da.


SANTOS, Alexandre José Barboza dos.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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A tabela 1 mostra a quantidade de beneficiários entrevistados, separados pelos


cargos que ocupavam quando ainda estavam ativos. Verifica-se que a grande maioria
é de ex-professores.
Gráfico 05. Classificação do atendimento realizado pelos funcionários do FUNPRETI

Fonte: Elaboração própria


Com base no gráfico 05, observa-se que os beneficiários entrevistados classifi-
cam o atendimento realizado pelos funcionários do FUNPRETI da seguinte maneira: a
grande maioria (66%) considera o atendimento bom, e 22% consideram o atendimento
ótimo. Ou seja, 88% dos atendidos consideram o atendimento entre bom e ótimo; os
que consideram o atendimento ruim ou péssimo representam, cada um, 6%, perfazen-
do um total de 12% que consideram o atendimento entre ruim e péssimo.
Gráfico 06. Qualidade das informações repassadas pelos funcionários do FUNPRETI

Fonte: Elaboração própria

De acordo com as informações apresentadas pelo gráfico 06, 50% dos beneficiá-
rios consideram como boa a qualidade das informações repassadas pelos funcionários
do FUNPRETI, seguidos dos que consideram a qualidade das informações como ótima
(30%). Ou seja, 84% dos beneficiários classificam a qualidade da informação fornecida
pelos funcionários como boa ou ótima, indicando que eles conseguem transmitir as
informações com clareza e eficiência. 14% dos entrevistados classificam a qualidade
das informações como ruim, e 2% como péssimo.

CAPÍTULO 5
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Gráfico 07. Tempo de realização do atendimento

Fonte: Elaboração própria


Conforme se verifica no gráfico 07, é possível observar que 58% dos entrevista-
dos julgam como ótimo o tempo de realização do atendimento realizado pelos funcio-
nários do FUNPRETI. 24% consideram esse tempo de atendimento como bom, 16% o
consideram ruim, e 2% o julgam péssimo.
Gráfico 08. Duração do último atendimento

Fonte: Elaboração própria


O gráfico 08 mostra que 26% dos beneficiados responderam que o tempo do últi-
mo atendimento durou entre 0 e 5 minutos, 16% que durou de 6 a 10 minutos, 6% entre
11 e 15 minutos, 8% entre 16 a 20 minutos, e 2% responderam que o tempo ocorreu
acima de 20 minutos. A maioria dos entrevistados (42%) não soube responder quanto
tempo demorou seu último atendimento.
Tabela 2. Opinião dos entrevistados em relação ao ambiente/instalações físicas do FUNPRETI

Fonte: Elaboração própria

SILVA, Eliane Pereira da.


SANTOS, Alexandre José Barboza dos.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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A tabela acima mostra que a maior parte dos beneficiários entrevistados conside-
ra o ambiente/instalações entre bom e ótimo, com exceção da comodidade, na qual a
quantidade de “ruim” superou a de “ótimo. Porém, alguns não tiveram uma opinião
concreta para opinar, o que pode prejudicar o entendimento quanto a esse item, prin-
cipalmente no que se refere a sinalização, já que 18 beneficiários não declararam sua
opinião quanto a isso.
Gráfico 09. Opinião quanto à localização do prédio do FUNPRETI

Fonte: Elaboração própria


O gráfico 09 indica que a maioria dos entrevistados (72%) consideram a localiza-
ção do prédio como boa (58%) ou ótima (14%). 26% consideram ruim, e 2% consideram
péssima.
Gráfico 10. Opinião quanto ao horário de atendimento no FUNPRETI

Fonte: Elaboração própria

Observa-se, no gráfico 10, que 64% dos entrevistados consideram o horário de


atendimento do FUNPRETI, que é das 07:00 h às 13:00 h, como bom. 12% consideram
esse horário ótimo, 18% consideram ruim, e 6% consideram péssimo.

O gráfico 11 aponta o grau geral de satisfação dos beneficiários, onde a maioria


de 72% considera o grau bom, e 12% consideram ótimo, perfazendo um total entre
bom e ótimo de 84%. Entre os beneficiários entrevistados que não atingiram a comple-
ta satisfação com o FUNPRETI, 12% consideram o grau ruim, e 4% péssimo.

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Gráfico 11. Grau de satisfação geral com o FUNPRETI

Fonte: Elaboração própria

No geral, o resultado da pesquisa foi bastante positiva, onde, em todas as respos-


tas, os beneficiários demonstraram se encontrarem satisfeitos, tanto com o atendimen-
to prestado pelos funcionários, como pelo serviço prestado pela instituição.

9. Metodologia

O referido trabalho está caracterizado em três diferentes fases: bibliográfica, do-


cumental, e pesquisa de campo. A primeira fase se deu pela pesquisa bibliográfica,
onde se utilizaram alusões teóricas já publicadas em livros, revistas, periódicos, arti-
gos científicos e sites na internet.

Já a segunda fase, deu-se pela pesquisa documental, que se baseou em material


analítico arquivado no FUNPRETI (Fundo Previdenciário do Município de Timbaúba),
bem como em arquivos digitalizados no site da Prefeitura Municipal de Timbaúba,
onde foram observados: Leis, Estudos Atuariais e demais documentos.

A terceira e última etapa da pesquisa foi concretizada in loco pela pesquisadora,


com questionário previamente preparado e preenchido pela mesma, a partir das infor-
mações colhidas com os beneficiários. Na medida em que os benificiários respondiam,
oralmente, as perguntas, a pesquisadora preenchia os questionários. A decisão de rea-
lizar a pesquisa in loco se deu pela oportunidade de coletar dados com o intuito de
responder, com o maior grau de precisão, à problemática em questão. A pesquisa em
pauta considerou as respostas de 13 (treze) questões, de 50 beneficiários, constituindo,
assim, a base de dados para o referente estudo de caso. O questionário levou em conta
a busca de dados com características preliminares dos beneficiários, e, posteriormente,
enfatizou a captação dos dados a respeito do grau de satisfação dos mesmos em rela-
ção ao atendimento prestado pelos servidores e à estrutura física do FUNPRETI.

A coleta dos dados ocorreu entre os dias 17 e 21 de setembro de 2018, conciden-


temente, em momento que os beneficiários compareciam para renovação de contas

SILVA, Eliane Pereira da.


SANTOS, Alexandre José Barboza dos.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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bancárias, em stands montados pela Agência do Banco Santander, do município de


Timbaúba.

Por fim, os dados foram tabulados e compilados, montando, assim onze gráficos
estatísticos e duas tabelas, que foram comentados, analisados e elucidados no tópico
8, deste trabalho, que trata da análise da pesquisa de campo, respondendo, então, à
problemática desta pesquisa.

10. Considerações finais

Desde os primórdios que antecederam ao surgimento da previdência no Brasil,


viu-se o quão se fazia necessária a criação de um sistema que oferecesse aos indivíduos
algum tipo de proteção, principalmente aos que trabalhavam em condições ruins, ou
até a exaustão, onde, na maioria dos casos, acabavam ficando incapacitados ou mor-
rendo precocemente. A partir disso, começava a desabrochar uma preocupação do
Estado em fornecer uma assistência ou um seguro ao trabalhador, em situações que o
mesmo não conseguisse, por conta própria, sustentar-se.

Em virtude disso, existem, nos dias atuais, políticas públicas que reforçam a as-
sistência de proteção ao trabalhador, dando-lhe direitos fundamentais para o seu bem-
-estar e de sua família. Sem esquecer que, com o decorrer dos anos, os cidadãos, têm
cobrado cada vez mais seus direitos, incluindo o direito de ser bem atendido pelas
instituições públicas, tornando-se evidente que os atendimentos, de fato, precisam ser
melhorados. Porém, há uma grande evolução relacionada a esse serviço, onde algu-
mas instituições estão buscando formas de atendimento mais eficientes.

A pesquisa teve como objetivo mostrar conceitos históricos sobre a previdência


social no Brasil, incluindo políticas públicas previdenciárias, isso através de pesquisa
bibliográfica, e analisar, através de pesquisa de campo, o grau de satisfação dos bene-
ficiários da instituição FUNPRETI (Fundo Previdenciário do Município de Timbaúba).

Logo, a pesquisa mostra que, apesar da existência de alguns impasses, de uma


forma geral, a instituição, juntamente com seus funcionários, consegue oferecer um
atendimento eficiente, onde o resultado foi mostrado através dos seus beneficiários,
que demonstraram estarem satisfeitos com os serviços prestados pela mesma. Por-
tanto, o resultado da pesquisa prova que a hipótese não se comprova, uma vez que, a
instituição consegue suprir as necessidades de seus beneficiários.

Contudo, as instituições públicas possuem um grande desafio pela frente. É pre-


ciso preservar os direitos dos cidadãos, incluindo atendimentos de qualidade, preo-
cupando-se com o bem-estar físico e mental dos mesmos, e estando disposta a suprir

CAPÍTULO 5
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NOS ATENDIMENTOS
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suas necessidades, o que não é uma tarefa fácil, tendo em vista que a população está
mais exigente e conhecedora de seus direitos.

Para possíveis trabalhos futuros envolvendo o tema, seria interessante realizar


uma análise sobre a situação financeira dos Regimes Próprios de Previdência Social
(RPPS), com o intuito de mostrar a importância do seu equilíbrio financeiro, e do es-
tudo atuarial de cada município, e como um possível desequilíbrio afetaria seus asse-
gurados.

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CAPÍTULO 6

AUDITORIA GOVERNAMENTAL: UM
ESTUDO SOBRE TÉCNICAS E FISCALIZAÇÃO
NA CIDADE DE MACAPARANA-PE

SILVA, Jucelo do Nascimento.1


FARIAS, Carolina Juliana Lindbergh.2

DOI: 10.46898/rfb.9786599152498.6.

1  Bacharel em Ciências Contábeis (FACET); Especialista em Gestão Púbica (UFRPE).


2 Mestre em Administração e Desenvolvimento Rural pela Universidade Federal Rural de Pernambuco PADR /
UFRPE, possui especialização em Gestão de Negócios, SENAC / PE e Bacharelado em Administração de Empresas,
FOCCA/PE
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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Resumo

O presente estudo busca identificar através da auditoria governamental como


são realizadas novas técnicas e formas de fiscalização dos recursos públi-
cos, fazendo presente também a capacidade em entender como inovar para obter re-
sultados satisfatórios, através do aproveitamento adequado dos recursos. Percebe-se
que por meio da fiscalização é possível: orientar, inspecionar, controlar e identificar de
que forma os recursos são aplicados, se corretamente ou não. E que através de contro-
le, consegue-se observar sua alocação, combatendo os desvios e desperdícios quanto a
sua utilização. Durante os trabalhos de auditoria, é possível fazer indagações, analisar
documentos, fazer conferências e também analisar o conteúdo físico. O presente artigo
buscou identificar na cidade de Macaparana-PE, o conhecimento da população sobre
o processo de auditoria governamental, e entender se esse conhecimento incentiva
ou não a comunidade a realizar cobranças por parte da correta gestão dos recursos
públicos. A escolha sobre a cidade pesquisada foi realizada de forma aleatória sobre
a base de dados das denúncias feitas pela população ou pelo Ministério Público. Para
realização da pesquisa, foram apuradas respostas em questionários estruturados, res-
pondidos eletronicamente. Os dados informados consideram que na sua maior parte,
a população não desenvolve a função ativa de cobrar a correta aplicação dos recursos
governamentais, também foi identificado que as demonstrações feitas pelo portal da
transparência não são de certa forma intensamente acessadas na região.

Palavras-chave: auditoria; fiscalização; recursos públicos; gestão pública.

Abstract

The present study seeks to identify through government audit how new techni-
ques and forms of inspection of public resources are carried out, also bearing in mind
the capacity to understand how to innovate to obtain satisfactory results, through the
appropriate use of resources. It is noticed that through inspection it is possible to:
guide, inspect, control and identify how the resources are applied, whether correctly
or not. And that through control, it is possible to observe its allocation, combating de-
viations and waste regarding its use. During audit work, it is possible to make inqui-
ries, analyze documents, make conferences and also analyze the physical content. This
article sought to identify in the city of Macaparana-PE, the population’s knowledge
of the governmental audit process, and to understand whether or not this knowledge
encourages the community to charge for the correct management of public resources.
The choice of the surveyed city was made randomly on the basis of the database of
complaints made by the population or by the Public Ministry. In order to carry out the
research, answers were found in structured questionnaires, answered electronically.

SILVA, Jucelo do Nascimento.


FARIAS, Carolina Juliana Lindbergh.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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The reported data consider that, for the most part, the population does not play an
active role in demanding the correct application of government resources, it was also
identified that the statements made by the transparency portal are not in any way in-
tensively accessed in the region.

Keywords: audit; oversight; public resources; public Management

1. Introdução

A importância da utilização da auditoria no campo governamental tem crescido


bastante, tal fato ocorre devido à necessidade de a sociedade ter retorno sobre a fun-
cionalidade da auditoria governamental e comprovar se seus objetivos estão sendo
alcançados dentro das organizações.

Segundo retrata Brasil (2010) apud BRAGA, (2009) “a auditoria é utilizada para
comprovar, fiscalizar e visualizar como estão sendo aplicados os recursos públicos”.
De acordo com Sá (2002, p. 44) “a Auditoria governamental, é uma especialização den-
tro do campo da auditoria, pois apesar de seguir princípios e normas técnicas, apresen-
ta peculiaridades na aplicação e sistemática específica”. É utilizada para aprimorar,
supervisionar e orientar a aplicação correta dos recursos públicos na gestão pública, e
vem através de suas técnicas e conceitos, avaliando o desempenho das organizações
públicas.

A auditoria interna é uma atividade destinada a observar, indagar, questionar,


checar e

propor alterações e procedimentos, quando aplicada no setor público é uma fer-


ramenta de controle social, utilizada como instrumento de transparência afim de cor-
rigir desperdícios. (Teixeira, 2011).

Para Castro (2009), trata-se de uma importante técnica de controle em busca de


melhor alocação de recursos, não só atuado para corrigir desperdícios, como inibir
a improbidade, a negligência e a omissão e, principalmente, antecipando-se a essas
ocorrências, buscando garantir os resultados pretendidos e contribuir para agregar
valor ao corpo gerencial, formando um conjunto de procedimentos e técnicas que tem
a finalidade de verificar a eficácia, integridade e adequação dos controles, atos e infor-
mações contábeis dos bens públicos.

Utilizando os conceitos de auditoria e analisando que em 2019 na cidade de Ma-


caparana-PE, foi constatado um desvio, onde eram inseridos na folha de pagamento,
funcionários que não estavam trabalhando, essa situação ocorria desde o ano de 2018,

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AUDITORIA GOVERNAMENTAL: UM ESTUDO SOBRE TÉCNICAS E FISCALIZAÇÃO NA CIDADE DE MACAPARANA-PE.
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tal fato foi informado ao Ministério Público, aberto um Processo Administrativo Disci-
plinar (PAD)- (Prefeitura Municipal de Macaparana /2020).

Desde 2009 quando foi criado o Controle Interno do Município, através da Lei
Municipal nº 509/2009, são realizadas diversas auditorias internas, com o propósito
em direcionar os recursos públicos para serem utilizados de forma correta e os servi-
ços destinados a sociedade sejam disponibilizados com transparência.

A auditoria quando inserida na gestão, segundo Lima (2006, p. 8) “gestão é a


capacidade de fazer o que precisa ser feito”, assim assume uma função importante,
se tornando uma técnica aplicada na gestão interna. Para conseguir desenvolver uma
gestão pública de qualidade é necessário haver um bom planejamento, é a base para
desenvolver as funções necessárias e obter os resultados satisfatórios e desejados

Lima (2006 p. 8) também relata que: “a gestão pública é focada em resultados e


orientada para o cidadão”. Quando se fala em gestão pública, lembrasse sempre, que
todos os resultados obtidos devem ser para proporcionar o bem-estar social.

Nesse sentido, pode-se considerar que a auditoria interna é um conjunto de téc-


nicas que somadas à gestão organizacional, poderá ser aplicada nas organizações vi-
sando o bem-estar da comunidade geral.

Para atender a população em geral, utiliza-se o portal da transparência, criado em


2016 seguindo a Lei complementar nº 131, também conhecida como Lei da Transpa-
rência ou Lei Capiberibe, através do qual, qualquer pessoa pode consultar o processo
de gestão governamental, ver as receitas arrecadadas, despesas, processos licitatórios,
contratos, quadro de funcionários, convênios, auditorias e outros serviços em geral,
além do cidadão poder deixar sua sugestão, opinião ou crítica (BRASIL, 2009).

Portanto analisar o conhecimento da população local sobre o processo de audi-


toria governamental na cidade de Macaparana-PE, se caracteriza como objetivo geral
desse artigo. Para isso foi proposto às seguintes etapas: compreender a importância e
o conceito de auditoria governamental como ferramenta de controle da gestão pública;
identificar as normas gerais da auditoria governamental aplicadas na região e por fim,
verificar qual o nível de conhecimento da população sobre a auditoria Governamental
e o portal da transparência.

No presente estudo, foi realizada uma pesquisa online, aplicada a população de


Macaparana, utilizando uma abordagem quali-quanti. O resultado apresentado cons-
tata que em sua maior parte, os respondentes, entendem como é realizado o processo
de fiscalização, e não fazem denúncias.

SILVA, Jucelo do Nascimento.


FARIAS, Carolina Juliana Lindbergh.
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2 Conceito de auditoria

A origem da auditoria mesmo sendo imprecisa, tem o impulso mais significativo


atribuído à Inglaterra, por ter sido está uma potência desde a época das colonizações
e depois se tornando o berço do capitalismo na Revolução Industrial (Portal da Edu-
cação, 2020).

A auditoria Governamental tem como objetivo verificar se as demonstrações con-


tábeis não possuem distorções consideráveis, levando em conta aspectos patrimoniais,
econômicos e financeiros da entidade, pois desta forma o auditor terá como emitir um
relatório independente sobre as demonstrações (PEPINELLI; DUTRA; ALBERTON,
2011). Estas informações são utilizadas pela própria organização auditada, como in-
vestidores, administradores ou terceiros, órgãos governamentais, bancos ou a própria
sociedade.

No Brasil a auditoria surgiu na década de 30, por conta das empresas internacio-
nais que vieram se instalar no país e da taxação do imposto de renda. No entanto esse
procedimento veio a ficar nacionalmente conhecido por volta de 1968, ainda no século
do XX, através do Banco Central do Brasil, (Bacen) e em 1972 teve o maior reconheci-
mento pelo Bacen, a instituição do IBRACON e (CFC) o Conselho Federal de Contabi-
lidade (PAMPONET, 2009). Pode-se dizer então que a auditoria surgiu da necessidade
de investidores confirmarem se as demonstrações retratam a realidade patrimonial da
empresa (ATTIE, 2011).

Segundo a Constituição Federal, (CF) no artigo 71, inciso IV, cita os tipos de audi-
toria: Auditoria Contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial a serem
realizadas nos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário (BRASIL, 2017).

O planejamento da auditoria é o processo prévio de toda ação a ser desenvolvida


durante o processo de auditoria, define as estratégias que serão aplicadas, faz a avalia-
ção do que vai ser auditado planejando os dias de visita. Toda a informação colhida,
antes do início da auditoria, servirá para que o auditor faça um levantamento prelimi-
nar do que será realizado no período da auditoria (TEIXEIRA, 2004).

Dentre os fatores considerados risco no processo de auditoria pode ocorrer em


três fatores: o risco inerente, de controle e de detecção. O risco inerente pode ser origi-
nário da própria conta analisada, ou seja, erro de cálculo, saldo ou algum tipo de tran-
sação efetuada, o risco de controle pode ocorrer por falta da capacidade em detectar
algum erro por parte do controle interno da entidade e o risco de detecção é quando
todos os procedimentos executados pelo auditor, não consegue observar alguma alte-
ração individual ou conjunta (Portal de Auditoria, 2017).

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2.1 Auditoria Governamental

A Auditoria Governamental é utilizada para comprovar, fiscalizar e visualizar


como estão sendo aplicados os recursos públicos, conforme retrata (Brasil, 2010);
Auditoria Governamental é exame objetivo, sistemático e independente, pautado
em normas técnicas e profissionais, efetuado em entidades estatais e para estatais,
funções, sub-funções, programas, projetos, atividades, operações especiais, ações,
áreas, processos, ciclos operacionais, serviços, sistemas e na guarda e aplicação dos
recursos em relação aos aspectos contábeis, orçamentários, financeiros econômicos,
patrimoniais e operacionais, assim como acerca da confiabilidade do sistema de con-
trole interno, por servidores públicos integrantes do quadro permanente das EFS,
denominados de profissionais de auditoria governamental, através de levantamen-
tos de informações seguras, devidamente consubstanciadas em provas, segundo os
critérios de legalidade, legitimidade, economicidade, eficiência, eficácia, efetividade,
equidade, ética e preservação do meio ambiente, além de observar a probidade ad-
ministrativa e a responsabilidade social dos gestores da coisa pública (BRASIL, 2010
p.11apud BRAGA, 2009 p.56)

Observa-se que com o objetivo de promover o desenvolvimento correto das


aplicações e serviços oferecidos pelo ente público a população em geral, a auditoria
governamental utiliza através de suas técnicas de fiscalização, as ferramentas ideais,
demandas externas, para que esses serviços continuem promovendo o bem-estar da
população, e que os recursos utilizados não sejam aplicados ou desviados de forma
ilegal.

A Auditoria Governamental é gênero, subdividindo-se em três espécies princi-


pais: Auditoria Financeira; Auditoria de Conformidade e Auditoria de Desempenho.
As duas primeiras espécies são denominadas auditoria de regularidade enquanto a
terceira espécie é denominada auditoria operacional segundo as Normas Internacio-
nais das Entidades Fiscalizadoras Superiores (INTOSSAI, 2013).

Conforme Carvalho (2001), a auditoria tem por objetivo garantir resultados ope-
racionais na gerência pública que é exercida por servidores do quadro administrativo,
em todas as unidades e entidades públicas federais, observando os aspectos relacio-
nados à avaliação dos programas de governo e da gestão pública. Para Jund (2006) a
finalidade básica da auditoria na gestão pública é:
Comprovar a legalidade e legitimidade dos atos e fatos administrativos e avaliar os
resultados alcançados, quanto aos aspectos de eficiência, eficácia e economicamente
da gestão orçamentária, financeira, patrimonial, operacional, contábil e finalista das
unidades e das entidades da administração pública, em todas as esferas de gover-
no e níveis de poder, bem como a aplicação de recursos públicos por entidades de
direito privado, quando legalmente autorizadas nesse sentido (JUND, 2006 p. 648).

SILVA, Jucelo do Nascimento.


FARIAS, Carolina Juliana Lindbergh.
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3 Normas e técnicas da auditoria no âmbito público

Para que os recursos governamentais sejam aplicados de forma adequada, al-


cançando suas metas e objetivos, é necessária a fiscalização como controle. Conforme
(Silva, 2004):
Desde 1922 existia no Brasil a preocupação com o controle no setor público. Naque-
la época o controle interno atuava examinando e validando as informações sob os
aspectos da legalidade e formalidade. Sua preocupação era no sentido de atender os
órgãos de fiscalização externa e não à avaliação da forma como os administradores
atuavam na prestação dos serviços públicos. (SILVA, 2004 p. 208).

Para Wilian Attie (1984, p. 52) a auditoria interna é “uma atividade em franco
desenvolvimento e de grande importância para a administração de uma companhia”.
Tanto isto é verdade que a sua existência eficiente e atuante é considerada como um
ponto forte para efeito de controle interno.

Quanto à auditoria externa Cavalcanti (2007), relata que para assumir a responsa-
bilidade, o auditor externo deve ter conhecimento da atividade da entidade, de forma
suficiente para que lhe seja possível identificar e compreender as transações realizadas
pela mesma e as práticas contábeis aplicadas que possam ter efeitos relevantes sobre a
posição patrimonial e financeira da entidade.

Em relação à técnica, Araújo (1998) explicita que; a técnica utilizada é uma impor-
tante ferramenta de controle do Estado na busca da melhor alocação de seus recursos
– princípios da economicidade e eficiência, não só atuando para corrigir os desperdí-
cios, a “improbidade”, a negligência e a omissão, mas também e, “principalmente”,
antecipando-se a essas ocorrências, buscando garantir os resultados pretendidos, além
de destacar os impactos e benefícios sociais advindos.

Peter e Machado (2003) relatam evidência em auditoria como o conjunto de fa-


tos comprovados, suficientes, competentes e pertinentes, obtidos durante os trabalhos
de auditoria, por meio de observações, inspeções, entrevistas e exames dos registros,
que sustentam as conclusões do auditor. Dividindo as técnicas em entrevista; inspeção
física/revisão analítica e exame documental. Classificando-se quanto à evidência con-
forme quadro 1 (CHAVES, 2011)
Quadro 1: Classificação das técnicas de Evidência

Fonte: Chaves (2011)

CAPÍTULO 6
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As técnicas que são aplicadas com mais frequência nas Auditorias Governamen-
tais realizadas são: Técnicas de obtenção de evidência física: inspeção física e observa-
ção direta; técnicas de obtenção de evidência documental: exame documental, circula-
rização e mapa de processo; técnicas de obtenção de evidência testemunhal: entrevista
e indagação escrita; técnicas de obtenção de evidência analítica: conferência de cál-
culos, conciliação, análise de contas, revisão analítica, extração eletrônica de dados e
cruzamento eletrônico de dados (CHAVES, 2011).

Embora existam diversas classificações sobre as técnicas de Auditoria, verifica-se


que todos seus conceitos levam a um só fundamento, a avaliação da gestão pública,
como e de que maneira estão sendo aplicados os recursos públicos, promovendo a
transparência das ações executadas no âmbito público.

No Brasil a auditoria governamental é amparada pela lei 4.728 de 1965, que nor-
matizou o funcionamento do mercado financeiro e fez com que fosse obrigada, asua
prática no país, abrangendo a esfera federal, a estadual e a municipal.

O Tribunal de Contas do Estado (TCE) desenvolveu uma ferramenta chamada


“Tome Conta”, através do seu uso o cidadão pode acompanhar como os municípios,
e entidades do governo do estado, entre eles: Tribunal de Justiça, Ministério Público e
Tribunal de Contas aplicam os seus recursos públicos. É uma forma de facilitar o aces-
so do cidadão para acompanhar as receitas arrecadadas, despesas executadas, obras e
também fornecedores, além de contas julgadas dos gestores (TCE-PE, 2020).

De acordo com o código de ética os princípios apresentados podem ser explica-


dos da seguinte forma: Integridade relata que o auditor deve ser íntegro, no qual passe
confiança nos seus julgamentos; objetividade, o auditor deve ter objetividade profis-
sional, sem influencias de terceiros ou julgar por interesse próprio; confidencialidade,
não divulgar as informações recebidas sem autorização apropriada e competência, o
auditor deve aplicar todo seu conhecimento e prática nos serviços de auditoria no qual
foi destinado a realizar.

O código de ética estabelece os princípios e expectativas que guiam o comporta-


mento dos indivíduos e organizações na condução da Auditoria Interna, descreve os
requisitos mínimos de conduta e expectativas comportamentais, em vez de atividades
específicas. O propósito do código de ética é promover uma cultura ética na profissão
de Auditoria Interna, e é aplicado tanto as entidades, quanto aos indivíduos que presta
serviços de auditoria interna, é adequado para profissão de auditoria interna que tem
como base a confiança dedicada à sua avaliação objetiva da governança, do gerencia-
mento de riscos e do controle (IIA, 2017).

SILVA, Jucelo do Nascimento.


FARIAS, Carolina Juliana Lindbergh.
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4. Metodologia

O presente artigo foi realizado através de uma pesquisa de natureza aplicada,


utilizando-se da forma de abordagem quali-quanti, de caráter descritivo, a partir do
procedimento de levantamento de dados.

A pesquisa se caracteriza de caráter descritivo, segundo Gil (2002) aquelas que


têm por objetivo estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade,
sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física, mental etc. Outras
pesquisas deste tipo são as que se propõe a estudar o nível de atendimento dos órgãos
públicos de uma comunidade, as condições de habitação de seus habitantes, o índice
de criminalidade que aí se registra etc. São incluídas neste grupo as pesquisas que têm
por objetivo levantar as opiniões, atitudes e crenças de uma população.

Segundo Creswell (2007) em pesquisa de abordagem quali-quanti (métodos mis-


tos), o pesquisador usa técnica qualitativa ou quantitativa para literatura, dependendo
do tipo de projeto de métodos mistos que está sendo usado.

A seguir apresenta-se os resultados obtidos, relativo à pesquisa realizada sobre


Auditoria Governamental suas técnicas e fiscalização, relatando os fatos, obtenção de
dados, e resultados obtidos.

Embora a implementação do controle interno seja responsabilidade da Adminis-


tração Pública, a fim de verificar o andamento dos processos realizados pelos funcio-
nários, o processo de transparência dos recursos públicos, talvez não haja o conheci-
mento do cidadão e a consciência da utilidade dessas ferramentas.

Para a realização da pesquisa foi elaborado um questionário on-line, a fim de


averiguar o nível de conhecimento da população local sobre auditoria governamental.
O questionário foi composto de 10 perguntas, sendo elas, 9 fechadas e 1 aberta.

Utilizou-se para a aplicação do questionário a plataforma fornecida pelo Google


Drive, entre o período de 13 a 18 de fevereiro de 2020.

O questionário foi disponibilizado na plataforma do Facebook, no mural do in-


vestigador e também enviado por WhatsApp, através de conhecimentos pessoais e
profissionais.

Ao todo 65 participantes que responderam as 10 questões formuladas no ques-


tionário.

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5. Breve história da cidade de Macaparana-Pe

Localizada na Zona da Mata do estado de Pernambuco, a 120km da capital Re-


cife, Macaparana tem uma população estimada (em 2019) de 25.376 pessoas, tem uma
área total de 108.048 Km2 (IBGE, 2020). Além da cidade sede possui 4 (quatro) distri-
tos: chã do Relógio, Pirauá, Poço Comprido e Nova Esperança, seu Índice de Desen-
volvimento Humano Municipal é de 0,609, o qual fica em 55º no ranking municipal e
3.927ª no ranking nacional.
Figura 1- Localização do Município de Macaparana-PE

Fonte:Google Maps,2020.

A principal fonte de renda é a agricultura e o comércio local, é banhada pelos rios


Goiana e Capibaribe Mirim, sua altitude é de 650 a 1.000 metros acima do nível do mar.
Seu primeiro registro de formação foi em 1879 com a construção de uma pequena casa
de taipa, nas terras do engenho Macapá, que passou a ser chamada de vila Macapá,
distrito da cidade de Timbaúba-PE, que posteriormente passaria a se tornar cidade,
com o nome de Macaparana.

6. Análise e discussão dos resultados

A análise dos resultados do questionário enviado para os cidadãos do município


de Macaparana-PE. É caracterizada por respondentes voluntários que se habilitaram a
responder a pesquisa proposta, uma das exigências para apuração dos dados foi que
os respondentes fossem moradores da região avaliada, a fim de obter informações da
comunidade local.

O número de respondentes alcançados foram 65 pessoas, que representa um per-


centual de 0,005% em relação a população total do município que é de 25.376 habitan-
tes.

De acordo com os dados levantados, que trata do conhecimento da população


local sobre o conhecimento ou não do processo de fiscalização das contas públicas
municipais, foi questionado se a população sabe como funciona o processo de fiscali-

SILVA, Jucelo do Nascimento.


FARIAS, Carolina Juliana Lindbergh.
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zação, os que responderam saber sobre o assunto foi 58% do total (Gráfico1), porém a
pesquisa não buscou aprofundar sobre a veracidade das respostas, ou seja, se o fato os
que disseram conhecer o assunto, poderiam explicar o processo.

Observa-se, no entanto, que o percentual daqueles que não conhecem o processo


ficou com 42% (Gráfico 1). O que representa que quase metade da população entre-
vistada não entende sobre o processo de fiscalização. Nesse aspecto considera-se que
pode ser traçado estratégias que melhorem a questão de divulgação e conscientização
da importância desse nível de informação.
Gráfico 1 - Quanto ao conhecimento sobre o processo de fiscalização das contas Públicas Municipais.

Fonte: O autor
Quanto ao conhecimento sobre auditoria governamental, a maioria dos respon-
dentes 78% (Gráfico 2), informaram já ter ouvido falar, por outro lado, 22% confir-
maram não ter conhecimento, sobre o processo de fiscalização das contas públicas.
Percebe-se que a apuração desses valores, os quais são considerados como ponto im-
portante para uma análise mais aprofundada, pode-se dizer que se trata, inclusive, que
o conhecimento da auditoria do Município, faz parte do exercício de cidadania
Gráfico 2 - Análise do conhecimento da população sobre Auditoria Governamental

Fonte: O autor
O Gráfico 3 abaixo, analisa sobre o conhecimento da população quanto as infor-
mações disponibilizadas no Portal de Transparência das contas Públicas. A análise

CAPÍTULO 6
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permite identificar que 83% da população pesquisada entendem do que se trata o por-
tal da transparência, enquanto 17% relataram não ter conhecimento sobre o Portal.

Esse é um dado importante, pois se a maioria dos cidadãos tem esse conhecimen-
to sobre o Portal da Transparência, pode vir a se interessar em acessá-lo.
Gráfico 3 - Disposição quanto ao conhecimento ou não sobre Portal da Transparência

Fonte: O autor

O gráfico 4 relata a quantidade de pessoas que responderam a pesquisa, e já aces-


saram o portal da transparência da Prefeitura Municipal de Macaparana-PE. No qual
62% disseram que nunca acessaram e 38% falaram que já acessaram.

Através desses dados (Gráfico4), percebe-se que mesmo sendo de fundamental


importância o cidadão, não se sente interessado em acompanhar a gestão pública do
município. O acesso ao portal da transparência permite ao cidadão acompanhar o ca-
minhar da gestão pública do seu município, com isso, estratégias devem ser tomadas
para que as pessoas acessassem mais o portal, fazendo sugestões, denúncias e também
parabenizando ou não a gestão.
Gráfico 4 - Quanto ao acesso no portal da Transparência

Fonte: O autor
No gráfico 5 é relatado a percepção da população local quanto aos sites para fazer
algum tipo de denúncia, nota-se que a maioria, 45 pessoas, nunca acessaram nenhum
tipo de web site. Isso não é bom, a população deve se manter informada e ter consciên-

SILVA, Jucelo do Nascimento.


FARIAS, Carolina Juliana Lindbergh.
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cia do que acontece em seu Município, está atualizada sobre as questões sócio edu-
cativa e econômica, além de denunciar algo que estiver incorreto. Por isso a inclusão
digital deve ser tida como prioridade, para que esses casos não aconteçam.
Gráfico 5 - Percepção da população quanto as denúncias.

Fonte: O autor

O Gráfico 6, traduz a percepção da população quanto as denúncias sobre irre-


gularidades, foi constatado que poucas pessoas costumam denunciar, apenas 7% dos
que responderam, disseram que já fizeram algum tipo de denúncia, o que representa
muito pouco para uma cidade.

Gráfico 6 - Denúncias feitas sobre irregularidades no Município de Macaparana-PE

Fonte: O autor
Desta forma, temos uma população que precisara se adaptar à era digital para
aprender a usar essas novas ferramentas a seu favor, acompanhando, fiscalizando e se
necessário denunciando irregularidades no uso do dinheiro público.

Por outro lado, a Gestão Pública precisa se reinventar e entender que a evolução
dos meios de comunicação é algo irreversível e benéfico a todos os vértices, pois apro-
xima e traz mais oportunidade a população. Além do que, os sites de Transparência
das Contas Públicas têm proporcionado uma efetiva democratização da informação.

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7. Considerações finais

Através da realização desta pesquisa foi possível brevemente apresentar que


acidade de Macaparana, possui uma população pouco participativa, com relação à
fiscalização Municipal, e por vezes, leiga quanto aos seus direitos desconhecendo os
meios de como verificar o trabalho realizado pela auditoria governamental e que são
expostos nos portais de transparência.

O desconhecimento da aplicação dos recursos Governamentais por parte da co-


munidade inibe a cobrança e fiscalização dos agentes públicos, entretanto seu conhe-
cimento permite que se tomem medidas para cobrar do setor público, o investimento
necessário da população.

Sobre casos concretos de denúncias a irregularidades com o uso do dinheiro pú-


blico, o ponto curioso que pode ser identificado na pesquisa, foi à resistência do grupo
assumir alguma posição por não querer estar associado à palavra denuncia, o que re-
vela uma visão distorcida do verdadeiro intuito da palavra, um passo importante de
combate a corrupção.

Cenário que exige a realização de uma pesquisa mais aprofundada, afinal é preci-
so sinalizar que os recursos governamentais não são do poder público e sim da comu-
nidade, os quais devem por direito saber como estão sendo realizados os investimentos
e o que fazer para combater possíveis irregularidades. Conscientizar a população de
um meio que além de servir como fonte de informação também vem sendo utilizado
como uma ferramenta que tem o intuito de aproximar os cidadãos dos representantes
do poder público e orientar a gestão a como se planejar e aplicar corretamente os re-
cursos dentro das necessidades da população.

O objetivo dessa pesquisa foi verificar o conhecimento da população de Maca-


parana em Pernambuco sobre a realização do processo de auditoria e fiscalização das
contas públicas.

Percebe-se que apesar dos dados, mostrar importantes fatos que podem ser con-
siderados para estudos posteriores, acredita-se que o crescimento das pesquisas e dos
trabalhos centrados em conscientização e monitoramento da população de Macapa-
rana- PE, possam influenciar no avanço da percepção local e maior empenho para
a averiguação e dos casos governamentais e utilização das ferramentas de acesso a
informação.

SILVA, Jucelo do Nascimento.


FARIAS, Carolina Juliana Lindbergh.
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Referências
ARAÚJO, F. J. Auditoria Interna: O que é para quê. Revista Brasileira de Contabili-
dade, Nº 114. nov/dez, 1998.

ATTIE, Willian. Auditoria: Conceitos e Aplicações. 2. Ed. São Paulo: Atlas, 1984.

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CAPÍTULO 6
AUDITORIA GOVERNAMENTAL: UM ESTUDO SOBRE TÉCNICAS E FISCALIZAÇÃO NA CIDADE DE MACAPARANA-PE.
128
CAPÍTULO 7

O IMPACTO FINANCEIRO NA
ARRECADAÇÃO DO IMPOSTO SOBRE
SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA
(ISSQN) SOBRE OS SERVIÇOS NOTARIAIS E
DE REGISTROS PÚBLICOS NO MUNICÍPIO DE
TIMBAÚBA-PE
FERREIRA, Ana Cláudia Correia.1
ALVES, Maria do Carmo Maracajá.2

DOI: 10.46898/rfb.9786599152498.7.

1  Bacharel em Administração Pública (UFRPE)


2 Doutoranda em Ensino das Ciências e Matemática (UFRPE) Mestre em Administração e Desenvolvimento Rural
(UFRPE) Graduada em Administração (UFPE)
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

130

Resumo

E ste estudo tem como objetivo principal a análise da repercussão financeira


decorrente do possível descumprimento à determinação legal de cobrança
do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), incidente sobre a ativida-
de nos Cartórios Extrajudiciais do Município de Timbaúba-PE. O trabalho destaca a
importância do tributo e a sua representatividade em termos de arrecadação anual e
é baseado em pesquisas na legislação aplicável e em dados coletados junto ao Portal
da Transparência de Timbaúba, ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Justiça Aber-
ta e ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). Para o levantamento de dados, foi
considerado o período de 2005 a 2018, das atividades administrativo-financeiras das
serventias extrajudiciais, analisando os dados documentais e bibliográficos, concluin-
do-se que o município de Timbaúba não aderiu ao convênio estadual de arrecadação,
e possivelmente a forma de arrecadação do imposto não foi especificada e nem adqui-
rida através dos dados coletados neste trabalho. Isso promove a não transparência de
informações acerca de como está sendo feito o recolhimento do imposto pelo Muni-
cípio de Timbaúba. O tema é de grande relevância à Gestão Municipal, considerando
que a arrecadação deste tributo é crucial à saúde financeira da cidade.

Palavras-chave: Tributos municipais; Administração fiscal; Impostos Sobre Serviços


de Qualquer Natureza; Gestão Municipal.

Abstract

This study has as main objective the analysis of the financial repercussion resul-
ting from the possible non-compliance with the legal determination of collection of the
Tax on Services of Any Nature (ISSQN), incident on the activity in the Extrajudicial
Notaries of the Municipality of Timbaúba-PE. The work highlights the importance of
the tax and its representativeness in terms of annual revenue and is based on resear-
ch in the applicable legislation and data collected from the Timbaúba Transparency
Portal, the National Council of Justice (CNJ), Open Justice and the Court of Justice of
Pernambuco (TJPE). For data collection, the period from 2005 to 2018 was considered,
of the administrative-financial activities of extrajudicial services, analyzing the docu-
mentary and bibliographic data, concluding that the municipality of Timbaúba did not
adhere to the state collection agreement, and possibly the form of tax collection was
neither specified nor acquired through the data collected in this work. This promotes
non-transparency of information about how the tax is being collected by the Munici-
pality of Timbaúba. The theme is of great relevance to Municipal Management, consi-
dering that the collection of this tax is crucial to the financial health of the city.

FERREIRA, Ana Cláudia Correia.


ALVES, Maria do Carmo Maracajá.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

131

Keywords: Municipal taxes; Tax administration; taxes on Services of Any Nature; Mu-
nicipal Management.

1. Introdução

Diante dos termos constitucionais, a Lei Complementar Nº 116/2003, constituída


pelo Supremo Tribunal Federal trata da cobrança do Imposto Sobre Serviços de Qual-
quer Natureza (ISSQN) incidentes inclusive aos serviços de registros públicos, carto-
rários e notariais. Neste a arrecadação dos impostos, definidos em lei complementar,
estão sob a competência do gestor municipal, sendo o responsável direto em gerir a
arrecadação dos recursos para os cofres públicos municipais (BRASIL, 2003).

Esta medida fervorou em discussão em 13 de fevereiro do ano de 2008, após a


declaração de constitucionalidade da Lei Complementar nº 116/2003, pelo Supremo
Tribunal Federal -STF, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade ADIN
3.089-2 - Distrito Federal, tendo a Corte Constitucional, por maioria, deliberado para
acatar a cobrança dentro do âmbito constitucional. Com isso os munícipios passaram
a se mobilizar para exigir o ISSQN de notários e registradores. Dentro da discussão,
sobre a legalidade do imposto, pretendeu-se deliberar que a base de cálculo incidiria
no valor total do serviço prestado. No entanto, vários recursos foram impostos no sen-
tido de que a base de cálculo deveria ter como a referência de um valor fixo, conforme
expressa o §1º do artigo 9º do Decreto Lei 406/1968 (STF, 2008).

Segundo Cassone (2007, p. 127), “incidência é a situação em que um tributo é


devido por ter ocorrido o respectivo fato gerador”. Portanto, ocorrendo a prestação
de serviço, significando obrigação de fazer alguma coisa em proveito de outrem, em
caráter habitual e com finalidade lucrativa.

Segundo o artigo 1°, da Lei Complementar n° 116/2003, o ISSQN é de compe-


tência dos Municípios e do Distrito Federal e face à improcedência da Ação Direta de
Inconstitucionalidade - ADIN 3.089/DF, sendo os titulares de cartórios notariais e de
registros públicos declarados contribuintes de Imposto Sobre Serviços (ISS).

Em dados preliminares deste estudo, observou-se que há Municípios que exe-


cutam a ordem de cobrança deste imposto, porém outros não. Aqueles que cobram
o imposto o fazem tomando como base de cálculo o preço do serviço das atividades
notariais, conforme o Artigo 7° da LC 116/03. Considerando o ISSQN como ferramen-
ta legal, instituída constitucionalmente, deve ser de responsabilidade do município a
devida execução da sua cobrança.

Com a perspectiva de uma fonte arrecadadora, frente ao déficit financeiro que os


municípios enfrentam frente à crise econômica que o país se encontra, a cobrança de-
CAPÍTULO 7
O IMPACTO FINANCEIRO NA ARRECADAÇÃO DO IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA (ISSQN)
SOBRE OS SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTROS PÚBLICOS NO MUNICÍPIO DE TIMBAÚBA -PE
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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vida para os serviços de registros públicos, cartorários e notariais deve ser considerada
de grande valia. Além deste fato, deve se refletir que o gestor público é o responsável
por gerenciar a arrecadação para transformar recursos em melhoria das condições es-
truturais do município (BARRETO, 2005).

A sonegação fiscal é um fenômeno negativo e bastante recorrente nos setores


públicos e privados. Sendo assim, é preciso estabelecer medidas de maior rigor para o
uso dos recursos públicos com o objetivo de propor melhorias das condições de vida
e minimizar as desigualdades sociais dos cidadãos. A negativa em executar à devida
cobrança do ISSQN caracteriza “renúncia tributária” que resulta em improbidade ad-
ministrativa do gestor (OZAKI, 2004).

De acordo com a AMUPE (2019), o Estado de Pernambuco possui 184 municí-


pios, dentre estes 67 atendem a lei nº116/2003. Dentre os 117 municípios que não aten-
dem a esta lei, trago para esta análise o município de Timbaúba, localizado na Zona da
Mata Norte, Estado de Pernambuco (ANEXO A).

De acordo com a Associação Municipalista de Pernambuco (AMUPE), órgão sem


fins lucrativos, mas com uma visão empreendedora na medida em que se articula,
orienta aos municípios, a participar ativamente como parceiros nas decisões tomadas
pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), sempre buscando ser o elo entre
os municípios, os poderes governamentais e a sociedade (AMUPE, 2019).

Ainda de acordo com o Presidente da Associação Municipalista de Pernambu-


co – AMUPE, José Coimbra Patriota Filho, “a associação tem o objetivo de informar e
orientar sobre a obrigatoriedade do imposto uma vez que as receitas contribuem de
forma significativa para as contas públicas municipais”.

1.1. Apresentação e Delimitação do Problema Pesquisado

O município de Timbaúba está localizado na Zona da Mata Norte do Estado de


Pernambuco, tendo sido fundada em 1879. Subdividida por Zonas Rurais e Urbanas,
possui quatro distritos rurais sob sua jurisdição: Cruangi, São José do livramento, Ca-
tucá e Queimadas (IBGE, 2019).

Em termos econômicos, o Município de Timbaúba, tem suas principais ativida-


des em torno da Usina COAF – antiga Usina Cruangi; do comércio e na prestação de
serviços. Com estas limitações, o volume financeiro oriundo da arrecadação do ISSQN
é considerado de grande importância, uma vez que representaria mais um estímulo
para a sanidade das contas públicas do município. A Lei de Responsabilidade Fiscal
pune de forma severa a negligência na arrecadação de tributos municipais (CF/88,
Art. 30, III).
FERREIRA, Ana Cláudia Correia.
ALVES, Maria do Carmo Maracajá.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

133

Segundo o Art. 11, da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF - Lc nº 101 de 04 de


maio de 2000), constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal: a
instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência cons-
titucional do ente da Federação. É vedada a realização de transferências voluntárias
para o ente que não observe o disposto no caput, no que refere aos impostos. Sendo
assim, o imposto remete e agregar mais um recurso disponível para o governo dos mu-
nicípios em gerir as reestruturações dos centros urbanos e rurais mantendo regular as
atividades do funcionalismo público, atendimento às famílias carentes e manutenção
das vias urbanas em melhores condições.

Em se tratando do cerne da pesquisa, na comarca de Timbaúba, estão localizados


os seguintes cartórios extrajudiciais:
• 1º Serviço de Tabelionato de Notas e Registro de Imóveis de Timbaúba;
• Cartório 2º Ofício de Tabelionato Notas e Protestos;
• Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais – SEDE;
• Cartório de Registro civil 1º Distrito;
• Cartório de Registro civil 2º Distrito.

A delimitação do problema não se resume apenas sobre a arrecadação do Im-


posto sobre Serviços de qualquer Natureza – ISSQN incidente aos estabelecimentos
cartorários, notariais e de registros públicos, mas a garantia do auxilio desses recursos
para o município.

Conforme o Art. 256 da Constituição federal de 1988, os serviços notariais e de


registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público. A Lei nº
8.935/04 regulamenta o art. 256 da Constituição Federal também conhecida como Lei
dos Cartórios, e esta descreve os serviços notariais e de registro como sendo de orga-
nização técnica e administrativa destinados a garantir a publicidade, autenticidade,
segurança e eficácia dos atos jurídicos. Descreve também que o exercício dessa função
é delegado pelo Poder Público a um particular sendo considerada como serviços extra-
judiciais não fazendo parte das funções do Poder Judiciário.

A Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003 entrou em vigor na data de


sua promulgação e trouxe alterações nas atividades notariais e de registro, pois incluí-
ram na sua lista os serviços prestados por estabelecimentos cartorários e de registros
públicos como fato gerador do ISSQN.

O referido trabalho tem importância devido a credibilidade que o assunto possui


dentro do contexto do município de Timbaúba, pois a cidade encontra-se em condi-
ções de carência de estrutura, escassez de empregos e atividade econômica baseada
em um comércio pouco aquecido. A contribuição deste trabalho serve para identificar

CAPÍTULO 7
O IMPACTO FINANCEIRO NA ARRECADAÇÃO DO IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA (ISSQN)
SOBRE OS SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTROS PÚBLICOS NO MUNICÍPIO DE TIMBAÚBA -PE
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

134

a importância do imposto de serviço de qualquer natureza – ISSQN para operações


nos cartórios de notas e registros uma vez que serviria para equilibrar as finanças mu-
nicipais.

Com a colaboração deste trabalho de pesquisa, mostra-se a grande validade em


debater o tema e detectar de forma clara e objetiva os efeitos e consequências da con-
tribuição do tributo. Fez necessário trazer para a realidade temas específicos como, por
exemplo, a falta de estrutura física que o município enfrenta com a crise econômica
que assola todo o país e por meio de seu desalento estrutural vinda de anos de baixas
perspectivas e decadência em suas atividades econômicas. A escassez de emprego é
outro fator que impede a volta de crescimento do município uma vez que oferece pou-
co interesse dentro da população e repele famílias para outras regiões.

Para Bremaeker (2017), o imposto sobre os serviços de cartório não seria a solu-
ção para todos os problemas enfrentados pelo município, porém é inegável que diante
do exposto e da crise vivida pelos municípios brasileiros, este recurso serviria como
efeito colaborar para uma saúde financeira mais equilibrada e uma real alternativa
para reverter os recursos em melhorias da própria cidade.

Este trabalho tem como principal objetivo demonstrar a relevância da arreca-


dação do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) incidente sobre os
serviços prestados pelos cartórios de notas e de registros estabelecidos no município
de Timbaúba-PE como auxílio no equilíbrio das contas públicas.

E como objetivos específicos: debater sobre a Lei Complementar n° 116 de 31 de


julho de 2003 que estabelece a competência dos Municípios sobre a cobrança do Im-
posto Sobre Serviços de qualquer Natureza – ISSQN, especificamente sobre os serviços
notariais;

Evidenciar o município de Timbaúba-PE e mensurar possíveis valores de receita


oriundas do Imposto Sobre Serviços pelos estabelecimentos Cartorários e notariais;

Mensurar o quão oneroso é para a Gestão Municipal a não arrecadação deste


imposto sobre os estabelecimentos cartorários e notariais.

Para o desenvolvimento deste trabalho, foi necessário criar uma linha de pesqui-
sa que agrega informações factuais, abordagens de registros constitucionais e evolução
de raciocínio teórico-científico baseado em dados estatísticos, decretos e resoluções
para o estabelecido tema de estudo.

No que se refere à análise de dados e informações, esta pesquisa enquadra-se


como exploratória uma vez que adota o estudo de caso sobre o município de Tim-

FERREIRA, Ana Cláudia Correia.


ALVES, Maria do Carmo Maracajá.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

135

baúba-PE. Para Gerhardt e Silveira (2009), a pesquisa exploratória tem como principal
objetivo familiarizar sobre o tema proposto e os fatos abordados. Tendo como base o
levantamento de dados, o trabalho conduziu informações para um estudo de caso. A
pesquisa com base exploratória descreve informações pontuais sobre o referido tema,
conceituando as variáveis em questão e abordando tópicos como improbidade ad-
ministrativa por descumprimento à Lei Complementar de recolhimento do ISSQN,
a constitucionalidade da incidência do tributo e o estudo sobre o município de Tim-
baúba, em específico acerca da aplicabilidade e cobrança do imposto.

Quanto aos procedimentos a pesquisa está caracterizada como documental pois


recorre a fontes mais diversificadas sobre o tema abordado. Conforme Gil (2008), a
pesquisa a qual precisa de um processo analítico quanto aos dados coletados. Associa-
do a isto tem-se uma abordagem quantitativa dos dados coletados evidenciando assim
uma modalidade de pesquisa chamada de quantitativa. Esta envolve tratamento esta-
tístico sem tanta rigidez nos métodos utilizados, no entanto o preza pelos resultados
evidenciados.

No primeiro momento do trabalho foram coletadas informações acerca do tema


assim como dados quantitativos. Em seguida foi feito uma análise desses dados a fim
de determinar os valores reais a serem tratados. Em contexto, foi produzido informa-
ções baseadas no tratamento dos dados e informações vigentes em fontes bibliográfi-
cas já produzidas.

Na etapa final foi feito uma breve conclusão sobre os fatos evidenciados e resul-
tados obtidos e justificados em questão assim como a mensuração quantitativa das
informações coletadas.

2. Referencial teórico
2.1. Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN

O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN ou simplesmente ISS é


um imposto do Sistema Tributário Nacional, tendo sua arrecadação sob a competência
e responsabilidade dos municípios conforme denota o artigo 156, inciso III, da Consti-
tuição Federal brasileira. Sua incidência baseia-se sobre os serviços que estão definidos
na lista anexa à Lei Complementar n° 116/2003 (BRASIL, 2019).

Segundo Cassone (2007, p. 127), incidência é o procedimento em que um tributo


é devido por ter ocorrido o respectivo fato gerador. Portanto, ocorrendo a prestação
de serviço, significando obrigação de fazer alguma coisa em proveito de outra, em
caráter habitual e com finalidade lucrativa, há cobrança do Imposto Sobre Serviços de
Qualquer Natureza.
CAPÍTULO 7
O IMPACTO FINANCEIRO NA ARRECADAÇÃO DO IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA (ISSQN)
SOBRE OS SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTROS PÚBLICOS NO MUNICÍPIO DE TIMBAÚBA -PE
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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O imposto está atrelado ao sistema tributário nacional desde o ano de 1965, atra-
vés do artigo 15 da Emenda Constitucional nº 18. Seu principal objetivo é desenvolver
reformulações nos tributos orçamentários que está sobre a incidência nas diferentes
prestações de serviços realizadas por qualquer empresa privada ou profissional que
atue de forma autônoma. Sua geração advém do chamado fato gerador, ou seja, o mo-
mento em que a prestação de um determinado serviço exige o respectivo ônus para
o contribuinte, descrita em lei e assim determinada a obrigação tributária (BRASIL,
2019).

Segundo o ordenamento jurídico e tributário, fica sobre competência dos muni-


cípios e do Distrito Federal executar sua devida cobrança e manifestação de interesse
e arrecadação conforme compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar
previsto no art. 156, inc. III, CF/88, p. 108 (BRASIL, 2019).

A importância da arrecadação tributária deste ônus para o contribuinte está re-


lacionada as condições sobre a função fiscal desempenhando um instrumento arre-
cadatório para o poder público proporcionando uma receita considerável aos cofres
públicos para efeitos de melhor gestão do poder municipal (CASSONE, 2007).

A incidência do imposto, em prática, está em conformidade com o que está des-


crito na Lei Complementar n° 116/2003, onde, segundo por regra padrão que segue a
obrigatoriedade jurídica informa que, o local de estabelecimento prestador, ou seja, o
local o qual o contribuinte desenvolve e presta suas atividades ou simplesmente o es-
paço onde os serviços são prestados e realizados, será auferido sua incidência confor-
me estabelecido em lei. Portanto, a cobrança do ISSQN é restrita efetivamente ao local
onde foi prestado o serviço respeitando o princípio constitucional da territorialidade e
os limites municipais estabelecidos em lei (MORIMOTTA, 2018).

Segundo Oliveira e Silva, (2013), para a incidência do imposto é necessário esta-


belecer uma alíquota. Essa alíquota agrega uma base de cálculo o qual é fator determi-
nante para constituir quantitativamente o ISSQN, ou seja, há critérios a serem segui-
dos para montar o cálculo que determinará o quanto será cobrado. Segundo o Art. 7º
da Lei Complementar nº 116/2003, considera o preço do serviço o fator determinante
para sua base de cálculo. No entanto, há ressalvas previstas para os itens 3.04, 7.02 e
7.05 da lista anexa a própria lei. Há situações, por exemplo, o serviço ser prestado em
mais de um município, surgirá uma base de cálculo determinada de forma propor-
cional à aplicada em ambas localidades. Já a alíquota refere-se ao percentual que está
fixado por lei municipal. No entanto, a Constituição Federal reza alíquotas máxima e
mínima, tendo como 5% a máxima estabelecida no Art. 8º e a mínima como 2%. Desta

FERREIRA, Ana Cláudia Correia.


ALVES, Maria do Carmo Maracajá.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

137

forma pode-se atribuir para a obtenção do ISSQN a seguinte fórmula: (base de cálculo)
x (alíquota) = valor quantitativo do ISSQN.

2.2. Da constitucionalidade da cobrança do ISSQN aos cartórios (ADIN Nº 3.089/


DF)

O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN é um tributo incidente


sobre a prestação de serviços, tendo como fator gerador a prestação de serviços reali-
zada por empresa ou profissional liberal autônomo, com ou sem estabelecimento fixo,
previsto na Carta Magna de 1988, sendo de responsabilidade municipal a sua devida
cobrança e recolhimento.

Conforme estabelecido na Lei Complementar 116/2003, na lista de serviços tri-


butáveis, encontra-se o item 21, que prevê “21 – Serviços de registros públicos, carto-
rários e notariais”, e no subitem “21.01 – Serviços de registros públicos, cartorários e
notariais”, atingindo a legislação municipal e os cartórios notariais e de registros do
território nacional (BRASIL, 2008, p. 65).

Segundo Mangieri (2008, p. 27) com o advento a Lei Complementar 116/2003,


os municípios precisaram se adequar às exigências previstas na legislação. Contudo,
há, até hoje discussão sobre o dever de incidir o imposto sobre os serviços cartorários
e notariais.

Diversos debates foram travados acerca da imunidade do serviço público, ampa-


rado pelo art. 150 VI, “a” da Constituição de 88. Essa discussão ganhou força entre os
cartorários, uma vez que, perante o Direito Tributário, a imunidade recíproca é um dos
princípios previstos constitucionalmente, vedando a tributação entre entes federados.

Entretanto, a Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADIN n°3.089/DF, que bus-


cava a declaração de inconstitucionalidade da cobrança do imposto prevista na Lei
Complementar 116/2003 itens 21 e 21.1 da lista anexa, que define a incidência do ISS-
QN sobre os serviços de registros públicos, cartorários e notariais, alegando que a sua
incidência seria devida tão somente sobre a prestação de serviços de índole privada e
que a tributação ofenderia o art. 150, VI, § 2° § 3° da Constituição de 88, uma vez que
tais serviços públicos são imunes à tributação recíproca pelos entes federados, foi im-
procedente, considerando que os estabelecimentos que exercem atividade notarial não
são imunes à tributação, pois adquirem a circunstância dos serviços com intuito lucra-
tivo, invocando assim a exceção prevista no Art. 150, § 3° da Carta Magna, firmando
a tese de que a imunidade tributária não se aplica à atividade notarial. Ainda se jus-
tificaria o fator de esses estabelecimentos, por receberem remuneração pelos serviços
prestados, adquirem capacidade contributiva. (BRASIL, 1988)

CAPÍTULO 7
O IMPACTO FINANCEIRO NA ARRECADAÇÃO DO IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA (ISSQN)
SOBRE OS SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTROS PÚBLICOS NO MUNICÍPIO DE TIMBAÚBA -PE
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

138

Sendo assim, não há inconstitucionalidade na incidência do imposto sobre os


serviços cartorários e notariais, sendo a competência tributária do ente arrecadador
definida pela territorialidade do município onde os estabelecimentos executam suas
atividades. (BRASIL, 2003)

2.3. Locus de Pesquisa - O município de Timbaúba-PE

O município de Timbaúba foi fundado em 1879, com a Lei Provincial n° 1.363, e


está localizado na Zona da Mata Norte do Estado de Pernambuco, região nordeste do
Brasil. Na composição territorial subdivide-se em 4 distritos localizados na Zona Ru-
ral. São eles: Cruangi, São José do Livramento, Catucá e Queimadas. A cidade, locali-
zada na Zona Urbana, concentra a maior parte da população total de 53 mil habitantes
(CONDEPE/FIDEM, 2006).

Os aspectos socioeconômicos do município se enquadram em atividades comer-


ciais e prestação de serviços das diversas empresas estabelecidas na cidade.

A crise financeira, decorrente da inativação da antiga Usina Cruangi, importante


polo de empregos diretos e indiretos na cidade e região, desencadeou grande instabi-
lidade para os trabalhadores. Entretanto, em razão de um acordo celebrado entre o Es-
tado e os representantes legais da Usina, foi realizada sua reativação, com uma gestão
cooperativista (IBGE, 2019).

O município de Timbaúba-PE atravessa um momento econômico de instabili-


dade, onde a base de estrutura tributária concentra-se nos impostos provenientes do
Imposto Predial e territorial Urbano – IPTU, resguardado nos artigos Art. 156, I, c/c
Art. 147 e Imposto sobre Serviços – ISSQN.

As atividades econômicas baseadas no comércio e na prestação de serviços agre-


gam uma carga tributária municipal que corresponde ao gasto com as atividades ad-
ministrativas, obras de manutenção, preservação do patrimônio e desenvolvimento de
melhorias na estrutura física dos sistemas de educação e saúde municipal.

Nesse prumo, considerando a pequena fonte de recursos municipais, a fim de


garantir o custeio da máquina pública e de melhorias para a grande população que
dela depende, está evidenciada a necessidade de recursos do município, que conta
com uma saúde financeira em deficitária.

Tendo em vista toda a realidade empírica traçada, clarividente a importância de


arrecadação do ISSQN incidentes sobre os cartórios estabelecidos no município, pois
resultariam em propulsores na saúde financeira e fiscal (PORTAL DA TRANSPARÊN-
CIA, 2019).

FERREIRA, Ana Cláudia Correia.


ALVES, Maria do Carmo Maracajá.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

139

Na Comarca de Timbaúba estão localizados os seguintes cartórios extrajudiciais:


1º Serviço de Tabelionato de Notas e Registro de Imóveis de Timbaúba; Cartório 2º
Ofício Tabelionato Notas e Protestos; Cartório do Registro Civil das Pessoas Naturais-
SEDE; Cartório de Registro Civil 1º e 2º Distrito.

Sabe-se da importância que os tributos municipais representam no sentido de


contribuir para o ajuste das contas públicas e provimentos de questões básicas para
o município. O tributo incidente sobre estes estabelecimentos serviria para contribuir
de forma significativa para a estrutura arrecadatória municipal, promovendo maior
impacto positivo aos cofres públicos (CARTÓRIO NO BRASIL, 2019).

Sobre os emolumentos oriundos da atividade prestada por estas serventias ex-


trajudiciais incide o ISSQN previsto na Lei nº 2.764/2011, Anexo III, do Novo Código
Tributário do Município de Timbaúba-PE.

3. Análise dos dados

Respeitando as normas e a legislação vigente a incidência do ISSQN pelos esta-


belecimentos notariais e registradores é legal perante Supremo Tribunal Federal - STF
uma vez que este, concluiu favorável a questão do julgamento da ADIN 3089 que se
refere sobre a legalidade de tributação incidente aos estabelecimentos notariais e regis-
tradores (OLIVEIRA E SILVA, 2013).

Segundo Costa (2012, p. 18), os notários apresentam remunerações baseadas nos


emolumentos o que traduz um exercício de caráter privado e que visa as características
de prestação de serviço para obtenção de lucros oriundos desta atividade conforme
evidencia o Art. 236 da Constituição Federal. Os emolumentos constituem os únicos
rendimentos dos notários, cartórios e registradores vindos dos usuários que utilizam
dos serviços prestados por estes estabelecimentos. Sobre estes emolumentos há inci-
dência do Imposto Sobre Serviços – ISSQN uma vez que a caracterização de atividade
destinada a população em geral em caráter privado.

Baseando-se nas informações coletadas e mensuradas por fontes oficiais como, o


Portal da transparência de Timbaúba-PE, Tribunal de Justiça de Pernambuco – TJPE
e Conselho Nacional de Justiça – CNJ foram obtidos a partir do ano de 2005 até 2018
uma relação que mostra a Arrecadação Anual Total dos serviços prestados referente a
cada estabelecimento atuante na cidade de Timbaúba.

Para calcular o valor total arrecadado pelos estabelecimentos foi necessário usar
a seguinte fórmula:

CAPÍTULO 7
O IMPACTO FINANCEIRO NA ARRECADAÇÃO DO IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA (ISSQN)
SOBRE OS SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTROS PÚBLICOS NO MUNICÍPIO DE TIMBAÚBA -PE
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V. T. A. (x) =

V. T. A. (x) = Valor Total Arrecadado por estabelecimento

V. T. anual (x) = Valor Total Arrecadado por estabelecimento entre 2005 e 2018

Estes dados foram dispostos em ordem cronológica de 2005 a 2018, uma vez que
a condução deste trabalho busca auferir o total de imposto que não teria sido arrecada-
do desde a condição favorável imposta pelo Supremo Tribunal Federal – STF.

Na tabela abaixo compreende os valores referentes ao total de arrecadação pro-


venientes das atividades prestadas das 5 serventias extrajudiciais do município de
Timbaúba-PE entre os anos de 2005 a 2018.

Tabela 1: Arrecadação Anual Total dos Cartorários e Registradores de Timbaúba.

Fonte: Elaborado pela autora, com dados do Conselho Nacional de Justiça - CNJ, 2019.
Em virtude de os dados serem públicos e expressos no Conselho Nacional de
Justiça - CNJ, segue o nome dos 05 cartórios e serventias extrajudiciais em cada seção
da tabela.

Na tabela 1, pode-se visualizar informações sobre a arrecadação total anual dos


serviços prestados nos estabelecimentos cartorários e registradores do município de

FERREIRA, Ana Cláudia Correia.


ALVES, Maria do Carmo Maracajá.
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141

Timbaúba sem as devidas deduções do imposto destinado ao Tribunal de Justiça de


Pernambuco – TJPE.

Com os valores da Tabela 1, foi desenvolvida uma fórmula matemática capaz de


calcular o devido imposto que deveria ser arrecadado, por ano, em cada estabeleci-
mento notarial, cartorário e registradores.

É importante destacar que a base de cálculo utilizada faz menção aos valores
correspondentes aos anos em questão e não foram atualizados monetariamente para o
presente. Sobre o valor total arrecadado pelos estabelecimentos notariais, cartorários
e registradores é feita a incidência de 20% referente ao imposto destinado ao Tribunal
de Justiça de Pernambuco – PE.

A taxa de 20% sobre o valor arrecadado pelo estabelecimento notarial, cartorário


e registradores destinados ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) é descrita na
Lei Estadual 11.404/1996, art. 27, § 2º (LEI ESTADUAL nº11.404/1996).
Art. 27 - O valor da Taxa pela utilização dos Serviços Públicos Notariais ou de Re-
gistro (TSNR) de que trata a Lei nº 11.194 de 28.12.94, fica estabelecida nos seguintes
percentuais sobre o valor do título:
VALOR PERCENTUAL
I - Até R$ 100.000,00 - 0,2%
II - Acima de R$ 100.000,00 até R$ 300.000,00 - 0,25%
III - Acima de R$ 300.000,00 - 0,3%
[...]
§ 2º - Nos atos notariais e registrais sobre títulos e documentos sem valor declarado
em que os emolumentos forem estabelecidos em valores fixos, a Taxa pela Utilização
dos Serviços Públicos Notariais ou de Registro (TSNR), corresponderá à 20% (vinte
por cento) do valor desses emolumentos (LEI ESTADUAL 11.404/1996).

A equação abaixo fornece o cálculo para obtenção do valor do imposto referente


ao Tribunal de Justiça de Pernambuco – TJPE.

V. T. (anual) =

Valor arrecadado total pelo estabelecimento

V. I. = Valor do imposto destinado ao Tribunal de Justiça de Pernambuco

Na tabela abaixo, mostra os valores correspondentes ao imposto destinado ao


Tribunal de Justiça de Pernambuco – TJPE. Nela pode-se observar o valor devido aos
20% correspondente ao órgão público.

Foi necessário realizar o cálculo que originou a tabela 2 pois a natureza dos emo-
lumentos dos estabelecimentos notariais, cartorários e registradores são obtidas a par-
tir dos descontos incidentes sobre este imposto.
CAPÍTULO 7
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Tabela 2: Valor Estimado do imposto destinado ao TJPE

Fonte: Elaborado pela autora, com dados do Conselho Nacional de Justiça - CNJ, 2019.

Através dos dados obtidos na tabela 2 foi necessário realizar outro cálculo. Este
por sua vez fornece o valor provável dos emolumentos dos notários, cartorários e re-
gistradores. Para isto foi necessário utilizar uma nova fórmula matemática descrita
logo abaixo.

V. E. (anual)=

Valor dos emolumentos no ano

V. A. (anual) = Valor arrecadado no ano

V. I. (anual) = Valor do imposto destinado ao Tribunal de Justiça de Pernambuco


no ano

Por meio da fórmula acima obteve-se uma nova tabela. Esta por sua vez refere-se
aos emolumentos dos notariais, cartorários e registradores de 2005 a 2018. É importan-
te destacar que é sobre os emolumentos a base de cálculo do Imposto Sobre Serviços
de Qualquer Natureza– ISSQN.

A base de cálculo para o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN


é sobre o valor dos emolumentos. Calculado o valor dos emolumentos dos cartórios e

FERREIRA, Ana Cláudia Correia.


ALVES, Maria do Carmo Maracajá.
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143

serventias extrajudiciais do município de Timbaúba-PE foi necessário calcular o devi-


do ISS sobre ele.
Tabela 3: Estimativa do valor de Emolumentos entre 2005 a 2018.

Fonte: Elaborado pela autora, com dados do Conselho Nacional de Justiça - CNJ, 2019.

O município de Timbaúba aufere a taxa de 3% em cima dos serviços de registros


públicos, cartorários e notariais conforme Lei nº 2.764/2011, Anexo III, do Novo Códi-
go Tributário do Município de Timbaúba-PE.

Com esta alíquota é necessário construir uma nova tabela apresentando os valo-
res do ISS provável, calculado a partir dos emolumentos obtidos na tabela 3.

Os valores obtidos na tabela 4, referente ao ISSQN provável foi uma estimativa


calculada em cima da arrecadação total anual das 5 serventias extrajudiciais do mu-
nicípio de Timbaúba-PE. É importante destacar que estes valores não estão corrigidos
monetariamente o que poderia resultar em um montante ainda maior de receitas não
coletadas pela Prefeitura Municipal.

Não foi contabilizada a taxa referente ao Fundo Especial de Registro Civil do Es-
tado de Pernambuco - FERC/PE, entidade sem fins lucrativos constituído de recursos
privados, que corresponde a 10% sobre os emolumentos percebidos pelos estabeleci-
mentos notariais, cartorários e registradores conforme estabelecido por Lei Estadual nº
14.642/12 (FERC-PE, 2019).

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Tabela 4: Estimativa do valor do ISSQN de 2005 a 2018.

Fonte: Elaborado pela autora, com dados do Conselho Nacional de Justiça - CNJ, 2019.
Observa-se, conforme a tabela 4, o total de imposto, referente ao ISSQN não co-
letado, estimado das 5 serventias extrajudiciais de 2005 a 2018 gira em torno de R$
529.172,08. O valor é expressivo uma vez que ultrapassa em mais de cinco vezes, por
exemplo, a receita contabilizada no mês de dezembro de 2018 com a alienação de bens
imóveis (PORTAL DA TRANSPARÊNCIA DE TIMBAÚBA, 2019).

Fica claro que o município que não exerce o direito de cobrança do imposto IS-
SQN perde uma parcela considerável de receita que poderia servir para a gestão Mu-
nicipal. A necessidade de entrar com consonância com órgãos como AMUPE para
realizar a parceria e executar a devida cobrança parte das estratégias de gestão que
cada administração municipal segue. No entanto pode-se ver que pelas informações
exploradas o quão oneroso é para o Município essa possível perda.

4. Considerações finais

Tendo em vista que a Lei Complementar n° 116 de 31 de julho de 2003 na sua lista
anexa, a qual estabelece as atividades que incidirão a tarifa do imposto fica claro que
diante das informações exploradas neste trabalho, há necessidade que cada município
do Território Nacional formalize a cobrança do imposto pois este é previsto em lei e de
direito a Gestão Municipal executá-la.

Pôde-se enxergar, diante dos conceitos da Lei n° 116 de 31 de julho de 2003, que
o Estado de Pernambuco possui um órgão responsável, Associação Municipalista de

FERREIRA, Ana Cláudia Correia.


ALVES, Maria do Carmo Maracajá.
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145

Pernambuco – AMUPE, por gerir e articular as tomadas de decisões entre municípios


e a sociedade, verificou-se, através do Tribunal de Justiça de Pernambuco – TJPE, que
o Município de Timbaúba não firmou convênio com o TJPE no sentido de incluir a
cobrança do ISSQN através do Sistema de Controle de Arrecadação das Custas Ex-
trajudiciais – SICASE e isso dificulta a transparência de dados para saber se houve a
devida arrecadação do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN junto
as serventias extrajudiciais.

Segundo os resultados obtidos, fica claro que a não arrecadação compromete


bastante o orçamento do poder público municipal principalmente em épocas de ins-
tabilidade econômica. O município que não exerce a cobrança do imposto sobre as
serventias extrajudiciais, perde um volume financeiro bastante considerável no que
tange a Gestão Municipal.

Diante da Certidão do Tribunal de Justiça de Pernambuco - TJPE, em não ha-


ver nenhum pedido de formalização de Convênio cujo objeto seja a possibilidade de
cobrança, a partir da respectiva implantação, do ISSQN devido as serventias extraju-
diciais, localizadas no Município de Timbaúba, pela prestação de serviços de regis-
tros públicos, cartórios e notarias, através do Sistema de Controle de Arrecadação das
Serventias Extrajudiciais, não consta nenhuma informação que o Município estaria
recolhendo o ISSQN sobre os estabelecimentos cartorários e notariais. Salvo no caso
da administração Municipal está recolhendo o imposto sobre outras formas não espe-
cificadas ou mensuradas.

Em virtude de não ter recebido no prazo determinado por Lei uma resposta
quanto a situação das receitas oriundas da arrecadação do ISSQN pelas Serventias
Extrajudiciais, o Município de Timbaúba teria renunciado uma receita estimada no pe-
ríodo de 2005 a 2018 de aproximadamente R$529.172,08 (quinhentos e vinte e nove mil
cento e setenta e dois reais e oito centavos). Este valor mostra a necessidade de reaver a
Política Tributária do Município neste campo e associada a esta questão, transparecer
sobre as medidas que estão sendo feitas sobre o recolhimento do imposto.

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146

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CAPÍTULO 7
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SOBRE OS SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTROS PÚBLICOS NO MUNICÍPIO DE TIMBAÚBA -PE
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CAPÍTULO 8

CONTROLE INTERNO: O CERNE DA


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

SILVA, Madelon Cristiany da.1


LUNA, Adriana Dornelas de.2

DOI: 10.46898/rfb.9786599152498.8.

1 Licenciada Em História (FFPG) - Especialista Em Tecnologia Da Educação (UNIBRATEC) – MBA Executivo


Empresarial em Gestão Estratégica, Inovação e Conhecimento (ESAB) - Especialista Em Gestão Pública – (UFRPE)
2 Mestrado em Administração e Desenvolvimento Rural (UFRPE); Especialização em Política, Gestão e Educação
Ambiental (UFRPE). Graduação em Engenharia Agronômica (UFRPE).
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

150

Resumo

C om desejo de ir em busca de uma gestão pública de maior qualidade, o


presente trabalho está pautado numa visão da importância e necessidade
do departamento de controle interno nas empresas públicas, apresentando conceito
e responsabilidades do gestor, também elenca as leis Constitucionais que regem tal
função. Mostra a necessidade de conduzir as entradas e saídas de numerário que o
município recolhe e tem por obrigação repassar ao seu destino devido. Todos sabem
que ocorrem os desvios das verbas, federais e estaduais recebidas e arrecadação dos
tributos municipais que não são aplicados as necessidades da sociedade aos quais têm
destinos previstos em leis, e que por motivo de corrupção, todos sofrem com maus
funcionamentos de órgãos de atendimento: à família, a estudantes, a pacientes, idosos,
portadores de necessidades especiais, enfim a todos que necessitam de um serviço pú-
blico de qualidade. A pesquisa tem por objetivo geral apontar a responsabilidade do
controle interno a sua função. Demonstrando assim o quanto o controle interno tem
que ser incorruptível e imparcial. Realizada através de uma pesquisa bibliográfica,
referenciada por teóricos renomados na área, os quais ajudaram a mostrar o quão o
controle interno pode ser eficiente para gestão pública municipal promovendo benefí-
cios reais aos cidadãos.

Palavras-chave: controle interno – gestão de controle interno – funções do controle


interno.

Abstract

With the desire to pursue a higher quality public management, the present work
is based on a view of the importance and need of the internal control department in
public companies, presenting the manager’s concept and responsibilities, it also lists
the Constitutional laws that govern such function. It shows the need to conduct cash
inflows and outflows that the municipality collects and is obliged to pass on to its due
destination. Everyone knows that there are diversions of funds, federal and state re-
ceived and collection of municipal taxes that are not applied to the needs of society to
which they have destinations provided by law, and that due to corruption, everyone
suffers from malfunctions of service agencies: to family, students, patients, the elderly,
people with special needs, in short, everyone who needs a quality public service. The
general objective of the research is to point out the responsibility of internal control to
its function. Thus, demonstrating how much the internal control has to be incorrupti-
ble and impartial. Conducted through a bibliographic search, referenced by renowned
theorists in the area, who helped to show how efficient internal control can be for mu-
nicipal public management promoting real benefits to citizens.

SILVA, Madelon Cristiany da.


LUNA, Adriana Dornelas de.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

151

Keywords: internal control - internal control management - internal control functions

1. Introdução

Uma empresa pública antes de colocar suas atividades denominadas: procedi-


mentos, métodos e rotinas, requer uma organização minuciosa de todas as funções
burocráticas, possibilitando uma eficiência maior das tarefas exercidas. Surge então
a necessidade de um controle interno de grande responsabilidade, integridade, não
corruptível em que cada profissional encarregado de tais funções manterá ordem ad-
ministrativa a todas as atividades desta empresa, resguardando-a de futuras dúvidas
administrativas e contábeis.

A realização deste trabalho estará utilizando abordagem qualitativa, descritiva


e bibliográfica referenciada por autores conceituados dentro da administração geral,
que apontam e comprovam que há a necessidade de controlar planejamentos e toda
contabilidade de qualquer que seja as atividades existentes numa empresa pública.

Sabe-se que toda arrecadação de tributos do Município estão centralizadas pelo


Poder Público, o pensamento dos habitantes é que essa arrecadação tende a ser repas-
sadas para empresas públicas, as que por sua vez tem a finalidade distinta de aplicação
honesta desses tributos, colocados como verbas, a serviços que venham ser de melho-
ria a sociedade. O que lamentavelmente não se vê isso como fator real.

Diante a este contexto, se faz necessário um rigoroso controle de todo numerário


arrecadado e o destino final aplicado, tornando visível a sociedade o melhoramento de
vários serviços públicos utilizados por cada cidadão.

Em administração, segundo Chiavenato (1993, p. 262), existem três significados


para a palavra controle, que são:
a) Controle como função restritiva: serve para coibir ou limitar certos tipos de des-
vios indesejáveis ou de comportamento não aceitos.
b) Controle como sistema automático de regulação: tem como objetivo manter um
grau de fluxo ou funcionamento de um sistema. Dentro deste mecanismo de con-
trole se detectam possíveis desvios ou irregularidades e proporcionam automatica-
mente a regulação necessária para voltar à normalidade;
c) Controle como função administrativa: é o controle como parte do processo admi-
nistrativo, assim como o planejamento, organização e a direção fazem parte.

Nas empresas públicas a responsabilidade de fiscalização interna com muito ri-


gor é regida por leis explícitas na Constituição do país, e esta função é restrita ao con-
trole interno.

Para Almeida (2019, p. 53), “o controle interno representa em uma organização o


conjunto de procedimentos, métodos ou rotinas com os objetivos de proteger os ativos,

CAPÍTULO 8
CONTROLE INTERNO: O CERNE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

152

produzir dados contábeis confiáveis e ajudar a administração na condução ordenada


dos negócios da empresa”.

Mediante esta afirmação surge o questionamento: De que maneira pode-se con-


trolar os ativos de um país, estado e município que tem uma arrecadação enorme e
não se vê a aplicabilidade deste dinheiro, como funciona a função de controle interno?

Abaixo estão descritos o objetivo geral da pesquisa e pautado neste seguem os


objetivos específicos.

Mediante a necessidade de controlar os ativos de uma empresa pública, o prin-


cipal norte desta pesquisa é apontar a responsabilidade do controle interno a sua fun-
ção. São objetivos específicos: conceituar Controle Interno; definir funções e respon-
sabilidade de atuação do Controle Interno e de seu gestor; trazer o conhecimento das
Leis Constitucionais destinadas ao Controle Interno e conscientizar a importância do
Controle Interno para exercer um trabalho de eficiência e eficácia.

2. Fundamentação teórica
a. Conceito

Todas as organizações para caminharem bem, necessitam de controle, pois con-


trolar faz parte de uma boa administração. A palavra controlar Segundo Castro (2008,
p.27): vem do francês (controller) que remete a questões ligadas a registro, inspeção e
exame.

Baseado neste contexto surge o controle interno, para inspecionar e examinar


desde planejamento ao resultado final de todo e qualquer projeto dentro da empresa,
seja ela privada ou pública.

Conforme (DAVILA e OLIVEIRA, 2002):


O controle interno não é um evento ou circunstância, mas uma série de ações que
permeiam as atividades de uma organização, ações essas inerentes ao estilo adotado
pela gerência da organização na condução de seus negócios ou atividades.

Fica a compreensão de que o controle interno adentra todos os departamentos


da empresa monitorando todas as ações promovendo o bom uso do numerário e/ou
material destinado a determinado projeto.

Em que momento o controle ocorre? Quanto tempo tem sua duração?

De acordo com Castro (2018, p.285), “Os controles atuam em tempos e formas
diferentes, mas voltados para resultados comuns, visando assegurar a conformidade
da atividade a determinadas regras ou normas. Os controles foram divididos no tem-

SILVA, Madelon Cristiany da.


LUNA, Adriana Dornelas de.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

153

po em: 1 controle prévio –. A técnica utilizada nesse caso é a contabilidade; 2 controle


concomitante-. A técnica utilizada nesse caso é a fiscalização; 3 controle subsequente
(posterior) – A técnica utilizada nesse caso é a auditoria.” Isso equivale a dizer que o
controle interno deverá acompanhar todas as atividades financeiras da empresa, des-
de o planejamento, execução e conclusão, deixando mais claro, ele estará no princípio,
meio e no fim de todas as tarefas exercidas na organização.

b. Controle Interno e Constituição Federal 1988

As obrigações do controle interno foram citadas desde 1964, tornam-se responsá-


vel pelo controle da execução orçamentária entre outras disposições legais na edição
da Lei 4.320 de 17 de março de 1964. Já em 1988, na Constituição Federal, Carta Magna
do nosso País, com objetivo de fazer Lei às finalidades de um serviço de controle inter-
no, descrevê-las num artigo o que realmente deve-se cumprir a esta atividade.

A Constituição Federal de 1988 (CF88) Art. 74, incisos I ao IV:


I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos
programas de governo e dos orçamentos da União;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da
gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administra-
ção federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito
privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos
direitos e haveres da União;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

O maior objetivo deste artigo na CF88 é fazer com que haja um acompanhamen-
to sério em tempo real de tudo é feito na empresa pública. Mesmo sabendo que todo
servidor público tem a função de controle interno, e que nunca se fez ser, por essa falta
de consciência e seriedade que chegou a se fazer necessário o surgimento do controle
interno.

Que segundo Crepaldi e Crepaldi (2014, p. 72):


A existência e o bom funcionamento de um sistema de controle, devidamente audi-
tado, pode evitar a empresa elevados custos com fraudes, erros, e omissões, pois um
gestor munido de um bom controle interno possui maior probabilidade de acertar
continuamente o processo decisório e atingir eficácia almejada.

Diante desta afirmação ainda há a necessidade de deixar claro o que de fato a


função do controle interno deve se ater dentro da organização pública, fazendo lem-
brar de não cair em tentações corruptas de superiores ou até mesmo de subordinados,
apontando facilidades de desvios e adulterações de documentos. Para Crepaldi e Cre-
paldi (2014), os principais objetivos do controle interno são: de proteger os ativos da
empresa, obter informação adequada, promover a eficiência operacional da organiza-
ção e estimular a eficiência operacional da organização.

CAPÍTULO 8
CONTROLE INTERNO: O CERNE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

154

Acompanhados também pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC)

De acordo com Novo (2018):


No contexto das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público,
o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) editou regra específica para o sistema
de controle interno governamental, a NBC T 16.8, segundo a qual tal instância se
desdobra em três categorias:
Operacional – relacionada às ações que propiciam o alcance dos objetivos da entida-
de governamental.
Contábil – relacionado à veracidade e à fidedignidade dos registros e das demons-
trações contábeis;
Normativa – relacionada à observância da regulamentação pertinente.

Tal conselho é responsável por todas as ações dos gestores de controle interno,
podendo emitir sansões aos mesmos.

c. Eficiência e Eficácia do Controle Interno

Dentro da Administração de empresas a distinção entre as definições de eficiên-


cia e eficácia se fundem para tornar chegarem ao norteador da existência da organiza-
ção, são dois conceitos fundamentais para que se possa conduzir uma empresa.

Segundo Maximiano (2006a apud Trigueiro (2014, p.19):


eficiência é a palavra usada para indicar que a organização utiliza produtivamente,
ou de maneira econômica, seus recursos. Em outras palavras, significa usar menor
quantidade de recursos para produzir mais... eficácia é a palavra usada para indicar
que a organização está realizando seus objetivos. Quanto mais alto for o grau de
realização dos objetivos, maior é a eficácia organizacional.

É nessa perspectiva que o controle interno deverá exercer sua função dentro
da empresa pública agindo do nível operacional ao nível gerencial sem envolver-se
emocionalmente com qualquer situação de descontentamento que fuja ao proposto as
decisões que fujam ao que foi estabelecida a todo planejamento, principalmente orça-
mentário.

d. Servidor Público e seus deveres

O indivíduo que desejar seguir a carreira de servidor público em todo Território


Nacional, terá que obrigatoriamente obedecer ao que esta posto no artigo 37 Cons-
tituição Federal de 88, no que diz: : “A administração pública direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência.” São princípios máximo que regem a toda administração pública e que ao
prestador de serviços não poderá corromper nenhum deles.

Assim o gestor público terá que se atentar a lembrança sempre que o artigo 37 da
CF88 se refere aos seguintes deveres:

SILVA, Madelon Cristiany da.


LUNA, Adriana Dornelas de.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

155

Legalidade- seguir as leis como elas se dispõe;


Impessoalidade – não usar de privilégios e quem quer que seja;
Moralidade – regido na moral jurídica
Publicidade – trabalhar com transparências
Eficiência – exercer sua função da melhor maneira possível

Um gestor público assume o cargo de responsabilidade através da confiança de-


monstradas por seu desempenho com base nos princípios antes citados.

e. Responsabilidades do funcionário do Controle Interno

Todo profissional possui responsabilidades pela função que exerce na organi-


zação, seja ela pública ou privada, elas são atribuídas pelo cargo que ocupa perante
sua formação acadêmica, nível de atribuições mediante uma hierarquia e normas da
organização.

Assim sendo o profissional do controle interno, segue os mesmos parâmetros de


suas responsabilidades profissionais.

Almeida (2019, p.54) diz que:


“três são as razões para se definirem as atribuições deste profissional:
1 -assegurar que todos os procedimentos de controles sejam executados;
2-detectar erros e irregularidades;
3-apurar as responsabilidades por eventuais omissões na realização das transações
da empresa.”

Ao que se pode compreender, tais razões delimitam a tal colaborador resguar-


dar-se de qualquer questão comprometedora, como também deixa resguardada a or-
ganização para agir caso este funcionário venha a ultrapassar os limites de suas obri-
gações. Há toda competência de um bom controle interno numa organização, deve-se
lembrar de que a tudo existe um limite. Almeida (2019, p.60) elenca pontos de limi-
tação ao controle interno ao que diz respeito aos itens: “1- conluio de funcionários na
apropriação de bens da empresa; 2- os funcionários não são adequadamente instruí-
dos com relação às normas internas; 3-funcionários negligentes na execução de suas
tarefas diárias.” Para todas estas situações são de responsabilidade de controle externo
através de auditoria.

f. Avaliando o Sistema de Controle Interno

Todo sistema construído numa organização tende a ser avaliado. Afinal ele nas-
ceu na intenção de gerar benefícios para a mesma. O importante é que isto ocorra de
forma constante e que a todo investimento se componha em resultados satisfatórios,
gerando um custo X benefício.

Almeida (2019, pg.62) afirma que:

CAPÍTULO 8
CONTROLE INTERNO: O CERNE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

156

O custo do controle interno não deve exceder aos benefícios que dele se espera obter.
Isso quer dizer que os controles mais sofisticados (normalmente mais onerosos) de-
vem ser estabelecidos para transações de valores relevantes, enquanto os controles
menos rígidos devem ser implantados para as transações menos importantes.

Percebe-se assim que, o controle interno nasce da necessidade da organização


pública, mediante as suas necessidades. Almeida (2019, p.62) complementa com a se-
guinte observação:
o sistema de controle interno levantado é o que realmente está sendo utilizado.
Acontece com frequência que uma empresa tem um excelente sistema de controle
interno descrito em seu manual de procedimentos; entretanto, na prática, a situação
é totalmente diferente. Caso o sistema em uso seja diferente do descrito nos manuais
internos, o auditor deve alterar as informações sobre o sistema, anteriormente levan-
tadas, de forma a ajustá-las à situação real existente.

Não adianta a parte legal do controle interno não estar correspondendo a prática
exercida no cotidiano, é, portanto, obrigação do gestor de controle interno visitar o
que está descrito na legislação da organização e fazer valer todo vocativo descrito nele.
Exercendo assim suas atividades com responsabilidades devidas a função que ocupa
se salvaguardando mediante a legislação descritas na empresa pública e nos artigos da
Constituição Federal vigente do país.

3. Metodologia e estratégia de ação

Todo estudo da pesquisa ocorreu através do método descritivo, que, segundo


Almeida (1996, p. 104), “tal pesquisa observa, registra, analisa e ordena dados, sem
manipulá-los, isto é, sem interferência do pesquisador”.

Esteve presente a abordagem qualitativa, que, de acordo com Godoy (1995, p.


62): “esse tipo de estudo tem o ambiente natural como fonte direta de dado e o pes-
quisador como instrumento fundamental”, utilizando o enfoque indutivo de análise
de dados, e dando maior importância aos significados atribuídos pelas pessoas, pelas
coisas e pela vida.

Também se caracterizou numa pesquisa descritiva, que discorre do objeto em


estudo, as suas naturezas e os problemas relacionados, apresentando-os com a medida
certa de fatos e fenômenos.

E, por fim, tem como principal característica a pesquisa bibliográfica, ou seja, fo-
cada em artigos científicos, encontrados na internet e nas literaturas disponíveis.

4. Resultados

O que se resulta da pesquisa é o alcance do objetivo do trabalho através dos


estudos que evidenciam a necessidade e importância do departamento de controle
interno na empresa pública municipal, endossado por: ALMEIDA; CASTRO; DÁVI-

SILVA, Madelon Cristiany da.


LUNA, Adriana Dornelas de.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

157

LA. NOVO, compreendendo que este é uma ferramenta intangível, que vem favorecer
para uma eficácia de melhores resultados. Demonstrando a seus clientes (os muníci-
pes) a aplicação de todos os recursos.

Com decorrer do estudo, foram encontrados, dispositivos aquém do esperado


sobre controle interno, dentre esses se pontuam: as leis federais, diretrizes municipais,
deveres do servidor público e responsabilidade do gestor de controle interno.

Todas as análises recolhidas, em seu conjunto, evidenciam que o controle inter-


no, não é uma ferramenta apenas exigida em sua legalidade, mas para ser usada pelos
gestores de maneira efetiva prática. Muito grande é seu alcance de funcionamento, e
é ignorada por muitos gestores públicos em diversas áreas, não por ignorância de tal
importância, mas com receio de tamanho controle que este departamento tem perante
suas normas internas e a Constituição Federal-88. Castro afirma (2008 p.273) que: “O
controle interno é importante tanto para os gestores quanto para os auditores, pois
o principal papel de uma auditoria interna é garantir para os dirigentes da entidade
que os controles internos estão funcionando adequadamente.” Ainda o mesmo autor
afirma que é impossível separar o controle interno da tarefa de administrar, fiscalizar
ou gerenciar todas as atividades de um município. Ainda sobre a importância do con-
trole interno, temos o endosso de Crepaldi (2019, p.517) que diz: “Pode-se entender a
importância do controle interno a partir do momento em que se verifica que é ele que
pode garantir a continuidade do fluxo de operações com as quais convivem as empre-
sas.” E assim o controle interno trabalha de forma a defender erros em seus registros
através de seus procedimentos.

Apesar disso, ainda há formas de manipular os procedimentos internos e frau-


dá-los o que pode levar a desfalques. E de acordo Almeida (2019, p. 62) como existirá
uma necessidade de avaliação do sistema de controle interno, e entre suas ações têm
que: - determinar os erros ou irregularidades que poderiam acontecer; - analisar as
fraquezas ou falta de controle, que possibilitam a existência de erros ou irregularida-
des, a fim de determinar natureza, data e extensão dos procedimentos de auditoria.”
Com isso verificar o que houve sanando toda a situação. Pois a isso cabe ao gestor do
sistema de controle interno total responsabilidade. Afirma Almeida (2019, p.53): “A
administração da empresa é responsável pelo estabelecimento do sistema de controle
interno, pela verificação de se está este sendo seguido pelos funcionários, e por sua
modificação, no sentido de adaptá-lo às novas circunstâncias.”

Assim embasado em todos os autores presentes neste trabalho, foi possível ve-
rificar que, o controle interno para o serviço público é de extrema necessidade para a

CAPÍTULO 8
CONTROLE INTERNO: O CERNE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

158

população que é merecedora dos benefícios como: serviços de educação, saúde, sanea-
mento entre tantos outros, possibilitando assim uma qualidade de vida a todos.

5. Considerações finais

Avaliando toda redação deste trabalho, a conclusão que se pode obter é que o
controle interno é o centro de equilíbrio financeiro da empresa, em pauta, a pública.
O qual de maneira muito segura e consciente, recebe, avalia e revisa a distribuição de
verbas e tributos aplicando em seus devidos destinos. Onde o gestor de Controle Inter-
no exerce sua função seguindo os artigos que estão descritos na Constituição Federal
de 1988 do nosso país e o regimento interno da organização a qual trabalha. Realizan-
do todas as atividades mediante uma visão de eficiência e eficácia realizada por todo
aprendizado destinado ao cargo, somado a isto uma ética profissional de grande valia.

A pesquisa teve como objetivo geral: apontar a responsabilidade do controle in-


terno a sua função, mostrando sempre por todas as citações de diversos autores o quão
sério é o trabalho do controle interno, em particular da administração das empresas
públicas municipais, onde os maiores beneficiados serão todos os munícipes. E por
este último, o trabalho descreveu o que objetivou, deixando claro que uma empresa
pública tem que trabalhar corretamente para seu público.

Referências
ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: abordagem moderna e completa / Mar-
celo Cavalcanti Almeida. – 9. ed. – [2. Reimpr.] – São Paulo: Atlas, 2019.

ALMEIDA, Maria Lúcia Pacheco de. Tipos de pesquisa. In: ALMEIDA, Maria Lúcia
Pacheco de. Como elaborar monografias. 4. ed rev. e atual. Belém: Cejup, 1996. Cap.
4, p. 101-110.

CASTRO, Domingos Poubel de. Auditoria e controle interno na administração pú-


blica. SãoPaulo: Atlas, 2008.

CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 4ª ed. São


Paulo: Makron Books, 1993. 920 p.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL de 1988. Atividade Legislativa. Disponível em: https://


www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_26.09.2019/art_74_.asp
Acesso em 09/02/2020.

CREPALDI, Silvio Aparecido; CREPALDI, Guilherme Simões, Contabilidade Geren-


cial, teoria e pratica 7.ed. São Paulo: Atlas, 2014

_____Auditoria contábil: teoria e prática – 10. ed. – [3a Reimpr.]. -São Paulo : Atlas,
2019.

DAVILA, Marcos e OLIVEIRA, Marcelo. Conceitos e Técnicas de Controle Interno


de Organizações. São Paulo. Nobel. 2002.
SILVA, Madelon Cristiany da.
LUNA, Adriana Dornelas de.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

159

GODOY, Arilda Schmidt. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades.


Revista de Administração de Empresas. São Paulo, v. 35, n. 2, p. 57-63, 1995.

NOVO, Benigno Núñez. Controle Interno na Administração Pública. disponível em:


https://jus.com.br/artigos/70071/controle-interno-na-administracao-publica . Aces-
so em 16/01/2019.

TRIGUEIRO, Francisco Mirialdo Chaves. Teorias da Administração I – 3. ed. rev.


ampli. – Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasí-
lia]: CAPES : UAB, 2014.

CAPÍTULO 8
CONTROLE INTERNO: O CERNE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
160
CAPÍTULO 9

DIREITOS FUNDAMENTAIS DO IDOSO


CONSTITUÍDO SOB A LEI 10.741/2003 E AS
GARANTIAS DE SUA EFETIVAÇÃO

SOUZA, Margareth Nascimento de.1


LUNA, Adriana Dornelas de.2

DOI: 10.46898/rfb.9786599152498.9.

1  * Licenciatura em Pedagogia (FACET) – Especialista em Pedagogia Empresarial – (ESAB). Especialista em Educação


Pobreza e Desigualdade Social – (UFPE) - Gestão Pública (UFRPE)
2 Mestrado em Administração e Desenvolvimento Rural (UFRPE); Especialização em Política, Gestão e Educação
Ambiental (UFRPE). Graduação em Engenharia Agronômica (UFRPE).
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

162

Resumo

O despertar de interesse para essa temática se deu em função da experiência


com idosos em um hospital de referência de Recife/PE, tendo como princi-
pal motivação o cuidado com parente de primeiro grau internado e na ocasião, a lei-
tura do livro “A velhice”, de Renata Lopes Siqueira para a compreensão do momento
vivido e qual a importância e prioridade que o Estado/Governo, família e sociedade
dá ao idoso carente de cuidados e atenção. Através de um levantamento e estudo bi-
bliográfico, tem-se como objetivo geral apresentar o Estatuto do Idoso como fonte de
garantia dos direitos daqueles que envelhecem. O Estatuto do Idoso tem grande im-
portância nessa viabilização de direitos fundamentais, mas também apresenta muitas
ineficiências, seja por falta de recursos, por falta de interesse político, regulamentação
legislativa ou, mesmo por normas que o próprio Estado não cumpre e não fiscaliza
deixando o idoso em situação de descaso e vulnerável onde o Estatuto pouco ou nada
se aplica às necessidades de quem entra na terceira idade e precisa de uma base que
cuide e oriente a fase mais delicada da vida.

Palavras-chave: Idoso. Estatuto. Garantias. Direito. Lei. Qualidade de Vida.

Abstract

The awakening of interest in this theme was due to the experience with the el-
derly in a reference hospital in Recife / PE, with the main motivation being the care
of a first-degree relative hospitalized and, at the time, the reading of the book “A old
age”, by Renata Lopes Siqueira to understand the moment lived and what is the im-
portance and priority that the State / Government, family and society gives to the
elderly in need of care and attention. Through a bibliographic survey and study, the
general objective is to present the Elderly Statute as a source of guarantee for the rights
of those who age. The Elderly Statute is of great importance in making fundamental
rights viable, but it also has many inefficiencies, whether due to lack of resources, lack
of political interest, legislative regulation or, even by rules that the State itself does
not comply with and does not inspect, leaving the elderly in a situation of neglect and
vulnerability where the Statute applies little or nothing to the needs of those who enter
old age and needs a base that takes care of and guides the most delicate phase of life.

Keywords: Old man. Statute. Guarantees. Right. Law. Quality of life.

1. Introdução

Ao ouvir a palavra idoso, logo nos vem à mente alguém velhinho, debilitado, frá-
gil e que precisa de cuidados o tempo todo. Essas pessoas são idosas sim, mas segun-
do o Estatuto do Idoso, a Lei 10.741/2003, “idoso é toda pessoa a partir dos 60 anos”.
SOUZA, Margareth Nascimento de.
LUNA, Adriana Dornelas de.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

163

Assim, existem muitos idosos jovens, pessoas com total autonomia das suas vidas, que
trabalham, viajam, casam. Mas, que, entretanto, por terem idade “avançada” para a
sociedade e limitadas de algumas ações, sofrem preconceito e abusos da sociedade.
Essas pessoas têm todos os direitos de usufruir o que lhes garante o Estatuto do Idoso.
As pessoas idosas são patrimônio da sociedade e precisam ser cuidadas com carinho,
pois já viveram uma vida inteira de dedicação e construção da sociedade e tem uma
enorme experiência para transmitir aos jovens, afinal, os jovens de hoje são os idosos
de amanhã.

Segundo a última pesquisa mundial divulgada pela ONU, mais de 16% das pes-
soas com mais de sessenta anos, já sofreram algum tipo de abuso, negligência, abusos
físicos, psicológicos, emocionais e até sexuais, isso sem contar com o mais corriqueiro
abuso financeiro. A pessoa idosa está numa condição de vulnerabilidade. É por isso,
que essa condição estimula a prática de crimes e abusos contra os idosos e dessa forma,
precisam ser defendidos por toda a sociedade e pelo Estado.

O art. 3º do Estatuto do Idoso garante que:


É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar
ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimen-
tação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberda-
de, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.

Mas, será que o Estatuto do Idoso vem sendo cumprido desde que entrou em
vigor? Por causa de sua condição de vulnerabilidade, especialmente a tecnológica,
porque a tecnologia tem avançado numa velocidade muito rápida, os idosos têm sido
vítimas de fraude, especialmente as fraudes bancárias. Outra questão importante é a
questão da saúde, onde todo idoso precisa com mais frequência ir ao médico, fazer
mais cirurgias, mais exames e são frequentes as negativas dos planos de saúde para
autorizar os procedimentos e é frequente o descredenciamento dos hospitais da rede
sem o aviso prévio do cliente e sem falar do aumento abusivo de preços. Os idosos
deveriam ter um tratamento especial nessas situações, porque tem direito a uma espe-
cial proteção do estado e da sociedade. E dessa forma, foi criado o Estatuto do Idoso
para dar condições respaldadas em Lei e base constitucional para que se tenham as
garantias de sua efetividade na vida dos idosos, que é a Lei 10.741 que foi promulgada
em 1º de outubro de 2003, onde o dia primeiro de outubro fica assim sendo, o dia in-
ternacional do idoso. Embora já houvesse leis esparsas garantindo os direitos do idoso
e a própria Constituição Federal, onde o Art. 230 já estabelece direitos ao idoso, mas o
legislativo entendeu que era importante reunir esses direitos e criaram e estabeleceram
o Estatuto. Assim, este projeto tem o objetivo de apresentar o Estatuto do Idoso como
fonte de garantia dos direitos daqueles que envelhecem no que se refere ao cumpri-
mento dos direitos elencados nesta legislação específica criada para defender as pes-

CAPÍTULO 9
DIREITOS FUNDAMENTAIS DO IDOSO CONSTITUÍDO SOB A LEI 10.741/2003 E AS GARANTIAS DE SUA EFETIVAÇÃO
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

164

soas que fazem parte da Terceira Idade, bem como fazer uma análise das inovações
trazidas após a sua promulgação.

Como objetivo principal o trabalho apresenta o Estatuto do Idoso como garan-


tia dos direitos daqueles que buscam envelhecer com dignidade no que se refere ao
cumprimento dos direitos garantidos pela legislação específica e criada para defender
todos aqueles que fazem parte do grupo da terceira idade. Como objetivos específicos
demonstra as condições de vida do idoso no Brasil e os principais problemas enfren-
tados por eles na sociedade; explana os deveres do Poder Público para este segmento
da população e descrever as principais inovações e mudanças legais trazidas pelo Es-
tatuto do Idoso.

2 Fundamentação teórica
2.1 Condições de vida do idoso no Brasil

A ONU prevê que em 2025 estaremos com 36 milhões de idosos, deixando nosso
país em sexto lugar com o maior número de idosos do mundo e devemos estar tam-
bém entre os países que mais respeita e valoriza o idoso, sabendo que foi essa parte
da população a maior responsável por tudo que temos hoje, considerando que nossas
maiores conquistas se deram por homens e mulheres que foram jovens e hoje forma a
fase mais linda da vida: a terceira idade.

O principal avanço com o advento do Estatuto do Idoso que está em vigor há 15


anos é a conscientização (1º de outubro de 2003) da sociedade brasileira de que o idoso
é um cidadão brasileiro mais que merecedor de todos os direitos, garantias, benesses
e vantagens que o Estado oferece a população brasileira, o que infelizmente não acon-
tecia porque as pessoas levavam o idoso ao segundo plano e muitas vezes até o poder
público não respeita a condição do idoso como deveria ser respeitado. Analisando a
trajetória do Estatuto do Idoso nesses quinze anos que entrou em vigor, percebe-se
que o mesmo não vem sendo cumprido como deveria, embora que a função social
principal de conscientizar a sociedade dos direitos que o idoso tem, tenha sido no pri-
meiro plano atingido. O idoso, por exemplo, não tem acessibilidade em calçada e isso é
obrigação do poder público. Reforçando essa premissa, José de Farias Tavares, afirma
(Estatuto do Idoso/Forense/2006), que:
A Lei nº. 8.842/94 instituiu a Política Nacional do Idoso, com diretrizes de atua-
ção do Poder Público no atendimento aos direitos sociais das pessoas que vivem a
chamada Terceira Idade, porém, a regulamentação das disposições constitucionais,
princípios e regras, advieram com a aprovação do Estatuto do Idoso.

Mesmo com toda a Política Nacional a seu favor e o dever do Poder Público em
garantir os direitos essenciais, infelizmente o idoso não tem sido respeitado no que
tange ao atendimento prioritário em órgãos públicos e privados como garante o Art.
SOUZA, Margareth Nascimento de.
LUNA, Adriana Dornelas de.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

165

30, § 1º sobre as garantias de sua prioridade: “atendimento preferencial imediato e


individualizado junto aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à po-
pulação”. Também não tem sido ofertado emprego, inclusão social no mercado de
trabalho como deveria e está garantido no Art. 26. “O idoso tem direito ao exercício
de atividade profissional, respeitadas suas condições físicas, intelectuais e psíquicas”.

Muitos idosos são abandonados pelas próprias famílias e o poder público é mui-
tas vezes inerte, infelizmente ignorando o fato de que os idosos precisam sobretudo
de carinho, atenção e aceitação na sociedade e mesmo com a ideia de que o idoso não
é um inválido, não é inútil e nem incapaz, pelo contrário, é a razão pela qual nossa so-
ciedade existe, porque o ser humano domina a cadeia alimentar por duas razões: por-
que tem capacidade de adaptação ao meio e porque transmite conhecimento. E quem
transmite conhecimento é o idoso e a curiosidade é que todas as sociedades, em todos
os cinco continentes são absolutamente unânimes no que diz respeito a reconhecer
esse direito do idoso, essa prerrogativa e essa utilidade, esse bem que a experiência e
maturidade trás a sociedade. Visto isso, é imprescindível que o Estado dê a atenção e
cuidado merecido a quem constrói e reconstrói a nossa história. História essa compos-
ta de saberes, vivências e tradições que os mais velhos passam de geração a geração.

O Estatuto do Idoso em seu Art.3º, afirma a obrigação da família em assegurar ao


idoso a, da comunidade:
a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao es-
porte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à
convivência familiar e comunitária.

Assim, não se trata de uma interpretação analógica, mas a própria letra da Lei,
o próprio Estatuto, a norma constitucional e infra constitucional expressa que a famí-
lia tem o dever de zelar pelo bem estar do idoso e é estendida a toda a sociedade. O
Estatuto do Idoso determina a obrigatoriedade, por exemplo, uma situação de maus
tratos e até mesmo de perigo contra um idoso, sob pena de responder criminalmente
por isso, então, não apenas a família, mas toda a sociedade responsável. No caso da
família, a legislação determina que o Estado deva supri-la dos recursos que forem
necessários ao atendimento médico, seja medicamento abaixo custo ou gratuito ou as-
sistência médica, prioridade em internação e ocupação preferencial em leitos hospita-
lares e infelizmente isso não tem acontecido nem sido cumprido. Infelizmente existem
famílias que colocam os seus idosos em segundo plano, sabendo que são os idosos que
nos fazem evoluir e desenvolver o mundo.

2.2 Políticas públicas para a terceira idade

Um dos maiores problemas que hoje enfrenta a terceira idade e a total efetivação
do Estatuto do Idoso, é a falta de fonte de financiamento para cumprir as medidas

CAPÍTULO 9
DIREITOS FUNDAMENTAIS DO IDOSO CONSTITUÍDO SOB A LEI 10.741/2003 E AS GARANTIAS DE SUA EFETIVAÇÃO
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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previstas no Estatuto é uma falha grande e que “flerta” com a vontade política tan-
to a âmbito municipal como a âmbito estadual e até mesmo federal, embora que há
políticas públicas municipal, estadual e federal a fim de proteger o idoso, mas a falta
de recurso para cumprimento dessas políticas é um problema ainda enorme em nos-
sa sociedade para esta classe e que inibe muitas vezes as famílias de buscar o poder
público, exatamente pela falta de confiança por não acreditarem que o poder público
vai conseguir suprir. Às vezes se têm casos, como exemplo prático, de idosos que ne-
cessitam de curadores para serem interditados, mas não têm um membro da família
apto a ser curador daquele idoso, e é uma situação na qual o Estado deveria entrar
para suprir essa necessidade, mas infelizmente não há uma infraestrutura para isso,
deixando assim, o idoso a mercê da sorte, pois quem irá garantir o zelo pelos interesses
dele, pelo patrimônio e pela saúde e segurança desse idoso se não há um membro da
família apto para esta função e se o próprio Estado não interfere? Existe uma descon-
fiança, um descrédito por parte da sociedade no que tange ao poder público muito por
falta de política e falta de recursos e isto é um fato que nem mesmo com a entrada do
Estatuto pode ser mudada.

A idade de sessenta anos é mais adequada para classificar uma pessoa como ido-
sa, mesmo a média de vida tendo aumentado nos últimos anos, não nos esquecendo
jamais, por exemplo, que uma mulher de setenta ou oitenta anos hoje não é a mesma
que uma mulher de setenta ou oitenta anos há cinquenta anos atrás, mas, por outro
lado, a legislação precisava de um parâmetro, e num país de oito milhões de quilôme-
tros quadrados, você tem uma mulher de sessenta a sessenta e cinco anos de idade,
por exemplo, considerada bonita para os padrões da sociedade, que mora numa capi-
tal, no grande centro, que tenha acesso à cultura, saúde, qualificação, entretenimento,
cursos, lazer, ciclo de amigos, mas também se tem um Brasil da Amazônia, do Norte,
do interior, um Brasil de rincões onde as mulheres e homens da terceira idade não
tem a mesma assistência dos idosos do centro, é como se estes fossem os “idosos mais
idosos” do que aquela da cidade grande. Assim, a uniformização dos sessenta anos é
adequada, mas exige mudanças na sociedade que possa oferecer a todos sem distinção
de classe social uma melhor qualidade de vida, seja os idosos do centro da cidade aos
idosos do interior, pois há que se deixar claro que o Estatuto do Idoso eu garante os
direitos fundamentais a dignidade da pessoa na terceira idade não pertence apenas a
uma região, mas é único no Brasil inteiro e deve ser respeitado como tal.

Mesmo com o Estatuto em vigor desde 2003, não há uma cultura de respeito ao
idoso no Brasil, o que é assustador, pois há países tidos como desenvolvidos que tam-
bém não tem essa cultura, infelizmente, mas a maioria tem. A grande diferença é que
em alguns lugares o idoso é respeitado não por ser idoso, mas por ser cidadão, como
em alguns países onde a noção de cidadania, coletividade, civilização, bem público,
SOUZA, Margareth Nascimento de.
LUNA, Adriana Dornelas de.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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interesse público e social, a autopreservação do próximo, do bem comum, é mais forte.


Já no Brasil, essa conscientização de preservação coletiva não existe, o idoso ainda é
motivo de chacota e brincadeiras, é renegado a um segundo plano quando ele começa
a não ter mais a plenitude intelectual de outrora e começa, de repente, a ser discrimi-
nado dentro de casa, onde as pessoas partem do pressuposto de que o preconceito ao
idoso não seja preconceito e sim “preceito”, o que é um assunto preocupante e irra-
cional, como se fossem manadas de animais que ao ficarem velhos são colocados atrás
dos demais para que sejam presas e com isso garantirem a preservação do resto da
manada, e assim muitos idosos têm sido vistos na sociedade onde o desrespeito tem
sido grande a essa classe.

Mas somos seres sociáveis e sociais, seres racionais e isso não deveria existir em
nosso meio, pois o idoso é um cidadão merecedor de toda a atenção e dignidade e ser
inserido no mesmo meio em que quando novo era valorizado e respeitado com todas
as limitações que ele tem e condições que lhes são dadas e que lhe devem ser outor-
gadas pelo Estatuto, pela sociedade, pelo Estado, mas que o respeito ao idoso começa
em casa para que nas demais esferas possa ser respeitadas e exigidas os direitos fun-
damentais e inerentes a sua dignidade. Começando em casa, o idoso terá condições de
ter qualidade de vida e cumprimento do que lhe garante o Estatuto, pois só assim a
família saberá junto a ele, cobrar do Estado o que de fato lhe é de direito.

A ONU prevê que até 2025 o Brasil esteja com 36 milhões de idosos, deixando-
-nos da sexta posição a nível mundial com o maior número de idosos, fator este, que se
dará pelo fato “avanço das ciências da saúde, sobretudo a medicina, permitindo com
isso que as pessoas alcancem a velhice com um equilíbrio físico e mental”. (Barros,
2002). Dessa forma, é imprescindível que cheguemos a este patamar nos orgulhando
de uma sociedade que prioriza, respeita e valoriza o idoso em todas as esferas sociais
e humanas e não apenas nos coloque em um patamar entre os países de maior número
de idosos se o que precisa ser priorizado ainda se refere ao respeito e a dignidade da
pessoa humana em sua velhice.

2.3 Principais inovações legais trazidas pelo Estatuto do Idoso

É importante salientar que Estatuto do Idoso é uma entre várias Leis que defi-
nem alguns direitos do idoso. Nem todos os direitos do idoso estão neste Estatuto,
muitos outros estão dispostos na Constituição Federal, como também no Código Civil
ou mesmo em Legislação esparsa. Após 15 anos da promulgação do Estatuto é que
esses direitos começaram a se aprimorar, através da Comissão de Defesa dos Direitos
da Pessoa Idosa, onde vários projetos foram enviados a toda a comissão em todas as
áreas. Alguns segmentos de idosos mais resistentes preferiam não mexer, deixando
como estava porque temiam perder direitos, o que na realidade não aconteceria, uma
CAPÍTULO 9
DIREITOS FUNDAMENTAIS DO IDOSO CONSTITUÍDO SOB A LEI 10.741/2003 E AS GARANTIAS DE SUA EFETIVAÇÃO
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vez que foi promulgado em Lei. As alterações não diminuem nem retira os direitos
previstos no Estatuto, pois são alterações na área do transporte, habitação, trabalho
e emprego, porque uma série de sugestões foram sendo criadas e as comissões foram
apresentando e as mudanças sendo feitas. Essas Comissões separam os projetos por
temas que estão em tramitação e reúnem o que cada um tem de melhor e podem ser
agilizados e acelerados para que se possa ter até algumas correções que melhorem na
efetivação e cumprimento dos direitos estabelecidos e garantidos aos idosos mediante
a família, Estado e sociedade e essa são conquistas importantes.

O Estatuto do Idoso é um avanço importante, um marco importantíssimo em


nosso país, e o Brasil neste sentido está muito avançado, onde sabemos que o desafio
é a efetivação deste Estatuto, pois muitas questões ainda estão no papel, não estão na
prática ainda contemplando os nossos idosos.

3. Metodologia

Este artigo contou com a pesquisa bibliográfica e o estudo descritivo tendo como
principal sujeito de análise o idoso. Para Triviños, (1987, p. 112), “a pesquisa descritiva
exige do investigador uma série de informações sobre o que deseja pesquisar”.

Assim, buscou-se descrever fatos e situações vividas pelo idoso após a aprova-
ção do Estatuto do Idoso que entrou em vigor em outubro de 2003 e sua verdadeira
efetivação na vida dos sujeitos que compõe a terceira idade, bem como as principais
mudanças e inovações trazidas durante esses 15 anos de sua promulgação.

A abordagem usada foi a qualitativa, que de acordo com Deslauriers, (1991, p.


58), considera que “o conhecimento do pesquisador é parcial e limitado, tendo como
objetivo da amostra produzir informações aprofundadas e ilustrativas: seja ela peque-
na ou grande, o que importa é que ela seja capaz de produzir novas informações”.

Visando aprofundar conhecimentos sobre o Estatuto do Idoso que para mui-


tos ainda é desconhecido e através dele levantar métodos que serão utilizados para
a realização deste estudo que será baseado em livros de autores consagrados, teses e
monografias publicadas e o próprio Estatuto do Idoso, contará ainda com pesquisas
encontradas na internet como artigos, teses e monografias, bem como todo subsídio re-
levante ao enriquecimento e aprofundamento para embasamento teórico tendo como
motivação principal a experiência vivida em um hospital de referência do Estado de
Pernambuco em um setor direcionado aos cuidados com idosos.

SOUZA, Margareth Nascimento de.


LUNA, Adriana Dornelas de.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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4. Resultados

Há mais de 50 anos o Brasil está sendo alertado por órgãos nacionais e interna-
cionais informando de que o país está envelhecendo e esse alerta trouxe para o estado
brasileiro o Estatuto do Idoso, criado pela Lei 10.741 e que ficou em tramitação no
Congresso Nacional durante sete anos, vindo a ser promulgado no dia 1º de outubro
de 2003. E foi só a partir desta data que o idoso começou a ganhar garantias e direitos
estabelecidos por lei, que vai desde os direitos civis, políticos, econômicos, sociais e
culturais. Apesar de todo o avanço após a criação do Estatuto do Idoso, a postura que a
sociedade e o governo tem adotado é ainda de não falar sobre o envelhecimento com a
mesma importância que se dá a outros assuntos cuja importância é relevante para esse
atual cenário brasileiro constituído por “mais avós do que netos”.

Embora o idoso viva a maior parte da vida dentro de uma família, a sua presença
tem sido um incomodo na realidade de muitos lares e hoje quem sofre mais com isso
são os idosos mais pobres e aqueles que têm dependências físicas e mentais, enquanto
o próprio estado brasileiro violenta o idoso quando ele promove um imaginário que
aterroriza os idosos, pois os coloca responsáveis pelos desequilíbrios das previdências,
das políticas sociais e de saúde. A defesa que todo cidadão deve fazer ao envelheci-
mento com dignidade e a defesa do direito à vida é uma etapa natural desde o seu nas-
cimento, pois só se envelhece bem se foi cuidado ao longo da vida, porque da célula à
sociedade, toda vida humana se encontra marcada pelo envelhecimento.

Temos hoje um cenário jurídico que apoia a efetivação integral do Estatuto do


Idoso, mas em contrapartida, temos uma grande desinformação da sociedade, um
analfabetismo, uma apatia política, uma cultura de massas que tolera a discriminação
contra a pessoa idosa e toda a forma de abuso é cometido dentro e fora da casa do
estado brasileiro. O Estatuto estabelece que a velhice é um direito personalíssimo e
isso deve ser integrado e incorporado na mentalidade brasileira que ainda não o foi
nem pelo próprio Estado, pois quando se discute a discriminação por idade a apo-
sentadoria, o Estado garante que se estabelece que qualquer um com qualquer idade
tenha o direito ao exercício das suas funções, mas na prática, esses direitos não são
respeitados. Apesar de termos um estatuto tão rico, a velhice está sendo ainda des-
respeitada pela família pela sociedade e pelo estado; nos serviços públicos e privados.
Há casos de denunciados. Os casos de denúncias por violência a idosos por exemplo,
tem crescido nos últimos anos e há denunciados de violência contra idosos em todas
as unidades da federação e o Poder Púbico garante “atendimento preferencial imedia-
to e individualizado junto aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à
população” (Art.º 3 , § 1º do Estatuto do Idoso). Mas não basta ter uma fila específica,
é preciso muito mais do que chegar e ser atendido, é necessário o acesso ao serviço

CAPÍTULO 9
DIREITOS FUNDAMENTAIS DO IDOSO CONSTITUÍDO SOB A LEI 10.741/2003 E AS GARANTIAS DE SUA EFETIVAÇÃO
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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de qualidade. Acesso a uma política que entenda o idoso e não chegue após dezesseis
anos da sua promulgação como se fosse uma novidade, porque é uma realidade que
merece ser discutida e respeitada.

O Estatuto do Idoso também estabelece preferência na formulação e execução de


políticas públicas e específicas , mas na logística, que é a Lei que ensina a fazer as leis,
uma parte é a necessidade da lei e se a Lei é necessária, o Estatuto do Idoso é, portanto,
necessário, porque tem um grande componente da população que estava desprotegida
e comprovou-se pela Lei que o Estatuto era fundamental. Mas alem de ser necessário,
a Lei deve ser eficaz, deve produzir o efeito que ela elaborou e está em vigor há de-
zesseis anos. Espera-se com isso que família, sociedade e Estado possam discutir com
mais ênfase e prioridade capítulo por capítulo, com toda responsabilidade que o Poder
Público tem em fazer o Estatuto ser melhor, mais eficiente e eficaz e atuar de fato a
favor de que mais precisa, que é a própria pessoa idosa.

Precisa-se que todas as políticas citadas no Estatuto digam o que estão fazendo
e se não fazem, porque não fazem e o que ainda falta para a sua integral efetivação. O
Estado deve averiguar se aquilo que o Estatuto estabelece, que o orçamento público
será destinado à pessoa idosa, está sendo cumprido, do contrário, a Lei estará sendo
descumprida e é dever de toda família e sociedade junto ao Estado fiscalizar para onde
está sendo investido o orçamento que é destinado para serem gastos com as políticas
de idosos.

É necessário ainda criar estruturas e isso é papel do Estado também, que poten-
cialize a aplicação do Estatuto no enfrentamento à violência, aos maus tratos, ao desca-
so, a falta de cuidados com a saúde e alimentação e a falta de moradia, pois o Estatuto
cria o artigo da denúncia, mas só denunciar não basta, é preciso enfrentar a violência
em suas múltiplas esferas e todas as políticas que tratam dessa questão deve sentar
à mesa e construir um plano de ação em enfrentamento à todos os tipos de violência
enfrentado pelo idoso. Um plano de ação que se responsabilize e que a família e a so-
ciedade participem e cobre.

Ao analisarmos a saúde, percebemos também e com pesar, apesar de todos os


avanços na área em favor do idoso, que falta políticas públicas de cuidados aos idosos,
pois nela se trabalha com dois eixos: de se envelhecer de forma ativa e de se querer
ser cuidado. O envelhecimento ativo é um pacto que estabelece que o país tem que se
comprometer com o envelhecimento ativo, mas se comprometer não só no Estatuto
e sim em sua execução com políticas que promovam esse envelhecimento ativo. Da
mesma forma que a outra parte da saúde é a garantia de cuidados e política de cuidado
significa enfrentar a situação do cuidador, a dificuldade de regulamentação da política

SOUZA, Margareth Nascimento de.


LUNA, Adriana Dornelas de.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

171

de cuidador e esse é um fator importante dentro da das políticas de Assistência Social


, para que se abra as instituições de longa permanência, pois muitas vezes o abandono
da família ao idoso dá-se pela falta de recursos que o estado brasileiro não oferece
para a família para cuidar de seu idoso. Qual a garantia, por exemplo, que o filho tem
deixar de trabalhar para cuidar dos seus pais idosos e qual a garantia que esse filho
tem de ter recurso previdenciário enquanto cuida do idoso? Hoje, sabe-se que não há
garantias para o cuidador. Dessa forma, o Estado tem que parar de responsabilizar só
a família, porque do tripé sociedade, Estado e família, o mais fraco é a família e o que
o Estado está fazendo para apoiar a família e está cuidar de seus idosos não é nada
além da cobrança. É nesse momento que há uma distorção do Estatuto, pois em seu
artigo 35 ele propõe e permite que o idoso contribua com as instituições de longa per-
manência com até 70% de seu rendimento e hoje essas instituições dependem dessas
contribuições como forma de permanecerem funcionando e é onde está a distorção,
pois a Assistência Social é uma política que a própria instituição estabelece como uma
política não contributiva, ou seja, o idoso não deveria pagar para ter acesso a uma
política de assistência social que lhe é garantida por Lei, mas que o Poder Público não
dá o repasse necessário para garantir que esses idosos possam usufruir com dignidade
e qualidade de vida nas instituições de longa permanência, comprometendo assim, o
seu próprio rendimento que já não é suficiente, pagando ainda muitas vezes por um
cuidado precário. Nesse sentido, essa parte do artigo precisa ser revista para saber
como se fazer para corrigir essa distorção.

Por fim, vemos a questão da previdência social, que é a garantia do respeito ao


direito à renda e a reposição das perdas na renda, como é o exemplo do caso citado
acima, entre outros, porque o Estado está tolerando também que haja um tratamento
diferenciado e o que é mais grave é que quando se envelhece se tem um custo de vida
maior, pois o custo da velhice tem mais gastos, uma vez que ela custa mais em termos
de cuidados e recursos que ao longo da vida não se precisou, mas que pode vir a preci-
sar na velhice onde o cuidado com a saúde e o bem estar para se ter qualidade de vida
é alto. Se o governo não defender o final da miséria e desigualdade, é preciso que se
saiba que entre os mais pobres estão os dependentes, os idosos pobres tem uma chance
sete vezes maior de se tornar dependente, mais não tem os mesmos recursos que um
idoso dependente financeiramente tem. Dessa forma, o Conselho Nacional dos Idosos
faz um apelo de divulgação de seu estatuto, tanto para toda a sociedade como para os
próprios idosos que desconhecem seus direitos. Essa falta de conhecimento do Estatu-
to dos Idosos pelos próprios idosos e gestores estaduais e sociedade e órgãos públicos
e privados, que se configura em uma gravidade pela qual muitos desconhecem seus
direitos e se conhecem, não estudam sobre eles, permitindo com essa falha que o Es-
tatuto não se cumpra e passe despercebido. E tem sido agora essa luta que o Conselho

CAPÍTULO 9
DIREITOS FUNDAMENTAIS DO IDOSO CONSTITUÍDO SOB A LEI 10.741/2003 E AS GARANTIAS DE SUA EFETIVAÇÃO
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Nacional dos Idosos têm buscado apoio junto à sociedade, família e órgãos que se
preocupem com a sua total efetivação para um país equilibrado.

5. Considerações finais

Com o estudo sobre o Estatuto do Idoso que deu origem a este artigo, ficou claro
que mesmo diante de tantos avanços em favor dos idosos, o que falta hoje no Estatuto
são mecanismos que favoreçam a sua aplicação, tanto nas políticas como nas famílias.
Falta a construção de aplicadores que vão ajudar o Estado a perceber de fato o que
mudou e o que precisa melhorar e a participação dos conselhos de defesa e de cada
uma das políticas numa prestação de contas sobre a efetiva aplicação do Estatuto no
dia-a-dia e na realidade brasileira, onde precisa acontecer uma pactuação da atuação
dessas políticas garantindo esse pacto de envelhecimento ativo verdadeiramente as-
sumido pelo governo, que seria a criação de um plano de ação pelo enfrentamento a
violência e o trabalho assíduo no país de todos os órgãos responsáveis pela fiscalização
do cumprimento do Estatuto dos Idosos, pois se não tivermos uma estatura que cuide
do envelhecimento como causa, estaremos à mercê de sermos só mais uma política
entre tantas políticas. E a forma que o Estatuto tem sido tratado ainda é muito frágil e
não condiz com a grandeza e o respeito que a população idosa desse país merece.

Hoje o país está entre duas categorias de acordo com o Conselho Nacional dos
Idosos: pessoas que são idosas e as pessoas que serão idosas, assim, não basta o ido-
so defender seu envelhecimento, a luta pelo envelhecer com dignidade deve ser de
todo cidadão brasileiro, até por aqueles que ainda não nasceram. O estado brasileiro
precisa responder pelos idosos de hoje, mas precisa melhorar e atuar num país que
está envelhecendo e só o Estatuto não é ainda a garantia que os nossos idosos estejam
satisfeitos com seus direitos de fato efetivados ao ponto de um dia, quem sabe, não
mais precisarem recorrer às Leis para serem dignamente respeitados e honrados como
parte indestrutíveis e fundamentais na construção da memória que contará às futuras
gerações a história desse país.

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so. São Paulo: Quartier Latin do Brasil, 2005.

BRASIL. Lei Nº. 10.741 de 01 de outubro de 2003, que aprova o Estatuto do Idoso e
dá outras providências. Brasília: 2004

________. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Ações Programáticas e Estratégicas. Atenção à saúde da pessoa idosa e envelhe-
cimento / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de
Ações Programáticas e Estratégicas, Área Técnica Saúde do Idoso. – Brasília, 2010.
Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_saude_pes-

SOUZA, Margareth Nascimento de.


LUNA, Adriana Dornelas de.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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CAPÍTULO 9
DIREITOS FUNDAMENTAIS DO IDOSO CONSTITUÍDO SOB A LEI 10.741/2003 E AS GARANTIAS DE SUA EFETIVAÇÃO
174
CAPÍTULO 10

DO PATRIMONIALISMO A GESTÃO PÚBLICA


GERENCIAL: A EVOLUÇÃO NECESSÁRIA

ALMEIDA, Matheus Coelho de Lucena.1


SANTOS, Alexandre José Barboza dos.2

DOI: 10.46898/rfb.9786599152498.10.

1  Bacharel em Administração (FACET)


2  Bacharel em Ciências Contábeis (FACET); Especialista em Auditoria Fiscal e Tributária (UFPE); Mestre em Gestão
Pública (UFPE
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

176

Resumo

E ste material tem como objetivo enfatizar a importância dos modelos de ges-
tão para a administração pública, dando ênfase ao foco gerenciador desse
processo evolutivo, partindo do patrimonialismo até a ascensão do modelo gerencial.
visto que cada tipo de gestão pública teve seu papel significativo para o desenvolvi-
mento de modelos que se fizeram essenciais para a administração do Estado. Nesse
sentido, far-se-á necessário uma visão ampla sobre a temática em estudo, Do Patri-
monialismo a Gestão Pública Gerencial: A Evolução Necessária. A temática dará re-
levância a um novo olhar a forma de administrar o Estado, apontando mudanças que
proporcionaram uma reflexão sobre sua atuação no mundo globalizado. Portanto, o
estudo contempla os três modelos de gestão: o patrimonialismo, o burocrático e o ge-
rencialismo, sabendo-se que estes têm características diferentes, mas compatíveis com
seu modelo de gestão. Portanto, foi feita uma pesquisa de cunho bibliográfico funda-
mentada na fala de estudiosos que nortearam a ampliação de conhecimentos sobre os
supracitados modelos de gestão pública.

Palavra Chave: Gestão Pública; Modelos de Gestão; Evolução.

Abstract

This material aims to emphasize the importance of management models for pu-
blic administration, emphasizing the managerial focus of this evolutionary process,
starting from patrimonialism until the rise of the managerial model. since each type of
public management had a significant role in the development of models that became
essential for the administration of the State. In this sense, it will be necessary to have
a broad view on the subject under study, From Patrimonialism to Public Management
Management: The Necessary Evolution. The theme will give relevance to a new look at
the way of administering the State, pointing out changes that provided a reflection on
its performance in the globalized world. Therefore, the study contemplates the three
management models: patrimonialism, bureaucratic and managerialism, knowing that
these have different characteristics, but compatible with their management model.
Therefore, a bibliographic research was conducted based on the speech of scholars
who guided the expansion of knowledge about the aforementioned public manage-
ment models.

Key Words: Public Management; Management Models; Evolution.

ALMEIDA, Matheus Coelho de Lucena.


SANTOS, Alexandre José Barboza dos.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

177

Introdução

Em dias atuais, a gestão pública dá enfoque a novos paradigmas com intenção


de atender às demandas da sociedade inovando os procedimentos da administração
pública para o bem comum da coletividade.

Sendo assim, a evolução dos modelos de gestão pública foi essencial no processo
administrativo, apresentando um novo olhar para gestão.

Nesse contexto, foi feita a escolha do tema em estudo, Do Patrimonial a Gestão


Pública: A Evolução Necessária.

Daí, surge um questionamento: Que fatores incitaram a evolução da gestão pú-


blica do modelo patrimonialista até o gerencial?

Com base nesse questionamento, acredita-se que tais mudanças no modelo de


administração pública foram feitas para ter uma excelência administrativa da área pú-
blica, a fim de garantir direitos e seguir normas para o bem comum da sociedade.

Diante desse questionamento, tem-se o propósito de respondê-lo. Para isso es-


tudar-se-á alguns teóricos como Matias-Pereira (2016), Bresser-Pereira (2011), Santos
(2014), Velez Rodríguez (2006) e Holanda (1963). Nos estudos, tentar-se a buscar con-
tribuições para reflexão do tema e caminho que aponta para o objetivo geral: descrever
os diversos fatores que induziram a evolução da gestão pública, do modelo patrimo-
nialista até o modelo gerencial.

Dessa forma, será indispensável fazer a conexão do objetivo geral com os objeti-
vos específicos como: apresentar o modelo patrimonialista como oponente da demo-
cracia; descrever o paradigma burocrático, ascensão e queda; expor o modelo geren-
cial e seu imperativo na contemporaneidade.

Portanto esse estudo será elaborado em quatro capítulos, tendo como título: O
Patrimonialismo; O Paradigma Burocrático; O Modelo Gerencial e o quarto será a me-
todologia descrita à luz dos teóricos estudados.

O conhecimento desses três modelos de gestão pública permitirá uma visão do


que aconteceu da nossa história na economia.

1. O patrimonialismo

Nos dias atuais, muito tem se discutido sobre gestão pública e sua evolução.
Ela é dividida em três fases: patrimonialista, burocrática e gerencial. O modelo patri-

CAPÍTULO 10
DO PATRIMONIALISMO A GESTÃO PÚBLICA GERENCIAL: A EVOLUÇÃO NECESSÁRIA
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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monialista teve início no período colonial e estendeu-se ao imperial, perdurando até a


década de 1930.

Segundo o PDRAE, (1995, p.15) afirma que


No patrimonialismo, o aparelho do Estado funciona como uma extensão do poder
do soberano, e os seus auxiliares, servidores, possuem status de nobreza real. Os car-
gos são considerados prebendas. A res publica não é diferenciada das res principis.
Em consequência, a corrupção e o nepotismo são inerentes a esse tipo de adminis-
tração.

Sendo assim, no modelo patrimonialista, observava-se que, na época colonial, o


comando do estado era através do Rei ou Príncipe. Havia um desalinho em relação ao
que pertencia ao povo e o que era de posse do Rei, ocorrendo uma troca de favores e
beneficiamento de outras pessoas envolvidas com a soberania, ao invés de um benefi-
ciamento para a população.

1.1 Características do modelo Patrimonialista

Analisando a gestão pública e a sua evolução, sendo a sua primeira fase o patri-
monialismo, faz-se necessário entender suas características embasadas em elementos
típicos do modelo da gestão patrimonialista que são: autoridade centrada no poder
soberano de uma única pessoa; monopólio na definição das estratégias; ausência da
participação do povo; organização política voltada para um governo hereditário e vi-
talício em benefício próprio.

Sendo Assim, Santos (2014 p.356) afirma que: Era o modelo de administração
pública [...] em que o patrimônio e os serviços públicos eram usados pelos governantes
e pelos servidores como seu patrimônio particular, para garantir vantagens pessoais.

Outrossim, dá-se ênfase a fala de Vélez Rodríguez, (2006, p.13) que diz
A expressão mais extremada do patrimonialismo é, para weber, a patriarcal, que é
caracterizada como pré-burocrática. Nela a autoridade se baseia na submissão ao
pater-famílias em virtude de uma devoção rigorosamente pessoal. A expressão ori-
ginal do patriarcalismo é a autoridade paterna no seio da comunidade doméstica. O
patrimonialismo é uma extensão dessa autoridade tradicional para além das fron-
teiras do lar, conservando os traços domésticos de uma administração não racional.

Dessa forma, as autoridades de estado usavam o bem público como ampliação de


seus bens pessoais, evidenciando-se assim uma corrupção e um domínio dos bens do
estado de maneira autoritária, onde havia uma necessidade de implementação de um
novo paradigma, de modo a proteger o bem público.

No Brasil, o modelo patrimonialista surgiu no período colonial quando o regime


de governo aqui era monárquico visto que o país era uma colônia de Portugal e era
governado segundo ordens do governo português.

ALMEIDA, Matheus Coelho de Lucena.


SANTOS, Alexandre José Barboza dos.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

179

Estendendo-se ao período do Brasil Império, o patrimonialismo teve sua história


arraigada nas tradições de Portugal por intermédio do Imperador Dom Pedro I.

Nesse período, deve-se ressaltar a reformulação do Estado Brasileiro através da


Carta Magna de 1824 (1ª Constituição Brasileira) outorgada por Dom Pedro I a qual
concentrava poderes nas mãos do Imperador, visando um poder moderador.

Sendo Assim Holanda, (1963, p.147) afirma que


O modelo de governantes que se moldou a partir de tais costumes ficou caracteri-
zado pela cordialidade, que trata de situações que deveriam ser de interesse geral e
caráter impessoal da mesma maneira como trataria de seus problemas pessoais, mas
sempre mantendo as relações de poder intactas, na qual os mesmos grupos sempre
se encontram acima dos demais.

De acordo com a afirmação de Holanda, podemos afirmar que os reis de estado


da época buscavam seus interesses pessoais e resolviam os problemas de seu grupo de
forma familiarizada de modo a agradar as pessoas que compactuavam com sua forma
de governar o reino. Então, a prática de governar em detrimento do outro, buscando
benefícios próprios, vigorou por muitos anos, criando raízes no Brasil, mesmo depois
do período colonial.

1.2 Incompatibilidade com a Democracia

Nesse sentido, evidencia-se que o patrimonialismo é incompatível com a demo-


cracia, visto que a população não tinha direito a voz. Por consonância, não podia opi-
nar e nem solicitar alguma benfeitoria para a população, pois o Rei só visava seu bene-
fício próprio, ocorrendo assim fraudes e corrupções para conseguir vantagens para si
e para pessoas de seus interesses.

2. O paradigma burocrático

Dentro da evolução da gestão pública, tornou-se necessário um novo paradigma,


surgindo assim em meados 1930 o modelo burocrático. Nesse contexto, entende-se
por modelo burocrático aquela gestão que segue as normas, geralmente com base na
legislação.

2.1 A Gênese do Modelo Burocrático

Sendo assim, o modelo burocrático surgiu para que a administração pública


pudesse evoluir, combatendo as práticas irregulares que ocorriam no modelo prece-
dente: a corrupção, o nepotismo e o favorecimento pessoal.

Nesse sentido Santos, (2014, p.357) afirma que


O fenômeno burocrático iniciou-se com a crescente expansão das grandes empresas,
e foi considerado o melhor modelo organizacional para as grandes corporações, na

CAPÍTULO 10
DO PATRIMONIALISMO A GESTÃO PÚBLICA GERENCIAL: A EVOLUÇÃO NECESSÁRIA
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

180

medida em que era encarado como uma ferramenta capaz de viabilizar a racionali-
dade técnica e a divisão social do trabalho.

Dessa forma, o modelo burocrático foi o elo entre as organizações públicas e


seus funcionários de modo que facilitou uma reengenharia dos cargos, alocando os
seus colaboradores conforme a necessidade. Isso fez o processo torna-se mais fluído
garantindo os direitos de todos os envolvidos no processo organizacional.

Dentro desse contexto, Weber, (2009 b. p. 31) afirma que


Entre os fatores de importância incontestável estão as estruturas racionais das leis e
da administração, pois que o moderno capitalismo racional não necessita apenas dos
meios técnicos de produção, mas também de um sistema legal calculável e de uma
administração baseada em termos de regras formais.

Mediante a colocação de Weber, podemos afirmar que esse novo paradigma tem
como princípio garantir os direitos da população, de modo a seguir as normas formais
dentro da lei, evitando a ocorrência dos erros que aconteciam no patrimonialismo.

2.2 O Modelo Burocrático no Brasil

O advento desse modelo burocrático brasileiro decorre da necessidade de se evi-


tar o retorno às práticas absolutistas que ocorriam no modelo patrimonialista. Sendo
assim, a inserção deste novo paradigma tinha como objetivo barrar os desmandos do
detentor do poder, mediante a criação de mecanismos formais que impedissem as
antigas práticas. Dessa forma, tinha como premissa a limitação do poder, deixando
claro que o gestor não tinha poder absolutos.

Nesse sentido Santos, (2014, p.357) afirma que


No Brasil, desde os anos 1930, vem-se buscando reformar e modernizar o Estado.
Neste processo foi criado o DASP (Departamento Administrativo do Serviço Públi-
co), foram organizadas algumas carreiras dos servidores públicos, estabelecidas a
obrigatoriedade de concurso público e de desempenho, dentre outras medidas.

Dentro desse contexto, a inserção desse novo paradigma no Brasil foi de grande
valia para o serviço público visto que a entidade pública desfruta sempre de funcio-
nários qualificados para atender a população. Nesse sentido, existe uma análise de
desempenho do servidor público, evitando assim o comodismo, garantindo ao órgão
público o direito do desligamento do funcionário, no caso dele não exercer seus servi-
ços de forma adequada.

De acordo com o modelo burocrático, tornou-se mais conveniente a prática de


concursos públicos para o ingresso de novos funcionários, evitando o apadrinhamento
e o nepotismo, garantindo assim servidores especializados para atender a população.

ALMEIDA, Matheus Coelho de Lucena.


SANTOS, Alexandre José Barboza dos.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

181

2.3 A Contribuição da Burocracia na Administração Pública Brasileira

No decorrer dos anos, a evolução da gestão pública vem sendo estudada e dis-
cutida. A burocracia, por sua vez, é um modelo muito questionado, considerado com
muitos entraves. Entretanto, é valido salientar que a contribuição da burocracia para
a administração pública brasileira, garante o cumprimento das regras vigentes com
responsabilidade, obedecendo aos procedimentos que forem necessários no processo
de uma determinada atividade pública: a contratação de funcionários e a compra de
bens ou serviços. Sendo estas realizadas mediante os processos licitatórios pré-estabe-
lecidos, evitando o desvio de verbas e garantindo que todos os recursos públicos sejam
destinados a população.

Dessa forma, a burocracia contribui com as regras beneficiando tanto o órgão


público quanto a população, tendo o controle sobre os recursos financeiros e humanos.
Isso evita desperdícios de verbas e faz com que a organização cumpra com as desman-
das necessárias a população: educação, saúde e infraestrutura.

2.4 A Crise do Modelo Burocrático

A grande crise econômica do estado teve origem nos anos 70, mas só assumiu
caráter definitivo nos anos 80, tendo em vista algumas reformas que sucederam a um
ajuste na estrutura econômica do mesmo.

Sendo assim, Pereira (1998 p.34) afirma que


A grande crise econômica nos anos 80 reduziu as taxas de crescimento dos países
centrais à metade do que foram nos vinte anos que se seguiram à Segunda Guerra
Mundial, levou os países em desenvolvimento a ter sua renda por habitante estag-
nada por quinze anos, e implicou o colapso dos regimes estatistas do bloco sovié-
tico. Quando afirmo que essa grande crise teve como causa fundamental a crise do
Estado – uma crise fiscal do Estado, uma crise do modo de intervenção do Estado
no econômico e no social, e uma crise da forma burocrática de administrar o Estado.

Segundo a fala de Pereira (1998), podemos afirmar que a crise do estado culmi-
nou na queda modelo burocrático visto que, com a globalização que estava ocorrendo,
ameaçava o estado de perder o seu controle econômico e social, fazendo-se necessário
uma nova reforma do estado.

Assim sendo, Pereira (1998 p.35) afirma que:


A crise do Estado a que estou me referindo tem um sentido bem específico. O Estado
entra em crise fiscal, perde em graus variados o credito público, ao mesmo tempo
que vê sua capacidade de gerar poupança forçada diminuir, senão a desaparecer, à
medida que a poupança pública, que era positiva, vai se tornando negativa. Em con-
sequência, a capacidade de intervenção do Estado diminui drasticamente. O Estado
se imobiliza.

CAPÍTULO 10
DO PATRIMONIALISMO A GESTÃO PÚBLICA GERENCIAL: A EVOLUÇÃO NECESSÁRIA
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

182

Dentro desse contexto, o Estado não estava conseguindo reverter tal crise, o aces-
so ao crédito estava restrito, dificultando a população superar aquele momento pelo
qual estava passando. Sendo assim, em 15 de março de 1990, Fernando Collor assume
a Presidência e coloca em prática um plano restritivo para a economia. Durante um pe-
ríodo de 18 meses, ele congelou as poupanças com valores acima de 50 mil cruzeiros,
tentando assim controlar a hiperinflação. Segundo Heron do Carmo “Entre dezembro
de 1989 e março de 1990, a inflação saiu de uma taxa em torno de 50% ao mês para a
faixa de aproximadamente 100% ao mês”.

Dessa forma o plano inserido por Fernando Color tinha como objetivo amenizar
a inflação, para isso ele congelou a poupança e os salários, meio encontrado para re-
duzir os preços que estavam em alta, e conseguir uma retomada econômica do país.

Sendo assim, houve um entendimento sobre a crise econômica, de que modo ela
estava afetando a economia brasileira, onde o país estava enfrentando uma crise fiscal
e econômica.

Não obstante, a crise do modelo burocrático passa também pela inadequação na


administração pública em relação ao cumprimento dos anseios da sociedade.

Segundo Chiavenato (2006, p.120):


Seu defeito, a ineficiência, a autorreferência, a incapacidade de votar-se para o ser-
viço aos cidadãos vistos como cliente. Este defeito, entretanto, não se revelou deter-
minante na época do surgimento da administração pública burocrática porque os
serviços do Estado eram muito reduzidos. O Estado limitava-se a manter a ordem e
a administrar a justiça, a garantir os contratos e a propriedade.

Mediante a descrição de Chiavenato, o modelo burocrático não mais atendia às


perspectivas assumidas pelo Estado como provedor das demandas sociais. Isto fez
com que ocorresse a crise e, consequentemente, a queda do modelo burocrático.

Nesse sentido, confirma-se a necessidade da criação e a aprovação da nova refor-


ma que foi planejada com o intuito a solucionar os problemas da crise do estado.

Dentro desse contexto Pereira (1998 p.45) afirma que:


Sua aprovação, afinal, em 1998, partiu da convicção, finalmente tornada dominante
no país, de que a Reforma Gerencial da administração pública é essencial, a curto
prazo, para reduzir os custos do Estado e completar o ajuste fiscal, e, a médio prazo,
para tornar o Estado mais eficiente, mas efetivo, melhor capacitado para defender
o patrimônio público, mais capaz de atender às demandas dos cidadãos a um custo
compatível com as restrições econômicas impostas pelo dramático aumento da com-
petição internacional envolvido no processo de globalização.

Com base na afirmação Pereira, podemos compreender que o modelo burocráti-


co enfrentou uma crise, pois, o mesmo era ineficiente visto que gerava um alto custo
e ocorriam gastos desnecessários. Sendo a crise do estado foi culminante para a cria-

ALMEIDA, Matheus Coelho de Lucena.


SANTOS, Alexandre José Barboza dos.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

183

ção do novo paradigma, uma vez que, o mesmo tem como premissa diminuir os cus-
tos, tornando a administração pública mais eficiente e assim destinar os recursos para
atender aos anseios da população como: saúde, educação, infraestrutura e segurança.

3. O Modelo de Gestão Gerencial

Na segunda metade do século XX, surgiu o modelo gerencial de administração


pública na intenção de reparar a crise fiscal do Estado. Isto implicaria na redução de
custos e melhor qualidade na administração dos serviços públicos.

A adoção da administração pública gerencial começa na Grã-Bretanha em 1979,


em seguida nos EUA em 1980.

A gestão gerencial consiste numa forma de administração voltada para o desen-


volvimento da economia e atendimento as demandas do público.

Segundo Chiavenato (2006 p. 121) diz que:


A eficiência da administração pública – a necessidade de reduzir custos e aumentar
a qualidade dos serviços, tendo o cidadão como beneficiário – torna-se então essen-
cial. A reforma do aparelho do Estado passa a ser orientada predominantemente
pelos valores da eficiência e qualidade na prestação de serviços públicos e pelo de-
senvolvimento de uma cultura gerencial nas organizações.

Nesse sentido, com base na afirmação de Chiavenato, pode-se afirmar que o mo-
delo de gestão gerencial tem como característica marcante a busca pela eficiência, ou
seja, fazer mais com menos conseguindo assim atingir os seus objetivos com uma re-
dução de custos que o modelo busca, para isso o modelo desenvolve um controle sobre
os custos públicos, evitando assim custos desnecessários, e com essa economia gerada
o gestor público pode destinar as verbas de forma mais eficiente, alocando recursos
nas áreas que tenham uma maior prioridade e buscando atender as expectativas da
população.

Dentro desse contexto Chiavenato (2006 p. 122) afirma que:


A administração pública gerencial vê o cidadão como contribuinte de impostos e
como cliente dos seus serviços. Os resultados da ação do Estado são considerados
bons não porque processos administrativos estão sobe o controle e são seguros,
como que a administração pública burocrática, mas porque as necessidades do cida-
dão-cliente estão sendo atendidas.

Sendo assim para o modelo gerencial a população é vista como um contribuinte e


isso é grande valia pois fica claro que o cidadão terá seus direitos assegurados, pode-se
concluir que a população é quem financia a máquina pública, portanto tem que haver
um retorno para os cidadãos.

CAPÍTULO 10
DO PATRIMONIALISMO A GESTÃO PÚBLICA GERENCIAL: A EVOLUÇÃO NECESSÁRIA
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

184

3.1 A Busca de Excelência da Gestão Pública

Na busca de um modelo perfeito de gestão pública, retalham-se características do


modelo burocrático ainda intrínsecas e dá-se lugar a uma nova forma de governo que
contemple resultados significativos quanto ao crescimento socioeconômico.

Segundo Pimenta (1998), apud Matias-Pereira (2016, p. 61)


Que a reforma gerencial busca aumentar a eficiência e a efetividade dos órgãos ou
agências do Estado por meio da descentralização; fortalecer a capacidade do Estado
de promover o desenvolvimento econômico e social através da garantia dos con-
tratos e assegurar o caráter democrático da administração pública com um serviço
orientado para o cidadão-cliente e a responsabilização do servidor público pelos
seus resultados.

Nesse sentido, a reforma gerencial procura obter resultados valiosos com a des-
centralização dos níveis organizacionais e flexibilidade nas relações entre eles em bus-
ca de uma ascensão econômica voltada para o bem comum da sociedade.

3.2 Resultados como Feedback da Gestão Pública

A globalização e os avanços tecnológicos fizeram com que os governantes de al-


guns países refletissem sobre mudanças na administração pública, passando a se preo-
cupar com uma gestão flexível para atender melhor as demandas internas e externas.

Outrossim, sabe-se que toda reforma com medidas radicais gera pontos positivos
e negativos.

De acordo com a fala de Matias-Pereira (2016, p.63)


Assim, a implementação da reforma do Estado em uma parcela significativa de paí-
ses do mundo, em curso nas últimas três décadas, orientada para superar os obs-
táculos nas áreas administrativa, financeira e fiscal, que afetam o desempenho da
gestão governamental de um lado e a satisfação dos anseios da sociedade de outro,
resultou em sucessos e fracassos.

Nesse sentido, fica claro que toda e qualquer reforma tende a ser reavaliada à
medida que é implementada, procurando diagnosticar problemas ou não existentes.

Os países em que a Reforma Gerencial foi mais profunda foram a Grã-Bretanha,


a Nova Zelândia e a Austrália.

Nesse contexto, Pereira (2011, p.52)


Grã-Bretanha: É Provavelmente o caso de Reforma Gerencial mais equilibrado e
bem-sucedido. Segundo Fairbrother (1994), a preocupação com a organização e ges-
tão do Civil Service remonta às décadas de 1960 e 1970, culminando na publicação
do Relatório Fulton, em 1968, que via na postura dos gerentes do serviço público
um problema central. A dificuldade para implementar um accontable management,
por meio da mensuração de desempenho em termos quantitativos e financeiros e da
administração por objetivos, surgia como o principal obstáculo a uma modernização
do aparelho estatal. As reformas da década de 1970 focalizaram especialmente a in-

ALMEIDA, Matheus Coelho de Lucena.


SANTOS, Alexandre José Barboza dos.
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

185

trodução de controles gerenciais na do serviço público. Entendia-se como desejável


a importação de técnicas do mundo dos negócios, instilando procedimentos e abor-
dagens gerenciais em estruturas administrativas já existentes.

Nos países em desenvolvimento, particularmente na América Latina, o Brasil


tem sua ênfase na reforma gerencial.

Segundo Pereira (2011, p.205):


A Reforma Gerencial no Brasil, [...] foi pensada e planejada durante os seis primeiros
meses do governo Fernando Henrique Cardoso e assumiu a forma de dois docu-
mentos básicos: a proposta de emenda constitucional do capítulo da administração
pública, que foi chamada pela imprensa de “a reforma administrativa”, e o Plano
Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, [...].

Nesse sentido, foi no governo de Fernando Henrique Cardoso que foram firma-
das algumas decisões como, a criação do MARE (Ministério da Administração Federal
e Reforma do Estado) que colocou em prática o PDRAE (Plano Diretor da Reforma do
Aparelho do Estado). Dessa forma vale ressaltar a fala de Raphael Schickmann 2016,
que aponta como objetivos principais do PDRAE
A modernização das máquinas estatais nos três níveis de federação (municipal, es-
tadual e federal) para ganhos de eficiência e contribuição para o ajuste fiscal pro-
movido pelo governo, por meio de redução de possível excesso de servidores em
determinados órgãos, fixação de textos de remuneração, bem como alteração em
regras bem como alteração em regras de aposentadoria dos servidores.

Nesse contexto o MARE teve seu destaque na execução do PDRAE, dentro da


nova forma de administrar o gerencialismo.

3.3 Governabilidade e Governança

A governabilidade e a governança são termos interligados numa gestão pública,


porém com definições distintas.

Segundo a fala de Matias-Pereira, (2010, 2014)


Os conceitos de governabilidade e governança aparecem de forma sistemática na
literatura contemporânea sobre o Estado e políticas públicas. Dessa forma, a capa-
cidade política de governar, ou seja, a governabilidade, seria resultante da relação
de legitimidade do estado e do seu governo com a sociedade, e a governança, por
sua vez, decorria da capacidade financeira e administrativa, em sentido amplo, do
governo de realizar políticas.

Nesse sentido, a governabilidade compreende toda estrutura legal e legítima que


abrange as práticas governamentais enquanto a governança é a capacidade de formu-
lar e implementar políticas necessárias aos anseios da sociedade.

3.4 Accontability Governamental

Nos dias atuais, a população está cada vez mais ligada aos gastos públicos e para
onde eles são destinados.

CAPÍTULO 10
DO PATRIMONIALISMO A GESTÃO PÚBLICA GERENCIAL: A EVOLUÇÃO NECESSÁRIA
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

186

Diante desse fato, existe na gestão pública a accontability governamental que é


definida segundo a fala de Matias-Pereira (2016, p.78)
O termo accontability pode ser aceito como o conjunto de mecanismos e procedi-
mentos que induzem os dirigentes a prestar contas dos resultados de suas ações à
sociedade, garantindo-se dessa forma maior nível de transparência e a exposição
pública das políticas públicas.

Com base na afirmação citada acima, pode-se dizer que a prestação de contas dos
resultados das ações do governo deve ser feita para firmar a transparência e o compro-
misso assumido por ele implementação de políticas públicas favoráveis à sociedade
que, por sua vez, tende a fiscalizar as entradas de verbas no estado através do portal
da transparência.

Metodologia

Para a realização dessa pesquisa faz-se necessário descrever a metodologia utili-


zada no desenvolvimento da mesma.

Conforme Almeida (2011, p.27) diz que “[...] a metodologia da pesquisa, que cor-
responde a um conjunto de procedimentos adotados em estudos aos quais se atribui a
confiabilidade do rigor científico”.

Sendo assim, a metodologia atende com rigor todos os procedimentos da pesqui-


sa acadêmica.

A pesquisa em pauta é de caráter bibliográfico, buscando fundamentações teóri-


cas à luz da literatura a respeito do tema: Do Patrimonialismo a Gestão Pública Geren-
cial: a Evolução Necessária.

Dentro desse contexto, Lakatos e Marconi (2009, p.57) diz que


[...] abrange toda bibliografia já tomada pública em relação ao tema de estudo [...]
Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito,
dito ou filmado sobre determinado assunto [...].

Sendo assim, a pesquisa bibliográfica conduz o pesquisador a ser o mediador de


conhecimentos na realização de ações expostas.

Partindo dessa fundamentação, utilizou-se como fonte de consultas: livros, ar-


tigos e sites que possibilitaram uma leitura minuciosa em relação ao tema, buscando
contribuições teóricas de Santos (2014), Velez Rodríguez (2006), Weber (2009), Matias-
-Pereira (2016) e Pereira (1998), Chiavenato (2006).

Ainda assim, foram realizadas pesquisas na internet, consultando sites específi-


cos de conhecimentos necessários ao desenvolvimento do trabalho.

ALMEIDA, Matheus Coelho de Lucena.


SANTOS, Alexandre José Barboza dos.
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187

Considerações finais

A presente pesquisa, constatou, através de fundamentações teóricas, o processo


evolutivo dos modelos de gestão pública no Estado. Para isso, fez-se necessário um
estudo pautado na temática: Do Patrimonialismo a Gestão Pública Gerencial: A Evo-
lução Necessária.

Nesse sentido, foi dado ênfase aos tipos de gestão: patrimonialista, burocrática
e gerencial para melhor compreensão da história socioeconômica do país visto que as
mudanças entre eles foram surgindo com as necessidades prioritárias do Estado e da
Sociedade.

Nesse contexto histórico, tivemos o patrimonialismo, um modelo concentrado no


poder soberano, com organização política voltada para um governo hereditário e vi-
talício em benefício próprio. A corrupção e o nepotismo eram características evidentes
nesse tipo de administração. Já o burocrático apresentou-se como um modelo evoluti-
vo capaz de viabilizar uma nova forma de administrar o Estado, combatendo práticas
irregulares na gestão anterior e garantindo os direitos da população dentro da lei.
Porém, com a intenção de aprimorar a administração pública e reparar a crise fiscal e
melhorar a gerência do Estado, surgiu o modelo gerencial que visa o desenvolvimento
da economia e atendimento às demandas do público.

Mediante a fala de estudiosos que se fizeram presentes nesta pesquisa, a hipótese


foi comprovada uma vez que a evolução se deu na busca de uma excelência adminis-
trativa que atendesse ao desenvolvimento do Estado e aos anseios da Sociedade.

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CAPÍTULO 10
DO PATRIMONIALISMO A GESTÃO PÚBLICA GERENCIAL: A EVOLUÇÃO NECESSÁRIA
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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ALMEIDA, Matheus Coelho de Lucena.


SANTOS, Alexandre José Barboza dos.
CAPÍTULO 11

PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO NA
GESTÃO MUNICIPAL

SILVA, Danilo Braz da Cunha e. 1

DOI: 10.46898/rfb.9786599152498.11.

1  Advogado OAB-PE. Bacharel em Direito (FACET)


GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

190

Resumo

E ste artigo apresenta uma discussão teórica que parte das pesquisas realizadas
nos trabalhos de já executados como o Orçamento Participativo realizado na
cidade do Recife possui relevante tradição na implementação de programas institucio-
nalizados de participação popular na gestão pública municipal. Esse trabalho apresen-
ta uma análise comparativa entre os processos de participação implementados pelos
governos do Partido dos Trabalhadores ao longo de três gestões consecutivas (2001-
2012) e pelo Partido Socialista Brasileiro (2013-2016). Também o estudo do charrette
de sucesso promove a propriedade conjunta de soluções e tenta neutralizar atitudes
típicas de confronto entre residentes e desenvolvedores. Charrettes tendem a envolver
pequenos grupos, no entanto, os residentes participantes podem não representar to-
dos os residentes nem ter autoridade moral para representá-los. Por fim apresenta-se
um estudo planejamento participativo da comunidade na gestão pública municipal.

Palavras - chave: Gestão Pública, Licitação, Planejamento, Participação Popular.

Abstract

This article presents a theoretical discussion that part of the research carried out
in the works already carried out, such as the Participatory Budget carried out in the
city of Recife, has a relevant tradition in the implementation of institutionalized pro-
grams of popular participation in municipal public management. This work presents a
comparative analysis between the participation processes implemented by the gover-
nments of the Workers’ Party over three consecutive administrations (2001-2012) and
by the Brazilian Socialist Party (2013-2016). The study of the successful charrette also
promotes joint ownership of solutions and attempts to neutralize typical attitudes of
confrontation between residents and developers. Carts tend to involve small groups,
however, participating residents may not represent all residents or have the moral
authority to represent them. Finally, a study of participatory community planning in
municipal public management is presented.

Key words: Public Management, Bidding, Planning, Popular Participation.

1. Orçamento participativo

Orçamento Participativo (OP) é um mecanismo governamental de democracia


participativa que permite aos cidadãos influenciar ou decidir sobre os orçamentos pú-
blicos, geralmente o orçamento de investimentos de prefeituras municipais, através
de processos da participação da comunidade. Esses processos costumam contar com
assembleias abertas e periódicas e etapas de negociação direta com o governo. No
Orçamento Participativo retira-se poder de uma elite burocrática repassando-o direta-
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mente para a sociedade. Com isso a sociedade civil passa a ocupar espaços que antes
lhe eram “furtados”.

No processo de Orçamento Participativo, o governo consulta a população, a par-


tir de reuniões abertas à sociedade, sobre as suas demandas prioritárias e o que incluir
na Lei Orçamentária Anual. Sob esse aspecto, a definição do orçamento tem sido um
exercício de participação de toda a comunidade. Essa forma de implementação do
orçamento foi adotada por alguns governos municipais a partir de meados da década
de 80. Geralmente, não há dispositivos legais que obriguem esse tipo de elaboração do
orçamento. As reuniões, conduzidas pela própria Administração Municipal, são feitas
em várias regiões do município. A comunidade elege uma pauta de demandas e sele-
ciona, de acordo com critérios, as prioridades que serão acolhidas pela Administração
Municipal.

A implementação do OP surgiu com a redemocratização e a promulgação da


Constituição de 1988, quando foi estimulada a participação popular na definição de
políticas governamentais, por intermédio da criação dos Conselhos Setoriais de Polí-
ticas Públicas como espaços de controle social. As mudanças constitucionais aliadas à
vontade popular e política viabilizaram a implantação em Porto Alegre - RS, do Orça-
mento Participativo, em 1989 tendo a proposta de discussão pública do orçamento e
dos recursos para investimento. Muitas prefeituras adotaram a participação popular
baseando-se no modelo de Porto Alegre - RS como é o caso de Paris e Saint-Denis -
França, Rosário - Argentina, Montevidéu - Uruguai, Barcelona e a Coruña - Espanha,
Toronto – Canadá, Bruxelas -Bélgica, Belém - Pará, Santo André - SP, Aracaju - Sergi-
pe, Blumenau - SC, Recife - PE, Olinda - PE, Belo Horizonte - MG Atibaia - SP, Guaru-
lhos - SP e Mundo Novo - MS.

A cidade do Recife possui relevante tradição na implementação de programas


institucionalizados de participação popular na gestão pública municipal. Esse trabalho
apresenta uma análise comparativa entre os processos de participação implementados
pelos governos do Partido dos Trabalhadores ao longo de três gestões consecutivas
(2001-2012) e pelo Partido Socialista Brasileiro (2013-2016). Com o objetivo de identifi-
car as similaridades e diferenças entre a origem, o funcionamento interno e, sobretudo,
a qualidade da participação do Orçamento Participativo (PT) e do Recife Participa
(PSB), o trabalho se baseou nos dados primários coletados a partir de entrevistas rea-
lizadas com participantes e ex-participantes dos referidos programas, bem como com
gestores públicos que estão ou estiveram envolvidos na formulação, implementação e
operacionalização dos programas. Ademais, também foram analisados uma série de
documentos oficiais com o intuito de verificar qual a importância e o papel que era
conferido a tais experiências no âmbito da gestão municipal. Uma das constatações

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PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO NA GESTÃO MUNICIPAL
GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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do trabalho é que, apesar da centralidade atribuída aos processos de participação de


ambas as gestões, há uma grande escassez de documentos que contenham o registro
sistematizado da dinâmica de participação que permeou os processos de planejamen-
to e de gestão urbana nos últimos quinze anos. Essa dissertação concluiu, a partir do
referencial teórico e das categorias de análise utilizadas, que o Orçamento Participati-
vo teve uma dinâmica de participação qualitativamente superior ao Recife Participa, o
que permite afirmar que está em curso um retrocesso na política de participação social
do município.

A motivação de analisar essas experiências foi oriunda do entendimento de que


a política de participação popular no Recife precisa ser revista, repensada, reformula-
da. O projeto embrionário que deu origem a essa dissertação foi fruto de observações
empíricas e de reflexões, ora críticas, ora esperançosas, que se deram ao longo de mais
de 10 anos de acompanhamento direto e indireto das instâncias de participação viabi-
lizadas por diferentes governos. Entende-se que instrumentos dessa natureza abrem
a possibilidade de os cidadãos debaterem e participarem das decisões referentes aos
seus bairros e à sua cidade, dinâmica que, direta ou indiretamente, fortalece os meca-
nismos de democracia participativa. Tais instrumentos, quando eficazes, podem ser
uma importante contraposição às práticas antidemocráticas que ainda existem nas ins-
tituições amparadas unicamente pela democracia representativa.

2. Charrette

Os charrettes ocorrem em muitas disciplinas, incluindo o planejamento do uso


da terra ou o planejamento urbano. No planejamento, o charrette tornou-se uma técni-
ca de consultoria com todas as partes interessadas. Esse tipo de charrette (às vezes cha-
mado de inquérito por projeto) geralmente envolve reuniões intensas e possivelmente
de vários dias, envolvendo autoridades municipais, desenvolvedores e residentes. Um
charrette de sucesso promove a propriedade conjunta de soluções e tenta neutralizar
atitudes típicas de confronto entre residentes e desenvolvedores. Charrettes tendem a
envolver pequenos grupos, no entanto, os residentes participantes podem não repre-
sentar todos os residentes nem ter autoridade moral para representá-los. Os residentes
que participam recebem informações antecipadas no processo de planejamento. Para
desenvolvedores e autoridades municipais, os charrettes alcançam o envolvimento da
comunidade, podem satisfazer os critérios de consulta, com o objetivo de evitar bata-
lhas legais caras. Outros usos do termo “charrette” ocorrem dentro de um ambiente
acadêmico ou profissional, enquanto os planejadores urbanos convidam o público em
geral para seus charrettes de planejamento. Assim, a maioria das pessoas (a menos que
sejam estudantes de design) encontra o termo “charrette” em um contexto de planeja-
mento urbano.

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GESTÃO PÚBLICA: ENSAIOS TEÓRICOS - 2ed.

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Em campos de projeto, tais como arquitetura, arquitetura da paisagem, design


industrial, design de interiores, design de interação, ou design gráfico, o termo char-
rette pode se referir a um período intenso de trabalho de uma pessoa ou um grupo de
pessoas antes de um prazo. O período de um charrette normalmente envolve esfor-
ços concentrados e sustentados. A palavra “charrette” também pode ser usada como
verbo, como em, por exemplo, “estou charrette” ou “estou no charrette”, significando
simplesmente que estou trabalhando longas noites, intensamente em direção a um
prazo.

Um exemplo de charrette ocorreu na Flórida em 1973, quando os futuros residen-


tes da Miccosukee Land Co-op em Tallahassee viajaram de caravana para Orlando e
passaram o fim de semana nos escritórios do King Helie Planning Group de Orlando
(dormindo no chão) trabalhando com sua equipe para desenvolver os planos de uso
da terra da comunidade; os recursos desejados por membros individuais e aceitáveis
para o grupo incluíam um lote perfeitamente circular, um enorme lote de casas na ár-
vore e ruas com nomes de músicas dos Beatles (como “The LongandWinding Road”.
“Penny Lane”, “Abbey Road”). Um exemplo mais recente, do New Collegeof Florida,
são seus Charrettes de design do plano diretor que ocorreram durante uma semana
em 2005, envolvendo estudantes, ex-alunos, administradores, professores, residentes
da área e funcionários do governo local, bem como arquitetos, designers e planejado-
res da Moule&Polyzoides, The FolsomGroup, o Florida HouseInstitute for Sustainab-
leDevelopment, Hall Planning &Engineering e Biohabitats, em um processo para fazer
sugestões de longo alcance para os corredores de layout, paisagismo, arquitetura e
transporte do campus do plano diretor do campus.

Em alguns casos, um charrette pode ser mantido de forma recorrente, como o


charrette anual do departamento de Arquitetura da Paisagem e Planejamento Am-
biental da Universidade Estadual de Utah. Todo mês de fevereiro, o corpo docente
escolhe um local em parceria com comunidades e grupos em todo o estado de Utah, e
mantém um intenso contrato de design de cinco dias com foco em questões específicas
da comunidade ou região. O charrette começa com uma visita de campo, seguida de
sessões de trabalho durante todo o dia, acompanhadas pelas partes interessadas do
projeto e arquitetos paisagistas voluntários e outros profissionais, e supervisionada
por estudantes de nível sênior e de pós-graduação. O trabalho final é então apresen-
tado à comunidade. Charrettes como esses oferecem a estudantes e profissionais a
oportunidade de trabalhar juntos em um cenário próximo em cenários de design do
mundo real,

As Escolas de Arquitetura da Rice University e da Universityof Virginia telefo-


nam na última semana antes do final das aulas, Charrette. No prazo final (atribuído

CAPÍTULO 11
PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO NA GESTÃO MUNICIPAL
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pela escola), todos os alunos devem colocar seus “lápis” e parar de trabalhar. Os alunos
então apresentam seu trabalho a colegas e professores em uma apresentação crítica.

Muitos municípios ao redor do mundo desenvolvem planos ou visões da cidade


a longo prazo através de múltiplos charrettes - tanto comunitários quanto profissio-
nais. Sucessos notáveis na costa oeste do Canadá incluem a cidade de Vancouver, Co-
lúmbia Britânica, bem como o Distrito de Tofino. ganhou um prêmio de excelência em
planejamento após um charrette de vários dias de sucesso.
1.www.govanpartick.com . Consultado em 25 de outubro de 2018 .
2.Roggema, Rob (2014). “O Design Charrette”. Em Roggema, Rob (org.). The De-
sign Charrette: Maneiras de prever futuros sustentáveis . Springer Holanda. 15-34.
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3.Bonda, Penny (2007). Interiores Comerciais Sustentáveis . John Wiley& Sons. p.
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4.Gendrat, Aurélie (1999). Émile Zola, L’Œuvre . Bréal. p. 56 . ISBN
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8.“Plano de vencimento premiado da vitalização de Tofino -” . Consultado em 25 de
outubro de 2018 .

3. Planejamento participativo na gestão municipal

O QUE É LICITAÇÃO?

É um procedimento administrativo que, por meio de regras previamente estabe-


lecidas, se destina a satisfazer uma necessidade pública mediante uma dada contrata-
ção.

POR QUE LICITAR?

Garantir o direito de acesso ao contrato a qualquer interessado que preencha os


requisitos exigidos e respeitando todos princípios constitucionais e infraconstitucio-
nais. Para assim obter a proposta mais vantajosa para a Administração Pública e ainda
promover o desenvolvimento nacional sustentável.

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4. O início do planejamento na administração pública

Para uma gestão proba as ações da edilidade devem andar de acordo com a ne-
cessidade dos munícipes. Por esse motivo o planejamento se faz tão essencial para
ações eficientes e eficazes. Outrossim, as visões supra expostas são de extrema impor-
tância para a aplicação de uma inovação na gestão, não esquecendo dos projetos já
implantados e por algum motivo não continuado ou adequado para realidade.

A noção fundamental do planejamento é permeada pelo Estudos preliminares,


mapas de risco, documentos de planejamentos e oficialização da demanda. Justifica-
tiva para o início de um bom planejamento é essencial, pois na ideia de mesclar os
exemplos de “orçamento participativo e charrette”, para criar uma nova ideia de com-
partilhamento de planejamento de gestão com sociedade.

Diante do cenário atual de total descrédito da população nos políticos e nas ges-
tões, esse é um momento ideal para conduzir abrindo as portas dos planejamentos das
gestões.

Ao captar tal necessidade a edilidade deve inicialmente planejar seus próximos


atos e essa etapa é de suma importância pois é nela onda poderemos identificar uma
visão social, promover objetivos estratégicos, elaborar ideias criativas e inovadoras,
explorar as oportunidades, minimizar possíveis ameaças, avaliar outros procedimen-
tos iguais e estudar suas falhar e acertos e assim planejar as ações futuras.

Assim, o que o planejamento nos traz um cenário “cool”, pois favorece a comu-
nicação, permite o planejamento do orçamento público, nos deixa mais próximo do
mercado, assegura a tomada das decisões, fortalece o relacionamento dos servidores,
minimiza os atritos no ambiente de trabalho e proporciona uma melhor interação dos
servidores municipais da edilidade.

Qual será os benefícios do planejamento bem feito. Esses atos de planejar tão
implícitos em nossas mentes tornam-se, um pouco complexo quando vamos pôr em
prática, pois mesmo sendo uma ação intrínseca do ser humano razoável, o tempo que
se gasta com o planejamento sempre é tido como desperdício, além de trabalhoso, por
ser uma ação onde se deve reunir uma associação de servidores da edilidade a fim de
elaborar prestimoso trabalho de planejar.

5. Planejamento integrado

Muito se fala em fase de campanhas políticas em transparência, economias, in-


vestimentos e participação da sociedade na administração do pretenso candidato ao

CAPÍTULO 11
PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO NA GESTÃO MUNICIPAL
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cargo eletivo do poder executivo. Toda via as promessas serem rotineiras a prática é
escassa, e sempre esquecida quando o em outrora candidato se torna o eleito.

Diante do cenário atual e da descrença em seus índices mais elevados de toda his-
tória política de nossa nação, devemos vislumbrar um horizonte com projetos que en-
volvam a sociedade civil nas decisões dos gestores públicos. De que forma poderemos
fazer isso acontecer? “Está aí uma boa pergunta”, para tanto teremos que apresentar
uma boa resposta. Vejamos, ao analisar o discorrido nos trabalhos dos “orçamentos
participativos e nos trabalhos de charrettes”, este trabalho buscou mesclar as ideias e
preparar uma ação semelhante aproveitando o melhor de ambos trabalhos.

Em uma Gestão Municipal onde a edilidade busca a harmonia e credibilidade


da sociedade, nada melhor que envolver os munícipes em suas decisões e mostrar aos
interessados o que é um planejamento. Vejamos: Em um determinado bairro carente
existem várias obras e melhorias a serem feitas, mas sabemos que tudo não será possí-
vel de ser executada de uma só vez, então a edilidade internamente planeja qual ação
será mais viável para localidade e inicia todo tramite burocrático de planejamento,
solicitação, licitação, contratação e por fim a tão esperada execução.

Esse modo de operação é a forma habitual dos acontecimentos, mas o trabalho


ora proposto opina por uma nova maneira de planejar. Trazendo a sociedade para o
início do planejamento, deixando que a opinião da população seja o horizonte e o ba-
lizador de qual será a ação tomada pela edilidade.

Em uma apresentação para os munícipes da localidade será demonstrada os mol-


des de trabalho, depois de feita toda explanação deve-se fazer uma eleição por acla-
mação de um número ímpar de moradores para participar das assembleias fechadas,
entendendo que o número de moradores não deve ultrapassar um total de 11 (onze)
pessoas, para que as discussão sejam alcançadas seus objetivos. Superada a etapa de
seleção dos participantes do povo, hora de determinar os dias das reuniões, essas ten-
do que ter início e término no prazo de 7 (sete) dias, pois um dos balizadores será os
prazos para cada etapa.

Para o início da segunda etapa será determinado discussões em assembleia fe-


chada com presença dos moradores e profissionais da edilidade com o intuito de via-
bilizar e fornecer informações para que os moradores participantes da assembleia to-
mem a decisão de qual tipo de obra deve ser elaborado o projeto para a viabilização
de execução. Outrossim, há este momento deverá estar presente servidores técnicos da
área de Engenharia, Secretários municipais e Representantes da Comissão Permanente
de Licitação.

SILVA, Danilo Braz da Cunha e.


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No prazo determinado de 7 (sete) dias, com reuniões diárias com discussões so-
bre a viabilidade e necessidade de todas sugestões trazidas pelos pleitos dos morado-
res, chegando ao dia “D” o último dia de assembleia onde será determinado a ação que
será objeto do projeto da edilidade para aquela localidade, iniciará a parte interna do
procedimento licitatório.

Ainda para uma melhor clareza e eficiência e antes da etapa inicial do procedi-
mento licitatório na sua normalidade. Esse estudo propõe uma resposta para os re-
presentantes participantes da assembleia e para todos daquela comunidade, seguindo
da seguinte maneira, após concluída a etapa da assembleia e decidido a ação que será
tomada “obra a executar” a equipe da secretaria de Obras terá uma escala de prazo
para apresentar o projeto da futura obra. Em consulta ao Dr. Saulo Davi de Lima Silva,
Engenheiro Civil, nos foi informado que há cenários diversos para execução de cada
projeto de obras, mas poderemos balizar nos seguintes prazos do quadro a seguir:

Diante do exposto e após a execução do projeto básico, voltará a edilidade a co-


munidade para fazer a apresentação para a população já com mapa de situação, síntese
do empreendimento, informações sobre o município, memória descritiva, especifica-
ções técnicas, plantas, informações para elaboração do plano de execução, orçamento e
cronograma, planilha orçamentária, cronograma físico-financeiro, memória de cálculo
e composição de BDI - Bonificação e Despesas Indiretas. Após a apresentação técnica
conduzida por um representante qualificado da Gestão Pública passaremos para a fase
inicial dos procedimentos licitatórios.

6. Fase inicial do procedimento licitatório

Preparação da licitação O procedimento licitatório é composto de duas etapas:


a interna e a externa. A etapa interna é realizada antes da publicação do aviso de lici-
tação, contemplando a consecução dos atos preparatórios para a efetiva promoção da
disputa. Trata-se de etapa de extrema importância, pois será crucial para garantir o
sucesso da licitação e o alcance de seu objetivo maior: a seleção da proposta mais van-
tajosa para a Administração. A etapa interna inicia-se com a formalização da demanda
administrativa, entendida como a demonstração da necessidade de aquisição de pro-
dutos, de contratação da prestação de serviços ou execução de obras. Nos termos do
art. 38 da LGL, uma vez delimitada a demanda e apontados, em termos técnicos, os
meios úteis ao seu atendimento, a matéria é submetida à autorização da autoridade
competente para a consequente abertura do procedimento licitatório, o que é formali-

CAPÍTULO 11
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zado com a autuação, o protocolo e a numeração dos autos administrativos (BRASIL,


1993). Portanto, conforme o caput do art. 38 da Lei n° 8.666/1993, já no início da etapa
interna da licitação, deverá haver a indicação sucinta de seu objeto e o recurso próprio
para a despesa (BRASIL, 1993). É evidente que não há necessidade de, na oportuni-
dade da instauração do procedimento, o objeto da licitação já estar minuciosamente
especificado, com todos os projetos técnicos inerentes, uma vez que o detalhamento
será formulado pelas áreas competentes até o momento da elaboração do edital.

Com essas informações esperamos ter contribuído para uma propositura de


ações pertinentes e oportunas para uma edilidade que busca trazer a sociedade para
participação dos projetos e ações da gestão municipal.

Referências
AMORIM, Victor Aguiar Jardim de. Licitações e contratos administrativos: teoria e
jurisprudência.

OLIVEIRA, Marcia Mikai Junqueira de. A metodologia Charrette Design Desenvol-


vimento do Empreendimento. Pedra Branca – SC. Dissertação Acadêmica 2014.

OLIVEIRA, Rafael Sérgio Lima de. AMORIM, Victor Aguiar Jardim de. Pregão Ele-
trônico Comentários ao Decreto Federal n°10.024/2019. Belo Horizonte: Fórum, 2020.

TORRES, Ronny Charles Lopes de. Leis de licitações comentadas. 6° edição. Salva-
dor: Jus Podivm, 2014.

TORRES, Ronny Charles Lopes de. MARRY, Michelle. Regime Diferenciado de Con-
tratações – RDC. Salvador: Jus Podivm, 2014.

SILVA, Danilo Braz da Cunha e.

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