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UNIVERSIDADE FEEVALE

INSTITUTO DE ARTES VISUAIS


CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS

ANDERSON FABIANO DA SILVA SOARES

O USO DA FOTOGRAFIA SELFIE E A


LEITURA VISUAL DAS OBRAS DE
AUTORRETRATO DA FRIDA KAHLO

Monografia apresentada como requisito parcial


para a obtenção do grau de Licenciatura em Artes
Visuais

Orientador: Profª. Dr. Laura Marcela Ribero


Rueda

Novo Hamburgo
2021
UNIVERSIDADE FEEVALE
Reitor: Prof. Cleber Prodanov
Chefe de Gabinete: Profa. Tamires Becker
Pró-Reitora de Ensino: Profª. Angelita Renck Gerhardt
Diretora do Instituto de Artes: Profa. Marines Andrea Kunz
Coordenador do Curso de Artes Visuais: Profª. Cristina Ennes da Silva
AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, que sempre fizeram de tudo dentro de suas possibilidades para me
dar a chance de conseguir ter o que eles, infelizmente, não conseguiram adquirir.
A minha companheira que sempre me auxiliou em toda esta jornada, tendo sempre
uma palavra de apoio para me confortar e uma mão amiga para me ajudar.
Aos professores por todo o ensino ao longo de todo o meu curso, saibam que
levarei todos vocês comigo, pois tentarei ser um professor tão bom quanto os que tive
aqui.
A minha orientadora Profª. Dr. Laura Marcela Ribero Rueda, por toda sua empatia
e seu auxílio na construção deste trabalho.
Agradeço, também, a todos que de alguma forma não acreditaram em mim, vocês
foram a minha bússola ao longo desta jornada, muito obrigado, sem vocês, provavelmente
eu esqueceria de onde estou vindo e para onde estou indo.
Também agradeço a minha tia Maria Lizete Santos, pois sem o incentivo dela para
que eu estudasse desenho nada disso teria acontecido, obrigado por ser esta estrela que me
ilumina sempre.
RESUMO

Este trabalho tem como finalidade estimular o pensar sobre a utilização da fotografia de
autorretrato também conhecida popularmente como selfie, para o auxílio na autoaceita-
ção. Está cada vez mais fácil adquirir um celular com câmeras e a crescente oferta de
redes sociais que utilizam este recurso é cada vez maior, assim como a chamada “vida
perfeita de redes sociais”. Este comportamento tem um impacto muito grande na socie-
dade, principalmente nos adolescentes. Nesta fase alguns, na busca incansável para serem
aceitos em grupos sociais, se utilizam da selfie para retratar uma vida digital que, muitas
vezes, não condiz com a realidade. O resultado deste comportamento é devastador, pois
em alguns casos faz com que os alunos não se enxerguem e aceitem como são realmente.
Numa tentativa de mudar esta realidade iremos trabalhar visando a alteração deste com-
portamento nocivo para uma utilização saudável das selfies. A pesquisa participativa com
abordagem qualitativa está baseada no processo de ensino-aprendizagem com uma dupla
na faixa etária entre 18 e 29 anos: uma é estudante de arquitetura e a outra é formada em
engenharia civil. O estudo ocorreu de forma dinâmica nos dois encontros que tive com as
participantes, os mesmos se subdividiram em quatro atividades centrais. Inicialmente,
foram aplicadas três aulas: autorretrato na história, praticas fotográficas, Frida Kahlo vida
e obras. Na sequência, as participantes produziram alguns autorretratos. Para este projeto
as participantes escolheram uma única imagem que será mostrada no decorrer do traba-
lho. O intuito desta produção é incentivar as participantes a trabalhar as questões sensíveis
referente as suas imagens, como elas se enxergam e como elas são, tendo como viés para
esta produção seus sentimentos.

Palavras-chave: Autorretrato. Frida Kahlo. Arte/Educação. Fotografia.


Título

ABSTRACT

This work aims to stimulate thinking about the use of self-portrait photography also pop-
ularly known as selfie, to aid in self-acceptance. Over the years it is increasingly easy to
acquire a mobile phone with cameras and the growing supply of social networks that use
this feature is increasingly tied to this comes the so-called perfect life of social networks.
This behavior has a very large impact on society, especially in adolescents. In this way
some tireless quest to be accepted into social groups and use the selfie to portray a life on
social networks that often does not agree with reality. The result of this behavior is
devastating because in some cases it causes students not to see themselves and accept as
they really are. Trying to change this reality we will work to change this harmful be-
havior, trying to get into a reality where there is a healthy use of selfies. Participatory
research with a qualitative approach is based on the teaching-learning process with a pair
of 2 people, aged between 18 and 29 years, one is an architecture student and the other
has a degree in civil engineering. The study occurred dynamically in the two meetings I
had with the participants they were subdivided into four central activities, initially three
self-portrait classes were applied in history, photographic practices, Frida Kahlo life and
works and finally the part where the participants produced some self-portraits. For this
project the participants chose a single image that will be shown in the course of it. The
purpose of this production is to encourage participants to work on sensitive issues related
to their images, how they see themselves and how they are. Always having as bias to this
production your feelings.

Keywords: Self-portrait. Frida Kahlo. Art/education. photography..


LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 Autorretrato Giotto di Bondone em um de seus murais. ............................. 12


Figura 2.2 Autorretrato Giorgio Barbarello como o Rei Davi ...................................... 13
Figura 2.3 Self-Portrait at 13 ...................................................................................... 14
Figura 2.4 Self-Portrait, 1493 ..................................................................................... 15
Figura 2.5 Self-Portrait at the Age of Twenty Eight .................................................... 16
Figura 2.6 Rembrandt - Autorretrato jovem 1628 - Rijksmuseum, Amsterdã. ............. 17
Figura 2.7 Rembrandt - Autorretrato como o Apóstolo Paulo 1661. ............................ 18
Figura 2.8 Rembrandt - Último Autorretrato 1669. ..................................................... 19
Figura 2.9 As Meninas ............................................................................................... 21
Figura 2.10 Los Caprichos, autorretrato ...................................................................... 21
Figura 2.11 O homem desesperado ............................................................................. 22
Figura 2.12 Autorretrato de Van Gogh........................................................................ 23
Figura 3.1 Autorretrato de Robert Cornelius de 1889 .................................................. 26
Figura 3.2 Autorretrato de Joseph Byrom em 1920 ..................................................... 27
Figura 3.3 Abertura, Profundidade de Campo, Luz. .................................................... 30
Figura 3.4 Velocidade do Obturador ........................................................................... 31
Figura 3.5 Foto com diferentes ISOs .......................................................................... 31
Figura 4.1 A Moldura ................................................................................................. 33
Figura 4.2 Frida Kahlo: Autorretrato - 1926 ............................................................... 35
Figura 4.3 Frida Kahlo: Autorretrato com macaco ...................................................... 37
Figura 4.4 Frida Kahlo Tehuana ................................................................................. 38
Figura 4.5 Frida Kahlo: Memória (O coração) ............................................................ 39
Figura 4.6 Frida Kahlo: Memória (O coração) ............................................................ 41
Figura 4.7 Frida Kahlo: Duas Fridas ........................................................................... 42
Figura 4.8 Frida Kahlo: A Coluna Torta ..................................................................... 43
Figura 6.1 Aplicativo Zoom ....................................................................................... 49

Figura 7.1 Apresentação sobre autorretrato ................................................................. 51


Figura 7.2 Apresentação sobre autorretrato ................................................................. 52
Figura 7.3 Selfie da participante B .............................................................................. 53
Figura 7.4 Apresentação sobre autorretrato. ................................................................ 53
Figura 7.5 Apresentação sobre autorretrato. ................................................................ 54
Figura 7.6 Apresentação sobre Vida e Obra de Frida Kahlo ........................................ 55
Figura 7.7 Apresentação sobre Vida e Obra de Frida Kahlo ........................................ 55
Figura 7.8 Fotografia final da Participante B .............................................................. 57
Figura 7.9 Fotografia final da Participante A .............................................................. 61
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................8
2 ARTE E EDUCAÇÃO................................................................................................11
3 O AUTORETRATO NA HISTÓRIA .................................................................... 16
4 FOTOGRAFIA ...................................................................................................... 29
4.1 Selfie mais que uma simples fotografia ............................................................... 31
4.2 Questões Técnicas................................................................................................ 35
5 FRIDA KAHLO: VIDA E OBRAS........................................................................ 38
5.1 Autorretratos de Frida Kahlo ............................................................................. 41
6 LOCAL DE PROPOSTA E ESTRUTURA ........................................................... 49
6.1 Conhecendo as participantes .............................................................................. 50
6.2 Planejamento dos encontros................................................................................ 50
7 RELATÓRIO DOS ENCONTROS ....................................................................... 51
7.1 1º relatório dos encontros .................................................................................... 51
7.2 2º relatório dos encontros .................................................................................... 58
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 62
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 64
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1 INTRODUÇÃO

Quando criança eu sempre fui agitado, até o sexto ano só queria saber das aulas
de educação física, pois nelas eu encontrava conforto. Sempre gostei de desenhar e com o
incentivo de minha tia comecei a estudar mais sobre o assunto. Com seu auxilio, convenci
meus pais a comprarem materiais para que eu pudesse iniciar meus estudos.
Meus familiares compraram alguns lápis, folhas e dois livros que prometiam-me
ensinar a desenhar. O primeiro ensinava a desenhar pessoas, e o segundo animais. Com
o passar do tempo, percebi que gostava cada vez mais de desenhar. Aos poucos, procurei
me aprofundar, porém meu conhecimento por arte ainda era inexistente.
Ao longo dos anos, meus pais perceberam que meu desenvolvimento no desenho
era significativo, porém, fui incentivado a considerá-lo como recreação. Entretanto, o fato
de desenhar bem me rendeu popularidade na escola. Muitas pessoas me procuravam,
pediam para fazer trabalhos comigo, inclusive, decorações em cartas românticas.
Nunca fui incentivado por minha família no campo das artes, infelizmente, ne-
nhum dos meus familiares teve a oportunidade de desenvolver essa habilidade. A maioria
possui baixa escolaridade, mas ainda assim sempre fui incentivado por eles a estudar.
Ao contrário do que muitas pessoas pensam nunca sonhei em ser professor, esta
escolha foi acontecendo com o tempo. Costumava ensinar amigos ou familiares e recebia
pareceres positivos. Dessa forma, cada vez mais fui entrando para mundo da educação e
quanto mais me inteirava, mais gostava.
Foi, então, que fiz a seguinte pergunta: “o que irei lecionar?”. E recordei de toda
a minha trajetória até esse momento, e, assim, resolvi estudar o curso de licenciatura em
Artes Visuais.
Durante a graduação aprofundei meus conhecimentos sobre pintura e fotografia,
ambas técnicas sempre me fascinaram e procurei pesquisar mais sobre elas, e acabei des-
cobrindo a artista Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón. Gosto de todos os tra-
balhos dela, em particular as obras nas quais ela realiza autorretratos, pois este assunto
também me fascina. Também me atrai a versatilidade artística que a fotografia proporci-
ona.
Na cadeira de estágio I que foi realizada em uma escola pública da cidade de Porto
Alegre presenciei algumas experiências ruins. Conheci o lado mais cruel das escolas,
como a intolerância e a necessidade de ser aceito em um grupo a qualquer custo. Tais
vivências me fizeram recordar de algumas histórias que também protagonizei em minha
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época de estudante e essas lembranças me fizeram refletir sobre este assunto.


Então, percebi que, infelizmente, alguns comportamentos se repetem dentro do
nosso sistema educacional e social. Muitas vezes os alunos não compreendem o mal que
fazem uns aos outros, o que me traz a vontade de mudar essa realidade. Portanto, acredito
que pesquisar essa temática será importante para minha trajetória acadêmica.
Por diferentes motivos, alguns comportamentos como comparação, desejo e vio-
lência são cíclicos em nossa sociedade, e isso não é nenhuma novidade já que faz parte
da história da raça humana.
Infelizmente, nem todos os comportamentos são saudáveis e devem ser contidos
no convívio social. Tive contato com pessoas de diversas filosofias sociais dentro de
minha jornada, nas escolas e centros comunitários que tive a possibilidade de conhecer.
Percebi que mesmo dentro desses locais onde a igualdade, empatia e a educação são
palavras de ordem, existem também muitos comportamentos que devem ser extinguidos
da nossa realidade.
Ainda hoje os alunos continuam desrespeitando uns aos outros, e isso gera um
impacto negativo sobre suas vidas, pois ultrapassam limites que jamais deveriam ser vi-
olados. Muitos alunos reproduzem determinados comportamentos nocivos ao convívio
para serem aceitos em determinados grupos sociais, o que acaba distorcendo suas perso-
nalidades de modo que suas famílias podem não os reconhecer.
Acredito que o tema é de extrema importância por se tratar de um assunto que
ainda é recorrente e porque acredito que o ensino da arte deve promover a valorização e o
desenvolvimento do sujeito. Assim, através deste projeto de arte/educação, irei trabalhar
a leitura das obras de autorretrato da artista Frida Kahlo e também a prática da fotografia
de autorretrato como norteador para obtenção de um novo pensar.
Trago, então, a seguinte problemática: como oficinas de arte/educação, abordando
a obra de Frida e a fotografia, podem auxiliar no processo de autoconhecimento, desen-
volvendo a capacidade expressiva, a autonomia e a crítica com alunos do ensino médio?
Através do estudo teórico/prático e do fazer artístico da fotografia de autorretrato,
espera-se que os alunos sejam capazes de se reconhecer enquanto indivíduos pela refle-
xão e diálogo sobre este assunto. Nesse sentido, pode-se promover a autoconfiança e a
consciência sobre deveres e direitos dentro da sociedade em que vivem.
Para o desenvolvimento da proposta deste trabalho, o objetivo geral é investigar
como a leitura das obras da artista Frida Kahlo e o registro fotográfico de autorretrato, em
oficinas de arte/educação com adolescentes do ensino médio, podem ser objetos de
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expressão, reflexão e auxiliar no processo de autoconhecimento. Será oferecido aos alu-


nos a oportunidade de: explorar, conhecer e refletir sobre as obras da artista Frida Kahlo
em uma proposta de arte/educação; experienciar e refletir sobre atividades de leitura de
imagem; conhecer e desenvolver práticas fotográficas de autorretrato em uma proposta de
arte/educação; desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria contribuindo para o fortaleci-
mento do processo de autoconhecimento enquanto indivíduo.
A pesquisa foi pensada para ser desenvolvida em uma escola estadual, na cidade
de Porto Alegre/RS, com turmas de primeiro, segundo e terceiro anos do Ensino Médio
localizada no bairro Vila Jardim, que sofre com a falta de investimento para a educação, e
concentra grande índice de furtos e tráfico. Isso caracteriza o bairro como marginalizado,
mesmo fazendo divisa com um dos bairros nobres de Porto Alegre. Por conta da pandemia
que estamos vivendo e o fato de que as escolas não estão tendo aulas presenciais, além do
fato de eu também ter contraído o vírus da COVID – 19, tive que mudar completamente
meu planejamento de ação.
A proposta alternativa que foi desenvolvida, respeitando as normas de distanci-
amento e saúde que foram requeridas, foi trabalhar com um grupo de participantes de
forma online. Os instrumentos de coleta dos dados que servirão de base para a análise
serão: relatos sobre a análise das obras de autorretrato da artista Frida Kahlo; diálogo
sobre o ponto de vista dos participantes com relação as obras; fotografias de autorretrato;
relato dos encontros.
A análise das obras consiste em inicialmente uma aula expositiva, onde os par-
ticipantes de forma guiada irão realizar suas primeiras reflexões e registros. Após as
atividades guiadas, os participantes irão conversar sobre o que foi visto a fim de assimilar
os novos conhecimentos adquiridos. Ao final, os participantes terão de escolher uma fo-
tografia de autorretrato, onde utilizarão tudo que foi trabalhado sobre o conceito através
das obras da artista Frida Kahlo. A análise se dará por meio da organização e compilação
dos resultados obtidos através dos encontros, assim como a elaboração das justificativas.
O projeto está dividido em sete capítulos. O primeiro introduz o tema, o segundo
aborda o autorretrato por um viés histórico, o terceiro traz as questões referentes a foto-
grafia e fotografia Selfie, conceitos gerais, questões técnicas básicas. O quarto trata sobre
a vida e as obras da artista Frida Kahlo, em especial, os autorretratos. No quinto, iremos
falar sobre Arte-educação. No sexto, registra-se o planejamento dos encontros, no sétimo,
os relatos dos encontros e, por fim, as considerações finais acerca da pesquisa.
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2 ARTE E EDUCAÇÃO

A arte passou a fazer parte do currículo escolar como disciplina obrigatória a partir
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) em 1996. A lei nº. 9.394/96 no
seu art. 26, § 2° afirma “O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais,
constituirá componente curricular obrigatório da educação básica”. Ainda em seu art. 26
§ 6° confirma 6 que “As artes visuais, a dança, a música e o teatro são as linguagens que
constituirão o componente curricular de que trata o § 2o deste artigo”. (BRASIL apud
IECKER, 1997, p. 72).
A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da per-
cepção estética, que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência
humana: o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar
formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele e
pelos colegas, pela natureza e nas diferentes culturas (BRASIL, 1997, p. 19).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) foram elaborados por teóricos e pro-
fessores de arte, o que garante maior confiabilidade em relação ao conteúdo nele apresen-
tado, pois possui profundidade e abrangência relevantes para a área em estudo. Porém, a
abordagem é bastante superficial em relação à metodologia de aplicação da arte, cabendo
ao educador definir a forma de encaminhar concretamente as atividades (VIEIRA apud
IECKER, 2006, p. 43).
Barbosa apud RODRIGUES (2007, p. 13) muito embora os PCNs tenham reco-
nhecido um lugar de destaque no currículo, ao dar a Arte a mesma importância que deu
as outras disciplinas, tivemos poucos resultados.
O que se está observando em todo o mundo é que a moda globalizadora de esta-
belecer currículos nacionais ou outros eufemismos, como standards nacionais e até pa-
râmetros nacionais, resulta no desenvolvimento do poder de controle do governo sobre a
educação, mas não numa melhoria de qualidade das escolas e do ensino. (BARBOSA,
1998, p. 96).
Segundo a autora, mesmo existindo no Brasil a obrigatoriedade, o reconhecimento
não garante um ensino-aprendizagem de qualidade, capaz de fazer o discente entender
a essência da arte e aprender o conceito. Somente professores com ações verídicas e
inteligentes podem tornar a arte essencial para o crescimento do indivíduo. A hierarquia
do conhecimento escolar explícita e implícita ainda mantém o ensino de arte num escalão
inferior da estrutura curricular; porém, felizmente, não decreta o falecimento (BARBOSA
12

apud RODRIGUES, 2007, p.28).


Para Barbosa, arte/educação é uma forma de permitir que professores e alunos
recebam uma educação crítica reflexiva e criativa, com ênfase em propostas sem regras
rígidas ou receitas pré-fabricadas, aprendendo sobre como agir e como ensinar. Nesse
sentido, a arte/educação é uma forma de o aluno compreender a formação histórica, ar-
tística e cultural, mas principalmente de ampliar a compreensão do seu próprio meio. Na
escola, a arte é um meio pelo qual alunos e professores podem se libertar dos padrões soci-
ais que lhes são impostos, aprender a se expressar, desenvolver sua imaginação e expandir
o conhecimento histórico e cultural de sua época.
O que a arte/educação contemporânea pretende é formar o conhecedor/fruidor,
decodificador da obra de arte. Uma sociedade só é artisticamente desenvolvida quando
ao lado de uma produção artística de alta qualidade há também uma alta capacidade de
entendimento desta produção pelo público. (BARBOSA, 2020, p. 17) .
A Arte é transformadora, ela é importante em todos os espaços, para todas as
pessoas, não deve ser privilégio de alguns, deve estar ao acesso de todos. Nesse sentido,JR
escreve que: “A arte pode possibilitar o acesso dos sentimentos a situações distintas do
nosso cotidiano, forjando em nós as bases para que se possa compreendê-las”.
A Arte pode transformar a vida de muitas pessoas e devemos acreditar mais nisso,
investir mais na cultura em nossos professores. É lindo o trabalho da Arte na vida das
pessoas, quantas histórias de vida ela transformou por meio do pintar, desenhar, esculpir,
se expressar e em tantas outras possibilidades que ela nos dá. Quantas crianças que o
teatro ensinou a ler e escrever, a se sentirem importantes no mundo em que vivem.
A expressão artística abre a imaginação, nos faz sonhar com um mundo que ainda
pode existir. Arte não é só uma obra ou educação, ela vai além das matérias.
Arte-educação não significa o treino para alguém se tornar um artista, não significa
a aprendizagem de uma técnica, num dado ramo das artes. Antes, quer significar uma
educação que tenha a arte como uma das suas principais aliadas. Uma educação que
permita uma maior sensibilidade para com o mundo em volta de cada um de nós (JR,
1988, p. 24).
O caminho é longo e árduo, e levar a Arte à vida de todos os seres humanos é
difícil, mas não é impossível, então temos o dever de apresentá-la a outras pessoas, apoiar
manifestos artísticos, mostrar a todos o grande mundo de nossa arte. Isso pode possibilitar
grandes mudanças, tanto na vida de todos ou até mesmo nos problemas de nosso mundo,
os sonhos estão dentro da Arte.
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A arte pode ser uma das soluções de mudança na vida do ser humano só devemos
dar a importância que ela merece. Não precisamos mais de fórmulas e receitas educaci-
onais – precisamos, sim, é de um comprometimento humano, pessoal, valorativo, com a
educação e a Nação. Precisamos de uma real arte-educação, e não de uma “arte culiná-
ria”. Uma “arte culinária” cuja receita principal é cozinhar em fogo brando os corações e
mentes das novas gerações, para servi-los no grande banquete do desenvolvimento indus-
trialista (JR, 1988, p. 31).
Foi em 1993, no festival de inverno de Campos do Jordão, que se deu o início do
processo, mas foi entre os anos de 1987 e 1993 que ficou conhecida inicialmente como
Metodologia Triangular, em ações sistematizadoras no Museu de Arte Contemporânea da
Universidade de São Paulo (USP), tendo como base fundamental o ensino da arte no fazer
e ver. O surgimento da proposta triangular tinha como objetivo melhorar o ensino de arte,
o entendimento sobre arte e o desenvolvimento de um conhecimento crítico para alunos e
professores (BARBOSA, 2012, p. 29).
É importante deixar claro que a Proposta Triangular não se trata de um modelo
pré-formatado, portanto, fica explícito que a Proposta Triangular não é indicada a todos
que procuram um método padronizado, pelo contrário, a Proposta Triangular está atrelada
ao conceito de liberdade para assim obter o conhecimento crítico no processo das práxis
(MACHADO, 2010, p. 79).
A Proposta Triangular gera novas possibilidades para o professor na sua prática
docente, tendo a liberdade de fazer escolhas e, ainda assim, conseguir realizar mudanças
e adequações, não se trata de um modelo fechado (BARBOSA, 2012, p. 48).
A Proposta Triangular aponta que é importante pensar o que é a imagem, seja uma
imagem do cotidiano, da história ou da cultura, considerando as atividades em sala.
Fazendo-se necessário sempre fazer uma leitura crítica das produções artísticas e sobre
o sujeito. Não depende só de como o sujeito enxerga a imagem, mas como a interpretar
(NOVAES, p. 27).
Pode-se dizer que a leitura de imagem está ligada ao contexto em que se vive.
Entretanto, isso não significa que iremos trabalhar visando só o cotidiano, mas ela contri-
bui para que os alunos consigam fazer uma leitura mais crítica. Dessa forma, é possível
realizar a contextualização das imagens, a fim de identificar e refletir, entender o papel
dela dentro da sociedade, realizando seu papel político de transformação social e não só
realizando uma observação apreciativa (DEWEY, 2010, p. 46).
A Proposta Triangular da Prof.ª Ana Mae Barbosa (2010), possui a seguinte es-
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trutura: a contextualização, a apreciação e a produção. Para a autora, os seguimentos que


compõem esta estrutura são definidos da seguinte forma:
• Contextualização: abrange os aspectos contextuais que envolvem a produção
artística como manifestação simbólica histórica e cultural. Observa-se tudo que se trans-
forma e como se revelam as representações que os alunos/grupos fazem de si e dos outros.
A contextualização da obra permite entender em que condições foi produzida, bem como
as relações de poder que estão implícitas nessa produção.
• Apreciação: está organizado diante de aspectos que lidam com as interações en-
tre o sujeito e as obras de arte. São mobilizadas competências de leitura que requerem do
aluno/sujeito o domínio dos códigos estruturantes e suas relações formais. Na aprecia-ção
também estão entrelaçados os aspectos simbólicos da produção e como a pessoa que
dialoga com a obra atribui a ele determinado significado.
• Produção: tem aspectos da criação artística envolvido. É aqui que o sujeito se
torna autor e precisa empregar conhecimentos sobre as linguagens/técnicas para transfor-
mar compreensão e criação de obras artísticas. Estão envolvidos elementos de natureza
formal e simbólica, empregando conhecimentos, conceituais e procedimentais e possibi-
litando a percepção das interações na relação que ocorre entre o aluno/sujeito e a obra de
arte.
Neste trabalho será enfatizada a apreciação. As imagens estão presentes nas aulas
de Arte, onde assumem um papel de relevância no tocante sobre a comunicação não-
verbal entre espectador e artista e, assim, auxiliar no desenvolvimento dos sentidos. A
saturação de imagens caracteriza a cultura de um indivíduo e também faz a mediação de
grande parte das informações que chegam até ele. Diferentemente das imagens que são
consideradas objeto artístico e que são definidos conforme os Parâmetros Curriculares
Nacionais de Arte (FUNDAMENTAL, 1997, p. 27). Segundo Barbosa (2010), “A
influência da comunicação de massa, cinema, revistas, rádio, propaganda, discos e,
especialmente, a televisão, atua sobre a criança muito antes que ela vá à escola. Elas
aprendem a ler imagens, mecanicamente, antes da normal. A escola é como uma extensão
do estúdio daTV. A ideia é não desestimular a criança, já estimulada pelos media, mas
fazê-la refletir sobre a imagem”.
Segundo BARBOSA a disciplina de Arte oportuniza ao estudante o contato com
diversas linguagens artísticas, preparando-os para os diversos modos de percepção de
mundo; ambos estão ligados evidenciando as especificidades da Arte como área de es-
tudo, tornando a apreciação tão importante para o desenvolvimento do olhar crítico, como
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afirma a autora sobre a importância da arte: “Se a arte não fosse importante não existiria
desde o tempo das cavernas, resistindo a todas as tentativas de menosprezo”.
A apreciação é ressaltada no ensino da arte durante todo o período de escolariza-
ção, e deve sempre ser realizada de forma abrangente seguindo os Parâmetros Curriculares
Nacionais (BRASIL, 1997, p. 51). Como existe uma diferenciação entre o olhar estético
e o olhar do cotidiano, é através do ensino da prática em apreciação que os alunos poderão
desenvolver tal competência. Segundo Barbosa (2002), “a escola seria a instituição que
pode fornecer o acesso à Arte para a maioria dos estudantes em nossa nação”.
Apreciação deve ocorrer não apenas com as obras de arte, mas também com tudo
que cerca o leitor. O olhar precisa sempre se manter alerta a outras formas de consumo
de imagens, e o arte/educador deve fornecer os meios para gerar uma autonomia ao estu-
dante, para que ele consiga construir a sua percepção visual.
Barbosa apud Silva (1991, pág. 36), desenvolver a capacidade crítica da obra de arte por parte
do aluno, propõe alguns procedimentos com base na descrição e análise de obras de arte, na
interpretação e julgamento da obra, na investigação de seus significados, com base em dados
coletados anteriormente. Discute questões estéticas que tratam dire- tamente da qualidade
expressiva da obra, sem emitir juízos de valor como conceitos de belo ou feio.
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3 O AUTORETRATO NA HISTÓRIA

Atualmente é comum ver pessoas fazendo selfies, mas o que poucos sabem é que
este comportamento não teve seu início com o advento da fotografia, selfie nada mais é do que
uma forma atual de realizar um autorretrato. Dentro da história da humanidade existeuma
lista de momentos onde o homem tenta registrar sua passagem na história, como
resultados mais expressivos que podemos citar temos os rastros deixados nas cavernas de
Lascaux, na França, e a criação da escrita.
Segundo CANTON (2004) , menciona que o autorretrato andava em paralelo com
a humanidade enquanto a mesma buscava por uma forma de registrar sua história para
posteridade. Por esta busca, quase obsessiva por deixar um legado, a figura humana e suas
especificidades começam a povoar cada vez mais os pensamentos dos artistas. Estenovo
comportamento teve início no renascimento, o reflexo do indivíduo faz com que o
autorretrato assuma o seu lugar de destaque dentre os demais gêneros, os autorretratos
têm um aumento em suas produções, mas inicialmente não retratavam de forma fiel a
imagem real (GOMBRICH; TORROELLA; SETÓ, 1997, p. 37).
Os motivos que fazem os artistas a se autorretratarem são diversos, no epicentro
deste comportamento podemos dizer que está o fato de que os artistas começam a se
enxergar como únicos, atrelado à vontade de deixar seu legado. Gerou-se, assim, uma falta de
conexão com os retratos que produziam sob encomenda para os contratantes da época. Os
autorretratos possibilitaram aos artistas deixar clara a forma com que pensavam e também
permitiu que pudessem aperfeiçoar técnicas, conceitos e utilizar novos materiais sem
correr o risco de sofrerem qualquer tipo de dano financeiro ou moral. Ao atuar como
estratégia principal de afirmação do sujeito o autorretrato passa a conceder ao artista,
antes mero artesão, status social (BOTTI et al., 2005, p. 11).
O pintor Giotto di Bondone (1267-1337) (figura 2.1) foi um dos principais pionei-
ros do retrato, talvez do autorretrato (LORENZINI, 2013, p. 32). Segundo relatos, este
pintor que viveu na Itália entre o final da Idade Média e o início da Renascença, no século
treze, usava um espelho para se retratar, buscando sempre uma imagem pessoal mais
próxima da realidade. Segundo Burckhardt, “Giotto usou todo o seu potencial para
realizar uma imagem absolutamente particular a partir da sua própria imagem, que ele
criou com a ajuda de um espelho” (LORENZINI, 2013, p. 25). O pintor e arquiteto
italiano Giorgio Va- sari (1511-1574) acreditava que Giotto também se retratava em
algumas de suas obras encomendadas, como os murais de Assis e Annunziata, Gaeta e
Pádua.
17

Figura 2.1: Autorretrato Giotto di Bondone em um de seus murais

FONTE: http://www.cultorweb.com/StoriaArte/Giotto.html (2021)

Nesta época, os artistas tentavam se retratar como heróis, seres especiais. O que
pode ser bem observado nas obras de Giorgio Barbarello (1478-1510), que se autorre-
tratou como Rei Davi (figura 2.2). Segundo a Bíblia, Davi era o rei de Israel, Giorgio
escolheu esse personagem para gerar maior impacto social e aumentar sua credibilidade
(LORENZINI, 2013, p. 14).
18

Figura 2.2: Autorretrato Giorgio Barbarello como o Rei Davi

FONTE: https://historia-arte.com/artistas/giorgione (2021)

Albrecht Dürer nascido em 1471 foi um gravador, pintor, ilustrador, matemático


e teórico de arte alemão. sendo um dos primeiros renascentistas a demostrar interesse no
gênero de autorretrato realizando uma série sobre o assunto. Segundo CANTON (2004),
Dürer, um habilidoso gravador de sua época, teve os primeiros contatos com a técnica na
sua adolescência, realizando seu primeiro autorretrato um desenho em 1484 (figura 2.3).
19

Figura 2.3: Self-Portrait at 13

FONTE: https://www.wikiart.org/pt/albrecht-durer/self-portrait-at-13-1484 (2021)

Com o passar dos anos o artista vai se aperfeiçoando e deixando cada vez mais
evidente seu domínio sobre a técnica, tentando obter o status de um verdadeiro mestre,
um legitimo criador (figura 2.4).
CANTON (2004) menciona que ao longo de sua vida o artista faz alguns autorre-
tratos. Em 1522, Dürer cria um autorretrato, onde ele se pinta como cristo, Dürer acredita
que o verdadeiro mestre tem a mesma importância que Deus ou Jesus (figura 2.5).
De acordo com JANSON (1986), Dürer faz isso, porqie está tentando imortalizar
sua imagem, gerar uma importância, objetivo que fazia com que os patronos contratassem
os pintores para fazer seus retratos.
CANTON (2004) menciona que o autorretrato é uma fonte de estudos e experi-
mentações do artista, onde o artista e o modelo se equiparam, em uma espécie de au-
tobiografia gráfica. Devemos deixar claro que não existe um suporte específico para a
realização do autorretrato, o que importa neste gênero é a representação expressiva e
emocional que pode ser real ou objetivada. "O que vê um artista quando olha para si pró-
prio ao espelho? Verá também através de si próprio aqueles que estão a olhar para ele?
20

Figura 2.4: Self-Portrait, 1493

FONTE: https://www.wikiart.org/pt/albrecht-durer/self-portrait-1493 (2021)

Será o autorretrato de um artista um meio de reflexão ou apenas um nada negro, um Falso


Espelho?” (BENEVIDES, 2016, p. 55).
Rembrandt Harmenszoon van Rijn nascido em 1606, desde muito novo mostrou
certa habilidade para o desenho e a pintura, por conta disso seu pai o matriculou na escola
Latina de Leidem. Sete anos mais tarde Rembrandt ingressa na Universidade de Leiden,
uma passagem que duraria menos de um ano. Aos quinze, Rembrandt se torna aprendiz
do pintor Jacob Isaaxszoon van Swanenburgh, o que duraria três anos. Em 1624, com
dezoito, ele se torna aprendiz do pintor Pieter Lastman, Lastman tinha estudado na Itália.
Mesmo ficando só seis meses com Lastman, Rembrandt aprendeu muito. Em 163,1 o
artista pinta seu primeiro retrato por encomenda: o contratante Nicolaes Ruts.
Ao pintar sucessivos autorretratos, Rembrandt trabalhava no que se poderia cha-
mar de essência lógica desse modelo singular de arte: ele procurava ser um modelo no
sentido teatral, contemplando a si mesmo e se apresentando como tal (figura 2.6). No au-
torretrato, seu desempenho como modelo iguala à maestria do seu pincel (BENEVIDES,
2016, p. 64) .
21

Percebe-se que o autorretrato de Rembrandt tem um caráter completamente novo,


uma espécie de confissão (figura 2.7). Ele se retrata em diferentes expressões e posturas, e
parece querer se mostrar de forma íntima e sincera (GOMBRICH; TORROELLA; SETÓ,
1997, p. 13).
BENEVIDES afirma que Rembrandt não anotava suas observações, como fizeram
Figura 2.5: Self-Portrait at the Age of Twenty Eight

FONTE: https://www.wikiart.org/pt/albrecht-durer/self-portrait-at-the-age-of-twenty-eight-1500 (2021)


22

Figura 2.6: Rembrandt - Autorretrato jovem 1628 - Rijksmuseum, Amsterdã

FONTE: http://peneira-cultural.blogspot.com/2015/01/rembrandt-o-mestre-da-expressao-que.html
(2021)

Leonardo e Dürer; não foi um gênio tão admirado quanto Miguel Ângelo, cujas opi- niões
e sentenças foram transmitidas à posteridade; não era um epistológrafo diplomático como
Rubens, que trocava ideias com os maiores humanistas do seu tempo. Contudo, parece-
nos conhecer Rembrandt talvez melhor, mais intimamente, do que qualquer des- ses
grandes mestres, porque ele nos legou um espantoso registro de sua própria vida em uma
série de autorretratos que vão desde os tempos da juventude, quando era um mestre
vitorioso e mesmo muito em voga, até a velhice inquebrantável de um homem realmente
23

Figura 2.7: Rembrandt - Autorretrato como o Apóstolo Paulo 1661

FONTE: http://peneira-cultural.blogspot.com/2015/01/rembrandt-o-mestre-da-expressao-que.html
(2021)

grande, cuja face refletia a tragédia da bancarrota. Todos esses retratos se combinam
numa incomparável autobiografia.
“O esquema visual das personagens de Rembrandt (figura 2.8) situa-se entre a
dignidade pessoal (representações como apóstolo ou soberano) e a baixeza (pedinte, bobo,
carrasco). E no centro de todas as suas aparições a expressão facial é o dramático, e tantas
vezes experimentalmente explorado campo de constantes metamorfoses. Jogos de
personagem e profundidade existencial (BENEVIDES, 2016, p. 31) .”
24

Figura 2.8: Rembrandt - Último Autorretrato 1669.

FONTE: http://peneira-cultural.blogspot.com/2015/01/rembrandt-o-mestre-da-expressao-que.html
(2021)

Quando observamos os autorretratos de Rembrandt, podemos perceber que não


é só seu nível técnico e sua idade que mudam no passar do tempo. Suas expressões e
sentimentos se alteram visivelmente. É possível perceber que nas obras onde o artista é
mais novo suas expressões e sentimentos são mais leves, fazendo o observador pensar em
sentimento bons.
Porém, com o passar do tempo, nota-se que, em algumas obras, Rembrandt adere
às expressões mais introspectivas, deixando claro uma certa preocupação no ar, tais ex-
pressões e sentimentos surgem atrelados a situações do seu cotidiano.
"Seus autorretratos representam uma espécie de diário, no qual seu caráter é reve-
lado. Ele encontra em seu próprio rosto um tema móvel e dócil, pleno de emoção e sobre o
qual exercia tal domínio que podia alterar, deformar e abstrair como quisesse (VANÇAN,
2003, p. 49) ."
25

Entretanto, é perceptível que muitos dos autorretratos de Rembrandt possuíam


ares quase teatrais, como se se reinventasse para sua próxima obra. Um exemplo disso
é a obra onde o artista se autorretrata e com ele está sua esposa, com vestes comumente
utilizadas em ocasiões religiosas, o artista teve em suas obras forte influência da ética e
tradição cristã daquele século (AVANCINI, 2006, p. 42) .
Vários artistas que trabalharam para a corte espanhola produziram autorretratos,
que foram exibidos juntos com os da família real e o espanhol Diego Velázquez (1599-
1660), que pintou "As Meninas", como visto na figura 2.9, em 1656, retratando toda a
família real, os servos e o próprio artista que está ao fundo retratado ao lado deles. Ele
propôs uma ideia de olhar refletido, como se todos os personagens não olhassem para o
pintor, é como se todos se voltassem para o observador desta pintura (HALL, 2015, p. 53).
Francisco de Goya (1746-1828) criou sua famosa série de gravuras "Caprice"(figura
2.10 ) em 1799, na qual satirizou a sociedade espanhola do século dezoito. Ele colocou
seu autorretrato na página de rosto com uma expressão misteriosa. Goya dizia que os
artistas acreditavam que erros e vícios humanos podem ser os objetos de pinturas. Esse
tipo de pensamento trouxe novas ideias para o campo da arte, no âmbito do autorretrato, é
o broto do modernismo. Quando a arte se torna mais subjetiva do que objetiva, os artistas
passam a pintar o que desejam, o que faz com que os autorretratos ganhem força como
gênero de pintura de expressão subjetiva (HALL, 2015, p. 48) .
26

Gustave Courbet (figura 2.11) (1819-1877) foi o pioneiro da Arte do Realismo.


Para ele, o autorretrato é uma categoria especial da pintura, o que comprovará seu desejo
de mostrar diferentes mudanças nas emoções e nas expressões de forma sempre realista
Figura 2.9: As Meninas

FONTE: https://photoatelier.org/2016/09/10/reflexao-sobra-as-meninas/ (2021)

Figura 2.10: Los Caprichos, autorretrato

FONTE: https://www.nationalgalleries.org/art-and-artists/34114/francisco-goya-y-lucientes-
self-portrait-plate-1-los-caprichos (2021)

(HALL, 2015, p. 37).


27
Suas pinturas ilustram a definição de pintura do filósofo Georg Hegel (1770-1831).
Ele acredita que a pintura e a música não apenas expressam o espírito da época e dos
indivíduos, mas também expressam o sofrimento subjetivo da vida, a dor, o afeto, o medo
e o amor. Alguns artistas como Cézanne e Monet deixaram seus estúdios para pintar
ao ar livre e os artistas de vanguarda rejeitaram as pinturas históricas mais realizados
na época. Por isso, eram acusados de serem preguiçosos, de não terminar suas pinturas
(HARRISON, 2000, p. 46) .
Figura 2.11: O homem desesperado

FONTE: https://www.wikiart.org/pt/gustave-courbet (2021)

Vincent Van Gogh (1853-1890) foi um pintor holandês ( figura 2.12 ), pintou mais de
20 autorretratos com cores vivas, pouco contraste entre claro e escuro e pinceladas fortes.
Este estilo é denominado Neoimpressionismo. Van Gogh usou sua imagem como forma
de expressão. Em carta ao irmão Theo, Van Gogh declarou que embora as pessoasdigam
que é difícil se conhecer, ele dizia que pintar a si mesmo não era uma tarefa fácil,
principalmente se fosse para diferenciar de uma fotografia (GAY, 2009, p. 11).
28

Como será trabalhado o autorretrato na fotografia de forma consciente, decidi não


continuar esmiuçando este gênero artístico ou a vanguarda artística, pois neste momento
ainda não tínhamos o advento da fotografia, tornando possível potencializar as evidências
da pintura de autorretrato na pratica da fotografia selfie.
Figura 2.12: Autorretrato de Van Gogh

FONTE: http://peneira-cultural.blogspot.com/2015/01/rembrandt-o-mestre-da-expressao-que.html
(2021)
29
4 FOTOGRAFIA

No desenvolvimento deste trabalho iremos usar como ponto de partida o teórico


Roland Barthes, pois em seu livro “Câmara Clara” ele revisa conceitualmente a linguagem
fotográfica. Assim, utiliza-se Barthes para auxiliar com alguns conceitos que serviram
como fio condutor das nossas reflexões sobre fotografia para além da função documental.
Iremos dialetizar entorno das questões da fotografia selfie, conceituando-a e ge-
rando reflexões sobre sua empregabilidade ser ou não algo benéfico em nossa sociedade.
Na observação e estudos de imagens vamos encontrar dois elementos fundamen-
tais, denominados como studium e punctum. Studium, temática ou contexto representado
pela fotografia, seja cultural, social ou moral. É comunicado de forma expositiva, e em
oposição temos o punctum, que define um único elemento que se contrapõe de alguma
maneira ao contexto geral em que está inserida na imagem, quebrando e mostrando a
realidade de forma espontânea e inesperada. Segundo (BARTHES, 2012, p. 24) , “desse
mo- vimento dialético expresso em relação ao studium, o punctum deve trazer um impacto
fulminante ao espectador, como uma pontada de agulha que o fere”.
Diferente da pintura com o seu discurso que possui a capacidade de simular uma
realidade, a fotografia sempre se defronta com a inexorabilidade do real (BARTHES, apud
FERREIRA, 2015, p. 55). A partir dessa percepção, duas noções se desprendem: a reali-
dade do fotógrafo e sua condição enquanto passado. Fotografia é sempre uma impressão
de um referente que atesta a sua existência e de todo o processo histórico que o propiciou.
Segundo Barthes (1984, p71), “Ler uma fotografia é reconstruir temporalmente seu as-
sunto, derivando-o do seu passado e conjugando-o a virtualidade do futuro” (BARTHES,
apud SILVA, 2008, p. 32).
Os primeiros pontos de vista apresentados por Barthes (1984) se referem a ques-
tões técnicas relacionadas a prática (captura) da fotografia, separando em três pontos dis-
tintos: o ponto de vista do objeto fotografado, do observador e do fotógrafo.
Ao ponto de vista do objeto é associado o sentimento de inautenticidade. Ele
critica a perda da identidade do ser fotógrafo fazendo um contraponto ao Walter Benjamin,
que tem seu ponto de vista citado no qual critica a transformação da obra (fotografia) em
comunicação de massa através da reprodutibilidade (BARTHES, apud SOUZA, 2008, p.
17).
Ora, a partir do momento que me sinto olhando pelo objeto tudo muda: ponho-me
a “posar”, fabrico-me instantaneamente em outro corpo, metamorfoseio-me antecipada-
30

mente em imagem. essa transformação é ativa: sinto que a fotografia cria meu corpo ou o
mortifica a seu bel-prazer (BARTHES, 1984, p.22).
Em relação ao ponto de vista do espectador, o conceito refere-se à possibilidade da
fotografia ser utilizada como meio de aprendizagem. Barthes (1984) refere-se a isso como
biografemas (resgatando através deste termo, o conceito de biografia). Sobre o fotógrafo
e seus objetivos com a fotografia, Barthes (1984) deixa claro não dominar esta prática.
(FABRIS apud Bettiol, 2008, p. 22).
Foto-retrato é um objeto de reflexão, segundo Barthes (1984), neste tipo de foto-
grafia se cruzam quatro tipos de imaginários: “aquele que me julgo, aquele eu gostaria
que me julgassem, aquele que o fotógrafo me julga e aquele de que ele se serve para exibir
sua arte”.
"A descoberta da fotografia proporcionou uma nova modalidade artística. Assim
como em outros momentos na história, o homem sente a necessidade de tratar sua reali-
dade através de imagens recortadas de um plano amplo."(FABRIS apud BETTIOL, 2008,
p. 14).
O poder de sedução está na fidelidade da imagem e no preço relativamente módico,
que lhe permitem entrar em concorrência com os retratos feitos a mão (FABRIS, 2008, p.
14).
O desenvolvimento tecnológico e a facilidade em operar a câmera fotográfica nas
últimas décadas possibilitou a expansão da produção de imagens na cultura de massa
fazendo com que o termo e a práatica de realizar selfies fique cada vez mais difundida.
31

4.1 Selfie mais que uma simples fotografia

Segundo RAHMAN-JONES, em uma entrevista que realizou para BBC NEWS


BRASIL, em 2006, a socialite Paris Hilton e a cantora Britney Spears, postaram uma foto
de ambas em uma rede social com a seguinte legenda: "onze anos atrás, eu e Britney
inventamos a selfie". Em sua matéria, o autor diz que a selfie mais antiga documentada é
de Robert Cornelius, datada de 1839, visto na figura 3.1.
Em 1920, o fotógrafo nova-iorquino Joseph Byrom tirou uma selfie sua junto de
alguns amigos. Por se tratar de um equipamento pesado e grande, Byrom precisou de
ajuda para segurar a câmera, como podemos perceber na figura 3.2. Porém, o termo selfie
só teve sua oficialização no ano 2002, durante um fórum da Austrália, selfie é a abreviação de
self-portrait mais a terminação "ie".
Figura 3.1: Autorretrato de Robert Cornelius de 1889

FONTE: https://www.bbc.com/portuguese/salasocial-42094122 (2021)


32

Figura 3.2: Autorretrato de Joseph Byrom em 1920

FONTE: https://www.bbc.com/portuguese/salasocial-42094122 (2021)

DUBOIS apud Silva (1993, p. 143) a analogia do espelho nas expressões visuais
de si mesmo é aquilo que Dubois chama de “a fotografia como espelho do real”, discurso
visual que acompanha a produção fotográfica desde seu surgimento, e que culmina com
a comparação mitológica de Narciso: Se a imagem observada por Narciso é seu próprio
reflexo “pintado” e se o quadro, como a fonte, é também uma pintura ”reflexo”, então o
que se reflete será sempre a imagem do espectador que a observa. Sou, portanto, sempre
eu que me vejo no quadro que olho. Sou (como) Narciso: acredito ver um outro, mas é
sempre uma imagem de mim mesmo (DUBOIS, 1994, p. 140).
Sendo assim, pode-se deduzir que ao analisar uma selfie, mais do que analisar
o fotógrafo que está perante o observador, coloca-se no lugar de Narciso, analisando a
si mesmo, ainda que a imagem exposta seja de outro. Porém, a forma de expressão do
fotógrafo, assim como sua finalidade em produzir essas imagens, muda, sobretudo de
acordo com o ambiente social em que ele se insere (DUBOIS apud Silva, 1993, p. 143).
33

Kandinsky apud Silva (2008, pág. 11) o importante da essência da forma é saber
que a mesma venha de uma necessidade interior, esta forma é o meio de materializar o
sentimento quando um valor é desenvolvido no ser humano, assim forma [...] é a expres-
são exterior do conteúdo interior, ou seja, representa a personalidade do autor.
Deste modo, a arte na fotografia surge da percepção de sentimentos que o artista
transforma em imagens, visão que prescinde dos conceitos abstratos e gerais, indispensá-
veis ao conhecimento científico e filosófico, e que se estabelece em expressão de senti-
mentos e emoções (KANDINSKY apud SILVA 2008, pág. 11).
Segundo Fabris, o fotógrafo Disdéri faz o que é chamado de "cartão de visitas
fotográfico", ele cria uma série de artifícios para produzir fotos parecidas com as da bur-
guesia. Começa, então, uma segunda fase na história da fotografia. Disdéri fotografa o
cliente e o cerca de artifícios teatrais que definem seu status, longe do indivíduo e perto
da máscara social, numa paródia de autorrepresentação em que se fundem o realismo es-
sencial da fotografia e a idealização intelectual do modelo. (FABRIS apud Bettiol, 2008,
p. 21).
Para a autora, a encenação nas fotos começa com pessoas vestindo roupas de ou-
tras classes sociais, ocupando espaços que não eram delas e se portando de maneira di-
ferenciada para aparentar riqueza nas fotografias. A aparência ideal torna-se realidade na
fotografia encenada, criando uma imagem identitária idealizada. Esse é um ponto impor-
tante para o estudo das selfies e da fotografia na atualidade. Hoje, os artifícios são mais
evoluídos e permitem criar uma autoimagem idealizada facilmente. Com apenas alguns
toques pode-se ativar um aplicativo de edição nos celulares. (FABRIS apud Bettiol, 2008,
p. 21).
Sontag apud FERREIRA (2004, p. 21), “A fotografia tornou-se um dos principais
expedientes para experimentar alguma coisa, para dar uma aparência de participação”.
Esse comportamento fica evidente com a chegada da internet e das redes sociais em uma
sociedade que caminhou na direção da produção e reprodução em grande escala. Com a
chegada do novo milênio e a criação das mídias sociais, a câmera passou a registrar a vida
cotidiana em vez de eventos importantes e cerimônias (DIJCK apud FERREIRA, 2008,
p. 53).
A selfie também pode ser definida como “[...] uma prática – um gesto que pode
enviar (e frequentemente tem a intenção de enviar) diferentes mensagens para diferentes
indivíduos, comunidades e audiências” (SENFT; BAYM, apud FERREIRA, 2015, p 36).
34

Praticamente todo mês, surge um artigo de jornal vinculando a prática da selfie


com estados mentais prejudiciais como o narcisismo, dismorfia corporal, ou até psicose.
Selfies foram até mesmo acusadas por causar danos aos outros, como acidentes causados
pela preocupação com a câmera ao invés dos arredores da pessoa (SENFT; BAYM, apud
FERREIRA, 2015, p 45).
A ideia de si parece ter três elementos principais: a imaginação de nossa aparência
para outra pessoa; a imaginação do julgamento dessa pessoa quanto a nossa aparência e
uma forma de sentimento próprio, como orgulho ou vergonha. A comparação com um
espelho fortemente sugere o segundo elemento, o julgamento imaginado, que é abso-
lutamente essencial. O que nos move a sentir orgulho ou vergonha não é o mero reflexo
automático de nós mesmos, mas um sentimento imposto, o efeito imaginado desse reflexo
na mente de outras pessoas. Isso se torna evidente através do fato de que a personalidade
e a relevância da outra pessoa, em cuja mente nos vemos, faz toda a diferença quanto ao
que sentimos (COOLEY, apud FERREIRA, 1922, p. 184).
No entanto, embora as motivações sejam muitas e seja inviável explorar todas
elas, é possível abordar a selfie a partir dos elementos de sua construção e significado.
A definição sugere uma prática que pretende transmitir uma mensagem a um grupo de
indivíduos. Essa prática pode ser uma representação gestual, uma máscara ou uma per-
formance. Ao se analisar uma selfie, percebe-se tanto a possibilidade de liberdade em
retratar o próprio rosto, corpo e sexualidade, quanto a objetificação através de estereóti-
pos que podem reconfigurar a dinâmica de representação do indivíduo (FAUSING, apud
FERREIRA, 2015, p. 72).
35

4.2 Questões Técnicas

O acesso à fotografia se tornou cada vez maior, principalmente em 1990, quando a


Kodak coloca em circulação a câmera. Atualmente, com o advento das câmeras digitais,
podemos facilmente fotografar algo ou alguém, há uma infinidade de aplicativos para
fotografia. Entretanto, para realizar uma boa fotografia do ponto de vista técnico, ainda
devemos respeitar alguns passos.
Compreende-se que a fotografia é a mescla do olhar artístico com o saber técnico,
assim, este capítulo tem o intuito de nivelar os conhecimentos técnicos para que tanto
docente como discente possam ter um maior aproveitamento e aplicabilidade gráfica das
reflexões que se desdobrarão neste trabalho.
Se pensarmos na parcela da população que não tem nenhum vínculo profissional
com a área da Fotografia, perceberemos que são poucos que conhecem os passos para se
realizar uma boa foto, tecnicamente falando. Iremos citar os mais básicos neste trabalho,
são eles: abertura (Figura 3.3 ), velocidade (Figura 3.4) e o ISO (Figura 3.5).
Figura 3.3: Abertura, Profundidade de Campo, Luz.

FONTE: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2014/04/saiba-o-
significado das-siglas-e-numeros-da-abertura-de-lentes-de-cameras.html. (2021)
36

Figura 3.4: Velocidade do Obturador

FONTE: https://www.fotonostra.com/glosario/obturador.htm (2021)

A abertura da câmera vai impactar na quantidade de luz que entrará na câmera,


sendo assim, quanto mais fechada menos luz, quanto mais aberta mais luz. Já a veloci-

Figura 3.5: Foto com diferentes ISOs

FONTE: https://www.fotonostra.com/glosario/obturador.htm (2021)

dade informa a quantidade desta luz que a câmera captará, fazendo também com que a
fotografia possa ficar clara ou escura.
A profundidade de campo (Figura 3.3), também é afetada pela abertura de câmera,
deixando ou não o fundo da foto embaçado com relação ao objeto/pessoa que está sendo
focada.
A velocidade (Figura 3.3), definirá a aparência da foto, podendo deixá-la com uma
sensação estática ou fluida, estas funções são configuradas de forma simultânea.

37
Na fotografia analógica, a classificação ISO significa sensibilidade do filme. Quanto
mais sensível o filme, menos luz é necessária. Com as câmeras digitais, a configuração
ISO pode ser alterada de imagem para imagem. Nas câmeras digitais, a sensibilidade ISO
representa a sensibilidade à luz do sensor de imagem.
Ainda que o trabalho se proponha à questões mais subjetivas, entende-se que tra-
zer aos participantes estes conhecimentos técnicos é importante, o intuito é auxiliar os
participantes em suas reflexões e trabalhos para que, assim, nos exercícios posteriores dos
discentes, não haja trabalho sem pensamento crítico.
38

5 FRIDA KAHLO: VIDA E OBRAS

Frida Kahlo (1907-1954) foi uma pintora mexicana conhecida por seus autorretra-
tos de inspiração surrealista. Todo o nome de nascimento da artista é Magdalena Carmen
Frida Kahlo y Calderón, que nasceu na aldeia de Coyoacán, México, em seis de julho
de 1907. Filha de pai alemão e mãe espanhola, desde pequena apresentava problemas de
saúde. Aos seis anos, ela contraiu poliomielite e obteve uma lesão no pé. Aos 18 anos,
sofreu um grave acidente de ônibus que a deixou internada por um longo período
(BASTOS, 2010, p. 19) .
Apesar de estar deprimida e incapaz de andar, Frida começou a pintar sua imagem
com um espelho pendurado à sua frente e um cavalete adaptado para que ela pudesse
pintar deitada. Dizia: “Para que preciso de pés quando tenho asas para voar”. A sua
primeira pintura foi “A Moldura” (Figura 4.1), dedicado a Alejandro Gómez Arias, seu
ex-namorado na época (BASTOS, 2010, p. 17).

Figura 4.1: A Moldura

FONTE: https://www.museofridakahlo.org.mx/es/frida-kahlo/obras/ (2021)


39

Frida passa a estudar desenho e modelagem na Escola Preparatória Nacional do


Distrito Federal do México. Em 1928, ingressou no Partido Comunista Mexicano, onde
conheceu Diego Rivera 1, importante pintor do “muralismo mexicano”.
Em 1929, aos 22 anos, Frida Kahlo casou-se com Diego Rivera e eles se mudaram
para a “Casa Azul”, onde Frida nasceu. Em 1930, Frida engravidou, mas sofreu um aborto
espontâneo. Nesse mesmo ano, ela foi com o marido para os Estados Unidos, onde ele
fez exposições. Eles moraram nas cidades de Detroit, San Francisco e Nova York. Nesse
período, ela sofre um segundo aborto. Dedica-se à pintura, faz um grande número de
autorretratos - de inspiração surrealista, apesar de negar: “Nunca pintei sonhos, mas a
minha própria realidade”. Ela ficou nos Estados Unidos até 1934 (HERRERA, 2013, p.
22) .
Em 1934, o casal voltou ao México. Frida sofre outro aborto espontâneo. Naquela
época, seu dedo do pé direito foi amputado. Em 1935, Frida e Rivera se separam. Rivera
tem um relacionamento com a irmã de Frida, Cristina. Algum tempo depois Frida e Rivera
retomam o relacionamento e voltam a morar juntos. Em 1936, Frida passa por uma nova
cirurgia no pé e sofre de fortes dores nas costas. Mesmo enfraquecida, ela continua
pintando (BASTOS, 2010, p. 33).
Em 1937, Frida conheceu Leon Trótski, que se refugiou em sua casa em Coyo-
acán, no México, junto com sua esposa Natália Sedova. Em 1939, ocorre a segunda
separação entre Frida e Rivera, Frida declarou: “Diego, houve dois acidentes graves na
minha vida: o ônibus e você. Você foi sem dúvida o pior deles”. Em 1939, já separada do
marido, Frida expôs em Nova York e Paris. Nessa época, ela entrou em contato com Pablo
Picasso e Wassily Kandinsky. O Museu do Louvre adquire um de seus autorretratos(Figura
4.2) (HERRERA, 2013, p. 35).
Apesar de passar por várias cirurgias e usar um colete de gesso como resultado do
acidente, Frida não parou de pintar. Seu trabalho foi influenciado pela arte indígena
mexicana. Ela pintou paisagens mortas e cenas imaginárias. Ela usou cores fortes e vivas,
explorando principalmente os autorretratos. Frida Kahlo também era aficionada por
fotografia, hábito que herdou do pai e do avô materno, ambos fotógrafos profissionais.
Frida Kahlo ensinou artes na Escola Nacional de Pintura e Escultura, recente-
mente fundada na Cidade do México. Ela foi uma defensora dos direitos das mulheres,

1
Diego Rivera (1886-1957) nasceu na cidade de Guanajuato, México, no dia 8 de dezembro de 1886.
Um dos mais importantes pintores do “Muralismo Mexicano”. Sua arte imbuída de intenções políticas. Em
1907 Diego Rivera realizou sua primeira exposição, cursou a Escola de San Fernando, em Madri. Entre
1923 e 1928 realizou gigantescos murais para a Secretaria de Educação Pública e para a Escola Nacional
de Agricultura de Chapingo. Diego Rivera faleceu em sua casa (convertida em Casa Estúdio Diego Rivera)
na Cidade do México, México, no dia 24 de novembro de 1957
40

Figura 4.2: Autorretrato com vestido de veludo - 1926

FONTE: https://www.museofridakahlo.org.mx/es/frida-kahlo/obras/ (2021)

tornando-se um símbolo do feminismo. Em agosto de 1953, Frida teve uma perna am-
putada no joelho devido à gangrena. Com todo esse sofrimento, Frida escreveu em seu
diário: “Minha perna foi amputada há seis meses, fui torturada por séculos e há momen-
tos em que quase perco a razão. Eu ainda quero me matar”. Deprimida, viveu os últimos
anos de sua vida na Casa Azul, no México, que em 1958 passou a abrigar um museu em
sua homenagem. A pintora Frida Kahlo faleceu em Coyoacán, México, em 13 de julho
de 1954 (BASTOS, 2010, p. 40).
41

5.1 Autorretratos de Frida Kahlo

A artista Frida Kahlo encontrou na pintura uma forma de transbordar tudo o que
vivia e sentia, criando obras únicas que retratavam com detalhes tudo o que a artista
passava e como se enxergava diante de tais acontecimentos.
Após o acidente, Frida criou sua primeira pintura séria e seu primeiro autorretrato
como um presente para Alejandro Gómez Arias, visto na figura 4.2.
A conexão de Frida com as tradições mexicanas ficava cada vez mais forte: suas
roupas, linguagem e até suas pinturas são afetadas. É por isso que, quando Diego deixou
o México sob pressão política e a levou embora, Frida se sentiu separada de suas raízes.
Segundo Herrera (2011) o autorretrato com macaco foi pintado em 1943 (Figura
4.3), nesta pintura, Frida aparece no centro da imagem, rosto em três quartos, mas ainda
olha para o observador, e as famosas sobrancelhas destacam sua expressão. A expres- são
séria e indiferente é a mesma de todos os autorretratos que ela pintou, causando um
desconforto momentâneo no expectador, pois não é possível decifrar se a artista está
questionando algo ou tentando relatar algo e, assim, sua personalidade é misteriosamente
apresentada.
A artista demonstra em suas obras diversos elementos, os quais são apresentados
para que os expectadores consigam compreender que a função deles vai para além do
ornamento nas obras, constituem sua identidade. Ela os fez de forma que alguns aspectos
de sua vida pudessem ser enaltecidos.
Frida Kahlo, com sua camisa branca de algodão huipil sem mangas, caracteriza
um dos trajes tradicionais mais comuns entre as mulheres indígenas e mestiças mexicanas,
detalhe que pode ser visto em outros autorretratos. Ela aparece entre os muitos animais
de estimação mantidos em seu quintal. Elementos como a flora e a fauna, a maneira de se
vestir e até as cores da bandeira nacional (verde, branco e vermelho) destacam-se no
42

Figura 4.3: Frida Kahlo: Autorretrato com macacos

FONTE: https://www.museofridakahlo.org.mx/es/frida-kahlo/obras/ (2021)

centro da composição. A artista se mostra neste autorretrato com roupas e penteados


simples (HERRERA, 2011, p. 47).
Em seu autorretrato, Tehuana (1943) (Figura 4.4), que também é comumente cha-
mado de “Diego em minha mente”, sua figura reapareceu no centro da composição, o
rosto aparece em posição de três quartos, ainda mantendo a direção de seu olhar para o
expectador, sem mostrar claramente qualquer emoção.
43

Figura 4.4: Frida Kahlo Tehuana

FONTE: https://www.museofridakahlo.org.mx/es/frida-kahlo/obras/ (2021)

As raízes de seus cabelos negros formam uma espécie de moldura e desenham um


pequeno retrato de seu marido Diego Rivera. A maioria da imagem é ocupada por um
lindo vestido de tehuana.
Segundo Bastos:
Frida Kahlo tem sua maneira própria de se inserir na questão política [...] está
explícita simbolicamente na sua figura, no seu modo de se conduzir na vida e na sua
marcante cidadania, sempre valorizando sua cultura e desafiando a ideologia burguesa
imperativa nos meios sociais de seu tempo. A artista utiliza em sua plástica – pessoal e
artística – os símbolos do México, além de deliberadamente assumir uma posição ideoló-
44

gica marcante que fez dela uma das representações mais expressivas da luta nacionalista
em que mergulhava sua nação, identificada à causa mais popular. (2010, p. 65)
Ainda, segundo Bastos (2010), no autorretrato Memórias a artista, em 1936 (Fi-
gura 4.5), seguiu o padrão de retrato mencionado anteriormente. Em uma pequena tela
pintada com óleo, Frida Kahlo reaparece ao centro da composição, transmitindo rapida-
mente o tema principal da pintura, onde sua imagem foi proposta mais de duas vezes, sem
ter que voltar a pintar-se completamente
Figura 4.5: Frida Kahlo: Memória (O coração)

FONTE: https://www.museofridakahlo.org.mx/es/frida-kahlo/obras/ (2021)

O enquadramento é de corpo inteiro, totalmente para frente e a linha de visão está


voltada para o expectador, mas apesar do rosto rígido e indiferente, desta vez, seus olhos
derramaram lágrimas brancas, ainda mais acentuada pela sombra suave da pele e a
vermelhidão das bochechas.
45

Podemos ver uma referência a uma recente cirurgia no pé, que foi uma das deze-
nas de operações cirúrgicas que ela teve de realizar em sua vida. O pé que parece estar
amarrado à bandagem branca, apresentando deformação de seus sapatos pretos, forma a
figura de um veleiro que navegava no mar. Na altura do coração de Frida Kahlo, há um
buraco com uma haste de metal onde há um minúsculo cupido nu em cada extremidade,
os dois anjinhos parecem estar em uma gangorra, fazendo alusão aos altos e baixos que
sua vida sentimental teve. O fato de seu coração estar fora de seu lugar anatômico reforça
a carga de dor, tanto física quanto emocional (BASTOS, 2010, p. 33).
Frida Kahlo se encontra no meio de duas de suas identidades, representadas por
conjuntos de roupas, que, como mencionado, eram elementos fundamentais para ela na
criação de sua autoimagem. Esses conjuntos se ligam à figura central por fitas vermelhas.
De um lado está a roupa que ela usava para frequentar a escola, vestia-se como uma
estudante alemã, o que é representado no autorretrato pelo uniforme formado por uma
camisa branca de mangas curtas e uma saia em azul escuro. Do outro lado estão presentes
as famosas vestes tehuanas que passou a utilizar depois de seu casamento. Ambos os
conjuntos estão suspensos no ar em cabides.
Na figura central de Frida Kahlo não há membros superiores, seus braços estão
juntos das roupas. Nas roupas da jovem, o membro era rígido e esticado em direção à
pintora, mas não conseguia alcançá-la, o que indica que ela estava mais distante desta
época de sua vida. Ao mesmo tempo, a imagem de Tehuana envolve seu braço nas mangas do
casaco usado pela figura central. Embora sem mãos, o gesto sugere proximidade levando
a entender que Frida Kahlo está mais próxima desta realidade.
[...] Frida combinava realismo concreto e fantasia quando retirava de seu corpo as
próprias entranhas e as apresentava como símbolos de sentimentos e sensações. O uso
literal e feroz que Frida faz de seu coração extraído como símbolo da dor do amor em
Lembrança e outras pinturas não é tão grotesco quando entendido no contexto da cultura
mexicana. É, por exemplo, tão diretamente naïf quanto a maneira como a dor é
simbolizada em pinturas mexicanas coloniais [...] (HERRERA, 2011, p. 233).
No autorretrato com cabelo cortado (figura 4.6), Frida Kahlo está sentada em uma
cadeira de madeira amarela simples, no centro. Seu cabelo é cortado curto, o que é dife-
rente da autoimagem construída na maioria dos autorretratos. O corpo da artista é todo
pintado, na posição de fotografia três quartos, e apesar de ter as mesmas características
como as sobrancelhas icônicas acentuando a aparência dura e direta, ela aparece sem os
elementos mexicanos e a exaltação de sua feminilidade que eram costumeiramente retra-
tadas através de sua maquiagem, penteados e roupas típicas.
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Já no título, é possível perceber o tema da obra, Frida Kahlo se retrata com cabelos

Figura 4.6: Autorretrato com cabelo cortado

FONTE: https://www.museofridakahlo.org.mx/es/frida-kahlo/obras/ (2021)

pretos muito curtos, que não podem ser penteados com suas fitas e arranjos de flores
habituais. A pintora usava um terno preto e uma calça, deixando claro se tratar de uma
roupa masculina. Frida Kahlo demonstra sua imagem nesta obra se arrumando de uma
maneira considerada masculinizada, deixando só seus brincos como um resquício de sua
feminilidade “[...] podemos entender que os cabelos são tomados, nesse momento, como
significantes da sexualidade feminina.” (BASTOS, 2010).
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Na obra As duas Fridas (figura 4.7 ), a artista deixa evidente toda sua lamúria em
relação a sua condição, onde demostra uma Frida europeia se conectando com a Frida
mexicana, formando, assim, uma crítica sobre a perda de suas referências ancestrais por
parte de pai e uma busca por autoafirmação, além de deixar claro que tais fatos geram
uma ligação que é demostrada com uma carga dramática, pois esta ligação é representada
através do coração. Em contrapartida as mãos expressam uma clara aceitação entre elas,
expondo uma transitoriedade que por vezes agrega, por vezes conflita.
Figura 4.7: Frida Kahlo: Duas Fridas

FONTE: https://www.museofridakahlo.org.mx/es/frida-kahlo/obras/ (2021)

Na obra A coluna torta (figura 4.8), Frida demostra de forma gráfica sua dor.
A coluna aparece revestida, de forma que nos leva a crer ter sido foi trocada. Por conta
desta enfermidade a artista realizou diversas cirurgias, mas esta coluna quase que robótica
também representa o ponto de sustentação. Novamente Frida demonstra de forma singular
algo conflitante, pois a coluna que lhe causa a dor é a mesma que lhe sustenta para seguir
em frente. Os demais elementos e a paisagem deixam claro a situação de solidão que
a artista se encontra reforçando ainda mais o conflito que Frida tem com relação ao seu
corpo.
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Figura 4.8: Frida Kahlo: A Coluna Torta

FONTE: https://www.museofridakahlo.org.mx/es/frida-kahlo/obras/ (2021)

Uma pessoa que esteve tão perto da morte não precisa de magenta para se sentir
viva; para ela, mesmo o bege, o marrom, o preto e o cinza são vibrantes. (HERRERA,
2011, p. 103).
As obras aqui apresentadas são apenas um fragmento do vasto trabalho da artista
Frida Kahlo, estas obras foram escolhidas para que através delas pudesse deixar menos
abstrato o processo com que a artista trabalhava todas as questões envolvidas em seu
trabalho (sentimentos, histórias, técnicas). Frida Kahlo também produziu outros quadros,
mas os temas principais sempre giravam em torno dos mesmos aqui demostrado, suas
dores, seus amores (Rivera, sua cultura), com sua linguagem direta, forte e ao mesmo
tempo sensível Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón, encantou e ensinou mais que
uma simples técnica, mas sim como a arte é importante no desenvolvimento do ser

enquanto indivíduo.
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6 LOCAL DE PROPOSTA E ESTRUTURA

Inicialmente a proposta deste trabalho foi pensada para ser realizada em uma es-
cola pública da cidade de Porto Alegre. Mas por conta da COVID-19, a execução teve
de ser alterada, tal situação impactou de forma significativa na realização e resultado do
referido trabalho.
Infelizmente, o número de participantes se mostrou um complicador, pois para
realizar as atividades os participantes deveriam ter à disposição internet e um celular com
câmera. Porém, como estamos atravessando um período de pandemia muitas pessoas
decidiram se abrigar em locais mais afastados, o que resulta em qualidade insatisfatória
do sinal de internet.
Após conseguir as participantes de forma conjunta visando o melhor aproveita-
mento e facilidade mútua, decidimos juntos qual seria o melhor meio de comunicação.
Foi acordado que utilizaríamos a plataforma do aplicativo Zoom (Figura 6.1) para que
pudéssemos desenvolver o trabalho.

Figura 6.1: Aplicativo Zoom

FONTE: https://mundoconectado.com.br/artigos/v/13361/zoom-veja-como-instalar-e-usar-o-app-de-
videoconferencia-em-pcs-e-smartphones-video (2021)
50

6.1 Conhecendo as participantes

Visando atingir melhores resultados mesmo com as imposições da pandemia, foi


decidido realizar o trabalho com pessoas que não tivessem ligação com a área da fotografia
e artes visuais, pois desta forma o resultado se equiparia com o de uma turma de alunos
sem conhecimento prévio.

O número de participantes que se enquadrou nos requisitos foram duas pessoas,


por coincidência ambas eram do sexo feminino e da área da construção civil. Para preser-
var a identidade de ambas foram chamadas de participante “A” e participante “B”.
A participante “A” é formada em Engenharia Civil, tem 29 anos, residente da ci-
dade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, cursou o ensino fundamental e médio em escola
pública. Não tem o hábito de frequentar exposições, seu conhecimento em fotografia é
classificado (por ela mesma) como básico.
A participante “B” é acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo, tem 18
anos, reside na cidade de Campo Bom, Rio Grande do Sul, cursou o ensino fundamental
e médio em escola pública. Gosta de desenhar, mas não pratica, também não tem o hábito
de ir em exposições, seu conhecimento sobre fotografia está ligado a aplicativos para
fotos.

6.2 Planejamento dos encontros

Em ambos os encontros foram realizadas as mesmas atividades para, assim, con-


seguir trabalhar os mesmo objetivos e habilidades.
• Aula expositiva sobre Autorretrato na História da Arte e o conceito de Selfie
• Aula expositiva sobre técnicas básicas de fotografia
• Exercícios práticos de fotografia
• Aula expositiva sobre a vida e as obras de autorretrato da artista Frida Kahlo
• Exercício prático e guiado de leitura das obras de autorretrato da artista Frida
Kahlo
51

7 RELATÓRIO DOS ENCONTROS

Por questão de incompatibilidade de horários não foi possível realizar o encontro


com as participantes juntas. Os encontros se deram da seguinte forma: foi realizado um
primeiro encontro com a participante “B” e após, outro com a participante “A”.

7.1 1º relatório dos encontros

Primeiro encontro
Data: 31/05/2021
Horário: das 13h30 às 14h30
O primeiro encontro ocorreu na plataforma do aplicativo Zoom, realizado com a
participante "B". Inicialmente, questionei a participante sobre seus conhecimentos em
autorretrato, que informou não ter profundidade teórica sobre o assunto. Após esta rápida
indagação, iniciei a aula expositiva referente ao tema. Os recursos utilizados para as aulas
expositivas foram três apresentações em Power Point (1ª apresentação : figura 7.1, figura
7.2).
Figura 7.1: Apresentação sobre autorretrato

FONTE: Arquivo do autor 2021

A participante “B” não se mostrou muito participativa, quando questionada se


estaria com dúvidas, respondia que não. Outro fato importante a ser relatado é que mesmo
com solicitação amigável para que ligasse sua webcam, ela manteve desligada.
52

Iniciei aula apresentando os artistas que havia selecionado para esta atividade,

Figura 7.2: Apresentação sobre autorretrato

FONTE: Arquivo do autor 2021

entre todos, a participante "B"alegou só conhecer o Van Gogh e Frida Kahlo. Ela de-
monstrou um pequeno interesse com as obras de Dürer, questionei-a por qual motivo, e
de forma relutante, respondeu: "é por causa que ele faz tudo perfeitinho".
Depois de ter discorrido todos os artistas e suas obras, foi dialogado com a parti-
cipante com o intuito de refletir sobre o impacto da fotografia selfie em relação ao autor-
retrato, mais uma vez a participante não demonstrou estar à vontade para expressar sua
opinião. O planejamento seguiu e foi apresentado o conceito de fotografia selfie.
A todo instante a participante "B"foi questionada com a intenção de fazer com que
ficasse mais à vontade e participasse mais da aula, entretanto sem sucesso. Como proposta
previamente foi reforçada a informação de que a participante "B"teria de reali- zar ao
menos uma fotografia a ser enquadrada nos conceitos apresentados. Ela poderia realizar
esta atividade com qualquer tipo de câmera e, em seguida, enviar o resultado via aplicativo
de WhatsApp, como visto na figura 7.3 .
Em sequência à aula expositiva, foi iniciada a apresentação do tema fotografia na
prática (figura 7.4 e 7.5). Já que anteriormente havia sido questionada sobre seus
conhecimentos prévios, a participante relatou que sobre o referido tema seu conhecimento
se resumia a aplicativos específicos para fotografia.
53

A participante demonstrou em sua fala ter um bom nível de conhecimento refe-


rente a existência de aplicativos automatizados para fotografia, porém deixou claro sua
falta de conhecimento técnico com relação a fotografia. Foram abordados aspectos bá-
sicos para a realização de fotografias. Inicialmente, foi demonstrado através de imagens
que a participante poderia acessar os recursos tanto em celulares como em máquinas do

Figura 7.3: Selfie da participante B

FONTE: Arquivo do autor 2021

Figura 7.4: Apresentação sobre autorretrato.

FONTE: Arquivo do autor 2021


54

Figura 7.5: Apresentação sobre autorretrato.

FONTE: Arquivo do autor 2021

modelo DSL.
De forma guiada a participante foi conduzida para realizar alguns exercícios de
iluminação e um simulador de câmera fotográfica. No site de iluminação a participante
esteve mais livre para obter uma experiência de caráter exploratório.
Já no simulador foi sinalizado onde a participante iria realizar as alterações de
configuração para que, assim, pudesse conseguir diferentes resultados em suas fotografias. Foi
solicitado como exercício dois tipos de fotografias: uma com o fundo desfocado e outra
com o movimento congelado. Em ambos os exercícios no simulador a participante “B” se
saiu bem.
Por fim, a participante foi questionada se sabia ou já tinha ouviu falar sobre a
artista Frida Kahlo, já que havia mencionado ter um conhecimento prévio da artista. De
forma evasiva, respondeu: “não sei muita coisa e o pouco que sei foi pela da mídia que
aprendi”.
55

Figura 7.6: Apresentação sobre Vida e Obra de Frida Kahlo

FONTE: Arquivo do autor 2021

Figura 7.7: Apresentação sobre Vida e Obra de Frida Kahlo

FONTE: Arquivo do autor 2021


56

Nesta parte foi comentado sobre a vida e origens da artista (figura 7.6 e 7.7) para
a participante , e, conforme a história de Frida Kahlo iria se desdobrando,
concomitantemente foram apresentados os autorretratos da artista, com a preocupação
de deixar claro o link que existia entre a obra e a vida da artista.
De forma guiada foram realizadas as leituras das imagens da seguinte forma:
informava-se o contexto histórico da artista em que realizou determinada obra, aguardava-
se a observação da participante por alguns instantes e, depois, iniciava-se uma reflexão
sobre os aspectos que a obra comunicava.
Infelizmente, por conta do comportamento adotado por parte da participante “B”,
não foi obtido um resultado satisfatório e tal comportamento impactou diretamente no
resultado final da proposta deste trabalho. A leitura de imagem se deu mais de forma con-
templativa por parte da participante, enquanto realizava-se a leitura e a contextualização
das obras.
Como resultado final destas atividades a participante deveria realizar uma fotogra-
fia selfie, onde deveria aplicar os conhecimentos obtidos com as aulas e exercício. Junto
da foto foi solicitado que a participante enviasse um pequeno relato explicando o motivo
de ter feito a foto desta forma, sempre relacionando com os conteúdos aplicados.
Segundo a participante “B” ela mandou esta foto (figura 7.8 ) “porque gosto de
praia e é onde melhor me sinto”. Alguns pontos a serem observados: não há regra que
determine um posicionamento específico para ser considerado uma fotografia selfie, então
o corpo do fotografado pode aparecer, mesmo que seja incomum.
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Figura 7.8: Fotografia final da Participante B

FONTE: Arquivo do autor 2021

Porém, o principal conceito do autorretrato/selfie é que a pessoa retratada seja a


mesma que está retratando. Percebe-se na foto acima que o registro foi feita por uma outra
pessoa, sendo assim, não pode ser considerada uma selfie. Entretanto, se por ventura, a
fotografia estivesse sendo feita de um ângulo que saísse do chão, a fotografia poderia ser
aceita como uma selfie.
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7.2 2º relatório dos encontros

Segundo encontro
Data: 05/06/2021
Horário: das 18h00 às 19h30
O segundo encontro também foi realizado através da plataforma do aplicativo
Zoom, o material didático apresentado para a participante "A"foi o mesmo apresentado
a participante anterior. Logo no início foi observado que a participante estava tranquila
e com vontade de participar, ela perguntou se poderia falar sobre fotografia e o desejo
foi concedido, já que o material foi criado de forma a ser apresentado na sequência que
melhor conviesse, sem perder qualidade teórica.
Questionei-a sobre seus conhecimentos técnicos de fotografia, ela informou que
não tinha nada além de um conhecimento de usuário esporádico em fotografia. Ainda que
demonstrasse interesse em fotografar com auxílio do material didático, os conhecimentos
foram aprofundados conforme ela realizava questionamentos sobre o que estava sendo
ensinado.
Como previsto no planejamento, foram indicados os links do simulador de câmera
e do site de iluminação, a participante “A”, de forma intuitiva exploratória, começou a rea-
lizar as fotos. Inicialmente, não houve interferência para não prejudicar a experimentação
da participante. Quando ela demonstrou dúvida sobre o desfoque ao fundo da fotografia,
a intervenção foi pontual. Referente ao site de iluminação o mesmo comportamento foi
adotado por ambas as partes, com intervenções pontuais, pois a participante mostrou um
alto nível de interesse e retenção do conteúdo recebido, fazendo com que sua experiência
de exploração fosse mais enriquecedora.
Na sequência, com as aulas expositivas, a aula de autorretrato foi realizada. Quando
questionada sobre seu conhecimento sobre o assunto, ela explanou: “Autorretrato só se
refere a fotografia, porque no nome tem retrato, o que remete a fotografia”. Diante desta
argumentação, ela foi indagada sobre o que seriam as obras, ao que ela respondeu: “Pin-
turas”.
Quando questionada se conhecia algum dos artistas apresentados, ela falou: “Co-
nheço a Frida Kahlo, e já vi Van Gogh mas não sabia seu nome”. A participante relatou:
“Gostei das obras do Rembrandt, mas algumas vezes achei elas melancólicas, sombrias, e
59

tive a sensação de que estava escondendo o que sentia”. Outro ponto levantado pela par-
ticipante “A” foi: “Entre todos os artistas ele foi o que mais se preocupou em diversificar
suas posições”.
Durante a conversa foi compreendido que a fotografia selfie teve sua origem, indis-
cutivelmente, nas obras de autorretrato. Por meio de perguntas, foi fomentado o diálogo
para instigar a participante a falar mais sobre o assunto. Em certo momento, ela falou:
“Agora conheço o avô da selfie (referindo- se ao autorretrato)”. Quando a aula referente
a vida e obras de Frida Kahlo ocorreu, ficou nítido o espanto das participantes com os
acontecimentos que ocorreram na vidada artista. Conforme a história da vida da artista
avançava, eram apresentadas as obras e as participantes eram convidadas a interpretá-las.
A participante “A” rapidamente percebeu que as obras da artista se mostravam daquela
forma por se tratar de um meio com que a artista achou para expurgar o que a mesma
tinha entranhado dentro de si.
Ela ficou vislumbrada com a forma com que a artista Frida Kahlo lidava com seus
demônios internos. Relato da participante: “Nunca achei que alguém pudesse suportar
tanta coisa na vida”, referindo-se a todos os momentos ruins vividos pela artista. Segundo
a participante, a artista consegue transmitir de forma clara sua mensagem, “Você olha para
a pintura e sabe que ela não está bem, mesmo sem conhecer sua história”. A participante
foi questionada sobre este fato, se ela achava que isso podia diminuir a compreensão por
parte das pessoas que não conhecem a vida da artista. Ela disse: “Não acredito que esta
perda ou limitação de compreensão aconteça, na minha opinião ocorre o contrário, as
pessoas que conhecem a vida da artista acabam ganhando um bônus por compreender por
completo a dor da artista”. Então, pegando como base tais reflexões foi proposta uma nova
discussão. Questionei se a participante “A” acreditava que tais comportamentos pudessem ser
aplicados a fotografia selfie. Para a participante: “Até o momento que antecedeu nosso
encontro, eu pensava que não, mas diante do novo conhecimento minha opinião mudou”.
Ela foi questionada sobre o motivo que a fez mudar de opinião e respondeu: “Agora tenho
uma compreensão sobre o motivo das pessoas demonstrarem uma vida diferente nas redes
sociais”. Novamente foi questionada se ela interpretava que o que a sociedade estava
fazendo era o mesmo que a Frida Kahlo. Nesse momento a participante ficou em dúvida.
Depois de alguns instantes a participante respondeu: “Sim, mas não para obter o
mesmo objetivo que a artista”. Diante dessa resposta ela foi questionada sobre qual seria
o objetivo da artista para ela. A participante respondeu: “A artista tinha a intenção de se
60

libertar e expor ao mundo seus machucados através da obra, e isso a aliviava”.


Foi questionada, então, sobre qual seria o real motivador, já que ela disse: “Não
seria o mesmo da artista?”. Neste momento, a participante “A” respira fundo e responde:
“A mentira”. É convidada, então, a desenvolver sua argumentação, e ela responde: “As
pessoas moldam emoções e estas emoções acabam por criar uma realidade irreal. Algo
quase teatral”.
Ela é questionada se arriscaria a dizer o motivo do ponto de vista dela, do motivo
que leva as pessoas a fazerem isso, a participante responde: “Acredito que é só pra mostrar
que é melhor do que os outros”. É apresentado, então. um novo ponto de vista para nossa
reflexão: “Será que isso não é feito porque as pessoas têm medo de não serem aceitas
como são na vida real?”
A participante acena com a cabeça, mostrando concordar com o que foi dito, e
complementa: “Todos querem fazer parte de algo e, muitas vezes, acabam não percebendo que
estão indo pra um caminho sem volta”.
Com essa resposta intrigante, ela foi novamente questionada sobre o que queria
dizer com isso. A participante, então, deu o exemplo de grupos sociais que só aceitam
pessoas que se vestem e tem a mesma filosofia que os demais. Também deu como exem-
plo a questão de relacionamentos abusivos que muitas vezes a pessoa que sofre agressão
retrata uma vida que não condiz com a realidade.
Por fim, ela foi questionada se a selfie, segundo o ponto de vista da participante,
poderia ser uma ferramenta para quebrar este ciclo comportamental. A participante disse:
“Acredito que sim, mas não é uma tarefa fácil poque já foi fortemente associado a um
comportamento negativo. Primeiro o indivíduo teria que reaprender/aprender a realizar
de forma correta a observação de imagens, e só depois, então, teria capacidade de realizar
uma observação real de sua própria imagem”.
Por conta da riqueza reflexiva dessa conversa, a participante acabou por esquecer
de salvar alguma foto dos exercícios realizados durante o encontro. Ainda assim, conse-
guiu obter um resultado satisfatório no exercício final(figura 7.9).
61

A participante “A” informou em seu relato que teve como inspirações os artistas,
Rembrandt e Frida Kahlo. Na foto da esquerda, ela relatou que tentou expressar seus
sentimentos sem deixar de forma tão evidente, o que, segundo ela, é o que o artista Rem-
brandt fazia, e na fotografia da direita, ela deixou transparecer mais seus sentimentos
como visto nas obras de Frida Kahlo. Já na fotografia que está centralizada, ela informou
que tentou fazer o que, segundo ela, a sociedade faz que é criar uma nova realidade em
cima de sentimentos inventados.

Figura 7.9: Fotografia final da Participante A

FONTE: Arquivo do autor 2021


62

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi possível perceber neste trabalho que as compreensões entorno do ensino da


arte é de uma pluralidade gigantesca, também pode ser observado que não existe idade
para que possamos ensinar ou aprender questões relacionada a arte. Após este trabalho,
ficou ainda mais evidente o trabalho árduo que o arte-educador tem, e que muitas vezes
não tem o devido suporte por parte dos governantes.
O arte-educador deve atentar para as oportunidades que são ofertadas, pois atra-
vés delas torna-se possível diversificar a forma de ensinar e, assim, atingir novos objeti-
vos. Portanto, o ensino de arte necessita de crescimento educacional e desenvolvimento
metodológico que permita alcançar resultados que mostrem aos discentes o verdadeiro
significado das artes visuais nas diferentes etapas evolutivas do indivíduo.
Contudo, a aula prática realizada na supracitada plataforma mostrou que os dis-
centes por vezes podem ter dificuldades de compreensão, seja por conta de uma educação
anterior deficitária ou por conta da nova realidade educacional que vivemos por conta do
COVID-19. Soma-se a esta nova realidade professores sobrecarregados que, não raro,
para dar conta do conteúdo de todas as turmas que atua, acaba recorrendo a cópias da
internet, livros e outros meios de pesquisa para os planejamentos de aula.
É necessário investimentos para que a arte se desenvolva da melhor forma dentro
das escolas, pois neste trabalho ficou evidenciado o quanto ela é importante para o indi-
víduo e para a sociedade, já que não se trata de replicar uma imagem ou pintar desenhos
fornecidos pela escola.
Mesmo tendo que reformular o trabalho para esta nova realidade fico satisfeito
com o resultado, pois pude ver na prática o quanto é impactante na vida dos discentes
o ofício da arte-educação, auxiliando na compreensão e absorção de novos valores e po-
dendo revelar pontos de vistas ainda não explorados pelas pessoas.
Foi com o intuito de trazer vivências inexploradas pelos estudantes e o reconheci-
mento de comportamentos nocivos através da reflexão que realizei este trabalho, tentando
suscitar, ao menos, uma dúvida, em todos os envolvidos e incentivá-los a explorar novas
possibilidade que a arte pode proporcionar dentro e fora do meio acadêmico.
Por conta da pandemia que estamos passando não pude realizar meu trabalho da
forma como planejei. Acredito que o resultado que poderia ser obtido, caso tivesse re-
alizado da forma original, teria sido mais expressivo. No entanto realizando o meu pla-
nejamento de forma alternativa com participantes em faixas etárias maiores que as do
63

ensino médio que seriam trabalhadas originalmente, pude perceber que arte é um trabalho
contínuo e que não devemos pensar em privilegiados quando se trata de arte-educação.
Se pudesse classificar meus resultados diria que atingi cinquenta porcento de meu
objetivo. Uma das participantes teve uma participação abaixo do esperado e nos resulta-
dos obtidos com ela fica visível que ela não assimilou os conteúdos e a proposta. Já com
a segunda participante, obtive um resultado muito expressivo, conseguindo criar uma di-
nâmica de reflexões. Mesmo sem nenhum conhecimento referente a arte ou fotografia,
ela teve um resultado final palpável, evidenciado no seu trabalho final, cujos conceitos e
reflexões antes realizados foram levados em conta na produção.
Enquanto arte-educador foi um momento singular em minha trajetória, pois ficou
ainda mais claro o quanto é árduo o trabalho de lecionar — ainda mais quando se trata de
questões que estão ligadas diretamente a construção do indivíduo.
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