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MONITORAMENTO PARTICIPATIVO DA

BIODIVERSIDADE EM SISTEMAS DE
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: O CASO
DO PROBUC NO ESTADO DO AMAZONAS
Daniel Carneiro Costa
Universidade Federal do Amazonas | Manaus – AM – Brasil

Guillaume Antoine Emile Louis Marchand


Universidade Federal do Amazonas | Manaus – AM – Brasil

Henrique dos Santos Pereirat


Universidade Federal do Amazonas | Manaus – AM – Brasil

submissão: 12/02/2019 | aprovação: 27/06/2019


volume 11 (1) | 2 - 16 | 2019

RESUMO
Nas últimas décadas, o monitoramento participativo tem sido apontado como um instrumento crescentemente importante para
a consolidação da gestão de áreas protegidas. No estado do Amazonas, a criação, em 2005, do Programa de Monitoramento da
Biodiversidade e do Uso de Recursos Naturais de Unidades de Conservação (ProBUC) representou um importante passo para a
efetividade do monitoramento participativo das unidades estaduais de conservação (UC estaduais). Apresentamos, sinteticamente,
os resultados de uma avaliação qualitativa do funcionamento deste programa, identificando suas contribuições e limitações para
a vida das comunidades locais. Iniciamos com uma revisão da literatura sobre as principais razões do surgimento dos programas
de monitoramento participativo e chegamos às observações dos atores sociais gestores, especialistas e comunitários, envolvidos
na construção do ProBUC, por meio de entrevistas. Constatamos que o programa contribuiu para a conscientização ambiental
e produziu dados sobre a biodiversidade, embora não se tenha verificado o subsídio à gestão das unidades de conservação.

Palavras-chave: monitoramento participativo; gestão da biodiversidade; unidades de conservação.

PARTICIPATORY MONITORING OF MONITOREO PARTICIPATIVO DE LA


BIODIVERSITY IN CONSERVATION UNIT BIODIVERSIDAD EN SISTEMAS DE
SYSTEMS: THE CASE OF PROBUC UNIDADES DE CONSERVACIÓN: EL CASO DEL
IN THE STATE OF AMAZONAS PROBUC EN EL ESTADO DEL AMAZONAS
ABSTRACT RESUMEN
In the last decades, participatory monitoring has been pointed En las últimas décadas, el monitoreo participativo ha sido señalado
out as an increasingly important instrument for consolidating como un instrumento crecientemente importante para la consolidación
the management of protected areas. In the State of Amazonas, de la gestión de áreas protegidas. En el Estado de Amazonas, la creación,
the creation of the biodiversity monitoring and use of natural en 2005, del programa de monitoreo de la biodiversidad y uso de los
resources program (ProBUC) in 2005 was an important step recursos naturales - el ProBUC - representó un importante paso para
towards the effectiveness of participatory monitoring of state la efectividad del monitoreo participativo de las unidades estatales
conservation units (state CUs). We briefly present the results de conservación (UCs estaduales). Presentamos, sintéticamente, los
of a qualitative evaluation of the functioning of this program, resultados de una evaluación cualitativa del funcionamiento de este
identifying its contributions and limitations to the life of local programa, identificando sus contribuciones y limitaciones a la vida
communities. We started with a review of the literature on the de las comunidades locales. Iniciamos con una revisión de la literatura
main reasons for the emergence of participatory monitoring sobre las principales razones del surgimiento de los programas de
programs and we came to the observations of social actors monitoreo participativo y llegamos a las observaciones de los actores
managers, specialists and community members involved in the sociales gestores, especialistas y comunitarios involucrados en la
construction of ProBUC, through interviews. As a conclusion, construcción del ProBUC, a través de entrevistas. Como conclusión,
we found that the program contributed to environmental constatamos que el programa contribuyó a la concientización
awareness and produced data on biodiversity, although the ambiental y produjo datos sobre la biodiversidad, aunque no se constató
subsidy for the management of protected areas was not verified. el subsidio a la gestión de las unidades de conservación.

Keywords: participatory monitoring; management Palabras clave: monitoreo participativo; gestión de la


of biodiversity; conservation units. biodiversidade; unidades de conservación.

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Monitoramento participativo da biodiversidade em sistemas de unidades de conservação: o caso do ProBUC no estado do Amazonas

1. INTRODUÇÃO a elaboração de projetos que alcançassem a


Em termos gerais, os programas de participação direta de comunidades na própria
monitoramento de áreas protegidas foram gestão das áreas protegidas (Estrella & Gaventa
criados com o propósito de auxiliar na gestão 1998:3). Essa nova metodologia de monitoramento
dessas áreas, por meio da produção de dados para passou a depender de aprovações dentro das
identificar tendências da biodiversidade (Boissière organizações das comunidades locais (Garcia
et al. 2014:150; Lee et al. 2005:3; Schmeller et & Lescuyer 2008:1304) e favoreceu, em alguns
al. 2009:308). Os programas de monitoramento países, a aceleração de inventários biológicos e
participativo, de modo mais particular, foram as tomadas de decisões que evitaram a extinção
concebidos como propulsores da participação de determinadas espécies biológicas (Sheil &
de comunidades usuárias da biodiversidade no Lawrence 2004:634).
processo de gestão (Danielsen et al. 2000:1672). É neste cenário que a criação do Programa de
Como observaram Magnusson et al. (2013:21), Monitoramento da Biodiversidade e do Uso de
eles são cada vez mais utilizados na promoção da Recursos Naturais de Unidades de Conservação
gestão participativa da biodiversidade, inclusive (ProBUC) se insere no contexto de reconhecimento
nas áreas protegidas brasileiras denominadas de da relevância do monitoramento participativo no
unidades de conservação (UC). processo de consolidação de áreas protegidas no
Contudo, para se chegar a esse patamar de estado do Amazonas.
reconhecimento e de valorização do monitoramento Este programa foi concebido para monitorar
participativo, é importante salientar que o feito as dinâmicas das espécies amazônicas e também
de forma convencional, exclusivo dos cientistas, para viabilizar o uso sustentável dos recursos
revelou-se insuficiente para auxiliar na gestão naturais. Seus objetivos principais eram “gerar,
da conservação da biodiversidade. Isso resultou continuamente e de forma participativa,
na criação da estratégia de envolvimento informações estratégicas para a gestão de unidades
das comunidades usuárias da biodiversidade de conservação [...] e permitir a inserção das
no processo de gestão e de monitoramento, comunidades no processo decisório das ações de
implicando uma “coordenação social”, que significa gestão da UC onde estão localizadas” (Fonseca
a aprendizagem decorrente de um processo de Junior et al. 2011:15).
gestão com distintos atores relacionados, como De um lado, acreditava-se que o ProBUC seria
pesquisadores, gestores públicos e comunidades capaz de identificar estados críticos relacionados
(Danielsen et al. 2010:3; Stuart-Hill 2005:2622; à sobrevivência de certas espécies, a fim de
Cundill & Fabricius 2009:3206). orientar a gestão das unidades de conservação e
Este processo ganhou visibilidade na década de conscientizar os próprios comunitários sobre
de 1980, quando as agências internacionais de a necessidade de reduzir ou minimizar o uso da
financiamento para criação e consolidação de biodiversidade pressionada. Por outro, esperava-se
áreas protegidas passaram a exigir dos governos que esse monitoramento facilitasse a avaliação da

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disponibilidade de espécies passíveis de utilização de Unidades de Conservação (DEMUC), vinculado


planejada, inclusive para fins econômicos, como à Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Estado
no caso das atividades de manejo extrativo. do Amazonas (SEMA), o programa encontra-se
A pesquisa efetuada demonstrou que o implementado nas seguintes unidades de conservação
programa apresenta lacunas para cumprir estaduais: RDS Puranga Conquista (área rural de
adequadamente seus objetivos previstos, o que Manaus); RDS Madeira (abrangendo parte dos
exige ajustes estruturais na sua gestão, para que municípios de Novo Aripuanã e Manicoré); RDS
não tenha problemas de continuidade. Todavia, Amapá (também nas proximidades do município de
verificou-se que ele colaborou para reforçar a Manicoré); RDS Matupiri (nos limites dos municípios
conscientização da proteção da biodiversidade de Borba e Manicoré); Reserva Extrativista (RESEX)
amazônica, por meio do protagonismo das Canutama (localizada no município de mesmo nome);
comunidades existentes no interior das unidades PAREST Rio Negro Setor Sul (o mesmo acesso do
de conservação. PAREST Rio Negro Setor Norte); PAREST Matupiri;
e Mosaico do Apuí (no município de Apuí).
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS No ProBUC, as espécies e os bens comuns
que são objetos de monitoramento são
2.1. PARTICULARIDADES DO PROBUC: chamados “componentes”. Até 2014, quando
ÁREAS DE ABRANGÊNCIA, GESTÃO da consolidação da pesquisa de dissertação de
E OBJETOS DE MONITORAMENTO mestrado intitulada “Limites e potencialidades do
De acordo com Costa (2014:17), o programa Programa de Monitoramento da Biodiversidade
foi implantado, em 2005, na Reserva de e do Uso de Recursos Naturais – ProBUC - para
Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uacari, a gestão ambiental de unidades de conservação
localizada no município de Carauari. Em 2007, do Amazonas”, no âmbito do Programa de
o programa foi estendido ao Parque Estadual Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e
(PAREST) do Rio Negro Setor Norte, no município Sustentabilidade na Amazônia, da Universidade
de Novo Airão; e, em 2009, ocorreu sua terceira Federal do Amazonas (PPGASA-UFAM), os
implantação, dessa vez, na RDS Uatumã, entre seguintes componentes haviam sido aprovados para
os municípios de São Sebastião do Uatumã e de implementação paulatina: medição do tamanho das
Presidente Figueiredo. É importante observar espécies e estimativa da quantidade de quelônios e
que, na fase piloto, ele foi implantado em duas de jacarés; recenseamento das atividades produtivas
UC de uso sustentável (áreas que contemplam e do consumo dos comunitários entrevistados;
a convivência humana) e em uma de proteção especificação do trânsito de embarcações, mediante
integral (áreas com restrições para a presença e anotação dos barcos que ingressam nas áreas de
para atividades humanas). interesse, com horários específicos; observação
Em 2018, conforme informações obtidas junto em trilha pré-definida dos animais silvestres,
ao Departamento de Mudanças Climáticas e Gestão por meio de anotação e do registro da captura

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de pescado1 (Costa 2014:17). O programa em interesse diretamente relacionados: gestores,


análise custou mais de R$ 1 milhão, distribuídos pesquisadores e comunitários. Procurou-se obter
entre 2006 e 2011, ficando 9% acima do que fora um diagnóstico do programa, com foco principal
projetado. Recentemente, soubemos que apenas nas opiniões destes atores sobre as deficiências
três componentes prosseguem funcionando: o de e os potenciais do programa. Para tanto, os
quelônios, o de trânsito de embarcações e o de instrumentos metodológicos empregados foram:
recenseamento. pesquisa bibliográfica e documental, entrevistas
A gestão do ProBUC esteve, originalmente, sob semiestruturadas e observação direta.
responsabilidade do Centro Estadual de Unidades A pesquisa bibliográfica consistiu no
de Conservação (CEUC), órgão da Secretaria de debate teórico sobre o tema do monitoramento
Desenvolvimento Sustentável (SDS), atualmente participativo da biodiversidade, abrangendo seu
denominada de Secretaria de Estado do Meio histórico e os seus fundamentos. Por sua vez,
Ambiente (SEMA). Por conseguinte, o CEUC passou a pesquisa documental representou o acesso a
a ser chamado de Departamento de Monitoramento informações oficiais sobre o programa que estavam
de Unidades de Conservação (DEMUC), tendo sua em publicações do CEUC.
estrutura reduzida, em comparação com a anterior. As entrevistas semiestruturadas obedeceram
Havia, de início, o objetivo de estender o ProBUC ao a um roteiro pré-definido, que procurava extrair
conjunto das UC estaduais, integrantes do Sistema dos entrevistados o máximo de informações
Estadual de Unidades de Conservação (SEUC), e de impressões sobre o programa. Estas
que, por seu turno, compõe o Sistema Nacional de entrevistas foram realizadas entre outubro de
Unidades de Conservação (SNUC), principal arranjo 2013 e junho de 2014.
institucional das áreas protegidas brasileiras. As entrevistas com cinco pesquisadores do
Em tese, o ProBUC deveria alimentar, com dados ProBUC transcorreram em Manaus, entre outubro
obtidos da monitoria comunitária, o próprio órgão e dezembro de 2013. Entre os critérios escolhidos,
ambiental estadual, qualificando e integrando a houve os da participação na implementação ou na
gestão das UC. Este era um propósito bastante avaliação do programa, além da utilização de dados
ambicioso, haja vista as dificuldades inerentes às contidos no CEUC para publicações acadêmicas.
dimensões continentais do estado do Amazonas. As entrevistas com seis gestores envolvidos com
o programa distribuíram-se em dois momentos:
2.2. OBJETIVOS DA PESQUISA E na sede do CEUC, ainda em 2013, quando houve
INSTRUMENTOS METODOLÓGICOS encontros com três servidores responsáveis
A pesquisa empreendida procurou avaliar diretamente pela gestão do ProBUC, e nas viagens
qualitativamente o funcionamento do ProBUC às unidades de conservação (RDS Uatumã, RDS
a partir da contribuição dos grupos de Uacari e PAREST Rio Negro Setor Norte), ocasião

1  Esse componente não foi implementado nas UC visitadas durante a pesquisa de dissertação de mestrado, nem
naquelas em que o programa foi, posteriormente, efetivado.

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em que os três gestores de cada uma dessas UC 3. RESULTADOS DO PROBUC À LUZ


foram entrevistados. DOS DESAFIOS GLOBAIS DO
Nestas mesmas viagens às UC, efetivadas MONITORAMENTO PARTICIPATIVO
entre fevereiro e junho de 2014, cerca de 67
comunitários foram entrevistados. Ao todo, 3.1. PONDERAÇÕES SOBRE O PROBUC
foram 30 na RDS Uatumã, 27 na RDS Uacari e BASEADAS EM DEPOIMENTOS DE
dez no PAREST Rio Negro Setor Norte2. Como GESTORES E DE ESPECIALISTAS
critérios, procurou-se entrevistar comunitários Entre os aspectos essenciais e críticos do
que participavam do programa como monitores, ProBUC ressaltados pelos especialistas e gestores,
entrevistados de recenseamento, lideranças elencamos os limites da participação comunitária,
vinculadas ao conselho deliberativo da UC o financiamento e o retorno de dados. Em linhas
e até mesmo comunitários que não tinham gerais, esses dois atores sociais defenderam o
participação permanente no ProBUC, mas que caráter participativo do programa. Contudo,
eventualmente estiveram em alguma reunião que as entrevistas realizadas com os gestores do
abordou o programa. Este esforço resultou na CEUC nos revelaram que, diante dos diversos
totalidade de 42 monitores e de 25 não monitores níveis de envolvimentos dos comunitários com
entrevistados. as iniciativas de conservação da biodiversidade,
Por meio das respostas dadas nestas fez-se importante apostar na aprovação de perfis
entrevistas pelo conjunto dos grupos de interesse, de monitores que se adaptassem melhor à proposta
identificaram-se os principais aspectos favoráveis de funcionamento do programa.
e desfavoráveis da integração do programa à Soubemos que as indicações da equipe técnica
vida das comunidades em que foi estabelecido, do ProBUC passaram pelo aval da maioria dos
debatidos à luz da literatura disponível. Este moradores presentes nas reuniões comunitárias
panorama permitiu a apresentação de um conjunto que se destinavam a aprovar a implementação
de recomendações que visava colaborar com o do programa. Para tanto, os técnicos partiram
aprimoramento da gestão do programa. da identificação de potenciais monitores nos
A avaliação exposta neste trabalho é uma primeiros contatos feitos com os comunitários,
síntese dos resultados da dissertação de mestrado a fim de convencê-los a aderir ao programa.
mencionada (Costa 2014), que se destinou a Essa identificação prévia foi importante para a
conhecer as principais limitações e deficiências inclusão de pessoas com afinidades em cada uma
do ProBUC, objetivando propor alterações em seu das funções de monitoria – algo que seria aprovado
funcionamento, para melhorar seu desempenho. apenas posteriormente pelos comunitários. Nesse

2  A realização das entrevistas em campo foi possível graças ao financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
do Amazonas (FAPEAM), por meio do projeto “Sustentabilidade socioeconômica e ambiental do programa de monitoramento
da biodiversidade e do uso de recursos naturais em unidades de conservação do Amazonas”. Esse financiamento garantiu a
logística necessária para os deslocamentos até as unidades de conservação onde vigorava o programa. A pesquisa foi registrada
no Comitê de Ética sob o número 23250113.2.0000.5020.

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sentido, pode-se afirmar que houve influência é fundamental para que os programas funcionem
técnica na indicação dos monitores, sob a alegação com legitimidade (Lawrence et al. 2007:329). No
da relevância da escolha de pessoas adequadas às caso do ProBUC, não tivemos condições de avaliar
necessidades de cada trabalho para que o programa com maior profundidade se as negociações que
obtivesse resultados consistentes. resultaram nos componentes aprovados também
Por sua vez, os especialistas alegaram que pelos comunitários refletiram, da maneira mais
não houve divergências significativas quanto fidedigna possível, os interesses dessas populações
aos procedimentos adotados pelos técnicos do locais. No máximo, como mencionado, soubemos
programa para incluir a participação comunitária. que os componentes aprovados não encontraram
Para eles, tal como para os gestores, efetivou-se objeções das comunidades, assim como sua
o cumprimento das formalidades que conferiram indicação foi baseada em particularidades
caráter participativo ao processo, o que garantiu apontadas pelos planos de manejo das unidades
a incorporação dos interesses comunitários tanto de conservação em que o programa se efetivaria.
para a escolha dos monitores como para a seleção Em relação ao financiamento do programa,
dos componentes. gestores e especialistas confirmaram a dependência
O cumprimento formal da participação que o ProBUC mantinha em relação a repasses
comunitária em um programa de monitoramento, da fundação norte-americana Moore, o que
todavia, não é suficiente para garantir que os corroborou a deficiência crônica consistente
interesses de todas as partes envolvidas estejam no vínculo que programas de monitoramento
corretamente atendidos. A esse respeito, Evans participativo de diversas partes do mundo
& Guariguata (2008:10) apontam a existência de possuem no que concerne a recursos externos
uma divisão de grupos de interesse na construção (Whitelaw et al. 2003:412). Essa situação é mais
desse tipo de programa: de um lado, estariam crítica quando se trata de programas situados em
as populações locais, que detêm uma forma países periféricos ou em desenvolvimento, onde a
direta de uso dos recursos ou das espécies, em limitação orçamentária acentuada e permanente
conformidade com seu modo de vida; de outro, torna o funcionamento deles mais dependente
os pesquisadores, os governos e as organizações de agências internacionais e de organizações não
não governamentais, geralmente imbuídos de governamentais (Danielsen et al. 2007:566).
interesses protecionistas, mais do que o primeiro O ProBUC não fugia à regra dos programas com
grupo de interesse. Esse segundo grupo traz dependência financeira externa e que sofrem com a
recursos financeiros e técnicos essenciais para a instabilidade dessa condição. Tanto gestores quanto
institucionalização dos programas; já os usuários especialistas reconheceram que essa dependência
da biodiversidade são essenciais para a constituição tinha um reflexo direto na rotina das atividades.
de um monitoramento efetivamente democrático. As renovações contratuais eram períodos em que
Por essa razão, a negociação permanente de o programa ficava paralisado, sem recursos, com
prioridades provenientes dos grupos de interesse sérios problemas de continuidade. Associado a

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isso, havia elevada rotatividade da equipe técnica. o que corresponderia à razão primordial desta
Normalmente, os técnicos ocupavam cargos iniciativa. Nesse sentido, os especialistas foram
comissionados, com permanência incerta, pois mais críticos ao afirmarem que faltou do próprio
a mudança na direção da secretaria de meio governo estadual uma política ambiental que
ambiente significava alteração também desses conferisse ao monitoramento participativo uma
membros do ProBUC. E tais alterações, muitas função estratégica para alimentar e subsidiar a
vezes bruscas, implicavam a dissolução de laços de gestão das unidades de conservação, através do
confiança e de afetividade criados entre a equipe uso sistemático dos dados apurados pela monitoria
técnica e os próprios comunitários, que acabavam comunitária.
se desanimando com sua participação no ProBUC, Essa problemática do retorno de dados como
além de serem obrigados a aguardar o retorno das benefícios não é, certamente, específica do ProBUC,
atividades por tempo incerto, como testemunhado pois Garcia & Lescuyer (2008:1304) utilizam a
em algumas entrevistas. ideia de “relação disfuncional” para descrever o
Como terceira limitação relevante destacada desencontro entre a produção participativa de
pelos gestores e especialistas entrevistados, dados e o aproveitamento deles na gestão da área
devemos assinalar que o ProBUC não cumpriu a protegida. É necessário enfatizar, do mesmo modo,
principal tarefa de oferecer dados que auxiliem na que também há exemplos de aproveitamento do
gestão das áreas protegidas. No entanto, gestores retorno dos dados coletados pelos programas
e especialistas defenderam que o programa, na de monitoramento, por intermédio de políticas
prática, contribuiu para valorizar conhecimentos públicas que ajustaram regras de uso e legislações
tradicionais por meio da monitoria, discutindo sobre a biodiversidade monitorada, como as
a importância da conservação e recolhendo experiências verificadas nos Estados Unidos e
dados para a gerência do programa, além de ter nas Filipinas (Andrianadransana et al. 2005:2760;
subsidiado pesquisas acadêmicas. Danielsen et al. 2007:569).
Como ressaltado pelos próprios gestores, os
dados foram expostos em reuniões comunitárias, 3.2. A CONSISTÊNCIA DO PROBUC NA
para que fossem socializados ao máximo entre PERSPECTIVA DOS COMUNITÁRIOS
as pessoas locais. Também ficaram disponíveis Nas entrevistas realizadas com os comunitários,
em um banco de informações localizado no entre os principais pontos positivos sobre a
CEUC, sendo utilizados por pesquisadores para existência do ProBUC, foram destacadas a
projetos específicos, mediante formalização. melhoria do conhecimento sobre biodiversidade,
Mas essas informações não serviram como base os recursos naturais e o seu uso (19,5%) e a ajuda
para a elaboração de políticas que pudessem financeira oferecida aos monitores (15,9%). A
aperfeiçoar a gestão das unidades de conservação, primeira vantagem demonstra o reforço ambiental
como para a criação de planos de manejo e para representado pelo programa. Os moradores locais
a revisão de zonas de proteção da biodiversidade, informaram que, desde a criação da área protegida,

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são comuns cursos e oficinas que trabalham a valorizar os recursos naturais (14,5%). Como foi
perspectiva da conscientização ambiental. Assim, uma seleção de voluntários, no ato da candidatura,
o ProBUC aparece como mais uma oportunidade os comunitários realmente não sabiam se haveria
para que eles conheçam a importância do uso ajuda de custo, algo que lhes foi revelado apenas
controlado de espécies e de recursos naturais no após os resultados da aprovação, durante a oficina
interior da UC em que vivem. de capacitação. No momento desta pesquisa, a
A esse respeito, é interessante sublinhar ajuda de custo, equivalente a diárias de trabalho,
que Garcia & Lescuyer (2008:2) demarcam consistia nos seguintes valores: R$ 25,00 por
que a metodologia participativa presume uma dia de monitoramento, sendo que os de fauna
aproximação entre comunidades e estruturas e de jacaré, por serem considerados os de maior
do poder estatal, na tentativa de descentralizar periculosidade, chegavam a R$ 35,00. Como, em
a tomada de decisões na “gestão sustentável”. média, a atividade do monitoramento ocupava
Ela funciona como um ensejo para que os os colaboradores uma vez a cada quinzena, eles
próprios usuários da biodiversidade, com base chegavam a receber, de modo bimestral, entre R$
no conhecimento produzido e difundido pelo 100,00 e R$ 140,00 por este trabalho. Ademais, na
monitoramento, revejam suas práticas, com o RDS Uacari, os monitores de quelônios recebiam
fito de adaptá-las a condições de menor impacto. um rancho mensal referente a R$ 300,00. Estes
Essa sensibilização ambiental comunitária, valores foram considerados importantes, uma
contraditoriamente, não deixa de ser impositiva, vez que a renda mensal da população era baixa,
porque “subjuga [as] práticas locais às novas sendo, em média, de R$ 770,91 por domicílio. No
restrições ecológicas” (Andrianadransana et al. entanto, a retribuição financeira foi avaliada como
2005:2758). Por essa razão, a criação de regras para insuficiente por alguns dos monitores (17,20%).
o uso da biodiversidade precisa estar vinculada Os riscos oferecidos e o tempo empregado
às organizações comunitárias. Para Ghate & para a monitoria apareceram como motivos
Nagendra (2005:511), ações coletivas voltadas para justificar a necessidade de melhorias no
para a regulação do acesso e da utilização da valor concedido. Justamente em decorrência da
biodiversidade devem ser frutos de um processo dedicação ao programa, cerca de 50% dos monitores
de convencimento, fundamentado nas regras entrevistados afirmaram que não executariam mais
definidas pelos próprios comunitários usuários, o trabalho sem recompensa financeira.
não em ideias simplesmente impostas por agentes Entretanto, algumas pessoas declararam
externos. que, mesmo sem qualquer remuneração,
Quanto ao segundo ponto positivo do ProBUC, permaneceriam na função, pela satisfação de
cabe frisar que, entre as razões para aceitar a conhecer a biodiversidade (18,2%) e por considerá-
monitoria, as duas principais respostas dividiram- la um trabalho útil à comunidade (27,30%). Deve
se entre vontade de conhecer melhor a reserva e ser feita menção especial aos colaboradores que já
seus recursos naturais (21,8%) e sensibilidade para realizavam o monitoramento de quelônios antes

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da chegada do ProBUC. Uma expressiva parcela informações básicas sobre os objetivos e as


de monitores da RDS Uacari (62,5%) garantiu que razões do programa.
continuaria o monitoramento sem remuneração. É possível que essa formação sobre o
Muitos acreditavam que esse trabalho aumentaria programa, realizada pelos técnicos, tenha sido
a quantidade de quelônios, ainda que não insuficiente para conduzir a uma compreensão
dispusessem de dados comprobatórios, até o mais abrangente dele. Contudo, a articulação entre
momento da investigação. conhecimentos práticos das comunidades locais e
Sobre esse tema, Danielsen et al. (2010:1167) o conhecimento científico propicia a valorização
comenta que o pagamento pode colaborar para da experiência de moradores que são usuários
que haja mudanças nas atitudes dos comunitários, diretos da biodiversidade, enriquecendo a gestão
que passariam a adotar comportamentos mais da biodiversidade (Reed et al. 2008:1253; Evans &
conservacionistas em relação aos recursos da Guariguata 2008:5).
biodiversidade. Por seu turno, Jorgensen et al. Em referência ao desconhecimento dos dados
(2005:2669) alegam que o comprometimento produzidos pelo monitoramento, uma parcela
com o dever do monitoramento precisa ser expressiva dos entrevistados não monitores
compensado por incentivos econômicos, uma vez informou nunca ter tido nenhum contato com
que tal atividade ocupa um tempo que poderia ser os resultados do ProBUC (65,5%). É um nível de
gasto pela população em suas tarefas cotidianas, desinformação bastante elevado, o que certamente
relacionadas especialmente à sobrevivência. comprometeu o engajamento comunitário,
Contudo, os autores enfatizam que a compensação haja vista a dificuldade de se obter apoio da
se justifica dentro da estratégia de incentivos população para algo que é por ela desconhecido.
sociais, em benefício de toda a comunidade. Entretanto, a maioria dos monitores (63%) alegou
Dando prosseguimento aos resultados que os resultados eram divulgados nas reuniões
obtidos, as principais deficiências apresentadas comunitárias. Pelo percentual observado, esse
pelos comunitários sobre o ProBUC relacionam- procedimento parece ter sido insuficiente para
se à existência de dificuldades para definir popularizar os resultados do programa.
o programa (16,5%) e ao desconhecimento Destacamos, ainda, que existiam dificuldades de
sobre a utilidade dos dados produzidos por compreensão dos resultados até mesmo por parte
ele (34%). Verificamos mais comunitários não dos monitores (23%), os quais disseram, na ocasião,
monitores que desconheciam o programa entender “parcialmente” os boletins encaminhados
(21%) do que comunitários monitores que pela equipe técnica do programa. Ademais, alguns
o desconhecessem (13,5%). De todo modo, deles (13%) declararam simplesmente que não
é preocupante a constatação de que havia compreendiam nenhum dos resultados expressos
participantes diretos que não sabiam defini-lo. nos boletins. Considerando isso, é possível
Afinal, todos os monitores receberam formação afirmar que as incompreensões sobre os dados e
para esse tipo de trabalho, incluindo, é claro, as informações por parte dos próprios monitores

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prejudicavam a divulgação deles aos demais também ao protagonismo comunitário em todo o


comunitários. processo de gestão do programa, em conjunto
Essa questão nos remeteu ao problema mais com as diferentes etapas, como aprovação de
amplo de comunicação dos resultados do ProBUC. protocolos, realização de coleta de dados e análise
Para ultrapassar esse obstáculo, há a necessidade de dos resultados, produzindo, assim, o denominado
criar alternativas que facilitem a compreensão dos “monitoramento colaborativo”.
dados pelos comunitários. A respeito disso, Guijit
(2008:36) salienta que, muitas vezes, os programas 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
de monitoramento acabam encerrando-se no papel Um programa de monitoramento que pretenda
de meros produtores de dados, sem materializar um integrar todas as gestões das UC estaduais do
retorno sistemático, condizente com as condições Amazonas é um desafio, e exige um maciço
sociais de aprendizagem, que seria fundamental investimento. Nesse sentido, o ProBUC foi uma
para nivelar um entendimento mínimo e comum interessante iniciativa.
para todos os atores que participam do processo. No contexto de consolidação das unidades de
Mesmo desconhecendo ou não sabendo utilizar conservação estaduais, este programa contribuiu
os dados produzidos, em geral, os comunitários com a capacidade de mobilizar moradores locais
acreditavam que o ProBUC poderia contribuir em torno da proposta da monitoria comunitária,
para melhorias em suas estratégias produtivas. debatendo a importância da conservação da
Aproximadamente 25% imaginavam ou desejavam biodiversidade e gerando dados, que podem
que o programa ajudasse na geração de renda e indicar tendências relevantes para subsidiar as
no aumento de oportunidades econômicas. Ou intervenções públicas nas UC em que o programa
seja, o envolvimento passava pela expectativa de foi inserido. Inegavelmente, serviu como
satisfação de suas necessidades. Magnusson et al. suporte econômico para comunitários que dele
(2013:21) assinalam que a participação direta dos participaram, embora isso não constasse como
comunitários no monitoramento participativo se objetivo do programa.
torna viável à medida que os programas se vinculam A existência do ProBUC até os dias atuais,
a direitos socioeconômicos, como reconhecimento ainda que reduzido a poucos componentes, é uma
do uso da terra, do rio e da biodiversidade, geração demonstração de sua viabilidade, até porque está
de renda, entre outros benefícios. estendido a um número maior de UC. Fortalecê-lo
Um exemplo notável, observado por Danielsen é um imperativo. Para tanto, é fundamental que os
et al. (2007:569), ocorreu nas Filipinas, onde o recursos do programa federal “Áreas Protegidas
monitoramento facilitou a racionalização do uso da Amazônia”, que hoje o sustentam, sejam
da biodiversidade pelos comunitários usuários, que capazes de financiá-lo em longo prazo, permitindo
atuaram como gestores dos próprios parques onde investimentos em logística e na promoção de uma
vivem com seus sistemas tradicionais. Gimenez et equipe técnica permanente, para que não haja
al. (2008:2) asseveram que os benefícios se associam mais problemas de continuidade.

Daniel Carneiro Costa, Guillaume Antoine Emile Louis Marchand e Henrique dos Santos Pereirat 11
volume 11 (1) | 2 - 16 | 2019

Da mesma forma, é inadiável que os dados approach. Journal of Environmental Management


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sejam direcionados tanto para a revisão dos jenvman.2009.05.012.
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