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Com as mudanças climáticas mais evidentes, tem-se notado um movimento global em

prol da ética e sustentabilidade, de forma que esse assunto se mostra evidente em cada vez
mais negociações no âmbito do comércio exterior, de forma que:

‘’atualmente [...] as preocupações com a questão ecológica vêm alertando a


humanidade de que o meio natural se encontra em estado crítico e que atitudes
precisam ser tomadas, a fim de garantir a sustentabilidade dos ecossistemas [...] Nesse
sentido, inúmeras ações vêm sendo implementadas pelos diversos atores do cenário
mundial, de tal maneira que a temática verde já pode ser considerada como um dos
maiores desafios da humanidade para o próximo século’’ (STELZER, 2009, p. 51)

Paralela à questão sustentável, existe uma área da economia que não só existe a
séculos, mas ainda norteia decisões estratégicas dos Estados no comércio exterior: a área
agrícola, que é o segmento da empresa que falamos nesse trabalho e ao mesmo tempo
inseparável do debate ecológico.

A gigante BRF não só busca soluções éticas para a mercadoria excedente em sua
cadeia de produção, mas também patrocina startups e projetos que visam um destino mais
ético e digno para seus produtos, que tradicionalmente no Brasil, iria para um aterro. Como
por exemplo:

‘’[..] Operações selecionadas para o programa da BRF (o Ecco Comunidades) são a Why
Waste (que ajuda o varejo a reduzir perdas ocasionadas por validade com orientação
de dados), a ManejeBem (que oferece assistência técnica voltada à redução de
desperdício para pequenos produtores rurais) e a Eats for You (market place de
refeições caseiras). Embora essas startups existam, no caso do setor de alimentos elas
precisam ser mais numerosas. A BRF recebeu 59 inscrições na chamada para a
aceleração, mas em outros segmentos os interessados chegam às centenas.’’

Não só isso, mas a empresa conta com extensos documentos presentes em seu site
sobre seus valores éticos e morais, seu dever com a sociedade e sua reputação, trazendo à
tona novamente a importância para uma empresa de ser vista como sustentável e ética nos
dias de hoje. Afinal, esse é um movimento social que foi expressivo na Europa e ganhou as
manchetes do mundo, protagonizado por ultimo pela ativista de 18 anos Greta Thunberg.

A cidadania por sua vez é um tema debatido a mais tempo, mas segue sendo
extremamente relevante nos dias atuais, desde temas como liberdades, imigração e questões
étnico-raciais. Nesse sentido o filósofo Benjamin Constant (1767-1830) discorre sobre a
diferença da cidadania dos antigos e a dos modernos em sua obra ‘’A liberdade dos antigos
comparada à dos modernos’’ (1985). Onde a liberdade dos antigos – o autor usa o exemplo
dos atenienses – é política e pouco se diz respeito às liberdades individuais. Ao contrário da
liberdade dos modernos que se estende ao âmbito individual.

Trazendo essa discussão ao comércio exterior, é verificável que quanto mais


transparente, ético e sustentável um país se mostra, mais suscetível ao negócio estão os
outros países. Recentemente tivemos um exemplo nacional na negociação entre Mercosul-EU,
onde o bloco europeu não ratificou as decisões uma vez que o Brasil não se mostrou
transparente quanto a origem de sua carne e madeira, sabendo que o desmatamento da
madeira e o desmatamento do agronegócio são problemas que não só enfrentamos a tempos,
mas que se agravaram desde o mandato do então presidente Jair Bolsonaro.

A BRF mostra mais uma vez ser uma empresa confiável e transparente para os padrões
internacionais, prometendo que: ‘’para aumentar nossa transparência e reforçar as nossas
ambições, estabelecemos Compromissos globais e transversais aos aspectos ESG. Entres eles,
está a nossa meta de garantir a rastreabilidade de 100% dos grãos adquiridos da Amazônia e
do Cerrado até 2025’’ (Rastreabilidade - BRF Global, acesso em 25 de Novembro).

Concluímos então que é atestado um movimento global para a adoção de medidas


sustentáveis, ecológicas e éticas nas negociações internacionais, de forma que a não-adoção
dessas medidas pode custar anos de negociação além do boicote global. Como exemplo desse
fato, a EU não concluiu as negociações com o Mercosul pela falta de transparência no que se
diz respeito às políticas de desmatamento, trabalho infantil e análogos a escravidão.

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