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Grafeno

Luiz Henrique Zaccani Zaballa1,Miguel Maschio2


Universidade de Caxias do Sul (UCS) Caixa Postal 1352 / 95070.560 – Caxias Do
Sul – RS – Brazil
.

Abstract. In this article, we will address the history of graphene in this


material, its chemical composition, its applications in society and the
technological market, and we will also explain the scientific foundation behind
some of its physical properties, all based on technological prospecting studies.
in scientific articles.

Resumo. Nesse artigo, iremos abordar o histórico do grafeno desse material,


sua composição química, suas aplicações em meio a sociedade e o mercado
tecnológico, e também explicaremos a fundação científica por trás de algumas
de suas propriedades físicas, tudo com base em estudos de prospecção
tecnológica em artigos científicos.
1. Introdução
O grafeno é um nanomaterial bidimensional (contém apenas um átomo de altura), que
possui uma gama de aplicação gigantesca, devido às suas propriedades físicas como
condução de energia, resistência, flexibilidade e etc.
Por ser um material de vasta aplicação, várias instituições de pesquisa investem
em centros de pesquisas de grafeno, só na união europeia através do projeto Graphene
Flegship já foram investidos mais de 1 bilhão de euros em pesquisas, e aqui no Brasil a
Mackenzie inaugurou em 2016 o primeiro centro de pesquisas da América Latina, com o
investimento de mais de 100 milhões de reais, tudo isso para superar a última barreira que
é a produção em larga escala.

2. Fundação Teórica
Foi em 1947 que o plano do grafite foi descrito por P.R.Wallace,as previsões teóricas que
havia na época sobre estabilidade termodinâmica nas películas como grafeno, afirma-se
que este material estritamente bidimensional, não seria estável sob condições ambientes.
Acreditava que devido à instabilidade termodinâmica dessas películas, estas não
poderiam existir em estado livre na natureza. O assunto da estrutura de bandas do grafite
foi vastamente abordado posteriormente, então em 2004, André K. Geim e sua equipe do
centro de Nanotecnologia da Universidade de Manchester conseguiram isolar pela
primeira vez o grafeno, Geim e Novoselov foram agraciados com o prêmio Nobel de
Física pelo feito. Assim o grafeno revelou-se estável sob condições ambientes e também
possuidor de vastas qualidades(cristalina,eletrônica, flexível etc).
Grafeno é uma monocamada plana de átomos de carbono, trata-se do primeiro
material verdadeiramente bidimensional porque é constituído de uma única camada
atômica. Os átomos de carbono são organizados em células hexagonais com átomos
hibridizados na forma sp2, resultando em um elétron livre por átomo de carbono no orbital
p, assim tornando o grafeno um material utilizável em várias aplicações.
O grafeno é fundamental na estrutura dos alótropos do carbono,tais como o
grafite, nanotubo de carbono e fulereno. Figura 1.

Figura 1: Grafeno e alótropos do carbono


A forma pura do grafeno não é utilizada em função do seu baixo rendimento nos
processos de síntese, sendo as formas derivadas do grafeno mais empregadas, tais como
óxido de grafeno (GO), óxido de grafeno reduzido (rGO) e óxido de grafeno reduzido
funcionalizado (frGO). Essas formas derivadas do grafeno ainda apresentam propriedades
semelhantes àquelas do grafeno puro. (Iqbal, Sakib, Iqbal, & Nuruzzaman, 2020) A Figura
4 apresenta a estrutura do (a) grafeno monocamada, (de)grafeno multicamada, (c) grafeno
oxidado e (d) grafeno oxidado reduzido.
A Figura 4 apresenta a estrutura do (a) grafeno monocamada, (b) grafeno
multicamada, (c) grafeno oxidado e (d) grafeno oxidado reduzido.
Figura 2: Estrutura do grafeno e seus derivados.

Atualmente a obtenção de grafeno pode ser dividida em duas abordagens


principais, top-down e bottom-up. A primeira envolve a separação das camadas
empilhadas de grafite para produzir folhas de grafeno individuais ou pequenos
empilhamentos, enquanto os métodos bottom-up envolvem sintetizar o grafeno partindo
de moléculas de carbono simples, como metano e etanol. O esquema genérico de ambos
os métodos está representado na Figura 3.

Figura 3 (Esquema de produção da abordagens top-down e bottom-up)


3. Perspectivas e Aplicações
A superfície sem defeitos ou altamente cristalina do grafeno aparenta ser quimicamente
inerte. A superfície do grafeno puro normalmente interage com outras moléculas via
adsorção física. Para permitir que a superfície do grafeno seja mais reativa, são geralmente
introduzidos defeitos ou grupos funcionais de superfície.
A condutividade elétrica (até 2.104 S/cm) e a mobilidade eletrônica (2.105
cm2/V.s, o que é mais de 100 vezes superior à do silício) elevadas na monocamada de
grafeno resultam de uma pequena massa efetiva. Uma vez que a estrutura eletrônica de
uma monocamada de grafeno sobrepõe dois pontos cônicos na zona de Brillouin, como
esquematizado na Figura 4, os portadores de carga podem ser entendidos como elétrons
“sem massa” ou férmions de Dirac.

Figura 4. Elétrons em um sólido são restritos a certas faixas, ou bandas, de energia. Em um


isolante ou semicondutor, um elétron ligado a um átomo pode se libertar somente se ele
recebe energia suficiente para pular o “gap”, mas no grafeno a diferença é infinitesimal. Esta
é a principal razão pela qual os elétrons do grafeno podem mover-se muito fácil e
rapidamente.
Assim, os elétrons em uma única camada de grafeno comportam-se como partículas sem
massa, deslocando-se a uma velocidade de aproximadamente 106 m/s. É o material mais
fino já conhecido e o mais forte já medido no universo,tem um módulo de Young
extremamente elevado (1 TPa) e a maior resistência intrínseca (aproximadamente 130
GPa) já medida .
A condutividade térmica do grafeno em temperatura ambiente pode atingir 5000
W/m.K (para comparação, a do cobre é 400 W/m.K), o que sugere usos potenciais para
gerenciamento térmico em uma variedade de aplicações. Apresenta área superficial muito
elevada (2600 m2/g), muito maior do que as áreas superficiais do grafite (10 m2/g) e
nanotubos de carbono (1300 m2/g).
Estas propriedades notáveis tornam o grafeno promissor em aplicações como
materiais polímero-compósito, foto eletrônicos, transistores de efeito de campo, sistemas
eletromecânicos, sensores e sondas, armazenamento de hidrogênio e sistemas de energia
eletroquímica. Em relação às propriedades ópticas, o grafeno apresenta uma transparência
quase total. Pode absorver uma fração de 2,3% da luz. Suas propriedades ópticas estão
fortemente relacionadas com suas propriedades eletrônicas bem como a sua estrutura
eletrônica de baixa energia, onde bandas cônicas se encontram no ponto de Dirac. O
sistema de grafeno exibe comportamento que permite a sintonia de propriedades óticas
ultra rápidas. Todas essas propriedades fazem do grafeno um material que pode ser
utilizado em aplicações que vão desde materiais poliméricos a sensores, transistores,
dispositivos eletrônicos portáteis e sistemas de armazenamento de energia eletroquímica.

3.1. Fones de Ouvidos


Uma das aplicações interessante é a criação de fones de ouvido com ótima qualidade. A
ideia partiu de alguns pesquisadores da Universidade da Califórnia, que desenvolveram o
primeiro fone de ouvido de grafeno. O que eles fizeram foi recriar a tradicional estrutura
de um alto-falante, aproveitando todas as propriedades revolucionárias do material.
Sabemos que um alto-falante tradicional trabalha com a vibração de um diafragma
de papel; é a sua movimentação que produz as frequências sonoras. O problema é que ele
precisa contar com “amortecedores”, além de se desgastar com o tempo e não ter 100 %
de fidelidade. A invenção dos cientistas traz um diafragma feito de grafeno e que possui
apenas 30 nanômetros de espessura. Preso entre dois eletrodos de silício, ele se mostrou
incrivelmente resistente e fiel, trazendo uma alta qualidade de áudio .

3.2. Medicina
Na medicina também temos uma aplicação bem interessante, os cientistas estão estudando
o efeito antibacteriano do grafeno. Este trabalho publicado na Revista Polyteck, onde uso
generalizado de nanomateriais em biomedicina tem sido acompanhado por um crescente
interesse em compreender as suas interações com tecidos, células e biomoléculas.
Além disso, a forma como eles afetam a integridade de membranas celulares e
proteínas também tem sido estudada. Pesquisadores da Shanghai University, na China,
demonstraram, de forma experimental e teórica, que grafeno puro e nanofolhas de óxido
de grafeno podem induzir a degradação das membranas celulares de Escherichia coli
(bactéria que habita naturalmente o intestino, pode em excesso causa complicações). Eles
mostraram que nanofolhas de grafeno podem penetrar e extrair grandes quantidades de
fosfolipídios das membranas celulares. A compreensão relativa à interação dos
nanomateriais com membranas celulares auxilia no entendimento sobre como eles causam
citotoxicidade, o que é fundamental para a concepção de aplicações biomédicas mais
seguras envolvendo nanomateriais.

4. Conclusão
O grafeno tem se mostrado um material com múltiplas aplicações. Particularmente a
adição de grafeno em diferentes polímeros tem sido um tema bem discutido. Melhoras no
desempenho das propriedades mecânicas e de condutividade elétrica têm sido as
contribuições mais recorrentes da adição de grafeno a estruturas poliméricas.
O desenvolvimento de pesquisas relacionadas ao grafeno pode promover a difusão
de conhecimento técnico-científico numa área promissora. Além do mais, pode também
despertar a motivação em ampliar investigações a respeito deste material e possibilitar
estudos de outra natureza.
Juntamente com os fatos citados, ainda existe a possibilidade de acompanhar uma
tendência observada nos maiores centros de pesquisa internacionais, elevando cada vez
mais a qualidade das pesquisas desenvolvidas no Brasil.

5.Referências
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Journal of Development ISSN, Avanços recentes na utilização do Grafeno como
aditivo em polímeros Avanços recentes na utilização do Grafeno como aditivo em
polímeros / Recent advances in the use of graphene as an additive in polymers | da
Mota
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